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FICHAMENTO LIVRO: POLÍTICA E MÍDIA NO BRASIL: episódios da história recente Luis Felipe Miguel – 2002 – Brasília Efetivamente o período pos-ditadura, em especial a partir da primeira eleição direta para presidente, inaugura um novo e essencial momento das relações entre politica e mídia em nosso país”. 7 Luis Miguel cita Moisés: Mas os meios de comunicaççao são, via de regra, ignorados ou, quando muito, citados de raspaao. Até mesmo quando o que se discure é a ‘cultura política’, as crenças socialmente compartilhadas sobre as instituições e os conflitos, a m´diai costuma brilhar por sua ausência. (moises, 1995). 11 “independentemente de sua primazia, impõe-se o reconhecimento da disseminação dos meios de comunicação de massa como um dos elementos fundamentais na moldagem do mundo contemporâneo.”. 12 Nas sociedades urbanas, o consumo de mídia é uma das duas maiores categorias de atividade, atrás apenas do tabalho(Castells, 199, p. 358). 12 Processo de escolha das noticias: da infinidade de informações disponíveis, o que vai ao publico é apenas um recorte da realidade. “O que chega a cda um de nos, individualmente, porém, é apenas uma parte diminuta das informações produzidas(...). No dia-a-dia, um misto de escolha e acaso filtra o conjunto de infirlçaoes que acada indiviudo específico receberá”. 12-13 Globalização: “cultura internancional-popular” – Renato Ortiz(1994): western,fast-food,rock n’ roll, Disney e Coca-Cola. “A familiaridade combens materiais e simbólicos de penetração mundial faz comquenos sintamos ‘em casa’ nos mais diferentes pontos do globo, de uma forma impensável em écposa anteriores”. 13 A mídia alterou a geografia social: “Quando mulheres e homens ou jovens e adultos compartilham das mesmas informações, por assistirem aos mesmos programas, torna- se mais difícil decretar que “isto não é assunto de mulher” ou “isto não é assunto de criança’”. (Meyrowitz, 1985)

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Um retrato da política e da mídia brasileira.

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Page 1: Fichamento Do Livro Politica e Mídia No Brasil - Aula 3 - Comunicação e Poder 2015 - Prof Paulo Leal

FICHAMENTO LIVRO:

POLÍTICA E MÍDIA NO BRASIL: episódios da história recente

Luis Felipe Miguel – 2002 – Brasília

Efetivamente o período pos-ditadura, em especial a partir da primeira eleição direta para presidente, inaugura um novo e essencial momento das relações entre politica e mídia em nosso país”. 7

Luis Miguel cita Moisés: Mas os meios de comunicaççao são, via de regra, ignorados ou, quando muito, citados de raspaao. Até mesmo quando o que se discure é a ‘cultura política’, as crenças socialmente compartilhadas sobre as instituições e os conflitos, a m´diai costuma brilhar por sua ausência. (moises, 1995). 11

“independentemente de sua primazia, impõe-se o reconhecimento da disseminação dos meios de comunicação de massa como um dos elementos fundamentais na moldagem do mundo contemporâneo.”. 12

Nas sociedades urbanas, o consumo de mídia é uma das duas maiores categorias de atividade, atrás apenas do tabalho(Castells, 199, p. 358). 12

Processo de escolha das noticias: da infinidade de informações disponíveis, o que vai ao publico é apenas um recorte da realidade. “O que chega a cda um de nos, individualmente, porém, é apenas uma parte diminuta das informações produzidas(...). No dia-a-dia, um misto de escolha e acaso filtra o conjunto de infirlçaoes que acada indiviudo específico receberá”. 12-13

Globalização: “cultura internancional-popular” – Renato Ortiz(1994): western,fast-food,rock n’ roll, Disney e Coca-Cola. “A familiaridade combens materiais e simbólicos de penetração mundial faz comquenos sintamos ‘em casa’ nos mais diferentes pontos do globo, de uma forma impensável em écposa anteriores”. 13

A mídia alterou a geografia social:

“Quando mulheres e homens ou jovens e adultos compartilham das mesmas informações, por assistirem aos mesmos programas, torna-se mais difícil decretar que “isto não é assunto de mulher” ou “isto não é assunto de criança’”. (Meyrowitz, 1985)

