filosofia e Ética (conteúdo)

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FILOSOFIA E ÉTICA UNIDADE I INTRODUÇÃO As Evidências do Cotidiano Atitude Filosófica A ORIGEM DA FILOSOFIA Definição Clássica de Filosofia O Mito e a Filosofia: A Passagem do Mito para a Filosofia O Contexto do Surgimento da Filosofia A FILOSOFIA SOCRÁTICA E OS SOFISTAS O Pré-socrático O Socrático e os Sofistas O Helenístico FILOSOFIA E ÉTICA Conceito Filosófico e Clássico de Ética A Diferença entre Ética e Moral A Distinção entre Moral e Moralidade A Existência Moral UNIDADE II ÉTICA APLICADA O Surgimento e a Evolução da Ética A Importância da Ética Individual Ética Científica e as Novas Tecnologias RESPONSABILIDADE SOCIAL O Conceito de Cidadania Democracia e Cidadania Inclusão e Exclusão Social Sociodiversidade Sociedade, Arte, Cultura e Filosofia UNIDADE I 1. INTRODUÇÃO (video futura) As evidências do cotidiano (Projetar o Clip “Você pode ir na janela” – Gran) Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas como "que horas são?", ou "que dia é hoje?". Dizemos frases como "ele está sonhando", ou "ela ficou maluca". Fazemos afirmações como "onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não se resfriar". Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha". Quando pergunto "que horas são?" ou "que dia é hoje?", minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças não questionadas por nós. 1

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Filosofia e Ética (Conteúdo)

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Page 1: Filosofia e Ética (Conteúdo)

FILOSOFIA E ÉTICA

UNIDADE IINTRODUÇÃOAs Evidências do CotidianoAtitude FilosóficaA ORIGEM DA FILOSOFIADefinição Clássica de FilosofiaO Mito e a Filosofia: A Passagem do Mito para a FilosofiaO Contexto do Surgimento da FilosofiaA FILOSOFIA SOCRÁTICA E OS SOFISTASO Pré-socráticoO Socrático e os SofistasO HelenísticoFILOSOFIA E ÉTICAConceito Filosófico e Clássico de ÉticaA Diferença entre Ética e MoralA Distinção entre Moral e MoralidadeA Existência MoralUNIDADE IIÉTICA APLICADAO Surgimento e a Evolução da ÉticaA Importância da Ética IndividualÉtica Científica e as Novas TecnologiasRESPONSABILIDADE SOCIALO Conceito de CidadaniaDemocracia e CidadaniaInclusão e Exclusão SocialSociodiversidadeSociedade, Arte, Cultura e Filosofia

UNIDADE I1. INTRODUÇÃO (video futura)

As evidências do cotidiano (Projetar o Clip “Você pode ir na janela” – Gran)

Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas como "que horas são?", ou "que dia é hoje?". Dizemos frases como "ele está sonhando", ou "ela ficou maluca". Fazemos afirmações como "onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não se resfriar". Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha". Quando pergunto "que horas são?" ou "que dia é hoje?", minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças não questionadas por nós.

Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral, da sociedade.

A atitude filosófica

Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de "que horas são?" ou "que dia é hoje?", perguntasse: O que é o tempo? Em vez de dizer "está sonhando" ou "ficou maluca", quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? A razão?

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Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O que é causa? O que é efeito?; “seja objetivo”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a objetividade? O que é a subjetividade?; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? O que é “menos”? O que é o belo?

Alguém que tomasse essa decisão estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência.

Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.

Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.

Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.

A atitude crítica

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.

A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.

A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. (Aplicar o texto “Para que serve a filosofia”)

1.1. A origem da FilosofiaA palavra filosofia

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.

Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria tem amizade pelo saber, deseja saber.

Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.

Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a festa mais importante da Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, ali estando apenas para servir aos seus próprios interesses e sem preocupação com as disputas e os torneios; as que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois, durante os jogos também havia competições artísticas: dança, poesia, música, teatro); e as que iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar o desempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Esse terceiro tipo de pessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo.

Com isso, Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses comerciais - não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e vendida no mercado; também

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não é movido pelo desejo de competir - não faz das idéias e dos conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou “atletas intelectuais”; mas é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida: em resumo, pelo desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê-la.

1.2. Mito e Filosofia A mente humana é naturalmente inquiridora: quer conhecer as razões das coisas. Basta ver uma

criança fazendo perguntas aos pais. Mas às mesmas perguntas podem ser dadas diversas respostas: res-postas míticas, científicas, filosóficas. As respostas míticas são explicações que podem contentar a fantasia, embora não sejam verdadeiras. Como, por exemplo, quando, à pergunta da criança "por que o carro se move", responde-se "porque uma fada o empurra". Já as respostas científicas procuram satisfazer à razão, mas são sempre explicações incompletas, parciais, fragmentárias: dizem respeito apenas a alguns fenômenos, não abrangem toda a realidade. As respostas filosóficas propõem-se, ao contrário, como dissemos, oferecer uma explicação completa de todas as coisas, do conjunto, do todo.

A humanidade primitiva (pode-se verificar em todos os povos) contentava-se com explicações míticas para qualquer problema. Assim, à pergunta "por que troveja?", respondia: "porque Júpiter está en-corelizado"; à pergunta "por que o vento sopra", respondia: "porque Éolo está enfurecido".

À nós modernos, estas respostas parecem simplistas e errôneas. Historicamente, contudo, elas têm uma importância muito grande porque representam o primeiro esforço da humanidade para explicar as coisas e suas causas. Sob o véu da fantasia, há nessas respostas uma autêntica procura das "causas primeiras" do mundo.

Turchi, grande estudioso da história das religiões, dá a seguinte definição de mito: "Em sua acepção geral e em sua fonte psicológica, o mito é a animação dos fenômenos da natureza e da vida, animação devida a alguma forma primordial e intuitiva do conhecimento humano, em virtude da qual o homem projeta a si mesmo nas coisas, isto é, anima-as e personifica-as, dando-lhes figura e comportamentos sugeridos pela sua imaginação; o mito é, em suma, uma representação fantástica da realidade, delineada espontaneamente pelo mecanismo mental" 2. Desta longa definição retenhamos a última parte: o mito é uma representação fantasiosa, espontaneamente delineada pelo mecanismo mental do homem, a fim de dar uma interpretação e uma explicação aos fenômenos da natureza e da vida.

Do mito foram dadas as mais diversas interpretações, das quais as principais são: mito-verdade e mito-fábula.

Segundo a interpretação "mito-verdade", o mito é uma representação fantasiosa que pretende exprimir uma verdade; segundo a interpretação "mito-fábula", ele é uma narração imaginosa sem nenhuma pretensão teórica.

Para a primeira interpretação, os mitos são as únicas explicações das coisas que a humanidade, nos seus primórdios, estava em condições de fornecer e nas quais ela acreditava firmemente. Para a segunda interpretação, eles são representações fantasiosas nas quais ninguém jamais acreditou, muito menos seus criadores.

Das análises feitas pelos estudiosos de nosso tempo segue-se que o mito exerceu, entre os povos antigos, três funções principais: religiosa, social e filosófica.

