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: Flavio José Fonseca de Oliveira “A Programação Pactuada e Integrada (PPI) no contexto da Norma de Assistência à Saúde (NOAS) e o Conselho Nacional de Saúde: Uma discussão sobre a gestão do SUS” Orientador: Profa. Dra.Sarah Escorel Professor Colaborador: Prof. Marcelo Rasga Moreira Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção de título de Mestre em Gestão de Sistemas e Serviços da Saúde, do Programa de Mestrado Profissional da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz/MS. Março /2004 Ministério da Saúde Fundação Oswaldo Cruz

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Flavio José Fonseca de Oliveira

“A Programação Pactuada e Integrada (PPI) no contexto da

Norma de Assistência à Saúde (NOAS) e o Conselho Nacional de

Saúde: Uma discussão sobre a gestão do SUS”

Orientador: Profa. Dra.Sarah EscorelProfessor Colaborador: Prof. Marcelo Rasga Moreira

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção de título de Mestre em Gestão de Sistemas e Serviços da Saúde, do Programa de Mestrado Profissional da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz/MS.

Março /2004

Ministério da SaúdeFundação Oswaldo Cruz

à minha lindinha, patricinha - Paulinha - que veio dar cor feminina aos meus dias, a

quem eu amo desde que surgiu no mundo.

ao meu riponga, alternativo, regueiro, atleta - Gú - parceiro dos últimos vinte anos, a

quem amo desde que surgiu no mundo.

2

“mas ovelha negra me desgarrei, o meu mestre não sabe que eu sei, da

arma oculta na sua mão.”Aldir Blanc/João Bosco, meus ídolos que ainda não morreram.

3

Agradecimentos

Ao meu amigo Marcelo, gostaria de agradecer sua inestimável ajuda, sem a qual tenho

certeza, não haveria dissertação. Você é um grande amigo, a quem prezo muito.

Agradeço à Dra. Sarah Escorel, minha orientadora, que muito contribuiu para tornar

possível este trabalho.

Aos amigos Dr. Francisco “Potter” Cardoso, e a “mami” Lúcia Paiva, com quem aprendi

o que sei de programação assistencial.

À minha amiga Dra. Maria Helena Brandão, que me deu a chance de atuar no âmbito da

gestão federal da saúde.

Aos meus amigos e parceiros do Ministério da Saúde, dos bancos escolares e do

“Amigão” - Sil, Elaine, Pat, Luis Carlos, Carlos, João Pompeu e todos os outros ... - que

acreditam na possibilidade de se fazer algo no front.

“O tempo vence toda ilusão”.

4

Sumário

(I) Introdução 12

(II) Aspectos Metodológicos 17

(III) Antecedentes da programação pactuada e integrada - PPI 20

(IV) A programação pactuada e integrada (PPI /NOAS 01/02) 35

(V) O Controle Social e a Programação Pactuada e Integrada (PPI /NOAS 01/02) 73

(VI) Considerações Finais: Crítica da proposta da PPI/NOAS 01/02 - Contribuições para o debate 92

Anexos 117

Referências Bibliográficas 144

5

Lista de abreviaturas e siglasAIH - Autorização de Internação Hospitalar

CES - Conselho Estadual de Saúde

CIB – Comissão Intergestores Bipartite

CIBs - Comissões Intergestores Bipartite

CIT - Comissões Intergestores Tripartite

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde

COSEMS - Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde

DATASUS - Departamento de Informática do SUS

DDGA - Departamento de Descentralização da Gestão da Assistência

GPSM - Gestão Plena do Sistema Municipal

GPAB - Gestão Plena da Atenção Básica

INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

MS - Ministério da Saúde

NOB - Norma Operacional Básica

NOAS - Norma Operacional da Assistência

PAB - Piso de Atenção Básica

PABA - Piso da Atenção Básica Ampliada

PPI - Programação Pactuada Integrada

SAS - Secretaria de Assistência a Saúde

SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS

SIH/SUS- Sistema de Informações Hospitalares do SUS

SMS- Secretaria Municipal de Saúde

SES- Secretaria Estadual de Saúde

SNA - Sistema Nacional de Auditoria

SPS - Secretaria de Políticas de Saúde

SPS - Secretaria de Políticas de Saúde

SUDS - Sistema Descentralizado de Saúde

SUS - Sistema Único de Saúde

6

TCU - Tribunal de Contas da União

TFA- Teto Financeiro da Assistência

TFGE - Teto Financeiro Global do Estado

TFGM - Teto Financeiro Global do Municipio

UCA- Unidade de Cobertura Amabulatorial

7

ResumoComposto por uma rede assistencial que atende aos 27 Estados e aos 5.560

municípios brasileiros, e prestando serviços a uma população estimada em 170 milhões

de pessoas, o Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado uma das mais amplas e

importantes experiências de atenção à saúde no mundo.

Resultado direto do movimento pela Reforma Sanitária, surgido nos anos 70, num

contexto político-social de luta contra a ditadura militar, o SUS promoveu grandes

avanços e melhorias na saúde da população brasileira, mas ainda necessita superar vários

problemas - inclusive estruturais - para atingir a plenitude de seus objetivos.

As principais aspirações desse movimento foram expressas na 8ª Conferência

Nacional de Saúde, realizada em 1986. A Constituição de 1988, promulgada durante o

processo político de redemocratização do País, incorporou essas reivindicações, definindo

a saúde como direito do cidadão e dever do Estado.

Esse processo de redefinição do setor saúde, considerada a área de política pública

adotada pelo Estado brasileiro que mais avançou em sua implantação, contribuiu e

ensejou oportunidades para a entrada em cena de novos atores sociais e políticos, como

os fóruns setoriais de deliberação de políticas sociais, que assumiram a forma de

Conselhos de Saúde (nas três esferas de gestão), redefinindo assim as bases da

participação popular como aspecto decisivo para a construção da democracia no País e

para o aprimoramento constante do SUS.

Ao longo deste período de existência do SUS, o Ministério da Saúde (MS) elaborou

e implantou uma série de portarias e normativas cujos objetivos visavam à organização

do Sistema. Foi nesse contexto que a NOB 96 introduziu na gestão do SUS a

Programação Pactuada e Integrada (PPI).

Adotando como pressupostos as diretrizes gerais da atenção, definidas a partir da

identificação das necessidades e prioridades assistenciais da população, a PPI tornou-se

um instrumento importante para a organização da assistência local e intermunicipal, para

a alocação de recursos assistenciais e para a explicitação das competências assistenciais

entre as três esferas de governo.

8

Em 2001, o MS, por intermédio da portaria GM nº 95, publicou a Norma

Operacional da Assistência à Saúde – NOAS 01/01, que reafirmou a importância da PPI,

que se constituiu em instrumento de planejamento voltado para a articulação das três

esferas de gestão do SUS e para a integração das áreas de promoção e da assistência à

saúde, de epidemiologia e controle de doenças, e de vigilância sanitária. Justamente por

isso, a programação é considerada pactuada e integrada.

Nesse contexto, o intuito primaz da presente dissertação é discutir a proposta de

Programação Pactuada e Integrada, mais precisamente seu processo de construção e

implantação no período de 2001/2002, contextualizada pela Norma de Assistência à

Saúde – NOAS, tendo como elemento principal de análise a participação do Conselho

Nacional de Saúde, em sua definição e deliberação.

Serão abordados e analisados os pressupostos, objetivos, abrangência, metodologia

e instrumental operativo da proposta da PPI, tendo como elementos norteadores as

proposições apresentadas pela NOAS em sua 1ª e 2ª versões, que definem seus

fundamentos e estabelecem seus limites e possibilidades de atuação.

Buscar-se-á compreender, em especial, a participação do Conselho Nacional de

Saúde (CNS) como fórum de formulação, deliberação e controle das políticas do SUS, no

processo de discussão e deliberação da Programação Pactuada e Integrada.

Procuro, assim, contribuir para a análise – e, posteriormente, a apresentação de

sugestões – para aspectos controversos na SAS/MS, no CNS e no setor saúde como um

todo, que podem ser sintetizadas nos debates que são travados acerca da necessidade de

ampliar o controle social sobre a PPI, tornando-a instrumento de gestão pública que se

aproxime, cada vez mais, da população e da solução de suas reais demandas.

9

SUMMARY

Formed by the health services network that covers the 21 states and the

5,560 municipalities of the Brazilian Federative Republic, and rendering assistance to an.

estimated population of 170 millions, the “ Sistema Único de Saúde” (“SUS”, that can be

nearly translated as the Unitary Health System) is generally considered one of the widest

and more important experiences carried out in the field of health assistance in the world.

A direct fruit of the movement of Sanitary Reform that blossomed in the

seventies within the social and political context of the struggle against the military

dictatorship, the SUS has promoted substantial headways and improvements in the area

of the Brazilian population’s health; it requires, nevertheless to surmount several

problems – including some of structural nature – so that the main purposes of the

movement may attain their full maturity.

These purposes have been expressed in the 8th National Health

Conference that took place in 1986. The 1988 Brazilian Constitution, which was

proclaimed during the political process of re-democratization of the country, has

incorporated those claims, thus defining the access to health as a citizen’s right and a

State’s duty.

That process of re-definition of the health sector, which is considered the

sector of the Brazilian public policy that has shown the largest improvements in recent

years, has offered the opportunity if the coming on scene of other social and political

agents in such assemblies as the sectorial forums for discussion and deliberation of social

policies; those assemblies took on the shape of “Conselhos de Saúde” (Health councils)

in the three spheres of administration, thus re-defining the basis of popular participation

as a decisive aspect of the building up of democracy in this country, as well as of SUS

continuous improvement.

During this period of SUS existence, the Ministry of Health (MS) has

developed and implemented a sequence of ordinances and norms whose purpose was the

10

organization of the System as a whole. It was in that context that the NOB 96 introduced

the so-called “Programação Pactuada e Integrada” (PPI, Compacted and Integrated

Program) in the SUS administration.

Once identified the needs and priorities of health assistance to the

population, the PPI became an important tool in the organization of local and

intermunicipal means of assistance, in the allocation of resources and in making explicit

the capabilities of the three spheres of government as far as the availability of health

services is concerned.

In 2001, the MS has issued, by means of the ordinance GM nº 95, the

Operational Norm of Health Services – NOAS 01/01, which has reasserted the PPI’

importance and converted it into a planning instrument used for the articulation of the

three spheres of the SUS administration and the integration of such areas as the health

advance and assistance, the epidemiology and diseases control, the sanitary vigilance, and

other areas of the same vital importance. This is precisely the reason why the PPI has

been named “compacted and integrated”. In those context, the essential purpose of the

present explanation is to discuss the PPI’s proposal, more precisely, its elaborating and

implementing process in the period of 2001/2002, as materialized in the Operational

Norm of Health Services – NOAS, which has as its main element the participation of the

National Health Council, whose analysis have contributed to the NOAS’ definition and

deliberations.

The premises, goals, inclusiveness, methodology and instrumental tools of

the PPI’s proposal will be approached and analyzed, using as their guidelines the

proposals submitted NOAS in its 1st and 2 nd versions, which defined their bases and

established their limits and possibilities of action.

A special effort will be endeavored to understand the CNS participation in

the forum of formulation, deliberation and control of SUS policies, within the process of

discussion and deliberation of the PPI.

I do seek to contribute in this way to the analysis – and later, to the

presentation of suggestions – of some controversial aspects in the SAS/MS, in the CNS

11

and in the health sector as a whole, which can be synthesized in the course of the debates

that are being carried out as regards the necessity of increasing the social control of the

PPI, in order to convert in an instrument of public administration, in such a way that it

may progressively become nearer and nearer of the population and of the solution of their

real demands.

12

(I) IntroduçãoComposto por uma rede assistencial que atende aos 27 Estados e aos 5.560

municípios brasileiros, e prestando serviços a uma população estimada em 170 milhões

de pessoas, o Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado uma das mais amplas e

importantes experiências de atenção à saúde no mundo.

Resultado direto do movimento pela Reforma Sanitária, surgido nos anos 70, num

contexto político-social de luta contra a ditadura militar, o SUS promoveu grandes

avanços e melhorias na saúde da população brasileira, mas ainda necessita superar vários

problemas - inclusive estruturais - para atingir a plenitude de seus objetivos. Conforme

ensinava o saudoso mestre Sérgio Arouca, um dos principais personagens do

Movimento:“Nós queríamos conquistar a democracia para então começar a mudar o

sistema de saúde, porque tínhamos muito claro que ditadura e saúde são incompatíveis”

(Radis, 2003)

As principais aspirações desse movimento foram expressas na 8ª Conferência

Nacional de Saúde, realizada em 1986, na qual foram elaboradas propostas cujos

elementos norteadores eram: a saúde como direito do cidadão; a promoção do acesso

universal da população a serviços descentralizados, o reforço do papel dos sistemas

locais; a democratização da gestão; a hierarquização dos serviços, visando uma

integração entre os diversos níveis de complexidade; e o controle social exercido pela

sociedade civil/usuários.

A Constituição de 1988, promulgada durante o processo político de

redemocratização do País, incorporou essas reivindicações, definindo a saúde como

direito do cidadão e dever do Estado.

Esse processo de redefinição do setor saúde, considerada a área de política pública

adotada pelo Estado brasileiro que mais avançou em sua implantação, contribuiu e

ensejou oportunidades para a entrada em cena de novos atores sociais e políticos, como

os fóruns setoriais de deliberação de políticas sociais, que assumiram a forma de

Conselhos de Saúde (nas três esferas de gestão), redefinindo assim as bases da

participação popular como aspecto decisivo para a construção da democracia no País e

13

para o aprimoramento constante do SUS.

Ao longo deste período de existência do SUS, o Ministério da Saúde (MS) elaborou

e implantou uma série de portarias e normativas cujos objetivos visavam a organização

do Sistema. As Normas Operacionais Básicas do Sistema Único de Saúde (NOB 01/93 e

NOB 01/96), possibilitaram a implantação de um processo de intensa descentralização,

transferindo para os estados e, sobretudo, para os municípios, um conjunto de

responsabilidades e recursos voltados para a operacionalização do Sistema Único de

Saúde.

Foi nesse contexto que a NOB 96 introduziu na gestão do SUS a Programação

Pactuada e Integrada (PPI). Adotando como pressupostos as diretrizes gerais da atenção,

definidas a partir da identificação das necessidades e prioridades assistenciais da

população, a PPI tornou-se um instrumento importante para a organização da assistência

local e intermunicipal, para a alocação de recursos assistenciais e para a explicitação das

competências assistenciais entre as três esferas de governo.

Em 2001, o MS, por intermédio da portaria GM nº 95, publicou a Norma

Operacional da Assistência à Saúde – NOAS 01/01 -, que teve como objetivos a

regionalização e a hierarquização dos serviços; a redefinição de atribuições dos três entes

federados, reforçando o papel dos estados na condução das políticas regionais; e a

promoção da eqüidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e

serviços de saúde em todos os níveis de atenção.

Dentre outros aspectos, a NOAS investiu em estratégias voltadas para o

fortalecimento da capacidade de planejamento e organização dos sistemas estaduais a

partir da articulação e da integração dos sistemas municipais; o desenvolvimento da

capacidade gestora dos níveis subnacionais de gestão, no exercício de suas funções de

contratualização, regulação, controle, auditoria e avaliação dos serviços de saúde; a

definição clara de atribuições e responsabilidades de cada ente federativo na gestão do

SUS de acordo com a organização de redes funcionais de assistência ambulatorial e

hospitalar; a responsabilização do gestor estadual, na coordenação da Programação

Pactuada e Integrada e do estabelecimento de um sistema de referências intermunicipais,

em conjunto com os gestores municipais; a definição dos limites financeiros dos recursos

14

federais alocados em todos os municípios do País, considerando sua base

territorial/assistencial e explicitando a parcela destinada à assistência dos seus munícipes

e das referências intermunicipais; a promoção de maior equidade na alocação de recursos

por meio do aumento da parcela de transferência “fundo a fundo”, calculados em base

per capita para o financiamento das ações de caráter básico e de média complexidade

ambulatorial.

A PPI teve sua importância reafirmada pela NOAS, constituindo-se em instrumento

de planejamento voltado para a articulação das três esferas de gestão do SUS e para a

integração das áreas de promoção e da assistência à saúde, de epidemiologia e controle de

doenças, e de vigilância sanitária. Justamente por isso, a programação é considerada

pactuada e integrada.

Compreendida como instrumental básico para a alocação de recursos com equidade,

para a explicitação das responsabilidades de cada esfera de gestão na organização das

ações e serviços de saúde e que, além disso, contribui para conferir transparência aos

critérios utilizados na distribuição dos recursos, a PPI possui os seguintes objetivos:

⇒ A reversão da lógica de alocação de recursos centrada na oferta e não nas

necessidades da população;

⇒ O estabelecimento de métodos e processos participativos que assegurem a ampla

discussão e deliberação de suas diretrizes, possibilitando o desenvolvimento de

políticas sociais sustentáveis;

⇒ A definição do limite financeiro global para a assistência de todos os municípios de

todos os estados;

⇒ A explicitação do modelo de gestão, com a definição das responsabilidades das

esferas de gestão do SUS na condução das redes assistenciais.

No período 2000/2001, participei como integrante da equipe da Coordenação de

Programação Assistencial, do Departamento de Descentralização da Gestão da

Assistência, da Secretaria de Assistência à Saúde5, do Ministério da Saúde

5 No ano de 2000 foi criado no âmbito da Secretaria de Assistência à Saúde, o Departamento de

Descentralização da Gestão da Assistência – DDGA - com a atribuição de assessorar estados e municípios no que

15

(DDGA/SAS/MS), área responsável pela elaboração da proposta da PPI e também pelo

desenvolvimento do Sistema de Informação em Saúde da Programação Pactuada e

Integrada–SISPPI-, instrumento eletrônico com o intuito de facilitar a programação de

estados e municípios.

No ano de 2003, ocupei também o cargo de diretor da então recém-criada Secretaria

de Gestão Participava, tendo a grata oportunidade de trabalhar com o Secretário Sérgio

Arouca, organizando a nova secretaria e elaborando seus primeiros projetos.

Nesse período importante de minha vida e da vida política do País, cursei também o

mestrado profissional, fruto de um convênio estabelecido entre o Ministério da Saúde,

por intermédio da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e a Escola Nacional de Saúde

Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Compreendi e constatei a importância da interação da área de formação com a área

de serviços, da articulação entre teoria e prática, entre a gestão do SUS e a pesquisa para

o seu desenvolvimento.

Considero que o curso proporcionou-me conhecimentos e instrumentos vitais para

refletir criticamente sobre a experiência conduzida pela Coordenação de Programação

Assistencial e sobre a necessidade de incrementar o controle social, possibilitando uma

análise dos processos instituídos por meio da proposta da PPI, a discussão da importância

(e da ausência) da participação e do controle social na elaboração e na implantação da

Programação, e, portanto, a necessidade de introdução de mudanças significativas em

seus pressupostos e métodos.

Foi nesse contexto que a presente dissertação foi elaborada. Seu intuito primaz é

discutir a proposta de Programação Pactuada e Integrada, mais precisamente seu processo

de construção e implantação no período de 2001/2002, contextualizada pela Norma de

Assistência à Saúde – NOAS, tendo como elemento principal de análise a participação do

Conselho Nacional de Saúde, em sua definição e deliberação.

tange aos processos de gestão do SUS. Entre outras, foi criada a Coordenação de Programação Assistencial. Uma

das atribuições da Coordenação era acompanhar os estados e municípios no processo de elaboração de suas PPI.

Entre janeiro de 2001 e dezembro de 2003, a Coordenação da Programação Assistencial acompanhou a elaboração

e a implantação das PPI em 24 dos 27 estados da federação.

16

Serão abordados e analisados os pressupostos, objetivos, abrangência, metodologia

e instrumental operativo da proposta da Programação Pactuada e Integrada - PPI, tendo

como elementos norteadores as proposições apresentadas pela NOAS em sua 1ª e 2ª

versões, que define seus fundamentos e estabelece seus limites e possibilidades de

atuação.

Buscar-se-á compreender, em especial, a participação do Conselho Nacional de

Saúde (CNS) como fórum de formulação, deliberação e controle das políticas do SUS, no

processo de discussão e deliberação da Programação Pactuada e Integrada.

Procuro, assim, contribuir para a análise – e, posteriormente, a apresentação de

sugestões – para aspectos controversos na SAS/MS, no CNS e no setor saúde como um

todo, que podem ser sintetizadas nos debates que são travados acerca da necessidade de

ampliar o controle social sobre a PPI, tornando-a instrumento de gestão pública que se

aproxime, cada vez mais, da população e da solução de suas reais demandas.

17

(II) Aspectos Metodológicos

O objeto do presente estudo é a Programação Pactuada e Integrada, contextualizada

no âmbito da Norma Operacional de Assistência a Saúde, enfocando-se à participação do

Conselho Nacional de Saúde no processo de sua discussão e deliberação.

O objetivo geral é contribuir com a proposta de Programação Pactuada e Integrada,

apresentando sugestões que busquem aprimorar seu processo de elaboração e

implantação, além de ampliarem e qualificarem a participação do Conselho Nacional de

Saúde em todo o processo.

Os objetivos específicos perseguidos são:

a) Identificar os processos de pactuação de recursos que antecederam a PPI,

focalizando seus objetivos e como o controle social intervinha nesse

processo;

b) Sistematizar o processo de elaboração, discussão e deliberação da PPI

2001/2002, a partir de suas diretrizes gerais, seus objetivos e metodologia e

sua adequação às características regionais no âmbito dos estados e locais no

âmbito dos municípios, no contexto da Norma Operacional de Assistência à

Saúde;

c) Analisar a participação do Conselho Nacional de Saúde no processo de

discussão e deliberação da Programação Pactuada e Integrada – PPI;

d) Apresentar propostas e sugestões para a ampliação da participação do CNS e

a conseqüente qualificação do processo de discussão e da proposta de

Programação Pactuada e Integrada no âmbito do SUS.

Sobre os Objetivos

Organizando a dissertação de maneira que a consecução dos objetivos específicos

construa o objetivo geral, compreendeu-se que a contribuição a que esse se propõe

precisa,

18

em um primeiro momento, levar em conta as estratégias de Programação que foram

construídas ao longo da história do SUS, focalizando a relação entre essas e o controle

social.

Para levantar os dados para a consecução dessa tarefa – que sintetiza o objetivo

específico “a”- foi empregue a técnica de pesquisa bibliográfica, que resultou na

identificação – e posterior análise – das fontes secundárias (livros, portarias, documentos

mimeo, normatizações...) que continham as informações adequadas e necessárias..

O segundo objetivo específico, voltado para a sistematização do processo de

elaboração, discussão e deliberação da PPI 2001/2002, foi desenvolvido a partir de dois

tipos de fontes: (1) as produzidas pelo Ministério da Saúde e veiculadas como

publicações oficiais, documentos internos do ministério, teses e portarias, que foram

levantadas por intermédio de pesquisa bibliográfica; e (2) arquivos e documentos

pessoais não publicados, oriundos de minha participação em todo o processo. Essas

fontes poderiam até ser consideradas como primárias, pois foram trabalhadas a partir das

propostas da técnica de observação participante, inclusive com anotações em caderno de

campo. Contudo, como sua elaboração não visava essa dissertação, foram consideradas

um tipo especial de fontes secundárias, sobretudo porque produzidas por alguém que

participou do processo da PPI 2001/2002.

Mesclando-se e colocando em interação essas fontes, procurou-se estabelecer um

fio condutor que permitisse o registro mais fiel possível do processo de construção da

citada PPI, buscando estabelecer suas relações com o conjunto de proposições

estabelecidas pela Norma Operacional de Atenção a Saúde – NOAS 01/02.

Os procedimentos, estratégias e técnicas utilizados no processo de obtenção dos

dados necessários para a concretização do terceiro objetivo específico – “analisar a

participação do CNS no processo de elaboração da PPI 2001/2002” - podem ser assim

sintetizados: (1) realização de trabalho de campo no Conselho Nacional de Saúde, cujo

principal intuito foi (2) realizar uma pesquisa em fontes secundárias, visando (3)

identificar, selecionar e obter cópias das atas das reuniões do CSN realizadas no período

2001/2002, além de cópias das deliberações e moções produzidas, nesse período, pelo

Conselho.

19

Esses documentos foram lidos e os trechos que, direta ou indiretamente,

vinculavam-se ou faziam alusão aos debates travados em torno da PPI foram selecionados

e transcritos na íntegra – sem nenhuma alteração ou interpretação – para um novo

documento.

O novo documento, que possui como tema único o debate sobre a PPI, transforma-

se naquilo que Bourdieu, Chamberdon e Passeron (1999) denominam corpus, ou seja, o

conjunto de discursos relacionados ao objeto que está sendo investigado, cuja construção

tem como finalidade reunir, de maneira organizada, as diferentes falas e depoimentos que

devem, obrigatoriamente, ser analisados.

O corpus foi analisado a partir de procedimentos técnicos típicos da análise de

discurso, sobretudo no que diz respeito à compreensão do contexto (conjuntural e

estrutural) em que as atas foram produzidas, na relevância conferida ao papel social que

cada Conselheiro representa, e, por conseguinte, na qualificação dos depoimentos.

O conjunto de informações e análises obtido com a realização desses três objetivos

permitiram a construção do cenário atual da PPI, suas possibilidades como função e

instrumento de alocação e distribuição equitativa de recursos, de explicitação dos

modelos de atenção assumidos pelas esferas de gestão do SUS, mas também suas

insuficiências, que sugerem mudanças de diretrizes e metodologias, além de uma nova

proposição de pacto intergestores e de formas de participação do controle social no seu

processo de elaboração/definição

Para a consecução do quarto objetivo específico, no qual se pretende apresentar

sugestões à proposta de PPI 2004 e ao processo de sua formulação e discussão, foi

desenvolvida pesquisa nas seguintes fontes secundárias: documentos internos do MS,

material de discussão da Coordenação de Programação Assistencial do MS, e documentos

não publicados de criticas à proposta de Programação Pactuada e à Norma Operacional da

Assistência à Saúde.

20

(III) Antecedentes da Programação Pactuada e Integrada -PPI

As bases para o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) foram assentadas na

década de 1980, oriundas de um vigoroso movimento socio-histórico-político que

compreendia a reestruturação do sistema de saúde como vinculada à luta pelo fim da

ditadura militar e pela redemocratização.

O País vivia um período intenso e rico de construção de propostas fundamentadas

na crítica e no questionamento ao sistema de saúde em vigor, que estava centrado na

assistência médica, representada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social

(MPAS) e pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdenciária Social

(INAMPS).

A 8ª Conferência Nacional de Saúde consolidou o processo de discussão e o embate

político setorial, construindo um “consenso nacional” sobre as diretrizes gerais que

deveriam, no âmbito da saúde, orientar a Assembléia Nacional Constituinte de 1987/88.

Em suas grandes linhas, essas propostas foram incorporadas ao texto constitucional,

conformando o Sistema Único de Saúde.

Os principais desafios do novo sistema eram: passar de uma cobertura aos

previdenciários, para o atendimento à saúde de toda a população brasileira; de um

instituto com estrutura centralizada, passar a funcionar por meio de uma articulação entre

o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais e municipais; alterar a lógica de compra de

serviços paga por produção, baseada em uma tabela de preços nacional, para sistemas que

reconhecessem as peculiaridades de cada município brasileiro; modificar uma prática que

lidava basicamente com a doença e com os doentes, para a garantia da integralidade e a

articulação das ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde.

A implantação do SUS, de responsabilidade dos três níveis de governo, exigia

mecanismos de regulação dinâmicos, que permitissem, a partir de cada estágio de

implementação, definir estratégias aplicáveis em cada momento específico, identificando

e estimulando os avanços e corrigindo os problemas.

As normas operacionais básicas de saúde surgiram, então, como instrumentos

fundamentais para a implantação do SUS, cumprindo importante papel no processo de

regulamentação da divisão de responsabilidades entre a União, Estados e Municípios, da

21

relação entre as três esferas de governo e dos mecanismos de financiamento, incluindo

critérios e fluxos de repasse de recursos.

Desde a publicação da Lei Orgânica da Saúde, em 1990, foram editadas quatro

Normas Operacionais para a regulamentação de aspectos específicos do SUS: a NOB 91

(Resolução nº 273, de 17/07/91); a NOB 93 (Portaria GM nº 545, de 20/05/93); a NOB

96 (Portaria GM nº 2203, de 05/11/96, e posteriormente alterada pelas portarias nº GM

1882 a 1993, de 18/12/97); e duas versões da NOAS (Portaria GM nº 95, de 26/01/01,

posteriormente republicada com alterações pela Portaria MS/GM nº 373, de 27/02/02).

Analisando-se o processo de edição das Normas Operacionais, constata-se que o

SUS foi criado e implantado sem que houvesse uma cisão abrupta com a lógica da

medicina previdenciária: a primeira norma operacional (NOB 91) foi assinada pelo

Presidente do INAMPS, e a segunda (NOB 93), pelo Secretário Nacional de Assistência à

Saúde, que acumulava a Presidência do Instituto.

No mesmo tom, o próprio processo de descentralização também teve suas raízes no

INAMPS, uma vez que os serviços e funções que foram transferidos aos estados e

municípios, eram, em grande maioria, desempenhados pelo INAMPS e, portanto,

organizados e localizados para atender à clientela previdenciária.

Sob esse prisma, a PPI também tem seus antecedentes em processos de

programação e orçamentação introduzidos pelo INAMPS, sofrendo modificações no

decorrer do período de implantação do SUS, até atingir seu formato atual.

A seguir, busca-se recuperar o processo de desenvolvimento da proposta da PPI, a

fim de identificar suas origens no processo histórico que constituiu o SUS. Serão

abordadas as propostas de: Programação e Orçamentação Integrada (POI), desenvolvida

ainda no período de vigência do INAMPS; Programação e Orçamentação em Saúde

(PROS), já no momento de transição entre o sistema previdenciário e o SUS; a PPI na

versão apresentada pela NOB 96; e a proposta atual da PPI, formulada de acordo com as

diretrizes da NOAS 01/02.

III.1) Programação e Orçamentação Integrada (POI)

22

O decreto lei nº 94.657, de 20/02/1987, instituiu o Sistema Unificado e

Descentralizado de Saúde (SUDS), que possibilitava a delegação, por parte do gestor

federal, aos gestores estaduais e municipais, da execução de serviços de saúde, por meio

de convênios. O objeto desses convênios era agregar aos serviços da União os serviços

dos Estados e Municípios que aderissem ao programa.

É no desenvolvimento dos SUDS nos estados que se identifica um dos primeiros

momentos de realização sistematizada de programação da assistência à saúde e de

abrangência mais geral: a Programação e Orçamentação Integrada (POI).

As “Orientações para a elaboração da Programação e Orçamentação Integrada”

(CIPLAN, 1989), apresentam a normatização da proposta de programação para os estados

e municípios que aderiram ao SUDS. O instrumento dessa programação/orçamentação

integrada fazia parte de um conjunto de instrumentos de planejamento propostos para os

SUDS: plano plurianual de saúde de âmbito estadual e nacional; programação e

orçamentação integrada; programação operativa local.

O Plano Plurianual de Saúde foi um primeiro esforço de sistematização de

propostas de organização da assistência à saúde de um determinado período de governo,

com definição de diretrizes, prioridades e estratégias de ação, expressando o

compromisso do governo para com o setor. A programação das metas e estimativas de

recursos necessários para o desenvolvimento do Plano Plurianual seriam desenvolvidas,

anualmente, pelas respectivas POI.

A POI deveria subsidiar as negociações dos projetos, programas e recursos entre as

instâncias de gerência e condução do Sistema, integrados às diversas fontes de

financiamento. A programação operativa local, de periodicidade anual, buscava abranger

o nível operacional dos Sistemas Locais, no âmbito municipal e/ou distrital, com vistas ao

detalhamento das prioridades, estratégias de ação, atividades, projetos, determinação de

metas e recursos ao nível da gerência local dos serviços de saúde.

A proposta de planejamento, programação e orçamentação apresentada pela

CIPLAN, foi desenvolvida em quatro etapas:

1. Elaboração dos orçamentos, para o ano de 1989, das instituições integrantes do

SUDS, que consistiu na elaboração dos respectivos orçamentos dos municípios,

23

estados, MPAS/INAMPS, Ministério da Saúde/Fundações, MEC/Universidades e

outros. Cada instituição definiu seu orçamento no 2º semestre de 1988, utilizando

instrumentos próprios. No caso dos estados, a proposta orçamentária foi

submetida e aprovada pela Comissão Interinstitucional de Saúde (CIS);

2. Elaboração da POI estadual: a partir dos tetos orçamentários definidos pelo

MPAS/INAMPS e por outras fontes de financiamento, e considerando as

capacidades alocadas em cada SUDS estadual, foi elaborado uma POI estadual

consolidada, adequando a programação das metas, as prioridades e a previsão de

recursos disponíveis. Essa POI estadual tornou-se instrumento fundamental de

negociação entre as esferas estaduais e federal, pois permitia o acompanhamento

da execução das metas pelas CIS e, a partir de sua aprovação, orientava a

elaboração das POI regionais e da Programações Operativas Locais.

3. Elaboração dos Planos Municipais de Saúde: considerava-se oportuno a

elaboração de um Plano de Saúde para as novas administrações municipais que

iniciavam sua gestão. De acordo com a proposição, esses planos deveriam

exprestar os princípios, diretrizes, prioridades e estratégias que norteariam a

administração da saúde, apresentando uma periodicidade de quatro anos. A

programação das metas e recursos necessários seria realizada anualmente e

subsidiaria a elaboração das POI estaduais nos anos subseqüentes.

4. Programação do SUDS para o ano 1990: essa etapa deveria ser desenvolvida no 2º

semestre do ano de 1989, constando da avaliação da programação desenvolvida

no ano corrente; elaboração da POI estadual, a partir das POI municipais 1990;

aprovação da POI estadual pela CIS; elaboração dos orçamentos das instituições

integrantes do SUDS; definição do teto orçamentário para o ano de 1990; análise

dos tetos orçamentários aprovados, das capacidades alocadas do Sistema em cada

nível; reformulação da POI estadual e sua desagregação para os níveis sub-

estaduais; elaboração das programações operativas locais.

Dessa forma, propunha-se um processo de planejamento, programação e

orçamentação que possibilitava, apesar de toda a precariedade do processo de articulação

24

institucional, a integração dos níveis de condução e gerência do Sistema, a busca da

adequação dos recursos gastos pelo setor às necessidades/prioridades de saúde da

população, além do acompanhamento e da gerência das unidades locais.

Ao avaliar o processo de organização e desenvolvimento dos SUDS nos estados,

essa proposta buscava pensar a direcionalidade do processo, tendo em vista a perspectiva

do Sistema Único de Saúde.

