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DocLnnerlto (3785952) AUTOR Róu Réu ADVOGADO Page I of 14 ACÁO PENAL N" 200s.70.03.00ss98-2/PR MINISTERIO PUBLICO FEDERAL JOSE ROI}ERTO VIEIRA GISLAINE ANDRÉIA DA SILVA ROI]ENSONMAXIMO FII\{ JUNIOR D.E. PublìciÌdo em 02, 10i2009 SENTENÇA I.- RELATORIO O MINISTERIO PÚBLICO FEDERAL ofereceudenúncia contÌa JOSE ROBERTO VIEIRA, br.asilciro, casado, ernprcsário, filho dc Fclício Vicira c Agncla dos SantosVicira, nascido cm 18/01/1948, natural de Araçatuba/SP, portador da CI/RG n' 8.81 9.776-3 SSP/PR, inscrirono CPF/MF sob o no \92.802.108-34, residcntc na Rua Rosa cruz, 1005-A, Jarclirn Higicnópolis, cm Maringá/PR, GISLAINE ANDREIA DA SILVA. br.asiicira, scparada dc faó, nànicu'c c pcdicurc,filha dc JosóAparccidoda Silva t_L_airic Ducna da Silva, nascida crn l8/04/198i, natural dc Marialva/PR. portadoÌ'a da CVRG n" 8.251 .395-7 SSP/PR, inscrira no CPFÀ4F sob o no 038.724.399 -28, residentc na Rua Balbrna de Jesus Rarnos,347, conjuntoMariaÌvaIÌ, cm Marialva/PR. c Renivaldo José Luiz. pcÌa prática do crimc tipificado no artigo 231, S2", c/c o artiqg 29, ambosdo Código PenaÌ' etr iazão dossesuintcs fatos, confou'uc nalrados na dcnúncia (fls 02-03): I.\IIGR,1TL'R ,'En neoclos do ono de 2005,4-- co|lpat'eccu ít cliptcs4 t.\'ttrr/ÍÁ1l,t\ zrssrssonr,lDEylÁGEMETURIS|Vío,entãosittnclQnaÁyclt'íc|aPcu.Qnú,n.6()5.'a|a()5, cenlto, Mct ingai, e nlonle\)e cultalo ('on o proptìetario 'IOSE ROBERTO VIEIRl qtnt tt i,rn,it,i tle rouìínto, 1!t11 pacole de inlercâtnbíode esludo e.trcrbalho na Il'CLATERR"l òrriiiì"*,nau que o píoceclünenroera clentontclo, 'tosÉ R)BERT) l/lElRÁ lhe ttlct etctr tt possibiliclacla tic conttatQr unta víagen pcu'aPANS/FR'4NÇA onclecottseguiriu eltÌpt'ego (ìtÌ 'esri:abelecintento conrcrcial, provnr'ílu,oito nula calèlerìa ou en sen'iços.de üttpc.:,a. , tcntlo iiu inìirnao (rs pessoas rte neUtvltoo LOSE LUIZe GISL4INE ANDREIlDl SILI"Á que iirirrn,rirni," ccittscguìrian a docuneníctção necessario à legulizaçcirt tle suu eskttla notluelc Prtis 'ïtrir,,"rurir,"riu e p.tl<L ncnlo,la qtnnría cÌe ttntnil e duzentos Errros tt GISLÁlNE ÁjtDREI4 ;ì i tï ì, ffi ffi:;' i :;',::'; :,ï : :5ï',1;" ;,:, :: ^''' o o n' Ç 0 " o'' ^o' " ::'' " : :: " Ao ,lesertLrarcz,r no Áeropot:lo Inlernacional cte PARIS'.\ìi ra<ehidu por REI'll' lLDO .JOSE LlJlZ, qtte lhe conrlttzitta unt aparlattlcttto Dttis tlittsopós RE''llL'ALDO !he dìssc qtte dcteriu se DroslintJ, trabttlhundo tttttllQ Losct cle prostiutiçt'io an PÁRISou nttnvt hoQle an L|O\' c 'ìr,ï ,iàì,'ii" ,t"t'i,trj'ct-kt ,, r'ctlorpttgo. Diantc tla negarìt'ct'./òi ltor ele pressi<tnacÌa ittclusite iitìt àìr"o*t de que 'qttehraritt o patl razão pelu qual acctbou rendo cle sc pntstitttir' itinttntenlt, rclaçõesscxtruis ntt ktcttl ent qrte esll\'a hospetluclu'en lugcn'as qttc nòo sobe itÌenti.fìcar e cnt ntas clc PARIS a LYON' Pot ;t.-x) t tìtÌ.t, :ttil tt tLtolttlì't Jt' Jinlrcìt" lutgu ' l!!-1;kt tttlÌ't't(lLlt r'tttlt tt l.t't'\tittti\i" tlÌ,. - i,tniS ì,o al. :2.05'.20,5, po,ffiããjfr|õíãí uiuntÌo ct pussctgen de retorno quehutict Denúncia rcccbida em l6104/2008 (fls. 04c velso)' http://gedprojfpr.gov.br/visualizarDocumentos asp?codigoDocumento:3785952&orig 4/10i2012

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Page 1: ffi ffi:;' i :;',::'; :,ï : :5ï',1; ;,:, :: ^''' o o n' Ç ... · LUIZ, que se encontrava na França, em local incerto e desconhecido (fls. 24 e 26-verso). Durante a instrução,

DocLnnerlto (3785952)

AUTORRóuRéuADVOGADO

Page I o f 14

ACÁO PENAL N" 200s.70.03.00ss98-2/PRMINISTERIO PUBLICO FEDERALJOSE ROI}ERTO VIEIRAG I S L A I N E A N D R É I A D A S I L V AROI]ENSON MAXIMO FI I \ { JUNIOR

D.E.

PublìciÌdo em 02, 10i2009

SENTENÇA

I.- RELATORIO

O MINISTERIO PÚBLICO FEDERAL ofereceu denúncia contÌa JOSEROBERTO VIEIRA, br.asilciro, casado, ernprcsário, filho dc Fclício Vicira c Agncla dosSantos Vicira, nascido cm 18/01/1948, natural de Araçatuba/SP, portador da CI/RG n'8.81 9.776-3 SSP/PR, inscriro no CPF/MF sob o no \92.802.108-34, residcntc na Rua Rosacruz, 1005-A, Jarcl i rn Higicnópol is, cm Maringá/PR, GISLAINE ANDREIA DA SILVA.br.asiicira, scparada dc faó, nànicu'c c pcdicurc, filha dc Josó Aparccido da Silva t_L_airicDucna da Silva, nascida crn l8/04/198i, natural dc Marialva/PR. portadoÌ'a da CVRG n"8.251 .395-7 SSP/PR, inscrira no CPFÀ4F sob o no 038.724.399 -28, residentc na Rua Balbrnade Jesus Rarnos,347, conjunto MariaÌva IÌ, cm Marialva/PR. c Renivaldo José Luiz. pcÌaprática do crimc tipificado no artigo 231, S2", c/c o artiqg 29, ambos do Código PenaÌ' etriazão dos sesuintcs fatos, confou'uc nalrados na dcnúncia (fls 02-03):

