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1 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA - IETEC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA INOVAÇÃO EM EMPRESAS FÉLIX FERREIRA RIBEIRO GESTÃO DA INOVAÇÃO NAS EMPRESAS ESTUDO DE CASO NANSEN S/A BELO HORIZONTE, ABRIL DE 2011

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1

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA - IETEC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM

GESTÃO DA INOVAÇÃO EM EMPRESAS

FÉLIX FERREIRA RIBEIRO

GESTÃO DA INOVAÇÃO NAS EMPRESAS

ESTUDO DE CASO NANSEN S/A

BELO HORIZONTE, ABRIL DE 2011

2

FÉLIX FERREIRA RIBEIRO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTUDO DE CASO DA EMPRESA NANSEN S/A

Monografia apresentada à Coordenação

do Instituto de Educação Tecnológica -

IETEC, para a obtenção do título de

especialista em Gestão da Inovação em

Empresas.

Professores-orientadores:

Profª Terezinha Araújo (MSc)

Prof. Sérgio Viegas (Engº)

Prof. Ivo MIchalick (Dr.)

Prof. George Leal Jamil (Dr.)

Prof. José Henrique Diniz (Engº)

BELO HORIZONTE, ABRIL DE 2011

3

AGRADECIMENTO Agradeço aos professores do curso pela dedicação, aos

colegas de turma pelo companheirismo e troca de

experiências, à Nansen pela oportunidade e a minha

esposa Regina Perillo pela compreensão e apoio.

4

“Estou aqui para dizer que nós, nos

EUA, não apenas observamos seus

sucessos, mas torcemos por ele.

Juntas, duas das maiores economias

do mundo podem trazer crescimentos.

Precisamos de um compromisso com a

inovação e com a tecnologia”

Barack Obama, 20 de março de 2011,

Theatro Municipal, Rio de Janeiro.

5

RESUMO

Este trabalho foi baseado nas disciplinas do curso de pós-graduação de

Gestão de Inovação nas Empresas tendo como base um estudo de caso da empresa

Nansen S/A Instrumentos de Precisão. Ele traz um resumo sobre as disciplinas

estudadas: Criatividade para Inovação, Gestão da Inovação, Gestão de Projetos,

Gestão Estratégica de Marketing e Gestão de Recursos para Inovação. Ao final são

apresentadas algumas recomendações para a empresa em estudo.

Palavras-chave: Inovação; Criatividade; Gestão da Inovação; Ideias; Estratégia para Inovação.

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Sistema de Gestão de Ideias 15

Figura 2 – Matriz da Inovação 22

Figura 3 – Exemplo de Roadmap Tecnológico 25

Figura 4 – Modelo Stage-gate 28

Figura 5 – Visão geral da gestão de portfólio 37

Figura 6 – Modelo Diamante 38

Figura 7 – As 5 Forças de Porter 41

Figura 8 – Estratégia Competitiva de Porter 42

Figura 9 – Estratégias deliberadas e emergentes. 43

Figura 10 – Matriz BCG. 47

Figura 11 – Matriz GE 48

Figura 12 – Ciclo de Vida dos Produtos. 49

Figura 13 – Matriz Ansoff 50

Figura 14 – Inovação Tecnológica e Inovação de Mercados 51

Figura 15 – Inter-relações do SGRI 53

Figura 16 – Dimensões do SGRI 55

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Competências e Retornos 44

Tabela 2 – Porte das empresas 56

8

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANPEI – Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas

Inovadoras

BCG - Boston Consulting Group

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos

ICT – Instituição Científica e Tecnológica

IETEC - Instituto de Educação Tecnológica

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

OCDE - Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento

OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual

PAPPE - Programa de Apoio a Pesquisa em Empresas

PMBOK - Project Management Body of Knowledge

PMI - Project Management Institute

RETEC - Rede de Tecnologia de Minas Gerais

RHAE - Recursos Humanos para Atividades Estratégicas

SECTES - Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MG)

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2. CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................... 13

3. CRIATIVIDADE E LIDERANÇA ............................................................................. 14

3.1. Sistema de Sugestões ................................................................................... 15

3.2. Pensamento Lateral ....................................................................................... 17

3.3. Tempestade de Ideias .................................................................................... 18

3.4. Jogo dos Seis Chapéus ................................................................................. 19

3.5. Liderança e Inovação ..................................................................................... 20

4. GESTÃO DA INOVAÇÃO ...................................................................................... 20

4.1. Intensidade da Inovação ................................................................................ 21

4.1.1. Inovações Incrementais .......................................................................... 22

4.1.2. Inovações Semi-radicais ......................................................................... 22

4.1.3. Inovações Radicais .................................................................................. 23

4.2. Tipos de Inovação .......................................................................................... 23

4.2.1. Inovação em Produtos/Serviços ............................................................. 23

4.2.2. Inovação em Processos .......................................................................... 23

4.2.3. Inovação em Negócios/Marketing ........................................................... 23

4.2.3. Inovação em Gestão ................................................................................ 24

4.2.4. Inovação Tecnológica .............................................................................. 24

4.3. Roadmap Tecnológico ................................................................................ 24

4.4. Sistema de Indicadores para Processo de Inovação ................................... 25

4.4.1. Indicadores de Intensidade ..................................................................... 25

4.4.2. Indicadores de Processo ......................................................................... 26

4.4.3. Indicadores de resultado ......................................................................... 26

4.5. Inovação em Rede e Inovação Aberta........................................................... 26

4.6. Modelo de Processo para Inovação .............................................................. 27

5. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................................... 28

5.1. Projetos ........................................................................................................... 28

5.2. Processos e Áreas de Conhecimento ........................................................... 29

5.2.1. Iniciação ................................................................................................... 29

5.2.1.1. Elaborar o Termo de Abertura do Projeto ........................................... 30

5.2.1.2. Identificar Partes Interessadas ............................................................ 30

5.2.2. Planejamento ........................................................................................... 30

5.2.2.1. Definir o Escopo ................................................................................... 31

5.2.2.2. Desenvolver o Cronograma ................................................................. 31

10

5.2.2.3. Desenvolver o Orçamento .................................................................... 31

5.2.2.4. Planejar Aquisições .............................................................................. 31

5.2.2.5. Planejar Recursos Humanos ................................................................ 32

5.2.2.6. Planejar a Qualidade ............................................................................. 32

5.2.2.7. Planejar as Comunicações ................................................................... 32

5.2.2.8. Planejar o Gerenciamento dos Riscos ................................................ 32

5.2.3. Monitoramento e Controle....................................................................... 33

5.2.3.1. Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto ...................................... 33

5.2.3.2. Realizar o Controle Integrado de Mudanças ....................................... 33

5.2.3.3. Verificar e Controlar o Escopo ............................................................. 33

5.2.3.4. Controlar o Cronograma....................................................................... 34

5.2.3.5. Controlar os Custos .............................................................................. 34

5.2.3.6. Realizar o Controle da Qualidade ........................................................ 34

5.2.3.7. Reportar o Desempenho ....................................................................... 34

5.2.3.8. Monitorar e Controlar os Riscos .......................................................... 34

5.2.3.9. Administrar Aquisições ........................................................................ 34

5.2.4. Execução .................................................................................................. 34

5.2.4.1. Orientar e Gerenciar a Execução do Projeto ....................................... 35

5.2.4.2. Realizar a Garantia da Qualidade ......................................................... 35

5.2.4.3. Gerenciar a Equipe do Projeto ............................................................. 35

5.2.4.4. Distribuir Informações .......................................................................... 35

5.2.4.5. Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas .......................... 35

5.2.4.6. Conduzir as Aquisições ....................................................................... 36

5.2.5 Encerramento ............................................................................................ 36

5.2.5.1 Encerrar o Projeto ou Fase ................................................................... 36

5.2.5.2. Encerrar as Aquisições ........................................................................ 36

5.3. Gestão de Programa e Portfólio .................................................................... 36

5.4. Modelo Diamante de Gestão .......................................................................... 38

6. ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA INOVAÇÃO ........................................... 39

6.1. Alvos para Inovação ....................................................................................... 40

6.2. Ferramentas Estratégicas – 5 Forças de Porter ........................................... 40

6.3. Estratégias Competitivas Genéricas ............................................................. 41

6.4. Estratégia de Mercado ................................................................................... 42

6.5. Estratégia Deliberada e Emergente de Mintzberg ........................................ 42

6.6. Análise do Ambiente Interno ......................................................................... 43

6.6.1. Competências .......................................................................................... 43

11

6.6.2. Burocracia ................................................................................................ 44

6.6.3. Análise SWOT .......................................................................................... 44

6.7. Gestão do Conhecimento .............................................................................. 45

6.8. Orientação de Marketing ................................................................................ 46

6.9. Estratégias Competitivas de Treacy e Wiersema ......................................... 46

6.10. Matriz BCG (Boston Consulting Group ....................................................... 46

6.11. Matriz GE ....................................................................................................... 47

6.12. Ciclo de Vida dos Produtos ......................................................................... 48

6.13. Matriz de Ansoff ........................................................................................... 49

6.14. Matriz Inovação de Tecnologia e Inovação de Mercado ............................ 50

7. GESTÃO DE RECURSOS PARA INOVAÇÃO ....................................................... 51

7.1. Definições ....................................................................................................... 51

7.2. Sistema de Gestão de Recursos para Inovação - SGRI ............................... 53

7.3. Dimensões do SGRI ....................................................................................... 54

7.4. Fontes de Recursos para Inovação .............................................................. 55

7.4.1. Recursos Financeiros .............................................................................. 56

7.4.1.1. Subvenção Econômica ......................................................................... 56

7.4.1.2. Financiamentos ..................................................................................... 57

7.4.1.3. Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades

Estratégicas (RHAE) .......................................................................................... 57

7.4.1.4. Incentivos Fiscais ................................................................................. 57

7.4.1.5. Capital de Risco .................................................................................... 58

7.4.1.6. Fundos Setoriais ................................................................................... 59

7.4.1.8. Resumo de Fomentos para Inovação .................................................. 59

7.4.2. Recursos não Financeiros ...................................................................... 61

7.5. Gestão da Propriedade Intelectual ................................................................ 62

8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 63

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 66

ANEXOS .................................................................................................................... 68

ANEXO 1 – Pesquisa Dimensão da Gestão Estratégica da Inovação ..................... 68

12

1. INTRODUÇÃO

Apesar de não ser um tema novo, o termo inovação vem ganhando cada

vez mais espaço na mídia, nos livros e nas organizações. Toda empresa busca

aumento de produtividade e competitividade e uma das maneiras de conquistar

esses objetivos é por meio da inovação. No Brasil, o tema ainda é novo para as

empresas assim como para o governo, que só há praticamente uma década

vem sistematicamente apoiando atividades inovadoras por meio de linhas de

fomento e financiamentos para setores estratégicos.

A concorrência acirrada também é outro fator que vem forçando

empresas a se adaptarem aos novos padrões impostos pelo mercado. Nesse

contexto, só sobreviverão empresas que conseguirem se adaptar às regras

cada vez mais rígidas. Para isso, torna-se obrigatório que as empresas ajustem

processos, estruturas, conquistem novos mercados e mantenham um portfólio

de produtos cada vez mais alinhado às demandas e variações do mercado.

A busca pelo sucesso passa por uma gestão eficaz. Nesse sentido a

gestão da inovação buscará tratar os recursos e processos para que as

empresas consigam cada vez mais minimizar riscos futuros. Usar ferramentas

de gestão é preocupar-se com o futuro. E o futuro começa no presente.

Existem dois manuais internacionais bastante difundidos que tratam o

conceito de inovação - Manual de Frascati e Manual de Oslo. O primeiro teve

início em 1963 na Villa Falcioneri, na região de Frascati, Itália, quando

especialistas propuseram a primeira versão de um documento que visava

padronizar a terminologia em Pesquisa e Desenvolvimento utilizada pelos

diversos países da OCDE - Organização para Cooperação Econômica e

Desenvolvimento.

O Manual Frascati foi lançado em 1994 e ajudou empresas na

compreensão da importância da P&D e da inovação para o desenvolvimento.

Também possibilitou a comparação e o monitoramento estatístico destas ações

em diversos países.

Segundo o Manual Frascati, “Inovação é a introdução, com êxito, no

mercado, de produtos, serviços, processos, métodos e sistemas que não

existiam anteriormente ou contendo alguma característica nova e diferente da

até então em vigor. Compreende diversas atividades científicas, tecnológicas,

organizacionais, financeiras, comerciais e mercadológicas. A exigência mínima

é que o produto/processo/método/sistema deva ser novo ou substancialmente

melhorado para a empresa em relação a seus competidores”.

13

Já o Manual de Oslo, que teve sua primeira versão lançada em 1990,

tem como objetivo orientar e padronizar conceitos e metodologias, bem como

estabelecer as bases estatísticas e indicadores de P&D de países

industrializados. Segundo esse manual, “Inovação é a implementação de um

produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um

processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método

organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho

ou nas relações externas”.

Qualquer que seja o conceito, o esperado é que a inovação traga valor

para as empresas. E dentro dessa linha, o valor pode ser econômico (redução

de despesas, aumento de receitas etc.), estratégico (valorização da marca,

novo modelo de negócio etc.) ou qualquer outra forma importante para a

empresa.

Este trabalho aborda temas relevantes para abordar a gestão voltada

para a inovação nas empresas. Serão vistos aqui ferramentas utilizadas para

melhorar o uso da criatividade e liderança, gestão estratégica para inovação,

gestão de projetos, gestão de marketing e gestão de recursos.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

A Nansen, empresa situada em Minas Gerais no município de

Contagem, atua no segmento de soluções para medição e gerenciamento de

energia elétrica, sendo seus principais clientes distribuidores de energia elétrica

no Brasil e na América Latina.

