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Dezembro 2009 – Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1323, de 27.11.2009 Consultório p. 21 Valores excluídos de descontos no Código Contributivo A generalização das tributações autó- nomas é susceptível de subverter os princípios fundamentais do IRC. Isto mesmo é referido no relatório do Grupo de Trabalho para a Fiscalidade, recente- mente apresentado pelo Ministério das Finanças. No entanto, gera receitas de 200 milhões de euros anuais, pelo que o Estado não estará na disposição de pres- cindir desta receita “extraordinária”. O fiscalista Tiago Caiado Guerreiro refe- re que “como a administração fiscal não consegue aumentar as receitas, então tributam-se os custos, pelo que qualquer dia será absolutamente indiferente a noção do lucro”. Domingues de Azevedo é de opinião que a tributação autónoma re- Fiscalidade p. 7 Código Contributivo agrava contribuições para a Segurança Social Multiplicam-se as vozes que contestam o novo Código Contributivo. Desde a esfera política até às associações patronais. É evidente que o alargamento da base de incidência vai aumentar substan- cialmente o montante das contribuições para a Segurança Social. Trabalhador e empregador são penalizados. Os tra- balhadores independentes também se incluem neste rol. A penalização dos contratos a termos terá implicações graves, já que vai desencorajar a criação de emprego e incentivar formas atípicas de trabalho. Quanto à promoção das políticas activas de emprego, as me- didas aparentam ser insuficientes, face às dificuldades que afectam a generalidade das empresas e dos trabalhadores. Associativismo p. 10 APOTEC lamenta afastamento da CNC A Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC) esteve três décadas integrada na Comissão de Nor- malização Contabilística. Não entende agora as razões que levaram ao seu afastamento daquela entidade. O momento escolhido parece ser o pior possível. Os responsáveis associativos consideram que este é um momento em que os profissionais deveriam estar ainda mais presentes na CNC, tendo em conta, por exemplo, a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística. Várias situações vão representar mudan- ças profundas na profissão. p. 4 Contabilidade p. 18 Passagem da Câmara a Ordem não foi entendida por alguns profissionais Tributação autónoma subverte princípios do IRC presenta o maior descrédito lançado sobre o IRC. “O fisco está sobretudo preocupado em garantir receita fiscal, esquecendo que é também sua função fazer pedagogia”, re- fere o responsável da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas. Rogério Fernandes Ferreira é também muito crítico quanto ao regime. Refere a este propósito: “A tributação autónoma tem, essencialmente, uma função penali- zadora. É um imposto exercido sobre um rendimento que, de facto, não foi auferido. Com a agravante que tem havido um su- cessivo alargamento a outras realidades., em sedes de IRC e IRS.”

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Consultório p.21Valores excluídos de descontosno Código Contributivo

A generalização das tributações autó-nomas é susceptível de subverter os princípios fundamentais do IRC. Isto mesmo é referido no relatório do Grupo de Trabalho para a Fiscalidade, recente-mente apresentado pelo Ministério das Finanças. No entanto, gera receitas de 200 milhões de euros anuais, pelo que o Estado não estará na disposição de pres-cindir desta receita “extraordinária”.O fiscalista Tiago Caiado Guerreiro refe-re que “como a administração fiscal não consegue aumentar as receitas, então tributam-se os custos, pelo que qualquer dia será absolutamente indiferente a noção do lucro”. Domingues de Azevedo é de opinião que a tributação autónoma re-

Fiscalidade p.7Código Contributivoagrava contribuiçõespara a Segurança Social

Multiplicam-se as vozes que contestam o novo Código Contributivo. Desde a esfera política até às associações patronais. É evidente que o alargamento da base de incidência vai aumentar substan-cialmente o montante das contribuições para a Segurança Social. Trabalhador e empregador são penalizados. Os tra-balhadores independentes também se incluem neste rol.A penalização dos contratos a termos terá implicações graves, já que vai desencorajar a criação de emprego e incentivar formas atípicas de trabalho. Quanto à promoção das políticas activas de emprego, as me-didas aparentam ser insuficientes, face às dificuldades que afectam a generalidade das empresas e dos trabalhadores.

Associativismo p.10APOTEC lamenta afastamento da CNC

A Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC) esteve três décadas integrada na Comissão de Nor-malização Contabilística. Não entende agora as razões que levaram ao seu afastamento daquela entidade.O momento escolhido parece ser o pior possível. Os responsáveis associativos consideram que este é um momento em que os profissionais deveriam estar ainda mais presentes na CNC, tendo em conta, por exemplo, a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística. Várias situações vão representar mudan-ças profundas na profissão.

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Contabilidade p.18Passagem da Câmara a Ordem não foi entendida por alguns profissionais

TributaçãoautónomasubverteprincípiosdoIRC

presenta o maior descrédito lançado sobre o IRC. “O fisco está sobretudo preocupado em garantir receita fiscal, esquecendo que é também sua função fazer pedagogia”, re-fere o responsável da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.Rogério Fernandes Ferreira é também muito crítico quanto ao regime. Refere a este propósito: “A tributação autónoma tem, essencialmente, uma função penali-zadora. É um imposto exercido sobre um rendimento que, de facto, não foi auferido. Com a agravante que tem havido um su-cessivo alargamento a outras realidades., em sedes de IRC e IRS.”

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Sumário

Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009 - 3

Guilherme Osswald

Contabilidade & EmpresasRua Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq.4049-037 PortoTel.: 223 399 400 • Fax: 222 058 098

Editorial

Guilherme Osswald

ActualidadeTributação autónomasubverte princípios do IRC

FiscalidadeGoverno rejeita aumento de impostosna legislatura

Código Contributivo agrava contribuições para a Segurança Social

Administração pública deixou de serum problema para as Finanças

AssociativismoAPOTEC lamenta afastamento da Comissão de Normalização Contabilística

SectoresIndústria da construçãorejeita novo Código Contributivo

Informáticana ContabilidadeAplicações empresariais móveis condicionam produtividadedo teletrabalho

Área de Business Intelligenceé mais crítica do que nunca

iWay Software disponibiliza serviço gratuito para avaliar a qualidadedos dados das empresas

ContabilidadeSNC representa responsabilidades acrescidas para os TOC

Passagem da Câmara a Ordemnão foi entendida por alguns profi ssionais

Consultório

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Tributação sem nexoA tributação autónoma é um bom exemplo de como não deve funcionar um sistema fi scal. Pode-se até afi rmar que refl ecte o que se passa ao nível da fi scalidade em Portugal. Não tanto pela sua legalidade ou eventual ilegalidade, mas pelos princípios que lhe são inerentes. Mais uma vez, os agentes económicos pagam a factura de uma gestão fi scal que deixa muito a desejar.Quando um imposto encapotado sobre as despesas chega a garantir cerca de 200 milhões de euros todos os anos ao fi sco, parece estar justifi cada a sua manutenção. Empresas há que acabarão por não resistir ao pesado fardo fi scal. A questão que se coloca, à partida, é legitimidade efectiva da tributação autónoma. Se o Governo defende a sua manutenção assente no pressuposto que muitas empresas não apresentam o real valor dos seus rendimentos, o que está errado é o sistema que não tem condições para garantir a necessária fi scali-zação e o controlo das declarações apresentadas. O que signifi ca que os investimentos realizados ao nível informático não estão a dar o retorno esperado.Não se pode aceitar que o IRC, “per si”, seja descredibilizado desta forma. Acontece que a administração fi scal se substituiu ao bom sen-so e à racionalidade (ou melhor, o poder político), optando por uma decisão unilateral que prejudica fortemente a competitividade das empresas. Que não restem quaisquer dúvidas que quanto maiores a iniquidade e a injustiça fi scais, mais difi culdade haverá para as empresas cumprirem as suas obrigações contributivas.E de tal forma a tributação autónoma é confusa que nem sequer os fi scalistas se entendem sobre a sua legalidade. São as rasteiras pregadas aos contribuintes, em que estes tropeçam e do só se dão conta quando têm difi culdade para se tornarem a levantar. Parece demasiado evidente que o que está, novamente, em causa é a receita fi scal rápida e sem grande esforço para o fi sco. 17

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Actualidade

IRC

no âmbito das despesas sujeitas a IRS, estas passam a ser também tributadas em sede de Segurança Social”.Para o fi scalista, o Estado não se pode limitar a concentrar exclusi-vamente na óptica da receita. “É necessário pensar numa perspec-tiva de construção de riqueza. O que acontece é que o sistema não é competitivo e muitas empresas terão mesmo que fechar portas por via das medidas introduzidas pelo novo Código Contributivo.” Muito crítico, adianta: “Elegemos as mesmas pessoas, portanto muito pouco vai mudar. A perspectiva dos políticos passa por fazer obras

públicas. São criadas mais algu-mas grandes fortunas e esquecida a maioria dos contribuintes, cada vez mais esmagada pela carga fi scal.”Posição idêntica têm as consultoras contactadas, mas estas consideram que não é previsível que o Estado abra mão de uma fonte de receita anual na ordem dos 200 milhões de euros. A maioria é de opinião que se trata de um regime que não faz sentido, já que é pago imposto, independentemente do facto de uma empresa ter lucro ou não. É uma realidade que a tributação autónoma foi criada para evitar abusos em determinado tipo de

De acordo com os fi scalistas

Tributação autónomasubverte princípios do IRC

A generalização das tributações autónomas é susceptível de subverter os princípios fundamentais do IRC. Existe consenso entre os agentes económicos contactados pela “Contabilidade & Empresas” que a tributação autónoma é um regime desadequado e que tem sérias consequências na competitividade das empresas nacionais. Há quem fale de inconstitucionalidade e que o regime é uma subversão relativamente ao próprio princípio do IRC. Com a agravante que tudo leva a crer que o novo Código Contributivo vai infl uenciar ainda mais negativamente a actual situação. Mas também há quem pense que não será fácil encontrar soluções alternativas à tributação autónoma.