I.\IIGR,1TL'R,'En neoclos do ono de 2005,4-- co| lpat 'eccu ít cl iptcs4 t. \ ' t trr / ÍÁ1l,t \

z rssrssonr , lDEylÁGEMETURIS|Vío,entãosi t tnc lQnaÁycl t ' íc |aPcu.Qnú,n.6()5. 'a |a()5,cenlto, Mct ingai, e nlonle\)e cultalo ('on o proptìetario 'IOSE ROBERTO VIEIRl qtnt tt

i,rn,it,i tle rouìínto, 1!t11 pacole de inlercâtnbío de esludo e.trcrbalho na Il'CLATERR"lòrriiiì"*,nau que o píoceclünenro era clentontclo, 'tosÉ R)BERT) l/lElRÁ lhe ttlct etctr tt

possibiliclacla tic conttatQr unta víagen pcu'a PANS/FR'4NÇA oncle cottseguiriu eltÌpt'ego (ìtÌ'esri:abelecintento

conrcrcial, provnr'ílu,oito nula calèlerìa ou en sen'iços.de üttpc.:,a. , tcntlo

iiu inìirnao (rs pessoas rte neUtvltoo LOSE LUIZ e GISL4INE ANDREIl Dl SILI"Á queiirirrn,rirn i," ccittscguìrian a docuneníctção necessario à legulizaçcirt tle suu eskttla notluelc

Prtis'ïtr ir,,"rurir,"riu e p.tl<L ncnlo,la qtnnría cÌe ttnt nil e duzentos Errros tt GISLÁlNE ÁjtDREI4

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se DroslintJ, trabttlhundo tttttllQ Losct cle prostiutiçt'io an PÁRIS ou nttnvt hoQle an L|O\' c'ìr,ï ,iàì,'ii" ,t"t'i,trj'ct-kt ,, r'ctlor pttgo. Diantc tla negarìt'ct'./òi ltor ele pressi<tnacÌa ittclusite

iitìt àìr"o*t de que 'qttehraritt o patl razão pelu qual acctbou rendo cle sc pntstitttir'

itinttntenlt, rclações scxtruis ntt ktcttl ent qrte esll\'a hospetluclu' en lugcn'as qttc nòo sobe

itÌenti.fìcar e cnt ntas clc PARIS a LYON'Pot ; t . -x) t t ì t Ì . t , : t t i l t t tLto l t t l ì ' t J t ' J in l rcì t " lutgu ' l ! ! -1;kt t t t l Ì ' t ' t ( lL l t r ' t t t l t t t l . t ' t ' \ t i t t t i \ i " t l Ì , .

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Denúncia rcccbida em l6104/2008 (f ls. 04 c velso)'

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Citados e intimados (fls. 22 e 24), os acusados JOSE ROBERTO e GISLAINEforam interrogados (fls. 25-26v e 38-44), oferecendo defesa prévia, coln documentos e rol detestemunhas, por rneio de procuradores constituídos (fls. 28-37 e 45-46, respectivamente).

O plocesso foi dcsmembrado ern relação ao denunciado RENIVALDO JOSELUIZ, que se encontrava na França, em local incerto e desconhecido (fls. 24 e 26-verso).

Durante a instrução, foram inquiridas uma testernunha e um inlomrantcan'olados pelas acusação (fls. 5 I -51v c 85-86v), outras duas testemunhas anoladas pela dcfesado réu JOSE ROBERTO (fls. 90-92) e mais uma anolada pela defesa da co-ré GISLAINE (fl.93). Os acusados se manifestaram pela dcsnecessidadc de novo intenogatório (fl. 90).

Na fase do art. 402 do Código de Processo Penal, as partes nâo requereramdiligências (fls. 100, 102 e verso).

O Ministório PúbÌico Fedcral, em alegações finais, após analisar as provas,considerou dernonstradas rnatcrialidadc c autoria, assim como o dolo, mas não a qualificadoradescrita no $ 2', do art. 23 l, do Código Pcnal, pedindo a condenação dos róus nas sançõcs doart.23l,caput, do CP (f ls. 104-109v).

A defesa de JOSE ROBERTO VIEIRA. por sua vez, sustentou a ausência dcprovas da materialidade, da autoria e de dolo. AÍìrmou que "sontenle ajudou a suposta vílìna

lhe indìcando umo pessoa que eslavo no país para o Eul ela gosloriade ìr", em virtude de não ter trabalhar com viagens para aquela localidade", não obtendoqualquel vantagcm com o auxílio prestado. Ao.final, pediu sua absolvição (fls. I 15-127).

A defesa de GISLAINE Aì-{DREIA DA SÌLyA também alegou a ausência deprovas da materialidade, da autoria e do dolo. Disse quc não "se associou com oulros pessoos,JOSE ROBERTO VIEIRA E RENIVALDO JOSE LUíZ, para exìgir, dinheiro e mandar pessoapara fora do Brasìl para se prosíinìr" . Pediu sua absolvição (fls. I 28- I 38).

Rcgistrarn-sc para scntença em 0610812009 (fl. 138-verso).

E o lelatório. Passo a decidir'.

rÃi ; . . iI I . - FUNDAMENTAÇÃO

Os acusados JOSÉ ROBERTO VIEIRA E GISLAINE ANDREIA DA SILVAforam denunciados pela prática do crirne tipificado no artigo 231 do Código Penal.

Para a configuração dc um crirne, cxige-se quc o lato scja típico e antijurídico.Para a aplicaçào da pcnã exige-se rna"isl alérn da presença, do lato típico e antijurídico. enecessário que o agente seja cuìpável. I*{l

Fa to t íp i coéo fa toqueseenquadranadesc r i çãodode l i t ocon t i dana le ipena l .

Fato antijurídico é o fato que contraria a ordem jurídica'

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Agente culpável é aquele que age de fonna reprovável ou censurável.

Presente um fato típico e antüurídico teremos urÌl crime. Presenteculpabilidade, será possível a imposição de pena ao agente.

Levando em consideração o modelo teórico acirna descrito, analìsar-se-á o casosub examine.

Da t ip ic idade, mater ial idade e âutor iâ do cr ime

O crirnc dc "Tráfico internacional dc pcssoa para firr dc cxploraçàosexual" (antcs "Tráfico intcrnacional dc pcssoas") cstá inscrido no Título VI da Partc Espccialdo Código PenaÌ, entre os "crimes contra a dìgnidade sexuaÌ

Em 1950 foi aprovada, crn Lake Slcce.s.ç, a Convcnção para a Rcprcssão doTráfico de Pessoas c do Lcnocínio, ainda em vigor, intcrnada no ordcnamcnto jurídico pátriopor mcio do Decreto n" 46.981, dc 08 dc outubro dc 1959, c no ano dc 2000, ctn Nova lorquc,loi aplovado o "Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o CrirncOrganizado Transnacional Rclativo à Prevcnção, Repressão c Punição do Tráfico de Pcssoas.em Especial Mulheres e Crianças", que passou a integrar o ordenattrento jurídico pátlio pormeio do Decreto n" 5.017, de l2 dc tnarço de 2004, ainda cm vigor.

O Código Pcnal dc 1940, rcdação original, prcvia no artigo 231 a figura do"Tr'áfico de mulhercs", quc, corìr o advcnto da Lei n" I I . 106, dc 2810312005, publicada c enrvigor no dra 29/0312005, passou a scr tipificado etn duas modalidadcs distintas: "Tráficoínternacional de pcssoas" (art . 231) e "Tráf ico interno de pessoas" (art .23l-A). Em l0 dcagosto de 2009 foi publicada a Leì n" 12.015, crn vigor na mcsma data, a qual alterou o ttornenlaris do crime para "Tráfico internacional de pessoa para finì de exploração sexual" c conlcriunova redação ao tipo pcÌ1al.