A empresa começou com a produção de aparelhos cirúrgicos. Em 1937,

iniciou atividades na fabricação de hidrômetros, indicando sua vocação para o

segmento de medição e para a inovação. A Nansen se destacou como a

primeira indústria nacional a fabricar e exportar hidrômetros residenciais e

industriais além de ser pioneira no estabelecimento de parcerias para a

transferência de tecnologias internacionais para o Brasil.

A atuação no ramo de gerenciamento de energia veio em 1970 com a

produção de medidores de energia eletromecânicos com tecnologia 100%

nacional. Em 1980, passou a fabricar os instrumentos de testes e, em 1995,

iniciou a comercialização de seus medidores eletrônicos, produtos de alta

tecnologia e com grande aceitação pelo mercado.

Atualmente o maior negócio da empresa está na divisão de medidores

cujos produtos principais são medidores eletrônicos e eletromecânicos de

energia elétrica. Esses medidores atendem os segmentos de consumidores

14

residenciais, comerciais, industriais e rurais. Além da medição de energia

elétrica, esses equipamentos são destinados à redução de fraudes, combate a

perdas, corte e religamento remoto, uso em redes de distribuição inteligente,

entre outras aplicações.

Outra área que vem ganhando destaque nos últimos anos é a divisão de

Soluções em Medição de Energia que atua no gerenciamento do consumo,

eficiência energética, automação da medição, sistemas de controle da medição

para redução de perdas comerciais, gerenciamento de carga com corte e

religamento de pontos específicos, entre outras funcionalidades.

A Nansen está organizada em uma estrutura hierárquica, composta das

seguintes áreas: Presidência, Diretoria Comercial, Diretoria de Engenharia,

Vendas, Marketing, Suporte Técnico, Produção, Sistemas de Informação,

Logística, Engenharia de Desenvolvimento, Engenharia de Processos

Industriais e Qualidade, Controladoria e Finanças e Gestão de Pessoas. A

empresa conta atualmente com 300 colaboradores diretos.

O momento atual para o negócio de energia elétrica é de altíssima

concorrência com a transição tecnológica do medidor eletromecânico para o

eletrônico e a introdução das redes inteligentes de distribuição ou Smart Grid.

Apesar da instabilidade no mercado, esse fato apresenta novas oportunidades

de negócios e novos desafios. E é nesse contexto que a Nansen vive seu dia a

dia. A inovação sempre foi e continuará sendo uma marca para a empresa.

3. CRIATIVIDADE E LIDERANÇA

Estimular a criatividade dentro de uma empresa é abrir o leque para

novas opções. Mudanças constantes no ambiente corporativo exigem novas

formas de trabalho. Daí a importância de se estimular a criatividade dentro de

uma empresa. E dentre as ferramentas clássicas para estimular um pensar

criativo, temos: sistema de sugestões, pensamento lateral, tempestade de

ideias, jogo dos seis chapéus.

Neste capítulo será descrita cada uma das ferramentas para trabalho

com ideias e seu uso dentro do contexto da gestão da inovação nas empresas.

Além disso, serão apresentados alguns pontos sobre a importância da

liderança neste processo.

15

3.1. Sistema de Sugestões

Ideias precisam ser sempre valorizadas e tratadas com presteza para

que possam ser exploradas ao máximo e gerem valor para as empresas. Um

sistema de gestão de ideias é um excelente canal para administrar novos

conceitos gerados por colaboradores, terceiros, fornecedores e clientes.

Basicamente, o fluxo de um sistema de gestão de ideias pode ser visualizado

na figura 1.

Figura 1 – Sistema de Gestão de Ideias

Para uma gestão efetiva das ideias geradas é necessário que a empresa

disponibilize um grupo para administrar as ideias. Esse grupo será responsável

por recolher as ideias geradas, fazer uma avaliação inicial e colher mais

informação, caso necessário, registrar a ideia em um banco de dados para

futuras consultas, administração e mensuração de resultados gerados,

acompanhar os resultados gerados pela implementação de uma ideia,

reconhecer as ideias implementadas, comunicar desafios e resultados para a

empresa e fazer a avaliação do andamento do próprio sistema de gestão de

ideias.

Um sistema de gestão de ideias vai precisar do apoio dos gestores da

empresa para incentivar os colaboradores na geração de ideias e no pensar

16

criativo. O gestor precisa estar preparado para não se tornar um “assassino de

ideias”. Toda ideia deve ser tratada como uma boa ideia. A receptividade da

primeira ideia gerada por um colaborador poderá ser muito representativa para

ele e poderá abrir ou bloquear suas futuras contribuições. É importante que o

gestor tenha um cuidado especial no tratamento das ideias geradas para que o

programa consiga tirar o maior proveito possível.

Outros pontos recomendados por especialistas no assunto de geração

de ideias é que o sistema deve ser simples e ágil. O uso de um formulário

simples já demonstra para os colaboradores que toda ideia é bem-vinda. Um

formulário simples, seja eletrônico ou em papel, mostra que o importante é a

ideia em si e não o sistema idealizado pela empresa.

Também recomenda-se que toda ideia tenha seu respectivo feedback

oportuno, construtivo e informativo. É importante que o colaborador que gerou

uma ideia compreenda exatamente o motivo da ideia não ter sido

implementada ou da sua ideia ter sido avaliada e a conclusão chegada foi de

que ela não será implementada naquele momento. O feedback aumenta a

confiança no processo, estabelece um sistema de diálogo e ajuda no

aprimoramento das ideias.

Outro ponto importante que favorece a agilidade de um sistema de

gestão de ideias é que a avaliação da ideia seja realizada no nível em que a

ideia surgiu. Isso propicia melhores decisões e implementações mais rápidas.

A proximidade entre avaliador e o gerador pode servir como um estímulo ao

processo. Uma ideia aprovada terá uma parcela de responsabilidade do

aprovador.

A grande maioria das sugestões das ideias geradas em sistemas de

geração de ideias é simples e permite implementação imediata. Isso incentiva a

apresentação de novas ideias e também faz com que a empresa se beneficie

imediatamente dos resultados gerados pela ideia.

Após a ideia gerada e avaliada é necessário assegurar que se tenha os

recursos necessários para sua implementação. Algumas empresas utilizam um

sistema de autorização para implementação das ideias geradas. É

recomendável que os líderes da empresa tenham autorização para aprovar a

implementação de uma ideia até certo valor. Isso acelera o processo de

aprovação e garante que ideias simples possam ser rapidamente

implementadas.

Uma ideia também pode ser implementada em outros departamentos da

empresa. É importante que o avaliador tenha em mente o desdobramento que

17

uma ideia possa ter. A força do sistema de sugestões aumenta

exponencialmente quando se dá amplitude para pequenas ideias.

Com relação à forma de reconhecimento para quem gerou uma boa

ideia, não há consenso entre os especialistas. O reconhecimento é um fator tão

individual que torna difícil descobrir o que dá mais resultado. O consenso é de

que as pessoas apresentam ideias porque desejam que elas sejam utilizadas.

Em geral, as pessoas gostam do seu trabalho e querem contribuir para o

sucesso da organização. Assim, implementar uma ideia é uma forma muito

válida de reconhecer seu valor assim como dar o devido crédito a quem a

gerou.

Cada empresa deve buscar a melhor forma de reconhecimento para seu

sistema de gestão de ideias de acordo com sua cultura. De qualquer maneira,

sugere-se que um programa de comunicação dê suporte ao sistema de ideias

para divulgar rotineiramente os resultados do programa e os autores das

melhores sugestões implementadas.

Por fim, o sistema de ideias deve passar por uma avaliação constante

para verificar sua eficiência e propor suas próprias melhorias. O número de

ideias geradas é um bom indicador sobre o desempenho do sistema. Um

aumento ou redução repentina no número de ideais em determinada área ou

departamento pode servir como alerta sobre algo que esteja ocorrendo no

setor.

3.2. Pensamento Lateral

O pensamento lateral, ou pensamento criativo, consiste no pensamento

que foge dos padrões do raciocínio lógico formal. É aquele pensamento que

traça novos caminhos, que encontra desvios laterais, que é fora da lógica

convencional. Com o pensamento lateral podemos encontrar opções diferentes

para os problemas apresentados. Uma das maiores autoridades sobre o

pensamento lateral é Edward de Bono, nascido em Malta, graduado em

Psicologia, Medicina, Fisiologia e Filosofia.

Novas ideias não são necessariamente geradas por meio de processos

lógicos e racionais do pensamento. Trabalhar com inovação requer a utilização

de novas alternativas de novos pensamentos, do pensar diferente. Portanto,

uma empresa inovadora precisa permitir que pensamentos alternativos sejam

incentivados e aproveitados. Se estimuladas adequadamente, as pessoas

poderão descobrir soluções inéditas para problemas aparentemente insolúveis.

18

Durante vários anos, o neurobiologista e fisiologista americano Roger

Sperry investigou pacientes que sofriam de epilepsia e descobriu que os

hemisférios cerebrais têm funções diferenciadas e complementares. Segundo

seus estudos o lado direito do cérebro é responsável pela intuição, criatividade,

imaginação, curiosidade, surpresas, está mais em contato com o inconsciente,

com a emoção. Já o lado esquerdo representa a segurança, é lógico, analítico,

sério, processa dados de forma racional.

Assim, para estimular o hemisfério direito, que é mais criativo e intuitivo,

pode-se lançar mão de “provocações” para gerar ideias criativas. Uma forma

de se fazer isso é através de convites para que as pessoas tragam propostas

inovadoras com o uso de frases incentivadoras como “E se...?” e “Porque

não...?”. Esse tipo de técnica ajuda a romper os bloqueios que censuram e

inibem nosso potencial criativo e estimulam o pensamento lateral, inovador,

original, levando a um pensar livre, aberto, ousado.

Entre as atitudes para manter um clima criativo em uma empresa temos:

acreditar que existe uma segunda resposta certa, dar tempo para que uma

ideia cresça, pois elas não nascem perfeitas, colocar em cheque soluções que

“até hoje deram certo”, eliminar o medo no ambiente de trabalho, encorajar os

colaboradores a apresentar novas ideias, manter um clima de bom-humor,

valorizar a mudança.

3.3. Tempestade de Ideias

Criada pelo publicitário norte-americano Alex Osborn em 1953, essa

técnica, também conhecida como brainstorming, consiste na promoção do

maior número possível de ideias sobre um tema em um espaço de tempo

determinado, buscando a livre expressão, fluência e flexibilidade mental, em

um clima de tolerância, produtividade e prazer.

Nessa técnica, um grupo recebe a missão de gerar ideias para

solucionar um determinado problema. Todas as ideias geradas são registradas.

É importante mencionar para o grupo que não há restrições para os tipos de

ideias. Todas devem ser bem-vindas, ainda que aparentemente sem sentido.

Um organizador deverá marcar o tempo para que o grupo produza as ideias.

Quanto mais multidisciplinar o grupo, melhor para que as ideias sejam

diferentes.

Após a geração das ideias, inicia-se a etapa de seleção das melhores

ideias. Essa é uma atividade importante e crítica no processo de solução de

problemas. Uma análise descuidada pode por a perder frutos de uma boa

semente. Nesse momento, a tendência natural é fazermos uma comparação

19

entre essas ideias, usando-se critérios como viabilidade técnica, econômica,

política etc. As ideias, então, passam por um processo de eliminação sucessiva

até restar uma única ideia.

Uma forma de evitar que boas ideias sejam desperdiçadas é a utilização

de classificações variadas. Assim podemos usar critérios como grau de

inovação, facilidade de execução, custo de implementação etc. Ao final,

teremos um conjunto de boas ideias, o que pode levar a opções mais ricas e

que poderão ser retomadas em outras oportunidades.

Um dos princípios do brainstorming está no atraso do julgamento. Nosso

estilo de educação nos ensina a julgar uma ideia antes de liberar a mente para

opções criativas. O fato de se ter uma fase onde a ideia não será julgada

permite que nossa mente libere a criatividade antes de julgar a ideia. Assim o

atraso no julgamento é uma excelente técnica para se conseguir boas ideias.

3.4. Jogo dos Seis Chapéus

Este método, criado por Edward de Bono, responsável pela criação do

termo “Pensamento Lateral”, é uma ferramenta simples e poderosa para

desenvolver a flexibilidade de pensamento em indivíduos. A pessoa é

convidada a pensar sobre vários pontos de vista de acordo com o chapéu que

está usando. Cada cor do chapéu está relacionada a um tipo de pensamento.

Esse processo de organizar o pensamento busca diminuir a

complexidade e permitir ao pensador lidar com uma coisa de cada vez. O

processo pode ser usado individualmente, mediante uma troca autoconsciente

de chapéus (e consequentemente de pontos de vista). Pode também ser usado

coletivamente desde que todos os participantes de uma reunião conheçam o

método.

Chapéu Branco: É neutro, está ligado a informações: Que informações temos?

Que informações estão faltando? Quais informações gostaríamos de obter?

Chapéu Vermelho: Tem a ver com sentimentos, emoções, palpites. O chapéu

vermelho dá permissão ao indivíduo para expressar o que está sentindo, sem

precisar de justificativas ou explicações: Não gosto como isto está sendo feito.

Minha intuição é que os preços vão cair. Sinto que este projeto pode melhorar.

Chapéu Preto: É o chapéu da cautela que nos impede de cometer erros, de

fazer coisas tolas. Corresponde ao julgamento crítico. Mostra porque uma coisa

20

não deve ser feita, porque não será lucrativa. É um chapéu valioso, mas não

deve ser usado em excesso.

