federação nacional dos apicultores de portugal informar...

18

Upload: others

Post on 21-Sep-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

outubro | 2017

Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

#5

informar para melhorar

Apoios aos apicultores afetados pelos incêndios

REPORTAGEMApicultores reclamam mais apoios

e proteção do mel europeu

ENTREVISTA«É necessário inovar para diluir o risco do negócio»

Miguel Vilas Boas, especialista em Tecnologia Apícola

Page 2: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Reagir após os incêndios e perante a seca

O ano de 2017 ficará para a história como um ano negropara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dospiores incêndios de que há memória na história do país.Conta-se a perda inadmissível e irreparável de mais de 100vidas humanas, entre as quais alguns apicultores, mas tambéma maior área ardida de sempre, com o consequente desapa-recimento de uma grande área de pasto para as abelhas.

Agora é tempo de reagir a toda esta devastação e de reerguero país. A FNAP está, junto com as suas associadas, a envidaresforços para a recolha de informação sobre todos os pre-juízos diretos e indiretos dos incêndios do verão e outonode 2017, que suportará a elaboração de um documento desíntese e proposta de atuação que entregará a todas asentidades competentes, procurando com isso minimizartodos os danos e perdas sofridos pelos apicultores nacionais.

Conforme informamos nesta edição da Apinfo, os apicultoresatingidos pelos incêndios podem candidatar-se aos apoiosda Operação 6.2.2. �Restabelecimento do potencial produtivo�do PDR2020.

Menos dramática, mas igualmente preocupante é a secaque assola o país há vários meses, com consequências nefas-tas para a produção de mel. Neste caso, o Governo criouuma linha de crédito garantida que pretende compensar oaumento dos custos de produção resultantes da seca, nomea-damente os custos relativos à alimentação das colmeias,devido à escassez de pastagens. Conheça os montantes eas condições do apoio mais à frente nesta edição.

Boa leitura!

CONSULTÓRIO TÉCNICO

Que passos devem ser dados por um apicultor que queira produzir sob o Modo de Produção Biológico?

NOTÍCIAS

Incêndios florestais de 2017� os piores de sempre

Apicultores atingidos pelos incêndiospodem candidatar-se à Operação 6.2.2.�Restabelecimento do potencial produtivo�do PDR2020

Apicultura contemplada nos apoiospara mitigar prejuízos da seca

AGENDA

REPORTAGEM

Apicultores reclamam mais apoios e proteção do mel europeu

Propolis ajuda na conservação prolongada de peras

ENTREVISTA

«As doenças das abelhas estão a sercorretamente controladas pelosapicultores», Graça Mariano, Subdiretora-Geral de Alimentação e Veterinária

«É necessário inovar para diluir o risco do negócio», Miguel Vilas Boas,especialista em tecnologia apícola e diretorda ESA Bragança

ESPAÇO ASSOCIADOS

AASACV - Associação de Apicultoresdo Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

www.fnap.pt

editorial índice

3

4

4

5

5

6

9

10

14

17

#2

Page 3: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Que passos devem ser dados por um apicultor que queiraproduzir sob o Modo de Produção Biológico?*

O Modo Produção Biológico (MPB) rege-se por um conjuntode disposições comunitárias, nomeadamente o Reg. (CE)n.°834/2007 do Conselho e congrega uma postura comumentre todas as atividades agrícolas que sustente a saúde dossolos, dos ecossistemas e das pessoas. Baseia-se em processosecológicos, na biodiversidade e em ciclos adaptados às condi-ções locais, em detrimento do uso de fatores de produçãocom efeitos adversos. A agricultura biológica combina tradição,inovação e ciência para o benefício do meio ambiente comume promove as relações justas e uma boa qualidade de vidapara todos os envolvidos.

Para além da mais-valia económica dos produtos produzidos,utilizar esta certificação significa também adotar uma atitudede respeito aos princípios de base da Agricultura Biológica:

1. O PRINCÍPIO DA SAÚDEA Agricultura Biológica deverá manter e melhorar a qua-lidade dos solos, assim como a saúde das plantas, dosanimais, dos seres humanos e do planeta como organismouno e indivisível.