Numa altura de crise, é normal que aumentem as críticas relativamente a

certos regimes fi scais impositivos, tidos como fora do actual contexto. A tributação autónoma tem sido criticada desde a sua criação, mas agora é visada com mais acuidade. É o caso do fi scalista Tiago Caiado Guerreiro, que defende que o IRC deve tributar apenas o lucro real. “Como a administração fi scal não consegue aumentar as receitas, en-tão tributam-se os custos. Pelo que qualquer dia será absolutamente indiferente a noção do lucro. Com o novo Código Contributivo agrava--se ainda mais a situação, já que,

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Actualidade

IMPOSTOS

UMA DESPESA PARA AS EMPRESASQUE ESTÁ PARA FICAR

O percurso da tributação autónoma, para além do que representa per si, suscita muitas dúvidas quanto à sua legalidade. Nos últimos anos, generalizou-se a quase todo o tipo de despesas da actividade empresarial. Mais, no ano passado, a taxa foi duplicada. Entretanto, a medida tem servido, de algum modo, para sustentar a receita fi scal, mais agora em que a perda é um facto incontestável.Perante este cenário, os fi scalistas contactados não acreditam que se verifi que uma revisão séria da tributação autónoma no próximo orçamento do Estado. Há mesmo quem receie que a taxa seja novamente agravada, até porque o Estado necessita desesperadamente de receita para evitar a todo o custo o aumento do défi ce orçamental. Basta pensar que faz agora um ano que o Governo de Sócrates não teve quais-quer pruridos em duplicar a taxa das tributações autónomas. Com a entrada em vigor do Novo Código Contributivo, a actividade empresarial corre o risco de se tornar ainda mais difícil. Não será de admirar que um conjunto considerável de empresas feche as portas. A carga fi scal que incide sobre as mesmas, o reembolso tardio do IVA, entre outros aspectos, é uma travão ao investimento e à competitividade empresariais.

despesas por parte das empresas. Mas não é menos verdade que, no ano passado, houve um agrava-mento da taxa.Naturalmente, o ideal seria a abo-lição, mas tal afi gura-se complica-do, tendo em conta que é uma fonte de receita considerável. Por outro lado, seria uma forma de “aliviar a corda”. Mas a tendência, neste momento, é exactamente a inversa, isto é, apertar a malha fi scal. Se o Governo decidisse pela sua aboli-ção, tal poderia ser encarado como um sinal que as Finanças estavam a facilitar o incumprimento.

Descrédito de um imposto

A tributação autónoma representa o maior descrédito lançado sobre o IRC. Esta a opinião manifestada por Domingues de Azevedo, presi-dente da CTOC. Todavia, lembra que a verdade declarativa das nos-sas empresas também é reduzida. “Nem sempre se sabe se os custos são em prol da produção. Ainda há uma certa falta de verdade na im-putação dos custos nas empresas. Ou seja, a tributação autónoma resultou da necessidade de intro-duzir alguma justiça fi scal.”Mas Domingues de Azevedo admi-

te que neste processo também hou-ve um abandono das suas funções por parte da administração fi scal. “O fi sco está sobretudo preocupado em garantir receita fiscal rapida-mente, esquecendo que também é sua função fazer pedagogia fi scal.”A solução seria as em-presas terem mais mais transparência tributária, fazendo acompanhar esta mensagem por uma fi scalização mais activa do lado da DGCI. Aliás, lembra que, de uma maneira geral, o fi sco tem uma noção de quais são as empre-sas menos cumpridoras. Com a informática ao nível actual é muito mais simples e efi caz a referida fi scalização. Com os casos discri-minados e o sistema a funcionar, a tributação autónoma poderia ser abolida.

Tributação sobre a despesa

O Grupo de Trabalho para o Estu-do da Política Fiscal considera que a tributação autónoma subverte mesmo a aplicação da taxação directa. Por outras palavras, o que se passa é que se tributa a despesa e não o rendimento, colocando-se

a questão se não haverá ilegalida-de quanto ao Direito Fiscal. Até porque se generalizou, em certa

medida, a aplicação da tributação autónoma.A este propósito, contac-tou-se um dos redactores deste relatório, não res-taram muitas dúvidas que o problema não é de fácil resolução e que a

tributação autónoma representa uma receita interessante para os cofres do Estado, de que não se pretende abrir mão. Rui Duarte Morais considera que se está, antes de mais, perante um problema de carácter formal. As tributações autónomas, em última análise, deveriam “estar inscritas no IVA ou no Imposto do Selo”, refere o fi scalista.Chama a atenção para o facto de no imediato não existirem alter-nativas às tributações autónomas. “Muitas empresas vivem eterna-mente com prejuízos e não é possí-vel uma fi scalização porta a porta por parte do fi sco. Se uma empresa tiver rentabilidades normais, a tributação autónoma acaba, pelo menos em parte, por ser absor-vida.” Importa não esquecer que era muito frequente aparecerem despesas que não eram reais. Seja como for, Rui Morais não vê que se possa tratar de uma inconstitucio-nalidade. Aliás, jamais o assunto subiu ao Tribunal Constitucional.Rogério Fernandes Ferreira é muito crítico quanto ao sistema. Considera que a tributação autó-noma tem, essencialmente, uma função penalizadora. Basta ter em conta que acaba por ser um impos-to exercido sobre um rendimento que, de facto, não foi auferido. Com a agravante que tem havido um sucessivo alargamento a outras realidades, quer no IRS, quer no IRC. Coloca muitas dúvidas se não se estarão a subverter princípios constitucionalmente aceites.

Novo Código Contributivovai agravar ainda mais os custosdas empresas

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Fiscalidade

PROGRAMA

O Governo garante que não haverá um agravamento dos impostos e que vai desenvolver todos os esforços no sentido do controlo e da redução da despesa pública. No âmbito da fi scalidade, o Programa de Governo refere que os objectivos centrais a prosseguir serão os da efi ciência, da simplicidade e da equidade do sistema fi scal. Algumas reformas estão na perspectiva da administração fi scal, a par do combate à fraude e à evasão fi scais. Por sua vez, os contribuintes deverão ter acesso, em tempo útil, ao andamento dos seus processos.

O Governo tenciona reformar a tributação do património imobiliário (IMI e IMT), de

forma a incentivar a conservação e a valorização dos edifícios, simpli-fi car os procedimentos e as avalia-ções e contrariar o crescimento ace-lerado da receita, no entanto, sem deixar de atender aos interesses das autarquias locais. Não menos importante é a reforma em sede de IRS. Neste caso, trata-se de man-ter a estabilidade da receita fi scal, “tendo como objectivo redistribuir as deduções e benefícios fiscais, num modelo progressivo em favor das classes médias”.Há o compromisso de reduzir os pra-zos de reembolso do IVA e melhorar o regime de prestação de garantias, o que passará pela criação de um novo regime para os pequenos con-tribuintes. E, contrariando o grupo de trabalho sobre fiscalidade, é intenção do novo Executivo alterar o regime do IVA sobre o ISV na tributação automóvel. Também é

Governo rejeita aumento de impostos na legislatura

referida a necessidade de aproximar o regime da tributação das mais-valias mobiliárias ao praticado na generalidade dos países da OCDE. Outra estratégia passa por incre-mentar e apoiar o cumprimento voluntário das obrigações fi scais, por exemplo, através da introdução de um meio de pagamento simplifi cado para ser-viços ao domicílio que permita o tratamento fiscal e contributivo da transacção de for-ma automática. Além disso, é novamente referida a intenção de criar condições para uma justiça tributária mais rápida, com cria-ção de soluções pré-contenciosas eficazes para resolução de confl itos.

Combate à fraudee à evasão fi scais

O combate à fraude e à evasão fi scais é tido como uma outra prio-ridade deste Governo. Refere o programa a este propósito: “Serão utilizados os instrumentos legais disponíveis, incluindo as possibi-lidades e condições de derrogação do sigilo bancário e do sigilo fi scal. Será promovido o incremento dos meios informáticos e a melhoria dos sistemas de informação tri-butários, bem como o cruzamento de informações e os sistemas de troca de informação com adminis-trações fi scais estrangeiras, a par da intensifi cação da capacidade de fi scalização e cobrança.”Entretanto, no âmbito da “qualida-de da despesa pública”, o Governo pretende garantir a consolidação da cultura de avaliação do desem-penho dos serviços de dirigentes

e trabalhadores. Pelo que é as-sumida a gestão por objectivos e a necessidade de mecanismos de diferenciação, “num quadro de uma maior autonomia e responsa-bilização dos dirigentes na gestão dos seus organismos”.

Vai manter-se o princípio da con-tratação de um funcionário por cada dois que saem e a aposta na formação e valorização dos recursos humanos, sem deixar de se prosseguir uma estratégia de racionalização dos efectivos. A precariedade continuará a ser uma preocupação, pelo que é objectivo acabar com o sistema dos recibos verdes na função pública.Ainda neste contexto, outros as-pectos importantes passam pela redução do parque de veículos do Estado e a substituição por frotas ecologicamente avançadas. O ob-jectivo é uma poupança anual de 20 milhões de euros nos próximos quatro anos. Continuará ainda a reestruturação das empresas públicas e “a prossecução da con-vergência entre sistemas de pro-tecção social dos sectores público e privado”.

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Fiscalidade

LEGISLAÇÃO

O novo Código Contributivo continua a suscitar polémica. As críticas sucedem-se e parece haver consenso junto dos fi scalistas e especialistas de outras áreas. Bruno Mestre, durante um seminário promovido pela Mercer e pela PLMJ, defendeu que o alargamento da base de incidência vai aumentar consideravelmente o montante das contribuições para a Segurança Social, penalizando tanto o trabalhador como o empregador. Os trabalhadores independentes também são fortemente penalizados, o mesmo sucedendo com as entidades contratantes.

A penalização dos contratos a termo suscita fortes críticas por parte daquele especia-

lista em Direito do Trabalho. É que o regime do Código do Trabalho já regulava satisfatoriamente o regime e prevenia abusos. A pena-lização dos contratos a termo vai desencorajar a criação de emprego e incentivar o uso de formas atí-picas de emprego (recibos verdes, trabalho temporário). Quanto à promoção das políticas activas de emprego, as medidas aparentam ser insufi cientes, face às difi culda-des que afectam a generalidade dos trabalhadores e das empresas.No que se refere aos trabalhadores subordinados, verifi ca-se a amplia-ção da base de incidência e a apro-ximação à incidência para efeitos de IRS. Passam a estar incluídos, por exemplo, abonos para falhas,

Aumentos incidem sobre trabalhadores e empregadores

Código Contributivo agrava contribuições para a Segurança Social

acordos de revogação do contrato se houver direito a subsídio de desem-prego ou despesas de utilização de viatura própria que gere encargos para o empregador. Tudo o que o código qualifi car como retribuição passa a integrar a base de incidência. Verifi ca-se a exclusão de importantes parcelas remu-neratórias, como subsídios para compensação de encargos familia-res e valores atribuídos a título de complemento de reforma. Conclui aquele profi ssional: “O próprio Có-digo Contributivo proporciona uma margem de manobra na determina-ção de base de incidência ao incluir algumas parcelas remuneratórias, mas excluindo outras.” Pelo que é possível fazer “engenharia remu-neratória”.

Presunção de remuneração média mensal

No que se refere aos trabalhado-res independentes, estes passam a ser enquadrados num escalão indexado ao IAS com fundamento na remuneração real. O método é a presunção de remuneração média mensal, o que se traduz em 70% do valor total dos serviços prestados no ano anterior a dividir por 12

(20% no caso de produção e venda de bens). A entidade contratante passa a ter uma taxa de 5% sobre o valor de cada serviço auferido por um trabalhador indepen-dente. O valor resultante terá que ser entregue à Segurança Social a cada três meses. Os trabalhadores independentes fi cam ainda enquadrados num regime unitário, com uma taxa única de 24,6%.Pretende-se o favorecimento d

acontratação por tempo indetermi-nado. Verifi ca-se a redução da taxa contributiva a cargo da entidade patronal em 1% na contratação por tempo indeterminado e é aplicável tanto a contratos novos como a pre-existentes. Por sua vez, há uma penalização de 3% na parcela a cargo da entidade patronal, no caso da celebração de contratos a termo e comissão de serviço sem contrato por tempo indeterminado anterior, nem pacto de permanência por tempo indeterminado na empresa no termo da comissão.Finalmente, quem acumular tra-balho subordinado com indepen-dente para a mesma sociedade ou sociedade do mesmo agrupamento empresarial será equiparado – para efeitos de contribuições – a um trabalhador subordinado e a taxa incidirá sobre a totalidade das re-munerações ilíquidas. Trata-se de um regime fortemente penalizador desta actividade. Haverá taxas mais baixas para trabalhadores com 65 anos de idade e 40 de carreira con-tributiva que optem por continuar a trabalhar e para órgãos estatutários de pessoas colectivas.

