fichamento a cultura popular na idade média e no renascimento - bakthin

Upload: alexandrecosta

Post on 21-Feb-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    1/15

    FICHAMENTO

    A cultura popular na Idade Mdia e no Renascimento: o contexto deFrancois Rabelais - MIHAI! "AHTIN

    "Rabelais recolheu sabedoria na corrente popular dos antigos diale-tos, dosrefres, dos..pwvrbios, das farsas dos estudantes, na boca dos simples edos loucos.

    "E atravs desses delrios aparecem com toda a grandeza o gnio dosculoe sua for!a proftica. nde ele no chega a descobrir, ele entreve, promete,dirige. #a $oresta dos sonhos, v%em-se sob cada folha os frutos &ue colher'o futuro. Este livro todo o ramo de ouro."(

    i )ichelet* +istria cia ran!a, Ed. lammarion, t. /, p. 011. ramo de ouroproftico &ue a 2ibila con3ou a Enias. 4#as cita!5es, os it'licos so do

    autor6.2obre Rabelais*

    7ara ns, entretanto, sua principal &ualidade de estar ligado maisprofunda e estreitamente &ue os outros 's fontes populares, fontesespec3cas 4as &ue )ichelet cita so com certeza bastante c8atas, masesto longe de serem e8austivas69 essas fontes determinaram o con:untode seu sistema de imagens, assim como sua concep!o artstica.;

    Rabelais na vanguarda*

    < tambm esse car'ter popular &ue e8plica "o aspecto no-liter'rio" deRabelais, isto , sua resist%ncia a a:ustar-se aos c=nones e regras da arteliter'ria vigentes desde o sculo /> at aos nossos dias,independentemente das varia!5es &ue o seu conte?do tenha sofrido.Rabelais recusou esses moldes muito mais categoricamente do &ue2ha@espeare ou Aervantes, os &uais se limitaram a evitar os c=nonescl'ssicos mais ou menos estreitos de sua poca. Bs imagens de Ra-bslais sedistinguem por uma espcie de "car'ter no-o3cial", indestrutvel ecategrico, de tal modo &ue no h' dogmatismo, autoridade nemformalidade unilateral &ue possa harmonizar-se com as imagensrabelaisianas, decididamente hostis a toda perfei!o de3nitiva, a todaestabilidade, a toda formalidade limitada, a toda opera!o e decisocircunscritas ao domnio do pensamento e C concep!o do mundo.;

    compreendido*

    s rom=nticos, &ue redescobriram Rabelais, da mesma forma comohaviam redescoberto 2ha@espeare e Aervantes, no souberam encontrar achave para decifr'-lo e no passaram :amais de uma maravilhadasurpresa diante dele. )uitos so os &ue Rabeais fez recuar e ainda faz9 amaior parte, por falta de compreenso. Bs imagens rabelaisianas inclusivecontinuam ainda em grande parte enigm'ticas.;

    as imagens de Rabelais esto perfeitamente posicionadas dentro daevoluo milenar da cultura popular.3

    Diteratura cmica popular* pouco e8plorada*

    2e Rabelais o mais difcil dos autores cl'ssicos, por&ue e8ige, para sercompreendido, a reformula!o radical de todas as concep!5es artsticas eideolgicas, a capacidade de desfazer-se de muitas e8ig%ncias do gosto

    liter'rio profundamente arraigadas, a reviso de uma in3nidade de no!5ese, sobretudo, uma investiga!o profunda dos domnios da literatura cmicapopular &ue tem sido to pouco e to super3cialmente e8plorada.F

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    2/15

    Alaro, Rabelais difcil. Em compensa!o, a sua obra, se convenientementedecifrada, permite iluminar a cultura cmica popular de v'rios milnios, da&ual Rabelais foi o eminente porta-voz na literatura.F

    b:etivo da parte inicial do livro*

    B presente introdu!o prop5e-se colocar o problema da cultura cmica

    popular na dade )dia e no Renascimento, discernir suas dimens5es ede3nir previamente suas caractersticas originais.F

    Riso* cria!o menos estudada da cultura popular

    B concep!o estreita do car'ter popular e do folclore, nascida na pocapr-rom=ntica e concluda essencialmente por +erder e os rom=nticos, e8clui&uase totalmente a cultura espec3ca da pra!a p?blica e tambm o humorpopular em toda a ri&ueza das suas manifesta!5es.F

    cupa lugar modesto*

    Entre as numerosas investiga!5es cient3cas consagradas aos ritos, mitose Cs obras populares lricas e picas, o riso ocupa apenas um lugarmodesto.F

    &ue passado somente o modo burgu%s

    sso nos permite a3rmar, sem e8agero, &ue a profunda originalidade daantiga cultura cmica popular no foi ainda revelada.F