Primeiramente, "o mito é o primeiro degrau no processo de compreensão dos sentimentos religiosos mais profundos do homem; é o protótipo da teologia" 3. Mas, ao mesmo tempo, ele é também aquilo que assinala e garante o pertencer a um grupo social e não a outro; de fato, o pertencer a este ou àquele grupo depende dos mitos particulares que alguém segue e cultiva. Finalmente, o mito exerce uma função semelhante à da filosofia, enquanto representa o modo de autocompreender-se dos povos primitivos. Também o homem das civilizações antigas tem consciência de certos fatos e valores, e cristaliza a causa dos primeiros e a realidade dos segundos justamente nas representações fantásticas que são os mitos. 1.3. O Contexto Social, Político e Econômico da Filosofia Grega

“Primum vivere, deinde philosophare” (primeiro viver, depois filosofar), diz um célebre provérbio latino. O sentido é que, sem determinadas condições sociais, econômicas e políticas, torna-se impossível qualquer especulação filosófica (como, além disso, qualquer outra atividade cultural séria). Quando o

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homem é atormentado pela fome ou pela miséria, ou oprimido pela escravidão ou pela ignorância, não tem tranqüilidade, nem tempo nem disposições mentais para formular hipóteses filosóficas rigorosas e sistemáticas sobre a finalidade de sua existência, sobre a origem das coisas, sobre os fundamentos da ordem social e moral. De fato, entre os povos primitivos ou subdesenvolvidos, observa-se a ausência total de especulação filosófica sistemática. É lógico, por isso, supor que, se a primeira produção filosófica aparecida na Grécia data do século VI a.C., isto se deu graças a condições sociais, econômicas e políticas particulares.

De fato, no decorrer do século VI, a Grécia encaminha-se para uma relativa estabilidade política. Encerrados finalmente os grandes movimentos migratórios, a vida da cidade (pólis) organiza-se sobre a base de disposições bem-definidas, sob o controle de grupos aristocráticos reduzidos; também a vida econômica intensifica-se e o intercâmbio entre as cidades torna-se mais freqüente. Este intenso ritmo de iniciativas e atividades atinge seu ponto mais alto nas colônias jônias da Ásia Menor (Mileto, Éfeso, Colofão, Clazômena, Focéia) e nas colônias gregas da Itália meridional (Eléia, Régio, Metaponto, Gela, Agrigento, Catânia). Tanto nas primeiras como nas segundas, os colonos provenientes da Grécia entregaram-se principalmente ao comércio, o que trouxe para as novas comunidades riqueza e prosperi-dade. Riqueza e prosperidade, por sua vez, proporcionaram a estas populações elevados níveis culturais, atestados ainda hoje pelos numerosos restos de templos, túmulos e estátuas. E por causa de certa li-berdade decorrente da distância, as colônias puderam reger-se por constituições livres antes da mãe pátria. Foram assim as condições sociais, políticas e econômicas mais favoráveis que propiciaram o nascimento e o florescimento da filosofia, que, passando depois para a mãe-pátria, atingiu os mais altos cumes justamente em Atenas, isto é, na cidade onde reinou a maior liberdade que os Gregos jamais desfrutaram.

2. FILOSOFIA SOCRÁTICA E OS SOFISTAS

Os quatro grandes períodos da Filosofia grega

Período pré-socrático ou cosmológico1.1. Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final do século V a.C., quando a

Filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformações na Natureza.

Os principais filósofos pré-socráticos● filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;● filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;● filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia;● filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.

As principais características da cosmologia● É uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica a origem e as mudanças dos seres humanos.● Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (como é o caso, por exemplo, na religião judaico-cristã, na qual Deus cria o mundo do nada). Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto significa: a) que o mundo, ou a Natureza, é eterno; b) que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer, embora a forma particular que uma coisa possua desapareça com ela, mas não sua matéria.● O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo e visível somente para o olho do espírito, isto é, para o pensamento.● Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade. Portanto o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.

A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.

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Período socrático ou antropológico1.2. Período socrático ou antropológico, do final do século V e todo o século IV a.C., quando a

Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas (em grego, ântropos quer dizer homem; por isso o período recebeu o nome de antropológico).

Com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia, vivendo seu período de esplendor, conhecido como o Século de Péricles.

É a época de maior florescimento da democracia. A democracia grega possuía, entre outras, duas características de grande importância para o futuro da Filosofia.

Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis.

Em segundo lugar, e como conseqüência, a democracia, sendo direta e não por eleição de representantes, garantia a todos a participação no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim, a figura política do cidadão. (Nota: Devemos observar que estavam excluídos da cidadania o que os gregos chamavam de dependentes: mulheres, escravos, crianças e velhos. Também estavam excluídos os estrangeiros.)

Ora, para conseguir que a sua opinião fosse aceita nas assembléias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Com isso, uma mudança profunda vai ocorrer na educação grega.

Ora, qual é o momento em que o cidadão mais aparece e mais exerce sua cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembléias. Assim, a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, isto é, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.

Discordando dos antigos poetas, dos antigos filósofos e dos sofistas, o que propunha Sócrates?Propunha que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um

deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pórtico do templo de Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se a divisa de Sócrates.

Sócrates fazia perguntas sobre as idéias, sobre os valores nos quais os gregos acreditavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embaraçados, irritados, curiosos, pois, quando tentavam responder ao célebre “o que é?”, descobriam, surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, seus valores e suas idéias.

O que procurava Sócrates? Procurava a definição daquilo que uma coisa, uma idéia, um valor é verdadeiramente. Procurava a essência verdadeira da coisa, da idéia, do valor. Procurava o conceito e não a mera opinião que temos de nós mesmos, das coisas, das idéias e dos valores.

Qual a diferença entre uma opinião e um conceito? A opinião varia de pessoa para pessoa, de lugar para lugar, de época para época. É instável, mutável, depende de cada um, de seus gostos e preferências. O conceito, ao contrário, é uma verdade intemporal, universal e necessária que o pensamento descobre, mostrando que é a essência universal, intemporal e necessária de alguma coisa.

Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são. Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno - a cicuta - e obrigado a suicidar-se.

Por que Sócrates não se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia”.

Sócrates nunca escreveu. O que sabemos de seus pensamentos encontra-se nas obras de seus vários discípulos, e Platão foi o mais importante deles. Se reunirmos o que esse filósofo escreveu sobre os sofistas e sobre Sócrates, além da exposição de suas próprias idéias.

Características gerais do período socrático:● A Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das idéias, das crenças, dos valores e, portanto, se preocupa com as questões morais e políticas.