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Fiscalidade

CONGRESSO

A Administração Pública já não é um dos dos problemas na área das fi nanças públicas, mas um sector que tem capacidade para contribuir positivamente para as soluções necessárias à minimização dos efeitos da crise económico-fi nanceira. Esta a perspectiva transmitida pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, durante o Congresso da Administração Pública. O governante revelou-se satisfeito com as reformas realizadas e tem como prioridade a sua consolidação. “A meritocracia, a transparência, as boas práticas e a gestão criteriosa dos recursos que são afectos pelos contribuintes são os desafi os e as prioridades máximas, que serão monitorizados e avaliados.”

O Governo deu orientações à Inspecção-Geral de Finan-ças no sentido de alocar

mais recursos à identifi cação de eventuais situações que persis-tam em matéria de recurso ilegal a prestação de serviços, bem como a acção específi ca para monitori-zar as alterações de posiciona-mento remuneratório por opção gestionária, a atribuição de pré-mios e a negociação conducente à determinação de posicionamento remuneratório na sequência de procedimento concursal.Considera o ministro que é “essen-cial um esforço de fundamentação

Na opinião do ministro Teixeira dos Santos

Administração Pública deixou de ser um problema para as Finanças

e de publicitação das medidas, objectivos delineados e avaliações realizadas, quer a nível político, quer a nível dos serviços, de modo a que seja viável aferir da coerên-cia e oportunidade das medidas e soluções adoptadas”. Reconhece ainda que o Estado tem a respon-sabilidade de promover políticas de emprego público consentâneas com as necessidades da adminis-tração.Assim, garante que o Executivo está empenhado em promover, juntamente com a administração no seu todo, “um programa anual de cinco mil estágios, alargando as oportunidades para os jovens que, anualmente, procuram en-trar no mercado de trabalho”. E responsabiliza-se a encontrar formatos e conteúdos de formação que respondam às necessidades e anseios dos trabalhadores. Adian-ta sobre esta matéria: “Pretende-mos alinhar a matriz de formação e valorização dos recursos huma-nos da administração pública com as boas práticas internacionais e a experiência recolhida no sector privado.”

Finalmente, Teixeira dos Santos diz que quer regulamentar a atribuição de prémios de gestão aos dirigentes que cumpram e ultrapassem os objectivos que lhe são fi xados. “Essa é uma possibili-dade já prevista na lei e que deve agora ser regulamentada.”

Oportunidade "versus" ameaças

Perante este cenário, as conclu-sões apresentadas por Teixeira dos Santos revelaram-se optimis-tas. Desde logo, que, na genera-lidade dos serviços, as reformas estão a ser encaradas como uma oportunidade e não como uma ameaça e que há espaço nas ad-ministrações para a iniciativa e para a criatividade. E que é pos-sível “fazer grandes coisas com recursos limitados”. Além disso, acha que as boas práticas têm um efeito fecundador e multiplicador, pelo que devem ser replicadas.Garante que foram atingidos objectivos importantes nos últi-mos anos, como uma administra-ção “mais amiga e respeitadora

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Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009 - 9

“FINANCIAL TIMES” DÁ NOTA NEGATIVAA MINISTRO PORTUGUÊS

Numa lista de 19 nomes, Teixeira dos Santos classifi cou-se no 15º lugar dos melhores ministros das Finanças. No ano passado fi cou em último lugar. A francesa Christine Lagarde é tida como a melhor ministra, de acordo com a lista do Financial Times.Teixeira dos Santos é visto como um “sobrevivente”, mas tem contra si o facto de fazer face a uma economia com grandes fraquezas estruturais e défi ces externos em crescimento acentuado. À responsável francesa é elogiada a sua performance a nível internacional, nomeadamente no que respeita à regulação da banca. Além disso, a França tem mostrado uma resistência invejável face à crise global.A homóloga espanhola aparece na 16ª posição, com o ministro irlandês a surgir no último lugar da lista. O país está à beira de uma catástrofe económica e o ministro das Finanças terá que dar provas de que a situação não se torna incontrolável. De-pois da França, os lugares seguintes vão para os responsáveis alemão e belga.

Fiscalidade

CONGRESSO

A realidade é que, apesar dos sinais de recuperação económicae de estabilização do sistema fi nanceiro, ainda se verifi caum clima de incerteza.

dos direitos dos cidadãos, mais transparente e competente, bem como melhor gestora dos seus recursos”. Importa agora, na sua perspectiva, aprofundar o esforço de dignifi cação, iniciado com a reforma e agora orientado por três vectores essenciais, designa-damente valorização, efi ciência e transparência.Desde Novembro passado que existem novas regras de organiza-ção do trabalho e aprofundamento do estatuto profi ssional. O mi-nistro deixou um apelo: “Devem juntar-se ao processo os trabalha-dores que não estão fi liados nas estruturas sindicais signatárias, pelo que devemos agora trabalhar para que este acordo colectivo se lhes estenda.”

Qualidade das fi nanças públicas

Relativamente à actual situação económica, Teixeira dos Santos entende que assume especial im-portância a qualidade das Finan-ças Públicas. A realidade é que, apesar dos sinais de recuperação económica e de estabilização do sistema fi nanceiro, ainda se verifi ca um clima de incerteza, pelo que defende a manutenção das medidas de estímulo orça-

mental e de apoio à economia e ao emprego.“Isto em consonância com uma evolução sustentável das fi nan-ças públicas, que requerem uma célere correcção dos défi ces orça-mentais e a gradual correcção dos rácios de dívida pública. O que implica melhorias na qualidade das fi nanças públicas, com um aumento de efi ciência e efi cácia e a continuação das reformas estru-turais, promovendo o potencial de crescimento do país.” Para o mi-nistro não existem dúvidas: “Este caminho constitui a melhor forma de se evitar um agravamento dos desequilíbrios macroeconómicos e de se encetar a sua correcção.”Faz notar que as políticas anti-cri-se têm um efeito signifi cativo so-bre a dinâmica da dívida, demons-trando a importância acrescida de uma política de rigor orçamental. Assim, há que realizar a análise custo-benefício para os principais projectos de investimento, nome-

adamente através da avaliação do seu impacto económico e fi -nanceiro, incluindo os encargos orçamentais gerados.

Programação fi nanceira plurianual

Mas existem outras necessidades, decorrentes da actual situação: “Importa a coordenação do design e o acompanhamento das parce-rias público-privadas e continuar a melhorar o enquadramento orçamental, nomeadamente im-plementando uma programação fi nanceira plurianual efectiva.” Além disso, haverá que promover a continuação do aproveitamento do potencial associado à gestão partilhada de recursos fi nancei-ros, patrimoniais e humanos.É ainda chamada a atenção para a necessidade das medidas de curto prazo deverem ser consistentes com os objectivos das reformas estruturais. Naturalmente, avisa Teixeira dos Santos, as questões orçamentais não podem perder de vista as políticas de emprego e pro-tecção social em tempos de crise. Os princípios orientadores já estão defi nidos, refere o ministro: “As medidas devem contribuir para a redução dos custos de ajustamento e acelerar as transições no mer-cado de trabalho. As medidas de apoio aos mais desfavorecidos re-forçam a coesão social, para além de favorecerem a procura agrega-da, dada a elevada propensão ao consumo destes rendimentos.” Ou seja, as políticas públicas devem combater os efeitos económicos e sociais negativos do desemprego.

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Associativismo

CNC

A Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC) esteve três décadas integrada na Comissão de Normalização Contabilística (CNC). Os seus responsáveis não entendem quais os motivos que levaram o legislador a afastar algumas entidades daquele organismo, no âmbito da sua reestruturação, quer em termos de constituição, quer ao nível da sua actividade. A situação é tanto mais incómoda quanto esta seria uma altura em que os profi ssionais deveriam estar ainda mais presentes naquela estrutura, tendo em conta a entrada em vigor para muito em breve do Sistema de Normalização Contabilística (SNC), como faz notar Maria Teresa Neto, vice-presidente da direcção-central da APOTEC.

Com o ajustamento à estru-tura da Comissão de Nor-malização Contabilística, a

APOTEC e as associações privadas de profissionais deixam de nela estar representadas. “No que toca à nossa associação, o trabalho desenvolvido há mais de 30 anos foi ignorado.” No entanto, importa notar que, com esta alteração, o Estado não deixa de manter um peso determinante naquela comis-são, o que implica uma excessiva dependência relativamente ao poder político.Refere a dirigente associativa sobre esta matéria, com bastante mágoa: “A APOTEC integrou a CNC desde o seu início de funcionamento com um membro efectivo e um suplente, os quais desenvolveram um traba-

lho meritório. Ao longo dos anos foram várias as personalidades que representaram a associação nos respectivos órgãos da CNC, enquanto entidade independente e representativa dos profi ssionais da contabilidade.”Maria Teresa Neto lembra que a APOTEC não se limitou a estar representada, “utilizou todos os meios ao seu alcance para divulgar os trabalhos desenvolvidos pela CNC – todas as fases do POC, os procedimentos contabilísticos, as directrizes e as normas contabi-lísticas e, por último, o Sistema de Normalização Contabilística – como o nosso jornal, a internet e, sobretudo, as acções de forma-ção que desenvolveu junto dos profi ssionais. Foi um contributo importante para a melhoria da contabilidade em Portugal”.

O regime jurídicoda discórdia

Ora, as coisas mudaram, desde a publicação, em Julho, do decreto-lei que aprova o novo regime jurídico

de organização e funcionamento da CNC. De acordo com o seu preâmbulo trata-se de um diplo-ma que tem por objectivo, entre vários outros, a modernização, a simplifi cação e a fl exibilização dos seus processos de actuação. O que serviu de justificação para que fosse reduzido o actual número de membros do conselho geral e da comissão executiva. Considera Maria Teresa Neto que a decisão não é compreensível e se foram apresentadas as merecidas justificações. Certo é que, inad-vertidamente, algumas entidades foram afastadas desta importante comissão, a qual tem à sua respon-sabilidade a transposição das direc-tivas comunitárias. Só que agora sem a associação que representa os profi ssionais do sector.Manuel Patuleia, presidente da APOTEC, há muito que avisa para uma série de circunstâncias que encara como prejudiciais para a actividade contabilística. Sabendo das movimentações em curso, foi das primeiras vozes a lamentar a possibilidade de a “sua” associação ser afastada, o que acabou mesmo por suceder. De igual modo, tem-se insurgido contra a passagem da CTOC a Ordem, considerando que se trata de uma ilegalidade. Mais uma vez, a APOTEC não foi ouvida e as preocupações são cres-centes quanto à independência profi ssional dos técnicos ofi ciais de contas.Seja como for, os dois dirigentes as-sociativos não deixam de desejar a Domingos Cravo, o novo presidente da CNC, boa sorte, colocando-se ao dispor para colaborarem com a “nova” entidade sempre que para tal a associação for solicitada.

