fichamento 1 - geop

Upload: nathhc

Post on 07-Mar-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

fichamento textos de geopolitica

TRANSCRIPT

UNIMEP UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

GRADUAO EM RELAES INTERNACIONAIS

GEOPOLTICA

ALUNA: NATLIA HIGA CIARRETA

RA: 133679-1FICHAMENTO: UMA DISCIPLINA SIMPLRIA E ENFADONHA?

LACOSTE, Yves. A Geografia isso serve, em primeiro lugar para fazer guerra. Campinas: Papirus, 1968.

os problemas da geografia (...) dizem respeito (...) em ltima anlise, a todos os cidados. Pois (...) desvendam seu espetculo do mundo, dissimula, aos olhos de todos, o temvel instrumento de poderio que a geografia para aqueles que detm o poder.

(p. 22)

Com essa passagem, o autor deixa claro a importncia do estudo da geografia, visto que, deve-se conhecer os aspectos fsicos e sociais para melhor compreender a relao de poder entre um ator e outro.

a geografia serve, em princpio, para fazer a guerra. (...) premissas epistemolgicas; o processo cientifico est ligado uma histria e deve ser encardo, de um lado, nas suas relaes com as ideologias, de outro, como prtica ou como poder. (...) serve tambm para organizar territrios, (...) tambm para melhor controlar os homens sobre os quais o aparelho do Estado exerce sua autoridade. A geografia e, de incio, um saber estratgico estreitamente ligado a um conjunto de prticas polticas e militares e so tais prticas que exigem o conjunto articulado de informaes extremamente variadas.

(p. 22/23)

A geografia enquanto descrio metodolgica dos espaos, tanto sob os aspectos que se convencionou chamar fsicos, como sob suas caractersticas econmicas, sociais, demogrficas, polticas (para nos referirmos a um certo corte do saber), deve absolutamente ser recolocada, como prtica e como poder, no quadro das funes que exerce o aparelho de Estado, para o controle e a organizao dos homens que povoam seu territrio e para a guerra.

(p.23)a carta a forma de representao geogrfica por excelncia; sobre a carta que devem ser colocadas todas as informaes necessrias para a elaborao de tticas e de estratgias. (...) meio de dominao indispensvel, de domnio do espao (...) A produo de uma carta, isto , a converso de um concreto mal conhecido em uma representao abstrata, eficaz, confivel, uma operao difcil, longa e onerosa, que s poder ser realizada pelo aparelho de Estado e para ele. A confeco de uma carta implica num certo domnio poltico e matemtico do espao representado, e um instrumento de poder sobre esse espao e sobre as pessoas que ali vivem.

(p.23)

Assim como o incio dos estudos a respeito da geografia, a confeco da carta tinha como funo inicial ser um mais um instrumento de poder.

geografia (...) funes ideolgicas e polticas (...) Friedrich Ratzel (...) Antropogeografia est estreitamente ligada sua geografia poltica. Retomando inmeros conceitos ratzelianos (...) o general gegrafo Karl Haushofer (1869-1946) d, em seguida Primeira Guerra Mundial, um impulso decisivo geopoltica. (...) A geopoltica hitleriana foi a expresso, a mais exacerbada, da funo poltica e ideolgica que pode ter a geografia.(p.24)Hoje, mais do que nunca, so argumentos de tipo geogrfico que impregnam o essencial do discurso poltico, que se refiram aos problemas regionalistas, ou sobre os que giram, a nvel planetrio, em torno de centro e periferia, do Norte e do Sul.

(p.24)

Nessa passagem inicia-se, de maneira introdutria, uma explanao a respeito da importncia da geografia nos dias atuais, dado que, o ambiente no qual as relaes globais acontecem no voltado estritamente para a guerra.

sobretudo quando ele parece intil que o discurso geogrfico exerce a funo mistificadora mais eficaz, pois a crtica de seus objetivos neutros e inocentes parece suprflua. A sutileza foi a de ter passado um saber estratgico militar e poltico como se fosse um discurso pedaggico ou cientfico perfeitamente inofensivo.

(p.25)

a partir dessa passagem que nota-se a importncia do estudo da geografia, ou seja, o autor evidencia o perigo de desconsiderar a relevncia do mesmo, uma vez que, ao ignorar os conhecimentos geogrficos o ator torna-se vulnervel por no ser capaz de garantir sua segurana contra determinada forma de dominao.a geografia dos oficiais, para se fazer discreta, no deixa contudo de existir com um pessoal especializado, cujo nmero no desprezvel, com seus meios que se tornaram considerveis (os satlites), seus mtodos, e ela continua a ser como h sculos, um temvel instrumento de poder. Esse conjunto de representaes cartogrficas e de conhecimentos bem variados, visto em sua relao com o espao terrestre e nas diferentes formas de prticas do poder, forma um saber claramente percebido como estratgico por uma minoria dirigente, que a utiliza como instrumento de poder. geografia dos oficiais decidindo com o auxlio das cartas a sua ttica e a sua estratgia, geografia dos dirigentes de aparelho de Estado, estruturando o seu espao em provncias, departamentos, distritos, geografia dos exploradores (oficiais, frequentemente) que prepararam a conquista colonial e a valorizao se anexou a geografia dos estados-maiores das grandes formas e dos grandes bancos que decidem sobre a localizao de seus investimentos em plano regional, nacional e internacional. Essas diferentes anlises geogrficas, estreitamente ligadas a prticas militares, polticas, financeiras, formam aquilo que se pode chamar a geografia dos estados-maiores, desde os das foras armadas at os dos grandes aparelhos capitalistas.

