filme alexandria - ensino critico(2)

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1 Uma análise do filme Alexandria na perspe através da tendência histórico - critica. “Se toda estrela cadente cai pra fazer se E todo mito quer ter carne aqui. A ciência não se ensina. A ciência insemina, a ciência em si. Arnaldo Antunes e Gilberto Gil 1. INTRODUÇÃO A linguagem cinematográfica tem a capacidade de projetar e anteci revoluções, de debater temas banais e polêmicos e de revisitar o passado. Aqui convidamos o leitor a envolver-se num roteiro que data do ano de cristianismo na história do ocidente. A temática do filme Alexandria remonta os discursos e a média, conduzindo-nos a construção imagética do espaço e remetendo ao passado como se este fosse passível de ser concepções relacionadas ao o conhecimento, ao papel da mulher, as matemática, com a filosofia, com a astrologia e com as relações d apresenta o processo do trabalho científico, testemunhando o movi pesquisa, a dúvida, a frustração, as descobertas na busca pergunta. Dessa forma, enxergamos a história se colorindo em nossa retina. são elaborados a cada diálogo, imagens que até então livros de história e na elaboração imagética de nossas leituras p O decorrer da narrativa nos encanta e impacta ao mesmo compromete a refletir sobre a herança cultural e ideológi destas na nossa sociedade. O filme aborda o valor da ciência por duas característic inquietação intelectual e a segunda é ter o poder de re crenças de uma época. Nessa perspectiva o filme tece seu roteiro

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Uma anlise do filme Alexandria na perspectiva do ensino atravs da tendncia histrico - critica.Se toda estrela cadente cai pra fazer sentido E todo mito quer ter carne aqui. A cincia no se ensina. A cincia insemina, a cincia em si. Arnaldo Antunes e Gilberto Gil

1. INTRODUO

A linguagem cinematogrfica tem a capacidade de projetar e antecipar dramas, fices e revolues, de debater temas banais e polmicos e de revisitar o passado. Aqui convidamos o leitor a envolver-se num roteiro que data do ano de 391 d.C., incio do cristianismo na histria do ocidente.

A temtica do filme Alexandria remonta os discursos e a cultura do incio da idade mdia, conduzindo-nos a construo imagtica do espao e do tempo histrico e nos remetendo ao passado como se este fosse passvel de ser revivido. O filme trata das concepes relacionadas ao o conhecimento, ao papel da mulher, as experincias com a matemtica, com a filosofia, com a astrologia e com as relaes de poder, bem como apresenta o processo do trabalho cientfico, testemunhando o movimento que abriga a pesquisa, a dvida, a frustrao, as descobertas na busca de respostas para a sua pergunta.

Dessa forma, enxergamos a histria se colorindo em nossa retina. Os cenrios do filme so elaborados a cada dilogo, imagens que at ento s existiam na iconografia dos livros de histria e na elaborao imagtica de nossas leituras passam a ser quase reais. O decorrer da narrativa nos encanta e impacta ao mesmo tempo, bem como nos compromete a refletir sobre a herana cultural e ideolgica e sobre as conseqncias destas na nossa sociedade.

O filme aborda o valor da cincia por duas caractersticas: a primeira ser fonte de inquietao intelectual e a segunda ter o poder de revolucionar as verdades e as crenas de uma poca. Nessa perspectiva o filme tece seu roteiro atravs dos conflitos

2 de poder, dos debates filosficos e da narrativa religiosa retratando a histria da filsofa Hypatia.

Dessa forma, atravessamos a fronteira do tempo e ancorado na contemporaneidade ainda percebemos a intolerncia, o preconceito entre gnero, a propagao das verdades absolutas e a alienao. Na rea da educao as rupturas e reflexes representam o caminho para superao desta limitao do pensamento linear e fechado. Reconhecemos portanto, a relevncia do avano do ensino memorstico e livresco para o ensino reflexivo e participativo; vale, portanto salientar a importante instrumentalizao do aluno para pensar criticamente sobre as cincias, sobre as perguntas cotidianas e sobre os processos histricos.

Talvez esteja a a resposta para a crise na educao, trata-se de uma crise de paradigma, em que a humanidade se deparou com a crise das verdades, que tiveram em toda histria da humanidade sempre um carter metafsico. O que fazer diante desse sentimento de fragilidade da condio humana? (PEREIRA & ARAUJO, 2009, p. 61)

Um processo de educao renovada anuncia que as verdades no so imutveis e fechadas, elas podem esto em constante reelaborao, so por vezes incompletas e no falhas. Assim a apropriada revoluo implica em efetivar a busca continua de caminhos dessa forma preciso formar um aluno consciente, o foco deste artigo iniciar o debate sobre o ensino a partir do aporte terico da pedagogia histrico - critica.