APOTEC lamenta afastamento da Comissão de Normalização Contabilística

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Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009 - 11

GOLPE DE MISERICÓRDIA A AECOPS desde o início da discussão do novo diploma que assumiu uma posição contrária a várias das medidas então propostas. Sobre-tudo por considerar que as mesmas não tinham em consideração as especifi cidades do sector da construção, bem como o actual cenário de crise económica. Como tal, os responsáveis associativos estão a tentar sensibilizar os novos representantes parlamentares “acerca dos graves prejuízos que a aplicação do regime implica para os empresários e, consequentemente, para a já muito débil economia nacional”.A associação considera que “a oneração do sector com mais este en-cargo – cuja fi losofi a não tem paralelo em qualquer outro país europeu – prefi gura o golpe de misericórdia para muitas construtoras, dado que o custo da medida ultrapassará, por certo, o montante da respectiva taxa contributiva”.

Sectores

CONSTRUÇÃO

A construção é mais um sector que está contra a implementação do novo Código Contributivo, a partir do próximo mês de Janeiro. As empresas que contratem prestações de serviços terão que descontar para a Segurança Social 2,5% sobre 70% do respectivo valor. Como se não bastasse, esta medida tem aplicação progressiva, pelo que a taxa passa para o dobro um ano após a sua entrada em vigor. A Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas (AECOPS) garante que vai combater as medidas preconizadas no novo Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, até porque o sector é particularmente afectado pela nova política.

Considera a associação – e chama a atenção dos seus associados para o facto – que

as empresas terão acréscimos acrescidos e significativos nos respectivos custos. Resulta da conjugação das normas do novo di-ploma relativas aos trabalhadores independentes, com o actualmente disposto no CIRS. “O Código Con-tributivo dispõe que são abrangidos pelo regime dos trabalhadores inde-pendentes as pessoas que exerçam actividade profi ssional por conta própria, geradora de rendimentos a que se reporta o CIRS.”Ora, a partir de 2001, o Código deixou de utilizar o conceito de rendimento do “trabalho indepen-

Poderá representar o “golpe de misericórdia” para muitas empresas

Indústria da construçãorejeita novo Código Contributivo

dente”, tendo passado a ser utili-zado o conceito de “rendimentos empresariais e profi ssionais”, que engloba também os rendimentos provenientes de actividades comer-ciais e industriais, entre as quais se contam a construção civil, as activi-dades urbanísticas, a exploração de loteamentos. Deste modo, avança aquela associação, “constata-se que, salvo raras excepções, fi cam abrangidos pelo regime dos traba-lhadores independentes do novo código todas as pessoas singulares que exerçam por conta própria qualquer actividade, quer seja profi ssional, quer seja empresarial (comercial ou industrial)”.Além disso, explica que acresce que se consideram abrangidas pelo regime dos trabalhadores indepen-dentes – na qualidade de entidades contratantes – as pessoas colecti-vas e as singulares com actividade empresarial, independentemente da sua natureza e das fi nalidades que prossigam, que benefi ciem da prestação de serviços por trabalha-dores independentes.

Realidade muito abrangente

Neste cenário, as entidades contra-tantes, que adquiram serviços que tenham sido prestado por pessoas singulares, são consideradas como contribuintes neste regime de segurança social, constituindo-se a obrigação contributiva com a execução da respectiva prestação do serviço.Conclui a AECOPS: “O regime dos trabalhadores independentes previsto no novo Código, que defi ne uma base de incidência para a en-tidade contratante correspondente a 70% do valor de cada serviço prestado e a uma taxa contributiva a seu cargo de 5%, acaba por abran-ger uma realidade que vai muito para além destes profissionais. Inclui, de facto, todos os prestado-res de serviços, designadamente o vasto universo dos empresários em nome individual.”

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A redução de custos e o usodas novas ferramentas de gestão

AGOST INHO COSTA

Análise

8 ª Parte

«Conheço muitos que não puderam, quan-do deviam, porque não quiseram quando podiam.»

François Rabelais

Terminamos o último artigo referin-do que:“Actualmente, com quebras de acti-vidade e grande expectativa sobre os resultados, a pressão sobre os gestores é enorme.”A competição global cria pressões tremendas aos gestores. A situa-ção de crise generalizada agrava a situação. As preocupações com a rentabilidade são enormes. Como o nível de infl uência sobre os preços é reduzida e o lucro é uma questão de sobrevivência, os gestores viram-se para os custos.Então, ao verem quebras acentuadas na rentabilidade, os gestores cortam, muitas vezes, custos indiscriminada-mente. Tal situação assemelha-se com aquela em que a dona de casa deitou o bebé fora com a água do banho. Mui-tas empresas estão a cortar em custos necessários para assegurar compe-tências que são cruciais no futuro da organização, colocando-o assim em causa. Isso é gerir de forma cega.Estas medidas, tomadas de uma for-ma indiscriminada, podem ter algum efeito, mas só aparente e, na melhor das hipóteses, no curto prazo. Dão a impressão que se pode sair do sufoco, mas podem ser desastrosas a médio ou longo prazo.

um gestor que reduz despesas não signifi ca que tenha sido efi caz. Gas-ta menos, mas não sabe se perdeu oportunidades, e sobretudo, se não reduziu recursos ou competências relevantes para o sucesso da organi-zação no futuro. É fundamental que tenhamos or-ganizações efi cientes. Mas isso não se consegue com cortes de custos de forma cega, que possibilitam em determinadas circunstâncias redução de gorduras e noutros redução de músculo, deixando a ilusão de que estamos a ser mais efi cientes, apenas porque em termos numerários os cus-tos diminuíram. É mesmo pura ilu-são. O que é desejável é que, para um determinado nível de qualidade dum produto ou serviço, os consumos ne-cessários para alcançar esse padrão de qualidade sejam inferiores, pois dessa forma a empresa estará a ser mais competitiva. Só assim poderei falar em aumento de efi ciência. Reduzir custos de forma inteligente não significa, portanto, cortes em todas as áreas, mas sim nas áreas em que eles estão ligados a actividades desnecessárias, para os objectivos da organização. É, pois, nesse sentido que surge o método de custeio base-ado na actividade – ABC.Neste e nos próximos artigos, iremos então falar sobre o sistema de Cus-teio Baseado em Actividades – ABC e sobre a metodologia de gestão ABM – Activity Based Mana-gement. Estes conceitos e metodologias, con-duzem a que a abordagem passe a si-tuar-se nas actividades (aquilo que as pessoas fazem), nos factores de custo associados e nos seus resultados. De acordo com estas metologias, as actividades consomem recursos (pes-soal, equipamentos, espaço, comuni-cações, etc.) e geram resultados que podem/devem ser avaliados e medidos em função do valor que trazem para a organização e para os seus clientes. Existem actividades que acrescen-tam valor, isto é, contribuem, por exemplo, para a qualidade do produto

e para a satisfação do cliente e que podem/ devem ser optimizadas. Todavia, numa organização existem muitas outras actividades que não acrescentam qualquer valor e podem/devem ser eliminadas (exemplos: revisões, correcções de erros, tempos de espera, alguns controlos de super-visão, etc.). Estas actividades, ao serem elimi-nadas, permitem que se eliminem os custos associados às mesmas, sem qualquer prejuízo para a orga-nização. Mas tenhamos presente que o facto de estas actividades serem eliminadas, não signifi ca necessa-riamente, despedimentos, pois os recursos humanos que então fi cam disponíveis podem/devem ser mu-dados de actividades de pouco valor acrescentado para outras de maior valor acrescentado.Por exemplo:Mudar recursos de actividades de revisão, análise e controlo para activi-dades de relacionamento com clientes ou ligadas à qualidade e inovação dos produtos.Quando compreendemos de forma clara o método ABC – custeio baseado nas actividades –, parece-nos sem qualquer dúvida que será a metodolo-gia mais adequada que possibilitará uma informação fundamental para uma boa gestão do custo dos produtos e/ou serviços. Todavia, ainda hoje, em muitas organizações, são utilizados sistemas de custeio que não auxiliam em nada a melhoria da gestão dessas empresa, bem pelo contrário.

A evolução dos sistemasde custeio

Vamos então muito rápidamente sintetizar a evolução dos sistemas de custeio, para, em seguida, apro-fundar um pouco mais as ideias essenciais sobre o sistema de custeio ABC. A necessidade de registar as informa-ções sobre as transações comerciais remonta às antigas civilizações. Nessa altura, os registos eram então gravados

AGOSTINHO COSTA

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CIP fixos como custos do período e não como custos do produto. Por este método, são considerados cus-tos dos produtos apenas os custos variáveis. Este sistema traz informações impor-tantes, como a Margem de Contribui-ção (diferença entre proveito e custo variável). Este conceito mostra de forma simples, sem qualquer questão de subjectividade, a potencialidade de cada produto, mostrando como cada um contribui para, em primeiro lugar, amortizar os gastos fixos e depois, formar o lucro.A utilização da margem de contri-buição é importante na tomada de decisões sobre o “mix” de produtos a serem produzidos. Indica-nos qual o “mix” de produtos que maior margem de contribuição proporciona à organi-zação e, dessa forma, que mais rapi-damente amortiza os custos fi xos. É também de grande utilidade para nos informar qual o preço mínimo a ser utilizado, por forma a poder rentabi-lizar a capacidade ociosa da empresa e proporcionar-se dessa forma um acréscimo da rentabilidade.O sistema de custeio variável pro-porciona ainda outras informações importantes, como, por exemplo:- O cálculo do Ponto crítico (“break even”);- A Margem de Segurança;- O efeito Alavanca Operacional. O Ponto Crítico (“break even”) indica o nível mínimo de actividade com que empresa deve operar para não ter prejuízo. É o chamado ponto de equilíbrio contabilístico. No ponto de equilíbrio contabilístico, os resulta-dos operacionais, são iguais a zero.Poderemos ainda falar em duas ou-tras noções de Ponto crítico. São elas as seguintes:1. Ponto de equilíbrio económico - quando também é considerada a recuperação do capital investido;2. Ponto de equilíbrio financeiro - quando é deduzida a depreciação contida nos custos fi xos e somada a amortização das dívidas.A Margem de Segurança indica o quanto a empresa pode ter de redu-ção do seu volume de negócios sem entrar na faixa de prejuízo.A Alavanca Operacional indica quan-tas vezes o lucro aumenta com o aumento da actividade.