Mas essa geografia dos estados-maiores quase completamente ignorada por todos aqueles que no a executam, pois suas informaes permanecem confidenciais ou secretas.

(p.26)

A geografia dos estados-maiores, como citado logo acima, um estudo feito pelos Estados para auxiliar no desenvolvimento das estratgias de dominao, entretanto, as informaes obtidas no chegam at o grande pblico, a fim de resguardar esses dados como instrumento de poder.Hoje, mais do que nunca, a geografia serve, antes de tudo, para fazer a guerra. (...) Primeiro porque as coisas se transformam rapidamente (...) o traado das vias de circulao, as formas do habitat se modificam a um nico ritmo bem mais rpido e preciso levar em considerao essas transformaes para estabelecer as tticas e as estratgias. (...)

De outro lado, a elaborao de novos mtodos de guerra implica numa anlise bem precisa das combinaes geogrficas, das relaes entre os homens e as condies naturais.

(p.26/27)

Para exemplificar a relao da geografia com as estratgias dos Estados, o autor utiliza a Guerra do Vietn, denotando a influncia destas para garantir os interesses polticos e, a respeito desta, ele escreve:

A escolha dos locais (...) resulta de um raciocnio geogrfico, comportando vrios nveis de anlise espacial (...)

De fato, no se trata somente de destruir a vegetao para obter resultados polticos e militares, de transformar a disposio fsica (...) trata-se de modificar radicalmente a repartio espacial do povoamento praticando, por meios vrios, uma poltica de reagrupamento dos hameaux estratgicos e a urbanizao forada. (...)

Elas so ainda o resultado de uma estratgia deliberada e minuciosa, na qual os diferentes elementos so cientificamente coordenados, no tempo e no espao.

(p.28/29)

E conclui o pensamento com a seguinte expresso:

A guerra geogrfica, com mtodos diferentes segundo os locais, pode ser executada em todos os pases.

(p.29)

A fim de fundamentar as ideias apresentadas no texto, o Lacoste cita dois gegrafos que explicam a importncia da geografia no estudo das relaes entre os Estados.O territrio com seu espao e sua populao no unicamente a fonte de toda fora militar, mas ele faz tambm parte integrante dos fatores que agem sobre a guerra, nem que seja s porque ele constitui o teatro das operaes, Carl von Clausewitz (...)Vauban (...) um dos melhores gegrafos de seu tempo (...) um dos primeiros tericos e praticantes (...) de amnagement do territrio. Prepara-se para a guerra, seja para a luta contra os aparelhos de Estado, como para a luta interna contra aqueles que colocam em causa do poder, ou querem dele se apossar, organizar o espao de maneira a ali poder agir do modo mais eficaz possvel.

(p.29/30)

Trazendo esses conceitos para os dias atuais, o autor ressalta:

Em nossos dias, a abundncia de discursos que se referem ao amenagement do territrio em termos de harmonia (...) serve sobretudo para mascarar as medidas que permitem s empresas capitalistas (...) aumentar seus benefcios. preciso perceber que o amenagement do territrio no tem como nico objetivo o de maximizar o lucro, mas tambm o de organizar estrategicamente o espao econmico, social e poltico, de tal forma que o aparelho de Estado possa estar em condies de abafar os movimentos populares.

(p.30)

E, para concluir, Lacoste expe:

importante hoje, mais do que nunca, estar atento a esta funo poltica e militar da geografia, que sua desde o incio. Nos dias atuais, ela se amplia e apresenta novas formas, por fora no s do desenvolvimento dos meios tecnolgicos de destruio e de informao, como tambm em funo dos progressos do conhecimento cientfico.

Em suma, os conhecimentos estratgicos tiveram sua finalidade adaptada a esfera global, ou seja, inicialmente, a geografia surgiu como uma estratgia voltada inteiramente para a guerra, porm, em um ambiente pacifico e na busca pelo equilbrio, dos dias atuais, a disciplina tem a funo de garantir mecanismos de dominao de um sobre o outro.

Desse modo, com a leitura do texto, possvel perceber a importncia dos conhecimentos geogrficos tanto como um instrumento para o desenvolvimento de estratgias, como para garantir a segurana e posio no Sistema Internacional, encarando sempre como um mecanismo nas relaes de poder.