Chapéu Amarelo: É o otimismo. Visão lógica positiva das coisas. Busca a

viabilidade, os benefícios. Toda ideia criativa merece uma atenção do chapéu

amarelo. Energia, positivismo, brilho. Estímulo do pensamento lógico-positivo

Chapéu Verde: O verde é o pensamento criativo, inovador. É o chapéu das

novas ideias para estabelecer novas hipóteses e possibilidades. Ele pede

novas alternativas. Criatividade e ousadia.

Chapéu Azul: É o controle dos processos. Pensa a respeito do pensamento

que está sendo usado. Ele pede resumo, conclusões, decisões, sugere o

próximo passo. O chapéu azul é para organizar e controlar o processo do

pensamento de forma que ele se torne mais produtivo.

A grande vantagem do uso dessa ferramenta é poder mudar o modo de

pensar imediatamente e sem ofensas. Se você disser para alguém deixar de

ser tão negativo, pode ser que ele se ofenda. Mas se disser para usar o chapéu

verde, não haverá ofensa. Depois de algum tempo, os Seis Chapéus passam a

fazer parte da cultura corporativa e são usados livre e automaticamente para

solicitar modos de pensar.

3.5. Liderança e Inovação

Para transformar ideias em produtos e serviços lucrativos será

necessária a existência de uma boa liderança ao longo de toda a empresa.

Essa liderança deve partir do executivo-chefe, cuja grande responsabilidade é

administrar mudanças. A empresa precisará de liderança e administração para

alcançar uma ordem produtiva sem sacrificar a liberdade e a criatividade. Tanto

o pensamento estratégico quanto o planejamento corporativo requerem o

pensamento criativo. Se não houver inovação na diretoria, dificilmente isso vai

acontecer no nível da fábrica.

4. GESTÃO DA INOVAÇÃO

Esse módulo apresenta tópicos importantes a serem considerados na

gestão empresarial voltados para o gerenciamento da inovação nas empresas.

A inovação não acontece por acaso. O melhor resultado será obtido se a

empresa sistematizar os esforços necessários para que a inovação ocorra. Não

menos importante é que a estratégia de inovação esteja alinhada à estratégia

competitiva da empresa em suas várias dimensões.

21

A inovação precisa de terreno fértil. Ela acontecerá se a empresa tiver

foco definido, se forem disponibilizados recursos, se houver planos e

acompanhamento dos mesmos, se houver tolerância a riscos, se o ambiente

proporcionar a manifestação da criatividade. Não existe uma receita para a

gestão da inovação. Cada empresa deverá ter um processo ajustado às suas

necessidades, suas prioridades e sua disponibilidade de recursos.

As práticas de gestão estratégica da inovação têm como objetivo permitir

que os gestores atuem sobre os condicionantes estruturais dos mercados,

explorem novas oportunidades e criem vantagens competitivas sustentadas de

forma a garantir retornos sobre investimento superiores que os concorrentes.

Um bom começo para organizar a inovação em uma organização é fazer

uma reflexão sobre o assunto, conforme apresentado por Davila, Epstein e

Shelton (2006) nas sete regras para inovação:

1) Há condições de liderança efetiva para inovar?

2) As inovações propostas estão em sintonia com os focos estratégicos do

empreendimento?

3) Existe gestão de conflitos em torno da inovação?

4) Há fatores estruturais que dificultam a inovação na empresa?

5) A organização estende facilmente suas parcerias além de seus limites?

6) Há um sistema de indicadores que possibilite a reflexão sobre os

resultados de inovações?

7) Qual o tipo de retorno buscado pela empresa?

A cartilha da CNI apresenta também um interessante questionário

(Anexo 1) com 20 perguntas sobre os seguintes temas: método, ambiente,

pessoas, estratégia, liderança e resultados. É recomendável que a empresa

que deseje investir em inovação faça este diagnóstico com a participação da

alta administração, identifique os pontos que necessitam de melhorias, trace

um plano para atingir seus objetivos e faça o devido acompanhamento do

plano para sua inovação.

Para melhor compreensão da inovação serão apresentados a seguir

alguns conceitos sobre o tema.

4.1. Intensidade da Inovação

Outro ponto que poderá facilitar o entendimento da inovação em uma

empresa e assim direcionar onde concentrar seus esforços em pontos

estratégicos é o conceito de intensidade da inovação. Nesse quesito as

22

inovações podem ser classificadas como: incrementais, semi-radicais ou

radicais. A figura 2 mostra o diagrama da matriz da inovação apresentado por

Davila, Epstein e Shelton (2006).

Figura 2 – Matriz da Inovação

4.1.1. Inovações Incrementais

São consideradas inovações incrementais as pequenas alterações ou

modificações em produtos/serviços ou processos já existentes, frutos de

adaptações motivadas pelo uso, desgaste de imagem ou apreciação de

produtos ou marcas já esgotadas, obsolescência tecnológica, entre outros

fatores. Essas alterações correspondem à combinação de “algo novo com algo

velho”, ou seja, de plataformas já existentes com modificações ou adições

inovadoras de recursos e funcionalidades.

4.1.2. Inovações Semi-radicais

A inovação semi-radical é um estágio intermediário na mudança de

produtos/serviços ou modelo de negócios, onde há ruptura com um padrão ou

plataforma pré-existente. Uma inovação semi-radical, portanto, pode resultar

em uma forma diferenciada de atendimento aos clientes ou um novo

produto/serviço que nada tem a ver com o anteriormente oferecido.

23

4.1.3. Inovações Radicais

As inovações radicais acontecem quando um novo produto/serviço é

ofertado, envolvendo mudanças significativas no modelo de negócios

empregado para esta oferta.

4.2. Tipos de Inovação

O tipo de inovação também influenciará nos processos empresariais.

Eles podem ser classificados como: inovação em produtos/serviços, em

processos, em negócios ou em gestão.

4.2.1. Inovação em Produtos/Serviços

A inovação em produtos ou serviços consiste no lançamento de

produtos/serviços inéditos ou com melhorias nos existentes. Esse tipo de

inovação está voltada para o mercado. Portanto, vai demandar internamente de

processos capazes de monitorar o mercado e concorrentes para que se possa

aumentar as chances de sucesso. Internamente, a empresa precisará de

competências técnicas, envolvimento com parceiros, políticas de incentivo a

iniciativas inovadoras, métodos de acompanhamento, entre outras ações para

que a inovação em produtos ou serviços ocorra.

4.2.2. Inovação em Processos

As inovações em processos não são geralmente percebidas pelos

usuários. Consistem de modificações em processos resultando em economia,

agilidade de tempo e flexibilidade no fornecimento de um produto. Esse tipo de

inovação abrange, por exemplo, modificações na forma de fazer, reduções de

prazo de tarefas do processo produtivo, melhoria na alocação de pessoas em

tarefas ou melhoria na gestão de insumos com redução ou eliminação de

perdas. A inovação em processo envolverá diretamente mudança e cultura, o

que irá requerer da empresa esforços na administração dessas mudanças.

4.2.3. Inovação em Negócios/Marketing

Inovação em negócios/marketing são as ações para desenvolver novas

formas de valorização dos produtos/serviços e marcas entre os clientes,

alterando significativamente a percepção dos clientes diante do valor agregado.

24

4.2.3. Inovação em Gestão

As inovações em gestão envolvem alterações na forma de gestão como,

por exemplo, modificação na estrutura organizacional, redução no tempo de

processamento com o ambiente externo, mudança na imagem da empresa,

alteração na estrutura de prestação de serviços, mudança na comunicação

interna ou inter-empresarial. A inovação em gestão envolverá riscos, pois

estará tratando de mudanças, cultura empresarial, trabalho com a imagem da

empresa. Quando bem planejada, pode trazer grandes benefícios como

retornos financeiros, redução de custos, melhor identificação do cliente com a

empresa, entre outros.

4.2.4. Inovação Tecnológica

Inovação tecnológica pode ser considerada a colocação no mercado de

um produto (bem ou serviço) tecnologicamente novo ou substancialmente

aprimorado pela introdução na empresa de um processo produtivo

tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. A inovação

tecnológica pode atuar nos vários tipos e intensidade de inovação

apresentados anteriormente. A seguir são apresentados alguns pontos

importantes a serem considerados pelas empresas com relação às inovações

tecnológicas:

1) Fazer um acompanhamento da tecnologia para aplicação correta na

sua estratégia.

2) Avaliação contínua dos riscos envolvidos, pois uma inovação

tecnológica pode construir modelos de negócios instáveis.

3) Capacitação do pessoal.

4) Avaliação da existência real de mercado para a tecnologia

anunciada.

5) Avaliação do ambiente externo, mercado, clientes, fornecedores,

canais de distribuição, cultura (sistema associado à inovação

tecnológica).

6) Atenção para sinas de tecnologias de ruptura.

4.3. Roadmap Tecnológico

O Roadmap Tecnológico é uma ferramenta importante para empresas

que exploram a inovação tecnológica. Ele teve origem com a Motorola no final

dos anos 70 para alinhamento das estratégias de produto e tecnologia. Um

25

roadmap busca mostrar para a empresa onde ela está em um determinado

momento e como poderá chegar até o ponto onde a organização deseja estar.

O uso do Roadmap ajuda nas tomadas de decisão de investimento

frente às necessidades do negócio, constrói consenso sobre as principais

necessidades, apoia a priorização de desenvolvimentos, identifica gaps

tecnológicos e, ainda, serve como referência para coordenação de esforços de

P&D na empresa. A figura 3 mostra um exemplo de um roadmap tecnológico e

suas camadas.

Figura 3 – Exemplo de Roadmap Tecnológico

4.4. Sistema de Indicadores para Processo de Inovação

Tão importante quanto a decisão de investir em inovação será o

investimento em um processo sistemático de coleta de dados relevantes que

vão indicar como estão caminhando as ações em direção aos alvos definidos

pela empresa. A seguir serão apresentados alguns indicadores utilizados em

processos de inovação.

4.4.1. Indicadores de Intensidade

26

Investimento em P&D

Percentual do faturamento investido em P&D

Percentual de pesquisadores na organização

4.4.2. Indicadores de Processo

Taxa de sucesso de projetos

Time to market médio

Número de ideias geradas por unidade de tempo

Número de ideias implantadas por unidade de tempo

4.4.3. Indicadores de resultado

Faturamento com novos produtos nos últimos 2, 3 ou 5 anos

(dependendo do negócio em questão)

Índice de satisfação dos clientes

Ganhos de competitividade (redução de custos) com projetos de

inovação

Número de patentes registradas

Participação no mercado

Imagem/marca

Sugere-se que uma empresa eleja um conjunto de indicadores de

inovação que realmente façam sentido para o seu negócio. Cada indicador terá

suas vantagens e desvantagens. Por isso, uma avaliação sistemática é

indicada para verificar as medições estão fazendo sentido, onde pode ser

melhorada e o que pode ser eliminado. E sempre verificar se aqueles

indicadores estão alinhados com a estratégia da empresa.

4.5. Inovação em Rede e Inovação Aberta

O ambiente empresarial cada vez mais instável e incerto, comunicações

cada vez mais intensas, organizações cada vez mais interconectadas, redes

sociais cada vez mais abrangentes, tecnologias cada vez mais complexas e

aceleradas, tudo isso favoreceu o surgimento de redes de inovação

caracterizadas por vários agentes que vão se envolver e se ajudar para

conquistar resultados que sozinhos não seriam possíveis.

Entre os agentes das redes de inovação temos as Universidades e

Centros de Pesquisas, com suas pesquisas e conhecimentos, o Governo, com

27

suas políticas de incentivo à inovação e as Empresas, com seus

conhecimentos para transformar o conhecimento em produtos disponíveis para

o mercado. As necessidades cada vez maiores de conhecimento para os

processos de inovação favorecem e fortalecem estes tipos de relacionamento.

Assim com as redes de inovação, a inovação aberta se refere a um fluxo

aberto de conhecimento, no qual os recursos se movem facilmente na fronteira

entre empresa e mercado. Esse modelo apresenta algumas vantagens como

redução do ciclo de inovação, redução nos custos de desenvolvimento, acesso

a tecnologias e mercados emergentes e ampliação da capacidade de

desenvolvimento de novos projetos. Por outro lado, como desvantagem, temos

um menor aprendizado na organização, uma redução de competências para

inovação, possíveis conflitos sobre direitos de propriedade intelectual e

resultados e elevados níveis de incertezas.

4.6. Modelo de Processo para Inovação

Os processos de inovação vão propiciar a gestão e acompanhamento da

inovação empresarial. São eles que vão permitir a gestão da informação e do

conhecimento associados a uma inovação. Os processos são uma forma da

empresa se organizar para melhorar os resultados a serem atingidos. No caso

da inovação, vários modelos passam por estágios desde o início de uma ideia

até o lançamento de um produto.

Uns dos modelos mais utilizados para inovação é o “Stage-gate”. Esse

modelo é um processo geração, seleção e implementação de projetos de

inovação levando em consideração os objetivos do negócio. Uma das

vantagens do stage-gate é a antecipação de impasses comerciais e

tecnológicos, evitando o dispêndio de capital em projetos arriscados.

Cada estágio do modelo stage-gate compreende práticas bem definidas

para avaliação do mercado, dos riscos, das oportunidades, da contribuição

estratégica do projeto e do resultado financeiro do projeto. Cada empresa pode

estruturar o modelo de acordo com seu negócio. A figura 4 mostra um modelo

com cinco gates ou portões de decisão.

