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Cúpula de Segurança do Rio de Janeiro. Foco: Resolução do conflito no Complexo do Alemão. GUIA DE ESTUDO REFERENTE AO COMITÊ DA CÚPULA DE SEGURANÇA DO RIO DE JANEIRO. DESENVOLVIDO POR: Gustavo Birchal Zicker e Douglas Ravel Diniz Ribeiro

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Cúpula de Segurança do Rio de Janeiro. Foco: Resolução do conflito no Complexo do Alemão.

GUIA DE ESTUDO REFERENTE AO COMITÊ DA CÚPULA DE SEGURANÇA DO RIO DE JANEIRO.

DESENVOLVIDO POR: Gustavo Birchal Zicker e Douglas Ravel Diniz Ribeiro

1

Sumário

1,Apresentação.............................................................................................................................2

2.O Complexo do Alemão.............................................................................................................3

3.Convocação................................................................................................................................4

4.Cronologia dos Ataques.............................................................................................................5

5.História das Facções e do Crime Organizado no Rio de Janeiro .............................................. 9

5.1.Surgimento do A.D.A. ....................................................................................................... 10

5.2. Perdendo o Controle – Prisão de Uê...............................................................................11

5.3.Perdendo o Controle – Criação das UPP`S.......................................................................12

6.Situação atual .......................................................................................................................... 13

6.1.Equipamentos Disponíveis ............................................................................................... 15

7.Bibliografia ............................................................................................................................... 18

2

1. Apresentação

É com grande satisfação que os Diretores da Cúpula de Segurança do Rio de Janeiro

publicam esse sintético Guia de Estudos. Ao longo da Simulação que se seguirá,

entender-se-á que todos os delegados do presente comitê leram as próximas páginas e

se aprofundaram no tema em questão.

Sejam muito bem vindos à Cúpula de Segurança do Rio de Janeiro! Sou Gustavo Birchal

Zicker, tenho 17 anos e estudo no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas

Gerais, no qual estou no terceiro ano do curso de Mecânica Industrial. Já participei de

modelos em diversos cargos: delegado, staff, diretor e Secretário-Geral, e garanto que

a posição de vocês – delegados – é a melhor, e a mais prazerosa. Eu e Douglas criamos

este comitê para simular algo um pouco diferente do que realmente está presente nos

modelos, ainda mais sendo um tema recente, polêmico e o mais importante, brasileiro,

um tema unicamente nacional. Espero que vocês aprendam e se divirtam muito,

estudando e participando da CSEG; aguardo ansiosamente nosso encontro!

Meu nome é Douglas Ravel Neto Diniz Ribeiro, sou camarada de classe do Gustavo e

membro fundador da Comissão de Diplomacia do CEFET-MG (CODIC), assim como meu

grande amigo Zicker. Tenho certa experiência com Modelos das Nações Unidas

(MUN`s) acumulada ao longo do meu ensino médio. Fico feliz em contar com a

presença dos senhores em nossos debates e espero que vocês possam compreender

melhor a estrutura do Crime Organizado e também um pouco mais dos desafios e

táticas que o Estado possui pra combater esses delinqüentes, e assim, consiga respeitar

a Declaração sobre o direito dos povos à paz, adota pela Assembléia Geral das Nações

Unidas em 1984.

Que todos tenham uma prazerosa leitura das próximas páginas.

3

2. O Complexo do Alemão

O Complexo do Alemão é um conjunto de treze favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro -

Morro da Baiana, Morro do Alemão, Alvorada, Nova Brasília, Pedra do Sapo, Palmeiras,

Fazendinha, Grota, Mineiros, Reservatório de Ramos, Casinhas, Morro do Adeus e Canitar. É

considerada uma das áreas mais violentas da cidade.

Com uma área de 296,09 hectare (cerca de três quilômetros quadrados), o complexo conta

com uma população de 65 026 habitantes (censo de 2000), distribuídos por 18 245 domicílios.

Seu núcleo é o Morro do Alemão. Poucos moradores da cidade sabem que não se trata de um

bairro oficial, embora parte de sua área seja, muitas vezes, tratada como parte dos bairros

vizinhos: Ramos, Penha, Olaria, Inhaúma e Bonsucesso.