    Riso na idade mdia e no renascimento

    mundo in3nito das formas e manifesta!5es do riso opunha-se C culturao3cial, ao tom srio, religioso e feudal da poca. Gentro da sua diversidade,essas formas e manifesta!5es H as festas p?blicas carnavalescas, os ritos ecultos cmicos especiais, os buf5es e tolosrgigantes, an5es e monstros,palha!os de diversos estilos e categorias, a literatura pardica, vasta emultiforme, etc. H possuem uma unidade de estilo e constituem partes e

    parcelas da cultura cmica popular, principalmente da cultura carnavalesca,una e indivisvel.F-0

    F manifesta!5es desta cultura*

    (. As formas dos ritos e espetculos 4feste:os carnavalescos, obrascmicas representadas nas pra!as publicas, etc69

    2. Obras cfnicas verbais 4inclusive as pardicas6 de diversa natureza * orais e escritas, em latim ou em lngua vulgar9

    F. ivers as formas e g!neros do vocabulrio familiar e grosseiro4insultos, :uramentos, blas"es populares, etc6.0

    estas no perodo medieval*s feste:os do carnaval, com todos os atos e ritos cmicos &ue a ele se

    ligam, ocupavam um lugar muito importante na vida do homem medieval.Blm dos carnavais propriamente ditos, &ue eram acompanhados de atos eprociss5es complicadas &ue enchiam as pra!as e as ruas durante diasinteiros, celebravam-se tambm a "festa dos tolos" #festa stultorum$ ea"festa do asno"9 e8istia tambm um "riso pascal" #risus pasc%alis$ muitoespecial e livre, consagrado pela tradi!o. Blm disso, &uase todas as festasreligiosas possuam um aspecto cmico popular e p?blico, consagradotambm pela tradi!o.0

    Aaraceristicas das festas de rua - medievaisEra o caso, por e8emplo, das "festas do Iemplo", habitualmente acompa-nhadas de feiras com seu rico corte:o de feste:os p?blicos 4durante os&uais se e8ibiam gigantes, an5es, monstros, e animais "s'bios"6. Brepresenta!o dos mistrios e sot&es dava-se num ambiente de carnaval.0#enhuma festa se realizava sem a interven!o dos elementos de umaorganiza!o cmica, como, por e8emplo, a elei!o de rainhas e reis "para

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    3/15

    rir" para o perodo da festividade.0ugiam das normas*

    Iodos esses ritos e espet'culos organizados C maneira cmica apre-sentavam uma diferen!a not'vel, uma diferen!a de princpio, poderia-. mos

    dizer, em rela!o Cs formas do culto e as cerimnias o3ciais srias dagre:a ou do Estado feudal.0

    Gualidade do mundo*

    fereciam uma viso do mundo, do homem e das rela!5es humanastotalmente diferente, deliberadamente n o-o3cial, e8terior C gre:a e aoEstado9 pareciam ter construdo, ao lado do mundo o3cial, um segundomundo e uma segunda vida aos &uais os nomens da idade )edia pertenciamem maior ou menor propor!o, e nos &uais eles viviam em ocasi5esdeterminadas.0-J

    gnorar ou subestimar o riso popular na dade )dia deforma tambm&uadro evolutivo histrico da cultura europeia nos sculos seguintes.J

    Ritos cmicos K duais K e8istiam na civiliza!o primitiva

    B dualidade na percep!o do mundo e da vida humana :' e8istia noest'gio anterior da civiliza!o primitiva. #o folclore dos povos primitivosencontra-se, paralelamente aos cultos srios 4por sua organiza!o e seu tom6,a e8ist%ncia de cultos cmicos, &ue convertiam as divindades em ob:etos deburla e blasfmia 4"riso ritual"69 paralelamente aos mitos srios, mitoscmicos e in:uriosos9 paralelamente aos heris, seus ssias pardicos. +'pouco tempo &ue os especialistas do folclore come!aram a interessar-sepelos ritos e mitos cmicos.J;

    riso era sagrado K nao havia censura

    Entretanto, nas etapas primitivas, dentro de um regime social &ue noconhecia ainda nem classes nem Estado, os aspectos srios e cmcos dadivindade, do mundo e do homem eram, segundo todos os indcios,igualmente sagrados e igualmente, poderamos dizer, "o3ciais".J

    riso era um ritual K mudan!a para uma sada do Estado para a culturapopular

    Bssim, por e8emplo, no primitivo Estado romano, durante a cerimnia dotriunfo, celebrava-se e escarnecia-se o vencedor em igual propor!o9 domesmo modo durante os funerais chorava-se 4ou cetebrava-se6 eridicularizava-se o defunto. )as &uando se estabelece o regime de classes ede Estado, torna-se impossvel outorgar direitos iguais a ambos os aspectos,,

    de modo &ue as formas cmicas H algumas mais cedo, outras mais tarde Had&uirem um car'ter no-ofcial, seu sentido modi3ca-se, elas complicam-see aprofundam-se, para transformarem-se 3nalmente nas formasfundamentais de e8presso da sensa!o popular do mundo, da culturapopular.J