Outra característica interessante apresentada pela proposta, era a sua abrangência:

de acordo com as áreas programáticas, abrangiam-se não somente ações de assistência à

saúde, mas também ações sobre o meio (saneamento, abastecimento de água, destino de

dejetos e outras melhorias sanitárias); de produção de insumos (medicamentos,

imunobiológicos, produção de equipamentos, material de consumo...); de

desenvolvimento de recursos humanos; e, de desenvolvimento e coordenação técnico-

administrativa. Para cada área programática, foram desenvolvidas planilhas específicas, a

serem utilizadas pelas instituições integrantes do SUDS.

O SUDS foi uma experiência decisiva de integração e unificação das ações de

saúde em relação às instituições que os integravam, de descentralização dos recursos do

INAMPS para os estados e para a busca da universalização da atenção à saúde. Por ter-se

desenvolvido no período constituinte, foi referência importante no processo de discussão

da proposta de Sistema Único de Saúde.

III.2) Programação e Orçamentação em Saúde (PROS)

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica da Saúde

(LOS), em 1990, iniciou-se a construção, em seu formato atual, do Sistema Único de

Saúde.

O grande enfrentamento do processo constituinte (sintetizado na definição dos Art.

196 a 200 do “Capitulo II – da Seguridade Social” e da “seção II – da Saúde”) repetiu-se

no processo da definição e votação da Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que

regulamentaria o SUS.

Os aspectos relativo ao controle social e às fontes de financiamento do texto

original da Lei 8.080 foram vetados pelo então Presidente Fernando Collor de Melo e

25

somente sob grande pressão dos movimentos sociais organizados e do movimento da

Reforma Sanitária, é que foram incluídos na Lei 8.142, de 28 de Dezembro de 1990,

constituindo-se, assim, o arcabouço jurídico complementar da saúde.

Em 1991, foi editada a Norma Operacional Básica – SUS 01/91, composta por um

conjunto de portarias da Secretaria Nacional de Assistência à Saúde e pela resolução nº

258 – Anexo 02, do INAMPS.

A proposta fundamental dessa NOB baseava-se na mudança de critérios e

mecanismos de repasse dos recursos federais para estados e municípios. Foi a partir dela e

da expansão do SAMHPS/AIH, que se criou o Sistema de Informação Hospitalar

(SIH/SUS), utilizado para pagamento de todos os hospitais do país que recebiam recursos

do INAMPS. Esse Sistema permitiu a constituição de um banco de dados nacional sobre

as internações financiadas com recursos públicos federais, produzindo informações para o

planejamento e a programação de todo o sistema de saúde.

Também se implantou nesse período o Sistema de Informações Ambulatoriais do

SUS (SIA/SUS), que permitiu a normatização dos pagamentos aos prestadores de

serviços ambulatoriais.

Para efetivar os repasses dos recursos financeiros federais para os estados e

municípios, o instrumento utilizado foi o convênio e, para sua efetivação, a NOB SUS

01/91 estabeleceu as seguintes exigências dos níveis sub-nacionais: formação dos

Conselhos estaduais e municipais de Saúde; criação dos Fundos estaduais e municipais de

Saúde; elaboração do Plano de Saúde aprovado no Conselho e por autoridades do

executivo; programação e orçamentação da Saúde - PRÓS; relatório de gestão; e criação

de uma comissão para elaboração do Plano de Carreiras e Salários a ser implementado em

até dois anos.

Dois anos depois, por intermédio da Portaria MS 545, de 20/05/1993, o MS

publicava a Norma Operacional Básica 01/93, que buscou implementar a estratégia de

descentralização aprovada na IX Conferência Nacional de Saúde, definindo instrumentos

que visavam ampliar e aprimorar as condições de gestão com o objetivo de efetivar o

comando único do SUS nas três esferas de governo.

26

A NOB 93 adotou estratégias para impulsionar e nortear o processo de

descentralização:

• Respeito às diversidades loco-regionais brasileiras, tanto sob seus aspectos

econômicos e sociais quanto sob os aspectos relacionados às diferentes capacidades e

vontades de assunção das novas responsabilidades gerenciais e políticas pelas

respectivas esferas de governo;

• Implementação da proposição da NOB, de forma progressiva, de modo a evitar

rupturas bruscas que pudessem desestruturar práticas já existentes;

• Redefinição dos papéis das três esferas de governo, estabelecendo novas condições

para as relações intergestores;

• Criação da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e das Comissões Intergestores

Bipartite (CIB estaduais), instrumentos importantes para a promoção da adequação

das normas nacionais, às condições de cada estado;

• Adequação das normas nacionais às condições especificas de cada estado e

proposição medidas reguladoras das relações estado/municípios e

município/município;

A NOB 01/93 estabeleceu como suas principais metas: avançar na descentralização

da gestão do SUS com a habilitação de estados e municípios em condições distintas de

gestão – gestão “incipiente”, “parcial” e “semiplena” para municípios, e gestão “parcial”

e “semiplena” para estados; implantação de direção única sobre as ações e serviços em

cada esfera de governo; e organização de rede assistencial regionalizada e hierarquizada,

garantindo o acesso universal e equânime à assistência integral à saúde.

O processo de descentralização permitiu que, em três anos, pouco mais da metade

dos municípios brasileiros fossem habilitados em uma dessas modalidades. Em novembro

de 1996, de um total nacional de 5.508 municípios, 42% estavam habilitados na

modalidade de gestão incipiente; 11%, na modalidade de gestão parcial; e apenas 137

(cerca de 3%) na forma mais avançada de gestão, a semiplena. Esses municípios em

gestão semiplena abrangiam 16% da população e passaram a absorver 23% dos recursos

do MS destinados ao SUS.

27

Os requisitos necessários para a habilitação em uma das três modalidades

abrangiam, entre outros, a criação do Fundo Municipal ou Estadual de Saúde, a

elaboração do Plano de Saúde estadual e municipal e a criação do Conselho Estadual ou

Municipal de Saúde. Isso induziu a estruturação da administração estadual e municipal da

saúde, permitindo avanços significativos na gestão setorial.

Outra proposição fundamental foi a criação das Comissões Intergestores Bipartites

– CIB – e da Comissão Integestores Tripartite, como fórum permanente de discussão e

pactuação entre as esferas de gestão do SUS.

Foi nesse contexto de definição dos mecanismos que agregam condições de

operacionalidade ao SUS, definição do modelo de atenção à saúde, modelo de gestão,

organização dos serviços de saúde de forma descentralizada, que se apresentou a proposta

de Sistema Nacional de Planejamento como conjunto de proposições e práticas que

articulam esse processo às três esferas político-administrativas de governo.

Um grupo técnico de trabalho, composto pela Coordenação Geral de Planejamento

Setorial do Ministério da Saúde, pela Diretoria de Planejamento e Assistência à Saúde do

INAMPS, e pela Fundação Nacional de Saúde/MS, encarregou-se de elaborar essa

proposta, que propunha a rearticulação e a coordenação das atividades de planejamento

realizadas no subsetor público de saúde, abrangendo o Ministério da Saúde, estados,

Distrito Federal e municípios; a superação de entraves no processo de programação e

orçamentação e do financiamento da atenção à saúde; a estruturação de práticas de

avaliação, acompanhamento e controle coerentes com a nova proposta.

Essa proposta apresentava como instrumentos básicos, para o desenvolvimento do

planejamento setorial, o Plano de Saúde, que deveria ser elaborado de acordo com as

especificidades de cada esfera de governo e a Programação e Orçamentação em Saúde

(PROS).

De acordo com a proposta, a PROS deveria ser elaborada de acordo com as

diretrizes, objetivos, prioridades e metas do Plano de Saúde e em consonância com o

Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, além de ter periodicidade

anual.

28

Sua finalidade era detalhar os objetivos e metas do Plano de Saúde, elaborando a

previsão dos custos para o exercício financeiro, funcionando como base para a

discriminação dos recursos financeiros do SUS no orçamento de cada esfera de governo.

No período 1991/1992, o repasse de recursos entre as três esferas de governo ainda

ocorria por meio de convênios e esperava-se que, à medida que as PROS se constituíssem

em instrumentos de programação e controle dos recursos financeiros de custeio do SUS,

essa modalidade de repasse fosse abolida. Em sua substituição, sugeria-se que os

procedimentos para a transferência de recursos do SUS fossem feitos de forma regular e

automática, nos moldes da sistemática adotada pelos Fundos de Participação dos Estados,

DF e Municípios.

Para possibilitar a definição do total de recursos financeiros a ser repassado aos

estados, DF e municípios para a atenção ambulatorial, foi criada a Unidade de Cobertura

Ambulatorial (UCA). Os valores financeiros transferidos para estados e DF seriam

obtidos por meio da multiplicação do valor da UCA pela população de cada Unidade da

Federação. No caso dos municípios, a base de cálculo para o estabelecimento do teto

mensal seria a média do gasto histórico anual, corrigida pela capacidade potencial de

produção de serviços, população adstrita e complexidade da rede assistencial existente em

seu território.

Para a elaboração da PROS propôs–se um processo ascendente de

desenvolvimento: em um primeiro momento, seria elaborada a PROS municipal; em

seguida, seria feita a consolidação e ajuste no nível estadual; posteriormente, a PROS

estadual deveria ser encaminhada ao Conselho Nacional de Saúde e ao Ministério da

Saúde, que processaria os ajustes necessários da proposta ao limites estabelecidos pela

LDO.

Para subsidiar o processo de elaboração da PROS por parte dos estados e

municípios, foram desenvolvidos instrumentos de registro e sistematização, tendo em

vista os aspectos que compunham a programação: análise da situação atual de saúde da

população; definição de prioridades, metas e propostas; e estimativa de custos e

detalhamento dos recursos financeiros.

29

Essa programação foi desenvolvida de forma sistemática pelos estados e municípios

mais desenvolvidos em sua capacidade de gestão, mas não conseguiu tornar-se um

instrumento nacional, devido, sobretudo, à incipiência do processo de estruturação do

SUS e às fragilidades que o sistema apresentava no período.

Com relação ao controle social, o resultado da PROS deveria ser submetido à

apreciação e deliberação dos Conselhos de Saúde.

III.3) A Norma Operacional Básica - NOB 01/96 e a

Programação Pactuada e Integrada (PPI)

Em novembro de 1996, o Ministério da Saúde publicou a Norma Operacional

Básica - NOB 96, por meio da Portaria nº 2.203. Sua finalidade era consolidar o pleno

exercício, por parte dos municípios, dos estados e do DF, da gestão do SUS e da

redefinição dos papéis que deveriam cumprir as três esferas de governo. Assim,

apresentou, como diretrizes gerais:

1. Caracterizar a responsabilidade sanitária do gestor municipal, explicitando um

novo pacto federativo para a saúde, redefinindo os papéis de cada esfera de

governo e, em especial, a direção única;

2. Reorganizar o modelo assistencial, descentralizando para os municípios a

responsabilidade pela gestão e execução direta da atenção básica de saúde;

3. Dotar o SUS de instrumentos gerenciais para que municípios e estados superem o

papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus respectivos papéis de

gestores do SUS;

4. Estabelecer mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo progressiva e

continuamente a remuneração por produção de serviços e ampliando as

transferências de caráter global, “fundo a fundo”, com base em programações

ascendentes, pactuadas e integradas;

5. Aumentar a participação da modalidade de transferência “fundo a fundo” dos

recursos federais para estados e municípios, reduzindo a remuneração por serviços

30

produzidos (ou "pagamento por produção"), com a criação do PAB, FAE,

Incentivo ao PSF e PACS, IVR, PBVS e o IVISA;6

6. Desenvolver a prática de acompanhamento, controle e avaliação no SUS,

superando os mecanismos tradicionais, centrados no faturamento de serviços

produzidos, e valorizando os resultados advindos de programações com critérios

epidemiológicos e desempenho com qualidade;

7. Estabelecer os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegiando os

núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições para uma efetiva

participação e controle social;

8. Fortalecer a gestão compartilhada do SUS por intermédio das Comissões

Intergestores Tripartite e Bipartites, reconhecidas como espaços permanentes de

negociação e pactuação entre gestores.

Em síntese, a NOB 96 abordou: aspectos gerais do SUS, tais como as funções

gestoras de planejamento, a programação pactuada, o controle, a avaliação e as relações

federativas entre as três esferas de governo; custeio das ações e serviços de saúde,

abordando a assistência ambulatorial e hospitalar, a vigilância sanitária e as ações de

epidemiologia e controle de doenças; condições de gestão de estados, DF e municípios,

estabelecendo duas novas modalidades de habilitação (‘Gestão Plena de Atenção Básica’

e a ‘Gestão Plena de Sistema Municipal e/ou Estadual’) que substituiram as modalidades

da NOB 93.

Aos municípios habilitados na condição de ‘Gestão Plena da Atenção Básica’ foi

assegurada a transferência regular e automática dos recursos correspondentes ao Piso de

Atenção Básica (PAB), "que consiste em um montante de recursos financeiros destinado

ao custeio da assistência básica tipicamente municipal, definido pela multiplicação de

um valor per capita nacional pela população oficial do município" (NOB - 01/96).

Na condição de Gestor Pleno do sistema municipal, os municípios também recebem

transferência, de forma regular e automática, do Teto Financeiro Global, conforme

definido nas Comissões Intergestores, e têm autonomia para editar normas sobre o

6 PAB- Piso Ambulatorial Básico; FAE- Fração Ambulatorial Especializada; PSF- Programa de Saúde da Família; PACS- Programa de Agente Comunitário de Saúde; IVR- Índice de Valorização de Resultado; PBVS- Piso Básico de Vigilância Sanitária; IVISA- Índice de Valorização da Vigilância Sanitária.

31

pagamento de serviços em seu território, inclusive alteração de valores de procedimentos

médicos, tendo, contudo, a tabela nacional como referência mínima.

A NOB 96 produziu um impacto significativo no processo de descentralização e

municipalização da gestão da saúde. Em 1999, 4.834 (cerca de 90%) dos 5.506

municípios brasileiros já haviam assumido a gestão plena da rede básica de saúde,

enquanto 491 estavam habilitados na Gestão Plena de Sistema Municipal.

A NOB 96 instituiu a Programação Pactuada e Integrada (PPI) que envolvia as

atividades de assistência ambulatorial e hospitalar, a vigilância sanitária, a epidemiologia

e o controle de doenças, constituindo-se em instrumento essencial de reorganização do

modelo de atenção e da gestão do SUS, de alocação dos recursos e de explicitação do

pacto estabelecido entre as três esferas de governo.

A PPI traduziu as responsabilidades de cada município com a garantia de acesso da

população aos serviços de saúde, quer pela oferta existente no próprio município ou pelo

encaminhamento a outros municípios, pactuado entre gestores municipais, com mediação

do gestor estadual.

A NOB 96 estabeleceu ainda que o processo de elaboração da Programação Pactuada e

Integrada deveria ocorrer num processo ascendente, de base municipal, respeitando a

autonomia do gestor municipal, mas configurando, também, as responsabilidades do

gestor estadual, que deveria harmonizar e compatibilizar as programações municipais,

mediante negociação na CIB, buscando a eqüidade, a qualidade da atenção e a

conformação das redes regionalizadas e hierarquizadas de serviço.

O produto das PPI municipais seria submetido à apreciação e deliberação dos

Conselhos Municipais de Saúde (CMS), enquanto o consolidado da PPI estadual, deveria

ser submetido à deliberação do Conselho Estadual de Saúde (CES).

A PPI deveria observar critérios e parâmetros definidos pelas CIB e aprovados nos

Conselhos Estaduais de Saúde. No que concerne aos recursos federais de custeio da

atenção à saúde, propunha-se que o Ministério da Saúde, estabelecesse, via ato

normativo, pactuado na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e deliberado no Conselho

Nacional de Saúde, os critérios, os instrumentos, os prazos e os fluxos da PPI e de suas

reprogramações periódicas.

32

A implementação da Programação Pactuada e Integrada foi realizada de forma

pontual pelos municípios e estados mais avançados, mas não constituiu em um processo

nacional, sistemático e organizado pelo gestor federal. Estados como Minas Gerais,

Paraná, Ceará e Pará foram dos poucos que elaboraram suas PPI nos anos de 1998 e

1999, e mesmo assim de forma assistemática, a partir de diretrizes, parâmetros e

instrumentos elaborados por cada um, o que não permitiu qualquer condição de

comparabilidade entre elas.

Pode-se afirmar que a PPI, em sua proposta geral, não foi, a rigor, implantada e

coordenada pelo Ministério da Saúde, que não desenvolveu qualquer instrumento que

subsidiasse estados e municípios em sua elaboração.

No período que compreendeu a implantação das diretrizes da NOB 96, o MS

elaborou um documento técnico sobre a PPI, que foi submetido à CIT, mas que tampouco

teve maiores conseqüências. As condições apresentadas pelos estados e municípios em

seu conjunto ainda não estavam suficientemente amadurecidas para a implantação da

Programação Pactuada e Integrada, de forma sistemática e contínua.

III.4) A Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS)

01/02

A implantação das NOB 01/93 e 01/96 provocou um intenso processo de

municipalização da saúde, com a descentralização expressiva, para estados e municípios,

de responsabilidades, atribuições e recursos por meio da modalidade “fundo a fundo”. O

quadro 1 ilustra esse processo.

33

Quadro 1Indicadores de Evolução da Descentralização no SUS na Vigência das NOB 93 e

NOB 96, Brasil, 1994 a 2000

INDICADOR / ANO Dez/94 Dez/95 Dez/96 Dez/97 Dez/98 Dez/99 Dez/00Municípios recebendo recursos

“fundo a fundo”24 56 137 144 5.049 5.350 5.450

Estados recebendo recursos “fundo a fundo”

- - - - 2 7 8

% da população residente nos municípios/estados que recebem

repasse “fundo a fundo”

4,35 9,34 15,99 17,29 89,85 99,26 99,72

% do total de recursos assistenciais transferidos “fundo a

fundo”

6,19 12,50 22,91 24,06 52,50 58,09 60,72

Fonte: Ministério da Saúde. SAS/SPS, 2000

Constata-se que, no final do ano 2000, de um total de 5.506 municípios, 89,48%

estavam habilitados na modalidade de gestão básica (NOB 96) e 9,50% estavam

habilitados na gestão semiplena (NOB 96), totalizando 5.450 municípios.

A experiência acumulada no decorrer da década de 90 permitiu avanços

significativos na organização e na articulação das redes de serviços, no desenvolvimento

de processos de planejamento e na programação assistencial em vários estados, mas

também evidenciou um conjunto de problemas críticos para o SUS.

Esses problemas estavam relacionados a: divisão de responsabilidades da

gestão/gerência dos serviços entre estados e municípios, ocorrendo freqüentemente

conflitos relativos ao princípio de “comando único em cada esfera de governo”; ao

processo de habilitação que, em muitos casos, possuía um caráter meramente “cartorial”,

sem produzir, em termos reais, melhorias no acesso e na qualidade dos serviços de saúde;

ao processo de alocação dos recursos financeiros federais para o financiamento do SUS,

concentrado em algumas regiões do País por estar vinculado à lógica da oferta de serviços

e não nas necessidades da população e ao cálculo a partir de séries históricas de produção

de procedimentos; à fragilidade dos processos de planejamento e programação, controle,

regulação e avaliação dos objetivos e metas estabelecidas por estados e municípios; e à

incipiência organizacional das redes regionalizadas de serviços.

34

Esses problemas repercutiram na capacidade de universalização, integralidade e

qualidade da atenção à saúde da população. A partir da identificação dessas situações, o

Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Assistência à Saúde (SAS),

deflagrou, no ano de 2000, um amplo processo de discussão, envolvendo gestores

estaduais – representados pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde

(CONASS) – e gestores municipais – representados pelo Conselho Nacional de

Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) –, reunidos na CIT.

Dessas discussões, resultou a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS

01/01), cujo objetivo era promover maior equidade na alocação de recursos e no acesso

da população às ações e aos serviços de saúde. Houve duas versões da NOAS. A NOAS

01/01 publicada em janeiro de 2001 e a NOAS 01/02 publicada em janeiro de 2002. A

diferença básica entre as duas versões está situada no aspecto relativo à condição de

habilitação dos municípios que seriam considerados como sede de módulos, que na

primeira versão deveria ser pleno de sistema municipal e na segunda poderia também ser

habilitado na condição de pleno de atenção básica ampliada, tendo em vista a organização

das redes funcionais regionalizadas. Desta forma se referirá à versão NOAS 01/02 na

discussão da proposta da Programação Pactuada e Integrada – PPI.

A estratégia utilizada pela NOAS 01/02 foi a da regionalização, buscando, via

planejamento integrado, a conformação de redes regionalizadas e funcionais de saúde,

referidas a territórios delimitados e a populações definidas. Para tanto, fundamentou-se na

elaboração do Plano Diretor de Regionalização (PDR) e das diretrizes para a organização

regionalizada da assistência; no fortalecimento da capacidade gestoras do SUS por meio

da instrumentalização de gestores estaduais e municipais para o desenvolvimento das

funções de gestão do planejamento, da programação pactuada, da regulação, do controle e

da avaliação dos serviços; e na criação e atualização das modalidades de habilitação,

buscando superar o caráter cartorial do processo.

Assim, a NOAS 01/02 atualizou os requisitos para a habilitação de municípios na

‘gestão plena de sistema municipal’ e instituiu a modalidade de ‘gestão plena de atenção

básica ampliada’, cujos requisitos pressupunham a ampliação da resolutividade da

Atenção Básica.

35

No tocante à Programação Pactuada e Integrada, a NOAS 01/02 definiu que, sendo

um instrumento de organização dos modelos de atenção e gestão do SUS, a PPI deveria

articular e integrar as ações e serviços de assistência ambulatorial, hospitalar, básica, de

média e de alta complexidade, permitindo a alocação de recursos entre os municípios e

explicitando os limites financeiros para a atenção da população própria e referenciada.

Dessa forma, a PPI traduziria as competências e responsabilidades das três esferas

de governo no que se refere à garantia de acesso da população aos serviços de saúde, quer

pela oferta existente no território de um município específico quer pelo encaminhamento

a municípios de referência, na busca crescente da equidade da distribuição dos recursos e

da organização de uma rede regionalizada e resolutiva.

Para realizar esses pressupostos, a equipe da Coordenação da PPI, trabalhando no

Departamento de Descentralização da Gestão da Assistência (DDGA), da SAS/MS,

elaborou uma proposta detalhada de programação e desenvolveu um instrumento

eletrônico, o ‘SISPPI correlato’, visando facilitar o processo de desenvolvimento da PPI

pelos estados e municípios. A descrição e análise da proposta da PPI versão NOAS 01/02,

será objeto do próximo capítulo.

36

(IV) A Programação Pactuada e Integrada (PPI-NOAS 01/02)

Um dos objetivos fundamentais da NOAS 01/02 foi o fortalecimento da capacidade

gestora do SUS por meio de um conjunto de estratégias, mecanismos operacionais e

instrumentos voltados para subsidiar estados e municípios no exercício das funções de

gestão. Entre essas funções está a Programação Pactuada e Integrada (PPI).

A NOAS 01/02 priorizou a área assistencial da saúde, ao contrário das outras NOB,

que se referiam às áreas da Promoção da Saúde, da Epidemiologia e Controle das

Doenças, da Vigilância Sanitária e da Assistência Farmacêutica.

Esse novo formato refletia a condição de baixa integração entre as áreas do

Ministério da Saúde, que foi, em conjunto com as outras instituições integrantes da CIT,

o principal protagonista da formulação da NOAS. A PPI também expressou esse formato,

direcionando-se exclusivamente para a área assistencial da atenção à saúde.

Apesar da PPI ter sido introduzida pela NOB 01/96, o Ministério da Saúde não

desenvolveu no período compreendido entre a publicação dessa NOB e a NOAS 01/01,

ações sistemáticas junto aos estados e municípios que visassem tornar concreta a função

de planejamento e programação em saúde. A tabela 1 apresenta os dados referentes aos

Estados que realizaram a PPI assistencial, abrangendo a área ambulatorial e hospitalar nos

anos de 1998 a 2000, que permitem avaliar a situação existente no final da década de

1990, em relação aos estados que haviam elaborado suas PPI.

Tabela 1Estados que Realizaram a Programação Pactuada Integrada, Brasil, 1998 a 2000

Ano Número de Estados que realizaram a PPIN %

1998 9 33,31999 11 40,72000 9 33,3

1998/1999/2000

concomitantemente4 14,8

Fonte: Ministério da Saúde.SAS/.DDGA. 2001

Além do reduzido número de estados que realizaram a PPI no período 1998/2000,

há que se ressaltar a diversidade das condições de realização da PPI nesses estados

37

ocorrendo variações em relação aos eixos programáticos, ao tipo de diretriz, aos

parâmetros assistenciais e aos instrumentos de registro.

É muito difícil estabelecer algum tipo de comparação entre as PPI dos estados que a

realizaram no período 1998/2000, tamanha a diversidade de condições de execução, o que

denota a baixa capacidade de coordenação por parte do gestor federal.

O Departamento de Descentralização da Gestão da Assistência (DDGA/SAS) tinha

como atribuição acompanhar os estados e municípios nos processos de gestão do SUS e

assumiu como encargo a elaboração da proposta da NOAS.

A Coordenação da Programação Assistencial, da qual participei, era. parte

integrante da estrutura desse Departamento, tinha como atribuição, a partir da análise da

situação existente no País e das diretrizes emanadas pela NOAS, elaborar uma proposta

de PPI para ser apresentada e discutida com a CIT, compondo o conjunto de instrumentos

incorporado pela NOAS.

A proposta da PPI que foi aprovada pela CIT foi elaborada no decorrer dos anos de

2000/2001. A seguir, apresenta-se uma síntese por tópicos dessa proposta.

IV.1) Pressupostos da PPI

A NOAS 01/02 é o documento que orientou a PPI 2000/2001, adotando os

seguintes pressupostos:

⇒ A PPI deve ser coerente com o Plano de Regionalização de cada Estado, que é o

instrumento fundamental para orientar a definição das atribuições de cada município

no Sistema Estadual de Saúde;

⇒ A PPI, como instrumento de organização do sistema de saúde que visa a melhoria do

acesso e da resolutividade da atenção à saúde da população nos seus níveis de

complexidade, deve buscar viabilizar, no âmbito da assistência, a operacionalização

das diretrizes e prioridades expressas nos Planos Estaduais e Municipais de Saúde. A

síntese dessas diretrizes deve estar contida nas Agendas de Compromissos Estaduais

e Municipais e nos Quadros de Metas Estaduais, refletindo as especificidades dos

problemas do estado e locais;

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⇒ A PPI deve envolver a alocação de recursos federais, estaduais e municipais,

explicitando as responsabilidades das três esferas de governo no co-financiamento da

assistência de acordo com os dispositivos constitucionais. Através da PPI, os gestores

das três esferas de governo estabelecem o montante de recursos que deverão ser

alocados em relação à atenção ambulatorial básica, de média e alta complexidade e à

atenção hospitalar e farmacêutica;

⇒ A PPI deverá contribuir para a consolidação do papel do gestor estadual, no âmbito

de cada Unidade da Federação:

a. Na condução do sistema estadual de saúde;

b. Na coordenação do processo da PPI, em estreita articulação com os gestores

municipais, em todas a suas etapas;

c. Na regulação geral do sistema, e na macroalocação dos recursos do SUS;

d. No apoio e assessoria técnica aos municípios, no desempenho de suas

funções de gestão;

e. Na promoção da articulação política e operacional, entre os gestores

municipais, na conformação de redes regionalizadas e funcionais;

f. No desenvolvimento do modelo de gestão e de novos mecanismos gerenciais

de controle, regulação e avaliação de ações e serviços de saúde.

Para que se possa entender a relação desses pressupostos com a NOAS, é

importante que se proceda à análise dos aspectos relacionados a cada um deles.

A NOAS 01/02 estabelece a elaboração do Plano Diretor de Regionalização (PDR)

em cada Unidade da Federação como pressuposto estratégico para a organização das

redes funcionais de assistência à saúde. O PDR deve estar em consonância com o Plano

Estadual de Saúde e deve ser elaborado no contexto de um amplo processo de discussão

no âmbito das CIB, a fim de envolver os gestores municipais, e objetivando a

territorialização dos recursos assistenciais, a garantia do acesso e da integração de todos

os municípios nas correspondentes regiões de saúde.

A NOAS 01/02 reconhece a enorme diversidade das situações existentes em cada

Unidade da Federação e, por isso, adota uma definição, considerada ampla, de região: a

39

partir do modelo de regionalização adotado por cada unidade federada, podendo assumir

o formato de região, micro-região ou macro-região.

Contudo, a NOAS introduz um dispositivo a ser assumido por todas as UF, que é o

módulo assistencial, definido como a base territorial constituído por um ou mais

municípios com capacidade resolutiva correspondente ao primeiro nível de referência da

média complexidade,.

Essa foi a interpretação da maioria dos Estados, expressa em seus PDR. Na versão

01/02, posteriormente emendada pela CIT, a NOAS definia que o município-sede do

módulo assistencial deveria ser habilitado em gestão plena de sistema municipal e ter a

capacidade de ofertar com suficiência a totalidade dos serviços constantes no primeiro

nível de referência da média complexidade, denominado, Média Complexidade I - para

seus munícipes, no caso de módulo integrado somente por um município, e para a

população de outros municípios, no caso de módulos integrados por mais de um

município.

Dado a já reconhecida diversidade de situações existentes no País e no âmbito de

cada Unidade da Federação, a realidade antepôs-se à regra. Como um dos propósitos da

NOAS era romper com o caráter cartorial das habilitações da NOB 96, constatou-se a

necessidade de modificar o dispositivo que exigia a habilitação dos municípios sede de

módulo na condição de gestão plena de sistema municipal, permanecendo, entretanto, a

exigência de ofertar a totalidade de serviços da média complexidade com suficiência para

a população adstrita ao módulo. Assim, o município que tivesse alocado em seu território

apenas alguns dos serviços da Média Complexidade I, não poderia programar para o

atendimento a seus munícipes em suas unidades assistenciais, devendo referir o

atendimento para a sede do módulo.

Traduzido para a PPI, esse critério gerou controvérsias, pois, na prática, significava

o não reconhecimento da existência de dispositivos tecnológicos nos pequenos

municípios, o que, segundo gestores municipais das mais diversas localidades do País, ao

invés de estimular a re-qualificação dos serviços avaliados como de qualidade

insuficiente, colocava-os na condição de “fadados a fecharem suas portas”.

40

Essa exigência trouxe problemas ao processo de elaboração da PPI e muito de seu

caráter, ainda considerado cartorial, deve-se à pouca sensibilidade da NOAS 01/02 a

essas especificidades.

A estratégia do Plano Diretor de Regionalização, apesar de considerada

“verticalizadora” por diversos gestores municipais, foi fundamental para a rediscussão,

em todo o território nacional, das capacidades e das complexidades existentes e de suas

suficiências/insuficiências. Com isto, tinham-se as condições, se não suficientes, pelo

menos necessárias, para o desenho das redes funcionais regionalizadas, o que era um dos

requisitos essenciais para a elaboração da PPI.

O pressuposto de que a PPI deveria, no plano da assistência, expressar as diretrizes,

as prioridades e as metas dos Planos Estadual e Municipais de Saúde, cuja síntese

conformava as Agendas Estaduais e Municipais de Saúde, reconhece como elementos

fundamentais do planejamento em saúde a análise situacional, a identificação das

prioridades, a definição de metas e seus indicadores de avaliação e a compatibilização das

metas com as capacidades e complexidades alocadas no espaço/território do município ou

estado.

Assim, a PPI é considerada o momento normativo do processo de planejamento, no

qual se articulam todas as variáveis analisadas e compatibilizam-se os propósitos e as

capacidades existentes. Daí, a importância da articulação da PPI com as diretrizes dos

Planos e das Agendas de Saúde.

A rigor, para que se possa elaborar a PPI tendo em vista as capacidades existentes

no plano financeiro, é necessário envolver os recursos das três esferas de gestão do SUS,

de acordo, inclusive, com as exigências do dispositivo legal (Lei 8080).

A versão 01/01 da NOAS e o próprio documento da PPI, anexo ao documento da

NOAS, incluem esse aspecto como requisito para a programação. Entretanto, essa não foi

a posição assumida pelos representantes dos secretários estaduais de saúde reunidos no

CONASS.

A resistência ao requisito tinha dois argumentos principais: o primeiro está

relacionado às dificuldades dos Estados em apropriarem-se dos gastos efetivamente

destinados aos serviços e ações assistenciais de saúde de caráter devido aos mecanismos e

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aberturas orçamentárias utilizados pelo instrumento da PPI; enquanto o segundo

posicionamento, de caráter mais político, baseava-se no entendimento de que a cobertura

financeira do custeio da assistência deveria ser de exclusiva responsabilidade do nível

federal.

Assim, a proposta da PPI apresentada e aprovada pela CIT em 15/03/2001, ficou

restrita aos recursos financeiros federais, o que não permitiu a visualização dos recursos

existentes e disponíveis para a área de saúde por parte dos estados e municípios, e

tampouco a sua compatibilização com a necessidades/demandas levantadas no processo.

O processo de elaboração da PPI foi de fato coordenado pelos gestores estaduais, de

acordo com os pressuposto apresentados pela NOAS 01/02. Esse processo permitiu a

rediscussão das atribuições das esferas de gestão no sistema estadual de saúde; e a

identificação das suficiências e insuficiências relacionadas aos recursos técnicos,

tecnológicos e humanos alocados nas diversas regiões do País, motivando a elaboração

do Plano Diretor de Investimento, que orientava todo o processo de investimento tendo

em vista o desenho das redes regionalizadas previstas pela PDR e pela PPI.

Finalizando e enfocando o conjunto de atribuições estabelecidas ara o gestor

estadual, ainda estão em estágio incipiente, não permitindo visualizar mudanças

substantivas em curto prazo.

IV.2) Objetivos da PPI

A PPI é em um instrumento fundamental para a alocação dos recursos financeiros

das três esferas de gestão, com equidade entre as macro-regiões do País e no âmbito dos

estados, entre os municípios; para a explicitação das responsabilidades de cada esfera de

gestão do SUS, na organização das ações e serviços de saúde; para a explicitação das

parcelas de recursos relativos à população própria e à população dos municípios de

referência; para orientar o processo de controle e avaliação dos objetivos e metas

traçadas; e para conferir transparência na definição e no cumprimento dos critérios de

distributivos dos recursos do SUS.