Vcja-se, a propósito, o teor literal do artigo 231 do Código Pcnal, prirnciro coma rcdação confcrida pcla Lci n" I I . I 06, dc 2810312005, e após corn a rcdação conferida pclaLei n" 12.015, de0710812009:

(Redação dada pela Lei no I I .106, de 2005)Trtífco internacional de PessoasÀrt. 23 Ì. Protnover, internediar ou .facilitar a entrada, no lerrilório nacional, .le Pessoo ql|evenha exercer a Prostíltriçòo ou a saicÌa de pessoa para exercè-kt no estrattgeiro:Perp - reclusão, de 3 (três) a I (oito) anos, e nulltt.$ l" - Se or:orre qualquer das hipolesas do f l" do art. 227:Pena - reclusclo, de 4 (qualro) Q l0 (dez) anos e nulta.! 2" Se ho entprego cle violêncíct' grate atncaça ou.fraude, a pcna ë de reclusão' de 5 (cinco) ul2 (doze) onos, e multa, além da pena cortespondenle à violência'

(Rcdação dada pcla Lei n" 12.015, de 2009)TrtiJìco intenncíonal de pe.tsos para fm de exploração sexnalArt. 23 L Promovet. ou .ftìcilinr à enìnclr,, no terrító] io n.rcionql, de alguén cpre nele venln oexercer tt prostttutçt'ìo ot.t oulrct .forna de crploração sexuql. ott q sQida de alguent quc tarxet r '(-la tÌu r't l t otlg(it t '-Pena - reclusãtt, de 3 (três) a I (oilo) qnos-

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$ l" Incorre nq ntesua pena acluele elue agencìur, alicior ou conprur o pessoa trofìtatlu, ctssitttcono, lendo cotthecínento clessa condição, transporto-la, tran.sferi-la ou aloja-la.! 2" A penu ë auntentada da nrctade se:I - a \,ítina é ntenot'de l8 (dezoito) anos:II - a vítitna, por enfernìdade ou deficiëncÌa uental, ncio len o necessário dÍscerninentct panta pralíca do crto,Ill - sc o agettle ë ascendenle, padrasto, nadrqsta. irìtrão, enteado. eônjuge, c<;ntpanh.int.lLtlor ou (urudor, prcceplot oÌt enprcgudor da vílinu, otr se assuiuiu, por leì ou outrct.fìtrntu,obrigação de cuidodo, proteçdo ou vigìlância: ouIV - ha entprcgo de vìolência, grave onreaço ou.lì'aude.S 3" Se o crinte ë conetido cont o_fìm de ohter vantagetn econônica, aplìr'a-se tanrhén ntulta.

O bcm jurídico tutelado, segundo Luiz Rcgis Prado, ó "o própria condiÇàohumana, suo dignidode de pessoa, repudiondo-se o vil comércio ou Irártco de pessoas, quesào utilizadas como ol)jeto. etit geral vìsando obter compcnsaÇào ccotrcmica, para o et?t'cíciodo prostitltiÇão fcaput] a tt liberdade sexuol do pessoa latu scnsu, inclusive sua integrìdade equlononlìa sexual (aulodeternìnaçào sexual), como parle do livre desenvolvimento deSuapersonalídade [$$ t" c 2"]" (Curso de Dü'eito Penal Brasileiro, Volume 3, Parte Especial -arts. I84 a 2BB,4 cdição, Revista dos Tribunais: São Paulo, 2006, pp. 287 -288).

Com a nova rcdação conferida pela Lci n' 12.015/2009, atualmcnlc, são 08(oito) as açõcs incriminadas. Luiz Regìs Prado (ob. cit.. p. 288) tcceu os scguintcscomentários accrca do tino oenal incriminador sob cxarÌìc:

"A açrio de pronoeer, que é sìnônitno cle at'anÇar, executor. diligenciar, dar ìntpulso,fonentar,.fazer tlue se execltle, que se ponha en ptótica, lor]ur possivel 4 execuçòo de algo,represenlq uuq série de atos perpeu'atlos pelo agenle risando cotlseguir a enlrada de Pessoano lerritórío nacìottal ou sua sqída para o eslrqlrgeit'o, pqra eÍercer a proslilttiçòu:Internedior slgti,nca ínterceder, nediar, eDtrenear, intenir, criar onbienlc ou propicior ascondições que possibiliten o traJìco inlernacìonol cla pe.r.píÌ.t ív.9. recrulatdo, providencioì1.hllransporle, [azenclo conlalos). O intermediário alua ./àzetdo ligação entre pessoQs: Porexetnplo, entre o trafìcante prcpriantente dito (aquele que proitìo|c) e o lerceìro (\'.3-, pessoaqtte venha exetcer prostituiÇAo no tet rik)rie nacional ou que va exercê-la no estrangeiro. ou.aínde, o ercnnul contrqtonte tlue explore a prcstituição): ttu oção de facilitar - lornar./ìicì|,pt.oporcìonar, Jbvorecer, cooperar - a vititna ja deliherou estabelecer-se no eslrangeio, ,le./ìtnna que o ageü!e torna-se seu coodjuvante, concedendo-lhe auxílio para lograr. cotlt nÌaìI)t'êxito e cotnodidade, sua soida ou ingresso no pais viscrdo, clininando eventuois atnpecilltos ttttdiJìculdades. A ativiclule do agente, nesse caso, ë qcessória".

Embora os colì'ìentários acima transcritos se refiram ao tipo penal com a redaçàodada pela Lci n' I 1.106/2005, os cnsinarnentos dele decomcntes ainda sào válidos, porquantonão houve altelação quanto aos verbos promover e facilitar e as ações integrantes do vcrbointermediar cotnpatibilizaln-se com aquelas inerentes aos verbos aliciar (provocar incitaçâoeni; instigar; scduzir), agenciar (scrvir de agcntc ou intcnnediário dc), transportar (Ìcvar ouconduzir - seres anitnados ou coisas - a detenninado Ìugar), transferir (despachar -funcionário, etnprcgado - dc utna para outra parte, de um posto para outro; pôr a cargo dc'incumbir de) ou alojar (oferecer hospedagetn a ou hospedar-se) - definições obtidas no sitiowww.houaiss.uoÌ.com.br.

Sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. sujeito passivo taÌnbéÌn podeScr qualquel pcsioa, scja do sexo Inasculino, seja do ferninino, e a coletividade intcmacional.

A anuência ou o consentimento da vítima não exclui o crime' conforn.ìe

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prcceitua o a .30, alínea "a", do Dccrcto Lcgislat ivo no 5.017, de l2 dc marçodc 2004, que intcmou no ordenanento jurídico pátrio o "Protocolo Adicional à Convcnçàodas Nações Unidas contra o Crirne Organizado Transnacional Relativo à Prevençào,Repressão c Punição do Tr'áfico dc Pcssoas, crn Espccìal Mulheres e Crianças", in verbis:

Artìgo 3DeíìnicõesPara eJbitos do presente Prolocolo:a) A expressãe "trá/ìco de pessoas" signif<o o rcct'ulahte to, o tqnsporte, a trat6Jërên.ia, oal(iqÌnento <tu o qcolllitnenlo de pessoas, recorrendo à anteaça ou uso cla.fòrça ou .t outras.fì:rnas de co[]Çòo, qo rapto, ò.fitude, .ro engeno, uo ubuso cle autori.lade ou à situuçrìo clewlnerabilidade ou à eutegu otr aceilqÇòo de pagamentos ou beneJicios pcn'o ohler oconseìttitnenlo da une pessoa que lanhq cutorídatle sohre outre pora.fìns de exploraçìio. ,1exploração incluirq, no ninino. a exploração da prctiruição de outrern o outas _fornvs deexploração sexual, o trabalho otr serviços .fõrçatkts, ese'ovahtro ou práticas sìrnilare: àescrqvaluro, a servidão ou a remoçìio de órgãos;l)) O consentimento dado pela vilima dc ÍráJìco de pessoas Íettdo en eìsís quulquer tipo deexploração tlescrito na elínes q) do presente Arligo serd considerado irrelevantc se liwr sidoutilizodo qudquer utn dos meios rekridos nq qlíneu q): [ ] [Srúël

Não ó outro cntcndilncnto dcfcndido pcla doutrina (PRADO, Luiz Rcgis. oô.cìt., p.288; MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, Parte Especial. Arts. I2la 234 do CP, 2l" cdiçâo, Atlas, São Paulo, 2003, p. 471) e pela jurisprudôncia (TRFI: ACR200335000106909, Terceira Turma, e-DJFI data 1310712009, p. 415; TRF4: ACR1999.70.00.028853-4, Oitava Turna, RcÌ. Dcs. Fcd. Luiz Fcmando Wowk PcÌrtcado,nubÌicado em 08/l 1/2006).

