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Fichamento – As Ondas “ O sol ainda não nascera. O mar não se distinguia do céu. Exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse. Gradualmente, conforme o céu alvejava, uma linha escura assentou-se no horizonte, dividindo o mar e o céu, e o tecido cinza listrou-se de grossas pulsações movendo-se uma após outra, sob a superfície, perseguindo-se num ritmo sem fim. “ pag 7 “ - Eu a vi beijá-lo – disse Susan – Espiei entre as folhas e vi. Ela dançava coberta de diamantes leves como poeira. E eu sou gorda, Bernard, sou baixa. Tenho olhos que enxergam bem perto do chão e vejo insetos na relva. O ardor amarelo dentro de mim virou pedra quando vi Jinny beijar Louis. Comerei relva e morrerei numa vala, na água castanha onde apodreceram as folhas mortas. “ pag 12 Sei a lição de cor. Sei mais do que eles jamais saberão. Conheço meus casos e gêneros; se quisesse, poderia saber qualquer coisa no mundo. Mas não quero ir lá para a frente e dizer a lição. Como fibras num pote de flores, minhas raízes estão tramadas ao redor do mundo. Não desejo aparecer na frente e viver sob o olho desse grande relógio de cara amarela, com seus tiques e seus taques. Pag 16 “ Não consigo sentar-me junto ao meu livro, como Louis, com a feroz tenacidade dele. Preciso abrir a portinhola do meu alçapão e deixar que saiam as frases articuladas e que ligo tudo quando acontece. Desse modo, o sentimento de incoerência é substituído por um vinculo sinuoso que une ductilmente as coisas entre si. “ pag 38 “ Devo andar sob as faias, ou vaguear ao longo da margem do rio, onde as arvores enlaçam-se entre si nas águas como amantes? “ pag 40 “ Os grandes cavalos montados por fantasmas trovejarão atrás de mim, parando subitamente. “ pag 41

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Fichamento aleatório do livro "As Ondas" de Virginia Woolf.

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Fichamento – As Ondas

“ O sol ainda não nascera. O mar não se distinguia do céu. Exceto por estar um pouco encrespado, como um tecido que se enrugasse. Gradualmente, conforme o céu alvejava, uma linha escura assentou-se no horizonte, dividindo o mar e o céu, e o tecido cinza listrou-se de grossas pulsações movendo-se uma após outra, sob a superfície, perseguindo-se num ritmo sem fim. “ pag 7

“ - Eu a vi beijá-lo – disse Susan – Espiei entre as folhas e vi. Ela dançava coberta de diamantes leves como poeira. E eu sou gorda, Bernard, sou baixa. Tenho olhos que enxergam bem perto do chão e vejo insetos na relva. O ardor amarelo dentro de mim virou pedra quando vi Jinny beijar Louis. Comerei relva e morrerei numa vala, na água castanha onde apodreceram as folhas mortas. “ pag 12

Sei a lição de cor. Sei mais do que eles jamais saberão. Conheço meus casos e gêneros; se quisesse, poderia saber qualquer coisa no mundo. Mas não quero ir lá para a frente e dizer a lição. Como fibras num pote de flores, minhas raízes estão tramadas ao redor do mundo. Não desejo aparecer na frente e viver sob o olho desse grande relógio de cara amarela, com seus tiques e seus taques. Pag 16

“ Não consigo sentar-me junto ao meu livro, como Louis, com a feroz tenacidade dele. Preciso abrir a portinhola do meu alçapão e deixar que saiam as frases articuladas e que ligo tudo quando acontece. Desse modo, o sentimento de incoerência é substituído por um vinculo sinuoso que une ductilmente as coisas entre si. “ pag 38

“ Devo andar sob as faias, ou vaguear ao longo da margem do rio, onde as arvores enlaçam-se entre si nas águas como amantes? “ pag 40

“ Os grandes cavalos montados por fantasmas trovejarão atrás de mim, parando subitamente. “ pag 41

“ Estas são as coisas que não cessam de interromper o processo – no qual estou para sempre engajado – de encontrar uma frase perfeita, que sirva exatamente para o momento que passa. “ pag 53

“ A cada instante, pesco algo de novo no fundo desse enorme saco de surpresas. O que sou eu ? Indago. Isto ? Não. Sou aquilo. Especialmente agora, que deixei uma sala e pessoas nela conversando, e as lajes de pedra ecoam sob meus passos solitários, e contemplo a lua que se ergue, sublime e indiferente, por cima da antiga capela – torna-se claro que não sou uno, nem simples, mas complexo, múltiplo. “ pag 58

“ Agora, começa a surdir dentro de mim o ritmo familiar; palavras jaziam adormecidas agora se erguem, agitam suas cristas, erguem-se e tombam, sem