Política transformada pela mídia: Centralidade dos meios de comunicação de massa na prática política contemporânea está fundada na dupla mediação que eles estabelecem nas relações entre lídres, eleitores e a realidade que os cerca”. 14

Mediação do discurso político: os discursos políticos são transmitidos pela mídia. “as emissões radiofônicas e televisivas são o principal meio de contatno entre os lideres partidários e o conjunto dos cidadãos(ou mesmo seus adeptos). Contatos face a face, como em reuniões, comícios ou banquetes, ainda cumprem funções simbólicas significativas, mas possuem um status secundário”. 14

A mídia não somente difunde, mas transforma o discurso político:

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“Em contraste com a oratória de palanque, a fala transmitida pelo rádio ou pela relevisão precisa se adaptar à intimidade establelecida entre a audiaencia e estes aparecelhos, abrigados em sua sala de sestar ou cozinha. A retória exaltada cede lugar a um arremedo de conversa tête-à-tête”.14

Adaptação do discurso – difusão: “Uma vez que não pode adaptar seu discurso à plateia precisa(seja quanto ao tema, seja quanto ao enfoque), o político tende a troná-lo mais difuso, panorâmico, superficial e inespecífico”. 15. Dialoga com Domenach? O que importa é a imagem e não o conteúdo.

A imagem se adapta ao formato televisivo e suplanta o conteúdo.

“Com o advento da televisão, os elementos imagéticos ganham força redobrada. Por vezes, a aparência de quem fala predomina sobre aquilo que é falado, no que é o fenômeno mais conspícuo da política televisual (...) Com o auxílio, cada vez mais destacado, de especialistas em marketing, eles procuram projetar imagens – de modernidade, de competência ou de qualquer outro valor que seja perseguido – mediante o corte de cabelo, o vestuário ou a gesticulação”. 15.

Outra mudança com a tv: fragmentação do discurso. Com o formato dos telejornais restrito a padrões que limitam as sonoras(reprodução da fala dos entrevistados) em poucos segundos... “Os agentes políticos incorporavam este constrangimento, desenvolvendo um estilo discursivo fragmentário, em que toda veleirade de aprofundamento de ideias é abandonada em prol da compactação de contudos simbólicos em frase scurtas e independentes”. 15 – pode-se melhor observar isto nos debates eleitorais em que os discursos são esvaziados para se adaptarem as regras do jogo. Quem domina o cronometro se sai melhor.

Visão pessimista acerca da politica mediada pela TV (Sartori – satanização da televisão): “Certas características do discurso midiático – personalização, diluição, fragmentação – colocam obstáculos sérios ao desenvolvimento do debate de ideias ( que, desde os gregos, é visto como indispensável à prática democrática)”. 16

Sartori: “A televisão não é só instrumento de comunicação; é também, ao mesmo tempo, (...) um médium que gera um novo anthropos, um novo tipo de ser humano”. (1998, p. 36) – Homo Videns – imbecilização coletiva promovida pela televisão.

Governados x governantes:

“A influência dos governados sobre os governantes é a influência da opinião pública(que se expressa através das eleições)”. 17

Manipulação da opinião pública por meio de sondagens – reflexos do que sustentam os meios de comunicação(Sartori), 1998:

“Atraves das sondagens, a opinião do povo, pouco informada e, além do mais forjada, passa a influir em decisões que deveriam ser tomadas por profissionais ‘cognitivamente competentes’, os políticos”. 17

Unificação do discurso político: a mídia gera mais uniformidade do que diversidade.

Critica a Sartori: ideia superada de que a opinião publica é apenas o reflexo dos meios de comunicação. O pensador italiano não vai além na questão principal que é o controle dos

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meios de comunicação. “O resultado é a ideia, um tanto bizarra, de uma manipulação sem objetivos, que não serve a nenhum grupo, a nenhum interesse, fruto apenas das patologias do tubo de imagem (...) deixa de lado o elemento que lhe permitiria compreender melhor a a centralidade da mídia nas democracias contemporâneas e a necessidade de um autêntico pluralismo de mensagens, que a exploração comercial dos meios de comunicação impede”. 18

Exposição do líder pela mídia. Falhas, vacilos, equívocos: avanço democrático na desmitificação de líderes políticos como heróis.