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● O ponto de partida da Filosofia é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciência conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando o conceito ou a essência delas.● Como se trata de conhecer a capacidade de conhecimento do homem, a preocupação se volta para estabelecer procedimentos que nos garantam que encontramos a verdade, isto é, o pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos próprios, critérios próprios e meios próprios para saber o que é o verdadeiro e como alcançá-lo em tudo o que investiguemos.● A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das virtudes políticas, tendo como objeto central de suas investigações a moral e a política, isto é, as idéias e práticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos tanto como indivíduos quanto como cidadãos.● Cabe à Filosofia, portanto, encontrar a definição, o conceito ou a essência dessas virtudes, para além da variedade das opiniões, para além da multiplicidade das opiniões contrárias e diferentes. As perguntas filosóficas se referem, assim, a valores como a justiça, a coragem, a amizade, a piedade, o amor, a beleza, a temperança, a prudência, etc., que constituem os ideais do sábio e do verdadeiro cidadão.● É feita, pela primeira vez, uma separação radical entre, de um lado a opinião e as imagens das coisas, trazidas pelos nossos órgãos dos sentidos, nossos hábitos, pelas tradições, pelos interesses, e, de outro lado, as idéias. As idéias se referem à essência íntima, invisível, verdadeira das coisas e só podem ser alcançadas pelo pensamento puro, que afasta os dados sensoriais, os hábitos recebidos, os preconceitos, as opiniões.● A reflexão e o trabalho do pensamento são tomados como uma purificação intelectual, que permite ao espírito humano conhecer a verdade invisível, imutável, universal e necessária.● A opinião, as percepções e imagens sensoriais são consideradas falsas, mentirosas, mutáveis, inconsistentes, contraditórias, devendo ser abandonadas para que o pensamento siga seu caminho próprio no conhecimento verdadeiro.

Que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis. Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos.

Que arte era esta? A arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião A, depois a posição ou opinião contrária, não-A, de modo que, numa assembléia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão.

A diferença entre os sofistas, de um lado, e Sócrates e Platão, de outro, é dada pelo fato de que os sofistas aceitam a validade das opiniões e das percepções sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de persuasão, enquanto Sócrates e Platão consideram as opiniões e as percepções sensoriais, ou imagens das coisas, como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que nunca alcançam a verdade plena da realidade.

Período helenístico1.3. Período helenístico ou greco-romano, do final do século III a.C. até o século VI depois de Cristo.

Nesse longo período, que já alcança Roma e o pensamento dos primeiros Padres da Igreja, a Filosofia se ocupa sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus.

Trata-se do último período da Filosofia antiga, quando a polis grega desapareceu como centro político, deixando de ser referência principal dos filósofos, uma vez que a Grécia encontra-se sob o poderio do Império Romano. Os filósofos dizem, agora, que o mundo é sua cidade e que são cidadãos do mundo. Em grego, mundo se diz cosmos e esse período é chamado o da Filosofia cosmopolita.

Essa época da Filosofia é constituída por grandes sistemas ou doutrinas, isto é, explicações totalizantes sobre a Natureza, o homem, as relações entre ambos e deles com a divindade (esta, em geral, pensada como Providência divina que instaura e conserva a ordem universal). Predominam preocupações com a ética - pois os filósofos já não podem ocupar-se diretamente com a política -, a física, a teologia e a religião.

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Datam desse período quatro grandes sistemas cuja influência será sentida pelo pensamento cristão, que começa a formar-se nessa época: estoicismo, epicurismo, ceticismo e neoplatonismo.

A amplidão do Império Romano, a presença crescente de religiões orientais no Império, os contatos comerciais e culturais entre ocidente e oriente fizeram aumentar os contatos dos filósofos helenistas com a sabedoria oriental. Podemos falar numa orientalização da Filosofia, sobretudo nos aspectos místicos e religiosos.

3. FILOSOFIA E ÉTICAEm Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom, e, sobre a bondade, os

antigos diziam que: “o que é bom para a leoa, não pode ser bom à gazela. E, o que é bom à gazela, fatalmente não será bom à leoa”. Este é um dilema ético típico.

Portanto, de investigação filosófica, e devidas subjetividades típicas em si, ao lado da metafísica e da lógica, não pode ser descrita de forma simplista. Desta forma, o objetivo de uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade como um todo.

1.1. Conceito Filosófico e Clássico de Ética

Grego - Ethos - costume, comportamento, caráter, modo de ser, hábito, forma de vida. Estudo do que é bom ou mal, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado.

Significado original do termo ETHOS na língua grega usual: morada ou abrigo de animais (significado ainda presente no termo etologia).

Transposição para o universo humano: ETHOS como o modo pelo qual o homem organiza a sua habitação, tanto no que se refere à particularidade da sua casa quanto no que se refere ao seu grupo e ao mundo como lugar que o homem habita.

Relação entre ETHOS e costumes ou hábitos: o conjunto de hábitos que constituem a vida humana é a forma pela qual o homem habita seu mundo. O mundo humano é eticamente constituído, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo.

ETHOS possui, pois, dois aspectos inseparáveis: a dimensão da vida individual regida por costumes e hábitos privados; e a dimensão da vida coletiva - a POLÍTICA - constituída pelos costumes e hábitos que regem a vida da comunidade.

Tanto na vida privada quanto na vida política o ETHOS diz respeito à dimensão prática da vida: a maneira de compreender e organizar a conduta. Distingue-se de outros aspectos importantes da vida que são a atividade teórica - a ciência - e a arte.

Essa separação indica que a origem grega da Ética está comprometida com a delimitação específica da realidade humana e com a posição singular do homem no conjunto dos seres. A tomada de consciência do ETHOS é a apreensão por parte do homem de sua diferença como ser moral.

1.2. A Diferença entre Ética e Moral

Moral - A moral é um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos homens [...] Encontramos na moral dois planos: o normativo: constituído pelas normas ou regras de ação e pelos imperativos que enunciam algo que deve ser. E o factual: que é o plano dos fatos morais, constituído por certos atos humanos que se realizam efetivamente (VASQUEZ, 2000, p.63).

Ética - A parte da filosofia. Considera concepções de fundo acerca da vida, do universo, do ser humano e do seu destino, estatui princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convicções. Dizemos, então, que tem caráter e boa índole (BOFF, 2003, p. 37).

1.3. A Distinção entre Moral e Moralidade

Tanto o conjunto de princípios, valores e prescrições que os homens, de uma dada sociedade, consideram validos como os atos reais em que aqueles se concretizam ou encarnam. É necessário ter sempre presente a distinção entre o plano puramente normativo (o ideal), e o factual (real ou prático), estabelecendo dois termos para designar respectivamente cada plano: moral e moralidade. A moral seria a designação de um conjunto de princípios, normas, imperativos ou ideias morais de uma época ou de uma sociedade determinada, ao passo que a moralidade se refere ao conjunto de relações efetivas ou atos concretos que adquirem um significado moral com respeito a "moral" vigente.

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A finalidade da ação humana é um "padrão" de moralidade. Por sua vez, a moralidade é estabelecida como sendo as regras e preceitos norteadores da conduta humana que venha a ter efeitos perante a comunidade, considerando seu conjunto de interesses individuais. Podemos então afirmar que a diferença entre a moral e moralidade corresponde assim àquela indicada entre a norma e o fato e, como esta não pode ser negligenciada. A tendência é da moral transformar-se em moralidade, pois a exigência da realização na essência do próprio normativo; a moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada.

1.4. A Existência Moral

a. A função social da Moral e Estrutura do Ato MoralSenso moral e consciência moral

Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral.

Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou por alguma emoção forte (medo, orgulho, ambição, vaidade, covardia), fazemos alguma coisa de que, depois, sentimos vergonha, remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de modo diferente. Esses sentimentos também exprimem nosso senso moral.

Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia. Assim, por exemplo, uma pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Suas dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta?

Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente, recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o trabalho lhe permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Pode aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e ver os filhos com fome e a mulher morrendo?

Situações como essas – mais dramáticas ou menos dramáticas – surgem sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o que fazer que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as consequências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.

O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva.

b. Juízos Morais e Avaliação Moral

Juízo de fato e de valorSe dissermos: “Está chovendo”, estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo

proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: “A chuva é boa para as plantas” ou “A chuva é bela”, estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor.

Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor são avaliações sobre coisas, pessoas e situações, são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião.

Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.

Os juízos de valor são também normativos, isto é, enunciam normas que determinam o deve ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto.

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Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a felicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral.

UNIDADE II

1. ÉTICA APLICADA

A grande ruptura no conceito de Ética surge, porém, na Idade Contemporânea, quando se começam a definir alguns ramos diferenciados aplicados aos diferentes campos do saber e das atividades do ser humano. No século XIX a Ética deixa de ser apenas normativa, de se limitar a classificar as ações do Homem como boas e más, e começa a surgir a noção de “Ética aplicada”, que estabelece regras para áreas específicas e analisa os comportamentos adequados a seguir em situações concretas. Os fundamentos da Moral são postos em causa, a Ciência e a Economia substituem a religião como “ordem suprema”. Começa a falar-se de “ética utilitarista” que defende que tudo o que contribua para o progresso social é bom, ou de “ética revolucionária” que incita os trabalhadores a mobilizarem-se na reconstrução de uma sociedade em ruptura, que carece de saneamento.

Na segunda metade do século XX já não se fala de uma Ética Normativa Universal, comum a qualquer ser humano, mas sim de uma multiplicidade de Éticas. Como acontece na moda, também na Ética cada grupo social define as suas matrizes de comportamento, os seus “códigos de conduta”. Continua, no entanto, a existir uma Ética normativa de raiz moral, assente em convenções e costumes incutidos através da educação ou impostos pela sociedade.

Os progressos científicos e tecnológicos mudaram radicalmente o mundo e permitiram uma melhoria significativa das condições de vida. Só que o desenvolvimento humano não se fez ao mesmo ritmo. Enquanto os avanços científicos e tecnológicos permitiam avançar para a manipulação genética, a clonagem, a inseminação artificial ou a produção de organismos geneticamente modificados, derrubando valores adquiridos durante séculos, as desigualdades a nível mundial aumentaram. A Economia apresenta um modelo que serve de guia para o desenvolvimento e é seguido à risca, como se de uma Bíblia se tratasse, podendo afirmar-se que durante décadas tem prevalência sobre a Ética porque modos de produção, dinheiro, mercado, lucro ou comércio (temas caros à Economia) não conjugam com os valores da Ética. A Economia é o centro de todas as decisões, mas também a responsável pelo cavar do fosso entre pobres e ricos. Enquanto uns vivem na opulência do esbanjamento, outros lutam pelos desperdícios.

1.1. O Surgimento e a Evolução da Ética

Ética e moral existem desde o início da vida em sociedade, e estão relacionadas diretamente ao comportamento humano. Nossa sociedade vive na atualidade uma redescoberta da ética, obtendo mais exigências de valores morais em todas as instâncias sociais, passando por graves crises de valores, identificada por alguns como falta de respeito.

A Ética possui uma origem específica, nasceu na Grécia, no século V a.C, com o surgimento dos sofistas, que aparecem num momento cultural e político específico da cultura e história grega, e com a reação contra por parte de Sócrates. Ao nascer, já encontramos regras de conduta moral às quais nos adequamos por meio da educação. Normalmente não avaliamos essas regras, simplesmente, as aceitamos ou recusamos. É muito complexo falar de ética e moral, o que para muitas pessoas podem ser imoral e antiético, para outras não faz diferença. É engraçado perceber que depois de tantos avanços científicos e conquistas tecnológicas que a ética ainda se revela em ser um tema atual e intrigante.

"A ética tem servido, ao longo dos tempos, como uma espécie de semáforo que regula o desenvolvimento histórico e cultural da Humanidade, num cruzamento onde desembocam a Moral, a Filosofia, a Religião e a Sociedade”.

Mas, afinal, o que é a ética?Como deveremos interpretar alguém quando afirma "hoje as pessoas já não têm ética?” Estará a

referir-se a uma mudança de valores, que já não respeitam os da sua época, ou a ser mais assertivo e a proclamar a inexistência de Ética? Existe ainda uma terceira hipótese: o conceito de Ética de quem proferiu a frase ser diferente daquele que a sociedade reconhece como "padrão"

A questão que se coloca não é meramente académica e penso ser fundamental para que se percebamos o que é a Ética e como evoluiu ao longo dos tempos.

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A evolução do conceito de Ética tem sido determinada pela mudança de hábitos, costumes sociais e padrões morais que determinam a conduta dos indivíduos perante a sociedade onde se inserem, ao longo das várias épocas históricas, mas também da moral e das leis vigentes. É nesta perspectiva que surge a ética. Importa então saber quais os critérios que determinam, ao longo da História, o padrão de conduta que as sociedades foram adoptando para definir o comportamento ético.

1.2. A Importância da Ética Individual

¿É correto fazer isso? Por que devo agir assim? Que lugar o outro ocupa nas minhas escolhas e decisões? Existe uma consciência ética que nasce conosco? Sabemos agir de forma ética naturalmente ou precisamos aprender?

Em nossa sociedade, é uma tendência do ser humano defender, em primeiro lugar, os interesses pessoais, desrespeitando muitas vezes os parâmetros da conduta ética.

O indivíduo que direciona seus objetivos e interesses apenas para alcançar resultados para ele próprio, sobrepondo-se aos interesses daqueles que estão em seu convívio, revela menor consciência de grupo, dificultando o relacionamento coletivo.

Para demonstrar a diversidade de pensamento e interesses que motivam a conduta humana, vejamos o exemplo que segue:

“Dizem que um sábio procurava encontrar uma pessoa íntegra, em relação a seu trabalho. Visitou uma obra e começou a indagar os que ali trabalhavam. Ao primeiro operário perguntou o que fazia e este respondeu que procurava ganhar seu salário. Ao segundo repetiu a pergunta e obteve a resposta de que ele preenchia seu tempo. Finalmente, sempre repetindo a pergunta, encontrou um que lhe disse: estou construindo uma catedral para a minha cidade”.

A este último, o sábio teria atribuído a qualidade de ser integral em face do trabalho, como instrumento do bem comum.

A Ética Individual também cuida dos deveres do homem para consigo mesmo, como já foi dito.Há dois deveres do indivíduo para consigo: o dever de conservação e o dever de reprodução.

O dever de conservação leva o homem a cuidar de suas necessidades físicas: comer, beber, dormir, repousar e exercitar; saúde: higiene, profilaxia e tratamento; preservar a sua vida: evitando vícios, acidentes, suicídio e assassinato; prover-se de recursos financeiros: trabalho (alimentação, habitação, vestuário). Leva o homem a cuidar de suas necessidades psíquicas: afirmação pessoal e social, realização humana (familiar, profissional, social), recreação. Leva o homem a cuidar de suas necessidades recreativas: lazer, diversão, sociabilidade. A cuidar de suas necessidades culturais: instrução e meios de expressão. Leva o homem a cuidar de suas necessidades espirituais: fé, religião, culto, etc.