    Binda mais, certas formas carnavalescas so uma verdadeira pardia doculto religioso. Iodas essas formas so decididamente e8teriores C gre:a e Creligio. Elas pertencem C esfera particular da vida cotidianaL.1

    Ieatro da dade )dia se apro8imava do carnaval

    E verdade &ue as formas do espet'culo teatral na dade )dia seapro8imavam na ess%ncia dos carnavais populares, dos &uais constituam

    at certo ponto uma parte. #o entanto, o n?cleo dessa cultura, isto , ocarnaval, no de maneira alguma a forma puramente art&stica do espe-t'culo teatral e, de forma geral, no entra no domnio da arte. Ele se situa

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    4/15

    nas fronteiras entre a arte e a vida. #a realidade, a prpria vidaapresentada com os elementos caractersticos da representa!o.1

    #a verdade, o carnaval ignora toda distin!o entre atores e espectadores.Iambm ignora o palco, mesmo na sua forma embrion'ria.1

    Aarnaval* uma liberdade inescap'vel K tem as prprias leis

    s espectadores no assistem ao carnaval, eles o vivem, uma vez&ue ocarnaval pela sua prpria natureza e8iste para todo o povo. En&uanto durao carnaval, nao se conhece outra vida seno a do carnaval. mpossvelescapar a ela, pois o carnaval no tem nenhuma fronteira espacial. Gurantea realiza!o da festa, s se pode viver de acordo com as suas leis, isto , asleis da liberdade.'

    Aarnaval K forma concreta de representa!o da vida

    #esse sentido, o carnaval no era uma forma artstica de espet'culoteatral, mas uma forma concreta 4embora provisria6 da prpria vida, &ueno era simplesmente representada no palco, antes, pelo contr'rio, vividaen&uanto durava o carnaval4...6 durante o carnaval a prpria vida &ue

    representa e interpreta 4sem cen'rio, sem palco, sem atores, semespectadores, ou se:a, sem os atributos espec3cos de todo espet'culoteatral6 uma outra forma livre da sua realiza!o, isto , o seu prpriorenascimento e renova!o sobre melhores princpios.1-M

    s buf5es e bobos so as personagens caractersticas da cultura cmicada dade )dia. Ge certo modo, os veculos permanentes e consagrados doprincpio carnavalesco na vida cotidiana 4a&uela &ue se desenrolava fora docarnaval6.M

    #o havia fronteiras entre a vida e a representa!o na idade mdia

    7elo contr'rio, eles continuavam sendo buf5es e bobos em todas ascircunst=ncias da vida. Aomo tais, encarnavam uma forma especial da vida, aomesmo tempo real e ideal. 2ituavam-se na fronteira entre a vida e a arte4numa esfera intermedi'ria , nem personagens e8c%ntricos ou est?pidos nematores cmicos.M

    Aarnaval K segunda vida do povo

    carnaval a segunda vida do povo, baseada no princpio do riso. < asua vida festiva. B festa a propriedade fundamental de todas as formasde ritos e espet'culos cmicos da dade )dia.M

    Iodas essas formas apresentavam um elo e8terior com as festas religiosas.)esmo o carnaval, &ue no coincidia com nenhum fato da histria sagrada,com nenhuma festa de santo, realizava-se nos ?ltimos dias &ue precediam agrande &uaresma.M

    estividades no so um descanso peridicoBs festividades 4&ual&uer &ue se:a o seu tipo6 so uma forma primordial,

    marcante, da civiliza!o humana. #o preciso consider'-las nem e8plic'-lascomo um produto das condi!5es e 3nalidades pr'ticas do trabalho coletivonem, interpreta!o mais vulgar ainda, da necessidade biolgica 43siolgica6de descanso peridico.M

    s "e8erccios" de regulamenta!o e aperfei!oamento do processo dotrabalho coletivo, o ":ogo no trabalho", o descanso ou a trgua notrabalho nunca chegaram a ser verdadeiras festas. 7ara &ue o se:am, preciso um elemento a mais, vindo de uma outra esfera da vida corrente, ado esprito e das ideias.M-N

    2egunda vida do povo

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    5/15

    Bs festividades t%m sempre uma rela!o marcada com o tempo. #a suabase, encontra-se constantemente uma concep!o determinada e concretado tempo natural 4csmico6, biolgico e histrico.N