Assim, são objetivos da PPI:

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⇒ a reversão da lógica de alocação de recursos até então centrada nos interesses

imediatos dos prestadores de serviços de saúde, pela lógica das

necessidades/demandas da população por ações e serviços de saúde;

⇒ o estabelecimento de métodos e processos participativos que assegurem a ampla

discussão e deliberação sobre as diretrizes de orientação, os parâmetros assistenciais

de programação e a definição da proposta de macroalocação dos recursos financeiros

envolvidos na programação, por parte do conjunto dos municípios e dos Conselhos de

Saúde;

⇒ definição do limite financeiro global para a assistência de todos os municípios do

estado, independentemente do tipo da condição de gestão em que estiverem

habilitados, e a forma de repasse dos recursos. Esse limite deverá ser composto por

uma parcela voltada para o atendimento da população do próprio município em seu

território, acrescido da parcela de recursos que correspondem às referências

encaminhadas por outros municípios e/ou deduzido da parcela de recursos próprios,

programados para serem alocados nos tetos dos municípios para os quais são

encaminhadas as referências;

⇒ a explicitação do modelo de gestão, com a definição das responsabilidades sobre as

diversas unidades assistenciais localizadas no território municipal, guardada estrita

observância ao princípio de “comando único”. As parcelas correspondentes à gestão

do estado e as correspondentes à gestão dos municípios devem guardar coerência com

as condições de habilitação, previstas na NOAS 01/02.

Algumas considerações acerca dos objetivos da PPI possibilitam contextualizá-los

no processo de discussão da Programação desenvolvido no período 2000/2001.

As proposições de levar em consideração as “necessidades em saúde” nos

instrumentos de planejamento e programação do SUS são antigas e recorrentes. Tais

proposições assumem, em geral, um caráter muito genérico.. O SUS é herdeiro de

práticas institucionais marcadas pela compra de serviços da iniciativa privada realizada

de forma irracional, orientada pelos interesses e pelo perfil da oferta dos mesmos. A

reversão desse quadro implicaria em redirecionar o sistema para as reais necessidades de

saúde da população.

43

Acontece que, na prática institucional, essas proposições nunca se moldam em

alternativas concretas, restringindo-se, no mais das vezes, a uma coletânea de dados e

informações demográficas e epidemiológicas que são consolidadas nos primeiros

capítulos dos planos estaduais e municipais, sem a necessária correspondência ou clara

ligação com as proposições do plano. Reproduz-se, assim, a prática dos diagnósticos de

saúde, tão típicos dos modelos de planejamento normativo.

Essas práticas mal escondem a debilidade teórica e metodológica no campo do

planejamento em saúde, que não acumulou, na maioria de suas áreas, conhecimento

suficiente para correlacionar os fatos do adoecer e morrer com as tecnologias e ações de

saúde adequadas à modificação da situação identificada.

A incipiência das pesquisas de avaliação tecnológica em saúde, bem como das

metodologias de planejamento e programação, pode ser imputada como parcialmente

responsável por esse déficit conceitual. Apenas algumas áreas mais tradicionais da

intervenção estatal na saúde conseguiram acumular recomendações técnicas

sistematizadas, testadas mais pela prática do que por evidências científicas. O

reconhecimento dessas debilidades conceituais é uma condição necessária para o

enfrentamento das necessidades em saúde, admitindo-se, para a superação desse gap, a

adoção de estratégias de aproximações sucessivas ao objeto, de forma tentativa e

incremental. A identificação das insuficiências conceituais e a indicação de necessidades

de pesquisa sobre esse tema é condição fundamental para a sua superação, no médio e

longo prazo.

A questão que se coloca quando se aceita a premissa de planejar com base nas

necessidades de saúde pode, então, ser assim formulada: quem estabelece tais

necessidades?

As aproximações às ditas necessidades só podem ser intentadas se adotadas várias

abordagens e enfoques que integram diversas dimensões, sempre de caráter precário e

fruto de consensos sociais (entre epidemiólogos, planejadores, gestores e, não por último,

de representantes da própria sociedade civil e grupos de pressão).

A conformação do próprio setor saúde é determinada por acumulações históricas de

demandas sociais que são alçadas ao nível de “questões sociais”, geralmente como

44

resultantes de prolongados e complexos jogos de reivindicação e de pressão política, que

transformam necessidades percebidas por indivíduos ou grupos restritos, em políticas

adotadas pelo Estado Nacional.

Assumem, assim, status de conquistas sociais, encampadas pelo Estado e

institucionalizadas na forma de políticas públicas permanentes. As necessidades de

legitimação do Estado Nacional forçam, por outro lado, a sua permeabilidade às

demandas da sociedade e a crescente incorporação das demandas às suas agendas de

políticas.

As políticas de Bem-Estar Social são típicos produtos de processos históricos desse

tipo, nos quais as políticas de saúde se enquadram. Por serem fruto de processos

históricos, são mutáveis e, em geral, cumulativas e sempre em expansão. Esse caráter

transitório traz para a definição de “necessidades de saúde”, uma sempre renovada

complexidade.

As “necessidades em saúde” são, portanto, consideradas como estimativas de

demandas de ações e serviços de saúde, determinadas por pressões e consensos sociais

provisórios; pelo estágio atual do desenvolvimento tecnológico do setor; pelo nível das

disponibilidades materiais para sua realização, legitimadas pela população usuária do

sistema; e pelos atores relevantes na sua definição e implementação.

Às situações existentes no período de elaboração e de implantação da PPI

2000/2001 foram apresentadas propostas e dispositivos técnicos que, atualmente, são

consideradas insuficientes, mas que, naquele momento, representavam os avanços

possíveis para orientar a PPI na direção das necessidades de saúde da população. Essas

propostas serão detalhadas no capítulo onde se discutirá a estrutura da proposta da PPI.

Quanto ao processo amplo e participativo de definição das diretrizes,

macroalocação de recursos e parâmetros assistenciais, pode-se afirmar, com pequena

margem de erro, que a participação envolveu somente a área de gestão técnica do SUS,

municípios e estados.

Quantos ao requisito a ser cumprido de aprovação, por parte dos Conselhos

Estaduais de Saúde, das definições iniciais ao processo da PPI e, posteriormente, à

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aprovação da proposta de programação consolidada no Estado, pode se afirmar que essa

ocorreu, ainda que em caráter estritamente homologatório.

Os Conselhos Municipais de Saúde, em sua maioria, não tiveram qualquer

participação no processo da PPI. A própria metodologia apresentada para a Programação

inibiu a participação dos Conselhos Municipais, à medida que não garantiu ao município

as condições para a elaboração de sua PPI intramunicipal, a partir de suas especificidades,

problemas e soluções próprias.

A PPI constituiu um instrumento de explicitação dos limites financeiros alocados

para cada município do estado. Pela primeira vez na história do desenvolvimento do SUS,

todos os municípios puderam saber a quantidade de recursos disponíveis para as ações e

serviços de saúde em seu território e/ou alocados nos orçamentos de outros municípios,

aos quais seriam referenciados os casos de maior complexidade.

Esse dispositivo confere a transparência aos critérios utilizados para a alocação,

para a análise e para a avaliação da execução dos recursos financeiros, criando as

condições para a efetiva prestação de contas à população, sobre a gestão do SUS.

Quanto às formas de repasse, a manutenção de um modelo de transferência de

recursos aos hospitais públicos baseado no pagamento por procedimentos, ou contra-

faturamento mediante a apresentação de AIH, não se justificava, pois além do

reconhecido potencial efeito indutor de fraudes e distorções, esse sistema gerava

internações desnecessárias, com o intuito único de alcançar as metas autorizadas de AIH

e a conseqüente captação de recursos de manutenção dos serviços (e, obviamente, de suas

equipes), além de onerar o setor público com a imobilização de profissionais qualificados

nos custosos serviços de faturamento.

O que se buscou, à guisa de solução, foi ampliar a quantidade de recursos a ser

repassada aos municípios por meio da modalidade “fundo a fundo”. Um primeiro

movimento foi ampliar a resolutividade da Atenção Básica, aumentando o rol de

atividades ofertadas pelas Unidades Básicas, e conseqüentemente, ampliando os recursos

financeiros.

46

Um segundo movimento, com o mesmo propósito de garantir o suporte de apoio

diagnóstico e terapêutico à área de Atenção Básica, foi a desagregação da média

complexidade ambulatorial em três grupos de procedimentos (I, II e III).

A média complexidade I foi integrada por procedimentos de demanda imediata da

Atenção Básica. Para esse grupo de procedimentos, dimensionou-se um valor que

permitisse a garantia de sua universalização. Esse valor foi estabelecido como um per

capita a ser repassado na modalidade “fundo a fundo” e vinculado à qualificação das

regiões ou microrregiões que constituem pólos de referência de atendimento. Como se

constatou posteriormente, esse recurso nunca foi repassado, pois nesse período nenhuma

região ou microrregião pólo de referência foi qualificada.

IV.3) Metodologia da PPI

A metodologia da PPI 2000/2001 foi dividida em dois componentes estruturais:

ambulatorial e hospitalar.

O processo de desenvolvimento da programação ambulatorial revestiu-se de

aspectos específicos, distintos da programação hospitalar, no que tange à estrutura da

abertura programática e da organização dos grupos de programação, à composição dos

parâmetros de alocação e distribuição de recursos, e ao processo da programação

propriamente dito.

Visando a operacionalização da PPI como instrumento nacional, o Ministério da

Saúde desenvolveu e disponibilizou um software contendo os vários aspectos do processo

de programação, iniciando pela agenda de saúde e pelo pacto da atenção básica, e

incluindo a programação das ações de atenção básica, média e alta complexidade

ambulatorial, hospitalar e do tratamento fora do domicílio entre outros componentes.

A Programação Ambulatorial

Para a assistência ambulatorial, a PPI propôs uma abertura programática organizada

em três níveis de complexidade: atenção básica, assistência ambulatorial de média

complexidade e assistência ambulatorial de alta complexidade.

47

Essa divisão justificava-se pelas especificidades de cada um desses níveis no que

diz respeito ao modelo de atenção, à organização da rede, à distribuição de

responsabilidades, à dispersão/concentração de serviços, ao acesso da população e à

lógica de financiamento proposta.

A programação da Atenção Básica teve como objetivos a ampliação do acesso e da

resolutividade desse nível da atenção. A construção da proposta, desenvolvida pela

equipe técnica da Secretaria de Políticas de Saúde, teve como preocupação a elaboração

de uma programação que não se pautasse exclusivamente na série histórica da produção

de procedimentos individuais (uma das críticas mais comuns à metodologia de elaboração

da PPI), mas que buscasse incorporar as necessidades normativas apontadas pelas áreas

técnicas para a Atenção Básica, bem como as necessidades no âmbito da Média

Complexidade para reduzir a insuficiência e a má distribuição espacial desses serviços,

visando o atendimento das demandas apontadas pela atenção básica.

Desde sua elaboração inicial, existiu a preocupação em flexibilizar os parâmetros,

adequando-os ao perfil etário da população e à realidade epidemiológica do território

municipal. Assim, buscou-se elaborar uma proposta de parâmetros como subsídio à

programação da atenção básica, norteada pela lógica das necessidades de serviços para a

população.

Para a construção dessa proposta levou-se em consideração a cobertura e

concentrações ideais segundo normas técnicas do Ministério da Saúde, consensos de

especialistas, publicações de organismos internacionais, programações realizadas por

secretarias estaduais e municipais nos anos anteriores à PPI e estudos de série histórica

nacional de produção de procedimentos para os itens de urgência básica realizados no ano

2000.

Em 2002 esses critérios foram mantidos. O detalhamento da proposta permitiu

uma programação mais minuciosa dos serviços, destacando-se as prioridades em cada um

dos ciclos de vida e agravos principais, reservando-se uma parte das ações à demanda

espontânea.

A proposta evoluiu, inicialmente, para inclusão de parâmetros específicos de

cobertura por áreas programáticas, considerando que, para áreas como a de vacinação, era

48

necessário utilizar a população total, enquanto para outras áreas, a cobertura poderia

variar de acordo com a prioridade dos gestores.

O conceito de suficiência inscrito na NOAS 01/02 significava, no contexto da

Atenção Básica, agregar resolutividade às suas ações por meio da identificação de um

conjunto de responsabilidades e atividades a serem assumidas e desenvolvidas por todos

os municípios do país em áreas estratégicas como o controle da tuberculose, a eliminação

da hanseníase, o controle da hipertensão, o controle da diabetes mellitus, ações de saúde

da criança, saúde da mulher e saúde bucal.

Ao conjunto de atividades elencadas nas áreas consideradas estratégicas, que

conformavam também um conjunto de recursos financeiros do Piso de Atenção Básica

(PAB), foram agregadas o conjunto de ações relacionadas inicialmente na Média

Complexidade ambulatorial e seus recursos correspondentes, de acordo com o

pressuposto da ampliação de resolutividade, compondo o que se denominou o Piso da

Atenção Básica Ampliado (PAB-A).

A impossibilidade do município de assegurar a atenção básica ampliada à sua

população ensejaria um planejamento de investimentos para instalação de novos serviços

ou otimização dos existentes, visando a garantia da atenção à saúde da população,

conformando, entre outros aspectos, o Plano Diretor de Investimentos (PDI) sob

coordenação da Secretaria Estadual de Saúde(SES).

No processo de organização da programação municipal, foram apontadas as seguintes

atividades, que deveriam ser realizadas pelos gestores:

⇒ atualizar o cadastro das unidades básicas de saúde para subsidiar a avaliação da oferta

de serviços no município. O cadastro atualizado de todas as unidades e dos

profissionais permite avaliar a capacidade instalada calculando os parâmetros de

rendimento de profissionais, unidades e equipamentos;

⇒ levantar os dados populacionais do município, por faixa etária e sexo, para fins de

cálculo das coberturas assistenciais. Os dados populacionais por sexo e faixa etária

permitem calcular a cobertura das ações para cada ciclo de vida e para ações de

importância epidemiológica;

49

⇒ definir os parâmetros de cobertura para programação das ações e serviços de saúde

correspondentes aos diversos grupos e subgrupos de ações finalísticas da Atenção

Básica, levando em conta o pacto da atenção básica, acordado pelo município com a

SES, as ações e áreas estratégicas constantes na NOAS, e a sugestão de parâmetros

elaborada pela equipe técnica da SPS/MS.

Para o desenvolvimento da proposta foi elaborado um instrumento eletrônico

específico da área de Atenção Básica, cuja primeira versão foi difundida para os estados e

municípios a partir de maio de 2001, como resultado do esforço conjunto dos

Departamentos de Atenção Básica (DAB/SPS) e de Descentralização da Gestão da

Assistência (DDGA/SAS), para subsidiar estados e municípios na elaboração da PPI.

A Programação da Assistência Ambulatorial de Média

Complexidade

A Média Complexidade Ambulatorial é organizada a partir de ações e serviços cuja

complexidade envolve recursos humanos qualificados e a utilização de recursos

tecnológicos, de apoio diagnóstico e terapêutico, com graus diferenciados de economia de

escala, e que em geral, estão disponíveis na rede assistencial de município pólos.

Operacionalmente, a média complexidade ambulatorial pode ser identificada por

exclusão, uma vez que as ações básicas e de alta complexidade/alto custo são objetos de

políticas específicas do Ministério da Saúde.

Conforme definidos na tabela de procedimentos do Sistema de Informações

Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) e, por exclusão, conforme

definidos na Portaria SAS/MS n0 96/2000, os procedimentos de Média Complexidade

(MC) pertenciam aos seguintes grupos: Procedimentos Especializados Realizados por

Profissionais Médicos, Outros de Nível Superior e Nível Médio (grupo 07); Cirurgias

Ambulatoriais Especializadas (grupo 08); Procedimentos Traumato-Ortopédicos (grupo

09); Ações Especializadas em Odontologia (grupo 10); Patologia Clínica (grupo 11);

Anatomopatologia e Citopatologia (grupo 12); Radiodiagnóstico (grupo 13); Exames

Ultra-Sonográficos (grupo 14); Diagnose (grupo 17); Fisioterapia (grupo 18); Terapias

50

Especializadas (grupo 19); Próteses e Órteses (grupo 21); Anestesia (grupo 22); e

Hemoterapia (grupo 37).

Foram excluídos da Média Complexidade procedimentos dos grupos 07, 08, 10, 11,

e 17, que foram incorporados à Atenção Básica, buscando aumentar sua resolutividade e

seus valores de financiamento. A Média Complexidade, assim constituída, permanece

composta por procedimentos heterogêneos, de complexidade e de custo variados e cuja

oferta, muitas vezes, obedece a lógicas distintas e encontra-se bastante dispersa nos

diferentes municípios e estados brasileiros.

Para a estruturação da proposta de programação desse conjunto de ações e serviços

de saúde, seguiu-se um roteiro que abrangeu desde a avaliação da situação existente na

época, da forma de organização da média complexidade, passando pela redefinição do

conjunto de procedimentos que a comporiam, até a estruturação de um novo formato de

agregação dos procedimentos aí considerados, que originaram novos grupos e subgrupos

de procedimentos e que orientaram a elaboração da proposta de PPI da média

complexidade.

Buscava-se, assim, por meio de estudos exploratórios realizados a partir de um

banco de dados desenvolvido por técnicos da Coordenação de Programação Assistencial

do DDGA, de critérios estabelecidos por consenso de especialistas, acrescidos pela

análise de variáveis tais como a freqüência do procedimento e o número de municípios

que realizam o procedimento:

⇒ Definir um conjunto de procedimentos ambulatoriais de média complexidade que,

devido às suas características tecnológicas e assistenciais, pudesse ser ofertado nos

estados, idealmente, em todos os sistemas de saúde de abrangência microrregional ou

regional, conforme as características dos municípios que o compõem e a definição do

plano de regionalização estadual;

⇒ Propor agrupamentos para a totalidade dos procedimentos de média complexidade

ambulatorial que subsidiassem o diagnóstico da oferta de ações e serviços nos estados

com vistas à identificação de municípios-pólo e à elaboração de estratégias de

regionalização e hierarquização da assistência conduzidas pelas Secretarias de Estado

de Saúde - SES;

51

⇒ Permitir a programação física e financeira, associada a grupos de ações e serviços de

composição tecnológica distintos;

⇒ Facilitar a definição de fluxos intermunicipais, subsidiando o processo de

Programação Pactuada e Integrada – PPI nos estados e a organização da assistência

ambulatorial nesse nível de atenção.

Os objetivos, os conceitos e as definições foram orientados por dois pressupostos

fundamentais: a implementação da PPI e a qualificação dos municípios. O primeiro

consistiu na formulação de uma proposta que favorecesse a concretização da PPI como

instrumento de integração dos sistemas municipais de saúde, baseado na estruturação dos

compromissos intergestores, na explicitação das referências intermunicipais para

diferentes níveis de complexidade da rede estadual e na alocação de recursos financeiros

intermunicipais.

O segundo consistiu na redefinição das atribuições de cada participante, em uma

rede regionalizada, de acordo com os serviços disponíveis em seu território, sua

capacidade de oferta e com os compromissos firmados para atendimento das referências

intermunicipais. Esses pressupostos estão expressos na NOAS 01/02.

Partindo dessas premissas, buscou-se a organização da Média Complexidade de

forma a subsidiar o desenho de uma rede assistencial crescentemente resolutiva,

admitindo a incorporação tecnológica diferenciada e gradativa entre os serviços e os

diferentes municípios que compõem uma dada microrregião ou região nos estados. Para

tanto, os procedimentos da MC foram organizados em três grandes blocos ou elencos de

procedimentos, adotando-se três níveis de complexidade: nível I (EPM-1), nível II (EPM-

2) e nível III (EPM-3).

O primeiro bloco foi organizado tendo em vista os procedimentos do primeiro nível

de referência da MC (EPM-1), de abrangência municipal e/ou intermunicipal (módulo

assistencial ou microrregião), dependendo do porte populacional dos municípios e das

estratégias de regionalização adotadas em cada estado. Esses procedimentos foram

associados, principalmente, a um aumento da resolutividade e da qualidade das ações

estratégicas de atenção básica: controle de tuberculose; eliminação da hanseníase;

52

controle da hipertensão; controle da diabetes mellitus; ações de saúde bucal; ações de

saúde da criança; ações de saúde da mulher.

O segundo bloco foi organizado por um conjunto de procedimentos de média

complexidade, considerados de grande relevância e de menor complexidade e custo e

que, idealmente, devem ser comuns a todos os sistemas de abrangência microrregional

e/ou regional, compondo o segundo nível de referência intermunicipal da MC (EPM-2).

O terceiro bloco, composto pelos demais procedimentos de MC, são aqueles de

maior complexidade e custo, cuja oferta, em certos casos, só é possível em nível regional

e/ou estadual, constituindo, portanto, o terceiro nível de referência da MC (EPM-3). Os

agrupamentos originais da tabela, quando considerados coerentes com uma lógica

assistencial vinculada ao profissional e aos equipamentos necessários para realização dos

procedimentos foram mantidos.

Redefinidos o elenco de procedimentos da Média Complexidade Ambulatorial,

procedeu-se à definição das atribuições e do papel de cada município na rede

regionalizada. Essas proposições foram absorvidas na NOAS 01, mas contestadas no

período subseqüente, sendo redesenhadas em alguns dos seus aspectos na NOAS 01/02.

Para ser considerado município-pólo de referência para o primeiro nível de

complexidade, o município deveria demonstrar capacidade de oferta da totalidade das

ações e serviços de MC que compõem esse nível, com suficiência para a sua própria

população e para a população de outros municípios a ele adscrita. Nesse nível, só foram

admitidas referências em bloco do conjunto de procedimentos do EPM-1, para um único

município-pólo, visando assegurar a adscrição e vinculação de clientela.

Essa proposta de unicentrismo dos pólos de referência causou enormes

controvérsias entre municípios, estados e União, dificultando o processo de elaboração da

programação e permitindo a recuperação do caráter cartorial do processo, à medida que

criou distorções na programação, que somente a partir de análise mais acurada, foram

percebidas.

Outro aspecto importante foi o de que todos os municípios que comprovassem

capacidade de oferta suficiente para o conjunto de ações compreendidas no primeiro nível

de referência da MC deveriam ser habilitados em gestão plena do sistema (GPSM). Na

53

revisão da NOAS 01/01, essa definição foi modificada e passou a ser possível ao

município estar habilitado na condição de gestão de Atenção Básica Ampliada.

Com relação ao financiamento das ações e serviços do primeiro nível de

referência da Média Complexidade, foi previsto o aporte de um conjunto de recursos

federais per capita, repassados na modalidade ‘fundo a fundo’ para os municípios. De

acordo com as condições definidas pela NOAS 01/02, somente após a qualificação da

microrregião, o município sede do módulo assistencial ou pólo da microrregião, passaria

a receber, na modalidade de repasse “fundo a fundo”, o montante de recursos

correspondentes ao per capita nacional definido, multiplicado pela sua população adscrita

(população própria acrescida da população de referência de outros municípios).

As Secretarias Estaduais de Saúde foram alertadas sobre a necessidade de

organizar o processo de programação segundo as regras para qualificação das

microrregiões assistenciais constante no Plano de Regionalização, devendo:

⇒ adotar parâmetros assistenciais na programação dos recursos federais para custeio do

EPM-1 que, aplicados à população do seu estado, não excedesse o per capita nacional

definido pelo MS para custeio do EPM-1, uma vez que esses recursos, à medida em

que as microrregiões fossem qualificadas, passaram a ser transferidos diretamente aos

municípios sede habilitados em GPSM, independentemente da produção de serviços.

⇒ levantar a capacidade de oferta dos municípios em relação ao conjunto de ações e

serviços integrantes desse nível da atenção, utilizando como base os parâmetros

assistenciais definidos anteriormente;

⇒ definir inicialmente os municípios sede dos módulos assistenciais e pólos de

microregião.

Para ser considerado pólo no segundo e/ou terceiro nível de referência, o município

deveria comprovar capacidade de oferta de, no mínimo, um conjunto ou subgrupo de

procedimentos relacionados ao nível de referência, para a sua própria população e para a

população de outros municípios a ele adscrita.

No segundo e terceiro níveis de referência, foram admitidas referências

policêntricas, ou seja, para mais de um município-pólo em cada microrregião ou região

54

do estado, dependendo da disponibilidade da oferta, condições de acesso e acordos entre

gestores municipais.

Tanto os procedimentos que compõem o EPM-2, quanto aqueles referentes ao

EPM-3, foram agrupados organizando subgrupos de programação da MC, com os

seguintes objetivos: subsidiar o diagnóstico da oferta de ações e serviços nos estados com

vistas à identificação de municípios-pólo e à elaboração de estratégias de regionalização e

hierarquização da assistência conduzidas pelas Secretarias de Estado de Saúde; e facilitar

a definição de fluxos intermunicipais, subsidiando o processo de PPI nos estados e a

organização da assistência ambulatorial nesse nível de atenção .

É necessário frisar que a redefinição dos subgrupos de programação propostos

manteve coerência com os grupos da tabela SIA-SUS, podendo, à medida da necessidade,

serem reconvertidos, garantindo, assim, a continuidade da série histórica de produção de

procedimentos. Quanto à sua capacidade resolutiva, são similares no que concerne a

equipamentos, métodos, técnicas, complexidade, custos, qualificação e especialização dos

profissionais e finalidades de determinados grupos de ações diagnósticas e/ou

terapêuticas, constante na tabela do SIA-SUS.

A NOAS estabeleceu que a proposta de PPI para os EPM 2 e 3 utilizaram, como

ponto de partida para a programação e a pactuação das referências, um valor per capita

estadual, definido pela CIB.

Em relação às necessidades de encaminhamentos no processo de programação

deveriam ser elaborados e aplicados parâmetros médios de concentração dos sub-grupos

(ou procedimentos) pactuados e definidos em cada estado. A partir desses parâmetros, foi

estimada a parcela de ações e serviços a ser custeada com os recursos federais e aquela a

ser custeada com recursos próprios estaduais e municipais.

A programação e o referenciamento (por grupos, subgrupos ou procedimentos) dos

elencos de procedimentos (EPM-2 e EPM-3), deveriam ser estabelecidos no formato "em

cascata", ou seja, um fluxo contínuo partindo dos municípios de menor complexidade e

dirigido aos de maior complexidade.

A programação de referências deveria ser calculada considerando, no município-

pólo, as parcelas físicas e financeiras correspondentes ao atendimento da população dos

55

municípios de origem. Posteriormente, procedeu-se à pactuação de referências entre

gestores, com estabelecimento de fluxos de encaminhamento de pacientes para a

realização de procedimentos não disponíveis em seu município de residência. Esse pacto

consubstanciaria o ‘Termo de Compromisso de Garantia de Acesso’, assinado pelo gestor

do município-sede ou pólo e o gestor estadual

Proceder-se-ia, então, à transferência de recursos financeiros dos municípios carentes

de infra-estrutura para os municípios que dispunham dos equipamentos de saúde e tinham

se comprometido a receber os pacientes referenciados. Os limites financeiros dos

municípios-pólo deveriam refletir os compromissos assumidos para atendimento das

referências com explicitação dos recursos financeiros alocados para custeio das ações e

serviços de sua própria população em seu próprio território, separados da parcela que

correspondia ao atendimento da população referenciada por outros municípios.

A Programação da Assistência Ambulatorial de Alta

Complexidade

O Bloco de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo foi composto levando em

consideração critérios como alto custo individual de cada procedimento, o tempo de

tratamento e/ou restrição da oferta com pouca disponibilidade em algum estado, a baixa

cobertura populacional e a dificuldade de acesso.

Dessa maneira, compôs-se um bloco com características especiais, de grande

densidade tecnológica e/ou custo, que deveriam ser ofertadas em municípios-pólo de

regiões, ou pólos estaduais e, em determinadas regiões do país, devendo ter tratamento

diferenciado no processo de programação da sua oferta.

O momento inicial do processo de programação da assistência de alta complexidade

representou a oportunidade para a resolução de vários problemas - mensurando

necessidades, ofertas e demandas - e para a definição da situação futura mais próxima do

desejável, avaliando resultados e aprimorando práticas de promoção e prevenção.

O elenco de “Procedimentos ambulatoriais de alta complexidade” foi composto

pelos procedimentos destacados dos seguintes grupos: Patologia Clínica (Grupo 11);

Radiodiagnóstico (Grupo 13); Hemodinâmica (Grupo 26); Terapia Renal Substitutiva

56

(Grupo 27); Radioterapia (Grupo 28); Quimioterapia (Grupo 29); Transplantes (Grupo

30); Ressonância Magnética (Grupo 31); Medicina Nuclear (Grupo 32); Radiologia

Intervencionista (Grupo 33); Tomografia Computadorizada (Grupo 35).

A programação do bloco de procedimentos ambulatoriais de alta complexidade

deveria ser precedida por estudos da distribuição regional, estadual ou macrorregional dos

serviços e de delimitação orçamentária clara no teto estadual para o seu custeio, elaborada

em conjunto entre a SES e os municípios, e pactuada na CIB. As diferenças de

concentração de serviços entre as regiões deveriam ser consideradas buscando-se, de

forma racionalizadora, a desconcentração geográfica de sua oferta, com vistas à maior

eqüidade e facilidade de acesso.

O processo de programação e de definição das metas referenciadas foi

estabelecido sob uma lógica contrária à da “cascata”, utilizada na assistência de média

complexidade, isto é, as metas físicas de alta complexidade seriam definidas para cada

região do Estado e/ou macro-região, alocando os recursos no teto do município-pólo

regional, definindo, a posteriores, a sua área de abrangência.

Esse padrão de alocação justificava-se pela ineficiência alocativa do modelo "em

cascata" para garantir o funcionamento adequado de serviços de maior custo. A tendência

observada era a de que os municípios nem sempre transferem os recursos correspondentes

aos fluxos de referência de pacientes aos municípios-referência para assistência de alta

complexidade. Dessa forma, os municípios-pólo que recebiam as referências tendiam a

ficar sobrecarregados, sem a contrapartida financeira adequada.

Da mesma forma que para os outros níveis de complexidade, o processo de

programação da alta complexidade ambulatorial deveria ser objeto de revisão periódica,

incorporando as mudanças da capacidade instalada dos municípios, com a eventual

necessidade de ajustes nos fluxos de referências intermunicipais.

IV.4) A PPI e a questão dos parâmetros

O processo de construção de parâmetros assistenciais para os sistemas estaduais de

saúde pelas SES para a sua utilização na PPI resulta da incorporação de uma série de

subsídios e ferramentas, com lógicas e direcionalidades distintas. O produto final, qual

57

seja a definição de um parâmetro para um item qualquer da abertura programática

adotada, significa o fruto de um processo de elaboração técnica e de negociação entre os

gestores, e pela sua implicação sobre o funcionamento do sistema e seu desenvolvimento.

Portanto, os parâmetros incorporam, de maneira complexa, lógicas e

intencionalidades diversas, dependentes do percurso metodológico adotado, no qual

prevaleceram ou conviveram simultaneamente proposições obtidas a partir de:

Estimativas e aproximações às necessidades de saúde indicadas pelo estudos

epidemiológicos;

Padrões e normas técnicas oriundas das ações programáticas, cujas tecnologias

adotadas mostraram-se bastante estruturadas pela larga experiência histórica;

Utilização de recomendações de níveis de oferta tomados de sistemas de saúde de

outros países;

Orientações de controle da oferta de serviços para coibir situações de sobre-oferta ou

mesmo de supostas fraudes;

Expectativas de crescimento ou de estabilização de oferta de serviços baseadas em

análises das séries históricas e definidas por pressão de demanda ou por juízo

abalizado de expertos;

Limitações de financiamento, resultando no ajuste das proposições anteriores ao

orçamento disponível.

Um Pouco de História

Em cada configuração histórica do sistema de saúde, os parâmetros assistenciais

foram pensados, e cumpriram, uma função distinta. Na história mais recente, cujo marco

mais remoto foi a edição da Portaria MPAS n° 3046, de 20 de julho de 1982, a sua

concepção e utilização trilharam caminhos bastante diversos, chegando ao momento

presente com uma face também múltipla e complexa.

A Portaria MPAS n° 3046, que estabeleceu um rol de parâmetros assistenciais

para a programação das ações dos serviços assistenciais de saúde, surgiu no bojo de

estratégias racionalizadoras do CONASP e da diretriz da contenção de gastos por parte do

INAMPS, resultando na restrição da oferta de serviços de saúde para a clientela

58

previdenciária. Os parâmetros assumiam então o papel de um dispositivo de

uniformização e restrição da oferta e, principalmente, dos gastos com a estrutura do

INAMPS. Por se tratar, à época, de uma rede de serviços majoritariamente privados,

constituíram um instrumento de regulação da expansão contínua da oferta e da

acumulação privada no setor.

Os instrumentos das POI (Programação e Orçamentação Integrada) que foram

elaborados e aplicados no período das Ações Integradas de Saúde (AIS) incorporam

versões transformadas da matriz original da PT 3046, já nessa época bastante criticada

pelos técnicos envolvidos naqueles processos de programação.

A incorporação e a grande expansão de serviços públicos municipais durante os

anos de desenvolvimento das AIS não impediram a manutenção dos mesmos parâmetros

da PT 3046 para o dimensionamento da oferta.

Os SUDS não trouxeram mudanças muito profundas nesse quadro, pois não

elaboraram parâmetros próprios, deixando aos estados a utilização das normas da PT

3046 que, na ausência de alternativa, continuou sendo a única referência.

Com o SUS, inaugura-se uma situação mais complexa e fragmentada. Na ausência

de uma definição central da direção superior do MS e do INAMPS, os estados

elaboraram parâmetros diferenciados, segundo as necessidades das políticas estaduais,

sem uma padronização nacional.

Muitos estados, inclusive, abdicaram totalmente de qualquer esforço

“parametrizante”, visto as críticas à “programação paramétrica” emanadas de atores mais

convencidos do potencial transformador e organizador do planejamento estratégico.

Nessa fase crítica do “planejamento normativo”, os parâmetros caem em descrédito e são

execrados na arena setorial, como um viés obsoleto do período autoritário, próprio da

tecnocracia “inampsiana”.

É bem verdade que feitas as dinâmicas de análise situacional e o desenho das

estratégias de intervenção, lançava-se mão dos referenciais normativos para o

dimensionamento dos serviços.

Diante do baixo desenvolvimento do conhecimento em programação nesse

período, restava a consulta à criticada PT. 3046. A utilização das mecanismos normativos

59

até então disponíveis, contrapunha-se ao efervescente momento político marcado pela

rápida descentralização do sistema, com um verniz participativo, justificando a utilização

marginal e acessória daquelas propostas desenvolvidas em um passado ainda não tão

remoto. A incorporação de movimentos de negociação dos fluxos de referência e contra-

referência abrandaria a dureza e a inflexibilidade das mesmas, ocultando aquela

dificuldade conceitual localizada, assumindo a aplicação de parâmetros da PT. 3046

como uma única alternativa.

A partir da NOB 96, com a oficialização dos tetos orçamentários fixos para os

estados, rompendo com a cobertura ilimitada das faturas das AIH, em que os parâmetros

se convertem num mecanismo de alocação de recursos entre os municípios eficiente e

cuja definição é menos conflituosa. Esses passam a ser elaborados através da velha

fórmula da “conta de chegada”, ou seja, o limite orçamentário é definido, obrigando os

estados a distribuir os recursos com base em blocos de valores obtidos com a ajuda de

parâmetros, cuja totalização resultaria no teto orçamentário global do estado.