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parar. Sou poeta. Certamente, sou um grande poeta. Barcos e jovens passando e arvores ao longe, e os ramos das arvores que caem como a água das fontes. Vejo tudo isto. Sinto tudo isto. Estou inspirado. Meus olhos enchem-se de lagrimas. Meu arrebatamento ferve. Espuma. Torna-se artificial, falso. Palavras, palavras e mais palavras galopando, agitando as longas crinas e caudas; por alguma falha minha, não consigo abandonar-me a seus dorsos, não consigo voar com elas por entre mulheres em fuga e suas sacolas derrubadas. “ pag 63

“ ─ Ele disparou do quarto como uma flecha ─ disse Bernard ─ deixou-me um poema. Ah, amizade, também comprimirei flores entre as paginas dos sonetos de Shakespeare! Ah, amizade, como são agudo teus dados ─ ali, ali, mais uma vez ali. Ele me olhou, voltou-se para me fitar; e deu-me seu poema. Todos os nevoeiros erguem-se em espirais do telhado do meu ser. Guardarei esse segredo até o dia da minha morte. Como uma comprida onda, um rolo de águas pesadas, ele passou sobre mim sua presença devastadora ─ abrindo-me ao meio, expondo os pedregulhos da praia de minha alma. Foi humilhante; transformei-me em cascalho. Todas as minhas semelhanças foram aniquiladas. “Você não é Byron; você é você mesmo”. Ser contraído num único ser por outra pessoa ─ que coisa estranha. “ pag 67

“ ─ Minhas raízes descem por veias de chumbo e prata, por lugares úmidos e podres que exalam miasmas, até um nó central feito de raízes de carvalho. Cego e fechado, com os ouvidos tapados por terra, ainda assim escutei rumores de guerra; e o rouxinol; senti a correria de muitas tropas reunindo-se aqui e ali em busca da civilização, como bandos de pássaros migradores á procura do verão; “ pag 72

“ Deixem que agora eu me jogue nesse chão plano, debaixo de um céu pálido onde as nuvens andam lentas. A carreta vai aumentado á medida que vem pela estrada. Os carneiros juntam-se no meio do campo. As aves juntam-se no meio da estrada ─ ainda não precisam voar. Ergue-se fumaça da madeira queimada. A rigidez da madrugada diminui. O dia se põe em movimento. A cor retorna. O dia ondula amarelo em todos os trigais. A terra pesa debaixo de mim. “ pag 74

“ Vou entreabrir a cortina e olhar a lua. Poções de esquecimento aplacam minha agitação. A porta abre-se; o tigre salta. A porta abre-se; o terror entra; terror e mais terror, perseguindo-me. Quero visitar furtivamente os tesouros que separei. Há tanques de água do outro lado do mundo, refletindo colunas de mármore, A andorinha mergulha sua asa em águas escuras. Mas aqui a porta se abre e pessoas entram; vem em minha direção. “ pag 79

“ O sol entrou no aposento, em cunhas agudas. O que quer que a luz tocasse assumia uma intensa existência. Um prato era como um alvo lago. Uma faca parecia um punhal de gelo. Subitamente, maçanetas revelavam-se, apoiadas

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em faixas de luz. Mesas e cadeiras emergiam à superfície se tivessem estado mergulhadas debaixo da água e agora se erguessem veladas de vermelho, laranja e violeta, parecendo a aveludada superfície da casca de um fruto maduro. As veias do verniz da porcelana, os nós da madeira, as fibras dos tapetes pareciam mais finamente gravados. Nada tinha sombras. Uma jarra era tão verdade que o olho parecia sugado através de um funil por sua intensidade, agarrando-se nela como um marisco. Depois as formas assumiam volume e contorno. La estava o ornamento de uma cadeira; ali, o volume do armário. E a medida que a luz crescia, flocos de sombras iam sendo expulsos, para diante dela, aglomerando-se e pendendo em muitas dobras de fundo. “ pag 82/83

─ Ainda assim, é verdade que meu sonho , minha tentação de avançar como alguém transportado sob a superfície de um rio, é depois interrompido, dilacerado, aguilhoado e abalado por sensações, espontâneas e irrelevantes, de curiosidade, cobiça, desejo, irresponsáveis como durante o sono. (Desejo aquela bolsa – etc.). Não, desejo mergulhar; visitar profundezas remotas; exercitar de vez em quando minha prerrogativa de nem sempre agir, mas de também explorar; ouvir sons vagos, ancestrais, de ramos estalando, de mamutes; ter indulgencia para com impossíveis desejos de abarcar com os braços do entendimento o mundo inteiro ─ desejos impossíveis para aqueles que agem. Quando caminho não tremo com as estranhas oscilações e vibrações de simpatia, que, desamarrado como estou do meu ser particular, me ordenam que abrace essas grandes manadas; os de olhar pasmo e os turistas; os mensageiros e as furtivas e fugazes mocinhas que. ignorando sua condenação, olham vitrinas? Mas tenho consciência da nossa passagem efêmera. “ pag 85/86

