fisio equoterapia

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62 FISIOTERAPIA APLICADA A EQUOTERAPIA Susana de Lima Lopes Ribeiro Fisioterapeuta FISIOTERAPIA E EQUOTERAPIA O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2008) define a Fisioterapia como “uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas.” E o fisioterapeuta “fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional, e da sinesia patologia de órgãos e sistemas do corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais.” A Equoterapia como método terapêutico e educacional também tem como finalidade prevenir a alteração das capacidades funcionais, concorrer para a sua manutenção e, quando estas capacidades se apresentarem alteradas, restabelecê-las ou supri-las. No exercício da sua atividade na equoterapia, o fisioterapeuta considera, praticamente, os mesmos estudos sistematizados de sua formação, acrescentando os relacionados ao cavalo, como por exemplo, a anatomia, a biomecânica, a etologia, etc. É importante destacar que o COFFITO dispõe sobre o reconhecimento da equoterapia como um recurso terapêutico da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional na resolução a seguir: “RESOLUÇÃO Nº. 348 CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL RESOLUÇÃO Nº. 348, DE 27 DE MARÇO DE 2008. (DOU nº. 63, Seção 1, em 02/04/2008, página 150) Dispõe sobre o reconhecimento da EQUOTERAPIA como recurso terapêutico da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional e dá outras providências. O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no uso das atribuições legais conferidas pelo inciso II do artigo 5º da Lei nº. 6.316, de 17 de dezembro de 1975, em sua 167ª Reunião Plenária Ordinária, realizada em 27 de março de 2008, em sua sede, situada na SRTVS, Quadra 701, Conj. L, Ed. Assis Chateaubriand, Bloco II, Sala 602/614, Brasília DF, deliberou: Considerando as evidências científicas sobre Equoterapia, podendo também ser denominada Hippoterapia, desenvolvidas nacional e internacionalmente;

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Fisioterapia na Equoterapia

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    FISIOTERAPIA APLICADA A EQUOTERAPIA

    Susana de Lima Lopes Ribeiro

    Fisioterapeuta

    FISIOTERAPIA E EQUOTERAPIA

    O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2008) define a

    Fisioterapia como uma cincia da sade que estuda, previne e trata os distrbios cinticos funcionais intercorrentes em rgos e sistemas do corpo humano, gerados por alteraes

    genticas, por traumas e por doenas adquiridas. E o fisioterapeuta fundamenta suas aes em mecanismos teraputicos prprios, sistematizados pelos estudos da biologia, das cincias

    morfolgicas, das cincias fisiolgicas, das patologias, da bioqumica, da biofsica, da

    biomecnica, da cinesia, da sinergia funcional, e da sinesia patologia de rgos e sistemas do

    corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais. A Equoterapia como mtodo teraputico e educacional tambm tem como finalidade

    prevenir a alterao das capacidades funcionais, concorrer para a sua manuteno e, quando

    estas capacidades se apresentarem alteradas, restabelec-las ou supri-las.

    No exerccio da sua atividade na equoterapia, o fisioterapeuta considera, praticamente,

    os mesmos estudos sistematizados de sua formao, acrescentando os relacionados ao cavalo,

    como por exemplo, a anatomia, a biomecnica, a etologia, etc.

    importante destacar que o COFFITO dispe sobre o reconhecimento da equoterapia como um recurso teraputico da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional na resoluo a seguir:

    RESOLUO N. 348

    CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL

    RESOLUO N. 348, DE 27 DE MARO DE 2008.

    (DOU n. 63, Seo 1, em 02/04/2008, pgina 150)

    Dispe sobre o reconhecimento da EQUOTERAPIA como recurso teraputico da

    Fisioterapia e da Terapia Ocupacional e d outras providncias.