Uma proposta alternativa

Em 2001, a equipe do DDGA precisou construir um instrumento que permitisse a

indução e a formalização dos pactos intergestores. O resultado de um difícil processo de

discussão, foi a proposta de utilizar a série histórica da oferta de serviços e de referenciais

que indicassem uma diretriz de progressiva equalização da oferta entre as regiões e

estados. Isso poderia ser buscado estabelecendo as “bandas analíticas”, ou seja, intervalos

de variação “aceitável” da oferta de serviços em torno das médias nacionais por grupo de

procedimento, numa lógica similar à adotada na gestão macro-econômica.

Essa estratégia possibilitaria, em primeiro lugar, induzir a restrição das ofertas

excessivas e a sinalização de possível crescimento para as situações de demanda

reprimida. Em segundo, conferiria a necessária liberdade para os estados fixarem

parâmetros que refletissem prioridades regionais, ao mesmo tempo que permitiria compor

um perfil de oferta possível nos limites estabelecidos pelo teto estadual.

A metodologia para o definição da amplitude da banda se baseou na simulação do

impacto de diversas medidas de dispersão das concentrações de oferta de serviços, do

60

conjunto dos estados, selecionado-se inteiros ou frações de desvios (desvios padrões, por

exemplo), que não necessáriamente teriam que ser idênticas para todos os grupos.

As Bandas Analíticas

As “bandas analíticas” são faixas ou intervalos de concentração de serviços,

expressos em valores de procedimentos per capita, que incorporam a variabilidade das

ofertas de serviços per capita nos diversos estados.

Para cada item da abertura programática, o instrumento simula uma faixa de

variação das concentrações “per capita”, com limites superiores e inferiores,

determinados por margens de variabilidade definidas, tomadas em desvios padrões em

torno da média das concentrações per capita da oferta de serviços dos estados.

Representa, portanto, um instrumento analítico adequado à quantificação da

situação da oferta de serviços de um determinado estado em relação aos demais.

Possibilita, também, uma avaliação rápida das propostas de parâmetros geradas nos

estados, sofisticando minimamente estas análises.

A ferramenta permite, inclusive, a extensão de sua lógica em análises internas aos

estados, medindo a variabilidade das ofertas dos seus municípios e regiões, auxiliando as

definições de normas coerentes com os processos de regionalização em curso na maioria

dos sistemas estaduais e facilitando a implementação de diretrizes de equidade inter e

intra regionais.

As “bandas” foram obtidas a partir de cálculos elaborados sobre as séries

históricas da produção ambulatorial dos estados seguindo o seguinte percurso:

⇒ Reagrupamento dos procedimentos da tabela atual do SIA-SUS, numa lógica coerente

com o processo de regionalização (agregação de procedimentos por nível de

complexidade tecnológica e por profissional nuclear necessário à realização da

atividade);

⇒ Levantamento da produção ambulatorial dos estados (“freqüência apresentada”) na

abertura programática, resultante do reagrupamento dos procedimentos, tendo como

base o período de janeiro a junho de 2000;

61

⇒ Levantamento dos valores financeiros (“valor apresentado”) da produção ambulatorial

dos estados, na abertura programática, resultante do reagrupamento dos

procedimentos, tendo como base o período de janeiro a junho de 2000;

⇒ Os dados anteriores foram obtidos a partir da construção de um arquivo “cnv”

(caracteres separados por vírgula) contendo o novo reagrupamento de procedimentos

para a extração dos dados com o software Tabwin, do DATASUS;

⇒ Cálculo dos valores médios para cada subgrupo (divisão dos valores financeiros dos

subgrupos pela sua freqüência)

⇒ Cálculos das concentrações “per capita” para cada subgrupo para cada estado;

⇒ Agrupamento dos subgrupos obtidos pelo novo reagrupamento nos grupos atuais da

Tabela SIA-SUS;

⇒ Cálculo das concentrações “per capita” máximas e mínimas para cada subgrupo;

⇒ Cálculo das médias das concentrações “per capita” para cada subgrupo;

⇒ Cálculo dos desvios padrão para cada subgrupo (medida da variabilidade);

⇒ Cálculo dos limites inferiores e superiores das bandas a partir da multiplicação de um

determinado número de desvios padrão (a definir em campo próprio), subtraindo-se o

produto resultante das médias;

⇒ Cálculo do limite superior das bandas a partir da multiplicação de um determinado

número de desvios padrão (a definir em campo próprio), somando-se do produto

resultante às médias. O número de desvios padrão utilizados para o cálculo do limite

superior pode ser diferente daquele utilizado para cálculo do limite inferior

(permitindo análises e proposições mais realistas do ponto de vista de cobertura

orçamentária);

⇒ Ajustes no cálculo dos limites superiores e inferiores foram necessários para se evitar

valores negativos ou muito próximos de zero nas bandas inferiores (principalmente em

casos onde as médias apresentaram valores muito baixos) ou acima da concentração

máxima da série dos estados.

Essa proposta foi desenvolvida, testada e introduzida, no formato de um “simulador

de construção de parâmetros” no instrumento eletrônico SISPPI.

62

IV.5) A Programação da Assistência Hospitalar de Média e Alta

Complexidade

No âmbito do SUS, as condições apresentadas pela área hospitalar são mais

favoráveis ao processo de programação assistencial que a área ambulatorial. Isto é devido

à existência do sistema de informação de informação hospitalar (SIH/SUS), implantado

pelo INAMPS, a partir de 1º de julho de 1990, em âmbito nacional, tendo como base o

Sistema de Assistência Médico Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS), e como seu

instrumento a AIH (Autorização de Internação Hospitalar), em toda rede hospitalar

Própria, Federal, Estadual, Municipal, Filantrópica e Privada Lucrativa, regulamentada

pela RS INAMPS n.º 227 de 27 de julho de 1992.

A PT MS/SNAS n.º 16, de 8 de janeiro de 1991, implantou no SIH/SUS a tabela

única de Remuneração para Assistência à Saúde em nível hospitalar. O acervo de

informações e valores do SAMHPS passou a compor a base do SIH/SUS. O sistema de

informação hospitalar permite a identificação do usuário do SUS e, em conseqüência, a

localidade de onde é originado o paciente.

Essas condições contribuem para a definição dos fluxos de atendimentos dos

usuários, por município, região e estado permitindo inclusive uma definição mais

aproximada do que se apresentou como demanda/necessidade de assistência na área,

tendo como base, séries históricas de produção de anos anteriores. Em decorrência dessas

características a programação da assistência hospitalar assumiu um formato diferenciado

da área ambulatorial.

Como item fundamental da programação hospitalar, a definição do perfil de oferta

dos serviços hospitalares demanda um esforço analítico sobre as condições de saúde

existentes, a fixação de prioridades assistenciais e a avaliação e escolha das tecnologias

adequadas ao enfrentamento dos problemas de saúde eleitos como prioritários.

Embora as mudanças da oferta e da organização hospitalar necessárias à

implementação desse enfoque, defrontam-se com estruturas já estabelecidas que atendem

a interesses variados, o seu planejamento precisa ser envidado, constituindo-se em

importante instrumento de mudanças no modelo atual. A programação hospitalar se

63

fundamenta na necessidade da população, capacidade instalada , complexidade

tecnológica e limite financeiro.

Para a organização do processo de programação hospitalar, foram apresentadas por

parte do gestor federal em 1994, definições gerais como guia para estados e municípios

no desenvolvimento do processo de programação:

⇒ O quantitativo de AIH a ser utilizado pelo município deveria ser proporcional à sua

população, respeitado o perfil epidemiológico, a complexidade da rede e as

referências negociadas entre os municípios. O parâmetro de cobertura proposto foi

o de 8% da população total do município;

⇒ A Unidade Hospitalar não deveria constituir-se e/ou organizar-se como porta de

entrada do sistema, devendo SES e Secretarias Municipais de Saúde organizar os

fluxos do atendimento, e garantir seu acompanhamento por meio de centrais de

regulação compostas pelos módulos que se fizessem necessários como central de

internações ou de exames especializados – em estreita articulação com as equipes

de avaliação e controle, definidos os protocolos de indicação, instrumentos e

mecanismos de referência;

⇒ A partir do princípio da hierarquização da assistência, a atenção hospitalar com

seus diversos graus de complexidade, deveria se conformar em um segmento de

ponta. Para tanto, o sistema de referência deveria ter como característica principal,

o fluxo de clientela encaminhado dos níveis de menor complexidade para os

demais, exceto em casos especiais de emergência, partos e outros. Naturalmente,

dever-se-ia levar em conta alguns aspectos como: fluxos tendenciais de

deslocamento da população, dimensionamento da demanda a ser encaminhada,

possibilidade de mudança dessa situação por meio de investimentos imediatos ou

dentro de um cronograma, critérios de prioridade, adesão de entidades envolvidas

nesse sistema, dados epidemiológicos e outros recursos disponíveis;

⇒ O processo de gestão da assistência hospitalar deveria avançar na sua consolidação,

tendo como gestor único o município, em cumprimento ao princípio de comando

único sobre os prestadores, garantindo assim condições para que esse assumisse,

definitivamente, sua função de regulação do sistema de saúde em seu território. No

64

entanto, visando assegurar ao secretário municipal a gestão das unidades instaladas

em seu território e, ao mesmo tempo, assegurar ao gestor estadual um novo

patamar na forma de relacionamento entre entes públicos, o financiamento dos

serviços prestados ao SUS pelos hospitais estaduais, passaria ser feito por meio de

Contratos de Metas, que com a publicação da NOAS 01/01 passou a ser

denominado, “Termo de compromisso entre Entes Públicos”, no qual seriam

definidas metas assistenciais e recursos correspondentes para o seu alcance,

superando o pagamento por produção de serviços.

Para tanto, as Secretarias de Saúde dos municípios em GPSM definiriam

o papel de cada hospital no sistema microrregional, pactuando com a SES o Plano

Operativo de cada hospital que deveria conter as metas físicas e financeiras, discriminando

os serviços relativos à população do próprio município e à população residente em outros

municípios. O pagamento dos serviços seria realizado pela transferência mensal de um

duodécimo do orçamento anual, definido no Contrato de Metas, considerando o

acompanhamento e avaliação do cumprimento das metas anuais pactuadas. Esse

pagamento seria efetivado diretamente do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde e

deduzido do teto do município, de acordo com a procedência do usuário;

⇒ Existindo a necessidade de complementação da programação com serviços a serem

contratados ou conveniados, os hospitais filantrópicos sem fins lucrativos que se

dispusessem a integrar a rede do SUS seriam absorvidos de forma preferencial e,

na sua inexistência, ou capacidade insuficiente para responder a demanda, os

hospitais privados, de acordo com os preceitos da Lei Orgânica da Saúde;

⇒ Consultas nos ambulatórios dos hospitais sem fins lucrativos poderiam ser

programadas no caso de atendimento de urgência/emergência e de consultas

especializadas, quando não fosse recomendável a organização dessas ações fora

do hospital. Isso se aplicava, em especial, em municípios com menos de 20.000

habitantes que contavam com um hospital local que concentrava toda a oferta de

equipamentos e profissionais necessários, e sob as diretrizes norteadoras da

Programação Ambulatorial. Da mesma forma, poderiam e deveriam ser

65

programados Serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêutico para pacientes

externos, isto é, não internados e com autorização do gestor;

⇒ Considerando o pouco acúmulo de experiências em programação assistencial, por

parte da maioria dos estados e municípios brasileiros, a equipe da Coordenação de

Programação Assistencial do DDGA elaborou uma proposta de abertura

programática com um nível mínimo de desagregação, pactuada entre os gestores

estaduais e municipais.

Outro critério a ser considerado é o diferencial dos valores médios dos grupos de

procedimentos que constituíram a abertura programática proposta a saber:

⇒ Clinica Médica;

⇒ Clinica Pediátrica;

⇒ Clinica Obstétrica;

⇒ Clinica Cirúrgica;

⇒ Psiquiatria; e

⇒ Clinica de Alta Complexidade.

Esse procedimento justifica-se principalmente nos estados onde a

negociação de transferência de metas ou de referências tem sido marcada por conflitos

resultantes da utilização de valores médios municipais agregados, não respeitando as

diferenças de complexidade hospitalar entre os municípios-pólo. A programação de

procedimentos hospitalares de alta complexidade/custo só poderia ser feita em

municípios com unidades hospitalares previamente habilitadas nos Sistemas de Alta

Complexidade – SIPAC. Sua oferta deveria ser organizada em municípios pólos regionais

ou estaduais, fazendo parte de uma rede de referência e contra referência regional ou

estadual e, em alguns casos, macroregional, a ser definida em cada estado. O critério a ser

considerado era a economia de escala, tendo como base a disponibilidade de recursos

humanos especializados, materiais e institucionais dos municípios de uma mesma região

para que fosse garantido:

⇒ atenção resolutiva a custos compatíveis;

⇒ capacidade de articulação funcional intermunicipal e entre municípios e estado;

66

⇒ nível de oferta de recursos públicos que justifiquem e garantam continuidade de

investimentos nos serviços;

⇒ considerar os deslocamentos já verificados da população na busca de serviços;

⇒ acessibilidade geográfica considerando as vias de acesso, a contiguidade territorial

e

a distância e barreiras geográficas dentro dessas regiões.

A metodologia proposta apresentava um conjunto de procedimentos a ser

executado pelos gestores estadual e municipal. Assim, propôs-se que a SES e os gestores

municipais deveriam desenvolver estudos da distribuição espacial da oferta de serviços e

da produção para cada região do estado, analisando os diferenciais existentes, tendo em

vista os grupos propostos pela abertura programática. Essas atividades pressupunham a

existência de um Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde atualizado, de

cadastros hospitalares para a identificação da capacidade instalada e a análise da

capacidade potencial de cada estabelecimento.

A partir dessa análise e considerando informações existentes quanto a pressões de

demanda, proceder-se-ia à definição de parâmetros de cobertura (percentagem da

população geral a ser internada no ano) para cada grupo de especialidade. Esses

parâmetros deveriam ser aplicados às populações dos municípios e as metas resultantes

alocadas no próprio município ou referenciadas para municípios-pólo microrregionais,

regionais ou macrorregionais, pactuados entre os municípios. Os procedimentos das

clínicas básicas seriam preferencialmente alocados de forma a mais desconcentrada

possível, com vistas a facilitar o amplo acesso de todos os habitantes da região a esses

serviços.

As definições da política estadual de saúde deveriam refletir os quantitativos de

cobertura para cada especialidade, redundando em propostas de estabilização, redução ou

elevação dos níveis de oferta de determinados serviços. Assim, a cobertura de internações

psiquiátricas por exemplo, poderia ser reduzida em coerência com as diretrizes de

desospitalização da assistência à saúde mental, realocando-se os recursos obtidos em

67

outras especialidades hospitalares ou mesmo, em unidades ambulatoriais especializadas

nesse tipo de atenção.

De forma oposta, recursos destinados à cobertura de internações em clínica

médica e pediatria, que tendem a apresentar redução de demanda como resultado das

estratégias de reorganização da Atenção Básica, poderiam suprir estrangulamentos no

financiamento de cirurgias eletivas, UTI neonatais e outros serviços com demanda

reprimida identificada.

O contínuo acompanhamento do desempenho das unidades hospitalares deveria

ser realizado em estreita articulação com as áreas de Controle e Avaliação por meio do

monitoramento da execução das metas pactuadas.

A conversão de recursos destinados à assistência hospitalar para a atenção

ambulatorial poderia ser realizada, na medida em que a reorganização da atenção básica

produzisse resultados, em especial com a estratégia de implantação das equipes de Saúde

da Família e dos Agentes Comunitários de Saúde ou similares, essas sim, a verdadeira

porta de entrada do sistema assistencial e que tem demonstrado eficácia na redução da

demanda por internações nos sistemas municipais onde foram implantados adequadamente

e em escala suficiente.

A organização da PPI de estados e municípios

A equipe da Coordenação da Programação Assistencial acompanhou o processo

de PPI em todos os estados e municípios da federação e para homogeneizar o processo,

dada a diversidade de situações existentes nas macroregiões do país, em termos de

capacidade institucional e de acúmulo de experiências em planejamento e programação

assistencial , elaborou uma proposta de organização das atividades relativas a elaboração

da PPI.

A remissão a essa proposta tem o único sentido de sistematizar uma visão de

conjunto desse processo extremamente complexo, que foi e continua sendo a elaboração

da PPI,desenvolvido pelas esferas de gestão do SUS

68

Como componente fundamental do processo mais geral de planejamento do

sistema, a PPI deveria guardar estreita coerência com os seus instrumentos de

planejamento como:

⇒ a discussão e elaboração do Plano Estadual e Municipal de Saúde;

⇒ a definição das Agendas de Saúde Nacional, Estadual e Municipal;

⇒ a definição das prioridades loco-regionais e a definição do Quadro de Metas

Municipal e Estadual que orientaria todas as decisões relacionadas à assistência a

saúde e, em decorrência, as definições da PPI;

⇒ a elaboração do Plano Diretor de Regionalização – PDR, que conformaria as

redes funcionais regionalizadas de assistência a saúde.

A montagem do processo de programação seguiria um determinado roteiro que

abrangeria a discussão e as deliberações gerais para o estado, a elaboração da PPI

municipal/intermunicipal e, posteriormente, a consolidação das PPI no nível do estado,

sua discussão e deliberação na CIB, a aprovação no Conselho Estadual de Saúde (CES) e

o envio ao gestor federal para discussão e aprovação na CIT.

Assim, o roteiro cumpriria três etapas distintas, mas concomitantes e

interdependentes, envolvendo a CIB, o CES, a SES e as SMS, definindo as atribuições de

cada esfera de gestão, e dos fóruns intergestores e de controle social no decorrer do

processo. O roteiro estabelecido em consenso na CIT, está apresentado no anexo I.

IV.6) O instrumento eletrônico da Programação Pactuada e

integrada - SISPPI

Era uma vez ...

69

A equipe da Coordenação de Programação Assistencial, a partir de discussões

acerca do estudo sobre o processo de implantação do SUS nos estados e das condições

institucionais existentes no âmbito das equipes das Secretarias Estaduais de Saúde,

elaborado pelo DDGA, decidiu pelo desenvolvimento de um instrumento eletrônico da

PPI.

A situação existente na maioria dos estados, dada a sua precariedade, de certa forma

inviabilizava a implantação da PPI, em todo o território nacional. A necessidade de

acessar bancos de dados do SIA/SIH-SUS atualizados para a realização de estudos sobre

séries históricas de produção; a necessidade de realizar estudos sobre os parâmetros de

cobertura adequados a realidade regional e local, a serem elaborados e utilizados na

programação; os cálculos dos impactos financeiros, a partir da aplicação dos parâmetros

de cobertura; todo esse trabalho exigia a existência de uma equipe de técnicos com

experiência em programação, que não existia na maioria dos estados. Daí a decisão de

desenvolver um instrumento eletrônico que contribuísse para que a PPI fosse implantada

em todos os estados e municípios do país, introduzindo um tipo de linguagem que

comum às programações de estados e municípios permitindo análises, avaliações e

comparações entre as PPI. O próprio raciocínio lógico do instrumento eletrônico, em

todas as fases do processo de programação, facilitaria sua absorção pelas equipes dos

estados e municípios, hipótese comprovada no decorrer das atividades de capacitação

técnica realizadas durante o processo de implantação da PPI.

A equipe da Coordenação de Programação do DDGA era composta por técnicos de

formação acadêmica e experiência técnica em serviço muito diversificada e as condições

oferecidas pela Secretaria de Assistência à Saúde (SAS/MS) não eram adequadas a

consecução da tarefa de construção do instrumento eletrônico. Assim, optou-se por uma

metodologia participativa de desenvolvimento de software. Foram realizados encontros

macro-regionais com as equipes de planejamento das SES, foi apresentado para os

representantes da câmara técnica de planejamento do CONASS e CONASEM a proposta

de desenvolvimento do software e o próprio processo de construção exigiu a participação

dos técnicos dos estados, a medida que a PPI era implantada, concomitante ao

desenvolvimento das várias versões do instrumento eletrônico. Dessa forma foi

70

desencadeado um processo profícuo de discussão nacional, mas ao mesmo tempo,

angustiante, devido ao teor e à e quantidade de críticas apresentadas a equipe do DDGA

pelos técnicos dos estados que estavam implantando o software, embora, na maioria das

vezes, fosse de grande valia. Pode-se afirmar que o instrumento eletrônico batizado pelo

nome de SISPPI (mais um SIS do MS”, diziam as vozes discordantes) foi desenvolvido

por diversas mãos, com a participação intensa de toda a área de programação do SUS

nacional.

O instrumento eletrônico SISPPI

O software SISPPI foi concebido como um instrumento de apoio ao processo de

reorganização da assistência preconizado pela NOAS-SUS 01/01 (Portaria MS/GM nº 95,

de 26 de janeiro de 2001). Assim incorpora a lógica de construção estabelecida, tendo em

vista a Agenda Nacional de Saúde, sua tradução para as situações específicas dos estados

e municípios, o Pacto da Atenção Básica, a proposta de Regionalização e as propostas de

alocação dos recursos para a assistência definida em cada estado. Para cada um desses

macro processos foi desenvolvido um módulo sistêmico permitindo o trânsito de

informação entre eles. A esse conjunto de macro processos foi incorporado um simulador

de parâmetros que possibilita aos gestores estaduais definirem para o seu território o rol

de parâmetros assistenciais para a Programação Pactuada e Integrada, e um módulo

específico para a programação, envolvendo as áreas de Atenção Básica, a Média e Alta

complexidade ambulatorial e hospitalar e seus componentes, a composição dos tetos

municipais e a consolidação de todo o processo na forma de relatórios de saída.

O software traduz as macrodefinições estabelecidas em conjunto com os gestores

municipais tendo o gestor estadual como coordenador de todo o processo. Assim, os

módulos denominados Agenda de Saúde, Pacto da Atenção Básica, a Regionalização, a

Macroalocação dos Recursos da Assistência e o Simulador de Parâmetros são de

utilização restrita cujo preenchimento é de responsabilidade do gestor estadual.

Os módulos de Programação, Composição dos tetos e alguns componentes do

módulo Consolidação são de utilização restrita cujo preenchimento é de responsabilidade

dos gestores municipais.

71

Todas as definições resultaram de discussões e decisões pactuadas entre os gestores

estaduais e municipais, nos fóruns intergestores específicos. Era facultado aos gestores

estaduais e municipais a utilização, ou não, do instrumento eletrônico, sendo

disponibilizado ao publico o código fonte do software, possibilitando a quem interessasse

realizar as adequações que se fizessem necessárias.

O instrumento eletrônico continha entre outros, os produtos/relatórios previstos na

Portaria GM nº 483, de 6 de abril de 2001, que regulamentou o processo da PPI.

Dada a complexidade da linguagem da informática optou-se aqui por uma

descrição sucinta do Instrumento eletrônico, com o objetivo do registro do processo.

O SISPPI foi elaborado utilizando a ferramenta de desenvolvimento Visual Basic,

geradora de relatórios Crystal Report e que utiliza o banco de dados Acess. Foi

desenvolvido em estrutura modular em duas versões: a versão estadual e a versão

municipal.

O SISPPI estadual era composto pelos seguintes módulos com suas respectivas

funções:

Agenda de saúde – com a função de permitir que estados e municípios, a partir

dos eixos, objetivos e indicadores apresentados na Agenda Nacional, construíssem sua

Agenda Estadual e Municipal, definindo assim, as prioridades a serem consideradas em

todo o processo de programação.

O módulo do Pacto da Atenção Básica permitia o registro dos indicadores e metas

da Atenção Básica, objeto de pactuação com o Ministério da Saúde tanto do estado como

dos municípios.

O módulo de Regionalização possibilitava o registro do Plano Diretor de

Regionalização em todos os seus âmbitos: regiões, microregiões, módulos assistenciais e

municípios classificados de acordo com sua condição de gestão. Essas informações,

posteriormente, seriam utilizadas na programação municipal do processo de definição dos

fluxos de referência e contra referência das redes funcionais regionalizadas.

O módulo de macroaloção permitia a alocação dos recursos da média e alta

complexidade ambulatorial e hospitalar de forma que os limites financeiros estivessem

compatíveis com os recursos disponíveis para os estados. A partir desses valores

72

macroalocados eram definidos os parâmetros de cobertura por área assistencial e a

distribuição pelo conjunto de municípios, tendo em vista os dados populacionais, as

capacidades técnicas e tecnológicas alocadas em cada território, e a série histórica de

produção do ano anterior. Como na discussão da composição dos recursos financeiros

para a programação assistencial o CONASS não concordou com a proposta de ‘aberturas’

orçamentárias foi pactuada a inclusão nesse módulo de um campo para que os estados e

municípios registrassem a informação sobre os recursos a serem alocados na área

assistencial. O roteiro de questões a serem respondidas por estados e municípios está

apresentado no Anexo II.

O módulo Simulador de Parâmetros permitia o cálculo dos parâmetros estaduais e

a simulação do seu impacto financeiro, compatibilizando-os com os limites financeiros

disponíveis para os estados. Esse cálculo era elaborado a partir das informações

apresentadas nas bandas analíticas, nas quais era possível analisar cada grupo ou

subgrupo de procedimentos entre si e situá-los em relação à situação dos estados

brasileiros e da média nacional e pela série histórica de produção do ano anterior.

O SISPPI municipal era composto pelos seguintes módulos:

Programação da Atenção Básica, cujo objetivo era registrar a programação das

metas físicas das áreas de atividades componentes da assistência básica, isto é, Saúde da

Criança, Saúde da Mulher, Saúde do Adolescente, Saúde do Adulto, Saúde do Idoso,

Saúde Mental, Saúde Bucal, Imunização, Tuberculose, Hanseníase, DST, e Demanda

espontânea. Para o desenvolvimento da programação de todas as áreas de atividades eram

utilizadas as funções “Entrada de Parâmetros” e “Consolidado do Município” e para as

áreas Saúde da Mulher e Saúde do Adulto era também utilizada a função “Demandas de

Exames M1”.

Para todas as áreas, excetuando-se Imunização, o gestor municipal poderia definir

o percentual de cobertura da população de acordo com seu planejamento local. No caso

da área de Imunização, o cálculo era sempre realizado considerando a cobertura de 100%

da população alvo. Os campos relativos aos outros dados relevantes podiam ser

modificados de acordo com a realidade local. Entretanto, estavam incluídos dados

73

sugestivos de médias nacionais ou outras recomendações a partir de bibliografia

específica.

Os campos que compunham os quadros de cada área de atividade apresentavam

parâmetros de concentrações para cada atividade (por exemplo: consultas médicas, visitas

domiciliar etc.) e eram preenchidos automaticamente, após a entrada dos dados relativos a

população e outros relevantes. Entretanto, caso o município quisesse alterar as

concentrações, essa modificação poderia ser feita para cada uma das atividades listadas

no quadro Parâmetro Municipal. Caso o município utilizasse o parâmetro sugerido, o

próprio programa calculava o total das atividades.

O quadro Demandas de Exames apresentava, para cada área de atividade, o

resultado do cálculo do conjunto de exames de apoio diagnóstico a ser programado pela

área de média complexidade ambulatorial, como suporte de resolutividade à atenção

básica. O quadro Totalização apresentava o resumo da programação das áreas de

atividades, podendo se verificar o número de consultas básica previstas pela programação

e sua concentração para o município, o que deveria estar coerente com a meta do Pacto da

Atenção Básica. Esse conjunto de atividades era desagregado pelas equipes do PSF

existentes, o que facilitava para o gestor municipal distribuir essas atividades pelo

conjunto existente de unidades de atenção básica no território municipal.

O módulo de programação da média complexidade ambulatorial objetivava o

registro da programação das metas físicas e financeiras dos subgrupos definidos pela

NOAS 01/02, média complexidade I – MC1, média complexidade II – MC2 e média

complexidade III – MC3, elaborados baseados nos parâmetros de cobertura, definidos

pela CIB.

Esse módulo permitia também a programação das metas a serem referenciadas

para outros municípios, registrando o destino e o total das metas físicas e financeiras

encaminhadas.

De acordo com o nível de complexidade, as possibilidades de referência eram

diferenciadas. Na média Complexidade I – MCI as referências eram feitas “em bloco”,

isto é, a totalidade dos procedimentos que compõem o Elenco de Procedimentos do

Primeiro Nível de Referência – EPM1 deveria ser referenciada para o município sede do

74

módulo ou pólo da microrregião; na Média Complexidade II e III as referências poderiam

ser feitas para quaisquer outros municípios que possuíssem capacidade instalada e se

comprometessem a atender os fluxos de referência, constituindo assim a base para os

“Pactos intergestores de garantia de atendimento” a ser firmado entre as partes.

O módulo de Alta Complexidade ambulatorial permitia a programação dos

procedimentos de alta complexidade por municípios, agregados por grupos. Com base

nos parâmetros médios definidos pelo estado, e com base no conjunto de dados definido

por meio de um dispositivo simulador de “Produção de Alta Complexidade” incluído no

software, o município realizava a programação para cada grupo de alta complexidade,

tendo em vista os recursos financeiros definidos e que seriam alocados no teto financeiro

do município pólo de referência, e a população da sua área de abrangência definida em

conjunto com o gestor estadual.

O módulo de Programação Hospitalar permitia ao gestor municipal a programação

das AIH a partir dos grupos de clinicas em que foram divididas, além da definição das

referências de média e alta complexidade. Uma cota inicial de AIH foi atribuída a todos

os municípios, mesmo aqueles que não dispunham de unidade hospitalar, correspondente

às internações que a população residente no município tinha direito, ou seja, o número

necessário de AIH para atendimento da população residente. Definiu-se como parâmetro,

uma cobertura de 8% da população, considerando todas as clínicas de qualquer

complexidade, sem considerar qualquer referência A memória da produção de internações

hospitalares por município, foi um dispositivo incluído no SISPPI com o objetivo de

subsidiar os municípios na avaliação da assistência hospitalar e do fluxo utilizado pela

população, em relação aos recursos existentes no território municipal, ou em relação aos

recursos alocados em municípios integrantes da rede regionalizada. É necessário

esclarecer, que não se propunha a manutenção da situação existente. Dessa forma tanto os

gestores municipais como o gestor estadual, deveriam avaliar criticamente as condições

de acesso e funcionalidade do fluxo existente dos usuários e a racionalidade do sistema e

propor as alterações necessárias, tendo como perspectiva a qualificação da assistência.

Quando o município não possuía hospital ou mesmo não tinha em seu território

capacidade suficiente para atendimento em todos os níveis de complexidade, o gestor

75

municipal se possível ou se julgasse necessário, deveria definir o quantitativo por

especialidade, de AIH que deveriam ser programadas para atendimento de seus

munícipes, em outro município. Essa memória das referências seria posteriormente objeto

do “Termo de garantia de atendimento” firmado entre os municípios e o gestor estadual.

O módulo de Composição do Teto permitia ao gestor municipal a visualização

dos dados relativos a programação da assistência ambulatorial e hospitalar realizada. O

quadro apresentava os valores financeiros programados para a Média Complexidade

desagregada por nível de complexidade 1, 2 e 3, para a Alta Complexidade desagregada

por seus grupos de procedimentos e para Internação Hospitalar desagregada por seus

grupos de programação, além do valor global do teto programado permitindo a análise

permanente do processo de programação e sua compatibilidade com os recursos

existentes e as prioridades definidas. O SISPPI, dessa forma, permitia compatibilizar

todas as diretrizes definidas pelos instrumentos de planejamento, as proposições de

alocação de recursos e os parâmetros de cobertura para elaborar a programação

assistencial.

Como mencionado, o software era de utilização facultativa e dada as

possibilidades e facilidades que ele criava, a grande maioria dos estados passaram a

utilizá-lo, estabelecendo-se as condições necessárias para as análises e comparações entre

as programações estaduais e municipais. O SISPPI passou a ser um instrumento que

contribuiu decisivamente para o desenvolvimento dos processos de planejamento nos

municípios brasileiros. Atualmente somente 2 estados da federação, não utilizam o

SISPPI como instrumento de programação.

76

(V) O Controle Social e a Programação Pactuada e Integrada

(PPI/NOAS 01/02)

A proposta que norteia este capítulo ancora-se na compreensão de que o CNS é um

órgão público cujas atribuições (e, por conseguinte, o propósito de sua existência)

vinculam-se à intervenção deliberativa em todas as etapas do ciclo de políticas de saúde

(da formulação à avaliação/fiscalização, passando pela implementação e pela execução)

que constroem, organizam e sistematizam o SUS.

A riqueza maior destas intervenções reside na participação dos usuários do SUS,

que contam com metade dos Conselheiros que formam o CNS. Entretanto, há

divergências, mesmo entre Conselheiros, sobre a forma como esta participação deve ser

efetivada, o que se reflete diretamente nos temas que devem ser discutidos e deliberados:

enquanto alguns acham que o debate eminentemente técnico deve ser enfatizado em

outros fóruns (notadamente as Comissões Intergestoras, compostas por representantes dos

gestores), outros são de opinião que o Conselheiro de Saúde tem que ser capacitado para

debater todos os temas.

Nesta dissertação, como já exposto e como tornará a ser explicitado no capítulo VI,

defende-se que o Conselho não pode deixar de debater nenhum assunto que diga respeito

às suas atribuições legais, por mais “técnicos” que sejam.

Para qualificar esse debate e fazer jus aos interesses sociais que representam, os

Conselheiros precisam, por um lado, passar por um processo constante de formação e

capacitação continuada e, por outro, contar com recursos para a contratação de

profissionais que, por meio de pesquisas, estudos e consultorias específicas, subsidiem e

apóiem a análise dos temas mais complexos. Além disso, devem ter como tarefa a

construção de instrumentos e estratégias que permitam que o conhecimento construído

em tal processo não se personalize, transmitindo-o e multiplicando-o para as entidades

que representam e para as gestões que, no futuro, assumam o Conselho.

Contudo, cabe também aos gestores, aos prestadores de serviço e aos profissionais

de saúde, reformularem a linguagem tecnicista que muitas vezes utilizam e que, no

entender de autores como Correia (2000), funciona como instrumento político de

77

manutenção de hegemonia, aproximando-a da linguagem praticada pelos Conselheiros

que representam os segmentos dos usuários do SUS.

Arouca (1988), na VIII Conferência Nacional de Saúde, já chamava atenção para

isso, enfatizando o papel dos profissionais de saúde:

“romper o muro e o fosso do setor saúde, abrir canais de comunicação com a sociedade brasileira, aprendendo a falar com ela... e mudar nosso ouvido para que, quando uma associação de bairro ou sindicato falar, a gente entenda”.

