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Diagnóstico Prévio da degradação ambiental na área do lixão de Porto Estrela/MT Figura 01 – localização do município de Porto Estrela-MT Fonte: Por Raphael Lorenzeto de Abreu - Imagem: Matogrosso Meso MicroMunicip.svg, own work, CC BY 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1417286 Diagnóstico ambiental da área do lixão A identificação e análise dos fatores ambientais na área foram realizadas a partir de pesquisa de campo, onde realizamos a descrição da condição ambiental atual dos fatores ambientais para os meios: físico ou abiótico, biótico e antrópico. Identificação dos impactos ambientais na área de estudo A identificação dos impactos ambientais foi realizada a partir do levantamento das principais atividades realizadas na área e do diagnóstico ambiental. Os métodos utilizados para identificar os impactos ambientais nesse relatório Prévio foram: Ad Hoc (Método espontâneo) e Check Lists (listagem de controle), na modalidade descritiva.

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Diagnóstico Prévio da degradação ambiental na área do lixão de Porto

Estrela/MT

Figura 01 – localização do município de Porto Estrela-MT

Fonte: Por Raphael Lorenzeto de Abreu - Imagem: Matogrosso Meso MicroMunicip.svg, own work, CC BY 2.5,

https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1417286

Diagnóstico ambiental da área do lixão

A identificação e análise dos fatores ambientais na área foram realizadas a partir de

pesquisa de campo, onde realizamos a descrição da condição ambiental atual dos

fatores ambientais para os meios: físico ou abiótico, biótico e antrópico.

Identificação dos impactos ambientais na área de estudo

A identificação dos impactos ambientais foi realizada a partir do levantamento das

principais atividades realizadas na área e do diagnóstico ambiental.

Os métodos utilizados para identificar os impactos ambientais nesse relatório Prévio

foram: Ad Hoc (Método espontâneo) e Check Lists (listagem de controle), na modalidade

descritiva.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Caracterização da área de estudo

A vegetação na área do lixão situado na cidade de Porto Estrela-MT é caracterizada como campo cerrado, com clima predominante em tropical quente e sub-úmido, com 5 meses de seca, de maio a setembro. Precipitação pluviométrica anual de 1700 mm, com intensidade máxima em dezembro, janeiro e fevereiro. Temperatura média de 24º C, maior 40ºC, e menor 4º C.

Altitude: 150 m

Distância da Capital: 198 km

Extensão Territorial: 2. 065 km2 (IBGE) 2.053,94 km2 (Município)

Localização Geográfica: Mesorregião 129, Microrregião 530 - Tangará da Serra. Sudeste mato-grossense

Relevo: Baixada Paraguai, calha do Rio Paraguai. Serras: Grande, Camarinha, Canal, Limboso, Três Ribeirões, Cinquenta, Halaluie-Tiagli

Formação Geológica: Coberturas não dobradas de Farenozóico, Bacia Mesozóica dos Parecis. Coberturas dobradas do Proterozóico com granitóides associados. Grupo Alto Paraguai e Cuiabá. Faixa Móvel Brasiliana.

Bacia Hidrográfica: Grande Bacia do Prata. Contribui com o Rio Paraguai

Clima: Tropical quente e sub-úmido, com 4 meses de seca, de junho a setembro. Precipitação anual de 1.750 mm, com intensidade máxima em dezembro, janeiro e fevereiro Temperatura média anual de 24º C. Maior máxima 40º C, menor 0º C.

O lixão de Porto Estrela, esta localizado em área particular, dentro de uma fazenda, próximo à cidade. Sua área e cercada, para evitar o acesso dos animais da fazenda. Os resíduos do lixão são de origem doméstica, hospitalar, comercial, como resíduos de ossos, sucatas de modo geral, resíduas de construção civil, podas de árvore.

Verificamos, que o lixão, está próxima ao Córrego Cavalo, sua nascente e no Sapezeiro, e este córrego deságua no Rio Paraguai.