A tendncia da pedagogia critico social de contedos prope uma sntese superadora das pedagogia tradicional e renovada, valorizando a ao pedaggica enquanto inserida na prtica social concreta. Entende a escola como mediao entre o individual e o social, exercendo a a articulao entre a transmisso dos contedos e a assimilao ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto de relaes sociais); dessa articulao resulta o saber criticamente re-elaborado. (LIBANEO, 2002, p. 21)

O roteiro do filme povoado de imagens que nos remetem a temas polmicos e contemporneos, todavia o nosso interesse localiza-se principalmente em refletir sobre as concepes de ensino, sobre os textos presentes na sala de aula, sobre como so tratados os contedos tna sal de aula, se h espao nas aulas para a perspectiva critica e reflexiva.

3Embora se aceite que os contedos so realidades exteriores ao aluno, que devem ser assimilados e no simplesmente reinventados, eles no so fechados e refretrios s realidades sociais. No basta que os contedos sejam apenas ensinados, ainda que bem ensinados; preciso que se liguem, de forma indissocivel, sua significao humana e social. (LIBANO, 2000, p. 30)

A educao com bases cartesianas denota um ensino acrtico, s voltas com a uma imagem linear, obedecendo a ideia mecnica do pensamento, com suas verdades fragmentadas, sem tratar com a devida ateno as rupturas, os conflitos e os processos de superao que o pensamento atravessa no campo das concepes. Dessa forma, a tendncia tradicionalista do ensino tem permanecido viva entre professores e alunos; tendo como conseqncia direta um ensino ahistrico e acritico.Assim, essas concepes aparecem associadas entre si, como expresso de uma imagem global ingnua da cincia que se foi decantando, passando a ser socialmente aceite. De fato, essa imagem tpica da cincia parece ter sido assumida por autores do campo da educao, que criticam como caractersticas da cincia aquilo que so apenas vises deformadas da mesma. (CACHAPUZ, 2009, p 134)

Por tanto, escolhemos dialogar sobre o ensino atravs da Pedagogia histrica-crtica (doravante PHC), fomentando a reflexo sobre a importncia do papel do professor, sobre o significado de um ensino crtico e com sobre a funo social da educao. Bem como desmistificar as imagens distoricidas sobre o mundo do conhecimento, tais como: o da cincia relacionada aos gnios, aos laboratrios mgicos e luminosos, aos cientistas imaculados, a idia de inteligncia ligada a postura de anti-social, cremos que na medida que nos afastarmos de preconceitos tendenciosos e dos interesses de grupos sociais dominantes, nos aproximaremos do ensino transformador.

As grandes transformaes so morfogneses, criadoras de formas novas que podem constituir verdadeiras metamorfoses. De qualquer maneira, no h evoluo que no seja desorganizadora/reorganizadora em seu processo de transformao ou de metamorfose. (MORIN, 2002 , p.82)

Tecemos a reflexo introdutria do artigo defendendo o ensino na perspectiva PHC, e pretendemos apresentar um debate sobre a trama de ideias apresentadas no filme

4 Alexandria, objetivando debater uma educao capaz de formar um cidado atuante que se posiciona criticamente diante dos temas scio-cientficos.

Dilogos e contextos: apresentando o roteiro do filme Alexandria.

. A cena mostra Hypatia, de p e vestida de branco e mais acima e ao centro, Plato e Aristteles. 1

Nosso dilogo versar sobre o roteiro do filme Alexandria no cenrio histrico do sculo IV DC, comeo da idade mdia. A Cidade de Alexandria estava dominada pelos romanos que admitiam a liberdade religiosa, contudo os conflitos travados entre cristos, judeus e pagos eram intensos e violentos, levando a cidade a viver enfrentamentos, destruio e a diviso radical entre pagos e cristos. Em meio aos conflitos religiosos, emerge a personagem da filsofa Hypatia que tece no filme dilogos filosficos e vive o empenho e a dedicao as suas hipteses a fim de compreender os planetas e o movimento dos errantes (como eram conhecidos os 5 planetas descobertos na poca), para tanto caminhava por estudos da geometria, dos1