    B morte e a ressurrei!o, a altern=ncia e a renova!o constituram sempreos aspectos marcantes da festa. E so precisamente esses momentos H nasformas concretas das diferentes festas H &ue criaram o clima tpico dafesta4...62ob o regime feudal e8istente na dade )dia, esse car'ter de festaOisto , a rela!o da festa com os 3ns superiores da e8ist%ncia humana, aressurrei!o e a renova!o, s podia alcan!ar sua plenitude e sua pureza,sem distor!5es, no carnaval e em outras festas populares, e p?blicas.N

    estas o3ciais ao contr'rio eram para rea3rmar a ordem vigente

    7or outro lado, as festas o3ciais da dade )dia H tanto as da gre:acomo as do Estado feudal H no arrancavam o povo C ordem e8istente,no criavam essa segunda vida. 7elo contr'rio, apenas contribuam paraconsagrar, sancionar o regime em vigor, para forti3c'-lo 4...6 B festao3cial, Cs vezes mesmo contra as suas inten!5es, tendia a consagrar aestabilidade, a imutabilidade e a perenidade das regras &ue regiam omundo* hierar&uias, valores, normas e tabus religiosos, polticos e moraiscorrentes. B festa era o triunfo da verdade pr-fabricada, vitoriosa,dominante. &ue assumia a apar%ncia de uma verdade eterna, imut'vel eperemptria.N

    esta o3cial traia a natureza humana

    7or isso o tom da festa o3cial s podia ser o da seriedade sem falha, e oprincpio cmico lhe era estranho. Bssim, a festa o3cial traa a verdadeiranatureza da festa humana e des3gurava-a.N

    Aarnaval veio subverter a ordem vigente

    Bo contr'rio da festa o3cial, o carnaval era o triunfo de uma espciede libera!o tempor'ria da verdade dominante e do regime vigente, de

    aboli!o provisria de todas as rela!5es hier'r&uicas, privilgios, regras etabus. Era a aut%ntica festa do tempo, a do futuro, das altern=ncias erenova!5es. punha-se a toda perpetua!o, a todo aperfei!oamento eregulamenta!o, apontava para ura futuro ainda incompleto.N-P

    Giferen!as entre as festas*

    #as festas o3ciais, com efeito, as distin!5es hier'r-

    &uicas destacavam-se intencionalmente, cada personagem apresentava-secom as insgnias dos seus ttulos, graus e fun!5es e ocupava o lugarreservado para o seu nvel. Essa festa tinha por 3nalidade a consagra!o dadesigualdade, ao contr'rio do carnaval, em &ue todos eram iguais e ondereinava uma forma especial de contato livre e familiar entre indivduosnormalmente separados na vida cotidiana pelas barreiras intransponveis dasua condi!o, sua fortuna, seu emprego, idade e situa!o familiar.P

    E8periemntava o ideal do humanismo na pr'tica

    indivduo parecia dotado de uma segunda vida &ue lhe permitiaestabelecer rela!5es novas, verdadeiramente humanas, com os seussemelhantes. B aliena!o desaparecia provisoriamente. homem tornavaa si mesmo e sentia-se um ser humano entre seus semelhantes4...6 idealutpico e o real baseavam-se provisoriamente na percep!o carnavalesca domundo, ?nica no g%nero.P

    Aarnaval K prpria linguagem

    Em conse&u%ncia, essa elimina!o provisria, ao mesmo tempo ideal eefetva das rela!5es hier'r&uicas entre os indivduos, criava na pra!a

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    6/15

    p?blica um tipo particular de comunica!o, inconcebvel em situa!5esnormais. Elaboravam-se formas especiais do vocabul'rio e do gesto da pra!ap?blica, francas, e sem restri!5es, &ue aboliam toda a dist=ncia entre osindividuos em comunica!o, liberados das normas correntes da eti&ueta e dadec%nc:a. sso produziu o aparecimento de uma linguagem carnavalescatpica, da &ual encontraremos numerosas amostras em Rabelais.P

    Dinguagem profana do carnavalEla caracteriza-se, principalmente, pela lgica original das coisas "ao

    avesso", "ao contr'rio", das permuta!5es constantes do alto e do bai8o4"a roda"6, da face e do traseiro, e pelas diversas formas de pardias,travestis, degrada!5es, profana!5es, coroamentos e destronamentosbuf5es.(Q

    < preciso assinalar, contudo, &ue a pardia carnavalesca est' muitodistante da pardia moderna puramente negativa e formal com efeito9mesmo negando, a&uela ressuscita e renova ao mesmo tempo. B nega!opura e simples &uase sempre alheia C cultura 9 popular.(Q