Espetáculo: o autor faz uma critica aos eventos planejados para se tornarem noticia ao citar Daniel Boorstin(1962). Os agentes políticos são levados à adequação das estratégias políticas ao formato midiático. Ganha força o espetacular. Neste ponto podemos fazer uma conexão com Shwatzemberg sobre o Estado Espetáculo.

Mediacçoes: transmissão do discurso político que impactua nas estratégias dos diversos agentes; mediação entre as pessoas e o mundo – jornalismo e entretenimento.

Miguel se assemelha ao pensamento de Domenach ao descrever a realocação dos indivíduos antes viviam em pequenas comunidades e vao para os grandes centros, sem vínculos afetivos tao fortes, e passam então a ser sedentos por informações. “ E a partir do momento em que aumento o dinamismo dessa sociedade, como o abandono de práticas tradicionais, cada indivíduo passa a precisar de um volume maior de informação.

Saciedade suprida pelo jornalismo: “O jornalismo supre essa necessidade(...) O trabalho jornalístico consiste em recolher informações dispersas(mediante uma rede de repórteres), ‘empacotá-las segundo determinados processos técnicos (jornal, rádio, televisão) e, enfim, distribuir o produto final a auma audiência diversificada”. 20

O autor utiliza o conceito de Giddens”1990) – sistema perito (expert system), que consiste em “umsitstema de competência técnica especializada, do qual as pessoas em geral se servem, mas sem serem capazes de compreender seu funcionamento ou avaliar a priori sua eficácia. Assim, o sistema perito exige, da parte de seus clientes ou consumidores, a confiança em sua competência espefícfica. É o caso do jornalismo”.

Confiabilidade no jornalismo. (sistema perito): “A confirmação da confiança que concedo a um determinado noticiário não é dada por minha vivencia, mas pelos noticiais concorrentes, que apresentam conteúdo similar”. 20-21

Crença do consumidor depositada no jornalismo – características:

- confiança na veracidade dos fatos relatados;

- correta sleeção dos elementos a serem noticiados;

- da infinidade de fatos do dia-a-dia, a escolha acertada do que é noticia.

A imprensa apresenta um recorte que é vendido como a realidade dos fatos. “A imprensa possui assim, o monopólio da seleção da notícia”. 21

Discursos parecidos – frutos do processo de produção das notícias:

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“O processo industrial de produção da notícia, com seus prazos rígidos, força os jornalistas a buscarem a informalão nos locais de onde ela brota de maneira mais rápida e segura: as assessorais de imprensa dos governos e das corporações”. 21

“A concorrência pelo mercado leva à padronização dos conteúdos, com a imitação recíproca das inovações exitosas; o ‘furo’ que diferencia um veiculo é a pauta de seus rvais par adia seguinte”. 21

Pensamento unificado dos controladores da mídia. “independente de suas diferenças, todos saõ, por definição, proprietários de empresas capitalistas, dependentes, por sua vez, de outras empresas, as anunciantes. Portanto, possuem certos interesses básicos em comum”. 22

Apesar de superadas as teorias do inicio do século xx sobre o público que recebia passivamente as informações, a ênfase uníssona da noticia nos diferentes meios e empresas pode proporcionar um efeito semelhante. “Por mais que ele(consumidor) reelabora as informações, a matéria prima com a qual precisa tralbahar é dada pelos meios – e o fato de ter que trabalhar com aquelas mensagens e não com outras, já direciona e limita sua interpretação(...). Os meios de comnunicação possuem um impacto significativo na percepção que os indivviduos formam do mundo que os cerca, impacto que se manifesta, também , em seu comportamento político”. 22

Compara o mundo subdesenvolvido com o desenvolvido na abrangência da televisão e a cobertura da educação. Observa-se no Brasil, “a combinação da grande penetração da mídia eletrônica de massa, em níveis que se aproximam aos dos países desenvolvidos, com a precária cobertura da escola, que muitas vezes cumpre mal sua tarefa de socialização de conhecimentos e exclui um largo contingente da população”. 22-23