AGOST INHO COSTA

em blocos de pedra. Com o tempo, o sistema de registos foi aperfeiçoado. Mas, até a Revolução Industrial, qua-se só existia a Contabilidade Geral, que estava preparada basicamente para dar resposta às necessidades das empresas comerciais. Com o aparecimento das indústrias surgiu a necessidade de avaliar “stocks” de produtos em curso de fabrico e produtos acabados. Dessa forma, para se obter com maior rigor o apuramento de resultados, em cada período, a contabilidade tradicional procedeu a uma adaptação de técni-cas, pois não estava preparada, ini-cialmente, para dar informação sobre o valor deste tipo de “stocks”.Surge, assim, a contabilidade de cus-tos industrial. Com a contabilidade de custos, aparecem os sistemas de custeio, que são os métodos de apro-priação de custos. Os métodos são basicamente dois: - o custeio por absorção ou total (é o

método tradicional);- o custeio directo ou variável.O sistema de custeio total ou por absorção é um método de custeio que afecta os custos directos e indirectos aos produtos. Considera os custos administrativos, comerciais e os fi nanceiros, como custos do período. A repartição dos Custos Indirectos de Produção é feita pela utilização de diferentes critérios, subjectivos, o que proporciona resultados que podem levar a custos totais também diferentes para cada produto, de acordo com os critérios de repartição utilizados. O sistema de custeio por absorção, que surgiu para atender às necessi-dades das empresas a fi m de avaliar os “stocks” de produtos em curso e de produtos acabados (para elaboração de demonstrações fi scais e fi nancei-ras) é o adoptado pela contabilidade geral e o único aceite pelo fi sco. No entanto, tem as suas limitações para efeito de decisão de Gestão. A principal crítica ao método do custeio total reside nos critérios de repartição dos custos indirectos. São critérios subjectivos, que podem originar distorções no apuramento dos custos dos produtos.Surge, então, o sistema de custeio directo ou variável. O sistema de custeio directo ou variável trata os (Continua no próximo número)

A necessidade de modernização para enfrentar a concorrência

Segundo Porter, a base da vantagem competitiva está no baixo custo e na diferenciação. No actual cenário de competição global elevada e crescen-te, a necessidade de modernização das organizações, para enfrentar a concorrência, fez com que estas se preocupassem com a melhoria dos seus produtos/serviços e processos, e, simultaneamente com a melhoria dos sistemas de informação de cus-tos. Surgiram, em muitos sectores de actividade, grandes investimentos na automação e informatização dos processos produtivos. O conhecimento exacto dos custos dos produtos e o seu perfeito controlo tornaram-se importantíssimos. A implementação de novas ideias em gestão de custos e os trabalhos de-senvolvidos por Johnson e Kaplan, sobre a relevância da análise de cus-tos nas empresa, tornaram-se a base para o desenvolvimento das técnicas contabilísticas conhecidas como ABC (custeio baseado em actividades).

O Sistema de Custeio ABC e o ABM

O custeio baseado em actividades (ABC - Activity Based Costing) é uma metodologia que surgiu como instru-mento da análise estratégica de cus-tos, relacionados com as actividades que têm mais impacto no consumo de recursos de uma empresa.A metodologia do custeio baseado em actividades parte do princípio de que todos os custos incorridos numa empresa acontecem na execução de actividades. A execução de tais activi-dades é que determina o consumo dos recursos da empresa, e, portanto, dos custos de produção. Partindo desse pressuposto, são, actividades que de-vem estar sob cuidadosa observação e análise. Ao assinalar as “causas” que levam ao aparecimento dos custos, o ABC permite aos gestores uma actuação mais selectiva e efi caz sobre o comportamento dos custos da organização.

Análise

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DIVERSOS

Informáticana Contabilidade

Aplicações empresariais móveiscondicionam produtividade do teletrabalho

De acordo com as conclusões de inquérito elaborado pela Harris Interactive, a produ-

tividade de um colaborador, fora do seu local de trabalho, é prejudicada pelas dificuldades de aceder de forma efi ciente a software ou fi -cheiros profi ssionais remotamente. O inquérito concluiu também que os colaboradores trabalhariam fora do escritório mais frequentemente se os seus ficheiros e software pudessem ser carregados mais rapidamente. De salientar que cada vez mais o acesso remoto ao trabalho se impõe como ferramenta essencial num desempenho mais produti-

vo, num esforço para aproveitar horários de trabalho fl exíveis e para um melhor contacto com os clientes no terreno. Por outro lado, numa altura em que o teletrabalho é a solução apontada nos planos de contingência da Gripe H1N1, este estudo vem demonstrar que esta medida só será efectivamente efi caz se acompanhada de ferra-mentas de software mais rápidas e efi cientes. Adicionalmente, entre os colabora-dores que já acederam a software ou fi cheiros profi ssionais a partir de um local remoto, 29% fazem-no pelo menos 5 vezes por semana, enquanto 33% afi rmam que aceder

a software ou fi cheiros profi ssionais remotamente afecta a sua produti-vidade negativamente.De acordo com a Riverbed, o rápido acesso remoto a fi cheiros constitui um desafi o crescente para as em-presas. As empresas estão cada vez mais a consolidar os seus centros de dados numa localização central, en-quanto que os colaboradores estão cada vez mais distribuídos geogra-fi camente e a trabalhar a partir de computadores portáteis. Este facto aumenta a distância entre os cola-boradores e os fi cheiros e o software de que precisam para realizarem o seu trabalho, o que pode prejudicar a produtividade.

Microsoft anuncia próxima geração do Dynamics CRM

A próxima versão do Microsoft Dyna-mics CRM incluirá

software e serviços e, segundo a empresa de Redmond, vem reforçar o poder de escolha dispo-nibilizado aos clientes e parceiros quer nas suas instalações (on-premi-se) ou em modo “on-de-mand”.A versão de pré-lança-mento já foi disponibiliza-da a um número limitado de parceiros Microsoft através do programa “Community Technology Preview“ (CTP). O pro-grama terá várias fases e onde serão acrescentados mais parceiros em cada uma das fases. Durante o primeiro trimestre de 2010, o CTP oferecerá

acesso à versão de pré-lançamento aos parcei-ros em todo o mundo através do serviço CRM Online em funcionamento em centros de dados na América do Norte e nas regiões EMEA e Ásia/Pacífi co. Para o terceiro trimestre de 2010, está previsto um programa de acesso antecipado mun-dial para clientes, com disponibilidade através de software “on-premi-se”, versões alojadas por parceiros e CRM Online. A próxima versão estará comercialmente disponí-vel aos clientes em todo o mundo como um serviço pronto para a produção através do CRM Online no quarto trimestre de 2010.

Xerox lança novo serviçode digitalização e arquivo electrónico

A Xerox Portugal lançou no merca-do solução Paper-

Less Box, um serviço de digitalização e arquivo electrónico desenvolvido para pequenas e médias empresas. O novo produto é uma so-lução web-based baseada em software e serviços, que centraliza o processamento de documentos sem as com-plicações de instalações software e hardware, das soluções tradicionais mais complexas. “A par disto e como mais-valia evidente, não existe investimento inicial, estando o delivery da solução baseada num volume de documentos processados mensalmen-te e uma taxa fixa que o cliente paga em igual período, durante o tempo

de duração do contrato (12, 24 ou 36 meses)”, explicou a empresa em comunicado de imprensa.O ponto central é, para a Xerox, dar flexibilidade, pois, não obstante a exis-tência de uma baseline fi xa de documentos mensal, é possível ao cliente agregar excedentes sem necessi-dade de renegociação ou acertos no contrato.Uma das modalidades desta solução assenta na infra-estrutura de MFD, já disponível nos clien-tes, procedendo a Xerox à integração dos serviços pós-digitalização, “acres-centando, assim, valor aos documentos e libertando os clientes dos processos morosos e de custos indi-rectos difíceis de contabi-lizar e medir”.

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ESTRATÉGIA

Área de Business Intelligenceé mais crítica do que nunca

A IBM Cognos defende que o Business Intelligence (BI) está mais crítico do que

nunca. A empresa explana que as empresas, governos e consumido-res têm sentido nos últimos meses como a incerteza se tem apoderado da economía, para além de que os salários baixaram e as ajudas para o desemprego dispararam. “O sec-tor da construção está a enfrentar um forte reajuste e as entidades bancárias mantêm a restrição do crédito a empresas e particulares. E, como consequência, o aumento dos preços energéticos teve um impacto signifi cativo em pratica-mente todos os sectores económi-cos”, relembra num alerta feito aos meios de comunicação social.Nesta situação, a empresa asume ser natural que as empresas dese-jem reduzir o gasto e os investimen-tos, mantendo uma postura cautelo-sa. “Contudo, convém não esquecer que esta conjuntura económica pode

oferecer novas oportunidades para empresas que queiram investir nas suas infra-estruturas e apostem em estratégias sustentáveis de negócio, ajustadas e competitivas. Este tipo de situações fomentam uma evolu-ção no sector tecnológico visto que força os governos e as empresas a apostar na efi ciência e a encontrar ou inventar novas solucões face aos problemas de negócio”. Assim, a “Inteligência de Negócio” ou Business Intelligence (BI) surge no mundo empresarial como uma ferramenta para, defende a IBM Cognos, aumentar o controlo sobre a informação em tempo real e poder reagir às mudanças.“uma das maiores oportunidades será o investimento em ferramentas de TI realizado pelas companhias e governos, já que são as ferramen-tas tecnológicas as que ajudam as empresas a ser mais ágeis e competitivas. Mas o observável é exactamente o contrário, sendo

as TI as que primeiro sofrem os cortes em períodos de difi culdades económicas”.Os pontos chave, para muitos CIO, são o Business Intelligence (BI) e Performance Management (PM) – gestão de rendimento. Para os mais experientes, diz a IBM Cognos, o BI inclui aquelas tecnologias que permitem agregar, fi ltrar, analisar e navegar pela informação relacio-nada com os temas de negócio e processos, com o objetivo de tomar melhores decisões de negócio e de forma mais rápida. “Normalmente, isto inclui uma rigorosa planifi cação empresarial, reporting, análise e tabelas de resultados. Com o BI, as empresas podem identifi car tendên-cias e empreender atempadamente as acções para resolver problemas, capitalizar as oportunidades e mitigar/prevenir as ameaças. Por outras palavras, ajuda as empre-sas e administrações e converter a adversidade em vantagem”.

Divisão de Integração da Information BuildersiWay Software disponibiliza serviço gratuito

para avaliar a qualidade dos dados das empresas

A iWay Software, divisão de soluções de integração da Information Builders, anun-

ciou a disponibilização ao mercado do Data-Quality Challenge, um serviço que permite às empresas avaliar a qualidade dos seus acti-vos de dados. Este serviço, gratuito, funciona através de três opções: envio do extracto detalhado dos dados da empresa, ferramentas de análise de dados e gestão de qualidade para analisar a integridade dos mesmos e, por último, solicitação dos consultores da iWay para que

estes acedam ao site corporativo e analisem e tracem o perfil de amostras aleatórias da informação corporativa.Para poder aceder ao serviço de avaliação da qualidade de infor-mação da iWay, os ficheiros de amostras de dados devem ter um mínimo de mil registos e máximo de 100 mil, em formato Excell ou CSV, nos quais devem constar da-dos detalhados ou de transacção, sem fórmulas de resumo ou agre-gações e em que os fi cheiros não podem incluir mais de 15 campos de dados.