O bairro foi erguido sobre a Serra da Misericórdia. Sua forma de formação é vertical,

uma formação geológica de morros e nascentes, quase toda destruída pela construção do

complexo.

Na década de 1920, o imigrante polonês Leonard Kaczmarkiewicz adquiriu terras na Serra da

Misericórdia, que era então uma região rural da Zona da Leopoldina. O proprietário era

referido pela população local como o alemão e logo a área ficou conhecida como Morro do

Alemão.

A ocupação, no entanto, só começou em 9 de dezembro de 1951, quando Leonard dividiu o

terreno para vendê-lo em lotes. Ainda nos anos 1920, se instalou, na região, o Curtume

Carioca e, na sequência, muitas famílias de operários se instalaram nas imediações. A abertura

da Avenida Brasil, em 1946, acabou por transformar a região no principal pólo industrial da

cidade. O comércio e a indústria cresceram e diversificaram-se, mas a ocupação desordenada

dos morros adjacentes, que teve seu boom no primeiro governo de Leonel Brizola, acabou por

dar lugar às favelas do Complexo do Alemão.

A região sempre foi conhecida como uma das mais violentas da cidade. Atualmente, está

sendo alvo de um dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, em parceria entre

os governos federal e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, em que estão previstas

melhorias viárias, moradia e de infra-estrutura em geral, de modo a livrar o bairro e seus

arredores do estigma da favelização e da violência.

4

3. Convocação

Membros da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro e demais representantes,

Os senhores estão intimados para comparecer amanhã, dia 26 de novembro de 2010 às 5

horas, para participar da Cúpula de Segurança do Rio de Janeiro, sobre a decisão da tomada do

Complexo do Alemão. Cada um aqui invitado é igualmente fundamental para reunião, com

seus conhecimentos e abordagens únicas que podem trazer para nossa Cúpula.

Saibam que os senhores têm nas mãos uma oportunidade ímpar para fazer história; depois dos

atentados e demais tumultos gerados nos últimos dias na Região Metropolitana do Rio de

Janeiro, e da invasão da Vila Cruzeiro, agora é a hora de mostrar a força das entidades

presentes e aproveitar a oportunidade de deixar o crime do Rio mais inofensivo. O Complexo

do Alemão é o pólo do tráfico carioca, e que hoje estão concentrados, os maiores e mais

armados traficantes da cidade, preparados para contra atacar qualquer afronta sofrida.

Cada passo a partir de agora tem de ser ágil para que não os deixemos escapar nem se

estruturar, mas milimetricamente pensado para que não cometamos erros. Qualquer erro nos

próximos dias pode ser a crucificação dos membros presentes, fazendo que percamos nosso

emprego e que o crime volte a ocorrer com certa tranquilidade na Cidade Maravilhosa. Mas

não podemos apenas enxotá-los da capital, pois se esses criminosos começarem a migrar para

São Gonçalo e Baixada, e conseguirem se estruturar nestes locais, poderão se organizar

novamente e recomeçar o ciclo.

Devemos aproveitar tal investida para acabar com o ciclo, porque é o que sempre falam

“Morre um, nasce um monte”; o problema é social e político, e os senhores devem tomar suas

ações, já possibilitando ações sociais e humanitárias na região.

Despeço-me, esperando a presença de todos e uma solução digna que rume o futuro carioca

para um caminho mais pacífico,

José Mariano Beltrame Secretário de Segurança do Rio de Janeiro

5

4. Cronologia dos Ataques

De acordo com especialistas, a causa dos ataques teria sido a implantação de Unidades de

Polícia Pacificadora em muitas favelas do Rio de Janeiro, tirando várias áreas

de narcotráfico dos criminosos. Segundo esses especialistas e a polícia, quem comandou os

ataques foram bandidos e/ou traficantes presos que se comunicavam com bandos livres

das favelas por telefones e outros meios.

O governo do Estado transferiu dezoito presidiários, acusados de liderarem a onda de ataques

do Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Os traficantes Marcinho VP, Elias Maluco e mais

onze condenados que estavam no Sul, foram transferidos para a Penitenciária Federal de Porto

Velho, em Rondônia, considerados pelo setor de inteligência da Secretaria de Estado de

Segurança "diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias”.