Fig 1 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016

Fig 2 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016

Georreferenciamento da área e Mapa de localização da área do lixão

Serão anexados ao Relatório os mapas da área. Imagens aéreas do lixão de Porto Estrela-MT

Fig 3 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016

Fig 4 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016

Diagnóstico Prévio Ambiental da Área do Lixão

Apresentaremos a seguir, o diagnóstico prévio qualitativo, nos meios físicos (solo, recursos hídricos, ar e paisagem), biótico (flora e fauna) e antropico (problemas sociais e saúde pública).

Na área percebe-se que a estrutura do solo se encontra alterada, devido à disposição inadequada dos resíduos onde existe uma grande quantidade de resíduos que são

classificados como perigosos, apresentando potenciais altos de contaminação do solo.

Fig 5 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016

Fig 6 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016

Os resíduos citados como perigosos, são citados no Art.33, da Lei 12.305/2010,

que determina a obrigatoriedade da logística reversa, mediante retorno dos produtos após

o uso pelo consumidor, cuja embalagem, após uso, constitui resíduo perigoso.

Resíduos como pilhas e baterias apresentam em sua composição metais pesados

(mercúrio, chumbo, zinco, cádmio, manganês e lítio).

Outro resíduo que contem mercúrio são as lâmpadas florescentes. Monteiro

et.al.(2001) afirmam que o mercúrio e toxico para o sistema nervoso, e quando inalado ou

ingerido, causa problemas fisiológicos.

Observamos também material infectante (material de serviço de saúde, seringas,

embalagens de soro, de sangue, curativos, etc.) que são descartados por clinica,

farmácias, hospital. São resíduos que possuem resolução especifica Lei nº 358/2005, que

dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde.

Recursos Hídricos A contaminação da água acontece da seguinte forma: a matéria orgânica

depositada no solo do lixão, durante o seu processo de decomposição, libera o chorume,

também chamado por líquido percolado ou lixiviado, é o líquido poluente, de cor escura

e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição

de resíduos orgânicos.

Fig 7 - Resíduos classificados como perigosos misturados com resíduos domésticos, entulhos, sucatas, etc - Acervo técnico ADETEC -2016

Ar

A composição do ar no lixão é alterada pela emissão de gases provenientes da

decomposição e queima dos resíduos sólidos, onde a decomposição gera o metano

(Ch4), gás sulfídrico, e outros (PAGLIUSO 2008). São gases extremamente inflamáveis

que geram risco de queimadas e explosões.

Paisagem Foi modificada em função da degradação da área, alterando sua paisagem causando desvalorização da área, que se encontra inserida dentro de uma fazenda.

Saúde Publica

Existem no lixão em grande quantidade micro e macro vetores (baratas, moscas, mosquitos, ratos, etc.) que podem ser causadores de varias doenças.

Identificação dos Impactos Ambientais A avaliação dos impactos ambientais causados pela instalação do lixão no município de Porto Estrela – MT envolveu analise qualitativa dos efeitos, identificação da ocorrência na área de influencia direta, possibilitando a classificação previa do seu valor, ações de mitigação, significância, incidência e possível reversão, observando o grau de prejuízo que essa atividade oferece ao meio ambiente.

Quadros 1 - Impactos Ambientais identificados e respectiva classificação no lixão

Impactos Ambientais

Mitigação: Preventivas,

minimizadoras, compensatórias

.

Relevância Incidência Reversibilidade Fatores Afetados

Poluição e /ou contaminação de solo

M S D e IN RV Solo, água e antropico

Compactação de solo

M S D e IN RV Solo, água e fauna

Alteração nas características físicas do solo

M S D e IN RV

Solo e fauna Alteração nas características químicas do solo

M S D e IN RV

Alteração nas características biológicas do solo

M S D e IN RV

Erosão

M S D e IN RV

Alteração da paisagem

M S D e IN RV Paisagem

Alteração de relevo M S D ou IN IR Solo, relevo e paisagem

Poluição e/ou contaminação recursos hídricos

NM S D e IN RV Água, antropico, fauna e flora

aquática

Proliferação de micro e macro vetores

M S D e IN RV Antropico, fauna e paisagem

Poluição e/ou contaminação do ar atmosférico

M S D e IN RV Ar, antropico e fauna

Legenda: M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN – indireta; RV – reversível; IR -

irreversível

Critérios de Classificação quanto ao valor

Impactos Ambientais

Mitigação: Preventivas,

minimizadoras, compensatórias.