    #atureza do riso carnavalesco

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    7/15

    medieval. 2abemos &ue e8istem numerosas liturgias par-dicas 4Diturgia dosbeberr5es, Diturgia dos :ogadores, etc6, pardias das leituras evanglicas,das ora!5es, inclusive as mais sagradas 4como o pai-nosso, a ave-maria, etc6,das litanias, dos hinos religiosos, dos salmos, assim como de diferentessenten!as do Evangelho, etc.(;

    problema do riso popular deve ser colocado de maneira conveniente. sestudos &ue lhe foram consagrados incorrem no erro de moderniz'-logrosseiramente, interpretando-o dentro do esprito da literatura cmicamoderna, se:a como um humor satrico negativo 4designando dessa forma aRabelais como autor e8clusivamente satrico6, se:a como um riso alegredestinado unicamente a divertir, ligeiro e desprovido de profundidade efor!a. Ueralmente seu car'ter ambivalente passa despercebido.(;

    B literatura latina pardica ou semipardica estava e8tremamentedifundida. 7ossumos uma &uantidade consider'vel de manuscritoV nos&uais toda a ideologia o3cial da igre:a, todos os seus ritos so descritos doponto de vista cmico. riso atinge as camadas mais altas do pensamentoe do culto religioso.(;

    Blm disso, e8istiam outras variedades da literatura cmica latina, como,por e8emplo, as disputas e di'logos pardicos, as crnicas pardicas, etc.2eus autores deviam possuir seguramente um certo grau de instru!o Hem alguns casos muito elevado. Eram os ecos do riso dos carnavais p?blicos&ue repercutiam dentro dos muros dos mosteiros, universidades e colgios.(F

    Diteratura cmica vulgar latina

    B literatura cmica latina da dade )dia chegou C sua apoteose durante oapogeu do Renascimento, com o -logio da loucura de Erasmo 4uma dascria!5es mais eminentes do riso carnavalesco na lite:atura mundial6 e com as)artasde %omens obscuros #-pistole obscurorum virorum$.

    B literatura c mica em lngua vulgar era igualmente rica e maisdiversi3cada ainda.(F

    #o entanto, o &ue dominava eram sobretudo as pardias e travestis laicos&ue escarneciam do regime feudal e sua epopeia herica. W o caso dasepopeias pardicas da dade )dia &ue p5em em cena animais, buf5es,malandros e tolos9 elementos da epopeia herica pardica nos cantastors,aparecimento de d?plices cmicos dos heris picos 4Rolando cmico6, etc.(F

    2obre o carnaval na idade mdia

    Esses gneros e obras esto relacionados com o carnaval da pra!a p?blica eutilizam, mais amplamente, &ue os escritos em latim, as frmulas e ossmbolos do carnaval. )as a dramaturgia cmica medieval &ue est' maisestreitamente ligada ao carnaval. (F

    riso se introduz tambm nos mistrios9 as diabruras-mistrios estoimpregnadas de um car'ter carnavalesco nitidamente marcado. Bs soltesen3m so um gnero e8tremamente carnavalizado do 3m da ldade mdia.(F

    #ovas linguagens inseridas a partir do carnaval*

    X' dissemos &ue durante o carnaval nas pra!as p?blicas a aboli!oprovisria das diferen!as e barreiras hier'r&uicas entre as pessoas e a

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    8/15

    elimina!o de certas regras e tabus vigentes na vida cotidiana criavam umtipo especial de comunica!o ao mesmo tempo ideal e real entre as pessoas,impossvel de estabelecer na vida ordin'ria. Era um contato familiar e semrestri!5es, entre indivduos &ue nenhuma dist=ncia separa mais. - Aomoresultado, a nova forma de comunica!o produziu novas formas

    lingusticas* gneros inditos, mudan!as de sentido ou elimina!o de certasformas desusadas, etc.(0

    - Urosserias* B linguagem familiar da pra!a p?blica caracteriza-se pe:o uso fre-&uYnte de grosserias, ou se:a, de e8press5es e palavras "in:uriosas, Cs vezesbastante longas e complicadas. Go ponto de vista gramatical e sem=ntico, asgrosserias esto normalmente isoladas no conte8to da linguagem e soconsideradas como frmulas 38as do mesmo tipo dos provrbios. 7ortanto,pode-se a3rmar &ue as grosserias so um gnero verbal particular dalinguagem familiar. 7ela sua origem, elas no so homogneas e tiveramdiversas fun!5es na comunica!o primitiva, essencialmente de car'term'gico e encantatrio.(J