A verdadeira causa desse tumulto, porém, é que há muito

tempo traficantes e milicianos ocupam as favelas do Rio de Janeiro e aliciam a população para

seus comércios ilegais, além de se entrincheirarem nesses territórios de tal modo que só com

uma operação militar o poder público pode retomar o controle das áreas ocupadas. De fato, a

cidade possui 968 favelas e somente 27 não estão sob o controle do crime organizado. Estima-

se que dez mil dos 38 mil policiais do estado já estariam comprometidos com as milícias. A

implantação das UPPs em Santa Marta, Cidade de Deus, Batan, Babilónia e Chapéu Mangueira

teve o propósito de recuperar essas comunidades e resolver o problema da

extraterritorialidade.

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis

abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington

Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o

terceiro.

6

Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que

andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a

arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da

Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques

se multiplicaram.

Na segunda-feira, por volta das 22h, uma cabine da Polícia Militar, próxima à Linha Amarela,

na região do Jardim América, sofreu um ataque por ocupantes de dois veículos que passaram

em alta velocidade, disparando rajadas de tiros. No dia seguinte, outra cabine foi atacada com

um tiro, em Irajá, no subúrbio do Rio.

Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques

e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram

registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

7

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas

morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do

Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as

vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas

costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no

Estado.

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Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo

Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no

Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a

violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para

reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159

foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado.

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de

Jacaré, zona norte do Rio. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais

(Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo

dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha.

Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de

Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em

Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da

Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos

últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para

que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas

polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a

Polícia Federal vai se integrar às operações. No entanto, pela entrada dos policiais do Batalhão

de Operações Especiais (Bope) na vila Cruzeiro, os criminosos fugiram para o Complexo do

Alemão por uma estrada de acesso.

9

5. Histórico das Facções e do Crime Organizado no

Rio de Janeiro

O tráfico se tornou um crime organizado no Rio de Janeiro a partir do final da década de 1970.

A cidade virou um ponto na rota de distribuição da cocaína que saía dos países andinos, em

direção à Europa. À medida que a produção crescia nestes países, aumentava a oferta da

droga dentro da cidade, e o preço diminuía para o usuário.

Nessa mesma época, surgiram as facções criminosas, dentro de presídios; um grupo de presos

comuns se uniu aos presos políticos para combater o bando que dominava as cadeias e que

chegava a cobrar pedágio pela segurança dos detentos.

Os assaltantes comuns aprenderam as técnicas de organização e guerrilha dos militantes

políticos. E então descobriram maneiras alternativas de lucrar, tendo em vista que o assalto

não estava dando tanto dinheiro, o que estava dando muito dinheiro era o tráfico. E assim

passaram a traficar, e o tráfico se expandiu com muita rapidez no início da década de 80.

Num breve espaço de tempo, as facções ficaram muito mais armadas. Isso ocorreu pela

disputa das primeiras favelas dominadas em larga escala pelo tráfico: a Mangueira, o Jacaré e

o Morro do Alemão.

A grande disputa que ramificou as facções cariocas foi a do Complexo do Alemão,

principalmente do Morro do Adeus; este juntamente com o Complexo da Maré, faz dos

arredores dos bairros da Penha, Ramos, Olaria, Bonsucesso e Inhaúma um barril de pólvora.

Isso sem contar com outras favelas vizinhas, que não integram um complexo, mas que tem

uma estrutura de traficantes e armamentos tão fortes quanto, que são as favelas de

Manguinhos, Mandela I, Mandela II, Jacarezinho, Arará e CCPL, que mantém uma conexão com

o tráfico dos dois Complexos. O que muita gente não sabe é que por décadas, e ainda hoje,

essas áreas são as maiores responsáveis por toda organização e desorganização do tráfico e do

crime, em todo o estado do Rio de Janeiro. Nesta área em particular se abrigam a força das

três facções do Rio de Janeiro, que são Comando Vermelho, A.D.A e TCP.

O Comando Vermelho tem seu quartel general na Vila Cruzeiro e no Morro do Alemão, suas

bases mais fortes são: Jacarezinho, Mangueira, Borel, Parque União, Chatuba de Mesquita,

Manguinhos, Mineira, Nova Holanda, Arará, Canta-Galo, Salgueiro, Vila do João, Vila Ipiranga

de Niterói, Morro do Palácio de Niterói, Vigário Geral e Morro dos Prazeres.