O dever de reprodução leva o homem a cuidar de sua sexualidade: natureza (ereção, frequência e fertilidade), sanidade, casamento, procriação.

1.3. Ética Científica e as Novas TecnologiasBioinformática

Bioinformática corresponde a aplicação das técnicas da Informática, no sentido de análise da informação na área de estudo da Biologia. Uma definição ampla e tentativa é então: (Bio)informática é o estudo da aplicação de técnicas computacionais e matemáticas à geração e gerenciamento de (bio)informação.Alguns experts brasileiros da área acreditam que a bioinformática, como se entende tradicionalmente no meio acadêmico e não pela análise da palavra, é circunscrita à Biologia Molecular às vezes ainda mais especificamente restrita à Genômica. Outros acadêmicos, por outro lado, advogam a noção mais abrangente do termo para algo na direção da definição envolvendo informação biológica de modo geral.A Bioinformática combina conhecimentos de química, física, biologia, ciência da computação, informática e matemática/estatística para processar dados biológicos ou biomédicos.Buscando tratar os dados, é necessário desenvolver softwares para, por exemplo: identificar genes, prever a configuração tridimensional de proteínas, identificar inibidores de enzimas, organizar e relacionar informação biológica, simular células, agrupar proteínas homólogas, montar árvores filogenéticas, comparar múltiplas comunidades microbianas por construção de bibliotecas genômicas, analisar experimentos de expressão gênica entre outras inúmeras aplicações.

Bioinformática Estrutural

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A Bioinformática Estrutural pode ser entendida com uma área da Bioinformática responsável pelo estudo de moléculas que possuem estruturas, como por exemplo, DNA, RNA, proteínas e outros compostos menores. Um dos grandes desafios dessa área é compreender como essas moléculas interagem, as suas funções e observar suas estruturas. Algumas técnicas utilizadas são o alinhamento e comparação de sequências. Atualmente, uma das grandes aplicações da Bioinformática Estrutural é o desenvolvimento de novos fármacos, que tem crescido devido ao grande investimento de grandes empresas.

Nanotecnologia

A nanotecnologia (algumas vezes chamada de Nanotech) é o estudo de manipulação da matéria numa escala atômica e molecular. Geralmente lida com estruturas com medidas entre 1 a 100 nanômetros em ao menos uma dimensão, e incluí o desenvolvimento de materiais ou componentes e está associada a diversas áreas (como a medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais) de pesquisa e produção na escala nano (escala atômica). O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos (os tijolos básicos da natureza). É uma área promissora, mas que dá apenas seus primeiros passos, mostrando, contudo, resultados surpreendentes (na produção de semicondutores, Nanocompósitos, Biomateriais, Chips, entre outros). Criada no Japão, a nanotecnologia busca inovar invenções, aprimorando-as e proporcionando uma melhor vida ao homem.

Um dos instrumentos utilizados para exploração de materiais nessa escala é o Microscópio eletrônico de varredura, o MEV.

O objetivo principal não é chegar a um controle preciso e individual dos átomos, mas elaborar estruturas estáveis com eles.

Existe muito debate nas implicações futuras da nanotecnologia,(implications of nanotechnology), pois os desafios são semelhantes aos de desenvolvimentos de novas tecnologias, incluindo questões sobre a toxidade e impactos ambientais dos nanomateriais, e os efeitos potenciais na economia global, assim como a especulação sobre cenários apocalípticos,(doomsday scenarios). Essas questões levaram ao debate entre grupos e governos a respeito de uma regulação sobre nanotecnologia.

Abordagens

Entretanto a nanotecnologia desenvolveu-se graças aos contributos de várias áreas de investigação. Existem atualmente 3 abordagens distintas à nanotecnologia: uma abordagem de cima para baixo que consiste na construção de dispositivos por desgaste de materiais macroscópicos; a construção de dispositivos que se formam espontaneamente a partir de componentes moleculares; a de materiais átomo a átomo.

A primeira abordagem é a abordagem utilizada em microelectrônica para produzir chips de computadores e mais recentemente para produzir testes clínicos em miniatura.

A segunda abordagem recorre às técnicas tradicionais de química e das ciências dos materiais.A terceira abordagem é aquela que levará mais tempo a produzir resultados significativos porque

requer um controle fino da matéria só possíveis com o aperfeiçoamento da tecnologia.

Produtos e serviços que já estariam no mercado

Um levantamento sumário nas publicações que circulam sobre nanotecnologia aponta para os seguintes produtos e serviços que já estariam no mercado:Tecidos resistentes a manchas e que não amassam;Raquetes e bolas de tênis;Capeamento de vidros e aplicações antierosão a metais;Filtros de proteção solar;Material para proteção (“screening”) contra raios ultravioleta;Tratamento tópico de herpes e fungos;Nano-cola, capaz de unir qualquer material a outro;Pó antibactéria;Diversas aplicações na medicina como cateteres, válvulas cardíacas, marca-passo, implantes ortopédicos;Produtos para limpar materiais tóxicos;Produtos cosméticos;Sistemas de filtração do ar e da água.

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Microprocessadores e equipamentos eletrônicos em geral;Polimento de faces e superfícies com nanotecnologia sem micro-riscos.

Biotecnologia

A biotecnologia é um processo tecnológico que permite a utilização de material biológico de plantas e animais para fins É o conjunto de técnicas que permite implantar processos na indústria, industriais farmacêutica, no cultivo de mudas, no tratamento de despejos sanitários pela ação de microrganismos em fossas sépticas entre outros mais diversos usos.

Possui o conhecimento nas áreas de microbiologia, bioquímica, genética, engenharia, química, informática. Tendo como agentes biológicos os microrganismos, células e moléculas (enzimas, anticorpos, DNA, etc.), resultando em bens, como alimentos, bebidas, produtos químicos, energia, produtos farmacêuticos, pesticidas, etc. Contribui com serviços, como a purificação da água, tratamentos de resíduos, controle de poluição, etc.

Engenharia Genética é o termo usado para descrever algumas técnicas modernas em biologia molecular que vêm revolucionando o antigo processo da biotecnologia.Produtos e BenefíciosAgricultura - adubo composto, pesticidas, silagem, mudas de plantas ou de árvores, plantas transgênicas, etc.;Alimentação - pães, queijos, picles, cerveja, vinho, proteína unicelular, aditivos, etc.;Química - butanol, acetona, glicerol, ácidos, enzimas, metais, etc.;Eletrônica – biosensores;Energia - etanol, biogás;Meio Ambiente - recuperação de petróleo, tratamento do lixo, purificação da água;Pecuária – embriões;Saúde - antibióticos, hormônios e outros produtos farmacêuticos, vacinas, reagentes e testes para diagnóstico, etc.