    O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no uso das atribuies

    legais conferidas pelo inciso II do artigo 5 da Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975, em

    sua 167 Reunio Plenria Ordinria, realizada em 27 de maro de 2008, em sua sede, situada

    na SRTVS, Quadra 701, Conj. L, Ed. Assis Chateaubriand, Bloco II, Sala 602/614, Braslia DF, deliberou:

    Considerando as evidncias cientficas sobre Equoterapia, podendo tambm ser

    denominada Hippoterapia, desenvolvidas nacional e internacionalmente;

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    Considerando o desenvolvimento tcnico-cientfico da Equoterapia no Brasil, com

    apresentao de resultados evidentes na recuperao funcional, sendo parte de programas de

    formao em Fisioterapia e em Terapia Ocupacional como disciplina curricular enquanto

    recurso teraputico e em projetos de extenso e pesquisa;

    Considerando o Parecer n. 008/2008 exarado por este COFFITO sobre as evidncias

    sociais e cientficas que sustentam a Equoterapia apreendida como recurso teraputico do rol

    de tratamentos utilizados pelos fisioterapeutas e pelos terapeutas ocupacionais;

    Considerando a Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares no Sistema

    nico de Sade SUS, aprovada na Portaria n. 971, de 3 de maio de 2006, que contempla sistemas mdicos complexos e recursos teraputicos, os quais envolvem abordagens que

    buscam estimular os mecanismos naturais de preveno de agravos e recuperao da sade

    por meio de tecnologias eficazes e seguras, com nfase na escuta acolhedora, no

    desenvolvimento do vnculo teraputico e na integrao do ser humano com o meio ambiente

    e a sociedade, tambm denominados pela Organizao Mundial da Sade (OMS, 2002) de

    Medicina Tradicional e Complementar/Alternativa (MT/MCA);

    R E S O L V E :

    Art. 1 - Reconhecer a Equoterapia como recurso teraputico, de carter no

    corporativo, transdisciplinar aos tratamentos utilizados pelos Fisioterapeutas e pelos

    Terapeutas Ocupacionais inseridos no campo das prticas integrativas e complementares.

    Art. 2 - No exerccio de suas atividades profissionais, o Fisioterapeuta poder aplicar

    seus princpios profissionais na Equoterapia, com base no diagnstico cinesiolgico-funcional

    em consonncia com a Classificao Internacional de Funcionalidade e de acordo com os

    objetivos teraputicos especficos da sua rea de atuao.

    Art. 3 - No exerccio de suas atividades profissionais, o Terapeuta Ocupacional poder

    aplicar seus princpios profissionais na Equoterapia, com base no diagnstico cintico-

    ocupacional em consonncia com a Classificao Internacional de Funcionalidade e de acordo

    com os objetivos teraputicos especficos da sua rea de atuao.

    Art. 4 - Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao, revogadas as

    disposies em contrrio.

    Braslia-DF, 27 de maro de 2008.

    FRANCISCA RGO OLIVEIRA DE ARAJO

    Diretora-Secretria

    JOS EUCLIDES POUBEL E SILVA

    Presidente do Conselho

    MTODO NEUROEVOLUTIVO

    Segundo Gallahue & Ozmun (2003) desenvolvimento motor a contnua alterao do comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado entre as necessidades da tarefa, a

    biologia do indivduo e as condies ambientais. Se algum fator intrnseco ou extrnseco interferir no desenvolvimento normal do indivduo causar distrbios subjacentes funo

    motora. Neste contexto, os problemas a serem trabalhados na equoterapia sero as

    deficincias e as disfunes do desenvolvimento motor, ou melhor, da funo total.

  • 64

    A equoterapia, como a maioria dos sistemas de tratamento, sugere que a sequncia

    motora normal do desenvolvimento do indivduo seja seguida. Levitt (2001) nos auxilia a

    entender melhor essa dinmica quando descreve que importante reconhecer que no processo

    de reabilitao com treinamento do desenvolvimento trabalham-se as reaes posturais, as

    reaes de locomoo e os padres de movimento voluntrio. Destacando se que: As reaes posturais de uma parte do corpo podem estar mais avanadas que em

    outra parte, isto , a cabea pode estar melhor que a pelve e vise-versa (Levitt, 2001). Na equoterapia, para realizarmos uma melhor avaliao das reaes posturais de cabea, cintura

    escapular, tronco e cintura plvica, uma boa postura seria com o praticante sobre o cavalo em

    montaria clssica.