Segundo José María Garcia-Soto, vice-presidente da Information Builders para Portugal, Espanha e México, “com o Data-Quality Challenge, as empresas poderão ter acesso a uma visão total da viabilidade da informação da qual dependem para conduzir a perfor-mance do seu negócio, compreen-dendo melhor onde se encontram as maiores ameaças e a extensão dos danos que podem causar se não forem corrigidas e colmatadas”.

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SEGURANÇA

Através do Programa “Custo x Página”

OKI ajuda empresas a poupar até 40%Desde a implementaçãono mercado, em Junhode 2009, a empresa garanteque Plano BUY&Print regista um crescimento mensalna ordem dos 20%.

A OKI, empresa especializada em soluções profissionais de impressão, anunciou os

resultados dos primeiros quatro meses de implementação do Pro-grama Custo por Página da marca, direccionado a pequenas e médias empresas e profi ssionais liberais, com cerca de 100 contratos assi-nados. “O Programa Custo x Página da OKI, destaca-se pelo Plano Buy&Print, através do qual o cliente só paga o que imprime, sem se preocupar com os consumíveis ou a assistência técnica do equipamento”. Com cerca de 100 contratos assinados desde Junho de 2009, a empresa explica que o plano é uma solução baseada em quatro conceitos chave: simpli-cidade, fl exibilidade, mensurabili-dade e liberdade do cliente para o seu core business.A sublinhar o sucesso desta solu-ção está o mais recente contrato fechado com a empresa unilabs. De acordo com o responsável Mar-co Pinto, IT Support da unilabs, “com o aumento do nosso parque de impressão, sentimos cada vez mais a necessidade de proceder à sua uniformização e gestão centra-lizada, de modo a conseguirmos um melhor controlo sobre custos e equi-pamentos instalados. Recorremos à OKI para nos ajudar nessa tarefa e rapidamente obtivemos resultados visíveis, como o maior equilíbrio entre os custos e a produtividade, a gestão de custos ao nível do utili-zador/equipamento, mais tempo do pessoal de TI para outras tarefas e, consequentemente, utilizadores

fi nais mais satisfeitos, gestão e ma-nutenção centralizada do parque e, igualmente importante, a con-tribuição para a sustentabilidade da empresa.”O modelo de gestão Custo x Página apresenta muitas vanta-gens em relação a outros mais tradicionais para toda a cadeia de agentes envolvidos, defende a OKI. Por um lado, dizem, é uma ferramenta muito rentável que permite ao cliente controlar o seu orçamento de impressão. Por outro lado, permite ao canal de distribuição e revenda oferecer um serviço ajustado às necessi-dades dos clientes, o que reforça a sua fi delização, e uma fórmula de venda segura, rápida e sem riscos, baseada unicamente na utilização do equipamento. “O sucesso do nosso programa

Custo por Página excede as nossas expectativas, dado o período do ano em que foi lançado. Enche- -nos de orgulho, não só pela forma como os clientes aderiram a esta fórmula inovadora, mas também pela forma como o nosso canal de distribuição o conseguiu adoptar”, adianta Carlos Sousa, director-ge-ral adjunto da OKI em Portugal. E acrescenta: “As condicionantes com que as empresas se depara-ram no último ano levaram-nas a uma mudança de atitude, que acreditamos permanecer: a análise permanente de custos e a rentabi-lização máxima dos investimentos para um real retorno dos mesmos e enfoque no seu core business.”

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Contabilidade

SNC

A principal novidade do Sistema de Normalização Contabilística relativamente ao modelo contabilístico do actual POC é o reforço das responsabilidades do técnico ofi cial de contas no que respeita ao aumento da sua intervenção e tomada de decisão, designadamente no que se refere às políticas contabilísticas das empresas e à mensuração dos factos patrimoniais. Esta a opinião manifestada por Joaquim da Cunha Guimarães, revisor e técnico ofi cial de contas, em trabalho publicado na revista TOC, em que também aponta o facto de o “justo valor” ser alvo de uma utilização indevida.

Quanto ao SNC, defende que há um maior apelo aos as-pectos teórico-conceptuais e

respectiva interpretação pelo pro-fi ssional. O que aumenta os juízos de valor e, consequentemente, a subjectividade. “Este aspecto está integrado no sistema, quando se refere que o mesmo se baseia mais em princípios (ou conceitos) do que em regras.”Lembra que, nos termos do actual Estatuto, o TOC tem funções e responsabilidades na regularidade técnica nas áreas contabilística e fi scal, as quais são assumidas pela assinatura, em conjunto com o re-presentante legal da entidade, das demonstrações fi nanceiras e das de-clarações fi scais. “Acresce ainda que se prevê um conjunto de regras de controlo de aplicação das normas, o designado ‘enforcement’, ao qual está associada a aplicação de coimas, que incidem sobre as entidades sujeitas

ao SNC, no âmbito da legislação que aprovou o SNC”, explica Joaquim da Cunha Guimarães.Neste contexto, dado que o TOC é o responsável pela regularidade técnica e contabilística – e conside-rando que essas normas sanciona-tórias se referem ao incumprimento de factos contabilísticos – coloca-se a questão se o profissional não responderá subsidiariamente pe-las entidades. “Ou seja, tendo em conta o exemplo da reversão fi scal prevista na Lei Geral Tributária, levanta-se a questão se poderá invocar a existência de reversão contabilística.” Para Joaquim da Cunha Guimarães, esta é uma situ-ação que importa ser urgentemente esclarecida por parte da Comissão de Normalização Contabilística.Este profi ssional rejeita que o SNC represente uma “revolução con-tabilística”, tratando-se antes de uma evolução. O sistema constitui uma alteração signifi cativa, apenas, relativamente ao modelo POC. “Em particular no que tange à melhoria dos aspectos técnico-conceptuais, em particular a estrutura concep-tual e as normas contabilísticas e de relato fi nanceiro.” Mas lembra que essas normas, compreendidas no SNC, resultam da adaptação – e não adopção – das NIC e NIRF, sendo que as primeiras já estavam a ser adaptadas no modelo POC, através das directrizes contabilís-ticas. Aliás, importa relembrar que Portugal foi considerado um dos países que melhor efectuaram essa convergência.

Justo valor continuaa gerar polémica

O justo valor tem sido uma das matérias que mais polémicas têm gerado, quer no âmbito das normas

internacionais de contabilidade e das normas internacionais de relato fi nanceiro quer no âmbito do SNC. Naturalmente, com a crise fi nanceira, a discussão sobre o assunto acentuou-se. Joaquim da Cunha Guimarães lembra que che-ga mesmo a ser apontado como “o critério de mensuração responsável pela criatividade contabilística, que provocou tal descalabro da economia mundial”.Considera que o problema não é do justo valor, enquanto critério de mensuração, mas sim da sua utilização indevida. “O justo valor já está consagrado no modelo POC e o mesmo tem registado uma apli-cação prática reduzida, sendo o caso mais conhecido o das reavaliações ou revalorizações no SNC, livres dos activos corpóreos.” Ora, na opinião de Joaquim da Cunha Guimarães, o SNC alarga a aplicação do justo valor, mas continuará a ter uma aplicação reduzida, especialmente nas empresas de menores dimen-sões. Aliás, o justo valor não é apli-cável às empresas que se encontrem em condições de optar pela norma contabilística e de relato fi nanceiro para pequenas entidades.“O justo valor tem restrições estru-turais, não só quanto ao seu cálculo e cumprimento da característica da fi abilidade, exigindo-se a exis-tência de mercado regulamentado, mas também quanto às limitações à distribuição dos ganhos poten-ciais incluídos nos resultados e nos capitais próprios. Tais incrementos apenas podem ser distribuídos na medida da sua realização, através do abate, inutilização ou abate e pelo uso, através da depreciação”, conclui Joaquim da Cunha Gui-marães.

De acordo com Joaquim da Cunha Guimarães

SNC representa responsabilidades acrescidas para os TOC

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18 - Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009

Contabilidade

ORDEM

A passagem da Câmara dos Técnicos Ofi ciais de Contas a Ordem acabou por se rodear de muita polémica. Domingues de Azevedo considera que houve comportamentos que revelaram que alguns profi ssionais não compreenderam o que estava em jogo. Foram defendidas posições contrárias à profi ssão, como a estrutura societária das sociedades comerciais de contabilidade e da estrutura da sua gerência. Na óptica do presidente da CTOC, o Conselho Nacional das Ordens Profi ssionais não esteve “à altura das suas responsabilidades”.

A intransigente defesa que foi feita relativamente à sujei-ção à Lei 6/2008 mostrou

que os críticos não compreenderam que os profissionais só tinham a perder se ficassem sujeitos à disciplina daquele normativo. Do-mingues de Azevedo faz também notar que a passagem a Ordem teve algumas características es-pecífi cas. Faz uma forte crítica ao papel desempenhado pelo Conse-lho Nacional das Ordens Profi s-sionais: “Não esteve à altura das suas responsabilidades enquanto entidade agregadora e dinamiza-dora das profi ssões de interesse pública, difi cultando um percurso de mérito reconhecido.”Por outro lado, acha que a questão de fundo do que se passou na As-sembleia da República tem uma origem mais remota e que “assenta sobretudo na difi culdade histórica que alguns partidos políticos têm

em lidar com a profi ssão de técnico ofi cial de contas e na concepção me-norizada que dela têm, cujo apogeu se materializa na vergonhosa Lei 27/98”. É ainda de opinião que o próprio contexto politico condicio-nou a discussão, para além que o deputado-relator nunca percebeu o que é que estava em causa e deixou-se “embrulhar” por pareceres técni-cos, na sua opinião defi cientemente elaborados.Refere ainda sobre a matéria: “Outra questão que baralhou a discussão da proposta foi o facto de ser a primeira que confrontava situações nunca vividas, após a publicação da Lei 6/2008, sendo prova mais que evidente o teor do relatório da comissão especializada que invoca razões completamente contrárias à lei ou dúvidas que a proposta não suscitava, como eram os casos da incidência dessa lei ou até a questão complementar da Segurança Social.”

A Contabilidadepara os contabilistas

Domingues de Azevedo conside-ra que as alterações introduzi-das no Estatuto vão “devolver a contabilidade aos contabilistas”. Daí se ter sugerido que a maioria do capital das sociedades fosse

detida por um TOC e que as ge-rências fossem também, maiorita-riamente, exercidas por estes. Mas o legislador não entendeu desta forma, tendo-se criado a fi gura do responsável técnico. “Não foi a so-lução ideal, mas deu-se um enorme passo na criação de situações de maior igualdade entre os TOC no exercício da profi ssão”.Perante todo este cenário, o res-ponsável máximo da Ordem dos Técnicos Ofi ciais de Contas assume que foi dado um passo muito im-portante para vencer a “batalha da credibilidade, afi rmando-se como uma classe emergente e cada vez com mais maturidade, sendo que a mesma não pode ser ignorada pelo poder político”.Domingues de Azevedo rejeita con-fi rmar se será candidato ao cargo de bastonário nas eleições de Fevereiro ou Março, mas quer que os TOC sejam esclarecidos como funcionam as novas vertentes do Estatuto e as alterações introduzidas. No âmbito do apoio social aos membros, diz que vai haver novidades em breve no que respeita ao projecto “Casa do TOC” e garante que o fundo de pensões está a recuperar, pelo que apela aos membros para retorna-rem às entregas.