Ficha da obra: A Escola de Atenas

Artista: Rafael Sanzio - Afresco do ano de 1511

5 filsofos da antiguidade e da teoria do heliocntrismo de Aristarco. interessante destacar que todos os temas citados esto entrelaados no roteiro sobre a perspectiva e o encantamento da stima arte. A histria contada a partir da personagem Hypatia, ela o centro que processar todo o enredo, nela focaliza-se a pertinncia sobre o papel do ensino, a postura do professor, o preconceito contra a mulher e a negao da liberdade religiosa. O filme nos apresenta uma cientista apaixonada que ensina e estuda, que depura suas idias e cuidadosamente as verifica, que se frustra e se refaz num constante processo de busca s possveis respostas as suas perguntas. Nestes atos Hypatia enfrenta um tempo e ambiente hostil, Alexandria caminhava para o imprio da intolerncia religiosa, assimilando uma guerra contra o pensamento livre, onde se inaugura relaes cravadas pelas amarras e limites religiosos, cerceando, dessa forma, a ao dos pensadores e opositores do pensamento oficial. Na medida em que a imposio de uma nica crena se efetiva torna-se mais contundente a negao a diferena e ao debate das ideias, tal como se torna obscuro o valor creditado ao conjunto das obas sobre a cultura e o conhecimento. Esse domnio fragiliza a comunidade dos cientistas e filsofos que se diferenciavam por serem cticos e buscarem investigar a origem do mundo e seus movimentos. O massacre ocasionado pelos conflitos ameaava no s pelo flagelo fsico, mas sobretudo o flagelo ao esprito curioso, inquieto e intelectual dos filsofos.

Diante desta realidade, a comunidade de Alexandria assume, ora por medo, ora por convico, a religio crist, fortalecendo, dessa maneira, a intolerncia religiosa. Neste redemoinho de fatos Hypatia chamada a fazer sua converso, no entanto esta se nega e permanece fiel a seu posicionamento, recusa-se e com conscincia assume o risco de sua deciso, continuando asctica. Sua posio afronta a liderana crist que decide pela sua execuo, estes se apiam nas palavras das escrituras sagradas para acus-la de atesmo. E interpretam o texto bblico de Timteo 2.11-14, como uma sentena de morte a Hypatia: no permito que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre os homens, mas que esteja em silncio.

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Entre a crena e a cincia: do filme ao ensino crtico.

O filme personaliza a morte da liberdade e a supremacia das verdades absolutas. possvel refletir que o condicionamento da cincia ideia de verdade plena opera na dimenso de cristalizar e imobilizar o conhecimento, o impedindo de buscar diferentes respostas aos velhos e novos dilemas da humanidade. Tambm percebemos que o imprio do poder marcado pela idia patriarcal aprisiona o pensamento, o limitando ao lugar privilegiado do gnero masculino em detrimento ao feminino, essas temticas, abordadas no filme Alexandria, nos convidam a pensarmos sobre a renovao da educao, tendo como base as convices sobre a democracia, a igualdade de gnero e sobre a liberdade de pensamento.

A cincia assume uma perspectiva masculina. Ela expressa uma forma de conhecer onde impera a imagem de separao entre sujeito e objeto. Ela parte de um impulso de dominao e controle: sobre a natureza e sobre os seres humanos. Ela segrega corpo e mente, cognio e desejo, racionalidade e afeto. Essa anlise da masculidade da cincia pode ser estendida para praticamente qualquer campo ou instituio social. Bem como nos conduz a pensarmos diversas formas de poder e opresso que tomaram como base a supremacia do gnero masculino. (SILVA, 2011, p. 93)

Esse debate sobre a concepo de educao ser feito a partir da perspectiva da PHC, por concebermos a importncia do papel do sujeito critico e consciente em favor da transformao social. Esse sentido conceitual do ensino compreende um ato poltico e fator relevante para a reviso dos currculos e para o debate sobre as prticas educativas.

Percebe-se, portanto que compreender o ato de ensinar a partir do papel de sujeito consciente e atuante implica em revisar o paradigma tradicional de educao e discutir o ensino, na perspectiva social, cultural e histrica da educao.

Tanto a educao tradicional, denominada "bancria" - que visa apenas depositar informaes sobre o aluno -, quanto a educao renovada - que pretenderia uma libertao psicolgica individual - so domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opresso. A educao libertadora, ao contrrio, questiona concretamente a realidade das relaes do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformao - da ser uma educao crtica (LIBANO, 2000, p.21)