“ Sinto num momento, quando me sento a mesa, a deliciosa pressão da confusão, da incerteza, da possibilidade, da especulação. Imagens germinam instantaneamente . fico embaraçado com minha própria fertilidade. Poderia descrever aqui, copiosamente, livremente, cada cadeira, mesa ou pessoa que almoça. Minha mente zumbe aqui e ali com seus véu de palavras para todas as coisas. Falar sobre o vinho, mesmo para o garço,. É provocar uma explosão. La se vai o foguete. Seus grãos dourados caem, fertilizando o rico solo da minha imaginação. Toda a natureza inesperada dessa explosão – é a alegria da comunicação. Eu, misturado com um desconhecido garçom italiano – o que eu sou? Não há estabilidade neste mundo. Quem dirá o significado de qualquer coisa? Quem predirá o vôo de uma palavra? Um balão navega sobre as copas das arvores. Falar em conhecimento é fútil. Tudo é experiência e aventura. Sempre estamos nos misturando com quantidades desconhecidas. O que está por vir? Não sei. Mas quando pouso o meu corpo, recordo: estou noivo. Vou jantar com meus amigos esta noite. Sou Bernard, eu mesmo. “ pag 88

“ ─ Véus cascateavam de nossas cabeças ─ disse Rhoda. ─ Juntávamos em guirlandas flores com verdes folhas sussurrantes. “ pag 94

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“ E como, sob certo aspecto, sou iludido, porque a pessoa está sempre mudando, e o desejo não, e pela manhã não sei com quem me sentarei á noite, nunca estagno; ergo-me de minhas piores desgraças, volto, transformo-me. Pedregulhos ricocheteiam na armadura de meu corpo musculoso e distendido. Envelhecerei nessa busca. “ pag 97

“ ─ Olhem ─ Disse Rhoda ─, ouçam. Vejam como a luz se torna mais rica a cada segundo, e como há florescência e maturidade por toda parte; e como nossos olhos, ao abrangerem esta sala com todas as suas mesas, parecem varar cortinas de cores, vermelho, laranja, matizes sombrios e estranhamente, ambíguos, que cedem como véus e se fecham atrás deles, com cada coisa fundindo-se em outra. “ pag 100

“ É Percival, sentado quieto como se sentava entre o capim que faz cócegas, quando a brisa dividia as nuvens e elas se juntavam novamente ─ disse Louis ─, quem nos torna conscientes de que são falsas essas tentativas que estamos fazendo de dizer ‘sou isto, sou aquilo’, reunindo-nos como partes separadas de um corpo e uma alma. Algo foi deixado de fora, por medo. Algo foi alterado, por vaidade. Tentamos acentuar diferenças. Pelo desejo de sermos separados, acentuamos nossas faltas, e nossas particularidades. Mas abaixo há uma corrente girando em redor, em redor, num circulo azul-aço.

.─ É ódio, é amor ─ disse Susan. ─ é a furiosa torrente negra, como carvão que nos deixa tontos se olhamos para ela, lá embaixo. Estamos parados aqui na saliência de um rochedo, mas se olhamos para baixo sentimos vertigem. “ pag 102

“ ─ Mas agora o circulo se rompe. A torrente agora flui. Agora, dispara mais rápida que antes. Agora as paixões á espera nas plantas escuras que crescem no fundo erguem-se e nos fustigam com suas ondas. Dor e ciúme, inveja e desejo, e algo mais profundo que eles, mais forte do que o amor, mais subterrâneo. Fala a voz da ação. Ouça, Rhoda (pois somos conspiradores com nossas mãos na urna fria), a voz casual, rápida e excitante da ação, cães correndo atrás de um faro. Agora falam, sem maiores cuidados ao concluírem as frases. Conversam em linguagem reduzida, como a dos amantes. Estão possuídos por algo brutal e imperioso. Os nervos fremem em suas coxas. Seus corações pulsam e remexem-se nos flancos. Susan amassa seu lenço. Nos olhos de Jinny dançam labaredas. “ pag 106

“ A pedra mergulha; o momento passou. “ pag 107

“ ─ Florestas e países distantes do outro lado do mundo ─ disse Rhoda ─ estão dentro dela; mares e selvas; os uivos dos chacais e o luar que tomba sobre algum alto rochedo sobrevoado pela aguia. “ pag 108