Na perspectiva de Domingues de Azevedo

Passagem da Câmara a Ordemnão foi entendida por alguns profi ssionais

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Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009 - 19

Coluna do Técnico de Contas

O FANTASMA DE JOSÉ SÓCRATESO Governo presidido de novo pelo engenheiro José Sócrates é um governo de maioria relativa e, ao con-trário do que possa parecer, tem condições objectivas para cumprir o seu contrato eleitoral de 4 anos. Nestes primeiros passos para viabilização de medidas controversas do Governo passado, é isso que parece sobressair – vide o mais que provável acordo entre

PS e PSD sobre a avaliação de professores, deixando cair a figura da suspensão, verdadeiro patinho feio para o Governo anterior –, pelo que sendo importante reti-ra-se a palavra suspensão, porém suspende-se tudo na mesma… Quer dizer com maleabilidade, golpe de rins e alguma falta de coerência táctica, se este governo qui-ser, levará a carta a Garcia. Assim o queira, mais do que assim o possa. E outros assuntos quentes vão aparecer e serão resol-vidos de forma semelhante.

Veja-se o caso do Código Contributivo. Não parece ter grandes condições para ser posto em vigor no próximo dia 1 de Janeiro, dada a oposição generalizada que se verifica pelo país fora, seja na Assembleia da Re-pública, seja no país quotidiano. E quer-me parecer que alguma solução a bem ou a mal será encontrada. Porque penso que é ainda demasiado cedo para que José Sócrates abandone a imagem do doutor bem educado para passar a engenheiro mal encarado. Também a célebre discórdia do TGV irá ter uma solução no médio prazo, até para não se alienarem as comparticipações de Bruxelas, pondo-se o PS e o PSD, decerto, de acordo, pois, como dizia o distinto estudante de medicina Vasco Leitão na nossa “Can-ção de Lisboa” … andamos todos ao mesmo.E fazendo aqui um pequeno parêntesis, em relação a estes megaprojectos de longuíssimo prazo que sucessivos governos assumem muito para além da legislatura em que foram investidos, na ingénua suspeição de sua preclaridade, sejam eles sobre a saúde, a educação, os transportes, as finanças, a justiça, diga-se que só se actua assim à revelia do país, por ignorância das mais elementares regras democráticas, por inconsciência das elites alienadas de um país periférico como o nosso e pelo oportunismo mais tacanho de arregimentação de votos futuros. Em mundos mais civilizados que o nosso, há comis-sões para tecnicamente serem tratados esses impor-tantes assuntos, comissões obviamente nomeadas pelos parlamentos e pelas tendências que reflectem, porém tendências descentralizadas e sem eufeuda-mentos ao senhor que no momento está em Lisboa, em S. Bento, a habitar a casa de primeiro-ministro. Isto levar-nos-ia longe, muito longe para lamentar o nacional-porreirismo, a panelinha, o seguidismo, para onde a estrutura partidária criada após a revo-lução de 1974 nos está a conduzir. Mas adiante que

MANuEL BENAVENTE RODRIGuES

[email protected]

eu quero ficar apenas pelo novo Governo liderado pelo engenheiro José Sócrates.Ora, pelo que deixo escrito, à primeira vista se vê que este governo poderia durar muitos e bons anos. Porém, a vida que lhe assiste é presidida por alguém que imita a sua própria maneira de fazer política e que, independentemente das louváveis tácticas que utilizar para sobreviver seja a que preço for, vai pagar algum preço pelo que já fez e e pelo que for fazer. O engenheiro Sócrates, para seu benefício pessoal, e para prejuízo do país, não vai chegar ao fim da legislatura, porque isso seria o seu harakiri puro e simples. O engenheiro Sócrates vai prosseguir no paciente papel de doutor educado – o que fará ele ao fumo que devia deitar pelas orelhas mais as chispas que devia expelir pelos olhos? –, e vai-se deixar crucificar na sua simulação dialogante, chispando então como é preciso, para depois ter a esperança em renascer como Fénix das cinzas. Porém, porque títere no es-paço que ocupa, tanto mal lhe causa fazer a vontade dos outros como não fazer, apenas pode ganhar mais ou menos tempo. Com o devido respeito, quando vejo a sua tropa de choque nuclear tomar a palavra procurando manter coerente a trama da rede governamental do seu chefe, vejo-os sempre com um esgar de esforço, de quem foi obrigado a beber litros de óleo de fígado de bacalhau. Porque a mim me parece que o “timing” político de alguns destes homens se esgotou e se fazia sentido, era no governo anterior.Lembram-se decerto do Quincas Berro d’Água do Jorge Amado, que, já morto e bem morto, frequen-tava todas as espeluncas, amigos, copos e mulheres a que estava habituado, sem ainda estar morto para os outros… Em resumo é o que está a acontecer ao nosso primeiro-ministro, que, sendo um fantasma de si próprio, adia o inadiável. Fala, mexe-se, até se queixa das escutas, e consegue mesmo às vezes pôr um ar afectuoso, mas foi ele que abriu e beneficiou da sua caixa de Pandora. É verdade que polarizam em si acusações de toda a espécie, mas a truculência com que o atacam é a truculência com que agrediu os outros. Tendo sete foles como os gatos, vai dar um trabalhão a muita gente, mas tantos dardos lhe assestam que algum lhe vai acertar. A sua existência política, hoje, é um mera imitação da vida. E por cada dia que passa, o seu personagem cada vez precisa mais de um autor.Os motores do Partido Socialista, em tempos próxi-mos, vão começar a aquecer, desconheço se a tempo. Porque não é só o PSD que anda “aos papéis” com as suas elites; o Partido Socialista também vegeta em alguma mediocridade disfarçada na unanimidade hipócrita do socratismo – por onde andam António Vitorino, João Cravinho, Medeiros Ferreira por exemplo? A autenticidade de todo o aparelho políti-co-partidário até poderia não ter ocasionado o gozo de uma maioria absoluta, mas hoje o país não teria também a sensação de que o rei vai mesmo nu…

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20 - Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009

Consultório

“Consultório” é um espaço onde se procura dar resposta, de forma clara e sucinta, às questões jurídico-fi scais que mais frequente-mente são colocadas pelos nossos leitores. Assim, os leitores poderão colocar questões do foro jurídico-fi scal que, pelo seu interesse e oportunidade, queiram ver esclarecidas nesta rubrica, as quais deverão ser dirigidas à “Contabilidade & Empresas”.

Existem muitas alterações no preenchimento da nova declaração periódica do IVA?

A Administração Fiscal divulgou o Ofício n.º 30112, de 20.10.2009, da Dir. de Serviços do IVA, da DGCI para esclarecer eventuais dúvidas que pudessem surgir no preenchimento da “nova” declaração periódica do IVA, tendo em conta as alterações legislativas entretanto realizadas.Assim:Tendo presente a realidade emergente das novas regras de inversão do sujeito passivo, de reembolso do imposto regulado no Despacho Normativo n.º 53/2005, de 15 de Dezembro (alterado e republicado pelo Despacho Normativo n.º 23/2009, de 17 de Ju-nho) e da localização das prestações de serviços de carácter comunitário decorrentes da transposição da legislação comunitária designada por Pacote IVA, transpostas pelo Decreto-Lei n.º 186/2009, de 12 de Agosto, houve necessidade de ajustar o modelo de declaração periódica de IVA, a que se refere a alínea c) do n.º 1 do art. 29.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). O novo modelo de declaração periódica do IVA e res-pectivas instruções de preenchimento foi aprovado pela Portaria n.º 988/2009, publicada em Diário da República, Iª série, n.º 173, de 7 de Setembro de 2009. As alterações introduzidas ditam a necessidade das presentes instruções.

I – Âmbito de aplicação

1. A nova declaração é construída na óptica de pre-servar a simplicidade que sempre a caracterizou, norteando os critérios adoptados para a necessidade de evidenciar três objectivos identifi cados: - Apuramento do imposto no período de tributação; - Apuramento do volume de negócios para efeitos de

aplicação dos prazos a que se refere o artigo 41.º do CIVA;

- Apuramento da percentagem a que se refere o nú-mero 5 do Despacho Normativo n.º 53/2005, de 15 de Dezembro.

2. Neste contexto, realça-se, de entre os ajustes efectuados, a separação dos montantes das aquisi-ções intracomunitárias de bens no Quadro 06, com e sem imposto liquidado pelo sujeito passivo, por desdobramento do anterior campo 10 nos novos campos 12, 14 e 15, fazendo coincidir o valor do imposto declarado no campo 13 com a base tribu-tável no campo 12. São criados dois campos, com os números 16 e 17, destinados a evidenciar as bases tributáveis e impos-to correspondente, relativos a prestações de serviços efectuadas por entidades residentes noutros Estados membros, cujo imposto é liquidado pelo declarante, à semelhança do que sucede com as aquisições intraco-munitárias de bens. 3. É também criado o Quadro 06A, cujo objectivo é ex-purgar das bases tributáveis mencionadas no Quadro 06 aquelas que não fazem parte do volume de negócios

do sujeito passivo, mas em que este tem a obrigação legal de liquidar o imposto. São aí visadas as operações em que o declarante liqui-dou o imposto na qualidade de adquirente: - Efectuadas por entidades residentes em países

comunitários, que não constituam aquisições in-tracomunitárias de bens ou prestações de serviços (campo 97);

- Efectuadas por entidades não residentes no território da Comunidade (campo 98);

- Operações internas, em que ocorre a regra de inversão do sujeito passivo (99 a 102).

São igualmente visadas as operações que, de harmonia com as disposições do Código do IVA, não são conside-radas para o cálculo do volume de negócios:- Operações referidas nas alíneas f) e g) do n.º 3 do

art.º 3.º e alíneas a) e b) do n.º 2 do art.º 4.º do CIVA (campo 103);

- Operações referidas nas alíneas a), b) e c) do art.º 42.º do CIVA (campo 104).

4. É reformulado o Anexo R (operações em espaço territorial diferente do da sede do declarante), em conformidade com a declaração.

II – Utilização do novo modelo

5. O novo modelo de declaração periódica é de utilização exclusiva para os períodos de imposto posteriores a 1 de Janeiro de 2010, uma vez que contempla as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 186/2009, de 12 de Agosto, que implicam a separação e autonomização das obrigações declarativas actualmente constantes do anexo recapitulativo das transmissões intracomu-nitárias, que passam a constar da nova declaração re-capitulativa em conjunto com as prestações de serviços realizadas entre sujeitos passivos do imposto sedeados em Estados membros distintos. 6. Em consequência, deve continuar a ser utilizado o actual modelo da declaração e, quando for o caso, os respectivos anexos recapitulativos, até ao último período de tributação de 2009, ou seja, relativamente às operações ocorridas até 31 de Dezembro.