Sobre educação como instrumento de controle do estado:

“o aparelho ideológico de Estado que foi colocado em posição dominante nas formações capitalistas maduras(...) é o aparelho ideológico escolar”. (Althusser, 1976, p; 105)

Papel político dos meios de comunicação (poder):

“(...) na América Latina e sobretudo no Brasil, a combinação de escola incipiente com mídia audiovisual disseminada faz dos meios eletrônicos de comunicação, em especial da televisão, o aparelho ideológico dominante”. 24

A MIDIA NO BRASIL

O autor narra a trajetória do pais nos dois períodos de democracia pos ditadura, 1945-1964 e a partir de 1985 com as mudanças na estrutura, o aumento da população nas cidades e à mudança da politica que rompeu com a estrutura partidária do período de chumbo.

Mudança no campo das telecomunicações: “A preocupação dos governantes militares com a integração nacional, que motivou tam´bem a expanhsao da malha viária e o estimulo à colonização do inteior do pais, impulsionou a ampliação e a modernização das telecomunicações, incluirdas aitanto a telefonia quanto, o que é mais relevlenvante(...). a televisão”. 28

O Brasil que emerciu da ditadura era um pais midiatizado, com todas as consequências que essa situação traz para a cultura, as instituições e a politica.28

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Menciona a influencia nos anos 30 e 60 do grupo Diario dos Associados de Assis Chateaubriand com uma caideia de jornais, revistas e rádios no Brasil. Porem enfatiza que a televisão trouxe uma influencia ainda maior, pois, “ela constrói todo o espaço social, rompendo barreiras entre setores antes incomunicáveis. No campo específico da política, ela exige candidatos e governantes que se adaptem a ela, mais do que meramente a levem em conta”.28. Nos tempos atuais quem exerce este poder é a Rede Globo de Televisao que é a emissora mais assistida entre os brasileiros, tem ampla vantagem em relação às concorrentes e leva a parte do leao das verbas publicitárias.

Historia dos meios de comunicação no Brasil

O autor relembra que a imprensa chegou tarde ao pais. Foi proibida pela metrópole portuguesa por acha-la subversiva. So foi permitida com a chegada da familia real ao Rio de Janeiro em 1808. Ao longo do século XIX consolidaram-se alguns veículos de famílias oligárquicas, como O Estado de São Paulo dos Mesquita.

Assis Chateubriand foi o primeiro grande empresário da área de comunicações no pais. Fundou uma rede de comunicação de alcance nacional (Diário dos associados) com dezenas de jornais, mais tarde a revista o Cruzeiro, rádio Tupie a partir de 1950 a Rede tupi de Televisão. A rede de de Chateaubriand abriu caminho para a Globo no final dos anos 60. “Ambos foram encarados, pela elite politica da época, como vetore fundamentais do processo de integração nacional, um tema sensível num pais de dimensões continentais, marcado por grandes desigualdades regionais e com o inteior pouco povoado”.30.

Vargas enxergou isso quando ainda era deputado e teve o apoio maciço de Chateaubriand na Revolução de 1930. O empresário convenceu o então governadodr de Minas Gerais, Antonio Carlos a apoiar Vargas e viabilizou a Aliança Liberal. Com a fraude nas eleições e o assassinato do vice-presidente de Vargas, Joao Pessoa, Chateaubriand deu conotação politica ao crime e mobilizou uma revolta popular. Foi a primeira manifestação do poder da imprensa no pais.

O empresário foi além. Apoiou outros movimentos como “os golpes de 1945 e 1964, influenciou o resultado de eleições, exerceu poder de veto sobre a composição de ministérios, arrancou reformas na legislação para promover seus interesses privados. Por duas vezes, forçou renúncias de parlamentares para conseguir se eleger senador; mais tarde, impõe a si próprio como embaixador do Brasil em Londres”. 30-31. Na visão de Bernardo Jucinski(19998, p. 167), Chateaubriand e outros barões da mídia da época eram”chantagistas que se imiscuíam no jogo relugalr de poder das elites dominantes”.