28

Figura 4 – Modelo Stage-gate– Fonte: Stage-Gate International

5. GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Projetos são o dia a dia nas empresas inovadoras. Novos produtos,

novos processos, novos mercados, novo modelo de gestão, mudanças. Tudo

isso é motivo para empreender em um novo esforço para atingir objetivos,

ganhar mercados, reduzir custos, aumentar a competitividade. O

gerenciamento de projetos traz técnicas e ferramentas de grande utilidade para

que uma empresa aumente suas chances de sucesso na execução de seus

projetos. No caso de projetos de inovação tem-se, normalmente, um maior grau

de risco, necessitando ainda mais dos benefícios de uma boa gestão.

Este capítulo traz os principais pontos sobre o gerenciamento de

projetos de acordo com o conjunto de conhecimento difundido pelo Project

Management Institute – PMI e também algumas características e cuidados a se

tomar quando na gestão de projetos ligados à inovação.

5.1. Projetos

As empresas trabalham com operações e projetos. As operações são

uma função organizacional que realiza a execução contínua de atividades que

produzem o mesmo produto ou fornecem um serviço repetitivo. Já um projeto

pode ser definido como um esforço temporário empreendido para criar um

produto, serviço ou resultado exclusivo. A necessidade para a realização de um

projeto pode surgir devido a uma demanda de mercado, uma nova

necessidade para o negócio da empresa, uma solicitação de um cliente, um

requisito social ou, ainda, devido a uma necessidade social.

Uma das características de projetos é que eles têm início e fim. Um

projeto pode chegar ao final por vários motivos: os objetivos são atingidos, é

constatado que os objetivos não poderão mais ser atingidos ou a razão de ser

do projeto não mais existe devido a diversos fatores como, por exemplo, uma

mudança drástica nos rumos da empresa.

29

Um dos guias mais difundidos do mundo sobre gerenciamento de

projetos é o PMBOK (Project Management Body of Knowledge – Conjunto de

Conhecimento sobre Gerenciamento de Projetos). O PMBOK vem sendo

publicado e mantido pelo PMI (Project Management Institute) desde 1987. O

PMBOK apresenta as melhores práticas de gerenciamento de projetos e será a

referência para este capítulo.

O responsável pela condução de um projeto é o gerente de projetos. Ele

é a pessoa designada pela organização executora para atingir os objetivos do

projeto. Para conseguir atingir os objetivos, será exigido do gerente de projetos,

entre outras características, conhecimento sobre gerenciamento de projetos,

desempenho, capacidade de liderança, negociação e habilidade de

comunicação. Dependendo da estrutura da empresa, o gerente de projetos

poderá se reportar a um gerente funcional ou a um gerente de portfólio ou

programa. O tipo de estrutura normalmente influencia na autoridade do gerente

de projetos.

5.2. Processos e Áreas de Conhecimento

Segundo o PMBOK, um projeto passa por cinco grupos de processo:

processos de iniciação, processos de planejamento, processos de

monitoramento e controle, processos de execução e processos de

encerramento. Para melhor entendimento, o PMBOK também divide os

processos em nove áreas de conhecimento: integração, escopo, tempo, custos,

qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos e aquisições.

Durante a fase de iniciação temos processos para definição e

autorização do projeto. No planejamento, os processos estão voltados para

definição e refinamento dos objetivos do projeto assim como o planejamento

das ações necessárias para atingir os objetivos e escopo do projeto. Na fase

de monitoramento e controle, o progresso do projeto é medido, identificando e

corrigindo desvios dos seus objetivos. Durante a execução, o gerenciamento

de projeto proporciona a integração de pessoas e outros recursos para a

realização do plano do projeto. E, finalmente, no encerramento é formalizada a

aceitação do produto, serviço ou resultado do projeto.

A seguir será apresentada cada uma das fases do gerenciamento de

projetos com as principais ferramentas utilizadas e os produtos gerados em

cada momento para o projeto.

5.2.1. Iniciação

30

O objetivo principal dessa fase é ter uma definição inicial do projeto e

autorizar o mesmo. É por meio de um documento, Termo de Abertura de

Projeto, que o projeto é autorizado formalmente perante a empresa. Nessa fase

tem-se as diretivas gerais, as premissas, as restrições e o escopo macro do

projeto. Recomenda-se o documento de abertura também deixe registrado

como surgiu a necessidade do negócio. Normalmente, um plano de negócio

antecede a abertura do projeto.

5.2.1.1. Elaborar o Termo de Abertura do Projeto

Para a elaboração do termo de abertura, usam-se registros históricos,

opinião de consultores, das partes interessadas, de especialistas etc. para

construir uma visão inicial geral do projeto. Dentre as informações que o termo

de abertura poderá conter podemos destacar: justificativa do projeto, objetivos

mensuráveis, critérios de sucesso, requisitos em alto nível, descrição do projeto

em alto nível, características do produto em alto nível, cronograma com

principais marcos do projeto, resumo do orçamento do projeto, requisitos de

aprovação do projeto, gerente do projeto, responsabilidade e autoridade do

gerente de projetos, nome de quem autoriza o projeto.

5.2.1.2. Identificar Partes Interessadas

Partes interessadas são as pessoas e organizações que serão

impactadas pelo projeto e seus resultados. Também são comumente

referenciadas pelo termo em inglês “stakeholders”. Nesse ponto, são

levantadas as partes interessadas relevantes, o envolvimento e impacto destas

pessoas e organizações no sucesso do projeto. O resultado desse processo é

um documento onde será identificada cada parte interessada, seus principais

interesses no projeto, uma breve avaliação do impacto no projeto e ainda uma

abordagem para conseguir maior apoio ou para minimizar os impactos

negativos das mesmas sobre o projeto.

5.2.2. Planejamento

Nessa etapa, será detalhado o planejamento geral do projeto. O

detalhamento deve ser adequado à complexidade do projeto, à cultura da

empresa e aos recursos disponíveis para a execução do projeto. O PMBOK

detalha oito planos para um projeto: escopo, tempo (cronograma), custos

(orçamento), qualidade, recursos humanos, riscos, comunicações e aquisições,

que serão detalhados a seguir. Para elaboração de cada plano poderão ser

utilizadas ferramentas adequadas a cada área específica.

31

5.2.2.1. Definir o Escopo

Este plano resulta em uma estrutura analítica do projeto ou EAP.

Partindo-se do Termo de Abertura do Projeto, o escopo é detalhado para se

identificar as entregas do projeto. Esse plano contempla todos os requisitos do

projeto e o relacionamento desses requisitos com as necessidades do negócio.

Aqui serão detalhados requisitos funcionais, não funcionais, de qualidade,

regras de negócio, requisitos de suporte e treinamento, além de premissas e

restrições relativas aos requisitos. Nesse ponto também tem-se as entregas e

os responsáveis pelas mesmas, sejam eles internos ou terceiros.

5.2.2.2. Desenvolver o Cronograma

Partindo das entregas, da lista de atividades do projeto, dos recursos

disponíveis e do escopo do projeto será elaborado um cronograma do projeto.

Durante o desenvolvimento do cronograma a equipe de planejamento poderá

lançar mão de várias técnicas para conseguir alinhar os prazos das atividades

e suas restrições com os marcos do projeto. Entre estas técnicas podemos

citar o estudo do caminho crítico, o nivelamento dos recursos e compressão do

cronograma. Para estimativas de duração das atividades, podem-se utilizar

ferramentas como a Simulação de Monte Carlo.

5.2.2.3. Desenvolver o Orçamento

O orçamento é a ferramenta para controlar os custos do projeto. Com

base nas atividades do cronograma do projeto, estimam-se os custos para se

chegar ao valor total do projeto. Para estimar os custos podemos utilizar

estimativas análogas (com base em projetos anteriores), estimativas

paramétricas, análise de propostas de fornecedores, opiniões de especialistas,

entre outras ferramentas. Nessa etapa são levantados os custos com recursos

humanos, recursos materiais, serviços e, ainda, as reservas para

contingências.

O resultado desse trabalho será um orçamento do projeto. De acordo

com a necessidade, o orçamento poderá ser dividido em fases, custos internos,

custos externos, custos com mão de obra etc. Desse planejamento será

determinada a necessidade de recurso financeiro para a execução do projeto.

5.2.2.4. Planejar Aquisições

32

Nesse ponto são identificadas que necessidades do projeto podem ser

melhor atendidas pela aquisição de produtos, serviços ou resultados fora da

organização e quais pode ser atendidas internamente. Neste processo são

realizadas análises entre fazer ou comprar, avaliação de custos, interesse

estratégico, sigilo tecnológico. O resultado é um plano para gerenciamento das

aquisições para o projeto, contendo os tipos de contratos a serem utilizados,

possíveis fornecedores, previsão de custos.

5.2.2.5. Planejar Recursos Humanos

O plano de recursos humanos identifica e documenta papéis,

responsabilidades, habilidades necessárias e relações hierárquicas para o êxito

do projeto. Esse plano também poderá conter necessidades de treinamento, o

cronograma para mobilização e liberação de pessoal, estratégias para

construção da equipe, plano de reconhecimento e recompensas e questões de

segurança. De acordo com a necessidade do projeto, o plano poderá conter

gráfico hierárquico e matriz de responsabilidades.

5.2.2.6. Planejar a Qualidade

No gerenciamento da qualidade estão os processos necessários para

assegurar que o projeto satisfaça as necessidades para as quais foi criado. A

partir dos requisitos e/ou padrões de qualidade do projeto, é montado um plano

para que o produto gerado pelo projeto atinja a conformidade esperada.

Utilizando ferramentas como gráficos de controle, amostragem estatísticas,

fluxogramas e metodologias proprietárias da empresa é gerado o plano para o

gerenciamento da qualidade. O plano trará informações sobre como medir a

qualidade, listas de verificação e entre outros documentos.

5.2.2.7. Planejar as Comunicações

No planejamento das comunicações são determinadas as necessidades

de informação para as partes interessadas e a abordagem que será dada para

o projeto. Esse plano mostrará como as informações serão geradas, coletadas,

distribuídas, armazenadas, recuperadas e organizadas de forma apropriada.

Os gerentes de projetos gastam a maior parte do seu tempo se comunicando

com a equipe do projeto e as partes interessadas (internas ou externas).

5.2.2.8. Planejar o Gerenciamento dos Riscos

33

Nesse processo será definido como conduzir as atividades para o

gerenciamento dos riscos do projeto. Os riscos serão identificados, será

realizada a análise qualitativa e quantitativa dos mesmos e, então, é gerado um

plano de resposta aos riscos. Após a identificação e análise dos riscos é

desenvolvida uma estratégia para riscos negativos que pode incluir eliminar,

transferir, mitigar ou aceitar, e, para riscos positivos, explorar, compartilhar ou

melhorar.

5.2.3. Monitoramento e Controle

Dificilmente um projeto é executado conforme foi planejado. O

monitoramento e controle consistem no acompanhamento periódico do

progresso e desempenho do projeto, identificando mudanças necessárias no

plano atual. Nessa etapa as mudanças são controladas e os planos são

atualizados de acordo com as atualizações necessárias. Esses processos

permitem uma visão clara sobre a saúde do projeto e ajudam o gerente de

projetos a manter o equilíbrio do projeto. A seguir, os processos realizados

para o monitoramento e controle do projeto.

5.2.3.1. Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto

Esse processo envolve o acompanhamento, avaliação e regulação do

processo para atender aos objetivos de desempenho definidos no plano de

gerenciamento do projeto. O monitoramento inclui relatórios de status,

medições de progresso e previsões. Aqui são avaliados o escopo, o

cronograma, o custo, os recursos, a qualidade e os riscos do projeto. O

resultado são solicitações de mudanças no projeto e atualizações dos planos.

5.2.3.2. Realizar o Controle Integrado de Mudanças

Esse processo realiza a avaliação das solicitações de mudanças no

projeto. O resultado é a atualização dos planos do projeto.

5.2.3.3. Verificar e Controlar o Escopo

Nesses processos o escopo é avaliado e é registrado o aceite das

entregas realizadas. São realizadas medições de desempenho e atualizações

nos planos do projeto.

34

5.2.3.4. Controlar o Cronograma

É o processo de monitoramento do andamento do projeto para

atualização do seu progresso e gerenciamento das mudanças feitas na linha de

base do cronograma.

5.2.3.5. Controlar os Custos

É o processo de monitoramento do andamento do projeto para

atualização do seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha

de base dos custos.

5.2.3.6. Realizar o Controle da Qualidade

É o resultado do monitoramento e registro dos resultados da execução

das atividades de qualidade para avaliar o desempenho e recomendar

mudanças necessárias.

5.2.3.7. Reportar o Desempenho

Nesse processo são realizadas coletas e distribuições de informações

sobre o desempenho do progresso.

5.2.3.8. Monitorar e Controlar os Riscos

É o processo de implementação dos planos de respostas aos riscos,

acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos residuais

e identificação de novos riscos.

5.2.3.9. Administrar Aquisições

Nesse ponto são realizados monitoramentos sobre o desempenho dos

contratos, fazendo mudanças e correções se necessário.

5.2.4. Execução

Durante a execução de um projeto temos os processos responsáveis

pela conclusão do trabalho definido no plano do projeto. Aqui o trabalho

35

envolve a coordenação de pessoas e recursos além da execução de atividades

de acordo com o plano do projeto. Nessa fase é consumida a maior parte do

orçamento e é demandada forte coordenação e sinergia entre várias áreas.

5.2.4.1. Orientar e Gerenciar a Execução do Projeto

É o processo de realização do trabalho definido no plano. O resultado

desse processo são as entregas do projeto e as informações de desempenho

do trabalho. Pode ser que, de acordo com o desempenho, sejam necessárias

solicitações de mudanças para corrigir desvios.