2. RESPONSABILIDADE SOCIAL

No cenário mundial contemporâneo percebe-se o processar de inúmeras transformações de ordem econômica, política, social e cultural que, por sua vez, se adaptam aos novos modelos de relações entre instituições e mercados, organizações e sociedade. No âmbito das atuais tendências de relacionamento, verifica-se a aproximação dos interesses das organizações e os da sociedade resultar em esforços múltiplos para o cumprimento de objetivos compartilhados.

Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50, e na Europa, nos anos 60 (BICALHO, 2003). As primeiras manifestações sobre este tema surgiram, no início do século, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916). No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, surgiram associações de profissionais interessados em estudar o tema: American Accouting Association e American Institute of Certified Public Accountants. É a partir daí que a responsabilidade social deixa de ser uma simples curiosidade e se transforma num novo campo de estudo. A responsabilidade social revela-se então um fator decisivo para o desenvolvimento e crescimento das empresas.

2.1. O Conceito de Cidadania

No decorrer da história da humanidade surgiram diversos entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.

Cidadania (do latim, civitas, "cidade") é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive.

O conceito de cidadania sempre esteve fortemente "ligado" à noção de direitos, especialmente os direitos políticos que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar

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(direto), seja ao concorrer a um cargo público (indireto). No entanto, dentro de uma democracia, a própria definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade.

O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania pressupunha, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade.

Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão "Cidadania: direito de ter direito".

A cidadania é exercida pelo indivíduo, por grupos e até instituições que através do empoderamento, isto é, através do poder que tem para realizar tarefas sem necessitar de autorização ou permissão de alguém, realizam ações ocasionando mudanças que as levam a evoluir e se fortalecer, participando em comunidades, em políticas sociais, participando ativamente de ONGs através do voluntariado, onde acontecem ações de solidariedade, para o bem da população excluída das condições de cidadania. Estas organizações conseguem complementar o trabalho do Estado, realizando ações onde ele não consegue chegar.

Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito:1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à justiça; que foi instituída no século 18;2. Política: direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública, constituída no século 19;3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade, que são conquistas do século 20.

2.2. Democracia e CidadaniaOrigens

A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada.

Atualmente a democracia é exercida, na maioria dos países, de forma mais participativa. É uma forma de governo do povo e para o povo.

FormasExistem várias formas de democracia na atualidade, porém as mais comuns são: direta e indireta. Na democracia direta, o povo, através de plebiscito, referendo ou outras formas de consultas

populares, pode decidir diretamente sobre assuntos políticos ou administrativos de sua cidade, estado ou país. Não existem intermediários (deputados, senadores, vereadores). Esta forma não é muito comum na atualidade.

Na democracia indireta, o povo também participa, porém através do voto, elegendo seus representantes (deputados, senadores, vereadores) que tomam decisões em novo daqueles que os elegeram. Esta forma também é conhecida como democracia representativa.

Democracia no BrasilNosso país segue o sistema de democracia representativa. Existe a obrigatoriedade do voto,

diferente do que ocorre em países como os Estados Unidos, onde o voto é facultativo (vota quem quer). Porém, no Brasil o voto é obrigatório para os cidadãos que estão na faixa etária entre 18 e 65 anos. Com 16 ou 17 anos, o jovem já pode votar, porém nesta faixa etária o voto é facultativo, assim como para os idosos que possuem mais de 65 anos.

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No Brasil elegemos nossos representantes e governantes. É o povo quem escolhe os integrantes do poder legislativo (aqueles que fazem as leis e votam nelas – deputados, senadores e vereadores) e do executivo (administram e governam – prefeitos, governadores e presidente da república).

Embora existam pequenas diferenças nas várias democracias, certos princípios e práticas distinguem o governo democrático de outras formas de governo.

Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos.

Democracia é um conjunto de princípios e práticas que protegem a liberdade humana; é a institucionalização da liberdade.

A democracia baseia-se nos princípios do governo da maioria associados aos direitos individuais e das minorias. Todas as democracias, embora respeitem a vontade da maioria, protegem escrupulosamente os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias.

As democracias protegem de governos centrais muito poderosos e fazem a descentralização do governo a nível regional e local, entendendo que o governo local deve ser tão acessível e receptivo às pessoas quanto possível.

As democracias entendem que uma das suas principais funções é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião; o direito a proteção legal igual; e a oportunidade de organizar e participar plenamente na vida política, econômica e cultural da sociedade.

As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo.

A democracia sujeita os governos ao Estado de Direito e assegura que todos os cidadãos recebam a mesma proteção legal e que os seus direitos sejam protegidos pelo sistema judiciário.

As democracias são diversificadas, refletindo a vida política, social e cultural de cada país. As democracias baseiam-se em princípios fundamentais e não em práticas uniformes.

Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos, têm o dever de participar no sistema político que, por seu lado, protege os seus direitos e as suas liberdades.

As sociedades democráticas estão empenhadas nos valores da tolerância, da cooperação e do compromisso. As democracias reconhecem que chegar a um consenso requer compromisso e que isto nem sempre é realizável. Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrático”.

2.3. Inclusão e Exclusão SocialUma das capacidades mais requeridas pela sociedade atual é a de conviver com as diferenças,

sejam elas de ideias, comportamento, atitudes, raça, cultura. A vida em sociedade exige que reconheçamos a importância do outro, sejamos compreensivos, tolerantes e sensíveis aos desafios que nos rodeiam! Como nossa cultura ainda é muito individualista, precisamos de um longo caminho para nos tornar mais éticos.

¿Como é a sua relação com o outro? Com o outro diferente de você, com o outro de outras raças, culturas, classes sociais? Como a sua cultura familiar o educou a se relacionar com o outro?

A sociedade constrói modelos de relações entre as pessoas, estabelece normas de convivência. Nas grandes capitais, não se vê nada de anormal em tropeçar em alguém dormindo nas calçadas, faz parte do cotidiano da cidade haver crianças pedindo dinheiro nas ruas; essa indiferença começa a fazer parte do costume, da vida cotidiana.

Inclusão social

É um conjunto de meios e ações que combatem a exclusão, provocada pelas diferenças de classes sociais, idade, sexo, escolhas sexuais, educação, deficiências, preconceitos raciais etc.

A Inclusão Social tem como objetivo oferecer oportunidades de acesso à tudo para todos.O processo de inclusão vem sendo aplicado em cada sistema social, na educação, nos ambientes

de trabalho, no lazer, nos transportes etc. Todo o sistema deve ser inclusivo, educação, trabalho, lazer e meio de transporte para todos!

''Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade''.

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Exclusão social

Pode-se que a exclusão social se exprime em 6 dimensões principais do cotidiano real dos indivíduos:

1. do SER, ou seja da personalidade, da dignidade e da auto-estima e do auto-reconhecimento individual;

2. do ESTAR, ou seja das redes de pertença social, desde a família, às redes de vizinhança, aos grupos de convívio e de interação social e à sociedade mais geral;

3. do FAZER, ou seja das tarefas realizadas e socialmente reconhecidas, quer sob a forma de emprego remunerado (uma vez que a forma dominante de reconhecimento social assenta na possibilidade de se auferir um rendimento traduzível em poder de compra e em estatuto de consumidor), quer sob a forma de trabalho voluntário não remunerado;

4. do CRIAR, ou seja da capacidade de empreender, de assumir iniciativas, de definir e concretizar projetos, de inventar e criar ações, quaisquer que elas sejam;

5. do SABER, ou seja do acesso à informação (escolar ou não; formal ou informal), necessária à tomada fundamentada de decisões, e da capacidade crítica face à sociedade e ao ambiente envolvente;

6. do TER, ou seja do rendimento, do poder de compra, do acesso a níveis de consumo médios da sociedade, da capacidade aquisitiva (incluindo a capacidade de estabelecer prioridades de aquisição e consumo).