O mesmo jogo se repete hoje com os conglomerados de mídia, habituados a defender os membros da elite com a qual mantém lucrativos negócios.

Manobra para burlar a legislação: A legislação limita a cinco o número de emissoras de televisão que podem ser propriedade de um mesmo grupo. Porém as redes tem alcance nacional pois se associam com estações repetidoras. Estas “possuem pouquíssima liberdade para alterar a grade de programação, sobretudo nos horários de maior audiência”. 31-32

Esse numero pode ser ainda maior, pois é frequente o uso de laranjas nos contratos de posse destes canais.

Rede Globo:

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Nos Eua grandes redes como ABC, CBS E NBC dividem audiência e verbas publicitarias. A Globo aqui pe soberana dos dois pontos de vista. Ela é “líder inconteste emquase todas as faixas de horário, muitas vezes abrindo larga margem sobre suas competidoras”.33

O autor descreve a dimensão do grupo da família Marinho tomou forma no período da ditadura militar de 1964 a 1985. “Hoje, ela é um conglomerado gigantesco, que envolve jornais, revistas, livros, discos, softeare, cinema, home-video, radio, televisão(se sinal aberto e por assinatura), comuncicação de dados, paging, telefonia celular, lançamento e exploração de satélites, equipamentos de comunicação e outros setores, mas esse crescimento só se deu após o golpe de 1964”. 34. Tal relação se explica no período que a tv começou a funcionar. Apesar de obter a concessão em 1957, apenas em 1965, um ano após o golpe, começaram as transmissões.

Momento propicio de crescimento: Para um regime que queria se legitimar, era imprescindível unir as diferenças regionais que marcavam o pais continental. Com este objetivo foi construída a rodovia Transamazônica, incentivado o povoamento do centro-norte brasileiro e foram feitos grandes investimentos em telecomunicações. “Assim, a rede Globo se credenciou, perante os governantes militares, para a posição de vetor da ‘integração nacional’, verdadeira obsessão geopolítica do regime autoritário”. 34

Marco na politica de integração nacional promovida pelo regime com o apouo da globo foi a estreia do Jornal Nacional em 1 de setembro de 1969. “Pela primeira vez no pais, um noticario de televisão era assistido, ao mesmo tempo, em quase todo o território nacional”. 35

Prova deste apoio na construção da imagem posifitva do regime militar encontramos nas palavras do general Emílio e Médice(apud Betti, 1999, p.203), que foi presidente de 1969 a 1973. “Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Em outros países, greve, atentados, conflitos. No Brasil, não. O Brasill marcha em paz rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranquilizante, após um dia de trabalho”. Essa aura de progresso e desenvolvimento era sustentado pelas novelas com a exibição da vida opulenta das celebridades.

Ainda hoje o jornal desempenha um importante papel, apesar de algumas perdas substanciais da audiência, ainda é o jornal mais assistido entre os canais de televisão e influencia no debate do que é noticia no Brasil. Assim, o Jornal Nacional, “permanece como um importante foco gerador da agenda publica e como a mais importne fonte de informação de boa parcela dos brasileiros”. 35

Em 1987, em entrevista ao New York Times, Roberto Marinho afirmou. “Sim, eu uso esse poder. E completou que o exerce “sempre de maneira patriótica, tentando corrigir as coisas, procurando caminhos para o País e seus Estados. Nós gostaríamos de ter poder suficiente para consertar tudo o que não funciona no Brasil”. (Apud Herz, 1987, p. 25)

O autor cita episódios da interferência da TV Globo na agenda pública durante o período de redemocratização. Dentre as tramas cita as eleições para governador do rio de Janeiro em 1982. A emissora liderou um esquema para tentar evitar a vitória de Leonel Brizola, líder da esquerda populista. Apresentando projeções falsas, que sinalizavam a vitória do candidato governista Moreira Franco, os noticiários da emissora preparavam terreno para a fraude na

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contagem de votos”. 36. A estratégia porém não deu certo. Graças à uma apuração paralela da rádio Jornal do Brasil, a trama foi descoberta e Leonel Brizola se consagrou vencedor nas eleições. Outro episódio de sabotagem foi a passaseta de 300 mil pessoas na avenida paulista pelas Diretas Já” em 1984. Como era um parceiro muito próximo do regime militar, a emissora subverteu o caráter da manifestação. O jornal Nacnional, à época informou que a passeata era uma festa em comemoração ao aniversario da cidade.