5.2.4.2. Realizar a Garantia da Qualidade

Nesse processo os requisitos de qualidade são auditados para garantir

que os padrões esperados sejam atendidos.

5.2.4.3. Gerenciar a Equipe do Projeto

O gerenciamento da equipe consiste de três processos: mobilizar,

desenvolver e gerenciar a equipe. Nesse ponto é confirmada a disponibilidade

dos recursos humanos para a execução das atividades do projeto. A equipe

deve ser desenvolvida para se conseguir que os objetivos do projeto sejam

atingidos. O desenvolvimento da equipe é um fator crítico de sucesso.

Treinamentos necessários, técnicas de feedback e atividades para formação e

fortalecimento de equipes são algumas das ferramentas a serem utilizadas. O

resultado é a avaliação de desempenho da equipe do projeto.

5.2.4.4. Distribuir Informações

É o processo de colocar as informações relevantes à disposição das

partes interessadas no projeto no momento oportuno. É a implementação do

plano de comunicação do projeto, além da prestação de informações não

previstas. Uma ferramenta importante nesse processo é o registro de lições

aprendidas. As lições aprendidas são documentadas e distribuídas para que

façam parte do banco de dados históricos da organização.

5.2.4.5. Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas

36

É a comunicação e interação com as partes interessadas para atender

suas necessidades. É recomendado um gerenciamento ativo das expectativas

das partes interessadas para aumentar a probabilidade de aceitação do

projeto. As partes interessadas precisam entender os benefícios e riscos do

projeto.

5.2.4.6. Conduzir as Aquisições

É o processo de obtenção de propostas de fornecedores, realização da

seleção e efetivação de um contrato.

5.2.5 Encerramento

O encerramento é o processo de finalização de todas as atividades para

encerrar formalmente o projeto ou fase. Nesse processo o gerente do projeto

deve garantir que o projeto está completo e que o mesmo alcançou os

objetivos planejados. Nesse ponto serão tratadas as ações para transferir

produtos, serviços ou resultados do projeto para uma próxima fase, para

produção ou para operações.

5.2.5.1 Encerrar o Projeto ou Fase

É o encerramento formal do projeto ou de uma fase. Lições aprendidas

devem ser registradas, bem como o aceite do projeto. Nesse ponto

documentos do projeto são armazenados no sistema de informações para

gerenciamento de projetos para serem usados como dados históricos. Para

projetos encerrados antes do término, aqui são registrados os motivos para as

ações tomadas.

5.2.5.2. Encerrar as Aquisições

É o processo de encerramento de cada aquisição do projeto. O trabalho

e as entregas devem ser verificados se são aceitáveis. Os termos e condições

de cada contrato são avaliados e os procedimentos para encerramentos são

disparados.

5.3. Gestão de Programa e Portfólio

Dentro da definição encontrada no PMBOK, programa é um grupo de

projetos relacionados e gerenciados de forma coordenada para obter

benefícios e controle a partir de seu gerenciamento de forma individual. O

37

gerenciamento de programas se concentra nas interdependências entre

projetos e determina o encaminhamento ótimo para o programa.

Portfólio é um conjunto de projetos e/ou programas e outros trabalhos

agrupados para facilitar o gerenciamento efetivo destes trabalhos e alcançar os

objetivos estratégicos de um negócio. Em um portfólio, os projetos e programas

não precisam estar relacionados entre si ou possuir interdependência. O

portfólio de uma organização são seus trabalhos que refletem a estratégia para

conquistar os objetivos.

Dadas às limitações de recursos com toda organização tem de enfrentar,

o gerenciamento de portfólio é uma ferramenta importante que vai auxiliar no

direcionamento dos recursos para projetos de maior prioridade e valor. Assim,

o foco do gerenciamento de portfólio é fazer os projetos certos.

A figura 5 mostra o fluxo da integração entre o planejamento estratégico,

as operações, o gerenciamento do portfólio e o gerenciamento de programas e

projetos. Para facilitar a apresentação, a figura não apresenta a integração do

mercado neste contexto.

Figura 5 – Visão geral da gestão de portfólio

Dentre as atividades para o gerenciamento do portfólio podemos citar a

seleção, a priorização e o balanceamento de projetos com foco estratégico e

38

visão de longo/médio prazo. Também inclui o monitoramento e controle dos

projetos escolhidos, e ainda uma análise do desempenho de cada projeto da

carteira com o objetivo de sempre alinhar o portfólio atual às mudanças na

estratégia da organização. Outro benefício importante para a empresa é o

fornecimento de informações e recomendações para pessoas com poder de

decisão.

5.4. Modelo Diamante de Gestão

O modelo de gestão de projetos com enfoque diamante é um modelo

adaptativo voltado para transformar o gerenciamento de projetos em vantagens

competitivas para as organizações. É um modelo adaptável, flexível e

interativo, ajustando as medidas feitas durante o curso do projeto de acordo

com as dinâmicas do ambiente. Por essas características, esse modelo pode

ser uma boa alternativa para projetos de produtos inovadores, onde a incerteza

e necessidade de adaptação podem ser grandes.

O Modelo Diamante consiste na representação de riscos e

oportunidades nas dimensões Novidade, Tecnologia, Complexidade e Ritmo.

Esse modelo também apresenta a diferença entre projetos operacionais, quase

sempre derivativos, dos projetos estratégicos, de plataformas e inovações. O

modelo facilita a visão de benefícios e riscos de um projeto e vai ajudar no

estilo de gerenciamento para cada projeto. A figura 6 mostra como cada projeto

pode ser classificado segundo esse modelo.

Figura 6 – Modelo Diamante.

39

Essa forma de classificação ajuda na decisão sobre projetos e como

cada um deve ser gerenciado. Cada dimensão possui níveis ao longo do

espectro.

Na dimensão novidade define-se quão novo o produto é para seus

mercados, ou até que ponto o cada consumidor está familiarizado com esse

tipo de produto. Essa dimensão também mostra incerteza da meta e do

mercado do projeto. A novidade pode ser derivativa, plataforma (novas

gerações) ou inovação (produtos novos para o mundo).

Na dimensão tecnologia a fonte de risco é a incerteza tecnológica. A

incerteza tecnológica causará impacto, entre outros pontos, nos testes, na

comunicação e no número de ciclos de planejamento. Essa dimensão afeta a

competência técnica necessária para a equipe do projeto. Os níveis podem ser

baixa, média, alta ou super alta tecnologia.

Com relação à complexidade, ou escopo do sistema, podemos dividir

em três níveis: montagem (coleção de elementos e módulos combinados em

uma única unidade), sistemas (coleção complexa de elementos interativos para

desempenho de várias funções) e matriz (grande coleção de sistemas que

funcionam em conjunto para um propósito comum). O nível de complexidade

afeta as atividades associadas ao planejamento do projeto: contratação do

projeto, execução e controle, e documentação.

E a dimensão ritmo indica a criticidade do componente tempo para o

projeto. Essa dimensão tem impacto direto na autonomia que a equipe de

projeto precisará ter, na burocracia, na velocidade de tomada de decisões e na

intensidade do envolvimento da alta gerência. Os níveis são: regulares,

rápidos, de tempo crítico (não cumprimento do prazo é fracasso), blitz (projetos

de crises).

A aplicação da abordagem adaptativa a um projeto não precisa ser

complicada. A execução de um projeto deve ser tratada como um processo

iterativo e não linear. Isso significa voltar à definição e ao planejamento

quantas vezes forem necessárias dadas às incertezas de um projeto e nas

descobertas durante a execução. Durante o planejamento, deve-se determinar

o sucesso esperado e os critérios de fracasso. Também deve ser identificada

que alterações serão necessárias no gerenciamento convencional de acordo

com cada tipo de projeto.

6. ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA INOVAÇÃO

40

No apoio aos processos de inovação, a área de Marketing, por meio de

seus métodos e ferramentas, tem um papel fundamental. Uma inovação não

deve ser inicializada e comercializada sem uma visão abrangente do

marketing, que integra áreas e departamentos da empresa e o mercado. Neste

capítulo serão apresentadas algumas estratégias e ferramentas de marketing

que podem ajudar uma organização no esforço para identificar pontos de

inovação.

6.1. Alvos para Inovação

Os principais alvos para inovação são conhecidos como os 4Ps. São

eles: inovação de produto (alterações em produtos ou serviços oferecidos por

uma empresa – o que), inovação de processo (alterações na forma como os

produtos ou serviços são criados e/ou distribuídos – como), inovação de

posição (alterações no contexto em que os produtos ou serviços são

colocados no mercado – como selecionamos e comunicamos), inovação de

paradigma (alterações nos modelos subjacentes à estrutura da empresa –

quais elaborações usamos para entender o mundo).

Assim, dependendo da estratégia de cada empresa, os esforços para

inovação serão concentrados em um ou mais dos alvos mencionados

anteriormente.

6.2. Ferramentas Estratégicas – 5 Forças de Porter

A análise das cinco forças de Porter busca descobrir os setores de

menores forças por serem mais lucrativos. Setores muito concorridos tendem a

gerar lucros menores. Essas forças devem ser continuamente medidas para

verificar necessidade de alterações no posicionamento da empresa. A Figura 7

mostra graficamente as cinco forças de Porter.

41

Figura 7 – As 5 Forças de Porter

6.3. Estratégias Competitivas Genéricas

Estratégias competitivas são as ações ofensivas e defensivas escolhidas

por uma empresa para criar uma posição sustentável no seu setor de atuação.

Segundo Porter, uma empresa pode optar pela estratégia de custo, pela

diferenciação ou pelo foco em um segmento (e optar pelo custo ou

diferenciação dentro do segmento escolhido).

Na estratégia por custo, a empresa concentra seus esforços na

eficiência produtiva, ampliação de volume de produção, minimização de gastos

de propaganda etc. tendo no preço o principal atrativo. Na estratégia pela

diferenciação a empresa investe na imagem, tecnologia, qualidade etc. para

criar diferenciais para o cliente.

42

Figura 8 – Estratégia Competitiva de Porter

6.4. Estratégia de Mercado

Empresas inovadoras devem decidir entre duas estratégias de mercado:

ser a líder ou acompanhar a inovação. Se a posição de uma empresa é a

liderança, serão necessários altos investimentos em P&D, ambiente favorável à

criatividade etc. A empresa será a primeira a negociar no mercado, vai correr

mais riscos, mas também terá a possibilidade de ter retornos acima da média.

No posto de líder, as estratégias adotadas serão: expandir o mercado

(novos usuários, novos usos para um produto), proteger a participação no

mercado (defender-se) e aumentar a participação de mercado (conquistar

clientes do concorrente através de inovação contínua).

O líder vai deparar com o segundo colocado ou empresa desafiante. O

desafiante usará estratégias voltadas para tomar a posição do líder a todo

momento. Já as outras empresas serão consideradas seguidoras, podendo

escolher três estratégias: ser uma cloner (copiadora de produtos), imitadora

(copia mais barata) ou adaptadora (tenta se destacar e desafiar com melhorias

em um produto).

6.5. Estratégia Deliberada e Emergente de Mintzberg

Para Mintzberg, as estratégias de uma organização não devem ser

somente deliberadas. Para facilitar a inovação, uma organização deve também

adotar estratégias emergentes. Para ele, uma empresa precisa delinear

43

algumas estratégias centrais e pode também mudar de estratégia à medida

que surjam oportunidades.

Figura 9 – Estratégias deliberadas e emergentes\

6.6. Análise do Ambiente Interno

O ambiente interno de uma organização é outro ponto importante a se

considerar no processo de inovação. Uma empresa tem recursos limitados e

precisa otimizar o uso desses recursos, que podem ser tangíveis (financeiros,

organizacionais, físicos, tecnológicos) ou intangíveis (humanos, inovação,

reputação). Os recursos se transformam em capacitações da empresa. A

seguir serão apresentadas algumas ferramentas relacionadas com o ambiente

interno de uma empresa.

6.6.1. Competências

Competências são desenvolvidas ao longo do tempo por uma empresa

com a utilização dos recursos disponíveis. Elas são responsáveis pela

identidade de uma empresa e refletem sua personalidade. Caso as

competências desenvolvidas sejam raras, valiosas, de difícil imitação e

insubstituíveis, elas são consideradas competências essenciais, que são a

44

chave para a sobrevivência de uma empresa pois ajudam a organização a

manter sua vantagem competitiva.

A tabela 1 a seguir mostra a relação entre as competências e o

desempenho de uma empresa.

Competências

Valiosa? Rara? Imitar é

difícil? Substituível?

Consequências

Competitivas Retornos

Não Não Não Não Desvantagem

Competitiva Abaixo da média

Sim Não Não Sim/Não Paridade

Competitiva Na média

Sim Sim Não Sim/Não Vantagem

Temporária

Equivalente e

superior à média

Sim Sim Sim Sim Vantagem

Sustentável Acima da média

Tabela 1 – Competências e Retornos

6.6.2. Burocracia

Para aumentar o empowerment (delegação de autoridade) das equipes

e facilitar o processo de gestão e inovação, a liderança de uma empresa

precisará reduzir ao máximo a burocracia. O enrijecimento da empresa e de

seus processos deixa uma organização inflexível a mudanças de rotas,

novidades e novas ideias.

6.6.3. Análise SWOT

Essa ferramenta ajuda no levantamento de forças e fraquezas e sua

ligação com as oportunidades e ameaças. O objetivo é auxiliar os gestores a

reforçar suas forças, mitigar as fraquezas e tentar aproveitar as oportunidades.