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“─ O que está por vir existe nela ─ disse Bernard. ─ É a ultima gota e a mais luminosa, que deixamos cair como mercúrio celeste no intumescido e esplendido momento que criamos com Percival. O que está por vir? ─ pergunto, retirando migalhas do meu colete, o que há lá fora? Sentados comendo e sentados conversando, provamos que podemos adicionar algo ao tesouro dos momentos. Não somos escravos condenados a sofrer incessantemente em nossas costas curvadas pequenos golpes não percebidos. Nem somos carneiros, seguindo um guia. Somos criadores. Também fizemos algo que se reunirá as inumeráveis congregações do passado. Nós também, colocando nossos chapéus e abrindo a porta, não entramos no caos, mas em um mundo que nossa própria força pode subjugar e tornar parte da estrada luminosa e eterna. “ pag 109

“ As ondas quebravam-se, esparramando agilmente suas águas sobre a praia. Uma após outra, amontoavam-se e desabavam; com a força da queda os respingos voltavam-se sobre si mesmos. As ondas eram de um macerado azul-profundo, exceto pelo desenho dos diamantes em seus dorsos, que fremiam como dorsos de grandes cavalos que vibram os músculos quando se movem. As ondas tombavam; recuavam e tombavam novamente, como o baque surdo de um grande animal pateando. “ pag 111/112

“ ─ Agora, a sombra caiu e a luz violeta desce obliqua. Agora a estatua que se trajava de beleza está vestida de ruínas. A estatua parada na floresta para onde as colinas escarpadas descem está caindo em ruínas, conforme eu lhes disse quando afirmaram que amavam a voz dele na escada, e seus sapatos velhos e os momentos que passaram juntos. “ pag 118

“ AS casas tem alicerces leves para poderem ser sopradas do lugar por uma lufada de vento. Os carros disparam e trovejam descuidados, ao acaso, perseguindo-nos até a morte como sabujos. Estou sozinha em um mundo hostil. O rosto humano é horrendo. É isso que aprecio. Quero publicidade e violência e ser lançada como uma pedra contra as rochas. Aprecio chaminés, de fabricas e guindastes e vagões. Gosto da passagem de um rosto, e outro rosto, e mais outro, deformados, indiferentes. Estou nauseada de beleza; pag 118

“ As ondas concentravam-se, curvavam os dorsos e quebravam. Pedras e cascalho espirravam no ar. Giravam em torno dos rochedos e os borrifos de água, saltando alto, respingavam as paredes de uma caverna que antes estivera seca, deixando poças na terra, onde algum peixe encalhado batia sua cauda enquanto a onda recuava. “ pag 123

“ ─ Já assinei meu nome vinte vezes ─ dizia Louis ─ Eu, e novamente eu, e novamente eu. Lá está meu nome, claro, firme, inequívoco. Também sou bem delineado e inequívoco. Mas uma vasta herança de experiência acumula-se em mim. Vivi mil anos. Sou como um verme que abriu seu caminho comendo a

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madeira de uma trave de carvalho muito antiga. Mas agora sou compacto; agora estou inteiro, nesta bela manhã. “ pag 124

“ ─ Arrasto-me pela casa o dia inteiro, de avental e chinelos, como minha mãe que morreu de câncer. Seja verão ou inverno, já não sei disso pelo capim dos pântanos ou pela flor estival; apenas pela vidraça embaciada, ou coberta de geada. Quando a cotovia lança alto seu anel de som, e ele despenca pelos ares como uma maçã podada do ramo, debruço-me; alimento meu filho. Eu, que costumava andar pelos bosques de faias, notando a pena do gaio azulado quando caia, passando pelo pastor e pelo vagabundo, que encarava a mulher agachada ao lado de uma carreta tombada num valo, agora ando de quarto em quarto com um espanador. “ pag 127

“ Sou soprada como uma folha pela ventania, ora roçando a relva úmida, ora redemoinhando no ar. Estou saturada de felicidade natural; e por vezes desejo que essa plenitude me abandone e que se erga o peso da casa adormecida, quando nos sentamos a ler, e enfio a linha no buraco da agulha. “ pag 128

“ E como a beleza tem de ser quebrada diariamente para permanecer bela, e ele é estático, sua vida fica estagnada num mar de porcelana. Mas é estranho, pois um dia, quando moço, ele se sentou no chão úmido bebendo rum com soldados. “ pag 129

“ penso que é o fogo, não seu rosto; penso que isso são livros contra a parede, e aquilo uma cortina, e aquilo talvez uma poltrona. Mas quando voce chega tudo muda. As xícaras e pires mudaram quando você entrou esta manhã. Não pode haver duvida, pensei afastando o jornal, de que nossas insignificantes vidas, disformes como são, assumem esplendor e significado apenas aos olhos do amor. “ pag 132