2. O PRINCÍPIO DA ECOLOGIAA Agricultura Biológica deverá basear-se nos sistemasecológicos vivos e nos seus ciclos, trabalhando com eles,imitando-os e contribuindo para a sua sustentabilidade.

3. O PRINCÍPIO DA JUSTIÇAA Agricultura Biológica deverá basear-se em relaçõesjustas no que diz respeito ao ambiente comum e às opor-tunidades de vida.

4. O PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃOA Agricultura Biológica deverá ser gerida de uma formacautelosa e responsável, de modo a proteger o ambiente,a saúde e o bem-estar das gerações atuais e futuras.

O Processo de Certificação em 4 passos

O incumprimento dos requisitos necessários à certificação éem muitos casos resultado de deficiente informação sobreas condições para ser um produtor em MPB. O primeiro passodo apicultor que pretenda ser apicultor em MPB é a consultaatenta da legislação consolidada relativa à produção biológica,nomeadamente o Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conse-lho e do Regulamento (CE) n.º 889/2008 da Comissão.

Tomada a decisão consciente de produzir em MPB, deve oapicultor contatar os Organismos de Controlo e Certificação

para o Modo de Produção Biológico competentes para acontratualização de todo o processo de controlo e certificação.A lista de Entidades competentes está disponível AQUI. OsOrganismos de Controlo e Certificação devem estar acredita-dos para o efeito e a contratação dos serviços deve ser conse-quência de uma decisão informada das condições da prestaçãodo serviço.

Realiza-se então o primeiro controlo oficial das condiçõespara a certificação em MPB pela entidade certificadora contra-tada, que deverá incidir sobre dois pontos essenciais:

a) as condições físicas dos apiários e locais de processamentodos produtos apícolas: nomeadamente avaliação das cul-turas e atividades poluentes nas áreas envolventes; condi-ções de higiene e segurança; verificação de materiais utili-zados e naturalmente a observação das colónias de abelhas;

b) controlo documental de cumprimento legal ao exercícioda atividade apícola.

Finalmente, e com o relatório do controlo positivo à cer-tificação, deve o apicultor proceder à notificação da AutoridadeCompetente em matéria de Modo de Produção Biológicopela submissão desta Formulário.

A certificação em MPB é representada pelo símbolo europeu�eurofolha�. Este símbolo, largamente difundido pelos paísesda UE União Europeia, é reconhecido pelos consumidorescomo um selo de garantia dum modo de produção ético esustentável, em respeito pela natureza e bem-estar animal.Produzir em MPB é um processo contínuo de alteração decomportamentos dos produtores na escolha das opções demaneio e dos fatores de produção. O grau de confiança dosconsumidores no mecanismo de certificação é elevado etraduz a preferência por produtos produzidos em rigor pelasboas práticas; sujeitos a um controlo independente; embaladosem condições adequadas e com conhecimento inequívocoda sua origem.

Esta informação pode ser complementada pela leitura doGuia de Certificação - Apicultura em Modo de ProduçãoBiológico, e do Manual de Apicultura em Modo de ProduçãoBiológico, ambos editados pela FNAP.

*Questão remetida à FNAP por Vasco Lopes

A certificação em MPB é representada

pelo símbolo europeu �eurofolha�

www.fnap.pt #3

consultório técnico

Page 4: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Incêndios florestais de 2017� os piores de sempre

Num ano que ficará indelevelmente marcado pelos inúmerosincêndios florestais que devastaram mais de 500.000 ha defloresta, Portugal vê-se perante um conjunto de desafios deelevada complexidade. Desafios que abrangem o setor florestal,mas também o setor apícola.

A época de incêndios florestais de 2017 ficará obviamentemarcada pelas perdas de vidas humanas, tendo o setor apícolaa lamentar a irreparável perda de apicultores nestes incêndios,mas também pela maior área ardida de sempre, com oconsequente desaparecimento de uma grande área de pastopara as abelhas.