O Terceiro Comando Puro tem seu quartel general no Morro dos Macacos e na favela da

parada de Lucas, suas bases mais fortes são: Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Vila do

Pinheiro, Morro do Tuiuti, Serra coral, Morro da Formiga, Morro do Urubu, Acari, Senador

Camará, Vila Vintém, Morro do estado de Niterói e Morro do Santo Cristo de Niterói.

A A.D.A., que atualmente mantém controle de duas das maiores favelas do rio, Rocinha e

Vidigal, é uma facção que surgiu de um racha no Comando Vermelho, tal racha foi causada por

um traficante chamado Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, que era dono do morro do

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Adeus (único morro do Complexo do Alemão que não era liderado pelo traficante Orlando

Jogador). Apesar de na época pertencer à mesma facção, Uê tramou a morte de Orlando

Jogador através de uma cilada (Orlando na ocasião era o líder do Comando Vermelho). Uê, que

também era do Comando Vermelho, mantinha relações estreitas com traficantes de outras

facções, como Jorge de Acari, Linho do Pinheiro e Celsinho da Vila Vintém, todos do Terceiro

Comando. Na ocasião Uê teve sua atitude de matar Jogador, ação que foi repudiada por

grande parte dos membros do Comando Vermelho em liberdade. Com isso, se viu obrigado a

fundar sua própria facção, o Amigos dos Amigos, A.D.A, juntamente com Celsinho da Vila

Vintém.

5.1. O Surgimento do A.D.A.

O A.D. A tem seu quartel general no Morro do Adeus e na Vila Vintém, suas bases fortes são:

Morro do Juramento, Favela do Caju, Para-Pedro de Irajá, Favela de Inhaúma, Vila do Pinheiro,

Rocinha e Parque Alegria.

Observando em todas as facções, podemos observar que muitas favelas são na região em que

nos referimos como reduto principal do tráfico. Vale observar que toda essa base, de cada

facção, teria uma grande reviravolta. Isso se deu exatamente quando Uê abandonou o

Comando Vermelho.

Ao criar o A.D.A, Uê embaralhou as uniões que haviam nas facções. As favelas do C.V mais

próximas a Orlando Jogador logo anunciaram uma guerra contra Uê, rachando o C.V e criando

o CVJ (Comando Vermelho Jovem). As outras favelas do C.V, que eram mais próximas de Uê,

aliaram-se a ele. Os aliados que ele já tinha do T.C se aliaram a ele também, rachando o T.C e o

transformando em T.C.P (Terceiro Comando Puro).

O morro do Adeus estava sitiado, todas as favelas em seu entorno pertenciam ao Comando

Vermelho e os traficantes delas estavam loucos para tomar o Adeus também. A mesma

situação acontecia com a Vila do Pinheiro, do Linho, que logo se aliou a Uê.

Tudo conspirava para o fim do ADA, porém eles tinham uma vantagem sobre seus inimigos,

que era justamente ter menos pessoas no comando. O ADA era liderado diretamente

por Uê, com o apoio do Celsinho e do Linho. Já o CVJ era liderado por Fernandinho Beira Mar,

Marcinho VP, Isaías do Borel, Polegar, Lambari e mais uns dez outros líderes do tráfico. Então,

o que o ADA resolveu fazer foi justamente o que seus inimigos não esperavam… Atacar e

invadir, ampliar suas áreas. E invadir era umas das especialidades de Uê, assim o ADA começou

uma série de invasões e com isso a zona norte passou a viver no meio de uma guerra. As

invasões eram por todo estado, Uê chegou ao ponto de atravessar a Bahia de Guanabara e

invadir o Morro do Estado, na cidade de Niterói.

Durante a década de noventa era comum amanhecer o dia, em Ramos, Bonsucesso e

arredores, e se deparar com corpos mutilados. Começava o crime a apurar suas técnicas de

crueldade, pois eles já não só matavam seus inimigos, mas também os torturavam e

esquartejavam para servirem de exemplos. E o que marcou foi reparar que a maioria das

vítimas não passava dos dezessete anos. Outra coisa marcante é perceber que esses jovens

11

aceitavam passar noites inteiras acordados debaixo de chuvas, pondo suas vidas em risco, por

quantias que mal pagavam seus tênis, e o pior é que a grande maioria não vivia o suficiente

para comprar o seu terceiro par.