Forças e fraquezas se referem ao ambiente interno da empresa. E

oportunidades e ameaças estão relacionadas ao ambiente externo. Essas

informações ajudam a maximizar os pontos fortes com as oportunidades e a

tomar decisões sobre ações para se defender de ameaças ou melhorar pontos

fracos na organização. É uma ferramenta simples, como mostra um exemplo

abaixo:

Forças (Strengths)

Portfólio de produtos

45

Participação no mercado

Localização

Fraquezas (Weaknesses)

Falta de acesso a fontes de matérias-primas

Pouca força da marca

Pouco controle sobre a rede de distribuição

Oportunidades (Opportunities)

Aumento do poder de compra do mercado

Grandes mudanças de tecnologia

Novos canais de distribuição

Ameaças (Threats)

Mudanças no padrão de consumo

Lançamento de produtos substitutivos no mercado

6.7. Gestão do Conhecimento

A gestão do conhecimento são as atividades voltadas para criar,

disseminar e utilizar conhecimentos estratégicos de uma organização para que

sejam transformados em resultados melhores, novas capacitações, novos

valores e aumento de competitividade para a empresa. O conhecimento pode

estar materializado na forma explícita (livros, manuais, documentos etc.) ou

apresentado de forma tácita (ideias, valores, suposições, experiências,

habilidades etc.).

O conhecimento adquirido por uma organização é fundamental para

tomadas de decisões estratégicas. Para uma boa gestão do conhecimento de

uma empresa, é necessário que a organização entenda bem o seu negócio

para determinar quais informações são necessárias e estratégicas. A partir

desse mapeamento, deve ser definido como a informação será criada,

coletada, processada e distribuída para gerar novo conhecimento.

Alguns mecanismos de transferência do conhecimento são:

apresentação escrita, oral e visual; visitas e excursões a outras empresas;

programas de rodízio de pessoal; programas de educação e treinamento;

programas de padronização.

46

6.8. Orientação de Marketing

A forma de relacionamento entre empresas e clientes passou por três

momentos. A orientação inicial era o produto, onde o foco era um olhar para

dentro da empresa. A ideia era produzir o melhor produto. A qualidade era

definida por quem produzia aquele produto, o que causava uma miopia em

marketing.

Em um segundo momento, a orientação de algumas organizações

passou para o processo de vendas e promoções, com o objetivo de conquistar

vendas em alta escala. A ideia era vender o que fosse produzido.

Em um terceiro momento, mudou-se a orientação para o mercado. As

necessidades e desejos dos clientes passaram a ser o foco de algumas

empresas. Aqui os lucros são conseguidos através da satisfação dos clientes.

Essas orientações servem para que as empresas analisem onde se

encontram e tirem o melhor proveito do seu posicionamento. Não há uma

orientação melhor que a outra. E, em se tratando de inovação, qualquer

modelo que apresente possibilidade de sucesso é válido.

6.9. Estratégias Competitivas de Treacy e Wiersema

Para Treacy e Wiersema, uma organização pode entregar valor para o

cliente de três maneiras:

Excelência Operacional: combina qualidade, preço e facilidade de

compra.

Liderança em Produtos: cria produtos constantemente, ampliando o

leque de vendas. A ideia é ter o melhor produto.

Intimidade com o Cliente: oferece o que o cliente específico deseja,

adaptando produtos e serviços.

Nesse modelo as organizações podem trabalhar em mais de uma opção

ao mesmo tempo.

6.10. Matriz BCG (Boston Consulting Group

Uma das ferramentas mais utilizadas para criar um modelo de

apresentação para facilitar a visualização e apoio na definição de estratégias é

a matriz BCG. Para usar essa ferramenta, os gestores devem posicionar

47

graficamente os produtos/serviços da organização em relação à participação

no mercado e o crescimento do mercado. Esse posicionamento facilita uma

compreensão do portfólio e sinaliza algumas ações necessárias.

Figura 10 – Matriz BCG

6.11. Matriz GE

A Matriz GE/McKinsey, ou modelo de portfólio multifatorial, apresenta a

relação entre atratividade de mercado e a força competitiva da empresa. O

objetivo é verificar onde a empresa pode colocar esforços para melhorar seus

resultados, ou seja, posicionar produtos/serviços ou unidades de negócios com

de maior força competitiva em mercados mais atrativos. A organização

consegue planejar ações para melhorar sua força competitiva, investindo no

melhor negócio. Abaixo um exemplo da matriz GE.

48

Figura 11 – Matriz GE

No gráfico, cada produto/serviço ou unidade de negócio é distribuído de

acordo com sua atratividade e a força competitiva. Cada círculo representa um

produto/serviço ou unidade de negócio. O tamanho do círculo representa o

tamanho do mercado. A fatia em destaque é o market share daquele

produto/serviço ou de uma unidade de negócio.

6.12. Ciclo de Vida dos Produtos

O Ciclo de Vida dos Produtos é uma forma de representar os

produtos/serviços no portfólio de uma organização em relação ao estágio em

que este produto/serviço se encontra. O posicionamento de cada

produto/serviço no gráfico ajuda na tomada de decisões sobre necessidades de

inovações, reduções de preço, investimentos em marketing etc.

49

Figura 12 – Ciclo de Vida dos Produtos

6.13. Matriz de Ansoff

A Matriz de Ansoff é uma ferramenta bastante utilizada para avaliação

de necessidade de inovação. Nela podemos avaliar os movimentos possíveis

para a organização. A matriz tem duas dimensões: produtos e mercados.

Sobre essas duas dimensões, quatro estratégias podem ser formadas:

penetração de mercado: a empresa foca na mudança de clientes

ocasionais para clientes regulares e de clientes regulares para usuários

intensivos do produto;

desenvolvimento de mercado: a empresa tenta conquistar clientes da

concorrência, introduzir produtos existentes em mercados externos ou

introduzir novas marcas no mercado;

desenvolvimento de produtos: a empresa busca vender outros

produtos a clientes regulares, freqüentemente intensificando os canais

existentes de comunicação;

diversificação: sendo a mais arriscada das estratégias, a empresa

normalmente foca na comunicação explicando o porquê está entrando

em novos mercados com novos produtos, visando ganhar credibilidade.

50

Figura 13 – Matriz Ansoff

6.14. Matriz Inovação de Tecnologia e Inovação de Mercado

Essa matriz possibilita a visualização da relação entre a inovação

tecnológica e a inovação de mercado. Nesse modelo temos quatro

possibilidades:

Inovação Diferenciada (baixa inovação de mercado e baixa inovação

tecnológica): utilizada para mercados maduros. Aqui são utilizadas inovações

incrementais nas tecnologias para atender as necessidades dos clientes atuais.

O foco será em diferenciar produtos pela embalagem, preço e suporte.

Inovação Arquitetônica (alta inovação de mercado e baixa inovação

tecnológica): as tecnologias atuais são aplicadas ou combinadas para criar

produtos ou mercados. O foco está no relacionamento com o cliente.

Inovação Tecnológica (baixa inovação de mercado e alta inovação

tecnológica): novas tecnologias são utilizadas para satisfazer necessidades já

conhecidas. O foco deve estar no desempenho do produto/serviço e não no

preço e qualidade.

Inovação Complexa (alta inovação de mercado e alta inovação tecnológica): a

tecnologia e o mercado são novos. O foco será em criar novas aplicações com

lead users.

51

Figura 14 – Inovação Tecnológica e Inovação de Mercados

7. GESTÃO DE RECURSOS PARA INOVAÇÃO

Para uma efetiva gestão da inovação no ambiente empresarial é

fundamental que se estabeleçam critérios e métodos para que os recursos

necessários sejam disponibilizados de forma adequada, potencializando o

processo e os resultados. Outro aspecto importante são as interconexões

internas e externas: visão sistêmica, a correta inter-relação entre áreas,

processos e sistemas (existentes ou que venham a ser criados), a identificação

e o acesso a mecanismos de incentivo e fontes de recursos, o conhecimento

da legislação, o monitoramento do processo e a aferição de sua efetividade,

entre outros.

Este capítulo apresenta as bases para a implementação de um Sistema

de Gestão de Recursos para Inovação – SGRI com foco no monitoramento de

recursos financeiros e não financeiros.

7.1. Definições

Para efeito do presente trabalho, aplicam-se as siglas e abreviaturas

apresentadas anteriormente e as seguintes definições principais:

ANÁLISE DE RISCO - Avaliação contínua e sistemática dos riscos do

negócio, que podem advir do desenvolvimento de novos projetos, da entrada

de empresas nos novos mercados, da relação com clientes específicos.

52

ANGEL INVESTOR - Os angel investors (investidores anjo) são

investidores não institucionais que em geral financiam os empreendedores que

estão entre o estágio de concepção do negócio e a sua implementação, com

aportes de até US$ 1 milhão. Em troca do seu capital e dedicação ao

empreendimento, os angel investors requerem uma participação societária na

empresa em que estão investindo, e podem vir a assumir uma posição no

conselho de administração, mas, na maioria das vezes, seu envolvimento,

apesar de ativo, é mais informal. O retorno sobre o investimento dos angels

investors é resultado da valorização da empresa à medida que esta se

desenvolve.

ATIVOS TECNOLÓGICOS - Patentes, licenças, máquinas,

equipamentos e instrumentos.

CORE BUSINESS - Identificação do negócio central de uma empresa.

De acordo com grande parte dos gestores e economistas, uma empresa deve

centrar todos os seus esforços na sua atividade principal, delegando a outras

empresas tudo o que seja secundário ("outsourcing").

ESTUDO DE VIABILIDADE - Estimativa dos investimentos necessários

à implantação de projetos e de custos operacionais. Faz-se por meio de

análises técnico-econômico-financeiras, da definição de localização da

empresa e do estabelecimento do esquema de captação de recursos humanos.

EQUITY - Lucro obtido por investidores em virtude de propriedade de

ações ordinárias e preferenciais de uma empresa.

LOVE MONEY - Capital inicial, geralmente originário de poupança

pessoal ou familiar, que um empreendedor utiliza para iniciar seu negócio sem

contrair encargos financeiros.

PRIVATE EQUITY (PE) - É o termo relacionado ao tipo de capital

empregado nos fundos de PE que, em sua maioria, são constituídos em

acordos contratuais privados entre investidores e gestores, não sendo

oferecidos abertamente no mercado e, sim, por meio de colocação privada.

Além disso, empresas tipicamente receptoras desse tipo de investimento ainda

não estão no estágio de acesso ao mercado público de capitais, ou seja, não

são de capital aberto, tendo composição acionária normalmente em estrutura

fechada.

SEED MONEY – Capital semente é aplicado na alavancagem de

empresas, geralmente na fase de grande risco tecnológico, é utilizado para

realização de provas de conceito e desenvolvimento do negócio.

53

VENTURE CAPITAL – É capital de risco aportado em estágios iniciais

de desenvolvimento de novos empreendimentos, serviços ou produtos.

Participação direta no capital social da empresa por aquisição de ações ou

debêntures conversíveis em ações visando rentabilidade acima das alternativas

disponíveis no mercado financeiro.

7.2. Sistema de Gestão de Recursos para Inovação - SGRI

Tradicionalmente, quando se aborda o tema Gestão de Recursos para

Inovação tem-se em mente somente o processo de recuperação fiscal e sua

prestação de contas. No atual contexto, o Sistema de Gestão de Recursos para

Inovação é tratado como resultado da estratégia empresarial e como parte

integrante de um sistema de gestão da inovação amplo e abrangente, fruto da

estratégia de inovação.

O SGRI está baseado no diagrama apresentado na Figura 15, no qual

observa-se a importância do perfeito entrosamento entre os processos

empresariais e a estratégia do negócio, estabelecida pelo seu planejamento

estratégico e desdobramentos. Fica, então, evidente que o SGRI é parte

integrante da estratégia de inovação, sintetizada pelo sistema de gestão da

inovação e composta pelos demais sistemas aqui abordados.

Figura 15 – Inter-relações do SGRI

O SGRI deve cuidar para que as necessidades do processo de inovação

sejam conhecidas e avaliadas sistematicamente, de forma a se identificarem os

54

recursos adequados para sua operacionalização, considerando-se as melhores

práticas para obtenção dos resultados esperados e a otimização dos insumos,

buscando, adicionalmente, se apropriar dos incentivos proporcionados pela

legislação vigente.

Enfatiza-se a necessidade de uma perfeita coordenação do SGRI com

todas as áreas e demais processos empresariais, sem o que os resultados

obtidos se situarão aquém daqueles que podem ser alcançados, mascarando o

processo, gerando dúvidas sobre a efetividade do SGRI e do próprio processo

de gestão da inovação e resultando em perdas.

7.3. Dimensões do SGRI

A amplitude do SGRI depende do porte da empresa, de suas

disponibilidades de recursos, aí incluídos recursos financeiros e humanos,

regime tributário, grau de maturidade do processo de inovação, estratégia

empresarial, core business, assim como outros aspectos relevantes associados

com as questões intrínsecas da empresa.

Ainda que incentivos fiscais sejam um dos principais focos do SGRI é

perfeitamente possível e desejável sua implementação, ainda que para

determinada empresa esses não sejam o principais ganhos ou não se apliquem

em sua totalidade. O simples monitoramento e acompanhamento da legislação

e das oportunidades oferecidas permanentemente por órgãos de fomento e de

financiamento, além da própria gestão do conhecimento e da inovação que o

SGRI propicia, já são motivadores suficientes para sua implementação, mesmo

que de forma simplificada.