Exigc-sc o dolo, consubstanciado na vontade livrc c conscicntc dc promovcr oufacilitar a entrada no território nacional de pessoa que venha a exercer a prostituição ou nasaída dc pessoa para cxcrcô-la no estrangciro, ou, ainda, dc agenciar, aliciar, transportar,transferir, alojar ou compraÌ'a pessoa traficada, com o conhecirnento dessa condição.

O crirne de tráfico intcrnacional de pessoa para fim de exploração scxual (an.231, CP) consuma-se coÌn a entrada ou a saída da pcssoa, homem ou mulher, scja ou nàoprostituida, do terrìtório nacional, independentemente do efetivo exercício da prostituiçã0. c,como visto, ainda quc contc com o consentimcnto da vítima. E o entendimcnto acolhido por,dentre outros, Julio Fabbrini Mirabete (ob.cit., p. 472): "para a consumaçào do crime basla uenlrad(t ou a saída da mulher do terrìtórìo nacional, não se exigindo o eíeÍivo exercício daprostituíÇãô. TroÍa-se de critne de perigo que não esige conto resultado ìndispensável omerelrício"; c Fcrnando Capez (Curso de Direito Penal, parÍe especial, volttme 3,5'cdiçào.Saraiva, São Paulo: 2003, p.103). A jurisprudência já se manifestou neste sentido, confortreos precedentes a scguir transcritos (em idôntico scntido: TRF2, ACR 20065001008 1640,Segunda Turma, DJU de 1410512008, p. ì82, Rel. Liliane Roriz;):

"PENAL E PROCESSUAL PENAL. TR'|FICO DE ,UL;LHERES. FÁTO Á.\TERIOR .)vrGÊNCIÁ DA LEt N' It.t0ó/2005. V|T|MAS I.IENORES DE IDÁDE. ARTICO 23t.I 1".:)MBINADO COM O ARTIGO 227. S t". DO CODIGO PENÁ1. CONTI;,|LID.4DEDELITIVA. A RTIGO 7 | DO CODIGO PENAL. O crine descriro no at t. 23 I , caput' do CódigoPenal corucleri:e-sc conto forual, consumando-se cotn a simples entroda ou saído dcÌ nul]terno país, ncio itrtprtrtantlo qtte ela <onsinto ou tenhe (onhe(iÌ ento &t Jìn para o qttal estci intloou chegando a detenninado lugar, trent a ocorrôncicr clo exercicio e/ëtivo da proslíluição Oelemento suhjetivo, nessa espëcíe tle delìlo, consisla na vonlqcle liv'e e cttnscie le de tcali:ot ,l(ondLtta descrita no tipo penal, ou seja. no dolo genérictt conflbslanciado na ciência de que ct\'ílina ü.á exetcer a aostituicào. Tratarul<t-se de vitinos cont idade enlre calor:c c dc.uìlÒ

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anos. incide d causa de qunento de peìu rcgtlle.la no urtigo 23I , I 1", etn contbiÌleçdo cont oarligo 227, J", atnbos do Código Penal. Tendo o reu pratícado nais cle uma condura ílícitu.deve ser reconhecida a continuidqde clelitit'ct quando preenchidos os seguinles rcquisilosexigidos pelo ertigo 7l do Estotltto Reprcssit'o." (TRF4. ACR l9977l0300l65l7 OirarttTurna. D.E. 29/04/2009, Rel. Luiz Fernqndo ll/on'k Penteado)

'PENAL E PROCESSO PENAL. TRAFTCO INTERNACIONAL DE SERES HUlvlÀNOSEXPLORAÇÃO SEXUAL DE MULHERES. ART]GO 231 DO CODIGO PENAL.CONSENTIMENTO DÁ VÍTIMA. AUTOR]A E MÁTERIAL]DADE COMPROVADAS. I' Oconsentinenío da úlina en seguir viagen não exclui a culpabilidode do tafcante ou doexplorador, pois que o requìsilo cenlral clo trafico é u presença clo eugano, da coerçòo, docÌivida e <lo propósito tle esploraçòo. E conunt que as mulheres, tluando do deslocamenlo.Ienham conhe<.ünenlo cle q e irão exercer a prosliluiç(io, mas não íènt elas consciência dascondições em tlrc. nonnahnenle, se vêem coagìdas a dtuar qo chegu no locQl de destìno'Ni.tso esla a fi^aude. 2. O crine de tafco de pessoas -.loi a Leí | 1 106, de 28'{)3 2005 quealteroLt .t redaçìio do arr. 231 do códìgo Penal, de trel.fico de nullteres paro tralìcoìnternacional de pessoas - consuma-se con a entrada o 4 soída da pessott, honent ou mullter,seja ott não pt.ostihticla, do terrilório nacional, independentenente do efeli'o eserc'icio tlaprostilLtíção - basla o ir ou vít' e.tercer a Prostìtuiçào - e aínda que co le (üìt oco sentìmenlo (ld vitina. 3. O Protocolo para Prevenir, Suprinrir e Punir o TráJìco de PessoasEspecitrlnenle Nítrlheres e Crianças' que suplenenta a Convenção da ONU contra o CritneOigunizac1o Transnttcktnul, eclotadq e notenltro de 2000. trou.re q prineiru de.liliçãofulernacionalnente aceita de tralìco cle seres hwnanos: "a)'TráJìco de pessoas'deve sigttificaro recrutqneì11o, Ironspo e, transferência, abrigo otr rccebinenlo de pessoas' por nleio dea eaça ou uso da Ji;rça ou outras forntas de coerçào. de rapro, de t'aude, de enganct tloabtrso cle pocler tru de una posíção de vulnerabílidacle ou de dat ou rccehel' p.tganentos obenelicioi para obter o consenlitnenlo para una pessou ler Lo lrulc soht'r oulru pi.,ss()a. parao pr:opó:;ittt tle exploração. Erplorctçào incluí no mínitno' q e'\ploração da prostìnìção t'tuoitra:;.1òrtnas de erPlorcrçao sexual, lrabalho ou serviços fitrçudos, escravidão ou prulicdsanálogas ò escrctvi.lào, serv'ìclão ou o retnoção de órgãos: b) O consentinento de nntt t'ilunacle tri.fico de pessoas para a desejada explorqÇão definida no xrbparag,a-fo (a) desre artigodeve ser irrelet'Qnle oncle quolque,r rm dòs nrcìos de.finidos no subparagrafo (a).tenhan sidousado:i,'. 4. "O h.a|ico pode envolver um ínclivíduo ou nn gntpo de individuos- O ilicito cutneçacom o Qlitianenlo e tennina (otn a pessoa que e:qlot'o a t'ititta kttntpra'a e a nQlÌteÌtt etnescrQvítlão.ouStlbna|ettpra|icttsSitni|aresàescrTvidão,ouatl|rol>alho.forçQdooÚou|ros.formas cle sen'idão). O liíìco inlerüacional nòo se reJëre apenas e lào-sonlatÌte 4)..cruzcrn?en|odas'fì.on|eirasen|repaises.Par|esubslancialdotrtiJìcoglobalresideeDlnÌo|er

tunapessoa<lettmclregião|)a|.aou|ra,tlenrrodoslintitesdeumtinicopais'obsenando.sequeo consenttnento ar, ,ììi,nn e seguü'vìagen não etclui a culpabilidade do lraJìcante ut do

erplorador, nen limíta o direito Erc ala ten à Proleção o.ficial" (Danusìo de. Jesus ín-Tr,alicoIiternacional tlc Mulheres e Cì.iQnça, - Brusìl. sc.l.t Pqulo: sarqiyu. 2003, p. xxll"t 5.