Essa separação entre o CV e o CVJ não demoraria muito, pois o ADA se fortalecia rapidamente.

Então, a facção se reintegrou e passou a se chamar CVRL (Comando Vermelho Rogério

Lemgruber).

O que se pode perceber claramente nas favelas é que o que leva esse povo todo a se envolver

no crime não é exatamente o salário do tráfico. Isso é somente a desculpa usada, porém uma

cena que era comum lá na comunidade era o filho do dono do morro passeando nas ruas da

comunidade em uma mini moto ou mini-bug, e ainda com outros brinquedos caríssimos

(daquele tipo que todo pai sonha comprar para seu filho). Sua família ostentava e ele sempre

estava vestido com roupas de grife. Sabia-se também que o dono do morro era dono de

muitas propriedades. Isso fazia os olhos de todos os moradores brilharem, sonhando com uma

casa legal, com a possibilidade de dar o melhor para sua família e desfrutar do bom e do

melhor. Isso, num morro, é privilégio de poucos.

Enfim, a zona norte foi sede e base do crime por muitos anos.

5.2. Perdendo o controle – Prisão de Uê

A guerra nessa área só diminuiria no ano de 2002, quando após quase uma década de

confrontos, Uê estava preso. Ele foi detido em Fortaleza, hospedado em um hotel de luxo. Mas

no dia 11 de setembro de 2002 os traficantes do Comando Vermelho iniciaram uma rebelião

no presídio Bangu I e mataram Uê e seus cunhados, que também integravam sua quadrilha.

Este fato está retratado no início do filme Tropa de Elite 2. A única diferença do filme é que lá

Uê ganha o nome de Colé e Fernandinho Beira Mar e Marcinho VP foram unificados em uma

única pessoa, o Beirada. O detalhe é que na vida real os bandidos pintaram e bordaram e não

terminaram como o Beirada.

Apesar da morte de Uê, não foi ainda nessa hora que os traficantes do CV tomariam o Adeus.

Dois traficantes da quadrilha de Uê, Jacaré e DJ, deram um golpe de estado e tomaram a

liderança do morro da família de Uê. Estes dois não reinariam por muito tempo, não chegou há

quatro anos a liderança dos dois no morro. Eles foram mortos em confronto com a polícia.

Logo após a morte de Jacaré e DJ o Comando Vermelho mais uma vez tentou tomar o Morro

do Adeus, porém logo foram expulsos por uma milícia. Mas eles não desistiram e continuaram

a fazer invasões no Adeus até que a milícia resolveu abandonar o morro, com isso todo o

Complexo do Alemão passou a pertencer ao CV.

5.3. Perdendo o controle – Criação das UPP’s

12

Em 2008, o estado decidiu fazer uma experiência para pacificar as favelas. Surgiu a Unidade de

Polícia Pacificadora (UPP). No Morro Santa Marta, Zona Sul do Rio, foi instalada há quase dois

anos a primeira UPP. O objetivo? Acabar com a violência e o domínio territorial do tráfico de

drogas.

A UPP já levou policiamento permanente para 12 favelas na cidade. E cerca de 200 mil pessoas

já não vivem sob o comando dos bandidos. A 13ª unidade está em processo de implantação.

Será no Morro dos Macacos, onde no ano passado os traficantes derrubaram um helicóptero

da polícia.

Os traficantes então passaram a abandonar os morros que a polícia invadia para instalar a tal

UPP. O problema é que o BOPE sobe o Morro, mas não prende ninguém e quase não apreende

armas. Logo, estes traficantes fugiram com armas muito potentes e nada mais a perder, a não

ser as vidas. Eles começaram a migrar para baixada fluminense e São Gonçalo, o bairro do

Jóquei, em são Gonçalo, que sempre foi um bairro tranqüilo, passou a ser dominado por

traficantes de fuzil nas mãos. Chegou até a ser noticiado uma chacina no local, ocorrida por

uma guerra entre o CV e o ADA.

A ideia que eles têm é de ocupação social, ocupação do estado, pela polícia. E uma redução

significativa dos indicadores de violência, homicídio, e outros, a curto prazo.