A influencia da emissora foi também grande no período de transição. Com a morte de Tancredo Neves, a poucos dias de tomar posse, o vice, José Sarney assumiu o cargo, carecendo de sustenção política. Diversos ministros foram indicados por Roberto Marinho, dentre eles: Antonio Carlos Magalhaes ( telecominicações) e Leonidas Pires Golçalves( ministro do Exército e Mailson da Nóbrega (ministro da Fazenda).

“O poder que a emissora possuie não se furta a usar é,precisamente, o poder próprio da mídia, de contribuir para a construção das representações do mundo social através de sua programação”. 38-39.

Processo eleitoral e manipulação da notícia:

As eleições de 1989 – e, ainda mais, as seguintes, de 1994 e 1998 – foram caracterizadas pelo monolitismo da grandemídia no apoio a determinados candidatos.

O autor contrapõe a realidade brasileira ao afirmar que nas democracias avançadas os órgãos de comunicação repartem suas simpatias entre os candidatos, diferente daqui em que agem como um clube de negócios, com interesses e estratégias centradas apenas no discurso conservador.

Ódio ao PT: “O PT reúne desde tebtebducuas de extrema-esquerda, cada vez mais minoritárias, até social-democratas ‘classicos’. A plataforma que as une se reumeà melhoria da distribuição de renda e ao fortalecimento do trabalho diante do capital, o que já é suficiente para assustar as classes dominantes. E, dentro destas, os grupos de mídia”. 39-40

Collor venceu as eleições de 1989 com apoio maciço da grande mídia. Collor foi a “prova viva da midiatização da política no Brasil redemocratizado”. 40

Collor manifestava desprezo aos partidos prega a o moralismo e o anticomunismo. “Sua plataforma econômica liberal,que pregava a redução do papel do Estado na economia, a precarização das relações de trabalho e a abertura do Brasil ao mercado mundial, era compartilhada por quase toda a classe dominante, aí incluída a unanimidade da mídia”. 41

Manipulação do debate de Lula e Collor. O debate que foi equilibrado, foi desmontado e reprisado no Jornal Nacional, mostrando um Collor seguro e Lula balbuciante.

Plano real em 1994 às vésperas das eleições trouxe em Fernando Henrique, o bônus de líder no combate à inflação, alternativa natural à sucessão presidencial. Foi abraçado pela burguesia e pelas elites. “Era um discurso que se adaptavabem a construções preexistentes da realidade – da ideia de nação, do siginificado de inflação, etc”. 44

“Comitê eleitoral, governo e emissora buscavam emconjunto estratégias que beneficiassem o candidato”. 46

1998: Sob o pretexto de manter uma estrita imparcialidade, a globo eliminou a disputa eleitoral da telinha, inclusive o presidente da República”. 46

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Esvaziamento da cobertura do Jornal Nacional ia de encontro com os interesses de Fernando Henrique no processo de reeleição, que tinha bons índices de aprovação e que não queria ser questionado por políticas publicas prioritárias: “O governo buscou desinflar o processo sucessoriuo, transformando-o num simples ritual de recondução do presidente ao cargo”.47

Temas importantes como o aumento do desemprego e a seca no Nordeste sumiram do noticiário durante as eleições.

Não é somenteo a influencia do jornalismo que é crucial em eum cenário eleitoral. A indústria cultural, manifestada nas novelas, seriados e revistas coloca em pauta o desejo de consumo, o pensamento liberal.

“(...) funções tradicionais do Estado e dos partidos são assumidas por programas da mídia – a começar pelo próprio jornalismo, que se apresenta como canal para a expressão de denúncias e do descontentamento da população”. 48

Papel das novelas no Brasil- influencia na agenda pública

: “ao contrário do que acontece com suas congêneres mexicanas ou venezuelanas, sempre presas a drams de amor e ciúme da esfere íntima, as novleas brasileiras esforçam-se por se manter a par da realidade, abordandno temas de relevância social, seja no âmbito dos costumes ou da poçlítica em sentido estrito”. 49-50

As novelas pos 1980 abordam sexualidade, latifúndio, corrupção e a ética na política.