Cotnprovu<las a naterictlidade e a autoria clo dalito pelos doante los c provas teslen nth/]tsjuntàdos ctos auros. 6 Gozando o rë do heneJicitt da Justiçrt Gratuitu' ela esíQ ìsanlo do-paganÌenlo

de custas .iucliciais. T Apelação parcialnente provida Qpenas para isentar^a-rc clo'pigamento

de cusras iucliciais." (TRFt, ÁCR 200335000106909. Terceira hrnna. e-DJFI de

t 3/02/2009, p. 4I5, Rel. Toto'inho Nero)

Prcstados csscs blevcs esclarccilneÌÌtos' passo a analìsar o fato dclituoso'

Trata-se dc um caso complcxo. Por sua própria natufcza c pelas circunstânciasem que o crimc sob exalne geralmc;te é comctido..- cln País estrangeiro, envolvendo aprostïtuiçao, consentida ou não; c lnuitas vczes com utilização de documcntos falsos, dc modo

à possibílitar o ingresso c a permanência da pessoa traficada no País cstrangeiro -, a prova dos

iaios é sobrcrnaãeiLa dificultada, scja pcia ausôncia dc tcstctnunhas, scja pela lalta dc

;;;*;;;, seja, até, pelo desintere;se da víri'ra em romar público dctalhes de sua vida

privada, o quc,-às vezca, acancta a olnissão dc inforn.raçõcs fclcvantcs para a apuração dos

fatos.

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Segundo narrativa da vitima apresentadâ em Juízo(85-86v), os fatos ocorreram da seguinte forma:

"Tesletnunha contpronissada e oclveflida na .forna do lei. Nos tennos do etligo 2 ] 2 do Códigode Processo Penol, prestotr os seguintes esclarecinentos iniciais: sabe dos fatos porque encerla daÍa viu um unúncio no jornal da enpresa IMIGRATaR, de propriedode de JoséRoberto, Conheceu essa pessoa por ocasião dos fatos, assint como Gislaine, esposa deRenivqldo. Renivaldo a depoeníe conheceu en Paris.Pergunlqs pela Dra. Procuradora da República: o aníncio no jornal era sobre Írubalho eesludo foru do Brasil. Lenbra-se que era algo cono "Trabelhe e estude fora do Brosil". Atlepoente desejava inicfulmenÍe ir trabalhar na Inglaterra, mas soube depois que para ír paraesse poís precisaria de nais dinheiro e diunÍe de eventtnis perguntas na i,nigrução poderiaser deportada; esso infonnação obteve na agêncía de José Roberto. Josë Roberto itrÍormou àdepoente que a opção seria ir para a França, poìs ali tinha u,n contato de norne Renivaldo.Renivaldo jri teris trabalhado na Inglateta con a esposq e foram deportados. Reflivqldoesíava na Françq, No conlalo inicial com José Roberfo, ele enlrou em conÍqto comRenivalúo, na França, e lhe infounou que serianr necessdríos 1200 euros para custearÍambém qcornodqçdo em urn apartarnento sté que conseguissern un enprego psra adepoente. Em seguida, José Roberto ligou para Gislqine e pqssou os dqdos ds depoe,tte.Enlro em conlato com Gislaine e essa, que estsva e,n Marialva-PR, veio aÍé a depoente e,nMaringd-PR. A depoente entregou um certo valor para Josë Roberto para pagar passagerì eudquirir euros. Com esses euros, a depoeníe iria negocíar con Gisleine e Rerivaldo. Entuma semana a depoeìúe acertou com Gkluine e Renivaldo e embarcou pora a França. Láchegando, Renívsldo s receberìs no oeroporÍo e a levarìa para urn rpartantento onde elentorava junlanrcnte cont outras pessoas de oulros Iugqres. Tudo ocorreu muito rdpido, cercade uma semana e jú etnltarcou e chegou na França. No aparÍanento de Renivaldo tinlu uns4 ou 5 honrens e mais uma nullter tle Belo Horizonte-MG. Os dias foratn passando e adepoente pressionou Renivaldo quanlo s seu emprego. Renivaklo pediu unn fotogrofra paraa depoente que seria para fuzer uma identidade de origenr portuguesa, que facílitaria oirabalho. Passodo rnais algum período, Renivaldo dkse então que a útica colocação possívelseriq q prostituíção. A depoente ligou vdrias vezes para José Roberto parq que lhe ajudasse arctotnar uo Brasil, Renivaldo levou a depoeníe algumas vezes numa rua de prostituição entParis; Renivaklo ta,nbém pretendia que a depoenÍe Íosse psrq s cidade de L1ton, ondeÍamb.int lrabalharia na prostituiçdo. A depoente deve ter fìcado na França umas duassemattas. Á depoenÍe Íinha conprado passage,n de ida e volta, isso por orientação deCristina, esposa de José Roberto; segando ela, só seria possível entar na França conoturista se adqui sse pqssage,n de ida e voltq, Cono a datq marcada paro rctonú jd Íinlruvencido, s depoente.foi até a agência na França e conseguíu alterar a data pagando untvalot a maior, uns cetn dólares. No sparÍamento, a cotnida era divitlida entre os noradores,cada un pagando a sua paúe. A depoenÍe passoa dias praticatnenle deitada qguqrdando. Adepoenle não fez li,npeza nesse aportumento.Perguntas pelo Dr. DeJënsor dativo do qasqdo./osé Roberto Yìeiru: le bra-se que o anútrcioda IMIGRATUR era de trobalho na Europa, EUA, não se lembrundo bent para quais países.Segundo Josë Roberto, o traballn na lnglateÜa seria para cuìdar de crianças, bostqndo quefizesse a natrícula numq escols; Íqnbém seria possível traballrcr con linpeza. O contato dadepoente.fiti com a IMIGRATUR e ocredits que José Roberto lenha recebido u,na pa e dovalor. Á depoente acredita que Renivaldo "era un correspondeníe" de José Roberto. Nãosabe i4fonnar se José Roberto reteee ulgu,n volor do dinlteiro que a depoente llte entregoupara pagar a passagen e converÍer em euros. A depoente nõo pago nenhunt vulordireÍqntente a José Roberío pela intennediação do emprego; o vqlor dessq íransação foi pagoa Gislqine. O trabalho na França seria de balconista en cafeterias portuguesas e bsbd.Nenhun dos norsdttres naq ela casa ti,th( útivìdade laboral, pelo qae percebau. A moçqque nlorqva na ursa não estavs trabalhíutdo, lsmpouco sabe se ela eslctva na prostituição.Elisa.r 2es.rnas tlisseran que estavan aguardarulo o "tal docutnento". Não sabe infornar sealgun morador duqt.ele apsrtqnento de Psrìs tínlú sido encaninhado por José Roberto.Tinha pessoas de Minqs Gersis e de Marialva-PR.Perguntos pelo Dr. DeJènsor da acusada Gislaine Andrëiq da Silva: a depoente não e,úregounenhum dinheiro a Renivaldo pars perrnqnecer naquele aparÍomento. O ítníco dinheiro

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pago foi para Gislaine em Maringá-PR, Não conhece Robsotr. Pessoalnenle, conversor contGislaine uma vez, no Hipennercado BIG, nas por telefone forant vórìas vezes. Gislaine nadslhe faloa sobre prosÍituição em ,nomento alçum. Lernbrt-se que foi Renivaldo quem pegou afotogrqfia e cópia de sua itlentidqde. Renivaldo íatnbén tinha documento falso. Conversorrcom Cisluine pela primeira vez qo telefone e ela combinou que dali alguns dias viria qMaringá-PR e enlão conveïsqriam pessoulnente, o que de faío ocorreu. No enconíro contGislefue estava a mãe dela, que Jìcou cont o bebê de Gislaine, permanecendo em utna nesq qdepoenle, Gislaine e oulra flu her. Ficamm conversando sobre as condições de tabalho naFrança; Gislaine contou à depoente que o ntarido dela norsva ló, que eles Íinhsm unagaragenr de veículos etn Marialva-PR, nns fecharam; coníou Íatnbém que ela iria ttutbéntpara a Françt com seu Jìlho; disse ainda que ld na Françu q Polícìa não criaria probletnu,porque era urn país mais liberol, Gislafue falou tla França, acreditu u depoente, Pek) que omuìido tlela lhe conlou. Gislaine tlìsse qrc estavanr ganhando dínheiro con "alicis,nenb dcpessoos para Id".Esclarecimentos pelo MM. Juiz: nada.

atcstam esse fato.