13

6. Situação Atual

A Cidade do Rio de Janeiro é mundialmente conhecida por sua geografia encantadora e a

beleza e felicidade de seu povo. Desde sua fundação a cidade tem inspirado fotógrafos e

artistas que deixaram belos registros de várias épocas, durante décadas o Rio de Janeiro e

Copacabana foram ícones de beleza urbana e do turismo, ganhando fama nacional e

internacional.

A partir do nascimento do crime organizado na década de 70 e com a crescente favelização

consentida ou até incentivada por governos populistas, a violência passou a ser notícia cada

vez mais presente na mídia. Atualmente é difícil saber qual a imagem mais associada ao Rio de

Janeiro.

A Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro e as polícias devem trabalhar para

assegurar ao máximo a paz para turistas e cariocas, e diante então de uma ação de urgência

como esta, vários fatores devem ser avaliados. Evidentemente a ação de entrada e pacificação

do Complexo do Alemão seria de grande valia, garantindo a paz em um dos pólos do crime

carioca e brasileiro; o Rio será cidade-sede da Copa e das Olimpíadas em alguns anos e tal

investida seria um grande passo para poder garantir a segurança de todos em tais eventos e

seria mui bem vista pelos Comitês Organizadores e toda comunidade internacional.

Esta avaliação está sendo feita contando que todos os passos dados pelos órgãos presentes

serão impecáveis e não terão repercussão negativa, porém é muito difícil fazer tal ação sem

dar nenhum passo em falso. Os criminosos do Complexo são poucos – comparados a

população total dessas favelas - e estarão escondidos, em lugares que só quem é da

comunidade conhece, dificultando o trabalho da Cúpula. Muitas balas serão atiradas e muitos

inocentes transitarão pelas ruas, e a chance de balas perdidas atingirem alguém é muito

grande, tendo em vista o tamanho da investida a ser tomada, e os moradores honestos da

região não devem receber tal tratamento hostil em seu próprio lar, a favela. E mais: se alguma

bala atirada por algum dos órgãos inseridos na Cúpula atingir alguém não envolvido com o

crime, a mídia e a sociedade civil virão em cima das Polícias, da Marinha e principalmente do

BOPE, que ganhou fama de ser atroz após vários eventos e principalmenete os filmes ‘Tropa de

Elite’.

Outro ponto deve ser ressaltado: a Elite Carioca enxergará a tomada e pacificação como uma

excelente ação, que garante a segurança para eles e de toda a Cidade, entretanto a realidade é

outra com a população das favelas e morros; é uma verdade incontestável que os traficantes

nem sempre são maus para o povo residente de suas favelas, apesar dos toques-de-recolher,

correntes tiroteios e terror que lhes proporcionam, eles auxiliam as famílias garantindo em

partes que o governo está ausente. Sem as facções, os cariocas moradores de favela do Rio de

Janeiro perderiam essa assistência, e isso pode ser mal visto por eles, e fazer com que se

portem contra tal entrada e até ajudarem os criminosos a se safarem. Por isso o governo, pelo

14

Prefeito Eduardo Paes e Governador Sérgio Cabral devem assegurar medidas de atender essa

população de prontidão, antes que eles desaprovem a entrada.

Cada ação a ser tomada nos próximos dias,deve ser analisada de todos os âmbitos, por todos

os pontos de vista, evitando qualquer tipo de erro que culminará numa grande balbúrgia,

colocando o nome da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro e demais

instituições em jogo.O povo do Rio de Janeiro espera ansiosamente pela paz, o Brasil todo

quer isso e o mundo estará de olho no Complexo, com a esperança que a Cúpula de Segurança

do Rio de Janeiro faça um trabalho exemplar e que será lembrado para sempre.

15

6.1 Equipamentos disponíveis

Equipamentos bélicos disponíveis por entidade:

Polícia Civil

- 400 policiais

- 3 helicópteros

normais

- 130 viaturas

- 4 veículos blindados

Marinha

- 6 Blindados M113¹

- 4 carros Lagarta Anfíbio²

- 7 viaturas blindadas,

sendo 2 de socorro

Polícia Federal

- 300 Policiais

Exército

- 800 soldados paraquedistas

- 10 carros blindados

FAB

- 3 helicópteros blindados

Polícia Militar

- 1000 Policiais Regulares

- 300 do BOPE

12 veículos blindados

16

¹ O M113 é uma família de veículos blindados de transporte de pessoal de origem norte-

americana, em serviço em muitos países.