As consequências catastróficas dos incêndios florestaisultrapassam as perdas imediatas, e de fácil associação de queé exemplo a perca das colónias de abelhas. Aos produtoresapícolas com explorações afetadas pelos incêndios, é impostoum momento de análise dos prejuízos devendo ser dadaespecial atenção às seguintes situações:

a) Contabilização das perdas de colmeias;

b) Contabilização das colmeias retiradas ou poupadas nasáreas ardidas e que se encontram numa situação de riscode sobrevivência;

c) Impacto nas metas previstas nos planos de execução emexplorações detidas por apicultores com projeto de jovemagricultor em execução;

d) Identificação de potenciais situações de perda ou alteraçãoda identidade dos produtos apícolas endógenos,consequência da destruição da floração autóctoneexistente;

e) Identificação de soluções alternativas para assegurar avitalidade das colónias sobreviventes;

f) Identificar todas as outras situações relevantes.

Toda a fileira apícola está a atravessar um período de reflexãoonde a conduta dos agentes ativos deverá ser focada narecuperação de um sector que se espera dinamizador parao restabelecimento do equilíbrio ecológico das áreas ardidas.A FNAP está junto com as suas associadas, a envidar esforçospara a recolha de informação sobre todos os prejuízos diretos

e indiretos dos incêndios no verão de 2017, que suportará aelaboração de um documento de síntese e proposta deatuação que entregará a todas as entidades competentes,procurando com isso minimizar todos os danos e perdassofridos pelos apicultores nacionais. Este documento incluirátambém propostas de atuação ao nível da gestão florestal,nomeadamente ao nível da manutenção e melhoria dadiversidade da flora apícola na floresta portuguesa, e daimposição de medidas, como a utilização de compassos deplantação e de técnicas de limpeza, apropriados e quefavoreçam a ocupação de estrato herbáceo e arbustivo dossolos florestais por espécies com valor apícola.

Apicultores atingidos pelos incêndios podemcandidatar-se à Operação 6.2.2.�Restabelecimento do potencial produtivo�do PDR2020

Para efeitos de candidatura ao apoio à reconstituição oureposição do potencial produtivo das explorações apícolasdanificadas em enquadramento no PDR2020 � �Operação6.2.2 � Restabelecimento do Potencial Produtivo� énecessária a submissão do Formulário de Declaração dePrejuízos, disponibilizado nos seguintes links, pelas DRAPdo Norte, Centro (incêsndios de Outubro) e Lisboa e Valedo Tejo (Julho e Agosto � Concelhos de Abrantes, Ferreirado Zêzere, Mação e Sardoal):

DRAP Norte:http://www.drapnorte.pt/drapn/incendios/declaracoes_incendios_102017_drapn.php

DRAP Centro:http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/especial/declaracoes_incendios_102017_drapc.php

notícias

www.fnap.pt #4

Foto: Diário de Leiria

Page 5: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

DRAP LVT:http://www.draplvt.mamaot.pt/DRAPLVT/Comunicacao/Noticias/Pages/Incendios�PDR2020�Operacao-6-2-2�Restabelecimento-do-Potencial-Produtivo-.aspx

Mais se informa que �as despesas são elegíveis após a a-presentação da candidatura e estão sujeitas à verificaçãoe validação no local, pelas Direções Regionais de Agricul-tura e Pescas territorialmente competentes, dos prejuízosdeclarados pelos beneficiários.�

A Declaração de Prejuízos é portanto obrigatória para asubmissão posterior de candidaturas à Operação 6.2.2. Resta-belecimento potencial produtivo do PDR2020, que o poderáauxiliar na recuperação e capacitação da sua exploração,nos meios necessários à continuidade da atividade.