Tambérn não há dúvidas acerca do envolvirnento dos réus JOSÉ ROBERTO eGISLAINE no ingrcsso e pennanência de cÌn Paris/França, visto quc lhe

laboral ou simplcslncnte dc cstudos; (c) os fatos ocorridos em Paris/França, quc motivaram orápido retomo de(dez) dias.

para o Brasil, eis que por lá permaneceu por menos de l0

Do quc Í'oi apurado, não há dúvidas de quc Gingressou e pen'ìlaneccu em Paris, na Franç4, no período comprecndido cntre 08/05/2005 c1610512005, quando retomou para o Brasil. Os bilhctcs de passagens aéreas cmitidos pelaempresa VARIG S.A cujas cópias cnconrram-se à fL-ë. dos autos apcnsos de inquóritop o l I c t a L c o s o c p o | m c n t o S p r c S L a 0 0 5 p u ' - ( v r l r l l l a Lpela acusação, fls. 03-06, 54 e72/1P;08 e 85v-86v/AP), por Tereza Cristina ì4attos^Galhardiiinforttruntô aÌrolada pcla acusaçào, fls.69/IP c 5lv/AP) c pelos acusados JOS-E ROBERTOiRr. t :- t+. 66 e I l4-r r1trp;4tv-44lAP) e GISLAINE (f ls. 38, l l9-120 e 179l lP; 38-41/AP)

prestaram auxílio, no tninimo, coln informações e conselhos.

Todavia, não foi possivel identificar, com satisfatório grau de ccrtcza: (a) aexata participação dos acusadoi no cpisódio em questào: sc, conscicntc c voluntariamcntc.promoìeraÌÌa ou lacilitaraur a saida deJpara excrcer a prostituiçào no estrangclro,tu se agenciaram, a1iciaram, transportãfi]Tããife riram, alojararn ou compraram rcfcridapessoa,;om o conhecilnento dessi condição, ou, ainda, se concoÍreraìn para a prática' Porierceiro, de tais condutas; (b) a motivação do ingresso e da permanôncia dc lllllem París/França: se a finalidade visada era o exeìcício da prostituição ou de outra atividade

As lnceftezas que pairarn sobre as circunstâncias dantes mencionadasinviabilizam o decreto condenatório.

Apcsar de tcr constatado inúmeras inconsistôncias c contradiçôcs nas vcrsòcsdos fatos apre;entadas pelos acusados, tanto no inquórito policial quanto cm Juízo, tais

incongr.uências, por si sôS, não pcnniten'ì concluir quc os acusados praticaram o crimc sob

exame. vejamos.

O réu JOSE ROBERTO VIEIRA, em depoiÌnento prestado à autoridadl-4ljcialfederal na data de 0l /09/200s 1ã. r :npl, confiimou gue " indicoi-the [pu'u íJ) opessoa de ,GISLAINE" esposa de REN|qALDO JOSE LUIZ [co-róu], brasileiro, residente na

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cìdade de Parìs/França, visto que essa senhora poderia aiudar lJ orealizar a viagem para a França; QIJE, esclarece que neste momento jti eslava claro que oinÍeresse de era trabaÌhar no ramo da prostiluição: QUE, quando conversavocom iãiãfonou para RENIVALDO a./ìm de apresentá-lo ao teleíone: QUE' aopassar a ligação a esía descreveu seus dotes .fisicos a RENIVÁLDO, .frisandoque'se ele arranjasse um emprego parq ela em Paris, esle Serviço serìa necessário por poltcoiempo, pois, em aproximadamente I5 dias, elo iria procurar a sua íurma', no senÍido de seauto-susíenlor;"

Contudo, em depoirnento prestado à autoridade policial federal na data de3010812007 (fls. ll4-ll5/lP), afirnou que "não sabe dizer o poradeiro atual deRENIVALDO, nem o daquela época, desconhecendo inclusive o número de teleíone ou acidatle que o mesnto resitla na França, tendo deixado de manter c,ntaío cont o mesnto htialguns ano!;" fgrifei]. Disse, ainda, que "sua esposa vendeu as passagens aëreas para

_ìere|orna.rdaFrança'Qu!re]asconverSaSque|eveCom

:;;r,;,;J" q;; a intenção a"JD era exercer a prostituição em Paris/França'

@mesnlat inhaaintenÇãodeiraFrançap(1raexercerooJíciodeprosünta: ' ' 'mas "1.../

'não teve nenhum lucro nem atíèriu qualquer vantagem pelo.fato de ter.fornecido o

tete.foíe-de GISLAINE o;a;- sendo que na verdade acabou deixando de obter unlucro decorrenle da venda do pacote de intercâmbio cultural:" .

No depoimento prcstado em Juízo na dia 20/0612008 (fls 25-26v c 4lv-44)prestou os seguintes escÌarecimentos:

"J:Ta, como ë que o Sr. conheceu a Gíslaine?A:A minha esposu tinhu um escrirório paralelo de lurisno. Minha mulher se aposentou 30qno no turist;o. Sempre Írabalhantlo em agêncìa de turisnro e o Sr' Renivaldo"' u DottaGislaine tinha compmtlo q passqgem uérea do Seu Renivqldo, entendetr, então eu peguei epassei o Ícleíone dà dona Gislaiie pura a lJe a dona G.islaine eu ta'nbén não s

'conhecia, píssoalnenre não, vim a conhecêJã-íoiìãTnnnente' Áí Íalei "Oh, você procura

esst Sra, àe repenÍe ela possa le aiudar"; e o neu escritório era sempre cheio de genle' e elatava..., iabe, incornodondo, toda hora falando e eu ,,ão queria mais conversur con ela'passei esse lelafone;J:Ta, e qi?Á:EIa, tslvez ela..., ela procurou a dona Gislaine e a dona Gislaine forneceu o teleÍone donurido hi nq França. Aí eles conbìnsram enlre sí e ela viaiou pra França;

j,Á ,o. t to venlade, cletr pra perceber clue ela nã<t Eteria estudar në. Ela conenlou totn o Sr. o

cpe é que ela queria.fazer na França?ì:Eh'aqui n'o Brasil ela ne inionnou qte cuidava tle um -casul de velhos' e que lá na

i*nço on nq Inglqterra elo ià cuidsr da ntesna forma, ia Procurar utn semiço nessa

ntÍureza;J:Lssa et'a a tnlençao qcla.'A:Exslanrcnte, até aí sitn;j:i:Bom, então o Sr. na venlade não inlermediou essa viagen dela pra França?A:Em absoluto. Eu só cuitlava dos tneus qlunos pra Inglaterru ttë;J:O Sr. lenl conhecimento de que na Ft'ança ela leve que se proslituir?2ttã qiio,tao ela vohou tla França e que tlepois eu tonei conhecin'ento através das

declarações dela;J:A ía. atë etllão o Sr. niio sabiQ?Á:Ent absoluÍo."