III – Declarações submetidas fora do prazo

7. Considerando que o novo modelo de declaração, de utilização exclusiva para operações realizadas a partir de 1 de Janeiro de 2010, é incompatível com o que se encontra actualmente em vigor, a apresentação de declarações periódicas respeitantes a períodos an-teriores àquela data e que venham a ser submetidas após a mesma (em substituição de uma declaração anteriormente apresentada ou para suprir uma falta de apresentação), deve ser sempre feita através do mo-delo actualmente em vigor, que permanece disponível enquanto não se esgotar o prazo de caducidade a que se refere o n.º 1 do artigo 94.º do Código do IVA. 8. Chama-se a atenção para as instruções administrati-vas veiculadas através do ofício-circulado n.º 30113, de 20.10.2009, respeitantes à nova obrigação de entrega da declaração recapitulativa.

xistem muitas alterações no preenchimento da nova declaração periódica do IVA?

do sujeito passivo, mas em que este tem a obrigação legal de liquidar o imposto.

Consultório

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Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009 - 21

Consultório

Tendo em conta as regras presentes no

Código Contributivo, quais os valores excluí-dos de descontos?

Com o alargamento da base de incidência das contribuições para a Se-gurança Social a outros rendimentos e benefícios, o Código Contributivo poderá alterar a políti-ca de remunerações das empresas, adaptando as despesas com salários ao acréscimo de custos contributivos. O novo Código Contri-butivo, a vigorar a par-tir de Janeiro de 2010, vem alargar a base de incidência contributiva relativamente a outros rendimentos e benefícios, que actualmente não estão sujeitos a descontos para a Segurança Social, mas que são já tributados em IRS, dentro de certos limites. Como exemplo, pode-se indicar o subsídio de refeição, as despesas resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador de viatura automóvel, as despesas de transporte suportadas pelas empresas para custear as deslocações dos trabalhadores, a compensação pela cessação do contrato de trabalho por acordo.Para atenuar os novos encargos com a Segurança Social, as empresas podem optar por atribuir aos tra-balhadores, uma vez que estão excluídos da base de incidência contributiva, subsídios para compensação de encargos familiares, nomeadamente os relativos à frequência de creches, jardins-de-infância, estabe-lecimentos de educação e lares de idosos, bem como subsídios destinados ao pagamento de despesas com assistência médica e medicamentosa do trabalhador e seus familiares.De acordo com o Código Contributivo, estão excluídos da base de incidência contributiva:- os valores compensatórios pela não concessão de férias

ou de dias de folga;- as importâncias atribuídas a título de comple-

mento de prestações do regime geral de segurança social;

- os subsídios atribuídos a trabalhadores para com-pensação de encargos familiares, nomeadamente os relativos à frequência de creches, jardins-de-infância, estabelecimentos de educação, lares de idosos e outros serviços ou estabelecimentos de apoio social;

- os subsídios eventuais destinados ao pagamento de despesas com assistência médica e medicamentosa do trabalhador e seus familiares;

- os valores correspondentes a subsídios de férias, de Natal e outros análogos relativos a bases de incidên-cia convencionais;

- os valores das refeições tomadas pelos trabalhadores em refeitórios das respectivas entidades emprega-doras;

Consultório

- as importâncias atribuídas ao trabalhador a título de indemnização pela ilicitude do despedimento;

- a compensação por cessação do contrato de trabalho por despedimento colectivo, extinção do posto de trabalho e inadaptação;

- a indemnização paga ao trabalhador pela cessação, antes de fi ndo o prazo estipulado, do contrato de trabalho a termo;

- os montantes respeitantes ao desconto concedido aos trabalhadores na aquisição de acções da própria entidade empregadora ou de sociedades dos grupos empresariais da entidade empregadora.

Quando entra em vigor o SAF-T ?

Em consequência da entrada em vigor das regras re-ferentes ao Sistema de Normalização Contabilística, a partir do exercício fi scal que se inicia a 1 de Janeiro de 2010, foi também alterado para vigorar a partir dessa data, o SAF-T (PT), conforme o disposto no Portaria nº 1192/2009, de 8 de Outubro. O SAF-T (PT) é um formato de fi cheiro normalizado de auditoria tributária para exportação de dados que tem obrigatoriamente que estar presente em todos os programas de facturação informáticos.A presença desta funcionalidade nos programas infor-máticos de facturação permite um maior controlo das contas das empresas por parte do fi sco, permitindo ainda uma considerável redução de custos.Ora, a necessidade de adaptar o fi cheiro ao novo Sistema de Normalização Contabilística (SNC), bem como a futura certifi cação do software de facturação, exigem ligeiras alterações na estrutura de dados, pelo que foi aprovada uma nova estrutura de dados, publicada em anexo à Portaria nº 1192/2009, de 8 de Outubro.A nova estrutura entra em vigor a partir de 1 de Ja-neiro de 2010, o que implica uma mudança em todos os programas informáticos que usem esta funcionalidade a partir desta data.

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22 - Contabilidade & Empresas - Dezembro 2009

Breves

Pinheiro Pinto contesta SNCum dos grandes críticos do Sistema de Normalização Contabilística é o docente universitário José Alberto Pinheiro Pinto. Durante o III Congresso dos TOC apro-veitou a oportunidade para contestar o novo regime, afi rmando que não vai deixar de contestar normas mal fei-tas só porque se diz que são inevitáveis.Lembrou aos presentes, que encheram o Pavilhão Atlânti-co, que sempre foi a favor da normalização internacional, mas não desta. Na sua óptica, as normas devem ser acei-táveis. Por exemplo, critica as opções terminológicas e adiantou a este propósito que é

a favor do “endosso das normas para outro país”. Num tom crítico – e sempre humorado – refere a estrutu-ra conceptual como “algo que não serve para nada”. Aponta ainda a elevada complexidade das normas como outro factor criticável, concluindo: “Não aconselho a ninguém a sua leitura exaustiva.” Também Carlos Grenha, autor do livro “Anotações ao SNC”, refere como pontos negativos do sis-tema a maior subjectividade e a complexidade das normas. Mas acha que há aspectos positivos, como a moderni-dade do relato fi nanceiro e a potencial redução do risco de informação.

Lista de devedores recupera 900 milhõesA administração fi scal recupe-rou, através da lista de deve-dores publicitada na internet, cerca de 900 milhões de euros, sendo que, este ano, o valor pago é já de 228 milhões de euros. Neste momento, o nú-mero de devedores é superior a 22 mil, depois da última inserção de mais 4600 novos devedores.Desde a implementação da lista de devedores, em Julho de 2006, já foram publicitados mais de 30 mil devedores. Mais de 55 mil contribuintes foram notifi cados do projecto de inclusão do seu nome na lista de devedores. Desta lista constam cerca de 2750

administradores e gerentes de pessoas colectivas, tendo sido agora incluídos mais 1855, que foram chamados a responder com o seu patrimó-nio pessoal pelo pagamento das dívidas fi scais que as em-presas contraíram durante o período da sua administração ou gerência.O crescimento verifi cado, nes-te âmbito, refl ecte os efeitos da entrada em produção de um novo sistema informático. A recente entrada de 4600 nomes, de uma só vez, na lista de devedores foi a maior de sempre desde o início da im-plementação da publicitação na internet.

Livros

FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIOO livro “Fundos de investimento imobiliário – Brasil e Portugal” representa uma abordagem ao tema, permitindo a compreensão das regras de funcionamento dos fundos de investimento imobiliário nos dois países. Sobretudo, a obra é essencial ao desenvolvimento daquele tipo de fundos no outro lado do Atlântico.Os veículos de investimento são uma fórmula internacional de sucesso, possibilitando o acesso de todos ao investimento imobiliário internacional. São também um instrumento de desenvolvimento da economia, optimizando o custo do fi nancia-mento e viabilizando novas for-mas de acesso ao capital produtivo. Relativamente a esta obra, está estruturada em cinco grandes temas, designadamente introdução, fundos de investimento imobiliário no Brasil e em Portugal, bem como as legislações em vigor nos dois países. Contém ainda quadros e gráfi cos.Os autores são Carmen Sylvia Parkinson, Pedro Gaivão, Cristina Bogado Menezes e António Ra-poso Subtil. Com 216 páginas, trata-se de uma publicação do grupo editorial Vida Económica e está disponível por 15 euros. A edição é do passado mês de Setembro.

AGENDA JURÍDICAO grupo editorial Vida Económica já tem disponí-vel a Agenda Jurídica para 2010, uma ferramenta especialmente destinada a advogados, solicitado-res e juízes. A agenda interessa ainda às empresas, aos consultores e a todos os profi ssionais ligados ao contencioso. Trata-se da agenda jurídica com a informação mais completa e actualizada do mercado. As informa-ções contidas são as mais variadas, pelo que pode funcionar como um instrumento de grande utilidade no quoti-diano dos profi ssionais. Com a vantagem que a forma como está elaborada e organizada permite uma consulta rápida e objectiva. Além disso, inclui ainda todos os prazos judiciais.A agenda possui um “planning” diário de Setembro de 2009 a Janeiro de 2011. É disponibi-lizada nas versões normal e clássica, esta última com capa em pele sintética, almofadada e com pesponto. Por sua vez, a Capa Prestígio tem uma capa amovível, que pode ser utilizada em edições futuras da Agenda Jurídica. Os preços variam entre os 13 e 19 euros. A subscrição da revista “Vida Judiciária” permite receber gratuitamente a Capa Prestígio.

Portugal tem de alterar tributaçãoà saída das pessoas singulares

A Comissão Europeia solicitou a Portugal para alterar as disposições fi scais que impõem uma tributação à saída das pessoas singulares. As referi-das disposições serão incompa-tíveis com a livre circulação de pessoas. Esta tributação ime-diata penaliza os indivíduos que pretendam sair do país ou transferir os seus activos para fora do território.Perante este cenário, Bruxe-las considera que, em sede de IRS, é aplicado um tratamen-to menos favorável que aos

indivíduos que permaneçam no país ou transfiram acti-vos internamente. Como tal, as regras portuguesas são susceptíveis de dissuadir os indivíduos do exercício do seu direito de livre circula-ção. O parecer da Comissão assenta no Tratado CE, numa interpretação efectuada pelo Tribunal de Justiça das Co-munidades Europeias e na comunicação “Tributação à saída e necessidade de coor-denação das políticas fi scais dos Estados-Membros”.

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Destinatários

- Advogados- Solicitadores- Notários- Revisores Oficiais de Contas- Técnicos Oficiais de Contas- Empresas (Departamentos Jurídicos)- Responsáveis de Recursos Humanos- Directores Financeiros- Organismos Públicos- Gabinetes de Contabilidade- Autarquias- Associações Empresariais- Associações Comerciais- Sindicatos

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