Relevância Incidência Reversibilidade Fatores Afetados

Redução ou perda total da flora

M S D RV Flora, fauna, solo,

água e paisagem

Redução ou perda total da fauna nativa

M ou NM S D RV Fauna

Contaminação dos animais

M S D e IN RV Fauna

Contaminação e/ou poluição áreas vizinhas

M S IN RV Antropico, solo, fauna, água e

paisagem

Riscos de contaminação aos catadores

M S D RV

antropico Saúde Publica - impactos

M S D e IN RV

Riscos de saúde do Trabalho

M S D RV

Incomodo para vizinhança

M S D RV

Desvalorização da área do entorno

M NS D e IN RV OU IR

Geração de empregos temporários

M S D RV

Legenda: POS – positivo; NEG – negativo; M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN – indireta; RV –

reversível; IR - irreversível

Identificação dos tipos, das causas e das consequências da degradação na área. Dentre os impactos citados no Quadro 1, alguns tem o potencial da perda de voltar ao estado natural, devido ao tempo do deposito do lixo no local de forma indiscriminada e sem tratamento, causando a contaminação dos recursos naturais, hídricos e atmosférico. No Quadro 2, a seguir, será apresentado a descrição com os tipos, classificação, causas e consequências da degradação na área do lixão.

Quadro 2 - Tipo de degradação identificados no lixão

Tipo de degradação Classificação Causas Consequências Fatores ambientais afetados

Poluição e

contaminação de solo

Física, química e biológica.

Natural (chuva) ou antropico ( gestão inadequada dos resíduos)

Afeta saúde dos seres vivos;

Limitação uso solo

Solo, água e antrópico.

Compactação de solo

Física, química e biológica.

Presença e veículos pesados;

Pressão exercida pelos resíduos sólidos, animais, catadores.

Impermeabilização da água,

Desenvolvimento da fauna comprometida

Solo, água e fauna

Contaminação recursos

hídricos

Química Natural (chuva);

Antropico (formação de chorume e elementos químicos perigosos)

Afeta saúde dos seres vivos;

Limitação uso das águas;

Água, antrópico, fauna,

flora aquática

Contaminação do ar

atmosférico

Física, química e

biológica.

Natural (formação de gases resultante da ação de bactérias na matéria orgânica);

Antrópica (queima)

Afeta saúde dos seres vivos;

Risco de incêndios e explosão;

Odores desagradáveis;

Contaminação do ar por gases de efeito estufa;

Ar, antrópico e fauna

Redução ou perda total

da flora

Biológica

Antrópica (desmatamento)

Exposiçao do solo;

Compactaçao do solo;

Degradação da área;

Perda da deposição natural de MO oriunda da flora)

Flora, fauna, solo, água

e paisagem

Redução ou perda total

da fauna nativa

Física, química e

biológica.

Antrópica (presença de veículos e maquina pessoas, desmatamento)

Desequilíbrio da cadeia alimentar;

Fauna

Erosivo acelerado

Física, química e

biológica.

Natural(ação dos ventos e água);

Antrópico (desmatamento, compactação);

Perda das camadas mais férteis do solo;

Solo e fauna

Impacto na saúde publica

Social

Antrópico (fumaça,macro e micro vetores, material contaminado)

Vários tipos de doenças (respiratória, verminoses, cortes, infecções)

Antrópico

Estratégias de recuperação da área em estudo

Constatamos que a área sofreu alterações em sua estrutura, seja de natureza

física, química ou biológica, levando à degradação da sociedade, do solo, dos recursos

hídricos, da flora e da fauna.