Identificação de novela e candidato. Em 1989, Que rei sou eu?, Vale Tudo e O salvador da pátria traziam temáticas que iam de encontro com o pensamento do candidato Collor. A terra devastada pela corrupção que precisava de um jovem lúder, para recondizir o povo à felicidade.

A concorrência não surte efeito como democratizadora da mídia no caso do Brasil: “No seugno turno das eleições de 1989 e no primero turno das de 1994 e 1998, toda a grande mpidia esteve do mesmo lado, aí incluídos redes de TV, jornais, revistas de informaç~]ap. A concorrência não vai gerar, por si só, uma verdadeira pluraridade de discursos – não enquanto os concorrente scomparilharem os mesmo sintresses fundamentais”.55

Concentração de mídia no Brasil: a solução não está no mercado, mas na regulação do setor. “São necessárias medidads que garantam que as empresas de comunicação, em especial aquelas que são concessiona´rias do Estado, cumpram seu papel como serviço público, na promoção do debate político”. 55

Proposta do autor:

Fairness Doctrine: pos 1949 – escândalos de manimupáção de noticias. Garantia a produção das noticias “tratasse de forma equânime as diferenfes posições envolvidas”. 56. A controvérsia seria apenas dar tratamento igual a candidatos oportunistas, sem expressão do eleitorado.

Enfrentamento, vontade poluitica de se aplicar algo semelhante no Brasil:

“(...) mesmo estando em mãos privadas, a atividade de mídia não pode ficar submetida á pressão da cega busca do lucro. Trata-se de um serviço publico com determinadas obrações, uma das quais é servir como espaço de informação e discussão da questoes com relevância social(...). é obrigação da mídia promover o debate público”. 57

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Modelo esgadunidense de Horiario de Propaganda Eleitoral:

Os partidos comprarm horário nas redes de televisão como se fosse publicidade comum.

Vantagens: o horário corrido favorece a debates mais profundos; o acesso aos meios não estaria mais vinculado somente ao poder econômico(contradição).

“(...) graças ao acesso direto aos veículos de comunição, partidos e candidatos passam a compartilhar com eles a função de agenda-setting – definição dos temas da agenda pública( Miguel, 2002, p. 49, apud. Albuquerque, 1995).

O autor lembra o pensamento de Murray Edelman, para o qual “o elemento critico na disputa politica é a criação de sentido sobre as percepções do mundo real”. 61. Completa o pensamento ao dizer que, “nas sociedades contemporâneas, a capacidade de disseminação de de rperentações da realidadesocial está concentrada na mídia(Miguel, 1999b).

Impacto na agenda publica: “Trata-se de um impacto a longo prazo, que passa pelos difenretens meios e formas da programação, tanto a de ‘entretenimento’ quanto a de informação”. 62

Papel da mídia no processo eleitoral: “O conjunto dos discursos relevantes é aquele apresentado por partidos e candidatados e, portanto, está disponível. A mídia se põe de acordo, veicula, combate ou ignora cada um desses discursos”. 62

Fernando Henrique em 1998 concentrava os principais grupos políticos do centro à direita, agradava os grupos econominicos que financiava a campanha e vendia a ideia de um governo estável, que controlou a moeda. Arrecadou R$43 milhões contra R$4 milhões de Lula. “A virtual invisibilidade do pleito no principal noticiário de televisão do pais encaixava-se à perfeição deste cenário”. 66 . A grande imprensa ignorou assuntos importantes como o desemprego e a seca no Nordeste que sumiram do noticiário. A mesma situação se observou nas eleições de 2014, com a reeleição do candidato Geraldo Alkimin (PSDB). Apesar do estado passar pela pior crise hídrica da história, jornais, revistas e sobretudo a televisão ignoraram este fato. A gravidade da situação só foi revelada a contragosto da grande mídia Após a vit´roria do candidato tgucano à reeleição. Para ignorar o debate político em curso nas eleições, a grande mídia, sobretudo a televisão através do Jornal Nacional preencheu este espaço com notícias relativas ao entretenimento, crimes, catástrofes, fait-divers(curiosidades) e ao mundo das celebridades e show bussiness, além é claro de esportes. Fernando Henrique pregou a ideia de que a experiência do governante venceria o momento difícil de crise internacional.