    Modificaes das sequncias tambm so necessrias para casos individuais, para encontrar seu prprio padro de desenvolvimento das vrias reaes posturais (Levitt, 2001). Em geral, trabalha-se a estabilidade postural de ombro e a estabilidade postural da cabea

    quando o praticante est deitado de prono sobre o cavalo, com a cabea virada para os

    posteriores do animal. Mas pode-se modificar esse trabalho posicionando-o sentado com

    apoio externo do mediador e do auxiliar lateral ao longo da coluna vertebral do praticante, ou

    ainda, com o praticante sentado em montaria clssica com os antebraos apoiados sobre uma

    table (mesa de espuma adaptada para equoterapia). Modificaes das sequncias de desenvolvimento tambm podem ser necessrias se a

    criana tem uma preferncia para posturas anormais especficas da cabea, tronco e membros (Levitt, 2001). Essa seria uma aplicao do conceito Bobath, com a especificao de inibir os

    movimentos e posturas anormais e preservar e facilitar os componentes do movimento motor

    normal. Por exemplo, posturas e movimentos repetidos em extenso devem ser corrigidos,

    selecionando-se funes motoras que usem mais a flexo. Um praticante com esse quadro

    poderia ser posicionado na sela, com o apoio dos ps nos estribos, com o loro um pouco mais

    alongado do que seria a medida para seus membros inferiores. Com o cavalo ao passo a

    descarga de peso nos estribos levaria a um padro de extenso nas articulaes plvica, de

    joelhos e de tornozelos.

    Seguindo a tendncia mundial de que a reabilitao acontece para trabalhar a funo

    do cliente, destacamos que a equoterapia possui um setting teraputico com estimulao funcional coerente com a atividade do praticante exercida em ambiente natural.

    BIOMECNICA

    A biomecnica avalia o movimento de um organismo vivo e o efeito da fora seja empurrando ou tracionando sobre esse organismo. Ela investiga o movimento sobre vrios aspectos mecnicos, suas causas e efeitos orgnicos (Hamil & Knutzen, 1999).

    A base biomecnica da equoterapia constituda por um estudo complexo no qual a

    interao entre o praticante e o cavalo observada nas atividades msculo-esquelticas

    envolvidas no processo de montaria, bem como suas consequncias. As diferentes posturas

    corporais que o praticante assume quando montado a cavalo so o resultado das aplicaes

    das foras determinadas pela natureza da atividade desempenhada.

    Neste contexto importante que o fisioterapeuta tenha um novo olhar para essa

    biomecnica funcional por intermdio da anatomia funcional (o estudo dos componentes do

    corpo necessrios para obter ou desempenhar um movimento ou funo normal) a fim de

    destacar que, para os diferentes tipos posturais dos praticantes, devem ser aplicadas

    estratgias equoterpicas individuais, levando em considerao que a aquisio da postura

    clssica sobre o cavalo deve acontecer de maneira progressiva, a fim de evitar possveis

    potenciais de leso musculo-esqueltica, quando durante uma sesso de equoterapia no seja

    respeitada a sua postura funcional com direta aplicao da postura clssica.

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    Estudiosos da equitao ressaltam que o ponto principal para o indivduo manter-se

    sobre o cavalo na postura clssica ter estabilidade e equilbrio, e que esta se d pelo

    alinhamento dos centros de gravidade do homem com o do cavalo. Para realizar-se qualquer

    postura ou movimento preciso a organizar diferentes segmentos corporais no espao, sendo

    essencial a sincronia entre os grupos musculares, os ligamentos e as articulaes.

    Swift (1997) criou a tcnica da Equitao Centrada para se alcanar a postura clssica

    pelo gradual conhecimento e domnio do corpo do cavaleiro pelo dos princpios bsicos do

    Olhar Suave, da Respirao, do Centro de Gravidade e dos Cubos de Construo. E, Matilla-

    Rautiainen (2006) complementou a tcnica, acrescentando o princpio do Grounding. Neste momento, mesmo ressaltando a importncia de todos os itens que compe a Equitao

    Centrada e afirmando que a efetividade da tcnica s ocorre com a intrnseca relao entre

    eles, queremos ressaltar, para o fisioterapeuta e demais terapeutas que iro avaliar

    constantemente a postura do praticante sobre o cavalo, os itens Centro de Gravidade e Cubos

    de Construo.

    O terceiro princpio bsico o cavaleiro ter conscincia da localizao do seu centro

    de gravidade para que possa controlar sua estabilidade e manter-se em equilbrio sobre o

    cavalo. Alinhando-se, posteriormente, ao centro de gravidade do cavalo para formar o binmio homem-animal. Hamill e Knutzen (1999) definem que o centro de massa um ponto terico cuja localizao pode mudar de instante a instante durante um movimento. Com o cavalo ao passo, o corpo do cavaleiro muda constantemente de posio, modificando a

    cada movimento do cavalo a distribuio do seu peso e a localizao do centro de gravidade.