Aproveitamos para informar todos os apicultores quedevem dirigir-se à organização que os representa no sen-tido de reportarem todos os prejuízos provocados pelosincêndios florestais, bem como devem atualizar a Decla-ração de Existências, sendo que nestes casos deve serexplicitado o motivo da declaração de alterações como�morte por incêndio�.

Apicultura contemplada nos apoios paramitigar prejuízos da seca

O Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural(MAFDR) anunciou a criação da �Linha de crédito garantidapara minimização dos efeitos da seca 2017 � AlimentaçãoAnimal», na qual se incluem as explorações apícolas.

Trata-se do reconhecimento de que também a Apicultura foifortemente afetada pela escassez de pastagens que se verificaem Portugal, fruto do prolongado período de seca cujosefeitos ainda se fazem sentir. Com esta linha de créditogarantida, o MAFDR pretende compensar o aumento doscustos de produção resultantes da seca, nomeadamente oscustos relativos à alimentação das colmeias, devido à escassezde pastagens.

Esta linha de crédito destina-se a apoiar necessidades detesouraria, sendo exclusivamente dirigida aos operadores deprodução animal. O montante máximo fixado por colmeia éde 5 euros, estando a ajuda limitada ao montante máximo decrédito garantido, de 15 000 euros (quinze mil euros), expressosem equivalente subvenção bruto, conforme previsto na alíneab) do n.º 6 do artigo 4.º do Regulamento (UE) n.º 1408/2013,da Comissão.

www.fnap.pt #5

Agenda

X Jornadas do Mel do Alto MinhoCEA � Centro de Artes e Espetáculos de Vila Novada Cerveira28 de outubro de 2017Organização: APIMIL � Associação Apícola doEntre Minho e Lima

X Fórum internacional da Castanha � Soutos,Cogumelos e MelAuditório do Pavilhão do NERBA3 de novembro de 2017Organização: Instituto Politécnico de BragançaCâmara Municipal de BragançaConfraria Ibérica da Castanha

10º Encontro Regional de ApiculturaAuditório da Direção Regional de Agricultura ePescas do Algarve, Faro � Patacão7 de novembro de 2017Organização: MELGARBEDRAP Algarve

III Jornadas de Apicultura da Rural Castanea11 de novembro de 2017Vinhais, BragançaOrganização: Associação do Apicultores do ParqueNatural de MontesinhoCâmara Municipal de VinhaisInclui o 3º Concurso de Mel de Castanheiro daRural CastaneaInscrições até 7 de novembro

V Congresso Ibérico de ApiculturaCoimbra - Portugal1 a 3 fevereiro de 2018Organização: Universidade de CoimbraFNAP � Federação Nacional dos Apicultores dePortugal

Page 6: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Apicultores reclamam mais apoiose proteção do mel europeu

No âmbito do XVIII Fórum Nacional de Apicultura, realizadoa 9 de Setembro, em Vila Pouca de Aguiar, a FederaçãoNacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) apresentoudiversas propostas com vista a aumentar a competitividadedo setor apícola.

A principal reivindicação da Federação é o aumento dosapoios da PAC aos apicultores europeus. «O orçamentoda UE para os programas nacionais de apicultura deve seraumentado em 47,8%, em consonância com o aumentodo efetivo apícola, e a PAC pós-2020 deve incluir obrigató-riamente um regime de apoio direto aos apicultores,baseado no número de colmeias», afirmou João Casaca,técnico da FNAP. Os apicultores europeus recebem apenas3 milésimos do orçamento da PAC, ou seja, 36 milhõesde euros (Portugal tem 1,1 milhões de euros), verba quenão é atualizada desde 2014.

Entre 2011 e 2014 o efetivo apícola da UE aumentou 47,8%,mas o valor de financiamento da UE subiu apenas 12%. Aprodução de mel na UE é estimada em 243.000 toneladase o consumo em 403.000 toneladas, o que deixa espaçopara grande volume de importações. A China é o principal

fornecedor de mel à Europa (100.000 toneladas em 2015),exportando mel a preços muito inferiores aos praticadospelos produtores europeus, o que fez com que o preçodo mel descesse para metade em 2016, comparativamentecom 2014.