Dos múltiplos rumos que a interação dos segmentos representados toma, depende a

efetividade do controle social praticado no Conselho Nacional de Saúde. Quanto menos

compartilhado e compreendido for um assunto, menos ele poderá ser criticamente

analisado pelo conjunto dos Conselheiros. Se esta relação for motivada pelo interesse do

segmento que o traz para o debate do Conselho, em especial o dos gestores, o controle

social perde ainda mais sua força, correndo o risco de se anular e/ou transformar-se num

aceite que varia do tácito ao imposto, mas que dificilmente pode ser compreendido como

cidadão.

É sob esse ponto de vista que se pretende analisar a atuação do CNS em relação à

sua prerrogativa de debater a PPI/NOAS 01/02.

O Conselho Nacional de Saúde

A Constituição federal de 1988 consagrou o ‘princípio da participação’ da

sociedade civil organizada na construção e na gestão das políticas públicas, notadamente

nas políticas sociais. Em seu artigo 198, que trata da ações e serviços de saúde, a

participação da comunidade está expressa como diretriz fundamental.

A regulamentação desse princípio, feita por meio de normas infraconstitucionais,

tem privilegiado a criação e/ou adequação de estruturas já existentes, os chamados

Conselhos de Gestão, em cada área específica das políticas sociais.

Decorridos mais de 15 anos da promulgação da Constituição, o tema da

participação ainda é bastante controverso, tal como a efetividade da atuação dos

conselhos na construção e gestão das políticas sociais. Neste contexto, o Conselho

78

Nacional de Saúde (CNS) é considerado uma referência positiva, exercendo papel

decisivo nos momentos cruciais do processo de organização do SUS.

O CNS teve sua origem na década de 1930, quando da promulgação da Lei nº 378

de 13/01/1937, no primeiro governo de Getúlio Vargas, que introduziu reformulações no

Ministério da Educação e Saúde Pública. Apesar disso, foi regulamentado somente 18

anos após sua criação, pelo Decreto nº 34.347, de 08/04/1954, já no segundo governo

Vargas, que estabeleceu como finalidade “...assistir o ministro de saúde na determinação

das bases gerais dos programas de proteção a saúde”.

Desde então, o CNS tem passado por profundas modificações em sua composição,

atribuições e formas institucionais: inicialmente, era composto por representantes de

órgãos da administração federal, representantes de instituições médicas e técnicos de

renome nacional da área de saúde, não havendo espaço para a participação da sociedade

civil; atualmente, possui uma formação paritária, na qual os representantes dos usuários

correspondem a 50% dos Conselheiros, enquanto a outra metade é formada por

representantes do poder público, dos trabalhadores da saúde e dos prestadores de serviço.

Transformou-se de órgão consultivo a órgão com atribuições deliberativas e

estrutura burocrática estável. Com as mudanças de seu papel e de suas atribuições e com

a criação dos conselhos estaduais e municipais de saúde, constituiu e consolidou sua

estrutura burocrática, reforçando-a por meio da criação de comissões temáticas.

Consolida-se, hoje, como estrutura fundamental no processo de deliberação e

implementação das políticas sociais em saúde.

Este processo tem como mais recente e importante ponto de inflexão as leis que

criam e organizam o SUS (8.080 e 8.142, ambas de 1990), que compreendem a

participação da comunidade como diretriz do SUS, reafirmando o estabelecido pela

Constituição em seu artigo 198, definindo duas instâncias colegiadas como fóruns

privilegiados para a participação social: “O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, é órgão colegiado

composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e

usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde

na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões

serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera de governo...

79

A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos

Vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as

diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes,

convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo

Conselho de Saúde.”

Normatizado, o conceito de controle social modifica-se. Aos poucos, perde espaço

a visão expressa no Relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde (1987),

influenciada pelas correntes do marxismo clássico, do Estado como comitê decisório da

classe dominante, que tem que ser fiscalizado externamente pelos cidadãos.

Em contrapartida, cresce o prestígio de uma idéia-força mais adaptada aos

processos políticos da social-democracia européia dos anos 70 e 80, que compreende o

Estado como não-monolítico, atravessado pelos conflitos e embates entre os diferentes

segmentos sociais, e por isso permeável, com áreas próprias à representação e à

negociação.

Sob essa perspectiva, o CNS aprovou a Resolução nº 291, de 06/05 de 1999, que

oficializou seu Regimento Interno, no qual são apresentadas suas atribuições,

prerrogativas e áreas de atuação. Como estas são numerosas, de grande abrangência e, de

maneira geral, abordam o ciclo formulação-implementação-fiscalização-avaliação das

políticas de saúde, sempre com ênfase no caráter deliberativo das ações do Conselho,

destacam-se, para efeito desta dissertação, aquelas que tornam clara a necessidade de o

CNS debater e deliberar sobre a PPI:

“...Atuar na formulação e no controle da execução da Política Nacional de Saúde,

inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros, e nas estratégias para sua

aplicação aos setores públicos e privados; ... Deliberar sobre os modelos de atenção à

saúde da população e de gestão do Sistema Único de Saúde; Estabelecer diretrizes a

serem observadas na elaboração de planos de saúde do Sistema Único de Saúde, no

âmbito nacional, em função dos princípios que o regem e de acordo com as

características epidemiológicas e das organizações dos serviços em cada jurisdição

administrativa (Lei nº 8.080/90); ...Aprovar a proposta setorial da saúde, no Orçamento

Geral da União e participar da consolidação do Orçamento da Seguridade Social,

80

integradas após análise anual dos planos de metas, compatibilizando-o com os planos de

metas previamente aprovados; ...deliberar sobre propostas de normas básicas nacionais

para operacionalização do Sistema Único de Saúde; ...Definir diretrizes e fiscalizar a

movimentação e aplicação dos recursos financeiros do Sistema Único de Saúde, no

âmbito federal; ...Aprovar critérios e valores para remuneração de serviços e os

parâmetros de cobertura assistencial conforme art. 26 da Lei 8.080/90...”;

Tendo como norte essas orientações, as diferentes gestões foram consolidando, num

processo repleto de idas e vindas, embates e contradições, o papel do CNS na construção

do SUS. No período de 2000 a 2003, durante o qual foi discutida, aprovada e implantada

a proposta da NOAS 01/02 e a proposta de Programação Pactuada e Integrada, o

Conselho Nacional de Saúde, presidido pelo Ministro da Saúde, contava com a seguinte

composição:

Representação/Composição do CNS (2000 –2003)

1 representante do Ministério da Educação e Desporto;1 representante do Ministério da Previdência e Assistência Social;1 representante do Ministério da Saúde;1 representante do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária;1 representante do Ministério do Planejamento e Orçamento;1 representante do Ministério do Trabalho;1 representante da Confederação Nacional da Indústria - CNI1 representante da Confederação Nacional das Associações de Moradores - CONAM1 representante da Confederação Nacional do Comércio – CNC1 representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG1 representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB1 representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS1 representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS1 representante da Confederação Nacional da Agricultura - CNA1 representante da Confederação Brasileira de Aposentados - COBAP1 representante da Central Única dos Trabalhadores - CUT1 representante da Força Sindical1 representante escolhido dentre as seguintes entidades: Conselho Federal de Medicina

(CFM), Associação Médica Brasileira (ABM), Federação Nacional dos Médicos (FENAM);2 representantes escolhidos dentre as seguintes entidades: Confederação Nacional de

Estabelecimentos e Serviços de Saúde, Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Confederação das Misericórdias do Brasil, Unimed do Brasil, Federação Nacional das Seguradoras;

2 representantes das Entidades Nacionais de representação dos Prestadores de Serviços de Saúde

3 representantes da comunidade científica e da sociedade civil;

6 representantes das entidades constituídas para portadores de patologias e deficiências.

Fonte: home page do CNS - http://conselho.saude.gov.br/index.htm

81

Com esta composição, o CNS convocou e fez realizar, em dezembro de 2000, a XI

Conferência Nacional de Saúde, cujo tema foi “Efetivando o SUS: acesso, qualidade e

humanização com controle social”.

Contando com ampla participação da sociedade civil organizada e dos representantes dos

Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde, a “XI Conferência em seu relatório final

afirma que

“houve avanço significativo no controle social do SUS nos últimos anos, como

fruto de intensas mobilizações e lutas, o que contribuiu para a melhoria do

acesso, da qualidade e da humanização na atenção à saúde. Os Conselhos

Municipais de Saúde são os mecanismos de controle social que mais avançaram

na aproximação com as necessidades e demandas dos cidadãos.

A adequada participação dos conselhos na gestão do SUS, contudo, ainda sofre

impedimentos diversos, entre os quais são citados: a) falta de controle sobre

Central de Marcação; b) pouco acesso aos dados do DATASUS para orientar as

prioridades e o planejamento; c) carência de informação sobre o próprio SUS,

que distancia os usuários do sistema da participação efetiva nos conselhos de

saúde. Relatório Final, capítulo: Controle Social

O relatório apresenta aspectos importantes que reforçam e esclarecem o papel e as

atribuições dos Conselhos de Saúde nas suas esferas específicas. Para efeito desse

trabalho foram levantadas aquelas relacionadas especificamente com a gestão do SUS.

Visando construir uma agenda para a efetivação do SUS, o plenário da Conferência

reafirmou e assumiu como decisivo, o fortalecimento do exercício da cidadania por

intermédio do controle social que, na área de saúde, deveria ser exercido pelas

Conferências e Conselhos de Saúde (federal, estaduais e municipais), com exigência de

respeito às atribuições constitucionais de cada um e às deliberações emitidas.

Em sua análise do SUS como política social, os delegados da Conferência

assumiram postura crítica em relação ao que consideravam um viés economicista e

neoliberal da gestão governamental então em curso, que transformava a saúde e a vida

das pessoas em mercadorias.

82

Para eles, o governo de então7, desprezando as recomendações das Conferências

anteriores, teria sido fiel cumpridor das orientações do Banco Mundial, não priorizando

as políticas sociais e permitindo o agravamento das desigualdades existentes. Os

delegados da XI Conferência Nacional de Saúde criticaram também a reforma do Estado

brasileiro, que privilegiou a transferência dos serviços públicos potencialmente lucrativos

ao setor privado, concentrando nas mãos do governo os programas de baixo custo para as

camadas mais pobres da população.

O Relatório Final afirma que entre outros mecanismos de privilégio de interesses

corporativos, essa política manteve ainda uma matriz tributária que sobrecarregava a

população mais pobre e garantia estímulos ao capital, em detrimento de uma arrecadação

mais justa que permitiria aumentar o volume de recursos para as áreas sociais.

Nesse contexto, a posição assumida pelos delegados especificamente em relação à

gestão do SUS foi a de reconhecer os avanços produzidos pelo processo de

descentralização, que melhorou substancialmente o acesso da população aos serviços de

saúde.

Contudo, apontaram problemas e nós que deveriam ser resolvidos para o bom

funcionamento do SUS, destacando a sobrecarga da demanda por serviços nas regiões

metropolitanas e cidades de maior porte. Entenderam também os delegados que ainda

persistia uma excessiva concentração de serviços de alta complexidade em cidades pólo,

enquanto em muitas regiões do País praticamente não existiam centros de referência de

média e alta complexidade. Além disso, denunciaram que a carência de recursos nos

pequenos municípios perpetua sua situação de dependência em relação aos pólos

regionais, reconhecendo as dificuldades do processo de regionalização e de

hierarquização dos serviços de saúde que se desenvolveu de modo desigual nas diferentes

regiões, estados e municípios do País.

O delegados assinalaram que o financiamento do SUS não estava orientado para a

constituição de redes descentralizadas e regionalizadas, especialmente em relação à média

e à alta complexidade. Assim, os princípios de universalização e de integralidade não

eram obedecidos na organização das redes assistenciais regionalizadas.

7 Segunda gestão do governo Fernando Henrique Cardoso.

83

Nesse sentido, os Estados não estavam cumprindo seu papel de coordenadores da

implementação do SUS. A Conferência concluiu que faltava rumo claro para a política de

saúde, pelo fato de não existir um Plano Nacional de Saúde, bem como planos estaduais e

municipais de Saúde. A situação só não era mais grave porque, apesar da carência de

modelos de gestão e da excessiva dependência do Ministério da Saúde, os municípios

haviam desenvolvido projetos alternativos.

Sobre a Programação Pactuada Integrada (PPI), a “XI..Conferência reconheceu que

“a Programação é um instrumento importante para o planejamento dos gastos,

mas a imposição pelo executivo federal fez com que ela não fosse assumida pelas

demais esferas de governo. Além disso, por centrar-se na capacidade assistencial

instalada e diante dos limites financeiros existentes, a Programação Pactuada e

Integrada contribuiria para a concentração de recursos nos grandes municípios,

resultando em uma alocação insuficiente de recursos para o financiamento de

serviços de abrangência regional.

Em suma, o gerenciamento do sistema foi considerado pelos delegados da XI

Conferência como inadequado. As decisões e ações seriam, muitas vezes, subordinadas

aos interesses políticos; o poder público, ao investir em determinadas especialidades que

lhe asseguravam maior visibilidade política, alimentou interesses conflitantes com a

organização do SUS; a baixa resolutividade era bastante evidente no sistema, assim como

os problemas de infra-estrutura da rede de serviços, particularmente de pessoal em áreas

especializadas; a distribuição espacial e a hierarquização da rede; instalações e sistemas

de acesso físico; a ausência de protocolos que orientem o médico e a equipe de saúde

quanto aos procedimentos adequados para a maioria dos problemas de saúde; carência de

normas sobre procedimentos de integração intra e intersetorial; e diversas dificuldades

para encaminhamento/marcação para serviços de média e alta complexidade, associadas à

relativa desorganização de serviços de saúde.

Quanto ao controle social, afirmaram que os Conselhos sofrem, no cotidiano de

suas atividades, impedimentos de várias ordens tais como o baixo acesso à informação

dos bancos de dados nacionais, a precariedade da infra-estrutura, a inexistência de

capacitação e assessoria, e carecem de autonomia frente ao Executivo, pois não dispõem,

84

em sua maioria, de orçamento próprio, dificultando assim o cumprimento das tarefas

decorrentes de seu papel.

Reconheceram, ainda, a existência de Conselhos “cartoriais", atrelados ao gestor,

com vícios na representação dos diversos segmentos, inclusive de usuários,

comprometendo a autonomia política. Mas reafirmaram que o Conselho de Saúde é um

espaço em que se deve sempre questionar se estão sendo respeitadas as diretrizes do SUS

frente a cada iniciativa do sistema: garante-se o acesso universal, a integralidade do

Sistema, a equidade na alocação de recursos; o controle e a participação sociais; que fonte

paga a iniciativa, qual o custo/benefício da mesma. Questões importantes que dizem

respeito a aspectos fundamentais do Sistema de Saúde.

A XI Conferência Nacional de Saúde aprovou também propostas que visavam a

inclusão dos Conselhos no processo de planejamento e execução orçamentária da esfera

de governo a qual estava vinculado, reafirmando o caráter deliberativo de suas funções.

Para concretizar tal objetivo, exigiu-se que os Planos Municipais de Saúde, os

Orçamentos Anuais, os Planos Plurianuais, os Planos de Investimento, as Políticas de

Recursos Humanos, as Prestações de Contas e os Contratos/Convênios assumidos pelo

gestor passassem a serem discutidos e submetidos à apreciação dos Conselhos.

Da mesma forma, propôs-se recomendar aos Tribunais de Contas que as

prestações de contas dos municípios referentes à saúde só fossem aprovadas, mediante a

apresentação de uma certificação de prestação de contas expedida pelos Conselhos

Municipais e Estaduais de Saúde.

A necessidade de produção de instrumentos que consolidassem a função dos

conselhos no processo de gestão da política de saúde foi também reforçada durante a XI

Conferência, garantindo, entre outras definições, que o Plano Estadual e/ou Municipal de

Saúde fosse utilizado como instrumento orientador das ações e investimentos de cada

esfera de governo, sendo incorporado pelo Conselho como elemento de avaliação de

resultados e não apenas como instrumento burocrático e protocolar.

Nesse sentido, o Plano de Saúde deveria incorporar mecanismos de avaliação das

ações de saúde a serem implementadas, buscando medir o impacto das mesmas nas

85

condições e na qualidade de vida da população, garantindo o acompanhamento da sua

execução e a avaliação dos resultados de forma democrática e participativa

Outras propostas para a concretização de tal objetivo foram igualmente aprovadas:

o acompanhamento regular, através dos Relatórios de Gestão, do cumprimento das

deliberações das Conferências; a garantia de que a ampliação da oferta de serviços pela

contratação de serviços privados ou a terceirização de atividades, fossem

obrigatoriamente discutidas e aprovadas pelos respectivos conselhos, além dos contratos

e convênios firmados pelas Secretarias de Saúde; a implementação da Programação

Pactuada Integrada - PPI, com acompanhamento de sua execução pelos conselhos de

saúde; a elaboração de instrumentos de recepção, avaliação, encaminhamento e

acompanhamento de denúncias, divulgando-as junto à população; a garantia de que os

Conselhos de Saúde recebessem os relatórios das auditorias realizadas em hospitais

contratados e outros outras unidades que recebessem verbas do SUS; e o submetimento à

apreciação dos Conselhos Estaduais de Saúde da avaliação dos pleitos de habilitação à

gestão dos municípios.

Juntando-se as deliberações e recomendações da XI Conferência Nacional de Saúde

às atribuições do CNS expressas na legislação que cria o SUS e ao Regimento Interno do

próprio CNS, obtém-se um conjunto jurídico-político de informações e normas que

consubstanciam o ponto de vista aqui apresentado de que cabe ao CNS fazer o debate

deliberativo sobre a PPI.

Diante disso, passa-se a analisar a participação do Conselho Nacional de Saúde no

processo de discussão e deliberação da NOAS 01/02 e no processo de definição e

implantação da proposta de PPI 2001/2002.

A participação do CNS nos processos de deliberação e

implantação da NOAS 01/02 e da PPI

Para se discutir o processo de participação do CNS nos processos de deliberação e

implantação da NOAS 01/02 e da PPI, utilizou-se como procedimento metodológico a

realização de um trabalho de campo no próprio Conselho, cujo principal objetivo foi

86

pesquisar em fontes secundárias, identificando, selecionando e analisando as atas das

reuniões ordinárias e extraordinárias do CNS e suas resoluções no período compreendido

entre novembro de 2000 e dezembro de 2002.

As atas e resoluções, apesar de relevantes fontes documentais, não podem ser

consideradas como absolutas, ou seja, cujo conteúdo englobe a integralidade das

discussões nem tampouco a diversidade das posições apresentadas.

Na esfera sociopolítica, isso equivale à compreensão (1) de que nenhum documento

é construído a partir de uma posição de neutralidade e (2) de que as atas expressam, por

omissão ou excesso, a síntese do conflito de interesses ocorrido em cada reunião. Como

todo processo de síntese é um processo parcial, que recorta o objeto analisado de acordo

com determinados objetivos, as atas, logicamente, também são reproduções parciais.

Estas características em nada desqualificam tais atas como fontes de informação da

pesquisa social. Pelo contrário, enquadram-nas ainda melhor no campo de ação das fontes

secundárias que, de maneira mais ou menos perceptível e proposital, estão sempre

marcadas por esta parcialidade.

Na seara metodológica, as atas geram a necessidade de se trabalhar com técnicas de

análise que procurem compreender as condições de produção do discurso ali plasmado.

No ambiente sociopolítico, são ainda mais relevantes e comprobatórias, pois constituem a

manifestação oficial do CNS, em especial porque, para ser aprovada e publicada, cada ata

deve ser lida pelos Conselheiros que só a aprovam na reunião seguinte.

O período delimitado para a coleta das atas leva em consideração que a NOAS (e

suas diretrizes para a PPI), foi publicada, em sua primeira versão, na Portaria MS/GM nº

95, de 26 de janeiro de 2001 e, em sua segunda versão, na portaria MS/GM nº373, de 27

de fevereiro de 2002.

No total, foram selecionadas, lidas e analisadas, 27 atas: 2 (referentes a reuniões

ordinárias) do ano de 2000; 12 (11 de reuniões ordinárias e 1 de reunião extraordinária)

do ano de 2001; e 13 (10 de reuniões ordinárias e 3 de extraordinárias) de 2002. Além

disso, foram trabalhadas as 5 resoluções produzidas pelo CNS no período assinalado.

87

Nesse conjunto de documentos, identificaram-se os relatos de 200 itens, dos quais

171 “de pauta” e 29 “extra-pauta” (aqueles que foram objeto de discussão no Conselho

Nacional de Saúde, embora a pauta da reunião não tivesse previsto a sua discussão).

Os “itens de pauta” foram sistematizados em 29 grupos temáticos, enquanto os itens

extra-pauta foram trabalhados em 6 grupos temáticos. A seguir, identificou-se o número

de vezes que cada tema apareceu como “item de pauta”, sugerindo a importância do tema

como objeto de discussão do CNS (Ver anexo III).

A leitura das atas permitiu a seleção dos trechos que, direta ou indiretamente,

vinculavam-se ou faziam alusão aos debates travados em torno da NOAS e da PPI (ver

anexo IV). Estes trechos foram transcritos na íntegra, sem nenhuma alteração ou

interpretação, constituindo-se em um novo documento – o corpus - cuja finalidade foi a

de sistematizar, de forma organizada, o conjunto de informações obtidas acerca do tema

em questão.

Em relação à NOAS, foram identificados e analisados itens de 6 atas, sendo 2

referentes ao ano de 2001 e 4 ao ano de 2002.

No ano de 2001, em sua 115ª reunião ordinária, de 5 e 6 de dezembro, o CNS

realizou uma discussão sobre a NOAS/01 na qual foram expostos, por representantes da

SAS/MS, os problemas decorrentes do processo de organização da gestão do SUS a partir

da edição das NOB/93 e NOB/96 e as proposições apresentadas pela NOAS para a

correção de rumo.

Foram detalhados os grandes eixos da NOAS e todo o processo de implantação que

foi levado a cabo no decorrer do ano. Apresentaram-se os instrumentos que a NOAS

havia introduzido, como o Plano Diretor de Regionalização (PDR), o Plano Nacional de

Investimento (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada (PPI). Além disso, expôs-se a

situação na qual os Estados encontravam-se naquele momento, em relação ao processo de

implantação da NOAS.

Observou-se ainda que, no processo de implantação da NOAS/01 nos Estados, a

dinâmica utilizada foi a aprovação do PDR e do PDI na Câmara Intergestora Bipartite

(CIB), sendo depois referendados pelos Conselhos Estaduais de Saúde, antes de serem

encaminhados para análise no nível federal. Enfim, foi apresentada a proposta da NOAS

88

em seu conjunto, seus instrumentos, suas dinâmicas de implantação e os resultados do

processo ocorrido no ano de 2001. A representante da SAS/MS falou ainda sobre os

aspectos problemáticos da NOAS/01, o que motivou uma repactuação, já discutida e

aprovada na Câmara Intergestora Tripartite (CIT).

Vários conselheiros manifestaram-se sobre a importância da NOAS/01 e dos

possíveis impactos que poderia provocar em termos de melhorias no processo de gestão

do SUS. Também sugeriram continuar a discussão na próxima reunião, pois ainda não

haviam recebido e não tinham domínio sobre o conteúdo do documento que apresentava a

nova versão da NOAS.

Chama a atenção o fato de que a NOAS/01 foi editada por portaria datada do dia 25

de janeiro de 2001 e, pelo que transparece no relato da Ata da 115ª Reunião Ordinária do

CNS, é encarada pelos Conselheiros como uma novidade, se não absoluta, pelo menos

como assunto de discussão no plenário do Conselho.

Entretanto, o texto da portaria que edita a NOAS/01 informa, em seus

considerandos, que esta fora aprovada pelo pleno do CNS em reunião ordinária datada de

6 e 7 de dezembro de 2000. Por seu turno, a Resolução nº 307 do CNS, datada de

dezembro de 2000, também expressa essa posição.

Em 7 e 8 de fevereiro de 2002, na 116ª reunião ordinária do CNS, novamente foi

discutida a NOAS. Pelo relato da Ata dessa reunião, não houve novidades na explanação

do representante da SAS/MS, que apresentou os mesmos assuntos da reunião anterior.

A destacar em sua explanação, por ser objeto de discussão desse trabalho, o trecho

em que cita a PPI: “Com relação ao fortalecimento da capacidade de gestão, disse que a NOAS permitiu um avanço do

processo de programação e que todos os estados estavam em fase adiantada de elaboração das PPI e que

o Ministério da Saúde, por meio da SAS, estava assegurando apoio sistemático no acompanhamento das

secretarias municipais na coordenação da PPI com os estados. Apresentou, então, a situação da PPI em

todo o Brasil, discriminando os estados que estão em fase de elaboração e definição de parâmetros e

macro-locação dos recursos, os que estão em fase de alocação dos recursos no nível microrregional e os

que estão em fase de consolidação pela Secretaria Estadual de Saúde da PPI”.

89

Esse aspecto não suscitou qualquer debate específico. Pode-se supor que, a partir de

então, estabelecer-se-ia uma seqüência de discussões que poderia levar o CNS a participar

de forma mais incisiva nas definições da NOAS. A novidade foi o debate sobre possíveis

dificuldades em avançar no mesmo ritmo que o ano anterior, à medida que 2002 era um

ano eleitoral, o que poderia criar uma série de problemas para a implantação da NOAS.

Nessa reunião foi apresentada sugestão, por parte de um dos Conselheiros, de

planejar uma discussão sobre o tema “Regionalização”, superando o caráter informativo

das exposições até então realizadas. Esse conselheiro afirmou acreditar que o CNS tinha a

obrigação de contribuir para melhorar ainda mais o processo, propondo o debate de três

aspectos nessa reunião: as políticas de investimento e como elas se expressavam no nível

nacional; o modo de integração do controle social à essa regionalização; e a discussão do

modelo de gestão regionalizada, incluindo o aspecto do comando único.

Uma conselheira fez uma intervenção, perguntando: “como o controle social

poderia se engajar no processo de avaliação dos resultados e dos avanços na

implementação da NOAS?”.

Era a representante do CNS indagando ao representante da gestão sobre formas de

exercer o controle social, o que sugere a dificuldade de visualizar as formas de

participação, quando se está distante do processo de gestão do SUS.

O fato não deve ser caracterizado como insólito, pois existe realmente uma ação

sinérgica entre as representações dos diversos segmentos envolvidos no SUS. Contudo,

partindo de um membro integrante do CNS, a questão tem contornos diferenciados. No

mínimo, denota um pequeno conhecimento dos processos de gestão do SUS e, mais

ainda, de uma Norma Operacional que propunha uma remodelação do SUS,

regulamentando aspectos cruciais da organização de forma regionalizada da assistência,

suscitando questões importantes relativas às relações intergestoras, de mudanças no

processo de alocação e repasse dos recursos financeiros do SUS entre outras, e cuja

discussão e deliberação integram as atribuições do CNS.

O representante da SAS/MS respondeu, colocando à disposição do CNS e dos

Conselhos Estaduais e Municipais, as informações disponíveis no Ministério da Saúde.

90

A NOAS 01/02 foi editada em Portaria datada de 27 de fevereiro de 2002 e, em seus

considerandos, novamente, informa a aprovação por parte do pleno do CNS em sua

reunião ordinária de dezembro de 2001.

Esse aspecto motivou a intervenção de um Conselheiro na 117ª Reunião Ordinária

do CNS, de 6 e 7 de março de 2002 como consta em sua ata no Item, Informes.

Preocupado com o fato da Portaria que editara a NOAS 01/02 afirmar que o CNS

aprovara-a, propôs uma nota de repúdio, pois, a seu ver, o Conselho não discutira e nem

aprovara tal matéria.

Para efeito deste trabalho, o ponto a ser ressaltado e discutido não é,

primordialmente, se o CNS tomou ou não a decisão de aprovar a NOAS. A proposta

principal é analisar a forma como o Conselho agiu em relação a esse assunto.

A NOAS 01/02, como já abordado anteriormente, se não apresentava propostas que

efetivamente superavam os limites apresentados pelas NOBs anteriores (e isso será

analisado no próximo capítulo desta dissertação), discutia aspectos essenciais do SUS

como Sistema de Saúde, sua organização e sua gestão.

O conjunto jurídico-político de documentos anteriormente citado explicita que tais

aspectos essenciais do SUS são matérias de deliberação do CNS como fórum de

representação dos segmentos sociais. Entretanto, conforme descrito nas atas, o número de

reuniões realizadas – duas - foi reduzido para a complexidade destes assuntos.

Além disso, a transcrição das falas e debates demonstra que o discurso foi

fundamentalmente informativo, partindo dos representantes dos gestores e pouco ou nada

questionado pelos representantes dos outros segmentos.

Para se ter uma idéia de como o processo de elaboração da NOAS foi complexo, há

de se recordar que ele transcorreu ao longo do ano 2000, envolvendo amplas e seguidas

negociações do Ministério da Saúde, como o Conass, o Conasems e os técnicos da

“academia”. Entretanto, todas as vezes em que o CNS foi acionado, os debates parecem

Ter sido sumários e não-continuados.

Esse não foi o tratamento dado pelo CNS ao tema dos Parâmetros Assistenciais,

assunto que pelo número de reuniões realizadas (3), pela criação de um GT para

discussão e apresentação de proposição ao pleno do Conselho e pela edição de duas

91

resoluções – uma criando o GT e outra aprovando a proposta de parâmetros apresentada

pela SAS/MS, mereceu um tratamento mais adequado a assuntos desta monta de

importância.

Entretanto, se os “parâmetros assistenciais” aprovados e editados pela portaria GM

nº 1.101 de 12 de junho de 2002, forem aplicados no processo de programação

assistencial, os recursos financeiros colocados à disposição de estados e municípios, serão

insuficientes. O que reforça sua característica básica, ou seja, de serem fundamentalmente

“referências ideais”.

Na mesma linha analítica, mas atendo-se à PPI, a leitura das atas demonstra que o

CNS não discutiu esse instrumento importante de alocação eqüitativa de recursos

financeiros envolvendo as três esferas de gestão, para a explicitação das

responsabilidades de cada esfera de gestão do SUS, na organização das ações e serviços

de saúde; para a explicitação das parcelas de recursos relativos à população própria e à

população dos municípios de referência; para orientar o processo de controle e avaliação

dos objetivos e metas traçadas; e para conferir transparência na definição e no

cumprimento dos critérios de distributivos dos recursos do SUS.

Nas reuniões do CNS, a PPI é citada, tanto nas intervenções dos representantes da

SAS/MS em que participaram quanto pelos Conselheiros, quando da discussão dos

parâmetros assistenciais.

Por um certo ângulo, seria possível afirmar que, ao participar da elaboração e da

aprovação da NOAS em suas duas versões, o CNS, indiretamente, participou da definição

dos pressupostos gerais da PPI, à medida que a PPI foi organizada tendo como principal

referência as proposições da norma operacional. Por isso, inclusive, a NOAS foi a

referência na análise acerca da participação do CNS.

Entretanto, como já visto, a participação do CNS na discussão da NOAS

caracterizou-se, no mínimo, como muito tímida, aquém da sua importância de Fórum de

Gestão de Política Pública e de representação dos diversos setores envolvidos no SUS,

inclusive da população brasileira usuária, e também da importância do tema para o

desenvolvimento do SUS e da melhoria da qualidade e do acesso às ações e serviços de

92

saúde. Este fato, certamente, não contribuiu para o fortalecimento da ação do controle

social “na formulação de estratégias e no controle da execução das políticas de saúde”.

Não se trata, portanto, de discutir a qualidade dos debates, mas de se procurar

compreender por que eles foram poucos e, em certos momentos, até mesmo inexistentes,

sobretudo quando o que ocorria era uma explanação técnica de um gestor do Ministério

da Saúde, que não suscitava nenhum tipo de comentário e/ou intervenção.

Apesar de qualificada nesta dissertação como insuficiente para exercer o controle

social, a participação do CNS na discussão da PPI e da NOAS não é, nesta dissertação,

encarada como a mera aceitação acrítica dos Conselheiros nem como uma maquiavélica

ação, do tipo ‘rolo compresso’ da gestão, mas como fruto das concertações, dos arranjos e

das alianças conjunturais/estruturais entre os diferentes segmentos envolvidos no CNS.

Como ressaltam autores como Carvalho (1997), Labra e Figueiredo (2002) e

Ribeiro (1997), são estas concertações que definem os rumos da ação dos Conselhos e,

por extensão, do controle social por eles realizado. Assim, procura-se entender a ação do

CNS como um estratégia na qual a aprovação rápida, ou mesmo sumária, da NOAS e da

PPI faz parte de um acordo mais amplo entre os diferentes segmentos, que envolve uma

maior participação na discussão de outros temas, considerados pelos Conselheiros, por

diversos motivos que não cabem aqui discutir, como mais importantes.

Para contribuir com esta análise, evoca-se o documento “A prática do Controle

Social: Conselhos de Saúde e Financiamento do SUS”, editado em 2002 pela Secretaria

Geral do CNS e apresentado como “fruto de reflexões das secretarias executivas dos

Conselhos Estaduais de Saúde, do Distrito Federal e do Conselho Nacional de Saúde”,

concretizadas em reunião realizada em 27 e 28 de novembro de 2000.

Neste documento, são expostas catorze considerações acerca das atribuições dos

Conselhos de Saúde, em sua prática de controle social. Para efeito do presente trabalho,

trabalhar-se-á na reflexão nº 3, que se refere às relações do Conselho de Saúde com a

gestão executiva do SUS.

O texto inicia ressalvando que, apesar de..

93

“os Conselhos de Saúde integrarem a estrutura legal do Poder Executivo

(Gestão do SUS), suas atribuições estão limitadas ao espaço privilegiado e bem

identificado de atuação na formulação de estratégias e no controle da execução

das políticas de saúde. Por isto, os Conselhos devem reconhecer as competências

típicas da Gestão que são: Planejamento, Orçamentação, Programação,

Normatização, Direção/gerência, Operacionalização/execução e

Controle/avaliação”.

Em outra passagem, o texto afirma que “o fato de reconhecer essas funções como

típicas dos gestores, não desobriga os membros dos Conselhos de Saúde de conhecer

seus aspectos a fim de controlá-lo a favor dos direitos da população usuária...”. Afirma

ainda que o conhecimento de expressões típicas da gestão executiva como Comissão

Intergestores Bipartite (CIB), Piso da Atenção Básica (PAB), Norma Operacional Básica

(NOB), entre outras, “podem ser facilmente explicadas e aprendidas, assim como seu

significado na construção do SUS, por todos conselheiros, de todos os níveis de

instrução”.

Diante de tudo que até aqui foi exposto, dissociar os Conselhos de Saúde das

funções de gestão de planejamento, programação, normatização, controle e avaliação

parece restringir o controle social aos aspectos mais gerais do SUS, reduzindo sua

capacidade de intervir de maneira mais direta e eficiente.