    O quarto princpio bsico so os cubos de construo, maneira pela qual descreve o

    equilbrio entre diferentes partes do corpo. Seriam eles: 1 cubo de base: ps e pernas; 2 cubo: regio plvica; 3 cubo: regio torcica; 4cubo: cintura escapular e 5cubo: pescoo e cabea.

    5 Cubo: Pescoo e Cabea

    4 Cubo: Cintura Escapular

    3 Cubo: Regio Torcica

    2 Cubo: Regio Plvica

    1 Cubo: Ps e Pernas

    Anteroverso Plvica

    Retroverso Plvica

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    Observa-se na primeira foto que h equilbrio da amazona sobre o cavalo parado,

    quando as articulaes esto na posio zero e no plano sagital possvel traar uma linha

    vertical de prumo da cabea aos ps, mantendo os blocos equilibrados um sobre o outro.

    Com o cavalo ao passo, frente a atividades diferenciadas, e, principalmente, frente a

    tipologias posturais errneas do praticante, nem sempre a organizao dos cinco cubos

    possvel. A reao de busca do alinhamento biomecnico adequado esperada para a

    manuteno de um equilbrio sincronizado e centralizado do corpo do praticante sobre o

    cavalo.

    Em geral, os praticantes apresentam-se com mecanismos de postura, equilbrio e

    movimento desorganizados. Neste perfil, os msculos que so ativados para controle dos itens

    acima, tornam-se descoordenados, rgidos, ou fracos (Levitt, 2001). Na segunda foto, a

    amazona apresenta-se em postura clssica anteriorizada, nela esto alinhados os cubos da

    regio torcica e dos ps. Na terceira foto, a amazona apresenta-se em postura clssica

    posteriorizada, nenhum dos cubos de construo apresentam-se alinhados.

    Uma boa postura sobre o cavalo uma exigncia para que o trabalho equoterpico

    promova uma refinada harmonizao entre os vrios grupos musculares e a orientao

    espacial (Tauffkirchen,1988). As pessoas com desordens de movimento precisam ter seu

    posicionamento corrigido para o mais prximo do alinhamento biomecnico normal, a fim de

    estimular, corretamente, as funes que os capacitem a distinguir as informaes que chegam

    aos sentidos e que intervm na organizao do movimento. Somente depois de uma

    manipulao condizente com a sensao do movimento correto possvel que o praticante

    corrija a si mesmo. Segundo Tanaka (1997), a postura prepara o indivduo para a realizao

    de um movimento, bem como, promove sustentao durante o movimento em si.

    A estratgia de tratamento equoterpico passar pela escolha do cavalo, com nfase a

    sua cinesiologia e sua biomecnica, na modificao do material de encilhamento, na escolha

    do ambiente da sesso, com referncia especial ao tipo de piso, etc.

    FUNO DO FISIOTERAPEUTA NA EQUIPE

    O fisioterapeuta faz uma avaliao do estado funcional do praticante em fatos

    observados, coletados ao longo de uma conversa informal e mensurados por testes

    apropriados. De acordo com VIEL (2001) o diagnstico fisioteraputico um processo de anlise das deficincias e incapacidades observadas e/ou mensuradas. um processo de

    avaliao do prognstico funcional cujas dedues permitem: estabelecer um programa de

    tratamento em funo das necessidades constatadas; decidir quais atos de fisioterapia sero

    adotados. No contexto equoterpico, aps a formalizao do diagnstico fisioterpico, o

    fisioterapeuta se rene com os demais profissionais do centro de equoterapia para, em

    conjunto, elaborar o plano de tratamento equoterpico, com os atos e as tcnicas mais

    apropriadas para aquele praticante no universo da equoterapia. Nesse planejamento

    individualizado, especificam-se os objetivos e a proposta de atendimento, as precaues, as

    adaptaes, a maneira de aproximao ao ambiente e ao cavalo, o modo de montar e apear, o

    tipo de andadura do cavalo, a movimentao ideal do cavalo, o movimento do praticante.