    Ge fato, durante o carnaval essas grosserias mudavam consideravelmente desentido* perdiam completamente seusentido m'gico e sua orienta!o pr'ticaespec3ca, e ad&uiriam um car'ter e profundidade ntrnsecos e universais.Ura!as a, essa transforma!o, os palavr5es contribuam para a cria!o deuma atmosfera de liberdade, e do aspecto cmico secund'rio do mundo. (J

    Diguagem familiar &ue in$uenciou Rabelais*

    - :uramentos* Em muitos aspectos, os /uramentos so similares Cs

    grosserias. Eles invadiam tambm a linguagem familiar da pra!a p?blica.Gevem ser considerados igualmente como um gnero verbal especial, comas mesmas caractersticas &ue as grosserias 4car'ter isolado, acabado e auto-su3ciente6. 2e inicialmente os :uramentos no tinham nenhuma rela!o com oriso, ao serem eliminados da linguagem o3cial, pois infringiam suas regrasverbais, no lhes restou outro recurso seno o de implantar-se na esferalivre da linguagem familiar. )ergulhados no ambiente do carnaval,ad&uiriram um valor cmico e tornaram-se ambivalentes. (J

    - obscenidades* Bpesar de sua heterogeneidade original, essas palavrasassimilaram a concep!o carnavalesca do mundo, modi3caram suas antigasfun!5es, ad&uiriram um tom cmico geral e cunverteram-se, !or assimdizer, nas centelhas da chama unica do carnaval, convocada para renovar omundo. (J

    Aritica de Ta:thin aos estudos do riso*

    )as foram estudados de forma isolada, totalmente desligados do seu seiomaterno, isto , das formas rituais e espet'culos carnavalescos, portantoestudados sem levar em conta a unidade da cultura cmica popular dadade )dia. Ainda no foi colocado de forma alguma o problema dessacultura.0'

    7or esse motivo, a prpria ess%ncia de todos esses fenmenos no foiinteiramente evidenciada. Eles foram estudados C luz das regras culturais,estticas e liter'rias da poca moderna, isto , medidos no de acordo comsuas prprias medidas, mas segundo as da poca moderna &ue nada t%m a

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    9/15

    ver com eles. oram moderni1ados, o &ue e8plica por&ue foram interpretadose avaliados erroneamente.(1

    Bbordagens diferentes a Rabelais*

    Aostuma-se assinalar a predomin=ncia e8cepcional &ue tem na obra deRbelais o princ&pio da vida material e corporal( imagens do corpo, dabebida, da comida, da satisfa!o de necessidades naturais, e da vidase8ual. 2o imagens e8ageradas e hipertro3adas. Blguns batizaram aRabelais como o grande poeta "da carne" e "do ventre" 4>ictor +ugo, pore8emplo6. utros o censuraram por seu "3siologismo grosseiro", seu"biologismo" e seu "naturalismo", etc.(1

    As vezes, outros &uiseram ver nele uma manifesta!o tpica do princpioburgu%s, isto , do interesse material do "indivduo econmico", no seuaspecto privado e egosta.(1

    Realismo grotesco de Rabelais*

    #o realismo grotesco 4isto , no sistema de imagens da cultura popular6, oprincpio material e corporal aparece sob a forma universal, festiva e utpica. csmico, o social e corporal esto ligados indissoluvelmente numatotalidade viva eindivisvel. < um con:unto alegre benfaze:o.

    #o realismo grotesco, o elemento material e corporal um princpioprofundamente positiv o, &ue nem aparece sob uma forma egosta, nem

    separado dos demais aspectos da vida. O princ&pio material e corporal percebido como universal e popular#$

    corpo e a vida corporal ad&uirem simultaneamente um car'ter csmico euniversal 9 no se trata do corpo e da 3siologia no sentido restrito edeterminado &ue, t%m em nossa poca9 ainda no esto completamentesingularizados nem separados do resto do mundo.

    (M

    porta-voz do princpio material e corporal no a&ui nem o ser biolgicoisolado, nem egosta indivduo burgu%s, mas opovo, um povo &ue na suaevolu!o cresce e se renova constantemente. 7or isso o elemento corporal

    to magn3co, e8agerado e in3nito. Esse e8agero tem um car'ter positivoe armativo. (M

    princpio material e corporal o princpio da festa, do ban&uete, daalegria, da "festan!a". Esse aspecto subsiste consideravelmente na literaturae na arte do Renascimento, e sobretudo em Rabelais.(M

    Rebaixamento:

    tra !o marcante do realismo grotesco o rebai4amento, isto , atransfer%n cia ao plano material e corporal, o da terra e do corpo na suaindissol?vel unidade, de tudo &ue elevado, espiritual, ideal e abstrato.(M