A Figura 16 ilustra as dimensões principais de um Sistema de

Gerenciamento de Recursos para Inovação considerando a interdependência

dos relacionamentos, visão sistêmica e diretrizes, desdobramentos e

demandas dos processos de:

a) Estratégia Empresarial;

b) Sistema de Sugestões, detalhado no Capítulo 3;

c) Gestão de Marketing, conforme Capítulo 6;

d) Gestão de Projetos, descrito no Capítulo 5;

e) Gestão da Inovação, detalhado no Capítulo 7, aí incluída a Gestão de

da Inovação e de Ativos Tecnológicos;

55

f) Produção, Suporte e Logística, aí incluídos os suportes Administrativo

e Jurídico;

g) Gestão de Pessoas e do Conhecimento;

h) Gestão de Recursos Financeiros para Inovação.

Adicionalmente, considera-se todo o espectro do processo de

monitoramento da legislação e dos mecanismos e fontes de fomento, incentivo

e financiamento, assim como elaboração dos processos de mapeamento de

oportunidades, recuperação fiscal, prestação de contas e acompanhamento e

divulgação de resultados e indicadores.

Figura 16 – Dimensões do SGRI

7.4. Fontes de Recursos para Inovação

Para a correta operacionalização do processo de gestão de recursos

para inovação é necessário que se identifiquem as fontes de recursos

disponíveis. De maneira genérica, as fontes de recursos se dividem em:

a) recursos financeiros: próprios ou de terceiros;

56

b) recursos não financeiros: internos e/ou externos.

7.4.1. Recursos Financeiros

Os recursos financeiros empresariais podem ser divididos em próprios

ou de terceiros. No caso de recursos próprios, temos as seguintes fontes:

Caixa, Capital de Giro, Acionistas e outras. Já com relação aos recursos

financeiros de terceiros podemos citar: Subvenção Econômica,

Financiamentos, Incentivos Fiscais, Capital Empreendedor, Capital de Risco,

Semente ou Anjo e outras fontes.

Como inovação envolve riscos e há linhas de fomento para apoiar

empresas inovadoras, o foco deste capítulo estará voltado para os recursos

financeiros de terceiros, com uma explanação resumida de cada um deles a

seguir. É importante destacar que o porte da empresa pode influenciar no tipo

de recurso disponível através dos órgãos de fomento e apoio à inovação. O

BNDES, por exemplo, utiliza a seguinte classificação:

Porte Receita Operacional Bruta Anual

Microempresa Até R$ 2,4 milhões

Pequena empresa Entre R$ 2,4 milhões e R$ 16 milhões

Média empresa Entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões

Empresa Média-grande Entre R$ 90 milhões e R$ 300 milhões

Grande empresa Acima de R$ 300 milhões

Tabela 2 – Porte das empresas

A lista de opções de recursos financeiros é extensa, dinâmica e setorial.

Para empresas que buscam apoio financeiro à inovação recomenda-se um

levantamento das linhas disponíveis para seu setor e porte. O site da Anpei

disponibiliza um guia bastante completo sobre linhas de apoio à inovação (Guia

Prático de Apoio à Inovação) que pode ser baixado e consultado a partir do seu

site: http://proinova.anpei.org.br/Home.htm. A Anpei possui também um

simulador de incentivos fiscais que pode ser utilizado diretamente em

http://proinova.anpei.org.br/SimuladorFinanceiro.aspx

7.4.1.1. Subvenção Econômica

É um instrumento de política de governo lançado no Brasil em 2006. O

objetivo é promover um aumento das atividades de inovação e o incremento da

competitividade das empresas e da economia. Consiste da aplicação de

recursos públicos não reembolsáveis, por meio de chamadas públicas,

diretamente em empresas para compartilhar os custos e riscos de atividades

57

de inovação. O marco regulatório que viabiliza a concessão de subvenção

econômica foi estabelecido com a Lei da Inovação (Lei no. 10.973) e da Lei do

Bem (Lei no. 11.196).

Nessa modalidade, o governo entra com parte dos recursos e as

empresas entram com uma contrapartida, que poderá ser econômica,

financeira ou não financeira, dependendo do edital em questão. O percentual

da contrapartida varia de acordo com o porte da empresa. Normalmente, para

subvenções há necessidade de haver parceria da empresa com uma instituição

de pesquisa sem fins lucrativos (Universidades ou ICTs).

No âmbito federal, as subvenções são administradas principalmente pela

FINEP através da abertura de editais. No âmbito estadual, cada estado tem

suas leis e programas próprios. Em Minas Gerais, a instituição que administra

editais de apoio à inovação é a FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa

de Minas Gerais (www.fapemig.br). Esses editais estão dentro do Programa de

Apoio a Pesquisa em Empresas (PAPPE).

7.4.1.2. Financiamentos

Trata-se de financiamentos com encargos reduzidos para a realização

de projetos de pesq uisa, desenvolvimento e inovação nas empresas. Os

encargos financeiros vão variar de acordo com as características dos projetos.

Entre os programas de financiamentos podemos citar o INOVA BRASIL

(www.finep.gov.br/programas/inovabrasil.asp) e o JURO ZERO (voltado para

pequenas empresas) (www.finep.gov.br/programas/jurozero.asp), Capital

Inovador (BNDES) e Inovação Tecnológica (BNDES).

7.4.1.3. Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas (RHAE)

Esse programa tem por objetivo apoiar projetos para a capacitação de

recursos humanos quando vinculados a linhas de pesquisa tecnológica, ao

desenvolvimento de processos produtivos e aos serviços tecnológicos e de

gestão. O programa é administrado pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Informações detalhadas

podem ser obtidas em www.cnpq.br/programas/rhae/index.htm.

7.4.1.4. Incentivos Fiscais

58

Os incentivos fiscais visam estimular investimentos privados em

pesquisa e desenvolvimento tecnológico para aumentar o nível de

competitividade das empresas brasileiras. Eles reduzem o custo e o risco dos

projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, aumentando assim a

atratividade destes para as empresas.

Os principais incentivos fiscais para inovação são:

Lei do Bem (Lei no. 11.196/2005)

Esta lei permite, de forma automática, o usufruto de incentivos fiscais

pelas empresas que optem pela apuração do lucro real e que realizem

pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica em suas atividades. Os

incentivos são a dedução do Imposto de Renda de dispêndios efetuados em

atividades de P&D, redução de IPI em 50% na compra de equipamentos

destinados a P&D, depreciação acelerada de equipamentos comprados para

P&D, amortização acelerada dos dispêndios para aquisição de bens intangíveis

para P&D, crédito de 20% do IRRF incidente sobre remessas ao exterior de

valores para pagamento de royalties relativos à assistência técnica ou científica

e de serviços especializados para P&D e redução da alíquota do IRRF nas

remessas efetuadas para o exterior para registro e manutenção de marcas,

patentes e cultivares.

Lei da Informática (Lei no. 8.248/1991, Lei no. 11.077/2004)

São benefícios fiscais para a capacitação do setor de tecnologia da

informação, favorecendo os investimentos em P&D em empresas de

informática. Segundo a lei, empresas habilitadas podem ter isenção de IPI em

até 95%. Em contrapartida, estas empresas têm de investir o equivalente a 5%

sobre o faturamento com vendas no mercado interno de bens de informática

incentivados.

7.4.1.5. Capital de Risco

Capital de risco é a modalidade mais utilizada para o financiamento da criação e das fases subsequentes de micro e pequenas empresas de base tecnológica. Na linha de capital de risco a Finep oferece o INOVAR, uma ação estratégica para promover o desenvolvimento das pequenas e médias empresas de base tecnológicas. Empresas nascentes com alto grau de inovação e grande potencial de crescimento (startups) podem lançar mão de diversos tipos de capital de risco como Angel Money, Seed Capital, Venture Capital, ou Private Equity (definição no início do capítulo).

59

7.4.1.6. Fundos Setoriais

Os fundos setoriais são fundos de apoio ao desenvolvimento científico e

tecnológico com o objetivo de garantir a ampliação e a estabilidade do

financiamento para a área de Ciência e Tecnologia. Os fundos setoriais visam

ainda o desenvolvimento de parcerias entre universidades e centros de

pesquisa para impulsionar o desenvolvimento tecnológico em setores

estratégicos. Além disso, os fundos setoriais visam incentivar a geração de

conhecimento e inovações na busca por soluções de grandes problemas

nacionais.

Há 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relativos a setores específicos e dois

transversais. Desses, um (Fundo Verde-Amarelo) é voltado à interação

universidade-empresa, enquanto o outro (Infraestrutura) é destinado a apoiar a

melhoria da infraestrutura de ICTs (Instituições Científicas e Tecnológicas).

Com exceção do FUNTTEL (gerenciado pelo Ministério das Comunicações), os

fundos setoriais são administrados pela FINEP.

Os fundos setoriais são Aeronáutico, Agronegócio, Amazônia,

Transporte Aquaviário e Construção Naval, Biotecnologia, Energia, Espacial,

Recursos Hídricos, Tecnologia da Informação, Infraestrutura, Mineral, Petróleo

e Gás Natural, Saúde, Transportes Terrestres, Verde Amarelo, Tecnológico

para o Desenvolvimento das Telecomunicações.

7.4.1.8. Resumo de Fomentos para Inovação

Financiamentos e Subvenções

FINEP

- Programa Inova Brasil

- Programa Juro Zero

- PAPPE Subvenção

- PRIME Subvenção

BNDES

- Capital Inovador (foco na empresa)

- Inovação Tecnológica (foco no projeto)

- Cartão BNDES

- PROFARMA

- PROSOFT

- PROPLÁSTICO

- PROAERONÁUTICA

- PROTVD

60

- PROENGENHARIA

- FUNTTEL

Capital de Risco

FINEP

- Projeto Inovar

BNDES

- Capitalização de Empresas

- Programa Criatec

SEBRAE

- Programa Capital de Risco (apoio técnico)

Bolsas

CNPq

- Programa RHAE

- Bolsas DCR

- Bolsas Pós Doc Empresarial e Sanduíche Empresarial

CAPES

- PND – Programa Pós Doc Nacional

Outros

Fundos Setorias

Portal Inovação

SIBRATEC

PNI – Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos

FINEP

- Cooperação entre ICTs e Empresas

- PPI-APL – Apoio à Pesquisa e Inovação

- Rede Inovar de Prospecção e Desenvolvimento de Negócios

- Programas de Capacitação e Treinamento

- Parceria FINEP-SEBRAE

BNDES

- Fundo FUNTEC

SEBRAE

- SEBRAETec – Consultoria Tecnológica

61

- Projeto ALI – Agentes Locais de Inovação

- Programa SEBRAE de Incubadora de Empresas

- Fundo FAMPE – Fundo de Aval a Micros e Pequenas Empresas

- Programa PAT – Programa de Alavancagem Tecnológica

SENAI

- Programa SENAI de Inovação Tecnológica

- Projeto Unidades Móveis

IEL

- Informação e Consultoria para Negócios

- Propriedade Intelectual na Indústria

- Capacitação em Gestão e Estratégias de Inovação

FAPEMIG

- Editais e Programas

- Redes

- Propriedade Intelectual

7.4.2. Recursos não Financeiros

Os recursos não financeiros para inovação à disposição da empresa

podem ser classificados conforme a seguir:

Internos

Intelectuais (colaboradores e lideranças)

Infraestrutura

Tecnologia (ferramentas, máquinas, processos, habilidades)

Outros

Externos

Clientes e fornecedores

Internet, bancos de patentes

Workshops, congressos, seminários, cursos

Livros, revistas, periódicos

Intelectuais (colaboradores externos)

Concorrentes

Outros

Para maximizar o potencial de retorno da inovação, a empresa deve

fazer uma boa gestão de seus recursos internos e externos. De acordo com o

62

tipo de negócio, porte e disponibilidade de recursos, a empresa deve

estabelecer processos para acompanhamento do mercado, prospecção

tecnológica, Inteligência competitiva, gestão de parcerias, gestão do

conhecimento. De acordo com a estratégia de inovação da empresa será

necessário fazer a devida adequação nos processos, na infraestrutura e no

quadro de pessoal (organização, treinamento, capacitação, reconhecimento

entre outras ações).

7.5. Gestão da Propriedade Intelectual

Tão importante quanto a geração de resultados por meio da inovação é

a proteção desses resultados para a empresa por meio do sistema de

propriedade intelectual. Como as empresas trabalham, cada vez mais, no

conceito de redes de colaboração, a gestão da propriedade intelectual é um

fator importante para aumento das vantagens competitivas das empresas. A

seguir, será apresentado um resumo sobre os conceitos de propriedade

intelectual.

A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) define como

propriedade intelectual a soma dos direitos relativos a obras literárias, artísticas

e científicas, às marcas industriais, às descobertas científicas, aos desenhos e

modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como

às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a

concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual

nos domínios industrial, científico, literário e artístico. No Brasil, a propriedade

intelectual é administrada pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade

Intelectual).

A propriedade intelectual está dividida conforme abaixo:

Direito Autoral

Direito do Autor

Direitos Conexos

Programas de Computador

Propriedade Industrial

Marca

Patente

Desenho Industrial

Indicação Geográfica

Segredo Industrial & Repressão à Concorrência Desleal

Proteção Sui Generis

63

Topografia de Circuito Integrado

Cultivar

Conhecimento Tradicional

Para garantir o diferencial competitivo de uma empresa são necessárias

medidas de proteção específicas como contratos de confidencialidade e

segredos de negócio. Para isso, serão necessárias ações ligadas ao

planejamento geral do empreendimento como as listadas abaixo:

1) Consultar banco de dados de marcas antes de lançar produtos e

serviços.

2) Elaborar uma análise de viabilidade técnica e comercial para inventos

patenteáveis.