Analisando a composição dos Conselhos de Saúde, constata-se que os aspectos

relativos ao que o documento chama de “competências típicas da gestão” estão

diretamente ligados ao cotidiano profissional (e até mesmo pessoal) dos segmentos

representados pelos gestores do SUS, pelos trabalhadores da saúde e pelos prestadores de

serviços, que, de uma forma ou de outra, têm seus interesses preservados nas formulações

elaboradas sobre a gestão do SUS.

A outra metade dos Conselheiros, formada pelos representantes dos usuários do

SUS, que, na maioria das vezes, têm um dia-a-dia não diretamente vinculado a estas

competências, se não as debatê-las no âmbito do Conselho, provavelmente ficará alijada

desta discussão.

94

Além disso, em todos os aspectos relativos à gestão do SUS, as posições defendidas

no documento citado contrastam com as análises e deliberações dos delegados da XI

Conferência Nacional de Saúde.

As posições assumidas pelos delegados da XI contrariam as posições defendidas no

texto do Secretariado do Conselho à medida que apresentam uma análise bastante

fundamentada das dificuldades e limites do SUS e um conjunto de proposições,

características de atores protagonistas que, ao analisarem de forma abalizada os

problemas do SUS, demonstram um profundo conhecimento de causa e apresentam

proposições que colocam os Conselhos de Saúde como co-partícipes dos processos de

formulação das proposições de gestão do SUS e de seu efetivo controle, rompendo com a

perspectiva de discussões de “generalidades”.

O texto de Secretariado, finaliza com a seguinte proposição: “A pouca clareza sobre os limites entre as competências dos Conselhos de Saúde e dos

órgãos típicos da gestão é conseqüência da baixa experiência acumulada e de alguns

equívocos e conflitos que afloraram no início entre os Conselhos e a área de gestão

executiva do SUS, mas que se encontram agora, em fase de superação”.

Os conflitos aos quais o texto refere-se são aqueles gerados pela presença ativa dos

conselheiros, na maioria das vezes representantes dos usuários e dos trabalhadores, que,

ocasionalmente, discordam de alguma proposição dos gestores executivos. Por isso, são

caracterizados como “corporativos” e “dificultadores da eficiência da gestão”, porque

defendem os interesses legítimos de seus representados, discordam, mesmo que,

eventualmente, de encaminhamentos da área da gestão executiva do SUS.

A criação e a caracterização dos Conselhos de Saúde, como dos demais Conselhos

de Gestão de Políticas Sociais, desenvolve-se no âmbito dos conflitos entre o Estado e a

sociedade civil, como resultado de pressões populares para a solução de problemas

setoriais. E essa politização do conflito, expressão da defesa de interesses específicos de

grupos e, portanto, da esfera da política, não pode ser qualificada como “fruto da

insegurança de ambos os lados”.

O documento sintetiza, portanto, a postura do secretariado do CNS, apresentando

informações e análises que visam caracterizar a atividade do Conselheiro, delimitando-a a

95

um campo que, de acordo com a compreensão expressa neste trabalho, reduz a

possibilidade e a efetividade do controle social.

Concluindo este capítulo, reafirma-se a análise de que, no que diz respeito à NOAS e à

PPI, o CNS adotou como estratégia a rápida discussão de ambos, caracterizada como

apresentações formais dos gestores assistidas pelos demais Conselheiros que, em sua maioria e

na maior parte do tempo, abstiveram-se de debater. Esta foi uma estratégia política, que, mesmo

que não tivesse como objetivo principal, acabou por restringir a ação controladora e propositora

do CNS, permitindo um elevado grau de liberdade aos gestores, que não tiveram que negociar

nenhum ponto de sua proposta inicial.

Destaque-se que esta postura encontra um ambiente político mais fecundo nas gestões

que têm dificuldades e restrições ao processo de pactuação e à produção de acordos com os

usuários e, por conseguinte, que encontram dificuldades para tornarem transparentes suas ações

e políticas públicas.

Para superar situações como esta e efetivar o controle social, faz-se necessário que os

Conselheiros mobilizem-se e pressionem a gestão, mas, da mesma forma, a ação democrática dos

gestores é uma exigência da sociedade. Esta foi a postura do Ministério da Saúde na PPI.

96

(VI) Considerações Finais: Críticas da proposta da PPI/NOAS 01/02 –

Contribuição para o debate

A proposta desta dissertação é contribuir para o desenvolvimento da PPI e da

participação do controle social, contribuindo para a discussão de aspectos importantes

como os pressupostos gerais, as diretrizes, as metodologias e instrumentos da

programação assistencial e a participação do Conselho Nacional de Saúde no processo de

elaboração e aprovação da PPI - NOAS 01/02.

Quanto ao objetivo de identificar os processos de pactuação de recursos que

antecederam à PPI, enfocando seus objetivos e a participação do controle social, buscou-

se recuperar fatos e informações históricas importantes sobre as metodologias utilizadas

pelas estruturas que antecederam ao SUS: a Programação e Orçamentação Integrada do

INAMPS; a análise da proposta da Programação e Orçamentação em Saúde, referente ao

período inicial de desenvolvimento do SUS, situando-as contextualmente.

Quanto ao objetivo de sistematizar o processo de elaboração, discussão e

deliberação da PPI 2001/2002, procurou-se, por meio da análise documental discutir a

proposta apresentada pela NOB 96 e pela NOAS 01/02 , detalhando e discutindo suas

diretrizes gerais, seus objetivos, a metodologia e sua adequação às características

regionais no âmbito dos estados e locais no âmbito dos municípios. Como contribuição

ao desenvolvimento da PPI, apresentou-se uma discussão crítica e sugestões para a

superação dos limites apresentadas pela versão atual.

Quanto ao objetivo de analisar a participação do Conselho Nacional de Saúde no

decorrer do processo de discussão e aprovação da NOAS e da PPI, buscou-se por meio

da análise das atas, compreender o processo de aproximação e discussão da proposta da

NOAS, que, no entender do autor, foi considerada tímida, aquém da importância do CNS

como Fórum de Gestão de Políticas Públicas.

Como este empreendimento, ainda que de restrito alcance, nem resulta no

desvendamento de todas as dúvidas sobre as questões aventadas nem na resolução dos

intricados problemas afetos à reprodução nos níveis sub-nacionais das ações assistenciais

que estruturaram o sistema de saúde brasileiro.

97

A principal contribuição a que me proponho é interrogar criticamente aspectos

integrantes dos sistemas assistenciais (compreendendo-os como campos de atuação da

gestão executiva do SUS e das estruturas de controle social) e, certamente, estimular a

discussão crítica e a formulação de novas proposições voltadas para a construção de um

sistema de saúde universal e equânime.

Como contribuição apresentar-se-á uma análise crítica da proposta da PPI e seus

pressupostos fundamentados na NOAS 01/02 e um conjunto de proposições para a

superação dos aspectos limitantes da proposta atual.

Estas considerações fundamentaram um processo rico de discussão que foi

realizado pela nova Coordenação de Programação Assistencial, na ocasião, dirigida pelo

do autor desta dissertação, que resultou em uma proposta que, recentemente, foi

apresentada e aprovada pelo Colegiado da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS- e,

deverá orientar todo o processo de redefinição da proposta atual de PPI.

VI.1) A análise e crítica da proposta da PPI/NOAS01/02 –

Contribuições para o debate

O processo de Programação Pactuada e Integrada – PPI - foi alvo de críticas

diversas durante toda sua trajetória de desenvolvimento e implantação. Estas críticas são

dirigidas tanto à sua concepção quanto à lógica interna de seus instrumentos, com

especial atenção ao seu sistema informatizado, o SisPPI.

Tais críticas, oriundas de diversos atores com inserção privilegiada no âmbito do

SUS, questionam a PPI, quanto ao seu caráter excessivamente normativo, à sua aderência

à tabela de procedimentos do SUS e à ausência de uma correspondência às “necessidades

de saúde da população”.

As propostas de programação no SUS refletem, em geral, determinadas

intencionalidades, guardando maior ou menor coerência com as orientações das políticas

de saúde propostas, buscando reforçar a direcionalidade e a concretização dessas políticas

no campo estrito do custeio da atenção. Neste sentido, a PPI foi elaborada

98

simultaneamente e em sintonia com as diretrizes da política de descentralização e

regionalização, contidas na Norma Operacional de Assistência à Saúde NOAS01/02.

A superação desses aspectos do marco normativo contidos naquele dispositivo,

implica em importantes alterações nos processos de qualificação da gestão dos

municípios e estados, bem como em mudanças nos mecanismos de alocação e repasse de

recursos. Estas mudanças nos arranjos institucionais que regem a gestão do sistema, cuja

definição encontra-se ainda em processo de pactuação com os demais entes federados,

são aqui consideradas como pré-requisitos ou pressupostos que orientam a revisão do

modelo de PPI.

Assume-se, portanto, que a construção do novo modelo de programação deve ser

simultâneo à revisão mais geral dos dispositivos que regem a gestão descentralizada do

SUS, traduzindo-se num processo de elaboração incremental, formatando-se os seus

componentes, à medida que as orientações, emanadas de resoluções pactuadas na CIT,

coloquem-se em cena.

Durante o ano de 2003, diversas discussões internas ao grupo técnico da

Coordenação da Programação Assistencial, do Departamento de regulação Controle e

Avaliação- DERAC/SAS, apontaram para a necessidade da superação de limitações

reconhecidas no desenho da lógica interna da PPI, sua abrangência e da estrutura dos seus

instrumentos, indicando algumas linhas de trabalho necessárias a uma profunda revisão.

O que se pretende, pois, é apontar diretrizes gerais para a reestruturação do processo e

correspondentes enfoques metodológicos adequados, que possam orientar a elaboração de

uma nova proposta.

Aspectos importantes para uma avaliação da atual proposta de

PPI

Uma avaliação mais aprofundada dos processos de PPI e de seus impactos nos estados e

municípios, deverá ainda ser feita. Nos limites desse documento serão elencados alguns

aspectos, considerados como decisivos na implantação da PPI e que deverão ser objetos

de revisão no processo de construção de uma nova proposta.

99

⇒ Fragilidade dos processos gerais de planejamento local e regional das esferas de

gestão, comprometendo diretamente a qualidade das propostas no campo da

assistência;

⇒ Participação restrita dos municípios no processo de definição das diretrizes e

parâmetros norteadores da PPI, com a conseqüente impossibilidade de tradução para

as suas necessidades e especificidades locais e regionais;

⇒ Inexistência de módulo específico de programação intramunicipal, impossibilitando

ao município a elaboração da sua programação tendo em vista as capacidades

existentes no seu território, e aquelas a serem objeto de pactuação regional;

⇒ Inexistência de articulação entre as demandas decorrentes da programação da Atenção

Básica, com a programação da Média e Alta Complexidade. A Atenção Básica não se

constituiu em porta de entrada do sistema;

⇒ Redução do escopo da programação aos recursos federais, não abrangendo os recursos

estaduais e municipais;

⇒ Limitação das propostas de programação a “tetos orçamentários” estaduais históricos,

definidos com base em critérios variados e pouco transparentes (ou mesmo de

memória de impossível resgate);

⇒ Ausência da pactuação das referências interestaduais;

⇒ Insuficiência dos mecanismos de programação e pactuação regional, não permitindo

que se garanta o atendimento às referências;

⇒ Dificuldades na totalidade dos estados, em implementar a referência unicêntrica para

o primeiro nível de complexidade da média (M1), pela resistência dos municípios

considerados “satélites” em desativar seus serviços.Outro fator é a insegurança dos

gestores quanto à forma jurídica que assegurasse a legitimidade das transferências de

recursos entre o município pólo e os satélites e o baixo patamar do incentivo fixado

(R$ 6,00 per capita);

⇒ Recorrente retomada das discussões dos recortes de regionalização e PDRs,

principalmente quando se iniciam os processos de PPI devido aos impactos na

distribuição dos recursos que a inserção do município na estrutura regionalizada

induz;

100

⇒ Paralisação do processo em alguns estados pela dificuldade de acordo político na

aprovação dos PDRs e da macroalocação dos recursos;

⇒ Pouca disponibilidade de recursos humanos especializados nas áreas de planejamento

e programação e para suporte da área de tecnologia de informação em estados e

municípios;

⇒ Participação dos Conselhos de Saúde com características homologatória.

VI. 2) A PPI e seus pressupostos gerais

A proposta de PPI representou um importante avanço no processo de consolidação

da gestão do SUS, mas suas limitações, acima referidas, não permitiram alcançar

plenamente o objetivo de contribuir para a construção das redes regionalizadas e

hierarquizadas, impossibilitando assim a atenção integral à saúde da população. Tendo

em vista a superação deste estágio da programação, propõe-se os seguintes pressupostos

gerais para a conformação de uma nova proposta:

A inserção da PPI no planejamento geral do SUS

A PPI, na qualidade de mecanismo importante de alocação traduz-se em um

instrumento gerencial inserido no momento normativo do planejamento, para utilizar as

categorias propostas pela teoria do Planejamento Estratégico Situacional. Os demais

momentos do processo de planejamento, quais sejam o momento explicativo, o

estratégico e o tático-operacional são dimensões consideradas necessárias para uma

concepção abrangente e complementar do encadeamento racional das proposições de

política e da sua gestão estratégica, porém ausentes do escopo da PPI.

A delimitação desse escopo justificou-se pela impossibilidade técnica de se

incluir, num único instrumento, todas as dimensões do planejamento em saúde,

assumindo como pressuposto o desenvolvimento e o exercício, por estados e municípios,

de outros instrumentos adequados às demais dimensões do complexo processo de

planejamento setorial. Embora reconhecendo desde o início essas limitações, o

documento base da PPI indica a necessidade da coerência estrita das propostas nela

contidas com os demais instrumentos de planejamento, ademais produtos do exercício da

101

autonomia dos entes federados. Neste sentido, as diretrizes da PPI enfatizam a coerência

com os Planos Estaduais e Municipais de Saúde, a Agenda de Saúde , bem como com o

Pacto de Indicadores da Atenção Básica.

Tanto a Agenda como o Pacto de Indicadores da Atenção Básica foram

introduzidos no instrumento informatizado, como forma de induzir o exercício do

estabelecimento de uma coerência externa, em que pese a sua não vinculação estrita na

lógica interna do sistema informatizado.

Como decorrência dessa frágil interação entre a PPI e os demais instrumentos de

planejamento, e pela reconhecida incipiência dos processos de planejamento nos estados

e municípios, a PPI desenvolvida de forma isolada, restringindo suas potencialidades e

reduzindo-a, muitas vezes, à sua dimensão financeira.

Processos prévios que abrangessem a análise de situação de saúde, o

levantamento dos problemas do quadro sanitário e do desenho das alternativas e

estratégias de sua superação, a definição dos objetivos e prioridades, das ações a serem

desenvolvidas, das análises de viabilidade técnica, econômica e política, seriam

essenciais para se garantir a coerência externa da PPI. Isto a localizaria no espaço

adequado para o qual foi elaborada e para a qual seus instrumentos operacionais teriam

capacidade de resposta. Não se pode esperar que os instrumentos da PPI respondam a

todos os momentos do processo de planejamento nem mesmo que atendam a todas as

necessidades de programação operacional dos sistemas municipais de saúde, devido à

complexidade, a especificidade e diversidade dos objetos de programação locais

(insumos, RH, orçamento setorial, etc).

Iniciativas recentes no âmbito do Ministério da Saúde apontam no sentido da

elaboração do Plano Nacional de Saúde, a construção de instrumentos de planejamento

em articulação com estados e municípios de abrangência municipal, regional e estadual,

bem como envidados esforços direcionados para a integração dos diversos processos de

programação e avaliação do SUS (PPI de Epidemiologia e Controle de Doenças, Termo

de Ajuste de Metas da ANVISA, Pacto de Indicadores da Atenção Básica, dentre outros).

Essa nova conjuntura de maior integração entre as áreas do Ministério da Saúde e

a possibilidade inaugurada de envolvimento dos grupos técnicos das diversas secretarias

102

na elaboração de modelos de planejamento e programação, impõem que a nova

configuração do desenho da PPI da Assistência deva articular-se estreitamente com os

demais instrumentos de planejamento e programação.

A PPI deve, necessariamente, abranger, no seu âmago, dispositivos de

planejamento mais abrangentes, que resgatem a sua coerência externa, ampliem seu

escopo e direcionem a alocação sobre bases mais consistentes.

As debilidades dos processos de planejamento municipais e estaduais muitas

vezes se prendem a insuficiências de recursos humanos capacitados para sua formulação

e implementação. O apoio do Ministério da Saúde na capacitação dos técnicos existentes

e a alocação de recursos financeiros específicos para a contratação de consultorias e

aquisição de equipamentos de informática e software parece ser uma estratégia a ser

deflagrada.

Além das mudanças específicas dos métodos e critérios do campo da alocação de

recursos para a assistência, sugere-se acrescentar dispositivos que reflitam as seguintes

dimensões:

⇒ Aproximações às necessidades de saúde, tomadas com base em dados e informações

do quadro demográfico e epidemiológico;

⇒ Levantamento de problemas apontados pelas necessidades estimadas e indicação das

suas alternativas de solução e proposição de ações assistenciais adequadas ao

enfrentamento das questões levantadas;

⇒ Desenho dos modelos de atenção e redes assistenciais;

⇒ Proposta de alocação dos recursos para cobertura da assistência;

⇒ Instrumento de acompanhamento da execução das ações.

A estimativa de necessidades em saúde e a PPI

Proposição de considerar as “necessidades em saúde” como aspecto fundamental

a orientar a elaboração da PPI e seus instrumentos de planejamento e programação são

feitas à exaustão. Tais proposições restringem-se no mais das vezes, num conjunto de

dados e informações demográficas e epidemiológicas que, na maioria das vezes, não terão

103

a necessária correspondência ou ligação clara com as práticas do planejamento e da

programação.

Proposição de relativo nível de complexidade, pode significar sua não

viabilização no curto prazo. Propõe-se, no entanto, romper com a inércia dominante,

buscando-se apresentar aproximações, ainda que iniciais, que possam ser criticadas e

melhoradas continuamente, à medida que suscitem e induzam a avaliação das situações

reais e a pesquisa científica aplicada.

Acredita-se que consensos precários possam ser estabelecidos desde que

reconhecidos seu caráter de constructo técnico e resultante de pactos políticos

estabelecidos, distanciando-se, em um primeiro momento, de qualquer pretensão de

objetividade ou de embasamento científico inquestionável. Para que não se perca nos

meandros de um relativismo absoluto e imobilizante, algumas aproximações positivas

podem e devem ser intentadas.

O estabelecimento de correlações entre as informações epidemiológicas e as

ações de saúde deve se pautar na utilização de funções-utilidade diversas, sempre que

possível explicitadas.

As ações de saúde adequadas à mudança do nível do indicador epidemiológico

deverão ser recomendadas, com base no conhecimento das áreas técnicas específicas,

relacionadas mais diretamente aos eventos, selecionando-se e indicando-se, sempre que

possível, aquelas com melhor relação custo-benefício ou custo-efetividade ou aquelas que

se justificam para o cumprimento do princípio da equidade, independente de sua

oportunidade meramente econômica ou de economia de escala, citando-se as fontes

bibliográficas.

No caso de áreas com menor conhecimento teórico, recomendações baseadas

no saber dos especialistas e na vivencia prática dos técnicos deverão ser elencadas. As

ações propostas deverão, por fim, passar pelo crivo do pacto dos atores relevantes, bem

como pela avaliação de sua viabilidade financeira.

A integração das programações

104

A Programação Pactuada e Integrada – PPI, instituída pela NOB 96 e reafirmada

pelas NOAS 2001 e 2002, pretendia em suas formulações iniciais, ser o produto da

negociação entre os gestores (daí o “pactuada”) e integrar no seu bojo as diversas áreas e

ações dos órgãos do SUS, tanto do Ministério quanto das demais esferas de governo (daí

o “integrada”).

Diversas contingências institucionais e resistências a essa integração resultaram

em iniciativas isoladas de programação na assistência (PPI da Assistência), na FUNASA

(PPI de Epidemiologia e Controle de Doenças) e na ANVISA (PPI da Vigilância

Sanitária).

Propõe-se que a PPI assistencial deva se referir necessariamente às outras áreas de

programação, tendo em vista o conjunto de atividades de atenção que fazem interface

com as suas diversas áreas e objeto de trabalho. Esta perspectiva deve estar refletida, em

última análise, no instrumento de programação, com uma plataforma comum, dada a

necessidade da unicidade da linguagem e inter-relações necessárias, preservadas as

especificidades do objeto de trabalho de cada área.

Assim, a proposta apresentada é a utilização do SISPPI da assistência, como

plataforma comum, desenvolvendo de forma modular, mas relacional, os subsistemas

relativos à área da Assistência, da Vigilância a Saúde e Vigilância Sanitária. Esta

proposta deverá ser objeto de discussão e definição pelas áreas afins.

A composição dos recursos financeiros a serem programados

Por razões variadas, os recursos utilizados da PPI têm se restringido ao seu

componente federal, o que representa uma das grandes limitações da mesma. Nas

negociações promovidas durante os anos de 2000 e 2001, houve uma explícita resistência

à inclusão dos recursos estaduais e municipais.

Tal resistência, explicitada formalmente pelo CONASS, foi atribuída a dois

argumentos principais: o primeiro, relaciona-se à dificuldades dos estados em

apropriarem-se dos gastos efetivamente destinados a ações e serviços de saúde de caráter

assistencial, devido aos mecanismos e aberturas orçamentárias utilizados; o segundo,

vinculado a um posicionamento de caráter mais político, preso ao entendimento de que a

105

cobertura financeira do custeio da assistência devesse ser de exclusiva responsabilidade

do nível federal, apesar das disposições da Lei n° 8.080, que estabelece a

responsabilidade compartilhada do financiamento da assistência pelos três níveis de

governo.

A superação desta situação exige que a nova proposta de PPI busque abranger

como objeto de sua ação o conjunto de recursos financeiros federais, estaduais e

municipais alocados para a área da assistência à saúde. Para tanto, os estados e

municípios deverão explicitar o montante de recursos previstos pela EC 29, destinados,

especificamente, para a área da assistência à saúde. Estes recursos deverão ser

incorporados aos recursos financeiros federais, alocados nos tetos financeiros estaduais e

municipais, e objeto de programação e pactuação nas etapas municipal, regional e

estadual.

A redefinição das modalidades de gestão municipal

As modalidades de gestão previstas na NOB 96 e na NOAS 01/02 classifica o

conjunto de municípios brasileiros em dois grupo. O grupo de municípios que possuem

redes assistenciais como complexidade diversa instalados e capacidade de gestão sobre a

totalidade de sua rede (GPSM), e o grupo de municípios com redes assistenciais básicas

instaladas e reduzidas condições de gestão (GPAB). Os municípios que se situam entre

estes dois pólos e que possuem em seu território tipos diferenciados de estabelecimentos

de saúde de maior complexidade, exigindo condições de gestão que superam a

modalidade básica, estão colocados no mesmo patamar de municípios GPAB. Tal fatos

acabou por produzir um tipo de comportamento assumido por gestores de municípios

GPAB ou GPABa de que somente eram responsáveis pela saúde de seus munícipes no

que se relacionasse às áreas da atenção básica, desresponsabilizando-se pelas ações

pertencentes aos demais níveis complexidades da atenção.

Assim propõe-se uma única modalidade de gestão para os municípios brasileiros,

ou seja, todos deverão ser considerados gestores plenos do sistema municipal,

responsáveis pela gestão dos recursos técnicos e tecnológicos alocados em seu território e

pela definição do processo de alocação dos recursos financeiros, tendo em vista, as

106

potencialidades locais existentes e os recursos que conformam as redes regionais, que

deverão ser objeto de pactuação intermunicipal.

Busca-se assim o incentivo ao processo de descentralização efetiva da gestão dos

recursos da saúde e o desenvolvimento das capacidades de gestão dos variados tipos de

município.

A ampliação da resolutividade da área de Atenção Básica

As ações básicas em saúde podem ser definidas como um conjunto de ações de

promoção, prevenção e assistência à saúde com determinado grau de resolutividade e

adequado ao perfil epidemiológico de determinada região. Essas ações devem ser

ofertadas de forma a facilitar o acesso dos cidadãos, o mais próximo possível de sua

residência.

A NOB96, quando criou o Piso Assistencial Básico (PAB), definiu-o como um

montante de recursos financeiros destinados ao custeio de procedimentos e ações de

assistência básica, de responsabilidade tipicamente municipal e estabeleceu um valor per

capita nacional transferido aos fundos municipais de saúde, como forma de

financiamento. O cálculo deste per capita teve como base a produção do elenco de

procedimentos básicos dispostos na tabela de procedimentos do Sistema de Informações

Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). O recurso definido para o financiamento da Atenção

Básica estabelecido com segmentação da tabela e sem o aporte de “dinheiro novo”,

produziu o desfinanciamento da média complexidade,

A NOAS 01-02 definiu o conjunto de procedimentos assistenciais que comporiam as

ações de Atenção Básica ampliada, que foi base para a definição de um novo valor per

capta. Instituiu-se, então, outra forma de gestão (Gestão Plena da Atenção Básica

Ampliada) definindo suas áreas estratégicas de atuação: controle da tuberculose,

eliminação da hanseníase, controle da hipertensão arterial, controle da diabetes mellitus,

saúde da criança, saúde da mulher e saúde bucal. Determinou que tais ações deveriam ser

assumidas por todos os municípios brasileiros, respeitado o seu perfil epidemiológico,

como um componente essencial e mínimo para que se tenha um impacto das ações na

107

qualidade de saúde da população. Os resultados passaram a ser acompanhados pelos

indicadores pactuados com os estados e municípios, no Pacto da Atenção Básica.

Cabe ressaltar que nessa perspectiva as ações básicas em saúde podem ser ampliadas nas

diversas regiões do país, focando ou priorizando determinadas áreas ou acrescentando

outras, conforme sua realidade. Desta forma, devemos entender o PAB - ampliado ou não

- como um recurso de custeio para as ações básicas em saúde e que nenhum município

pode se omitir de ofertá-las, mas que este nível não esgota as ações necessárias para

conferir resolutividade e, portanto, atenção adequada e necessária aos problemas de saúde

da população. Desta forma para que se possa agregar resolutividades ao conjunto de

ações da Atenção Básica, propõe-se a ampliação do rol de ações da atenção básica,

incorporando-as àquelas classificadas atualmente como Média Complexidade I.

Com esta iniciativa busca-se a ruptura com o pressuposto de que cada município deve

obrigatoriamente ofertar, em seu território, todos os serviços de atenção básica,

considerando-os objeto de programação, e criando-se a possibilidade de referenciamento

intermunicipal, exclusivamente para estabelecimentos públicos, e ampliando-se o espaço

de gestão do conjunto de municípios brasileiros;

Quando se observa a capacidade instalada da maior parte dos municípios brasileiros,

parece razoável concluir que não se deve esperar que todos realizem ações de maior

complexidade em seu território. Portanto, uma parte do que se está chamando de ações

básicas deveria ser ofertada por todo município e outra parte, que corresponde

principalmente ao elenco da Média Complexidade I, que se propões ser incorporado pela

Atenção Básica, poderia ser negociada mediante pactuações de referências nas regiões de

saúde. Vincular as ações básicas em saúde às ações cobertas pelo PAB e que, portanto,

todo município deve ofertar, pode levar à redução do escopo das ações básicas em saúde.

Por outro lado, as tentativas de ampliar as ações cobertas pelo PAB, buscando dar maior

resolutividade, correm o risco de não reconhecer os limites da realidade destes

municípios.

A suposição que se tem, é que o território adequado para que se busque suficiência destas

ações não é somente e necessariamente o município, mas também a região. Isto

108

dependerá de suas dimensões, condições de acesso a outras referências, população,

capacidade instalada, dentre outros fatores.

Cabe ressaltar que a proposta de incorporação do elenco da Média Complexidade I ao

conjunto dos procedimentos que passam a compor a Atenção Básica não pode significar,

como anteriormente, o desfinanciamento da Média Complexidade, significando portanto,

o aporte de recurso novo à área.

Adequação dos valores de pagamento de complementação

da Tabela de Procedimentos SIA/SUS na relação com os

prestadores privados

A discrepância entre os valores da Tabela de Procedimentos em relação aos

preços reais exercidos na compra de serviços do setor privado (terceirizações internas –

especialistas contratados para atender no interior do próprio sistema publico, ou

terceirizações externas – contratos com serviços privados) tem levado muitos gestores a

resistirem a assinar os Termos de Garantia de Acesso com seus demandantes, durante os

processos de Programação Pactuada e Integrada – PPI.

A portaria GM 1.606 de 11 de setembro de 2001, estabeleceu a proibição da utilização de

recursos federais para tais complementações. A revogação sumária de tal portaria foi

solicitada pelo CONASEMS, em reunião da CIT realizada no segundo semestre de 2003.

A mera suspensão da proibição não resolve definitivamente a questão, pelas possíveis

conseqüências indesejáveis, como a possibilidade de intervalos de valores de preços e

flagrante injustiça de tratamento entre os municípios (pelos volumes de recursos

diferenciados imobilizados nas complementações).

A prática até aqui verificada na PPI consiste na utilização dos valores da Tabela

de Procedimentos do SIA-SUS, ou na utilização de valores médios estaduais para os

subgrupos (como inserido no software SISPPI).

Informalmente, técnicos responsáveis pela condução dos processos de PPI nos

estados, bem como gestores municipais, relatam a utilização de estratégias diversas no

sentido de superar essas dificuldades, o mais comum consistindo na pactuarão de metas

superdimensionadas, com o compromisso informal de realização de um número inferior

109

de procedimentos, na proporção da defasagem tabela x preços reais exercidos. Outras

formas, ainda menos recomendáveis, como a utilização de “tabelas de conversão” no

momento do pagamento pelos gestores, quando um número real de procedimentos é

multiplicado por um fator previamente negociado com os prestadores para se alcançar os

patamares dos preços acordados.

Todas essas “estratégias” comprometem irremediavelmente a confiabilidade dos

bancos de dados, mascarando a realidade da produção dos serviços.

Embora a busca de alternativas de superação dessa questão tenha sido objeto de

reiteradas discussões no grupo técnico da PPI e na direção da SAS em momentos

anteriores, decidiu-se na época pela manutenção dos valores médios estaduais aplicados

de maneira uniforme para todos os municípios.

O SUS, através de seus diversos dispositivos institucionais e regulatórios, dentre

eles a Tabela de Procedimentos, configura no setor saúde brasileiro um peculiar padrão

de mercado administrado. As enormes variações de oferta dos serviços em pauta

condicionam uma ampla variabilidade dos preços exercidos nos contratos privados, que

vão desde os indicados nas tabelas do SUS (em situações de elevada oferta de serviços e

aguçada competição) até múltiplos diversos desses valores. Os valores da tabela têm

servido de inconteste mecanismo moderador dos apetites desses mercados.

A apropriação dos preços reais de complementação de procedimentos da Tabela

de Procedimentos exercidos pelos gestores municipais ou estaduais deve ser objeto de um

esforço de convencimento dos mesmos, no sentido do seu registro no SIA-SUS, que já

dispõe de mecanismo de entrada deste tipo de dado, preenchido apenas por parte dos

gestores que praticam as complementações. O conhecimento detalhado dos volumes de

recursos envolvidos na complementação da tabela permitirá a futura adoção de

mecanismos de custeio que equacionem a questão da complementação.

Os valores pagos ao setor privado poderiam ser objeto de adaptação às

especificidades das diversas conformações dos mercados de serviços de saúde, onde a

presença e a intervenção do setor público tem um forte poder regulador (intencional ou

não). Os valores de complementação da tabela deveriam ser limitados a um conjunto

restrito de procedimentos definido em cada região, em coerência com os diferenciais de

110

oferta e demanda, obrigando-se a sua legitimação em instâncias estaduais sob supervisão

do nível federal. O risco de acordos espúrios ou invasão dos interesses privados na

máquina pública devem ser vigorosamente inibidos, com a análise permanente destes

preços reais pagos ao setor público, e obrigatoriamente registrados nos sistemas de

informação nacionais (ressalte-se que no caso do SIA-SUS esta possibilidade já existe).

Os mecanismos de financiamento dos estabelecimentos

de saúde

A manutenção de um modelo de transferência de recursos aos hospitais públicos,

como àqueles de caráter privado não lucrativo (filantrópicos), baseado no pagamento por

procedimentos, ou contra faturamento mediante a apresentação de AIHs, parece ser, no

atual momento de consolidação do SUS, de toda maneira, pouco justificável.

O custeio das unidades deveria se basear em orçamentos discutidos com os

gestores municipais, estaduais e federal, compondo-se um mix de financiamento público

dessas unidades, explicitando-se as fontes municipais, estaduais e federais. Trata-se de

rica oportunidade de renegociação da inserção das unidades hospitalares na rede de

serviços local e regional, a redefinição da missão das instituições, a discussão dos

processos internos de trabalho, dos padrões e mecanismos de gestão de qualidade, das

metas de produção e produtividade dos profissionais, etc.

A organização posterior de sistemas de apropriação de custos seria mandatória,

demandando a elaboração e adoção de modelos homogêneos e comparáveis.

Assim propõe-se a superação da prática de financiamento dominante, com o

repasse de valores globais a estabelecimentos de saúde públicos e filantrópicos, mediante

a celebração de contrato de metas. Tais contratos devem explicitar claramente as metas a

serem atingidas, bem como os indicadores de processo e resultado a serem utilizados

como mecanismos de controle e avaliação. No caso de Unidades privadas, o modelo de

financiamento deveria permanecer inalterado, baseando-se no pagamento por produção,

tendo como referência a tabela de procedimentos.

As dificuldades operacionais antevistas para a realização dos “contratos globais”

com as unidades de saúde, que coroariam a reversão da lógica de financiamento de seu

111

custeio, pela enorme dimensão do empreendimento, sugerem a oportunidade da adoção

de uma estratégia incremental, iniciando-se por unidades consideradas críticas para a

conformação das redes de atenção, acumulando experiências e metodologias adequadas,

que possam, posteriormente, serem expandidas para o conjunto do sistema.

A iniciativa da mudança do modelo de financiamento dos pequenos hospitais, ou

como vinham sendo denominados, “unidades de apoio à atenção básica”, representaria

um passo significativo na experimentação destas modalidades inovadoras de

financiamento e integração com a rede de atenção.A experiência de hospitais

universitários e alguns hospitais públicos estaduais que possuem financiamento através

de contratos de metas ou TCEP, deverão ser analisadas com o objetivo de buscar

subsídios para uma proposta mais abrangente. Os potenciais efeitos negativos que podem

ser antevistos a esta modalidade de contratação das unidades de serviços, como a seleção

adversa de casos, o desestímulo à continuidade dos registros nos sistemas nacionais de

informação, entre outras, deverão ser previstos e controlados por dispositivos contratuais

específicos.