Como visto, o acusado, inicialmente, afirmou ter efetuado Ìigação telefônlcapara o co-réu RENIVALDO, presenciado q convcrsa travada

"nt'". ft!l="- Çt:-'

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A informantc Tercza Clistina Mattos Galhardi, pcrante a autoridadc policiaÌfederal e em Juízo (fls. 69/IP e 5l-5lv/AP). não soube dizer oual o motilro do insresso e dapcrlnanencra.oefIlfern ra'srFranca. aocnas que. - rorcrr-a aepoenteque estavo indo a FranÇa, na verdade, em busca de trabalho, não sabendo a depoenteàspecificar qual trabalho serio [.../" (ft. 69lÌP).

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Dcpois, dissc quc não só dcscorrhecia o telefonc de RENIVALDO. comotambóln a suposta intenção de dc sc prostituir cm Paris.

A contradição é evidente, mas,concorreu, conscicntc c volunl.arianìcnte. paraem Paris/França, a firn de exercer a prostituição.

isoladamente. nào prova que denunciadoo ingresso c permanência de

ccrto quc as passagens aórcas com destino a Paris foram vendidas parapela ernpresa administrada pela informante e esposa do denunciado JOSE

ROBERTO, lras essc fato não demonstra a prática do crime (em tcse), até porque acomercialização de passagens aéreas consistia no objeto social de relerida empresa.

Não existern provas de que JOSE ROBERTO tenha auferido qualquer vantagemeconômica corn a indicação dos co-réus GILSLAÌNE e RENIVALDO para auxiliar

a ingressar e penÌìanecer em Paris/França, circunstância que. apcsar dc nãointegrar o tipo penal, poderia evidenciar seu envolvimento doloso no fato critninoso (ern tese)apurado nos presentes autos.

Com rclação à denunciada GISLAINE, crtbora as contradições sejam malsnumerosas e intensas, também não foi possivel concluir, coln satisfatório grau de cerleza.acerca de seu envolvimento doloso no fato crirninoso (em tcsc) apurado nos presentcs autos.

Em depoimento prestado à autoridade policial federal no dia 05/01/2006 (fl.38/lP), afirmou "que apenas Íeve conlato com cilada PessoaQUE esse contolo se dert por que JOSE ROBERTO VIEIRL rcsponsável pela empresaIMIGRATUR .fòrneceu o telefone do declarante a pora que a declaranle

no romo de flores e verduras: QUE não forneceu o celular de seu ex-marido RENIVALDOJoSÉLUz"_masre i t conhec ìmen toqueJoSERoBERTofo rneceu ta lnúmero, não rc@"ndo o coníado telefônico dn IJJ e RENIV.aLDO.desconhecendo o assltnío \ratacÌo por eles: QUE, está separada, de _falo. de RENIVÁLDOJOSÉ LUZ há dois onos, sendo qne RENIVALDO se enconÍro na França há cerca de onzemeses; [...] QIJE, ttesconhece qual é a aíividade econômica de RENIVALDO na França,informantlo que o mesmo encontrd-se ilegalmenle em cìtado país; t.. l QUE, nunca recebeuc1ítalque, E,intia d-aparo intertnediar a ìda desta pessoa ao estrongeit'o, comoìonbé- rão inter-ediou o idaããralquer otúra pessoa oo estrangeiro: [ "]" lgrifci)'

E m a c a r e a ç à o c o r n f r e a | i z a d a n a d a t a d e 0 | | 0 6 l 2 0 0 6 ( f l s . 5 7 .58/lP), afirmou à autoridade policial fed-ral: "t...1 QUE apenas mantém contato ÍeleJônico,o* LENMLDO, sentlo que Lpenas ele que liga, níio sabendo o número do íelefone nento endereço atusl tlo mesmo; [...]" lgrifel).

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A afirrnação acima transcrita foi desrnentida pelas infoImaçõcs obtidas nrediantca quebra de sigilo do terminal telefônico n" (44) 3232-3168 (Opcladora Brasil Telecom) cujoresultado encontra-se às fls. 126-131 dos autos apensos de inquérito, no qual constaminúmeras ligações, recebidas e originadas, para o tenninal telefônico (33) 626173428,identificado como sendo de propriedade do co-réu RENIVALDO, habilitado em Paris/França,tais como nos dias 1210412005, às l7:15:36hs (originada), 1710412005, às l3:56:04hs el4:06:58hs (originadas), 13105/2005, às l2:03:lOhs (originada), dentre outras, assrm comovárias ligações para terminais telefônicos diversos habilitados em Paris/França (DDI 33, fl137/rP).

Confrontada com o resultado da quebra de seu sigilo telefônico, mantevc aafirmação de "QUE nunca ligou para RENIVALDO na França, sendo que algumas vezes jtirecebeu lelefonema dele desse país, assim como não sabe onde o mesmo resíde, sequer acidade; QUE apos tomar conhecimenlo da quebra do sigilo lelefonico de seus teleJònes' osquais dão conta do existêncìa de inúmeras ligações inlernocionaÌs, confrma que nunca ligottpara RENIVALDO, mas que algumas vezes ligot't para algumas amigas porluguesos quemoratn na Inglaterra; QUE após visualizar a relação contendo algumas dessas ligaçòes,ínforma que não conhece nenhum deste números." (fls. I l9-120lÌP)

Em depoimento prestado em Juízo no dia 20/0612008 (fls. 25-26v e 38-41)apresentou outra vcrsão para os fatos:

"D (Defeusor da acusada GISLATNE ANDREIA DÁ SILVA' Dr. Robensou Maxinto Fint.hnior): Excelênc ia, eu goslaria que ela explìcasse c<tnt relaçào' se ela sabe e como ela Jìcousabendo cla hislória contada na Polícia Federal pela - Como ë Ere elo Jìcouconhecendo desses.[alos?A: Então eu Jìquei sabendo potque foram lti na nrinha casa entregar u intimação pra nimconpctrecet nã polícia Fetleral: e eu fui na Polícia Federal foi onde eu fuì tornarconhecìnenlo do quc lavq aconÍecendo:D: Excelência, ui gostorio de saber se ela leve un conlalo co o narido delq, e se eleexnlicott ora ela o qie real,nenle aconleceu, se ele recebeu, se alguén recebeu alguno qtarttìoclápersoaclef|A: Quantlo eíesieÌìié pra lenlar reconciliqção, aí eu queria saber në na verdade o quefinía acontecitlo, né; e elà me explicou que thútt unú pessoa que era onde ele ta'nbëm lavana pensão, que ers uma pessoa, até eu nao ne lenbruva o nome desse rapai' e cru alé promim ter pasiado o none pra delegoda e ndo aí trõo deu tentpo' ea jó vim aqui pro iusliça, eeu achei un papel fatantto do ,apoz qre ero o dono ds casa' o rqpaz tlue ne-ria con papéìs

falsiJìcados ié,' ."*io com documeníos Íqlsiftcados, e era o rapaz Robson; ele clrcntava"Rotxon.