    Nesta reunio colabora na escolha do cavalo e do encilhamento e dos equipamentos

    adaptados para equoterapia, na definio dos ambientes equoterpicos ideais para o

    atendimento, na demonstrao das tcnicas de manuseio e de conduo da sesso de acordo

    com as capacidades funcionais do praticante, na execuo e orientao a terceiros do plano de

    tratamento, na orientao ergonmica para os profissionais e terapeutas atuantes no centro de

    equoterapia, na prestao de primeiros socorros aos praticantes e equipe de trabalho na

    ocorrncia de acidentes, na reavaliao, entre outros.

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    Vale pena destacar que, no processo de reavaliao do praticante, interessante

    realizar uma nova avaliao fisioterpica, para dar fidedignidade deciso da equipe de

    manter o tratamento nos mesmos padres, de modific-lo ou mesmo de iniciar o processo de

    alta do praticante. Ao fisioterapeuta cabe dar alta fisioterpica, com justificativas, ao

    praticante quando possvel, aos responsveis e a equipe. A deciso final contudo da equipe.

    AO TERAPUTICA

    O conhecimento aprofundado sobre o cavalo, o ambiente em que se insere o centro de equoterapia e as patologias do praticante determinam uma ao teraputica eficiente e eficaz

    do tratamento equoterpico.

    Destacando que esse conhecimento propicia ao terapeuta a habilidade de, por

    exemplo, modular as qualidades de movimento do cavalo no momento da sesso de

    equoterapia, escolher a variabilidade do movimento, do ritmo, da dimensionalidade e da

    regularidade; modificar a escolha do piso que esse animal andar para destacar um ou outro

    movimento do praticante; modificar a trajetria da pista para gerar estmulos diferentes ao

    praticante, com vistas ao alcance dos objetivos propostos no plano de tratamento

    individualizado para um praticante com patologia definida.

    EFEITOS TERAPUTICOS

    Os efeitos teraputicos so relacionados com a disfuno e a funo dos movimentos,

    observados na avaliao e na reavaliao do praticante. Os ganhos teraputicos, destacados

    abaixo, esto relacionados didaticamente como elementos de base para construir a funo

    motora do praticante pelas quais ele pode desenvolver diversas posturas, mant-las durante o

    movimento ou em alguma perturbao do equilbrio, assumir e sair de posturas, obter vrias

    formas de locomoo e adquirir o uso das mos. O movimento do cavalo produz reaes de

    endireitamento, balano, entre outras, que somadas contribuem para o alcance de movimentos

    normais e habilidades funcionais (Murphy, 2008).

    So eles:

    - Ganho de amplitude de movimento articular, com efetiva mobilizao das articulaes de

    coluna vertebral e de cintura plvica (Haehl et all apud Murphy, 2008);

    - Os movimentos gerados pelo cavalo ao passo fornecem estmulos proprioceptivos profundos

    que, quando combinados a outros estmulos sensoriais, facilitam a regulao do tnus

    muscular (Bertoti, 1988);

    - Aumento da fora muscular ( Haehl et all apud Murphy, 2008);

    - Normalizao da simetria corporal com melhora da postura e do balance (McGee, 2009);

    - Melhora do controle do tronco e da cabea (Brudvig apud McGee,2009);

    - Desenvolvimento da lateralidade;

    - Melhora da percepo do esquema corporal;

    - Produo de dissociaes corporais;

  • 68

    - Ganho de equilbrio esttico, sentado e em p, e, dinmico entre vrias posies espaciais

    (McGibbon, 1988);

    - Ganho da referncia de espao, de velocidade, de tempo e de ritmo do movimento;

    - Melhora da coordenao motora global e fina (McGibbon, 1988);

    - Melhora da marcha (McGibbon ,1998; McGee , 2009).

    As aquisies das habilidades motoras interagem com o desenvolvimento mental e

    emocional do praticante, ajudando-o a usar no dia-a-dia as habilidades cognitivas e

    perceptivas necessrias para adaptar-se novas experincias e ao contexto apropriado.

    BIBLIOGRAFIA

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    palsy. Proceedings of the Sixth International Therapeutic Riding Congress. 1988;143-172.

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    Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Acesso em 20.05.2008 Disponvel

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    Haehl apud Murphy, D. The Effect of the Hippotherapy on Functional Outcomes for

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    McGibbon, N. et al. Effect of an equine movement therapy program on gait, energy

    expenditure, and motor function in children with spastic cerebral palsy: a pilot study.

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