Definição de frame: “selecionam determinados aspectos de uma realidade percebida e os fazem mais salientes no texto comunicado, de forma a promover uma definição particupar do problema, interpretação causal, avaliação moral e/ou recomentdação de tratamento para o item descrito”(Entman, 1993, p. 52)

“Eliminando de sua pauta questões como o desemprego ou a seca, o Jornal Nacional transmitiu uma visão distorcida da realidade brasileira e sonegou de seus expectadores dados importantes para que eles fizessem suas escolhas políticas”. 85

Democratização da mídia

“(...) o atual sistema de mídia no Brasil, como em outros países, frustra produndamente as possibilidades de um verdadeiro debate democrático(...) impõe-se, então, a tarefa de

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construir um espaço de comunicação autenticamente plural:não a mera pluralidade de empresas ou de concorrência no mercado, mas a criação de canais que permitam a expressão dos diferentes interesses presentes na sociedade, com seus respectivos valores e visões de mundo”. 85. A democratização da mídia passa pela pressão popular aos meios de comunicação e ao poder público para poder exercer o direito à informação.

Sobre os meios de comunicação de massa: quase todas as sociedades sofrem sua influencia. No Ocidente, em especial, nada parece resistir a eles, que estão entre os companheiros mais frequentes de mulheres e homens das sociedades contemporêneas, transformando os hábitos cotidianos, as relações familiares, o espaço social, a gestão do tempo, a sexualidade, a política e mesmo as práticas religiosas”. 117

Ausencia dos meios de comunicação na narrativa histórica do Brasil:

“A mídia estrutura novos padrões de ordenação do tempo(‘antes do telejornal’, ‘depois da novela’) e mesmo do espaço(basta pensar na presença do televisor como objeto dominante na maior parte das sals de estar). 120

Completa: “as novas informações a que os indivíduos tem acesso ( e apartir das quais vai se situar no mundo) são filtradas pelos meio s de comunicação. Na qualidade de sistemas especializados de busca, organização e distribuição de informações, os órgãos jornalistocps cumprem uma tarefa indispensável à vida das sociedades contemporâneas”. 120-121

Marcos das comunicações no Brasil:

1930 até final dos anos 1950: Diario dos Associados

Rede Globo pós golpe de 1964.

Integração nacional: “cada um a seu tempo e com os instrumentos de que dispunha na écpoa (rede de jornais, revesitas e rádio ou rede de televisão), ambos são vetores fundamentais do processo de integraão nacional”.121.

Jornal Nacional é o processo de conclusão deste projeto politico de integração nacional.

“Mais significativa ainda é a atuação da mídia, em especial da Rede Globo, durante o regime militar- uma espécie de DIP privado, justamente por isso com maior legitimidade. (...) as telenovelas da Globo desempenharam um papel cfrucial na difusão do mito do ‘milagre brasileiro’. Símbolo ‘vivo’ da prosperidade domesitica, o televisor, que passou a estar presente em milhões de lares, mostrava em sua telinha a imagem da prosperidade nacional”. 123

“Os jornais, primeiro, e o rádio e a televisão, depois, tornaram=se os principais vetores da imagem publica dos candidatos, com impacto siginifacativo, portanto, sobre seu desempenho nas urnas”. 123

O autor faz uma critica ao pensamento conservador da analise da historia politica do Brasil que ignora a ingluencia da mídia. Condena o jogo elitista dda divisão natural entre governantes e governados, que acaba concentrando o capital politico nas mãos de poucos. “Alguns poucos monopolizam a capacidade de intervir no campo politico – examanten porque os outros internalizam a própria impotência e oferem o reconhecimento de que aqueles poucos saõ os ‘lideres’. Aqui podemos fazer uma analogia do autor com o pensamento de Domenach sobre o herói.

Page 11: Fichamento Do Livro Politica e Mídia No Brasil - Aula 3 - Comunicação e Poder 2015 - Prof Paulo Leal