Só qu.e ld ele tem nt ouíro none. E esse Robson que era encarregado de pegar odfuheirc pra'pagar o aluguel da casa, o primeiro emprego algumo coísa assitn;J; lQ nlAS. COnIU 0t , c a l !A: Aí essa 4hegou,nl aeroporto tudo, foratn buscar ela, e ela ficou na casa desseI<obsofi quc ers Pra erc que au rcria que passar esse dinheiro' Era pro dotro da casa' E disseque ela passou esse tlinheiro pra ele;,l:O seu narido teJàlou isso?A:O meu evnarido me tlisse isso;J:Seu ex-marído lhe disse isso?A:Disse isso, e quecoisas né:J: E por que ë que elctenvolvetr vocês se aconteceu isso?Ela teve olgwn problena cottl o selt

eu tlueria saber tla verdade né porque tqvu acontecendo lodas essas

mcu'iclo ló?A:Disse que ela faktu lti né, petliu pra esse rupaziá, o Robson' pediu pra que ele devolvessepelo menos am pottco do ainheiro'dela' Aí diise que ele respondeu pra ela' falou assin "Ert'le

arrumei o prímeiro enprego. Você não quis' Disse que era mrito Pesado.' E agora você ta

morafldo na casa' como é que eu vou devolver o dinheiro"' Aí disse q'rc ela Jalou 4sstnt nc'

" E,rtão cotrto eu ttdo lenhï como fazer ningutin vir procurqr vocês aqui' eu vou alrás da

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Gislaine e vou qÍrás da agência pra pegar o meu dinheiro de volta,';J:Ah. foi isso então?A:É:J:Mas ela só./èz isso cluando ela ja estqva no Brasil?Á:Quando ela veío pro Brasil;J:Quando ela retornou?A:8, porque daí eu não tava sabendo de nada;J:Então, na verdade, esses I200 euros teriatn sìdo entregues pro Rohson lti na França?A:Pro Robson na França, porque ele que era o dono da cast;J;Ta certo. O Seu narido nào recebeu esse dinheiro?Á:Não recebeu dinheiro nenhum;J:Dr. Pode continuer pergntand0:D: Excelência. eu gostaria de saber se ela sqbe se o e.r ntarido del(i conunicou a ela qual seriaesse emprego pesado que ela se referiu?A:Então seriq utn servìço pra ela traballtar num café né, Iavantlo loaças de restauranÍeqssün essas coisas, E não sei uito betn se eram 8, l0 horas de semiço, E ela disse qre nãoque era serviço muilo pesado porque aquì elu cuidava de idosos;J:Ta certo, Dr. pode continuar;D;Excelência, eu qneria de saber se ela sal:e algo nais dessa pessoa de Robson Ere ela alegaque o ex-ntarido dela Jblou que ele que serìo o responsável pela casa la?A:Enlão esse Robson ãté agora, Jinal de maio, eu fquei sabendo que ele foi preso lti naFrqnça lorque pegarsn urna cosa que ele tinha né con vdrios brasìleìros que pagovan,né..., o dìnheíro o aluguel pra ele, e elefoi pego con tndquinas de folsiJicar docunentos trè,ilegal, e dkse que ele foi prcso com essas documentação dentro de cosa, tudo lalx,naquinário né, então disse qrc ele ta preso ld agora. Foi agora fìnalzinho de maio qrc issoaconÍeceu, disse que as policia Jìzeram.-- foram ld né um monte de polícia nu casa dele epegaranr o pessoal. Ta todo nu,úlo preso;D: Sqtísfeito Excelência.J; Dou por encerrado."

Entrctanto, a própria acusada sc contradiz cÌn dcpoirncntos antcriorcs. Vcjarnos.Ern Juízo, afirmou que permaneccu na França, cntrc 2006 e 2007, na companhia

co-róu RENIVALDO. Todavia, em depoimento prestado à autoridade policial federal no30/0812007, ou seja, depois de seu retomo da França, afinnou "QUE são inverídìcas as

dodiaacusaÇões afrmadas po, - coníra a interrogada; t...1 QUE, depoìs delet"r denuncíado esses.fotos a Polícia Federal, em um dos contatos que íeve comRENIVALDO explicou o que estavo acontecendo no Brasil, sendo que este dìsse que nàopoderia explicar nada sobre esses _fàíos: QUE na verdade nem sabe qual é a atividadeprortssional de RENIVALDO na FranÇa, iníormando que não sabe dizer se o mesmoenconÍra-se legaÌmente no exlerìor: [...J" -

Como visto, são várias as contradições. Todavia, essas incongruências.isoladamente, não indicarn, com razoável grau de ccÍeza, o envolvimento doloso da acusadano fato delituoso sLtb iudice.

As inconsistôncias e contradiçõcs aqui esposadas, dc fato, geram suspciçãoacerca da conduta dos acusados, lnas não respondem satisfatoriamente às indagações listadasno início da presente cxposição, quais sejam: (a) qual é a exâta participação de cada umdos acusados no episódio em questão: se, consciente e voluntariamente, promoveram oufacilitaram a saída delfpara cxercer a prostituição no estrangeiro, ou sc agcnciaram,aliciararn, transpoÌ'taram, transferiram, alojalarn ou colnpraraln rclerida pessoa, com ocoúecimento dessa condição, ou, ainda, sc concorreram para a prática, por tercairo, dc taiscondutas; (b) qual a motivação do ingresso e da permanência delJemParis/França: se a finalidade visada era o exercício da prostituição ou de outra atividadclaboral ou silnplesmente de estudos; (c) quais os fatos ocorridos em Paris/Frânça, que

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rnotivaram o rápido retomo depcmlaneceu por mcnos dc l0 (dcz) dias.

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para o Brasi l . cis quc por lá

Configurada a dúvida insanável, a absolvição se irnpõe.

III.- DISPOSITIVO

Diantc do exposto, nos teÌmos da fundamentação, julgo IMPROCEDENTE apÌ'etensão veiculada na.denúncia para ABSOLVER os acusados JOSE ROBERTO VIETRAe GISLAINB ANDREIA DA SILVÀ da imputação da prática do crime tipificado no arrigo231 do Código Penal, com fundamento no artigo 386, inciso Vil, do Código de ProccssoPenal.

Publique-se Rcgistre-se. Intimern-se.

Transitada em iulgado:

l. Comunique-se a absolvição aos Institutos de Identificação para os quaislorarr requisitados os anteccdentes crirninais dos réus.

2. Atualizem-se scus dados pcssoais no SINIC.

3. Arquivem-se os autos, com as anotações e comunicações necessárias.

Maringá, 26 de agosto de 2009.

Adelcio Ferreira

.. Veja-se que não há um único elemento probatório que indique o pagamento deum rnil e d.uzenros eu'os de l!! aos acusados, seja a título de despesaúe viagem,seJa a titulo de contraprestação pela intermediação, seja a título de comissão. Não forarnjuntados recibos ou extratos de movimentaçâo bancária que evidenciassem o pagamento,assim como inexiste testemunha que o confirme. Vale lembrar que o intuìto de lucro, emboranào integre o tipo penal como elcmentar, é um elelnento seguro para demonstrar a presençade dolo na conduta do sujeito ativo do crime sob exarre.

Em idêntico sentido, não há uma única testemunha ou inlormante oue confirme.ainda que parcialmente, a versão aprcsentada pela vítimalEf, no quà diz rcspcitoao exercício da prostituição em ParislFrança.

Cefiamente a prova dcssc fato não é fácil, eis quc ocorrido em país cstrangciro,sendo a palavra da vítirna urn importante fator a ser considerado. Entretanto, o depoimento davítima deve ser, de alguma forma, comoborado por outros elementos de convicção.Isoladamente não tern aptidão para embasar o decreto condenatório.

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Juiz Federal Substituto

RECEBIMENTO, PUBLICAÇÃO E REGISTRO DE SENTENÇA

Em __J ___.12009, recebi os autos do MM. Juiz Federal / Substituto com asentença prolatada e tomei-a pública, em Secretaria, para os fins do art. 389 do Código deProcesso Penal. Em seguida, efetuei o registro da sentença por meio eletrônico.

Rogério Madeira Femandes - Diretor de Secretaria

Crìado por [DTA] Versao I l2] por DTA Em: 26108/2009 2: l3:24 PM | 37859521VeiÍicado erLr 13: rq:or oqrmzrz l\S

lMovimentadol

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