É um veículo com lagartas, com capacidade anfíbia³ limitada a pequenos cursos de água,

grande capacidade de deslocação todo-o-terreno e alta velocidade em estradas de terra

batida.

Foram produzidas cerca de 80.000 unidades de todos os tipos, tornando-o num dos veículos

blindados mais utilizado de todos os tempos.

Construído todo em alumínio, possui uma blindagem com capacidade limitada de proteção.

Durante a Guerra do Vietnã recebeu o apelido de "Táxi de Combate”. Porém, suas primeiras

versões eram também conhecidas pela fragilidade caso atingisse uma mina terrestre. Por essa

razão, muitos soldados preferiam viajar sobre a cobertura do blindado ao invés de ocupar o

seu compartimento interior.

Atualmente, no Iraque, o M113 ainda é amplamente utilizado pelo exército norte-americano,

principalmente por pelotões de engenheiros e por grupos de patrulha. As versões mais

comuns encontradas no Iraque são o M113A2 e M113A3. Nos anos seguintes à invasão do

Iraque o M113 recebeu uma blindagem extra. Chamada de "slat armor", é composta por

barras metálicas que servem para detonar explosivos propelidos por foguete (RPG) atirados

contra o blindado.

² O Carro sobre Lagarta Anfíbio (CLAnf) é um veículo blindado de transporte de

pessoal desenvolvido pela BAE Systems nos Estados Unidos da América.

O Lagarta Anfíbio é o transporte anfíbio de tropas atual do Corpo de Fuzileiros Navais dos

Estados Unidos. É utilizado pelos Batalhões de Assalto Anfíbio do USMC para desembarcar as

forças de assalto e os seus equipamentos, durante as operações anfíbias para atingir os

objetivos terrestres, e para conduzir operações mecanizadas e prover apoio ao combate, em

subseqüentes operações mecanizadas em terra. Também são utilizados por outras forças

armadas.

³ Operação Anfíbia (OpAnf) é um tipo de operação militar lançada a partir do mar por uma

força naval ou de desembarque em navios ou embarcações envolvendo o desembarque em

uma praia hostil ou potencialmente hostil.

Uma operação anfíbia requer participação aérea extensiva e é caracterizada pela integração de

forças treinadas, organizadas e equipadas com funções de combate diferentes. A

complexidade da guerra anfíbia e a vulnerabilidade das forças engajadas nestas operações

requerem um grau excepcional de unidade de esforço e coerência operacional. A dificuldade

envolvida em conduzir operações anfíbias será normalmente ditar que o comandante irá

participar em planejamento, integração do teatro e apoio. O principal tipo de operação anfíbia

é o assalto anfíbio, que é distinguido dos outros tipos de operações anfíbias onde é envolvido

o estabelecimento de uma força em uma praia hostil ou potencialmente hostil.

Anexo I - UPP’s já instaladas

17

30 de Setembro de 201012ª UPPMorro do TuranoEntre Tijuca e Rio CompridoNorte17 de

Setembro de 201011ª UPPMorro do SalgueiroTijucaNorte28 de Julho de 201010ª UPPMorro

do AndaraíAndaraíNorte1º de Julho de 20109ª UPPMorro da FormigaTijucaNorte7 de Junho de

20108ª UPPMorro do BorelTijucaNorte25 de Abril de 20107ª UPPMorro da

ProvidênciaEntre Santo Cristo e GamboaCentro14 de Janeiro de 20106ª UPPLadeira dos

Tabajaras/Morro dos CabritosCopacabanaSul23 de Dezembro de 20095ª UPPCantagalo-Pavão-

PavãozinhoEntre Copacabana e IpanemaSul10 de Junho de 20094ª UPPMorro da

Babilônia/Chapéu-MangueiraLemeSul18 de Fevereiro de 20093ª UPPJardim

BatanRealengoOeste16 de Fevereiro de 20092ª UPPCidade de DeusJacarepaguáOeste28 de

Nov de 20081ª UPPFavela Santa MartaBotafogoSul

18

7. Bibliografia

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