7 Dessa forma, consideramos significativo enfatizar o quanto imprescindvel e revolucionrio o foco na formao do professor enquanto um canal capaz de possibilitar um percurso de mudana de paradigma, na superao da viso racionalista e fragmentada da educao para a viso integrada, onde possamos tecer a idia de complexidade, integrando: a racionalidade e o afeto, o homem e a mulher, o pensamento e a ao. Essa articulao dos saberes cientficos, dos saberes tcnicos, da capacidade crtica e relacional, supera a viso maniquesta do bem ou do mal e do certo ou errado, proporcionando uma atitude poltica, a no acomodao s receitas dos livros didticos, e muito menos ao ensino pela perpetuao das mesmas perguntas e conseguintes mesmas respostas. O ensino com bases na PHC provoca as perguntas, investe na autonomia intelectual dos alunos, tudo em funo da transformao social e democrtica. Contudo, parte significativa da desconstruo da concepo do ensino tradicional passa pelos investimentos na formao inicial e continuada do professor, preciso debater com os professores, entendemos que as mudanas impostas no geram condies de compreenso e mudana. Somente pelo entendimento e comunho com as novas abordagens que podemos instaurar um ensino crtico na sala de aula, atrelando significado social ao processo educativo.Assim, quando se fala na educao em geral, diz-se que ela uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o contedo de aprendizagem, atingem um nvel de conscincia dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformao social. (LIBANO, 2000, p. 21)

Sabemos que a formao continuada sozinha no responsvel pelo milagre da transformao, reconhecemos como fatores relevantes tambm a valorizao da funo social do ensino, a remunerao justa e condies adequadas de trabalho para o professor, instituies comprometidas com sua responsabilidade social e projetos pedaggicos pautados nos princpios de uma educao transformadora, estes representam faces interdependentes. No se transforma na solido de idias particulares, nem mesmo no h mudana posta somente por projetos institucionais, imperativo

8 revolucionar nossos paradigmas e nos comprometermos com a educao em todas as suas dimenses, a fim de oportunizar espaos reais para enfrentar os desafios contemporneos.

Que no fcil para o professor e para a professora habituar-se ao trato da teoria em termos de valor de aplicao. O conhecimento do campo de atuao impe ao professor muito mais exigncias, nessa forma de trabalhar. Mas com o tempo, esse trato com a teoria pode tornar-se uma atitude e levar o professor ao prazer no exerccio de sua profisso, porque o conhecimento nesse nvel libertador. (WACHOWICZ, 2010, p. 114)

O papel do professor surge no filme atraves da filosofa Hypatia, apresenta temas e os debate e faz a mediao entre os posicionamento de seus alunos. Suas experincias ficam imersas s condies materiais e sociais da sua poca, no entanto esta abraa a idia da integrao das diferenas, o respeito as ideias e especialmente o amor ao conhecimento e ao ensino. Estes fatores do forma ao pensamento de Hytapia, e arquitetam a abordagem do filme sobre o processo cientifico presente na elaborao das teorias e suas etapas processuais.A histria do pensamento cientfico uma constante (con) afirmao de que essa a forma mais correta de fazer cincia, aprofundando o conhecimento da realidade em campos definidos, limitados; esse aprofundamento que permite chegar ao estabelecimento de laos entre campos aparentemente desligados. (CACHAPUZ, 2005, p. 138)

O ensino deve est emaranhado com a profundidade e abrangncia dos contedos, com o debate contextualizado dos mesmos, com a funo social dos temas alinhado ao do sujeito. A tica das instituies de ensino, dever levar em considerao os saberes subjetivos objetivos, o respeito do patrimnio intelectual e cultural, a capacidade de superar as vises deformadas do ensino e a responsabilidade social da educao, favorecendo dessa forma o desenvolvimento das pessoas e do pas.

Observa-se que as descobertas cientficas feitas nos pases perifricos vo beneficiar via de regra, as economias dos pases industrializados, pois eles contam com instituies e meios para desenvolver rapidamente as pesquisas at chegar a aplicaes prticas. (HAMBURGER, 1992, p.22)

A democratizao do conhecimento e o compromisso com o ensino critico creditam qualificao ao movimento de mudana, que no pode prescindir de uma leitura ampliada da correlao ente educao-sociedade, tempo-espao e contexto-tica, , como

9 diz Freire,(2001: p,55) por isso tambm que a educao ser to mais plena quanto mais esteja sendo um ato de conhecimento, um ato poltico, um compromisso tico e uma experincia esttica.