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    10/15

    < preciso esclarecer, tambm, &ue um dos procedimentos tpicos dacomicidade medieval consistia em transferir as cerimnias e ritos elevadosao plano material e corporal9 assim faziam os buf5es durante os torneios, ascerimonias de inicia!o dos cavaleiros e em outras ocasi5es solenes.#umerosas degrada!5es da ideologia e do cerimonial cavaleiresco &ueaparecem no om 5ui4ote, so inspiradas pela tradi!o do realismo

    grotesco.(N

    #ramatica $ocosa permanece at os dias de %o$e

    B gram'tica :ocosa estava muito em voga no ambiente escolar e culto dadade )dia. Essa tradi!o, &ue remonta ao +ergilius gram6maticus, :'mencionado, estende-se ao longo da dade )dia e do Renascimento esubsiste ainda ho:e oralmente nas escolas, colgios e semin'rios religiosos daEuropa cidental. #essa gram'tica alegre, todas as categoriaZ gramaticais,casos, formas verbais, eic, so transferidas aa plano material e corporal,sobretudo ertico.&'

    #o realismo grotesco, a degrada!o do sublime no tem um car'ter formalou relativo. "alto" e o "bai8o" possuem a um sentido absoluta erigorosamente topogrco. "alto" o cu9 o "bai8o" a terra9 a terra oprincpio de absor!o 4o t?mulo, o ventre6 e, ao mesmo tempo, denascimento e ressurrei!o 4o seio materno6. Este o valor topogr'3co doalto e do bai8o no seu aspecto csmico. #o seu aspecto corporal, &ue noest' nunca separado com rigor do seu aspecto csmico, o alto representado pelo rosto 4a cabe!a6, e o bai8o pelos rgos genitais, oventre e o traseiro. realismo grotesco e a pardia medieval baseiam-senessas signi3ca!5es absolutas. 4..6Gegradar signi3ca entrar em comunhocom a vida da parte inferior do corpo, a do ventre e dos rgos genitais e,

    portanto com atos como o coito, a concep!o", a gravidez, o parto, a absor!ode alimentos e a satisfa!o das necessidades naturais.(N-(P

    7articular 8 universal K unidos em uma contradi!o no Renascimento

    #a consci%ncia artstica e ideolgica do Renascimento, essa rupturano se consumara ainda por completo9 o "bai8o" material e corporaldo realismo grotesco cumpre ainda suas fun!5es uni3cadoras, degradantes,destronadoras, mas ao mesmo tempo regeneradoras. #o importa &uo dispersos, desunidos e individualizados estivessem oscorpos e as coisas ["particulares\, o realismo do Renascimento nocortara ainda o cordo umbilical &ue os ligava ao ventre fecundo da

    terra do povo. corpo e as coisas individuais no coincidem aindaconsigo mesmo, no so id%nticos a si mesmos, como no realismonaturalista dos sculos posteriores9 formam parte ainda do con:untomaterial e corporal do mundo em crescimento e ultrapassam, portanto,os limites do seu individualismo9 o particular e o universal esto aindafundidos numa unidade contraditria. B viso carnavalesca do mundo abase profunda da literatura do Renascimento.;(

    Fra(mentos do realismo (rotesco )ue (an%am *ida

    B comple8idade do realismo do Renascimento no foi aindasu3cientemente esclarecida 4]6.;(

    campo da literatura realista dos tr%s ?ltimos sculos est' praticamente:uncado de destro!os do realismo grotesco, destro!os &ue Cs[ vezes, apesardisso, so capazes de recuperar sua vitalidade. #a maioria dos casos, trata-sede imagens grotescas &ue perderam ou debilitaram seu plo positivo, sua

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    11/15

    rela!o com um universo em evolu!o. < apenas atravs da compreenso dorealismo grotesco &ue se pode entender o verdadeiro valor desses destro!osou dessas formas mais ou menos vivas.;(

    Conceitua+,o do %umor (rotesco:

    B imagem grotesca caracteriza um fenmeno em estado de transforma!o,

    de metamorfose, ainda incompleta, no estagio da morte e do nacimento,do crescimento e da evolu!o. B atitude em rela!o C evoluo, umtra!a constitutivo, 4determinante6 indispens'vel da imagem grotesca. 2eusegundo tra!o indispens'vel, &ue decorre do primeiro, sua ambival7ncia(os dois plos da mudana H o antigo enovo, o 8ue morre e o 8ue nasce, o

    princ&pio e o m da metamorfose 9so e8pressados 4ou esbo!ados6 em umaou outra forma.