A exclusão social é, portanto, uma situação de não realização de algumas ou de todas estas dimensões.

É o “não ser”, o “não estar”, o “não fazer”, o “não criar”, o “não saber” e/ou o “não ter”.Esta formulação permite ainda estabelecer a relação entre a exclusão social, entendida desta forma

abrangente, e a pobreza, que é basicamente a privação de recursos (exprimindo-se nomeadamente ao nível da exclusão social do fazer, do criar, do saber e/ou do ter), ou seja, uma das dimensões daquela.

2.4. Sociodiversidade, Multiculturalismo e Inclusão

Sociodiversidade

Sociodiversidade é a posse de recursos sociais próprios, de modelos diferentes de autoridade política, de acesso a terra ou de padrão habitacional, de hierarquias próprias de valores ou prestígio.

Além de ser um princípio disciplinar da antropologia, a Sociodiversidade é um requisito imprescindível para a reprodução das sociedades indígenas nos nichos espaciais e políticos a elas reservados no panorama global, e, nesse sentido a reflexão sobre Sociodiversidade precisa colocar em discussão como essa Sociodiversidade tem sido tematizada no movimento ambientalista e nas políticas públicas, avaliando-se as implicações destas visões e destas políticas para a sustentabilidade ambiental e para a continuidade sociocultural e qualidade de vida destas populações.

Para entender a Sociodiversidade brasileira é preciso refletir sobre o modo como os povos indígena na América Tropical e Subtropical desenvolveram nas suas cosmologias - modos de objetivação da natureza (outras formas de vida, animais, humanos, astros, etc.) e da sociedade - avaliando as implicações desses modos de objetivação nas suas práticas de reprodução societária e ambiental, aprofundado a nossa compreensão desses modos de identificação (Descola, 2000) e permitido uma consciência mais profunda de nossos próprios regimes de objetivação e dos princípios diretores de nossas próprias cosmologias. Com base nesse debate poderemos também aprofundar a compreensão de nossa forma de conceber natureza e sociedade e suas implicações nas práticas sociais.

Multiculturalismo

Forma moderna de luta político-econômica que fomenta a miscigenação. Visando a massificação dos indivíduos, retirando-lhes todas as suas referências e ligações culturais, este recente movimento filosófico abre a porta à globalização quer econômica, defendida pelos liberais moderados, quer cultural, defendida pelos revolucionários. Uns e outros, por motivos diferentes, veem interesses no desenraizamento humano. Contudo a experiência do multiculturalismo não é positiva, pois os confrontos entre os diferentes grupos étnicos são frequentes. Como consequência aumenta o desespero, a infelicidade, a depressão e a criminalidade. O multiculturalismo mata a diferença e provocará a extinção da riqueza tradicional como os costumes e os povos menos adaptados às mudanças antinaturais.

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Os limites do multiculturalismo

Para vários autores, o multiculturalismo aparece como um mal necessário. Discute-se muito como aperfeiçoar o sistema, limitando seus efeitos perversos e melhorando a vida dos atores sociais. Em alguns casos, o multiculturalismo provoca desprezo e indiferença, como acontece no Canadá entre habitantes de língua francesa e os de língua inglesa. Nos EUA, esta militância só fez acentuar as rivalidades étnicas. Ao denunciar seus adversários, tais políticas terminam por estigmatizá-los e acabam, também, por dar uma dimensão étnica às relações sociais.

Sabemos que nem todos os membros das minorias são desfavorecidos e os que sabem aproveitar as vantagens são raramente os mais desfavorecidos. Por outro lado, existem grupos da população realmente desfavorecidos que não pertencem às minorias étnicas. Neste caso, todas as diferenças podem ser defendidas? Sabemos que há o risco de opressão do grupo cultural sobre seus membros: como proteger a minoria das outras minorias, os explorados dos excluídos? Por vezes, ocorre até contrário, pois foi invocando a noção de Direito que os brancos de origem holandesa defenderam o sistema do "apartheid". Muitos pensadores, entre eles Charles Taylor, autor de Multiculturalismo, Diferença e Democracia, acreditam que toda a política identitária não deveria ultrapassar a liberdade individual. Indivíduos, no seu entender, são únicos e não poderiam ser categorizados.

Inclusão

A ideia de inclusão é uma manifestação social bastante contemporânea, que vem sendo defendida e difundida entre os mais variados setores da sociedade.

Contudo, as evidências históricas demonstram que esse fenômeno surgiu e se desenvolveu relacionado, principalmente, à causa da defesa da pessoa com deficiência.

Tal movimento teve início a partir da década de 80, mais precisamente em 1981, quando a Organização das Nações Unidas – ONU, realizou o Ano Internacional das Pessoas Deficientes.

A Assembleia Geral da ONU, ocorrida em Dezembro de 1990, é um marco desse desenvolvimento, pois, através da Resolução Nº. 45/91, que explicitou o modelo de Sociedade Inclusiva, também denominada “Sociedade para Todos”, determina que esta deve ser estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, baseando-se no princípio de que todas as pessoas têm o mesmo valor perante a sociedade (FERREIRA,1999).

A sociedade aberta às diferenças é aquela em que todos se sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças. O pluralismo respeita as diferenças e se constitui como eixo central de um processo democrático. Saber respeitar as diferenças talvez seja a tarefa mais difícil da sociedade contemporânea, pois a mesma sociedade é que homogeneíza a partir da construção de modelos preestabelecidos. Sendo assim, Werneck (1997, p.21) afirma que “a sociedade para todos consciente da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados”.

Mantoan (2001, p.51) destaca ainda que “não lidar com as diferenças é não perceber a diversidade que nos cerca nem os muitos aspectos em que somos diferentes uns dos outros e transmitir, implícita ou explicitamente, que as diferenças devem ser ocultadas, tratadas à parte”.

O conceito de inclusão se expande à medida que não somente defende grupos de pessoas com deficiência, mas também reivindica igualdade de direitos para todos os cidadãos que, por um motivo qualquer, estejam excluídos de um ambiente social e dos serviços oferecidos pela sociedade.Caminha, portanto, no sentido de uma “sociedade para todos” e do reconhecimento de que a sociedade deve ser plural e aberta às diferenças.

2.5. Sociedade, Cultura, Arte e Filosofia

SociedadeEm sociologia, uma sociedade (do latim: societas, que significa "associação amistosa com outros")

é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade. A sociedade é objeto de estudo comum entre as ciências sociais, especialmente a sociologia, a história, a antropologia e a geografia. É um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma

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sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada.