A Lei 12.305/2010 determina o encerramento das atividades dos lixões, o que

necessita de critérios técnicos para avaliação para as providencias necessárias e

corretas. Salientamos que o fechamento e abandono da área, acarretando o fim da

atuação dos catadores, e disposição inadequada dos residuos não é suficiente, pois há

continuação de geração de gases, odores e chorume, enquanto houver atividade

biológica de resíduos.

A primeira medida a ser tomada para recuperar uma área é o isolamento, seguido

da identificação da degradação existente no local. Após este diagnóstico, são sugeridas

medidas de mitigação para diminuir o efeito dos impactos ambientais, e com base na

escolha do uso futuro para área degradada, definem-se técnicas (físicas, químicas e

biológicas) para recuperação.

A seguir, serão descritas as etapas propostas para recuperação da área

degradada do lixão.

Isolamentos da Área

Primeiramente torna-se necessário eliminar o fator de degradação, isolando a área

e não permitir qualquer interferência. Intervir no lixão com o intuito de encerrar sua

operação, requalificando o ambiente local e, reduzindo os impactos ambientais. Além

disso, é necessário a escolha de um local adequado para destinação desses resíduos, ou

seja, um aterro sanitário devidamente licenciado e dentro das normas vigentes.

Retirada de Catadores na Área do lixão

Ao desativar o lixão, não podemos esquecer, daqueles que sobrevivem desta

atividade, os catadores, que buscam seu sustento no local. Uma das alternativas

sugeridas é a criação da associação dos catadores no município, podendo mobilizar a

sociedade para a coleta seletiva solidária e sensibilizar as pessoas para a importância do

trabalho dos catadores, usando a “ferramenta” da Educação Ambiental, além de integrá-

los nas atividades do aterro sanitário futuro.

Medidas Mitigadoras

As medidas mitigadoras constituem o conjunto de ações que visam a reduzir os

impactos negativos. Outra forma de controle é a compensação dos impactos não

mitigáveis.

Abaixo são apresentadas algumas medidas que devem ser adotadas para

minimizar os impactos significativos diagnosticados.

Quadro 3 - Impactos significativos e medidas de controle.

Tipo de Degradação Medidas Mitigadoras

Contaminação do solo

Retirada dos resíduos do local; Retirar a camada de solo contaminada e depositar solo natural na

área escavada, onde o solo contaminado iria para aterro sanitário;

Usar técnicas de recuperação, como por exemplo, “biorremediação microbiana” e “fitorremediação”.

Compactação do solo Descompactar o solo e implantar práticas conservacionistas; Revegetar outras áreas no lixão, que não estejam compactados.

Erosão acelerada Limitar o desmatamento; Usar técnicas, de controle de erosão (laminar e sulcos)

Contaminação da água Análise dos corpos d’águas do entorno do lixão; Eliminação das aberturas do solo, que ocasiona acúmulo de água.

Contaminação do ar atmosférico Retirada dos resíduos do local; Não realizar queimadas dos resíduos.

Redução ou perda total da flora Reflorestamento; Recuperar as áreas de importância ecológica.

Redução ou perda total da fauna - Criar áreas de preservação ambiental, garantindo boas condições para abrigo da fauna.

Riscos aos catadores - Criar uma associação de catadores; - Proporcionar programa de educação ambiental.

Impacto na saúde pública - Implantar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos; - Implantar programa de educação ambiental para o município em

estudo.

Fonte:. (2015 -Pollyana B. de Azevedo, et al)

Recomendações para uso da área

O uso recomendado para a área é a preservação ambiental, obtida com o reflorestamento.

Reflorestamento

Para o reflorestamento é necessário que o solo esteja com sua

composição,estrutura,densidade, porosidade e sua fertilidade adequada.

Caso não esteja deve-se fazer a devida correção.

Devem-se diagnosticar os tipos de espécies vegetais em torno da área do lixão,

para serem usadas na revegetação. Para o preparo do solo é necessária à implantação

de espécies do estágio primárias encontradas no em torno da área e, em seguida, inserir

espécies vegetais de sucessão ecológica secundária e clímax.