As novas concepes de ensino gravitam ao redor da dialogicidade, da criticidade, da participao ativa do aluno e da interdependncia do conhecimento, processada entre estudos, reflexes e abertura ao novo, nesta perspectiva, realizar um frum de debate, com os professores, sobre o filme Alexandria uma das possibilidades de dinamizar a formao contnua.O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em interao com outras pessoas, a comear pelos alunos. A atividade docente no exercida sobre um objeto, sobre um fenmeno a ser conhecido ou uma obra a ser produzida. (TARDIF, 2002, p. 49)

O ensino distante da criticidade e da contextualizao no assume sua funo social, e afasta-se da capacidade transformadora. Fugir de tudo que inspira reflexo nos condenar a um ensino medocre, ao subdesenvolvimento poltico, social e econmico a uma cincia acrtica. O que desejamos aqui destacar um ensino que enfatize de forma madura e comprometida os contedos culturais, seus contextos e sua posio filosfica, com criticidade e reflexo.

CONSIDERAES FINAIS Objetivamos ter instigado a percepo do leitor para ver e refletir como o ensino atravs da PHC poder contribuir com a formao de uma viso integrada da educao, na compreenso histrica e critica do conhecimento ensinado tendo em vista seu poder de transformao social. Dessa maneira, a importncia do ensino nas salas de aulas da escolaridade bsica faz com que a ao do professor se torne decisiva na formao do pensamento cientfico e crtico. O trabalho pedaggico que utiliza como base apenas os livros didticos conceituais e que privilegiam imensas listas de exerccios repetitivos, ou mesmo o

10 ensino vinculado a prticas e experimentos descontextualizados, distanciam-se do ensino critico e contextualizado. O professor constri um scrip de sua ao profissional construdo atravs de aspectos objetivos e subjetivos do cotidiano, tambm a partir dos sabres da formao acadmica, portanto revisar esses saberes e reaprend-los tarefa da formao continuada. H saberes que so referenciais preciosos da ao docente: saberes sobre a rotina, sobre como explicar os contedos a seus alunos, de como avaliar, de como se relacionar com os alunos, estes so basilares de uma ao sria.

Nos ltimos anos, temos assistido e por vezes participado de uma srie de apreciaes e de reformas do ensino, o que vem fomentando discusses, reflexes e produes acadmicas, bem como tem modificado o ensino dentro do sistema escolar, temos incorporando prticas diferenciadas e avanos significativos, dentre estes temos a vivencia de atividades integradas e participativas, tambm temos a elaborao de tarefas e instrumentos avaliativos reflexivos, superando as imensas listas de perguntas memorsticas, do tipo: o que , aonde, diga, aponte, e o posicionamento mais consciente sobre o valor profissional do professor, enfim a educao caminha para extrapolar o texto literal e alcanar patamares reflexivos cada vez mais articulados.

Diante das reformas do ensino, a formao continuada do professor ganha destaque na Lei de Diretrizes e Bases 9394.96, bem como na cultura escolar e no cenrio educativo global, compreendendo que este imprescindvel a mudana educacional e transversal ao desenvolvimento social, poltico, econmico e humano como destaca Tardif (2002, p. 103) Na realidade, os fundamentos do ensino so a um s tempo: existenciais, sociais e pragmticos.

O filme na verdade nos presenteia com as imagens que precisamos reavivar diante da opresso do poder unilateral, das verdades absolutas, das ideias desvirtuadas do conhecimento, assim este nos atenta para a lio de corresponsabilidade diante da vida humana e cultural, diante do rigor da tica e da criticidade.

A beleza expressa pelo debate cientifico dos personagens na biblioteca, sejam estes, escravos ou burgueses de seu tempo, nos ensina o apreo a diferenas, desta feita fica

11 evidente o espao para o dialogo, o principio da igualdade e do respeito enquanto fator determinante para o bem comum. Tambm de igual relevncia est o valor dado a cultura, e a concepo de aprendizagem cooperativa.

Portanto a reflexo fica aqui apenas iniciada e aberta para novas continuidades ao texto, por questes no abordadas, pela escolha de outras cenas, atravs do aprofundamento dos temas aqui dialogados. Tudo sobre o forte sentido da educao poder transformar e contagiar um novo tempo.

4) REFERNCIAS AMENBAR, Alejandro; MATEO Gil. Alexandria. Producciones, Madrid 2009. Vdeo, 127 min., colorido. [Filme-vdeo]. Mod

BIBLIA. Portugus. Bblia Sagrada. Traduo: Centro Bblico Catlico. 34. ed rev. So Paulo: Ave Maria, 1982.

CACHAPUZ, A. et alii (Org.). A Necessria Renovao do Ensino de Cincias. So Paulo: Cortez, 2005, 263p.

LIBNEO, Jos Carlos. Democratizao da escola pblica. So Paulo: Loyola, 1987.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessrios educao do futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 5. ed. So Paulo: Cortez; Braslia, DF: UNESCO, 2002.