A sociedade pode ser vista como um grupo de pessoas com semelhanças étnicas, culturais, políticas e/ou religiosas ou mesmo pessoas com um objetivo comum. Uma delimitação física (como um território, um país ou um continente) não pode definir uma sociedade, já que entre eles podem ter diferenças que podem se afastar do conceito da sociedade.

Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.

Pessoas de várias nações unidas por tradições, crenças ou valores políticos e culturais comuns, em certas ocasiões também são chamadas de sociedades (por exemplo, Judaico-Cristã, Oriental, Ocidental etc.). Quando usado nesse contexto, o termo age como meio de comparar duas ou mais "sociedades" cujos membros representativos representam visões de mundo alternativas, competidoras e conflitantes.

Abordagem Teórica

Para Émile Durkheim, o homem é coagido a seguir determinadas regras em cada sociedade, o qual chamou de fatos sociais, que são regras exteriores e anteriores ao indivíduo e que controlam sua ação perante aos outros membros da sociedade. Fato social é a coerção do indivíduo, constrangido a seguir normas sociais que lhe são impostas desde seu nascimento e que não tem poder para modificar.

Em outras palavras, a sociedade é que controla as ações individuais, o individuo aprende a seguir normas que lhe são exteriores (não foram criadas por ele), apesar de ser autônomo em suas escolhas; porém essas escolhas estão dentro dos limites que a sociedade impõe, pois caso o indivíduo ultrapasse as fronteiras impostas será punido socialmente.

Para Karl Marx, a sociedade sendo heterogênea, é constituída por classes sociais que se mantêm por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios de produção, ou seja, as elites. Numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto que o bem-estar coletivo é secundário.

Numa sociedade dividida em classes, o trabalhador troca sua força de trabalho pelo salário, que é suficiente apenas para ele e sua família se manterem vivos, enquanto que o capitalista acumula capital (lucro), que é o símbolo maior de poder, de prestígio e status social.

A exploração do trabalhador se dá pela mais-valia, a produção é superior ao que recebe de salário, sendo o excedente da produção o lucro do capitalista, que é o proprietário dos meios de produção. Assim se concretiza a ideologia do capitalista: a dominação e a exploração do operário/trabalhador para obtenção do lucro.

Para Marx, falta ao trabalhador a consciência de classe para superar a ideologia dominante do capitalista e assim finalmente realizar a revolução, para se chegar ao socialismo.

Max Weber não tem uma teoria geral da sociedade concebida, sendo que está mais preocupado com o estudo das situações sociais concretas quanto à suas singularidades. Além da ação social, que é a expressão do comportamento externo do indivíduo, trabalha também o conceito de poder. A sociedade, para Weber, constitui um sistema de poder, que perpassa todos os níveis da sociedade, desde as relações de classe a governados e governantes, como nas relações cotidianas na família ou na empresa. O poder não decorre somente da riqueza e do prestígio, mas também de outras fontes, tais como: a tradição, o carisma ou o conhecimento técnico-racional.

Cultura

O termo cultura tem uma série de significados diferentes, embora próximos, o que causa muita confusão conceitual.

EtimologiaCultura. Do verbo latino colere, que significa "cultivo", "cuidado com as plantas, os animais e

tudo o que se relaciona com a terra, como a agricultura". Designava também o cuidado com os deuses, de onde vem a palavra "culto"; também era aplicada ao cuidado com as crianças (puericultura}, com sua educação, referindo-se ao cultivo do espírito. É neste último sentido que o t ermo é usado até hoje.

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A cultura, no sentido etimológico, é o cultivo do ser em seu processo de humanização: é atribuição de significados ao mundo e a nós mesmos, significados esses que são passados adiante e modificados de acordo com as necessidades de cada grupo.

A cultura sempre responde a desejos e necessidades dos grupos, das comunidades e da sociedade em geral. Por isso a cultura é plural, dinâmica e diversificada.

A cultura, além de mediar nossa relação com o mundo, também age como um cimento, elemento de união entre certo grupo de pessoas que adotam os mesmos usos, costumes e valores e torna a vida segura e contínua para a sociedade humana.

A cultura dá o sentido de pertencimento, isto é, de fazer parte de um determinado grupo que, além da língua, divide também o vocabulário, o sotaque, os modos de vida, os valores etc.

O sentido antropológicoDo ponto de vista da antropologia, o termo “cultura” refere-se a tudo o que o ser humano faz,

pensa, imagina, inventa, porque ele é um ser cultural. Não sendo capaz de viver somente guiado por seus instintos, ele é levado a construir "ferramentas" que possam ajudá-lo a instalar-se no mundo, a sobreviver, a desenvolver sua humanidade. A essas "ferramentas" dá-se o nome de cultura.

Arte

Voltando ao problema do que é chamado cultura, apelemos para o senso comum: é só abrir o jornal e ler o caderno de cultura para entendermos o uso que se faz dessa palavra. O termo cultura, em sentido restrito, diz respeito à produção ligada às diferentes práticas artísticas, ou seja, às manifestações que façam uso das linguagens artísticas, sejam populares ou eruditas.

Essa produção tem uma característica muito interessante: existe independentemente de relações utilitárias ou práticas. Um templo grego ou uma igreja gótica têm valor que vai além da função prática de abrigar as práticas religiosas. Eles aparecem, figuram entre as coisas do mundo e se apoderam de nossa atenção, de nosso sentimento, comovendo-nos, revelando significados internos que são atualizados a cada geração.

As diferenças entre arte e cultura

Em primeiro lugar, a cultura é criação coletiva e é dirigida para a comunidade, reforçando seu modo de ser. A arte, ao contrário, é criação individual e dirigida para o indivíduo. Mesmo as artes coletivas, como o cinema, o teatro, a dança, são autorais, isto é, revelam a visão de um criador ou diretor.

A cultura é uma necessidade, pois para viver em sociedade é necessário aprender a cultura local: a língua, os modos de vida, os valores etc. Já a arte não é necessária na vida humana. Pode-se viver sem arte. Ninguém é obrigado a produzir ou desfrutar a arte: ela é um privilégio para quem faz e para quem a aprecia, uma vez que é fruto de um desejo forte e intenso. Por isso existem os direitos culturais assegurados pela Constituição, mas não existem direitos artísticos. Explicando: tudo aquilo que é uma necessidade para o ser humano deve ser um direito; o que não é necessário não pode se tornar nem direito nem dever.

A cultura é útil para instrumentalizar os indivíduos a viver em sociedade, a enfrentar novos desafios. A arte, por sua vez, é gratuita, ou seja, transcende todo e qualquer fim que se proponha para ela. Ela amplia a esfera da presença do ser, enriquece o indivíduo, ajuda no seu desenvolvimento propriamente humano.

A cultura é comunicação, pois, para ser útil, deve ser comunicada. Seu significado circula pela sociedade. A arte expressa um universo. Sua abordagem é interpretativa: não qualquer interpretação, mas a interpretação competente que leve em consideração tudo o que está em jogo na obra.

REFERÊNCIASCHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

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ROVER, Ardinete. Ética e sociedade: educação a distância / (coord.) Ardinete Rover.

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OLIVEIRA, Carlos Barbosa de - A evolução do conceito Ética. Rev. Dirigir para Chefias e Quadros, Ab/Mai/Jun 2007,n.º 98, p. 28-31.

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