A participação do Controle Social

A NOAS 01/02 estabelece como requisito para a aprovação da PPI, que a

diretrizes, objetivos e prioridades da política estadual e os parâmetros de programação,

elaborados em observância à Agenda de Saúde e as metas estaduais, sejam aprovados

pelos Conselhos Estaduais de Saúde. Mas omite a necessidade de discussão e aprovação

por estes conselhos, o resultado a que se chegou através da consolidação das

programações municipais, que é a aplicação daqueles princípios e diretrizes aprovados

anteriormente.

De outro lado não apresenta nenhuma consideração sobre o papel dos Conselhos

Municipais de Saúde no que se refere ao processo de programação das ações e serviços de

saúde, no âmbito do território municipal. Talvez reconhecendo como tácita a fórmula

constitucional de atribuição destes conselhos de saúde em relação a “atuar na

formulação de estratégias e no controle da execução das políticas de saúde”.

112

A participação tímida do CNS e a não participação ativa dos Conselhos Estaduais

e Municipais de Saúde, contribuíram para a ausência do “olhar do usuário” no processo

de elaboração da proposta da PPI. Desta forma não se definiu claramente os mecanismos

de participação, principalmente dos Conselhos Municipais, no processo de definição das

prioridades locais, na elaboração e aprovação das diretrizes gerais e dos parâmetros

assistenciais, como também no processo de discussão e aprovação da PPI municipal.

Entende-se como de fundamental importância, a participação de fato, do

Conselho Municipal de Saúde em todo o processo de definição, discussão e aprovação da

PPI municipal. Como de resto também das pactuações regionais, não somente pelo fato

de que o CMS tem em sua estrutura a representação dos usuários do sistema, como

também porque somente desta forma, o conselho poderá efetivamente desenvolver uma

ação de controle e fiscalização das ações e serviços de saúde, tendo claro para si os

pressupostos, mecanismos e pactuações levadas a efeito.

No âmbito estadual, é necessário que o Conselho Estadual tenha o mesmo nível de

participação que é proposto para os conselhos municipais, rompendo com o caráter

homologatório, que assumiu sua participação até então.

No âmbito nacional a participação do Conselho Nacional de Saúde, deve abranger

todos os momentos de construção das propostas e dos pactos que serão objeto das esferas

de gestão, como integrante da estrutura do estado e responsável pelo formulação e

controle da execução das políticas de saúde.

VI. 3) A PPI e seus eixos orientadores

Tendo como referência os pressupostos gerais apresentados, acredita-se que a

redefinição da proposta de PPI deverá nortear-se por eixos que buscam superar as limitações

apresentadas pela atual proposta. Para tal propõem-se os seguintes eixos norteadores:

A centralidade da Atenção Básica como orientadora da programação das ações de média e alta

O modelo de atenção propugnado pelo Ministério da Saúde e amplamente adotado

pelos estados e municípios tem privilegiado nos últimos anos, a sua reconversão com

vistas à organização dos serviços de atenção básica, fortemente orientados para as ações

113

de promoção e prevenção em saúde, buscando-se romper com a hegemonia do cuidado

curativo centrado na atenção hospitalar. O Programa de Saúde da Família – PSF, bem

como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde- ACS, e outras estratégias de

vinculação de clientela tem representado importantes iniciativas nesse sentido.

As ações de saúde atualmente consideradas de “média complexidade” (que são

definidas por exclusão, espremidas entre o elenco de procedimentos considerados como

de atenção básica e aqueles definidos como de alta complexidade) são dispositivos

tecnológicos que deveriam ser considerados como apoio de apoio diagnóstico e

terapêutico ao pleno desenvolvimento e à qualificação dos serviços de atenção básica.

Outra questão a ser considerada na definição do escopo da “Média

Complexidade” refere-se ao seu caráter de tecnologias que necessitam escalas

econômicas mínimas para se justificarem. Dada a estrutura de portes populacionais dos

municípios brasileiros, marcada pela existência de uma grande maioria de pequenos

municípios, muitos equipamentos sanitários não demonstram viabilidade técnica e

econômica para serem distribuídos homogeneamente em todos eles, obrigando a sua

concentração em municípios maiores. As características sócio-demográficas de amplas

áreas do território nacional, com baixíssimas densidades demográficas, amplas extensões

territoriais, enormes distâncias entre os núcleos urbanos e rurais, precárias condições das

vias de transporte viário (que, às vezes, mesmo inexistem ou somente podem ser

utilizadas em determinados períodos do ano), obrigam a relativização do critério de

escala econômica para a instalação de equipamentos sanitários essenciais. Assim, as

políticas de investimento e, conseqüentemente aquelas de custeio, devem considerar as

especificidades regionais e microrregionais, sob pena da elaboração de desenhos de redes

de serviços e de níveis tecnológicos que perpetuam as desigualdades inter e intra-

regionais. A indução do desenvolvimento tecnológico de equipamentos adequados a essa

diversidade de níveis de escala econômica, deve ser um permanente desafio colocado ao

Sistema Único de Saúde. Por exemplo, interagindo com a indústria de equipamentos de

diagnóstico por imagem e laboratoriais, induzindo a concepção de alternativas

tecnológicas, que se tornem viáveis em situações onde os desenvolvimentos atuais

apresentam uma relação custo/efetividade desfavorável. O número de testes laboratoriais

114

por kit de reagentes, pode ser um caso exemplar. A ampla adoção de tecnologias de tele-

medicina e de educação à distância pode se configurar como alternativa eficaz, para

tornar determinadas tecnologias acessíveis em um grande número de municípios

brasileiros, hoje desprovidos de qualquer suporte diagnóstico ou terapêutico mais

sofisticado.

A relação dos serviços de atenção básica com os demais níveis de atenção deve

ser claramente definida. Nas demais experiências mundiais de programas vinculatórios,

as equipes de atenção básica (ou de atenção primária em saúde, terminologia que no

Brasil incorporou um viés pejorativo que a vinculou a uma “medicina pobre para os

pobres”) são as responsáveis preferenciais pela modulação da demanda aos demais níveis

tecnológicos – o papel de “gate keeper”, os guardiões da “porta de entrada” do sistema –

vide o modelo do Sistema Nacional de Saúde inglês.

Outra porta de entrada importante para o Sistema de Saúde são os serviços de

urgência e emergência, cujo atendimento permeia todos os níveis da assistência e tem o

papel de redirecionar a demanda para os programas vinculatórios da atenção básica. Em

nosso país, a independência relativa dos serviços de “média complexidade” tem longa

tradição, e seu fluxo de demanda é geralmente desorganizado, caracterizando-se por

frágeis mecanismos de regulação. Os interesses privados são também dominantes nessa

área da assistência, induzindo demandas e exercendo fortes pressões aos gestores no

sentido de se garantir patamares mínimos de demanda e preço. Muitas vezes esse quadro

se manifesta pelo excesso de consumo de determinados exames ou terapias, com elevado

nível de resultados negativos. No caso dos exames de ultra-sonografia, a situação é

flagrante, com a maioria das gestantes com pré-natal de evolução normal se submetendo a

exames desnecessários, enquanto aquelas gestantes de alto e médio risco, para as quais o

referido apoio diagnóstico tem indicação justificada, competem com as gestantes

normais, numa luta pela marcação em agendas extremamente saturadas.

O caso das consultas especializadas não foge a esta regra, organizando-se de

forma autônoma e pouco sensível às demandas oriundas da atenção básica, com um

pequeno estoque de pacientes saturando as agendas dos especialistas em recorrentes

115

retornos, sem a devolução programada às equipes básicas, responsáveis últimas pela

garantia da integralidade do cuidado, e únicas garantidoras da sua continuidade efetiva.

A ruptura desse pacto deletério à saúde dos coletivos somente poderá ser

viabilizada assumindo-se a centralidade dos programas vinculatórios (PSF ou outros),

para os quais todo o arsenal tecnológico e terapêutico deveria servir de estrutura de

suporte e retaguarda especializada.

A centralidade dos serviços de atenção básica implica no reconhecimento de seu

papel protagônico na organização do sistema de atenção à saúde, o que condiciona à

atribuição e organização de mecanismos organizacionais e materiais para que possam

garantir a longitudinalidade do cuidado. Integrar o atendimento de urgência e emergência

aos demais segmentos da rede assistencial é fundamental para a captação da demanda que

não está vinculada (às equipes de saúde) aos programas de atendimento a pacientes

crônicos, de forma a realizar seu acompanhamento sistemático.

No que se refere ao planejamento e programação da atenção, aceitando-se as

considerações anteriores como pressupostos válidos, deve-se partir das ações básicas de

saúde e das referentes à urgência e emergência para compor tanto o rol de ações de maior

complexidade tecnológica, estabelecendo os patamares mínimos de demanda orientada

pelos problemas e estratégias da atenção básica, não apenas na sua dimensão assistencial

como de promoção e prevenção (por exemplo, screenings por patologia, terapias em

grandes contingentes de população – como no caso da hipertensão e hipercolesterolemia,

etc.). A centralidade da Atenção básica como referência para a programação da média

complexidade deve-se refletir no formato das aberturas programáticas a serem utilizadas.

Do ponto de vista da lógica interna da PPI e dos aspectos operacionais da

programação, propõem-se a integração da Atenção Básica à média e alta complexidade,

através da redefinição/desenvolvimento de uma plataforma única e modular de

programação a partir do PROAB/SISPPI.

116

A abertura Programática

A atual abertura programática utilizada na PPI foi elaborada durante o ano 2000,

no bojo das discussões de formulação da proposta da PPI Assistencial, em coerência

estrita com as orientações das mudanças do marco normativo da descentralização, que

posteriormente resultou na NOAS. Deste processo resultou uma proposta caracterizada

pela agregação dos procedimentos de média complexidade da Tabela de Procedimentos do

SIA-SUS em três blocos ou elencos (M1, M2 e M3).

A construção dos subgrupos (agregações menores no interior dos elencos) foi

regida pela lógica de níveis de complexidade tecnológica, juntando procedimentos

passíveis de serem realizados por recursos humanos especializados, utilizando

equipamentos específicos, a partir de consultas a experts nas respectivas áreas. Há que se

registrar que para manter uma coerência com a tabela e permitir estudos a partir das bases

de dados de produção dos sistemas de informações do DATASUS, os subgrupos criados

se encaixavam nos grupos de procedimentos da tabela.

No caso da alta complexidade, optou-se pela utilização dos grupos de

procedimentos da tabela, sem alterações. A abertura programática para as internações

hospitalares foi definida utilizando-se as especialidades clínicas disponíveis no TABNET

do DATASUS, para que se permitisse e facilitasse o levantamento de dados

suplementares por parte dos estados e municípios. Os procedimentos ou subgrupos que

já eram, ou passaram a ser financiados pelo Fundo de Ações Estratégicas e de

Compensação – FAEC, não foram objeto de programação na PPI, por terem tratamento

diferenciado pela SAS, não integrando os limites financeiros estaduais, o que permitia a

referida compensação entre os diversos incentivos ou componentes. A necessidade

de revisão da abertura programática da PPI foi sendo percebida desde o início da efetiva

implementação da proposta pelos estados, quando foram detectados diversos problemas

na sua estrutura:

⇒ Excesso de subgrupos em alguns elencos (principalmente no M2 e M3);

⇒ Existência de procedimentos pouco ou nunca utilizados na tabela, o que suscitou

dúvidas nos técnicos dos estados e municípios, no momento da programação, quando

117

se subentendia que o município deveria realizar a totalidade dos procedimentos do

subgrupo;

⇒ Questionamentos quanto ao nível de complexidade de determinados subgrupos, na

medida em que municípios classificados como satélites nos PDRs demonstravam

capacidade de executar alguns procedimentos dos elencos M2 e M3;

⇒ Fragilidade dos parâmetros para programação da assistência

Alguns determinantes devem ser considerados para a definição de uma nova

abertura programática da PPI, na medida em que ela deve ser coerente com as regras

atuais de financiamento do SUS ou com aquelas que possam ser negociadas e instituídas

em curto prazo. Deve-se reconhecer também a diversidade do conjunto de sistemas

municipais brasileiros, os níveis de complexidade tecnológica e inserção na rede de

serviços.

Na ausência de tipologias de serviços que permitam a classificação por grau de

complexidade e estudos de custo, o que deve ser perseguido no médio prazo,

aproximações ao custeio dos serviços devem ser intentadas e a abertura programática da

PPI precisa refletir esta intencionalidade.

A proposta de aberturas programáticas para programação da assistência deve conter

preocupações quanto à ruptura da “lógica de produção”, mas ao mesmo tempo não pode

desconsiderar que a lógica de financiamento do SUS hoje está pautada na tabela de

procedimentos e que ela gera o maior sistema de informações em saúde do país. Portanto,

a proposta deve ter como referência a tabela possibilitando levantamentos de informações

de série histórica de produção e capacidade instalada de equipamentos, de forma a

propiciar a construção de parâmetros assistenciais.

É evidente que parâmetros assistenciais baseados unicamente em séries históricas

de produção podem simplesmente reproduzir os desvios já existentes no sistema, porém,

não se pode cair no equívoco de desprezá-los. Para possibilitar que se tenha outra fonte de

parâmetros que signifique um avanço, são necessários determinados ajustes nas aberturas

programáticas, que permitam a incorporação de parâmetros recomendados por instituições

de notório saber em determinadas áreas de conhecimento. As aberturas pelos sub grupos

da tabela de procedimentos têm dificultado tal contribuição.

118

A incorporação da totalidade das ações realizadas no âmbito do sistema único de

saúde é fundamental para que a programação reflita a realidade dos serviços. Assim torna-

se imprescindível que se programe a atenção básica, de forma integrada à média e alta

complexidade, bem como as ações financiadas pelo Fundo de Ações Estratégicas e

Compensação (FAEC). As formas de financiamento do sistema devem ser consideradas

como atributo, não sendo critério para exclusão de ações a serem programadas.

É desnecessário afirmar que qualquer tentativa nesse sentido passa pela avaliação dos

gestores dos três níveis, podendo sofrer alterações, refletindo o processo de debate e de

pactuação. Desta forma, assume um caráter necessariamente incremental em sua

construção e abdica de um critério único em sua lógica interna.

A abertura programática devem respeitar as prioridades definidas e pactuadas pelos

gestores do SUS. Estas prioridades se traduzem em ações de saúde estruturadas de forma a

buscar a garantia da integralidade, baseando-se nas formas de organização do sistema e

respeitando as definições das regiões de saúde.Desta forma, partimos das áreas prioritárias

da atenção básica e da urgência e emergência para orientar a programação da assistência.

Para possibilitar estes princípios norteadores é necessário que a programação, partindo

destas áreas prioritárias, seja organizada por campos de atenção e blocos de ações,

agrupados de acordo com suas especificidades, tais como a necessidade de atividades

profissionais e agregados tecnológicos. A intenção é de que esta metodologia, através de

aberturas programáticas que levem em consideração a forma de organização longitudinal

dos serviços, se constitua como importante instrumento de fortalecimento da gestão do

SUS.

Entende-se por campos de atenção um conjunto de ações de saúde, agrupadas de acordo

com sua especificidade tecnológica e área de conhecimento. As aberturas programáticas

devem conter os principais campos de atenção à saúde. Estes estão estreitamente

vinculados às especialidades médicas (à medida que são construídas com base em áreas de

conhecimento) e também às áreas prioritárias, que refletem as políticas de governo já

normatizadas pelo Ministério da Saúde. Os campos de atenção levam em consideração

também o critério da complexidade dos serviços. Assim, ao programar uma ação de alta

complexidade (Ex. TRS), esta deve ser coerente com uma linha de atenção que inclua a

119

programação desde a entrada do usuário no sistema, seu diagnóstico e tratamento, em

todos os níveis de complexidade.

Para garantir esta característica é necessário que os campos de atenção sejam

permeados por blocos de ações, agrupados de acordo com suas especificidades, tais como

a necessidade de atividades profissionais e agregados tecnológicos. A intenção é de que

esta metodologia, através de aberturas programáticas que levem em consideração a forma

de organização dos serviços, se constitua como importante instrumento de fortalecimento

da gestão do SUS.

Assim, propõem-se como agrupamentos os seguintes campos de atenção:

Consultas médicas;

exames diagnósticos ambulatoriais;

terapias ambulatoriais;

medicamentos;

internações de urgência e emergência;

internações eletivas.

Desta maneira trabalha-se com 28 campos de atenção, organizados de acordo com os

ciclos de vida (criança/adulto/idoso). Na medida em que muitos municípios não dispõem,

ou mesmo não têm população suficiente para justificar a instalação de diversos tipos de

serviços, os campos de atenção comporão com os níveis de complexidade dos serviços,

correspondentes ao desenho territorial definido nos planos diretores de regionalização,

uma matriz que será a estrutura básica para alocação de recursos.

Cada campo de atenção pode ser subdividido em blocos de atenção em saúde, de

acordo com as especialidades médicas e as especificidades de seu processo de trabalho.

A existência ou não dos serviços respectivos será uma condição para a alocação dos

recursos em municípios, microrregiões ou regiões, sob pena de imobilizar recursos

orçamentários em locais onde não existe manifesta capacidade de funcionamento dos

serviços. Para isto, é fundamental a utilização do Cadastro Nacional de Estabelecimentos

de Saúde – CNES, para a apuração da real capacidade instalada existente.

O processo de programação e as relações intergestoras

120

As etapas atuais do processo de programação desenvolvidas nos estados

pressupõem um primeiro momento de discussão das suas diretrizes, proposta de

macroalocação dos recursos federais e a definição de um rol de parâmentros assistenciais,

que nortearão as PPI’s ditas municipais e as referências intermunicipais. Estas macro-

proposições são consensadas na Comissão Intergestores Bipartite – CIB. Pressupõe-se

que ao serem definidas as diretrizes, alocação dos recursos financeiros federais e os

parâmetros, foi levado em conta, o conjunto de problemas/necessidades da população no

nível do território estadual e delimitadas as prioridades a serem enfrentadas.

Este mesmo movimento deveria ser feito pelos municípios, fazendo-se uma

tradução do que se estabeleceu como necessidade/prioridade estadual para o espaço

territorial local, com implicações na definição de prioridades municipais, adequação da

alocação de recursos e adequação de parâmetros. Em um terceiro momento dever-se-ia, a

partir da programação municipal, da identificação das possibilidades locais, ser realizada

a programação/pactuação regional levando-se em conta os mesmos movimentos das

programações anteriores.

Este processo, como já foi analisado anteriormente, não se deu em suas

potencialidades, ficando o município a mercê de definições supramunicipais e por isto

mesmo, impossibilitado de realizar a programação tendo em vista seus problemas locais e

ou regionais. Isto porque entende-se o espaço regional, como espaço intermunicipal.

Para a superação destes limites da proposta anterior, propõe-se a redefinição das

etapas, que são apresentadas a seguir.

Etapa Estadual

O gestor estadual, em conjunto com os gestores municipais, define a partir do fórum

inter-gestores Bipartite-CIB e da discussão/deliberação do Conselho Estadual de Saúde-

CES:

⇒ a agenda de necessidades/prioridades no estado, a serem contempladas pela PPI;

⇒ as diretrizes gerais, a serem referência para o processo de programação no estado;

121

⇒ o formato/desenho da proposta de regionalização, referência para constituição das

Redes Regionalizadas;

⇒ a macro-alocação dos recursos financeiros federais e estaduais (e não somente, os

recurso financeiros federais);

⇒ o rol de parâmetros estaduais e os valores médios dos blocos definidos na abertura

programática, que subsidiarão as PPIs municipais;

⇒ o cronograma e o formato da assessoria que será oferecida aos municípios.

Etapa Municipal

Nesta etapa o gestor municipal define, em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde:

⇒ a agenda de prioridades no município, a serem contempladas pela PPI;

⇒ as diretrizes da programação municipal;

⇒ a macro-alocação municipal dos recursos financeiros federais, estaduais e municipais;

⇒ o rol de parâmetros municipais e os valores médios dos blocos definidos na abertura

programática, de referência para a PPI;

⇒ a programação pactuada, para a população própria, com a conseqüente distribuição

das ações programadas por estabelecimento de saúde, a definição dos montantes

globais a serem alocados em cada unidade, suas metas e indicadores de

monitoramento (processo e resultado), que serão objeto dos termos dos Contratos de

Metas. No caso de municípios pólo, que receberão referências de outros municípios,

os montantes globais por estabelecimentos serão definidos após a etapa regional de

programação. Deverá ser objeto da programação, ainda nesta fase, a definição do

conjunto de ações assistenciais, que deverão ser pactuadas com as Redes Regionais

(intermunicipal e interestadual).

Etapa regional (Inter-municipal e intra/inter estadual)

Os gestores municipais, cujos municípios integraram as Regiões de Saúde, em ação

mediada pelo gestor estadual, avaliam as necessidades e as capacidades regionais,

discutem e pactuam entre si as referências a serem encaminhadas e os recursos a serem

transferidos para ressarcir as ações pactuadas, bem como os mecanismos de

122

monitoramento, regulação e avaliação do processo assistencial a serem utilizados . Os

municípios alocam as referências recebidas nos estabelecimentos de saúde, partindo para

o processo de contratualização.

Etapa de consolidação da PPI estadual

Os gestores estaduais consolidam as PPIs municipais, compondo o quadro da PPI

estadual. Serão identificados os limites financeiros municipais, compostos pelos valores

relativos à assistência da população própria e os relativos à assistência referenciada. Esta

consolidação deverá ser objeto de decisão da CIB e do CES, dando publicidade em órgão

oficial no estado e, posteriormente, encaminhando ao Ministério da Saúde para publicação

e início de vigência.

123

Anexos

ANEXO I

Roteiro de elaboração da Programação Pactuada e Integrada –

PPI

A proposta de roteiro de elaboração da Programação Pactuada e Integrada, foi

desenvolvida para facilitar o trabalhos de estados e municípios. O roteiro foi elaborado

pela Coordenação da PPI:

1) Discussão e pactuação na CIB:

⇒ aprovação da Agenda Estadual de Saúde; aprovação do Plano Diretor de

Regionalização, com a explicitação da divisão territorial do estado em regiões,

microrregiões e módulos assistenciais, em coerência com o disposto na NOAS;

⇒ constituição de equipes bipartites para a coordenação técnica do processo de PPI no

estado e a discussão do documento “Organização e Programação da Assistência:

subsídios para a programação da assistência ambulatorial e hospitalar;

⇒ aprovação de um documento orientador, contendo os princípios, diretrizes e objetivos

estaduais para a PPI da Assistência e cronograma de implementação das

ações/atividades necessárias; aprovação de proposta de critérios e parâmetros

assistenciais a serem utilizados para os diversos blocos de serviços (atenção básica,

média e alta complexidade ambulatorial; atenção hospitalar geral e de alta

complexidade);

⇒ elaboração/aprovação e disponibilização dos instrumentos de programação a serem

utilizados pelos municípios ou adoção/adaptação do SIS PPI; e a realização de

Oficinas de Trabalho nas regiões do estado para apresentação do documento estadual

contendo orientações para o processo de programação da assistência.

2) Discussão no Conselho Estadual de Saúde:

124

⇒ aprovação das propostas do Plano Estadual e Municipal de Saúde, Agenda Estadual

de Saúde, do Plano Diretor de Regionalização – PDR e das diretrizes, dos critérios e

parâmetros assistenciais a serem utilizados na PPI.

3) Atividades de coordenação da Secretaria de Estado de Saúde

(SES):

⇒ coordenação da elaboração da Agenda de Saúde e Quadro de Metas Estaduais;

⇒ coordenação da elaboração da síntese dos critérios e parâmetros utilizados no

processo de programação;

⇒ coordenação da elaboração das diretrizes e parâmetros para orientação da PPI;

⇒ elaboração de relatório contendo a capacidade instalada e possibilidades de oferta de

ações e serviços de saúde de cada município como subsídio ao processo de pactuação

microrregional, que deverá se dar em quantas reuniões se julgar necessário;

⇒ organização e coordenação de reuniões microrregionais para uma primeira rodada de

reconhecimento das possibilidades assistenciais do módulo assistencial ou

microrregião e se possível, iniciar a pactuação de metas de referência entre os

municípios;

⇒ acompanhamento e apoio dos municípios no processo de pactuação;

Encerrado o processo de pactuação, elaborar relatório contendo a memória das referências

em metas físicas e financeiras pactuadas com assinatura dos gestores envolvidos, para

compor o Termo de Compromisso para Garantia de Acesso.

⇒ coordenação o processo de pactuação intermunicipal e a assinatura dos Termos de

Compromisso para Garantia de Acesso entre o estado e os gestores dos municípios

pólo microrregional e sedes de módulo assistencial;

⇒ estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, avaliação e regulação dos

fluxos de encaminhamentos, verificando o cumprimento de metas e compromissos

assumidos pelos municípios;

⇒ apresentação de proposições de referências assistenciais de média e alta complexidade

e pactuação com outros estados;

125

⇒ envio a CIB para decisão final do Quadro de Metas Estadual, consolidando os

Quadros de Metas Municipais para o período;

⇒ envio a CIB para decisão final e publicação no Diário Oficial do Estado dos valores

dos Limites Financeiros Municipais para a Assistência, destacando as parcelas de

recursos correspondentes à assistência à saúde da população própria, às referências

intermunicipais e, quando presente, a parcela de recursos estaduais para a assistência;

⇒ elaboração de documento contendo a definição da periodicidade para a revisão dos

limites financeiros municipais publicados assim como a metodologia e mecanismos

de remanejamento de metas e limites orçamentários entre os municípios;

⇒ envio à Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, de acordo

com a Portaria GM nº 483 de 6 de abril de 2001, para análise, discussão e aprovação

na CIT da Agenda Estadual de Saúde e Quadro de Metas Estadual; de cópia da

publicação no Diário Oficial do Estado dos limites de recursos federais previstos para

o financiamento da assistência em todos os municípios, aprovados na CIB,

independente do tipo de habilitação municipal e da forma vigente de repasse dos

recursos; de documento explicitando o Limite Financeiro da Assistência deverá

explicitar, em cada município, o total de recursos federais previsto para as ações e

serviços prestados em seu território e desdobrado em dois componentes, a saber: a

parcela de recursos que corresponde à assistência à saúde da própria população e a

parcela que corresponde às referências intermunicipais, definidas após a negociação e

pactuação formal entre os gestores municipais; da síntese da programação dos

recursos financeiros estaduais destinados ao SUS, segundo a abertura programática

definida no Artigo 3º da referida Portaria, detalhando, de acordo com as aberturas

orçamentárias e/ou programáticas adotadas pelo estado, os recursos destinados às

ações e serviços de assistência à saúde aprovados no CES; de documento, aprovado

na CIB, contendo a definição da periodicidade para a revisão dos limites financeiros

municipais publicados; e do Quadro Síntese dos critérios e parâmetros de distribuição

de recursos adotados para a elaboração da PPI.

126

4) Atividades a serem desenvolvidas pelas Secretarias

Municipais de Saúde (SMS):

⇒ proposição da Agenda Municipal de Saúde e do respectivo Quadro de Metas.

⇒ apresentação em reunião microrregional ou do módulo assistencial, do levantamento

inicial elaborado (em metas físicas e financeiras) de sua capacidade instalada já em

operação e a capacidade potencial (com base no cadastro de estabelecimentos e de

profissionais) e de suas necessidades levando em conta os parâmetros acordados na

CIB, aprovados no Conselho Estadual de Saúde e adaptados à possibilidade/realidade

local;

⇒ elaboração de proposta de programação municipal contendo a proposta de metas

físicas e financeiras de cada município;

⇒ envio da proposta de programação à SES para a consolidação da PPI estadual;

⇒ acerto das metas físicas e financeiras a serem referenciadas entre os municípios do

módulo/ microrregião/ região, em uma segunda Oficina de Trabalho (ou resolução

específica de casos ou conflitos pendentes)

⇒ Assinatura dos Termos de Compromisso para Garantia de Acesso entre o estado e os

gestores dos municípios pólo microrregional e sedes de módulo assistencial.

127

ANEXO IIRoteiro de questões a serem respondidas por estados e

municípios em relação aos recursos estaduais e municipais

alocados para as ações e serviços de saúde

Os estados deveriam responder o seguinte conjunto de questões:

⇒ Nos termos da Emenda Constitucional nº 29, qual o valor e que percentual representa

o total das receitas tributárias líquidas do estado que foi orçado para as ações e

serviços de saúde para o ano 2001?

⇒ Quais as prioridades definidas para a aplicação dos recursos estaduais em ações e

serviços de saúde para o ano 2001?

⇒ Quais as prioridades definidas para a aplicação dos recursos estaduais na assistência à

saúde para o ano 2001?

⇒ Que abertura ou estrutura o estado utiliza para a programação global dos recursos

destinados ao custeio das ações e serviços de saúde, em sua totalidade?

⇒ Descreva as “áreas programáticas” utilizadas rotineiramente pelo estado para a

programação de seus recursos próprios destinados às ações e serviços de saúde e

detalhe os programas, projetos, ou outras categorias mais gerais nas quais essas “áreas

programáticas” são desagregadas.

⇒ Que abertura ou estrutura o estado utiliza para a programação dos recursos destinados

ao custeio da assistência à saúde?

⇒ Descreva as “áreas programáticas” utilizadas rotineiramente pelo estado para a

programação de seus recursos próprios destinados à assistência e detalhe os

programas, projetos ou outras categorias mais gerais nas quais essas “áreas

programáticas” são desagregadas.

⇒ O estado conta com programação dos recursos elaborada de forma a permitir a

separação dos programas e projetos relacionados ao custeio da assistência

ambulatorial e hospitalar? Em caso afirmativo, descrever as aberturas utilizadas e os

respectivos recursos. Em caso negativo, recomenda-se que seja realizada uma

estimativa, a partir de algum critério estabelecido, do volume global dos recursos para

a assistência hospitalar e ambulatorial.

128

⇒ O estado conta com abertura programática ou orçamentária que separa os recursos

próprios estaduais destinados ao custeio da assistência por tipo de rede, seja por nível

de complexidade, natureza jurídica, ou outro critério? Em caso afirmativo, descreva a

abertura utilizada e a alocação de recursos programada para 2001.

⇒ As estruturas descritas anteriormente servem ao detalhamento da alocação dos

recursos de investimento? Em caso afirmativo, descrever a alocação utilizando as

aberturas usualmente utilizadas pelo estado.

⇒ É possível desagregar os gastos estimados para 2001 com pessoal administrativo de

nível central e regional do pessoal lotado em unidades assistenciais? Em caso

afirmativo, descrever a alocação de recursos com pessoal pelas aberturas possíveis.

⇒ Existe incentivo estadual para a área de Atenção Básica? Em caso afirmativo,

descreva o tipo de incentivo, os critérios de cálculo e formas de transferência, bem

como os valores transferidos.

⇒ O estado complementa com recursos próprios a tabela do SUS? Em que tipo de

ações/procedimentos?

⇒ Existe algum tipo de incentivo de custeio com recursos estaduais alocado em

assistência de média e alta complexidade? Em caso afirmativo, descreva as

modalidades de incentivo existentes, seus critérios e mecanismos de cálculo, formas

de transferência, bem como os valores transferidos.

⇒ Existe mecanismo que permite a transferência de recursos próprios do estado

destinados à assistência para os municípios? Descreva os mecanismos e formas de

transferência existentes.

Os municípios deveriam informar os seguintes aspectos:

⇒ Percentual destinado à saúde das receitas tributárias líquidas em 2001;

⇒ Valor total das transferências federais para a saúde;

⇒ Valor total das transferências do Fundo de Participação dos municípios efetuadas em

2000;

⇒ Relação transferências para a saúde/Fundo de Participação dos municípios.