3) Certificar de que invenções patenteáveis não sejam divulgadas ou

publicadas antes do pedido de depósito da patente.

4) Certificar de que os segredos do negócio sejam mantidos dentro da

empresa.

5) Proteger e manter protegidos ativos de propriedade intelectual nos

países em que os produtos e serviços são comercializados.

6) Usar banco de dados de patentes e marcas para auxiliar no

desenvolvimento da estratégia comercial e tecnológica da empresa.

7) Em parcerias, ter a clareza sobre quem será o titular do direito sobre a

propriedade intelectual gerada e sobre royalties.

8) Monitorar o mercado para verificar violações da propriedade intelectual.

8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A inovação sempre fez parte do dia a dia da Nansen. No entanto, não há

processos e procedimentos bem definidos para uma gestão integrada da

inovação. Há linhas de fomento disponíveis para projetos inovadores, mas, por

se tratarem de processos normalmente que levam um certo tempo, necessitam

serem planejados com antecedência para que os mesmos possam

efetivamente apoiar a empresa no seu desenvolvimento inovador. A

recomendação é que a empresa tenha um responsável para conduzir as

seguintes atividades:

Gerenciamento do portfólio de projetos da empresa conforme novas

definições listadas abaixo;

Acompanhamento sistemático das oportunidades oferecidas pelos

órgãos de fomento, principalmente mapeando aqueles ligados

diretamente ao negócio da empresa;

Preparação e estruturação de projetos tendo em vista as oportunidades

de fomentos identificadas.

64

De acordo com o Manual do Sistema de Gestão da Qualidade Nansen

(MSG01.01), o Comitê de Projetos tem a seguinte definição e

responsabilidades:

Comitê de Projetos: O comitê é formado por representantes da Diretoria de

Engenharia, Gerência de Controladoria e Finanças, Marketing, Engenharia de

Aplicação e Suporte, Diretoria Comercial e Gerencia de Produção ou outra área

convidada tendo sob suas responsabilidades:

-Analisar o portfólio de projetos e produtos;

-Definir quais projetos de novos produtos a Nansen deverá desenvolver;

-Priorizar projetos conforme definições do planejamento estratégico

-Aprovar Solicitações de Mudança de Projeto;

-Analisar e validar do resultado dos estágios dos projetos em execução;

-Decidir sobre cancelar, congelar, redirecionar e aprovar projetos (para início

ou continuidade);

- Propor alterações de produtos.

Para uma melhor adequação com a atual estrutura da empresa, sugere-

se uma alteração na definição e responsabilidades conforme abaixo:

Comitê de Projetos: O comitê é formado por representantes da Alta

Administração (Diretoria de Engenharia e Diretoria Comercial), Coordenador de

Projetos e convidados de acordo com os assuntos a serem tratados nas

reuniões trimestrais de acompanhamento, tendo sob suas responsabilidades:

- Administrar o portfólio de projetos da empresa. (Entradas: RoadMap,

Relatório de Acompanhamento Físico e Financeiro dos projetos em execução,

Novas demandas com planos de negócios. Ferramentas e Técnicas: Análise de

Viabilidade, Opinião de Especialistas, Orçamento. Saídas: Relatório com as

definições e atualizações na carteira de projetos, RoadMap atualizado);

- Administrar os retornos dos projetos executados. (Entradas: Planos de

Negócios, Relatórios de Venda. Ferramentas e Técnicas: Análise dos

Resultados, Análise de Mercado. Saídas: Relatório de Acompanhamento dos

Projetos, Plano de Negócios Atualizados);

Sugere-se ainda que o Comitê de Projetos tenha uma visão de todos os

projetos da empresa e não apenas dos projetos ligados à Engenharia de

Desenvolvimento.

65

Um bom início para determinar a amplitude da gestão da inovação pode

ser conseguido por meio da aplicação do diagnóstico presente no Anexo 1. A

partir dos resultados, poderá ser estabelecido equipe, objetivos, metas,

capacitações, projetos, recursos e orçamentos para conduzir a Gestão da

Inovação na empresa.

Para os benefícios da Lei de Informática (PPB), não há atualmente um

processo bem definido identificando as responsabilidades de cada área. A

sugestão é que o Gestor da Inovação seja o responsável pela gestão das

verbas do PPB, alinhadas aos projetos do portfólio, de acordo com as

definições das reuniões de acompanhamento do Comitê de Projetos. É

necessária a definição do processo, procedimentos para acompanhamento e

devida prestação de contas.

O Gestor da Inovação deverá ainda planejar e acompanhar o uso dos

benefícios fiscais oferecidos pela Lei do Bem (renúncia fiscal) na sua

totalidade. Aqui sugere-se um alinhamento do benefício com o portfólio de

projetos e despesas com inovação para melhor aproveitamento do benefício.

Recomenda-se também a definição de um processo e procedimentos para

prestação de contas.

Com benefícios mapeados e portfólio definido, também deve ser

construída uma estratégia de fortalecimento de parcerias com universidades,

empresas e instituições de pesquisa e desenvolvimento, tentando antecipar a

preparação de projetos com parceiros estratégicos para uso dos benefícios

ofertados para estas formas de parceria.

No decorrer do curso, foi implementado na Nansen um Sistema de

Sugestões baseado no que foi apresentado no item 3.1. Sugere-se melhorias

nesse sistema com a utilização de uma ferramenta de software para facilitar

sua gestão (atualmente a equipe trabalha com o Excel como ferramenta de

apoio). Após sua estabilidade, recomenda-se avaliar a implantação de um

sistema de recompensa financeira para que o mesmo obtenha melhores

resultados. Pode-se também pensar em vincular algum benefício dos

colaboradores (Participação nos Resultados, por exemplo) ao número de ideias

geradas em cada departamento.

Um setor que pode ajudar muito o processo de inovação na Nansen é o

Marketing. A sugestão é que a empresa repense as funções de marketing

desejadas e planeje recursos e processos que irão alavancar e apoiar o

processo de inovação. Algumas ferramentas aqui apresentadas poderão ser

úteis para avaliar e determinar posicionamento dos produtos atuais no portfólio

da empresa.

66

A inovação não acontece por acaso. Ela será fruto do esforço de

pessoas com foco nesse processo. E as pessoas precisam estar motivadas ou

os resultados poderão ficar muito aquém do desejado. Sugere-se que a

empresa defina uma política de capacitação e treinamento para lideranças e

pessoas chave no processo. Também é recomendado avaliar se o sistema de

recompensa atual está adequado para que a empresa conquiste os benefícios

necessários.

REFERÊNCIAS

ADAIR, J. Liderança para inovação: como estimular e organizar a

criatividade para sua equipe de trabalho produzir ideias inovadoras. São

Paulo: Clio Editora, 2010.

ARAÚJO, T., Criatividade para inovação, Belo Horizonte: Ietec, Setembro,

2010.

BOYADJIAN, J.C., Gestão de portfólio de projetos, Belo Horizonte: Ietec,

Agosto, 2010.

DAVILA, T.; EPSTEIN, M. J. e SHELTON, R. As regras da inovação. Porto

Alegre: Bookman, 2006.

DINIZ, J.H., Aspectos legais da propriedade intelectual, Belo Horizonte:

Ietec, Novembro, 2010.

DINIZ, J.H., Gestão da inovação no ambiente empresarial, Belo Horizonte:

Ietec, Setembro, 2010.

DINIZ, J.H., Orçamento e fontes de recursos para financiar a inovação,

Belo Horizonte: Ietec, Novembro, 2010.

DINIZ, J.H., Política nacional de ciências, tecnologia e inovação, Belo

Horizonte: Ietec,Setembro, 2010.

JAMIL, G., Gestão da inovação, Belo Horizonte: Ietec, Novembro, 2010.

JAMIL, G., Organização e planejamento para inovação, Belo Horizonte:

Ietec, Janeiro, 2011.

JUNGMANN, D.M., A caminho da inovação: proteção e negócios com bens de propriedade intelectual: guia para o empresário, IEL, Brasília, 2010.

67

MATTOS, José F., STOFFEL, Hiparcio R. e TEIXEIRA, Rodrigo A., Mobilização empresarial pela inovação: cartilha: gestão da inovação, Confederação Nacional da Indústria, Brasília, 2010. MICHALICK, I.,Gerenciamento de Projetos de Inovação, Belo Horizonte:

Ietec, Fevereiro, 2011.

MICHALICK, I.,Gerenciamento de projetos, Belo Horizonte: Ietec, Fevereiro,

2011.

MINTZBERG, H., AHLSTRAND, B. e LAMPEL, J. Safári de estratégia. Porto

Alegre: Bookman, 2000.

PMI, A guide to the Project management body of knowledge. Atlanta: Fourth Edition, PMI, 2008. ROBINSON, A. G. e SCHROEDER, D. M. Ideias para revolucionar sua vida.

Editora Gente, 2005.

SHENHAR, J. Aaron e DVIR, D., Reinventando o Gerenciamento de

Projetos, M.Books do Brasil, 2010.

UTTERBACK, J. M. Dominando a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro:

Qualimark, 1996.

VIEGAS, S., Inovação e competitividade, Belo Horizonte: Ietec, Outubro,

2010.

68

ANEXOS

ANEXO 1 – Pesquisa Dimensão da Gestão Estratégica da Inovação Fonte: Cartilha: Gestão da Inovação, CNI, 2010.

Dimensão # Pergunta

Nu

nca

(0

pt)

Even

tual

me

nte

(1

pt)

Po

uca

s ve

zes

(1,5

pts

)

Alg

um

as v

ezes

(2

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)

Qu

ase

sem

pre

(2

,5 p

ts)

Sem

pre

(3

pts

)

Mét

od

o

1

As metodologias de avaliação da performance da geração de valor pela inovação identificam os resultados obtidos, visando proporcionar reconhecimentos e recompensas financeiras para as pessoas que promoveram a inovação?

2

A metodologia implantada da Gestão Estratégica da Inovação possibilita identificar oportunidades, gerar e selecionar ideias e implantar processos e projetos voltados para a geração de valor via inovação?

3

O desdobramento da estratégia é feito de forma a se identificar como e quanto a inovação pode contribuir para a sobrevivência do negócio, no curto, médio e longo prazos, através da análise dos objetivos, indicadores de performance, metas e sistemas de acompanhamentos já previstos no planejamento estratégico da empresa?

4

A metodologia implantada prevê um processo de avaliação de erros e um sistema de aprendizado, individual e coletivo, a partir dos equívocos cometidos por pessoas e equipes?

Am

bie

nte

5

São criados espaços de contribuição, devidamente sistematizados, para que os colaboradores (insights) e os parceiros estratégicos, clientes e fornecedores (foresigths) contribuam no processo da Gestão Estratégica da Inovação da empresa; e essas contribuições são avaliadas pela alta administração visando sua implementação?

6 A melhoria do ambiente e das condições de trabalho, visando gerar mais qualidade de vida para todos, é devidamente avaliada e gerenciada?

7

Os locais de trabalho são planejados de forma a possibilitar a integração e interação das pessoas e a proporcionar mais qualidade de vida para a força de trabalho?

8

Existe autonomia para se utilizar parte do tempo destinado à jornada de trabalho para se dedicar a projetos inovadores que estejam sendo desenvolvidos por equipes de outros setores?

69

Pes

soas

9

O sistema de recrutamento, seleção, progresso, promoção, treinamento e remuneração das pessoas prevê a valorização dos talentos, do comportamento empreendedor, da capacidade de se assumir riscos e da habilidade de trabalhar em equipes, como valores essenciais para se trabalhar na empresa?

10 Pessoas com talento são devidamente reconhecidas e recompensadas, inclusive financeiramente?

11 As pessoas são educadas, treinadas e capacitadas para gerar valor para o negócio através da inovação, usando métodos e ferramentas devidamente sistematizados?

12 O sistema de distribuição de resultados abrange todos os colaboradores e é proporcional aos esforços realizados na busca de resultados pela inovação?

Estr

atég

ia

13

O desdobramento da estratégia é feito de forma a se identificar como e quanto a inovação pode contribuir para a sobrevivência do negócio no curto, médio e longo prazos, através da análise dos objetivos, indicadores de performance, metas e sistemas de acompanhamento?

14

A inovação, como fonte geradora de valor para o negócio, é priorizada e desdobrada até o nível de plataformas, de projetos e de planos, no planejamento estratégico do negócio?

15

A alta administração consegue perceber o grau de contribuição da inovação (econômico, financeiro, imagem, market share etc.) para o negócio e constantemente avalia o grau de maturidade do sistema de gestão da inovação da empresa?

16

O ambiente vigente na empresa pressupõe que a inovação é uma atividade de risco, aceitando bem os fracassos quando eles ocorrem e aproveitando estas oportunidades para aprender com os erros cometidos?

Lid

eran

ça

17

A principal liderança divulga, estimula e apoia a inovação e o uso de sistemas, metodologias e ferramentas específicas voltadas para a geração de inovação na empresa, bem como implementa processos e projetos voltados para a geração de valor?

18

A principal liderança conduz pessoalmente as reuniões de definição da visão de futuro, dos objetivos, do escopo, da escolha de plataformas, da disponibilização de orçamentos, bem como de seus desdobramentos em planos e projetos?

19

A principal liderança promove e apoia a criação de ambientes que visem a promoção da criatividade, o estímulo da diversidade e um ambiente favorável à inovação na empresa?

20

A principal liderança colabora, divulga, pratica e reconhece o uso de sistemas, metodologias e ferramentas específicas voltadas à geração de inovação na empresa?

Fonte: Cartilha: Gestão da Inovação, CNI, 2010.