    ;(-;;

    7ercep!o do tempo no grotesto ao longo da histria

    B atitudeem rela !o ao tempo &ue est' na base dessas formas, sua percep!oe tomada de consci%ncia, durante seu desenvolvimento no curso dos milnios,sofrem, como natural, uma evolu!o e transforma!5es substanciais. #osperodos iniciais ou arcaicos do grotesco, o tempo aparece como uma. 2imples

    :ustaposi!o 4praticamente simult=nea6 das duas fases do desenvolvimento*come!o e 3m* inverno-primavera, morte-nascimento. Essas imagens aindaprimitivas movem-se no crculo biocsmico do ciclo vital produtor danatureza e do homem.;;

    sentimento do tempo e da sucesso das esta!5es &ue lhes prprio,amplia-se, aprofunda-se e abarca os fenmenos sociais e histricos9 seucar'ter cclico superado e eleva-se C concep!o histrica do tempo.^Eento as imagens grotescas, com sua atitude fundamental diante dasucesso das esta!5es, com sua ambival%ncia, convertem-se no principalmeio de e8presso artstica e ideolgica do poderoso sentimento da histria eda altern=ncia his-tricav:tEue surge com e8cepcional vigor noRenascimento.;;

    #o entanto, mesmo nesse est'gio, e sobretudo em Rabelais, as imagensgrotescas conservam uma natureza original, diferenciam-se claramente dasimagens da vida cotidiana, preestabelecidas e perfeitas. 2o imagensambivalentes e contraditrias &ue parecem disformes, monstruosas e

    horrendas, se consideradas do ponto de vista da esttica "cl'ssica", isto ,da esttica da vida cotidiana preestabelecida e completa#$2o imagens &uese op5em Cs imagens cl'ssicas do corpo humano acabado, perfeito e emplena maturidade, depurado das escrias do nascimento e do desenvolvi-mento.;;

    Corpo (rotesco

    Em oposi!o aos c=nones modernos, o corpo grotesco no est' separado doresto do mundo, no est' isolado, acabado nem perfeito, mas ultrapassa-se asi mesmo, fran&ueia seus prprios limites. Aoloca-se %nfase nas partes docorpo em &ue ele se abre a&, mundo e8terior, isto , onde _mundo penetranele ou dele sai ou ele mesmo sai para o mundo, atravs de orifcios,protuber=ncias, rami3ca!5es e e8cresc%ncias, tais como a boca aberta, os

    rgos genitais, seios, falo, barriga e nariz. < em atos tais como o coito, agravidez, o parto, a agonia, o comer, o beber, e a satisfa!o de necessidadesnaturais, &ue o corpo revela sua ess%ncia como pftncpio em crescimento

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    12/15

    &ue ultrapassa seus prprios limites. < um corpo eternamente incompleto,eternamente criado e criador, um elo na cadeia da evolu!o da espcie ou,mais e8atamente, dois elos observados no ponto onde se unem, onde entramum no outro.;F

    #rotesco .ilma "olada cola(ens na cabe+a do corpo de .Ilma

    ma das tend%ncias fundamentais da imagem grotesca do corpo consisteem e8ibir dois corpos em um( um &ue d' a vida e desaparece e outro &ue concebido, produzido e lan!ado ao mundo. < sempre um corpo em estadode prenhez e parto, ou pelo menos pronto para conceber e ser fecundado,com um falo ou rgos genitais e8agerados. Go primeiro se desprendesempre, de uma forma ou outra, um corpo novo.23

    )as seguindo essa tend%ncia 4por assim dizer, no limite6, os dois corposse re?nem em um s. B individualidade mostrada no est'gio de fuso9agonizante :', mas ainda incompleta9 um corpo simultaneamente no

    umbral do sepulcro e do ber!o, no mais um ?nico corpo nem sotampouco dois9 dois pulsos batem dentro dele* um deles, o da me, est'prestes a parar.;F

    Essas imagens do corpo foram especialmente desenvolvidas nas diversasformas dos espet'culos e festas populares da dade )dia9 festas dostolos, c%arivaris, carnavais, festa do Aorpo de Geus no seu aspectop?blico e popular, diabruras-mistrios, soties e farsas. B cultura medievalpopular e dos espet'culos conhecia apenas essa concep!o do corpo.;0

    #o domnio liter'rio, a pardia medieval baseia-se comp:etamente naconcep!o .grotesca do corpo. Essa concep!o organiza as magens do corpoha massa consider'vel de lendas e obras referentes Cs "maravilhas da `ndia"e do mar cltico. 2erve tambm de base para as imagens corporais naimensa literatura de vis5es de alm-t?mulo, nas lendas de gigantes, na

    epopeia animal, fabliau4 e :c%;

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    13/15

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    14/15

  • 7/24/2019 FICHAMENTO a Cultura Popular Na Idade Mdia e No Renascimento - BAKTHIN

    15/15