129

ANEXO III

Itens de pauta do CNS

COFIN/CNS

1. Apresentação e discussão do Relatório da Comissão de Orçamento e Financiamento

da COFIN para 2001 e apreciação da execução do orçamento do MS e União/2000

2. Apresentação e discussão de relatório da COFIN e do processo de implementação da

Emenda Constitucional Nº 29

3. Apresentação e discussão do relato da COFIN/CNS

4. Apresentação e discussão do relato da COFIN/CNS

5. Apresentação e discussão do relatório da COFIN sobre a implementação da E.C. Nº

29

6. Apresentação do documento “Análise da COFIN sobre a dotação orçamentária do

MS, sob a ótica da EC Nº 29 – Divergência de valores entre a posição dos Ministérios

da Fazenda e do Planejamento e do CNS”

7. Apresentação e discussão do relatório da Reunião da COFIN

8. Discussão e aprovação do Relatório da COFIN sobre a implementação da E.C. Nº 29

9. Discussão do Relatório da COFIN sobre a implementação da E.C. Nº 29

10. Apresentação, discussão e aprovação do relatório da COFIN

11. Apresentação e discussão dos relatórios da COFIN e da execução orçamentária e

financeira da União, da Seguridade Social e do MS em 2001

12. Apresentação, discussão e aprovação do Relatório da Reunião da COFIN/CNS

13. Apresentação, discussão e aprovação de propostas elaboradas a partir da súmula dos

Relatórios da Reunião Extraordinária e da Reunião Ordinária da COFIN

14. Apresentação, discussão e aprovação do Relatório da COFIN e de proposições nele

contidas

15. Apresentação e discussão do Relatório da reunião e de propostas da COFIN

16. Apresentação, discussão e aprovação do relatório e sugestões da COFIN e da proposta

de convocação de Reunião Extraordinária para discussão do orçamento do MS para

130

2002, do cumprimento da E.C. Nº 29 e desdobramentos do Veto Presidencial ao § 3º

do Art. 57 da LDO/2003, do Parecer da CONJUR 961/2002 e do Tríplice

Contingenciamento

17. Apresentação, discussão e aprovação do relatório da COFIN

CIT

1. Apresentação e discussão do Resumo Executivo da Reunião Ordinária da Tripartite

2. Relato da CIT

3. Relato de Reunião da CIT

4. Apresentação e discussão do relato da Comissão Intergestores Tripartite

5. Apresentação e discussão do Resumo Executivo da Reunião Ordinária da CIT

6. Apresentação e discussão do relato da Reunião da CIT

7. Discussão sobre a avaliação da NOB-96 e da NOAS no âmbito da CIT

8. Apresentação do Relato da CIT sobre a implementação da NOAS e avaliação da

evolução dos municípios em GPSM, por parte do Sr. Renilson Rehem

9. Apresentação e discussão da CIT, por parte da Dra. Maria Helena Brandão, Diretora

do Departamento de Descentralização da SAS

10. Apresentação e discussão do relato e de propostas da CIT

11. Apresentação e discussão da súmula da 7ª Reunião Ordinária da CIT, por parte da Sr.ª

Deildes Prado, Coordenadora da Secretaria Técnica da CIT

12. Apresentação e discussão do relatório da CIT, por parte do Sr. Joellynton Medeiros

Santos, Assessor do CONASEMS

13. Relato da súmula da 8ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite, por

parte da Srª Deildes Prado, Secretária Executiva da CIT

14. Discussão sobre a institucionalização da CIT

AVALIAÇÃO/DESEMPENHO DO SUS

1. Apresentação da atuação da Secretaria de Investimentos e Gestão do MS quanto à

implementação do Cartão SUS, por parte do Dr. Gabriel Ferrato, Secretário de

Investimentos e Gestão do MS e Diretor do REFORSUS

131

2. Apresentação das diretrizes estratégicas para orçamentação e execução orçamentária

da direção do SUS, no período de 2002 a 2004

3. Discussão sobre diretrizes e estratégias para a alocação de recursos, sustentabilidade

do SUS, acompanhamento da execução orçamentária nos 3 níveis da direção única do

SUS e os modelos de gestão orçamentária e financeira e de atenção à saúde

4. Discussão sobre diretrizes e estratégias para a alocação de recursos, sustentabilidade

do SUS, acompanhamento da execução orçamentária nos 3 níveis da direção única do

SUS e os modelos de gestão orçamentária e financeira e de atenção à saúde

5. Apresentação e discussão dos relatos iniciais dos GTs “Avaliação do Desempenho do

CNS” e “Avaliação do Desenvolvimento do SUS”

6. Apresentação, discussão e aprovação da versão preliminar do documento “O

Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde: Avanços, Desafios e Reafirmação de

Rumos”

7. Discussão sobre o acompanhamento do orçamento e execução orçamentária no SUS

8. Apresentação, discussão e aprovação dos relatórios dos GTs “Eixos Estratégicos para

o Desempenho do CNS” e “Acompanhamento do Desenvolvimento do SUS”

9. Apresentação, discussão e aprovação do relatório final do GT “Parâmetros

Assistenciais do SUS”, em substituição a Portaria Nº 3046/82

10. Apresentação e discussão dos relatórios parciais dos GTs “eixos Estratégicos para o

CNS” e “Acompanhamento do Desenvolvimento do SUS”

11. Apresentação e discussão do relato do GT para avaliação do desempenho do SUS

12. Apresentação, discussão e aprovação da versão preliminar do documento “O

Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde: Avanços, Desafios e Reafirmação de

Rumos”, por parte do conselheiro Sérgio Francisco Piola, coordenador do GT

“Desenvolvimento do SUS”

PLENÁRIAS NACIONAIS DOS CONSELHOS DE SAÚDE

1. Apresentação e discussão do relato da reunião da Coordenação da XI Plenária

Nacional de Conselhos de Saúde

2. Discussão da proposta de diretrizes para a Plenária Nacional de Conselhos de Saúde

132

3. Apresentação e discussão do documento “Diretrizes para Plenária Nacional de

Conselhos de Saúde – Proposta Preliminar”, elaborado por GT do CNS

4. Apresentação e discussão do documento “Diretrizes para Plenária Nacional de

Conselhos de Saúde – Proposta Preliminar”, elaborado por GT do CNS

5. Apresentação, discussão e proposta de Redação final de trecho pendente na proposta

de diretrizes para a Plenária Nacional de Conselhos de Saúde

6. Apresentação, discussão e aprovação de proposta da Comissão Organizadora da

Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde

7. Apresentação e discussão do relatório final da X Plenária Nacional de Saúde

8. Apresentação, discussão e aprovação do relatório do GT sobre a Plenária Nacional de

Conselhos de Saúde e de grupo de conselheiros componentes da Coordenação

Nacional da Plenária Nacional dos Conselhos de Saúde

9. Apresentação, discussão e aprovação de deliberação pendente sobre o Relatório da

Coordenação da Plenária Nacional de Conselhos

10. Apresentação e discussão do relato preliminar dos resultados da XI Plenária Nacional

de Conselhos de Saúde

ATIVIDADES DA CONEP/CNS

1. Relatório das atividades da CONEP em 2000

2. Apresentação e discussão do regimento interno e do processo de renovação dos

membros da CONEP/CNS

3. Discussão sobre o processo eleitoral de renovação da CONEP

4. Discussão sobre prestação de contas e renovação da CONEP

5. Apresentação, discussão e aprovação da Redação Final da Regulamentação da

Resolução CNS Nº 292 da CONEP

CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

1. Apresentação e observações sobre a versão preliminar do Relatório da XI Conferência

Nacional de Saúde

133

2. Apresentação e discussão de propostas sobre a avaliação da organização e realização

da XI Conferência Nacional de Saúde, por parte da Dr.ª Rita Barata

3. Apresentação e discussão do Relatório Final da XI Conferência Nacional de Saúde

sobre a organização da Conferência Nacional de Vigilância Sanitária, por parte da

Dr.ª Ana Figueiredo, representante da ANVISA

CES DO PARÁ

1. Relato do GT sobre a situação do CES do Pará

2. Apresentação e discussão de relatório do GT sobre a situação do CES do Pará

3. Discussão sobre a posição final do CNS frente à situação do CES do Pará

AGENDA BÁSICA DO CNS

1. Proposta de método para elaboração da agenda básica/CNS/2001 através da

instituição de GT

2. Proposta de método para elaboração da agenda básica/CNS/2001 através da

instituição de GT

3. Apresentação e discussão da proposta de agenda básica do CNS 2001

4. Discussão sobre a avaliação do desempenho do CNS e suas ações quanto à

pertinência, relevância, oportunidade e efetividade, tendo como referencial:

cumprimento das proposições da XI Conferência Nacional de Saúde, cumprimento da

agenda básica para 2002 e parâmetros para uma avaliação do SUS (subsídio da CCG)

RESOLUÇÃO Nº 33/92

1. Discussão sobre a atualização da Resolução Nº 33/92, com proposta preliminar para a

sua discussão nos CES e CMS

2. Apresentação e discussão da proposta de revisão da Resolução Nº 33/92

3. Apresentação e discussão da Minuta de revisão da Resolução Nº 33/92, com diretrizes

para criação, estruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde

4. Discussão e aprovação da proposta de revisão da Resolução CNS Nº 33/92 e

adiamento da discussão sobre o regimento Interno do CNS

134

5. Apresentação e discussão da metodologia de trabalho do GT de Revisão da Resolução

CNS Nº 33/92 e de Proposta de Redação da mesma

6. Apresentação e discussão sobre a atualização da Resolução Nº 33/92, a partir das

contribuições dos CES e CMS, do GT que analisa a situação do CES do Pará e da XI

Conferência Nacional de Saúde

FUNASA

1. Discussão sobre os investimentos da FUNASA-MS em saneamento no ano 2001

2. Apresentação e discussão da ação 2.4 da FUNASA, intitulada “Estruturação das

Atividades de Educação em Saúde no Âmbito do SUS”, por parte da Dr.ª Márcia

Turcato, representante da FUNASA

3. Apresentação e discussão do histórico da FUNASA, por parte do Sr. George

Torminn, Vice-Presidente da FUNASA, e aprovação da proposta de instituição de GT

para estudo do Projeto de Lei que propõe a criação da Agência Federal de Prevenção e

Controle das Doenças-APEC

4. Relato e propostas da CISAMA/CNS a respeito da questão do atendimento dos

critérios epidemiológicos definidos na Portaria 176 de 28/03/2000, da FUNASA/MS

5. Relato e propostas da CISAMA/CNS a respeito da questão do atendimento dos

critérios epidemiológicos definidos na Portaria 176 de 28/03/2000, da FUNASA/MS

ALTERAÇÃO DOS PARÂMETROS ASSISTENCIAIS DA SAS

1. Discussão da Proposta de Alteração dos Parâmetros Assistenciais da SAS/MS,

elaborada pelo CNS

2. Discussão da Proposta de Alteração dos Parâmetros Assistenciais da SAS/MS,

elaborada pelo CNS

3. Apresentação e discussão da proposta de diretrizes do CNS para parâmetros

assistenciais (Atualização)

4. Apresentação, discussão e aprovação da proposta de instituição dos GTs do Projeto de

Lei da APEC e dos Parâmetros Assistenciais

5. Apresentação, discussão e aprovação das Portarias SAS/MS Nºs 251/02 e 77/02

135

CIAN

1. Apresentação e discussão do relatório da CIAN sobre o Projeto Bolsa-Alimentação e

outros temas de Alimentação e Nutrição

2. Convite aos conselheiros discussão da CIAN sobre o Projeto Bolsa-Alimentação

3. Discussão sobre a posição final do CNS sobre o Projeto Bolsa-Alimentação

4. Apresentação e discussão do relato da CIAN sobre o acompanhamento do Projeto

Bolsa-Alimentação

5. Apresentação e discussão de relatórios do CIAN sobre o Seminário Nacional de

Segurança Alimentar

QUESTÕES REGIMENTAIS DO CNS

1. Apresentação, discussão e aprovação de proposta de constituição de grupo de trabalho

para revisão do regimento interno

2. Apresentação, discussão e aprovação de proposta de efetivação dos artigos 11 e 12 do

regimento interno, através de grupo de conselheiros escolhidos para, em rodízio,

coordenarem as reuniões do Plenário do CNS

3. Discussão sobre a adequação das Comissões e GTs ao regimento interno do CNS

4. Discussão sobre o relato final da proposta de disciplinamento da estrutura e

funcionamento das comissões e GTs do CNS (a deliberação final não consta na

transcrição)

5. Apresentação e discussão do Relatório e de proposições do GT “Eixos Estratégicos

para o Desempenho do CNS”, destacando os resultados do levantamento aprofundado

as Atas do CNS de 2000

6. Apresentação e discussão da Proposta do GT de Avaliação de Desempenho e

Planejamento do CNS

7. Apresentação e discussão do relato parcial do GT para formulação de eixos

estratégicos para atuação do CNS (a partir da avaliação de desempenho do CNS)

136

CONFERÊNCIA DE POLÍTICA DE MEDICAMENTOS E ASSISTÊNCIA

FARMACÊUTICA

1. Apresentação, discussão e adiamento da proposta de Regimento Interno da

Conferência Nacional de Medicamento e Assistência Farmacêutica

2. Mesa Redonda sobre Política Nacional de Medicamentos e de Assistência

Farmacêutica

3. Discussão sobre a organização da Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica

e de Política de Medicamentos

4. Apresentação e discussão do relato da Mesa-Redonda sobre “Política Nacional de

Medicamentos e de Assistência Farmacêutica”

5. Apresentação e discussão dos resultados da negociação com o MS sobre a

organização e realização da I Conferência Nacional de Política de Medicamentos e de

Assistência Farmacêutica

6. Apresentação e discussão dos resultados das negociações entre a SPS e o CNS, a

respeito da organização da Conferência Nacional de Política de Medicamentos e

Assistência Farmacêutica

ANÁLISE DE DESEMPENHO, AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO MS E E.C. Nº

29

1. Avaliação da execução orçamentária do MS em 2001 e perspectivas do orçamento do

MS e sua execução em 2002, por parte do Dr. Barjas Negri, Secretário Executivo do

MS

2. Apresentação e discussão da execução orçamentária e financeira do MS em 2000 e

2003 e da implementação da Emenda Constitucional Nº 29

3. Apresentação e discussão de minuta do documento “Subsídio para a Elaboração de

Diretrizes à Aplicação do Art.26 da Lei nº 8.080/90 – Referencial para transferência

da análise e avaliação do Orçamento do Ministério da Saúde e sua execução”

4. Apresentação e discussão da execução orçamentária e financeira do MS em 2000 e

2003 e da implementação da Emenda Constitucional Nº 29

137

5. Apresentação, discussão e aprovação da proposta de Deliberação sobre referenciais

para a aplicação da E.C. Nº 29

PARÂMETROS EPIDEMIOLÓGICOS E DE EQUIDADE PARA O PLANEJAMENTO

ASCENDENTE

1. Apresentação e discussão das conclusões da Oficina de Trabalho sobre os parâmetros

epidemiológicos e de equidade para o planejamento ascendente

2. Apresentação e discussão das conclusões da Oficina de Trabalho sobre os parâmetros

epidemiológicos e de equidade para o planejamento ascendente

DELIBERAÇÃO SOBRE DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA O COMBATE AO

AEDES AEGYPTI

1. Apresentação, discussão e aprovação de nova proposta de Deliberação sobre diretrizes

e estratégias para o combate ao Aedes Aegypti, Dengue e Febre Amarela, intitulada

“Controle do Aedes e da Dengue”

2. Apresentação, discussão e aprovação da proposta de Deliberação sobre diretrizes e

estratégias para o combate ao Aedes Aegypti, Dengue e Febre Amarela

DISCUSSÃO SOBRE NOB/RH-SUS

1. Apresentação e discussão do documento “Princípios e Diretrizes para a NOB/RH-

SUS”

2. Avaliação de pareceres apresentados sobre o documento “Princípios e Diretrizes para

NOB/RH-SUS”

CONTRIBUIÇÃO DO CNS NA TRANSIÇÃO DE GOVERNO

1. Apresentação e discussão do documento “Contribuição do CNS na Transição de

Governo e na Discussão do Orçamento MS-2003 no Congresso Nacional”, elaborado

pela CCG/CNS

138

2. Apresentação e discussão do relato dos contatos da CCG/CNS com a Equipe de

Transição de Governo

3. Apresentação, discussão e aprovação da redação final do documento “Proposta de

Diretrizes para a Aplicação dos Artigos nºs 36 e 26 da Lei nº 8.080/90”, elaborado

pela Comissão de Coordenação Geral do CNS para articulação junto à Equipe de

Transição do Governo

COOPERAÇÃO COM A FIOCRUZ

1. Apresentação do Plano Quadrienal elaborado pela FIOCRUZ em parceria com o

CNS, por parte do Dr. Paulo Buss, presidente da FIOCRUZ

2. Apresentação e discussão de proposta inicial de cooperação entre o MS, o ME, o CNS

e o Canal Saúde/FIOCRUZ

3. Apresentação e discussão de pesquisa sobre alocação de recursos no SUS, por parte

da Dr.ª Sílvia Porto, da ENSP/FIOCRUZ

4. Apresentação de pesquisa sobre Política de Saúde e Violência, por parte da Dr.ª

Cecília Minayo, da ENSP/FIOCRUZ,

CAPACITAÇÃO DE CONSELHEIROS DE SAÚDE

1. Apresentação, discussão e aprovação dos resultados da reunião do Comitê de

Acompanhamento, do Relatório do Seminário sobre Capacitação de Conselheiros de

Saúde e de propostas para elaboração de recomendação do CNS sobre o Programa de

Capacitação de Conselheiros de Saúde do MS

2. Apresentação e discussão do relatório das atividades do GT “Acompanhamento do

Projeto de Capacitação de Conselheiros”

3. Discussão sobre o andamento do Projeto de Capacitação de Conselheiros de Saúde

4. Apresentação e discussão do relato da reunião do Comitê de Acompanhamento do

Projeto de Capacitação de Conselheiros

5. Apresentação e discussão do relatório do GT “Capacitação de Conselheiros e

Membros do MP”

139

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE PROJETOS DE LEI

1. Apresentação e discussão do Projeto de Lei do Senado Nº 25, de 2002, que define o

Ato Médico

2. Discussão sobre o projeto de lei Nº 1.337/95, de autoria do Deputado Eduardo Jorge,

e sobre o seminário CNS-CSSF/CF

3. Informe sobre a tramitação do projeto de lei Nº 4.147/01 (Área do Saneamento

Básico), por parte do Sr. Fernando Cartaxo, Técnico do CNS

ATIVIDADES DA CIRH/CNS

1. Apresentação, discussão e aprovação de proposta de encaminhamento sobre o plano

de trabalho da CIRH

2. Apresentação, discussão e aprovação do Parecer da CIRH em relação à Proposta de

Educação Tecnológica

DST/AIDS

1. Avaliação do Programa de DST/AIDS do MS e sua inserção na construção do SUS

2. Apresentação e discussão do estado atual do controle das DST/AIDS e do Projeto

AIDS – III, por parte do Dr. Alexandre Granjeiro

PROPOSTAS DE CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

1. Apresentação e discussão das propostas do candidato à presidência José Serra para a

Área da Saúde por parte do Sr. Geraldo Biasoto

2. Apresentação e discussão das propostas do candidato à presidência Ciro Gomes para a

Área da Saúde por parte dos Srs. Hésio Cordeiro, José Eri Medeiros e Antônio Sérgio

Arouca

3. Apresentação e discussão das propostas do candidato à presidência Anthony

Garotinho para a Área da Saúde por parte do Sr. Luiz Antônio da Silva Neves

4. Apresentação e discussão das propostas do candidato à presidência Luís Inácio Lula

da Silva para a Área da Saúde por parte da Sr.ª Maria Luíza Jaeger

140

REMUNERAÇÃO DE PRESTADORES SERVIÇOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE

DOS SETORES PÚBLICO E PRIVADO (INTEGRANTES DO SUS E DA SAÚDE

SUPLETIVA)

1. Mesa Redonda: “Modalidades de Remuneração dos Prestadores de Serviços e

Profissionais de Saúde do Setor Público e do Setor Privado (Integrantes do SUS e da

Saúde Supletiva)”

2. Apresentação do produto da I Oficina de Trabalho da CCG/CNS, que discute

diretrizes para formulação de modalidades de remuneração dos serviços de saúde e de

“créditos e valores” referidos no artigo 26 da Lei Nº 8.080/90

CUMPRIMENTO DE LEIS

1. Apresentação e discussão de questões acerca do cumprimento do Artigo Nº 26 da Lei

Nº 8080/90, por parte da Sr.ª Lenir Santos, representante do Instituto de Direito

Sanitário

2. Discussão e aprovação da proposta de intervenção do MS no sentido de fazer cumprir

o Artigo 12 da Lei nº 10.216, por parte da Federação Nordestina de Pacientes

Psiquiátricos.

REGULAÇÃO DOS PLANOS E SEGUROS PRIVADOS DE SAÚDE

1. Apresentação e discussão de avaliação, perspectivas e interface SUS-saúde

suplementar, tendo em vista a regulação dos planos privados de saúde pela ANSU,

por parte do Dr. Januário Montoni, presidente da ANSU

2. Avaliação das atividades de regulação dos planos e seguros privados de saúde pela

ANS e CONSU e sua participação na construção do SUS

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS E PROPOSTAS DE DELIBERAÇÕES

DA CISMU, CIST E CISAMA

1. Apresentação, discussão e aprovação de dados e propostas de deliberações por parte

da CISMU, CIST e CISAMA

141

2. Apresentação, discussão e aprovação de propostas e recomendações da CIST, com

respeito aos resultados de reunião no Centro de Saúde do Trabalhador - CESAT, em

Salvador-BA

3. Apresentação e discussão sobre o controle da Tuberculose no Brasil, por parte do Sr.

Antonio Ruffino, Professor da USP de Ribeirão Preto, do Dr. Neílton de Oliveira,

Representante do MS e do Dr. Célio Lopes, Representante da Rede Brasileira de

Pesquisa em Tuberculose

4. Apresentação e discussão da pesquisa “ Medindo a Desigualdade em Saúde no Brasil:

Uma Proposta de Monitoramento”, de parceria OPAS/IPEA

5. Apresentação e discussão da Proposta de criação da Agência Nacional de Ciência e

Tecnologia, por parte da Dr.ª Beatriz Tess, Diretora do Departamento de Ciência e

Tecnologia do MS

6. Instituição de GT para análise do documento “14 reflexões e 12 questões

pendentes” sobre a prática do controle social

7. Apresentação, discussão e instituição de GTs para dar redação final ao Relatório

da X Plenária Nacional de Saúde e à Proposta de Revisão/Atualização da

Resolução CNS Nº 33/92

8. Apresentação e discussão da Proposta de Interiorização do Trabalho em Saúde, da

SPS e SAS/MS

9. Pronunciamento da Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão e Sub-

Procuradora Geral da República, Dr.ª Maria Eliane Menezes de Farias, dando

conta da atuação do MP no âmbito do SUS

10. Instituição de Comissão Permanente para estudo, acompanhamento e apresentação

de propostas sobre a Resolução RDC-041 da Agência Nacional de Saúde

Suplementar

11. Discussão sobre o Plano Nacional de Segurança Pública

12. Mesa Redonda sobre o Controle da Mortalidade Materna no Brasil

13. Esclarecimentos sobre a Portaria GM Nº 1.195/2001

142

14. Apresentação, discussão e proposta de instituição de GT para Estudo sobre o

Material de Pesquisa Hospitalar

15. Discussão do papel e atuação do CNS no processo de regulação da saúde

suplementar

16. Apresentação e discussão da proposta de transformação do GT sobre Violência

em Comissão Intersetorial do CNS de Trauma e Violência

17. Discussão sobre o Sistema de Informação Nacional de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos - SISNEP

18. Apresentação e discussão das diretrizes curriculares na área da saúde para o nível

médio e superior, do projeto de educação tecnológica e da Agenda CNE

19. Apresentação e discussão sobre a Agenda Nacional de Saúde e de proposta para o

ano de 2002

20. Apresentação, discussão e aprovação da Resolução CNS nº 292/99, que define a

área temática específica de pesquisas com cooperação estrangeira, a fim de

regulamentá-la

21. Apresentação e discussão da questão do ressarcimento judicial na aquisição de

medicamentos de uso contínuo e outros procedimentos com relação a projetos de

lei tramitando no Congresso Nacional na área da Saúde

22. Apresentação e discussão do relato sobre a Rede Interagencial de Informações

para a Saúde, por parte do Sr. Jarbas Barbosa da Silva Júnior

23. Apresentação e discussão das atividades da Organização Nacional de Acreditação

e do Sistema Brasileiro de Acreditação, por parte do Dr. Fábio Gastal,

representante da Organização Nacional de Acreditação

24. Apresentação, discussão e avaliação do impacto do PAB – Piso de Atenção Básica

25. Discussão sobre os critérios epidemiológicos para a formulação dos planos

municipais, regionais, estaduais e nacionais de saúde, e dos projetos específicos

de organização da oferta de serviços de saúde

26. Apresentação e discussão do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

Sustentável, por parte do Sr. José Eli da Veiga, representante do CNDS

143

27. Apresentação e discussão de recomendações da CIST sobre a Rede Nacional de

Atenção à Saúde do Trabalhador – RENAST

28. Apresentação e discussão da pesquisa sobre a evolução dos municípios em

GPSM, por parte da coordenadora, Dra. Ana Luiza Viana, do IMS/UERJ

29. Apresentação e discussão dos Relatórios Finais das Conferências Nacionais de

Saúde Mental e Vigilância Sanitária, por parte da Dra Ana Figueiredo,

Representante da ANVISA e da Sra Edná Costa, Profª do Instituto de Saúde

Coletiva da Bahia e Relatora da Conferência Nacional de Vigilância Sanitária

ITENS EXTRAPAUTA DO CNS

SITUAÇÃO DO CONSELHO ESTADUAL DO PARÁ

1. Informe de pedido do CES do Pará de discussão sobre um impasse surgido na X

Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde

2. Apresentação e discussão da questão do CES do Pará

3. Informe de pedido do CES do Pará de discussão sobre um impasse surgido na X

Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde

CAPACITAÇÃO DE CONSELHEIROS DE SAÚDE

1. Apresentação, discussão e aprovação da instituição de GT para auxiliar o Comitê de

Capacitação de Conselheiros

2. Apresentação, discussão e aprovação das propostas do GT de Acompanhamento do

Projeto de Capacitação de Conselheiros de Saúde e Membros do MP

3. Apresentação, discussão e aprovação da proposta da participação do CONASS e

CONASEMS no GT de Acompanhamento

PROJETO BOLSA ALIMENTAÇÃO

1. Apresentação e discussão do Projeto Bolsa Alimentação

144

2. Apresentação e discussão do documento elaborado pelo CIAN, sobre o Programa

Bolsa-Alimentação, por parte do Prof. Flávio Luiz Valente, Secretário-Executivo

Internacional do Fórum Global de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável

CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL

1. Discussão sobre verificação dos delegados nacionais usuários da III Conferência

Nacional de Saúde Mental

2. Discussão sobre verificação dos delegados nacionais usuários da III Conferência

Nacional de Saúde Mental

QUESTÕES REGIMENTAIS DO CNS

1. Manutenção de conselheiro jurídica ou na coordenação, o Plenário decide manter

Conselheiro Edmundo Ferreira Fontes na coordenação da CONAM

2. Manutenção de conselheiro jurídica ou na coordenação, o Plenário decide manter

Conselheiro Edmundo Ferreira Fontes na coordenação da CONAM

TRASNFORMAÇÃO DA FUNASA EM AGÊNCIA EPIDEMIOLÓGICA

1. Apresentação, discussão e aprovação de proposta de articulação com o CN, no sentido

de transformar em projeto de lei a MP que transformou a FUNASA em Agência

Epidemiológica

2. Apresentação, discussão e aprovação de proposta de articulação com o CN, no sentido

de transformar em projeto de lei a MP que transformou a FUNASA em Agência

Epidemiológica

3. Aprovação da instituição de GT para acompanhar a Política Nacional de Portadores

de Deficiência e Patologias

4. Apresentação e discussão da proposta da “Ação Mobilizadora Nacional” do MS, para

eliminação da hanseníase e tuberculose

5. Lançamento do Relatório Oficial da XI Conferência Nacional de Saúde

6. Apresentação e discussão de relato da Reunião da Comissão de Coordenação da X

Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde

145

7. Discussão sobre a aplicação da E.C. 29

8. Apresentação, discussão e aprovação de Resolução mantenedora da CICT

9. Apresentação, discussão e aprovação de proposta de articulação do CNS com o ME,

MCT e outras entidades civis, em se tratando da proposição de Política Nacional de

Ciência e Tecnologia

10. Apresentação, discussão e aprovação de uma Moção de Apoio às Campanhas de

Prevenção à AIDS e distribuição gratuita de preservativos

11. Apresentação, discussão e aprovação da proposta de participação dos CONSEMS nos

encontros macrorregionais

12. Apresentação, discussão e aprovação do material do GT para ser encaminhado aos

CES

13. Proposta de pauta para próxima reunião acerca do Decreto que cria Hospitais

Estratégicos

14. Apresentação do andamento da articulação com a PFDC, com a Câmara Técnica do

SIOPS e dos contatos com a Equipe de Transição do Novo Governo no que diz

respeito à questão do orçamento

ITENS DE PAUTA DO CNS

Atividades da COFIN/CNS 17

Comissão Intergestores Tripartite 14

Desempenho/Desenvolvimento do SUS 12

Plenárias Nacionais de Conselhos de Saúde 10

Questões Regimentais do CNS 7

146

Proposta de Revisão da Resolução Nº 33/92 6

Conferência Nacional de Política de Medicamentos e Assistência Farmacêutica 6

Atividades da CONEP/CNS 5

Desempenho/Desenvolvimento da FUNASA 5

Desempenho/Desenvolvimento da SAS 5

Atividades da CIAN/CNS 5

Análise de desempenho, avaliação orçamentária do MS e E.C. Nº 295

Capacitação de Conselheiros de Saúde 5

Articulação com a FIOCRUZ 4

Agenda Básica CNS/2001 4

Propostas de candidatos à Presidência da República 4

Conferência Nacional de Saúde 3

Situação do Conselho Estadual de Saúde do Pará 3

Contribuição do CNS na Transição de Governo 3

Apresentação e discussão de Projetos de Lei 3

Avaliação e Implantação da NOAS, apresentando a situação do PDR, da PPI,

do PDI e Avaliação dos municípios em plena. 3

Remuneração de prestadores de serviços e profissionais de Saúde dos setores público

e privado (Integrantes do SUS e da Saúde Supletiva) 2

Apresentação, discussão de dados e propostas de deliberações da CISMU,

CIST e CISAMA 2

Parâmetros epidemiológicos e de equidade para o planejamento ascendente2

Deliberação sobre diretrizes e estratégias para o combate ao Aedes Aegypti2

NOB/RH-SUS 2

DST/AIDS 2

Atividades da CIRH/CNS 2

Regulação dos planos e seguros privados de saúde 2

Cumprimento de Artigos/Leis/Portarias 2

Agência Nacional de Ciência e Tecnologia 1

147

Discussão do Controle Social 1

Atuação do MP no âmbito do SUS 1

Proposta da SPS e SAS/MS de Interiorização do Trabalho em Saúde1

Instituição de Comissão Permanente sobre a Resolução RDC-041 da ANSU1

Apresentação, discussão e aprovação do relatório final do GT “Parâmetros

Assistenciais do SUS”, em substituição a Portaria Nº 3046/82 1

Plano Nacional de Segurança Pública 1

Mesa Redonda sobre o Controle da Mortalidade Materna no Brasil 1Esclarecimentos sobre a Portaria GM Nº 1.195/2001 1Estudo sobre o Material de Pesquisa Hospitalar 1O CNS no processo de regulação da Saúde Suplementar 1

Transformação do GT/CNS Violência em Comissão Intersetorial Trauma e Violência 1SISNEP 1

Resolução CNS nº 292/99, (regulamentação de pesquisas com cooperação

estrangeira) 1

Agenda CNE 1

Ressarcimento judicial na aquisição de medicamentos de uso contínuo 1

Apresentação e discussão sobre a Rede Interagencial de Informações para a Saúde 1

Atividades da Organização Nacional de Acreditação e do

Sistema Brasileiro de Acreditação 1

Piso de Atenção Básica 1Critérios epidemiológicos para a formulação dos planos e projetos de organização da oferta de serviços de Saúde 1Apresentação de Pesquisa articulada com a OPAS/IPEA 1

Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável 1

Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador - RENAST 1

Controle da Tuberculose no Brasil 1

Apresentação de pesquisa Evolução dos Municípios em GPSM, do IMS/UERJ 1

Conferências Nacionais de Saúde Mental e Vigilância Sanitária 1

Instituição de GTs/CNS 1Agência Nacional de Saúde 1

148

ITENS EXTRAPAUTA DO CNS

Situação do Conselho Estadual de Saúde do Pará 3

Capacitação de Conselheiros de Saúde 3

Programa Bolsa-Alimentação 2

Conferência nacional de Saúde Mental 2Questões regimentais do CNS

2

Transformação da FUNASA em Agência Epidemiológica 2Política Nacional de Portadores de Deficiência e Patologias 1Ação Mobilizadora Nacional do MS, para eliminação da hanseníase e tuberculose 1

Conferência Nacional de Saúde 1

X Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde 1

Emenda Constitucional Nº 29 1

Resolução mantenedora da CICT/CNS 1

Política Nacional de Ciência e Tecnologia 1

Material do GT para ser encaminhado aos CES 1

Moção de Apoio às Campanhas de Prevenção à AIDS e

distribuição gratuita de preservativos 1

Participação dos CONSEMS nos encontros macrorregionais 1

Decreto que cria Hospitais Estratégicos 1

Articulação com a PFDC, com a Câmara Técnica do SIOPS e contatos

com a Equipe de Transição do novo Governo, sobre o orçamento

1

Não houve apresentação/discussão e Adiamento de apresentação/discussão de item de pauta

2001 Não houve – 12 / Adiamento - 11105 – fevereiro/2001 Não houve 0 Adiamento 0

106 – março/2001 Não houve 1 Adiamento 2

107 – abril/2001 Não houve 0 Adiamento 2

108 – maio/2001 Não houve 2 Adiamento 0

109 – junho/2001 Não houve 2 Adiamento 0

110 – julho/2001 Não houve 1 Adiamento 4

149

111 – agosto/2001 Não houve2 Adiamento 0

112 – setembro/2001 Não houve 1 Adiamento 1

113 – outubro/2001 Não houve 2 Adiamento 0

114 – novembro/2001 Não houve 1 Adiamento 0

115 – dezembro/2001 Não houve 0 Adiamento 2

2002 Não houve – 17 / Adiamento - 1116 – fevereiro/2002 Não houve 3 Adiamento 0

117 – março/2002 Não houve 5 Adiamento 0

118 – abril/2002 Não houve 2 Adiamento 0

119 – maio/2002 Não houve 1 Adiamento 0

120 – junho/2002 Não houve 0 Adiamento 0

121 – julho/2002 Não houve 0 Adiamento 0

122 – agosto/2002 Não houve1 Adiamento 0

123 – setembro/2002 Não houve 1 Adiamento 0

124 – outubro/2002 Não houve 0 Adiamento 1

125 – novembro/2002 Não houve 3 Adiamento 0

126 – dezembro/2002 Não houve 1 Adiamento 0

150

ANEXO IV

Sobre a NOAS e a PPI

Em 2001:

106ª Reunião (7 e 8 de março de 2001) Discussão da Proposta de Alteração dos Parâmetros Assistenciais da SAS/MS, elaborada pelo CNS

115ª Reunião, de 5 e 6 de dezembro, citada pela Drª Maria Helena Brandão,

representante do MS, no item 4 de pauta Avaliação da Implantação da NOB-96 e NOAS,

no âmbito da CIT, apresentando a situação do PDR, da PPI, do PDI e a avaliação dos

municípios em gestão plena.

Em 2002:

116ª Reunião, de 6 e 7 de fevereiro, citada pelo Sr. Renílson Rehen, Secretário de

Assistência à Saúde-SAS/MS, no item 9 de pauta Relato da CIT: Implementação da

NOB-96 e NOAS e Avaliação da Evolução dos Municípios em GPSM, apresentando a

situação da PPI em todo o Brasil.

117ª Reunião de 6 e 7 março Apresentação e discussão da CIT sobre NOAS, por

parte da Dra. Maria Helena Brandão, Diretora do Departamento de Descentralização da

SAS

123ª Reunião, de 4 e 5 de setembro, citada pela Srª. Deildes Prado, Secretária

Executiva da Tripartite, no item 11 de pauta Relato da CIT: Apresentação da Súmula da

7ª Reunião Ordinária da CIT, apresentando a discussão da habilitação de municípios em

GSPM no caso do estado não ter concluído a PPI.

124ª Reunião, de 9 e 10 de outubro, citada pela Srª. Deildes Prado, Secretária

Executiva da Tripartite, no item 3 de pauta Relato da CIT: Apresentação da Súmula da 8ª

Reunião Ordinária da CIT, apresentando o caso da qualificação dos estados do

151

Amazonas (gestão avançada) e Minas Gerais e Rio Grande do Norte (gestão plena) que

necessitavam de conclusão do processo de negociação para a aprovação da PPI. Citada

igualmente por Nélson Rodrigues dos Santos, Coordenador do CNS, no item 7 de pauta

Diretrizes para Formulação de Modalidades de Remuneração dos Serviços de Saúde e

de Créditos e Valores referidos no Artigo 26 da Lei Nº 8.080/90, informando que a

oficina de trabalho da CCG, instituída para estudo do tema, chegou ao consenso de que a

PPI, assim como o PDR e o PDI, é o melhor caminho institucional de pactos.

152

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