A qualidade do mel é outra das preocupações da FNAP,que reclama a adoção de procedimentos de análise la-boratorial eficazes para detetar situações de adulterações,que são cada vez mais sofisticadas. Em 2015, a ComissãoEuropeia ordenou testes centralizados ao mel nos Estados--Membros e concluiu que 20% das amostras eram de meladulterado. Neste contexto, a FNAP exige que as regrase o controlo atuais sejam estendidos aos exportadores eembaladores de mel de países terceiros e recomenda aobrigatoriedade da indicação do local de origem do mel.«As menções �misturas de méis� ocultam totalmente aoconsumidor a origem do mel que consomem», explica aFNAP.

Diversificação e Inovação na Produção Apícola

Portugal atingiu em 2016 um número recorde de 700.000colmeias e os apicultores portugueses são cada vez maisprofissionais. No entanto, devido às flutuações do preçodo mel no mercado global e à instabilidade da produção,diretamente dependente das condições climáticas decada ano, é necessário diversificar a produção, apostandoem novos produtos além do mel.

A FNAP, em parceria com a Escola Superior Agrária deBragança, iniciou este ano o projeto �DivInA- Diversifica-ção e Inovação na Produção Apícola�, que visa incentivaros apicultores a produzir pólen, própolis, pão-de-abelhae apitoxina (vulgo veneno de abelha), com vista a aumentara rentabilidade e garantir a sustentabilidade das explora-ções apícolas. O projeto, que decorre até 2021, inclui 4fases de execução: instalação de 3 apiários experimentaisem Bragança, Vila Real e Lisboa; instalação de 6 apiáriosde aplicação; desenvolvimento tecnológico dos processosprodutivos daqueles produtos da colmeia e elaboraçãode manuais técnicos e normas de qualidade para regula-mentar a produção.

A própolis, por exemplo, é um produto da colmeia comelevado poder anti-oxidante e anti-microbiano que temdiversas aplicações. O seu preço pode atingir 80�/kg.Uma das possíveis utilizações é o uso em recobrimentoscomestíveis de frutas. Durante o Fórum foi apresentado

Sessão de abertura com representantes da FNAP, Aguiar Florestae Montimel

www.fnap.pt #6

reportagem

Page 7: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #7

o projeto Re-Pear, que testou recobrimentos contendoprópolis em peras Conference e Blanquilha, com resultadospositivos na preservação da qualidade da fruta durante afase de armazenamento.

A inovação tecnológica na gestão da exploração apícolatambém foi abordada no Fórum, destacando-se o projetoSmart Beekeeping. Investigadores do Instituto Politécnicodo Cávado e Ave, em parceria com a FNAP e a APIMIL, es-tão a desenvolver uma plataforma inteligente integrada� sBee - para controlo da atividade apícola. Esta ferramen-ta, baseada em sensores integrados nas colmeias e nosfatos dos apicultores, deverá permitir o registo automáticodas colmeias, autenticação de apicultores, registo e contro-lo in loco das operações de campo, entre outros.

Sanidade apícola

Durante o Fórum foi realizado um ponto de situação acer-ca das principais pragas e doenças que afetam as abelhas,destacando-se em Portugal uma crescente taxa de preva-lência da Varroose e a progressão da vespa velutina emtoda a faixa litoral do Minho ao Alentejo. Graça Mariano,Sub-Diretora-Geral de Alimentação e Veterinária, apresentouos resultados do PICOA- Plano Integrado Oficial de Con-trolo de Apiários, que em 2016 abrangeu 135 apiários econclui que «na grande maioria os apicultores portuguesesestão de acordo com a legislação vigente».

O problema de Varroose, que dizimou 1 milhão de colmeiasna Península Ibérica na década de 80, requer da parte dos

apicultores medidas de controlo nos apiários durante to-do o ano e uma estratégia de luta integrada. Angel Diaz,apicultor com 700 colmeias na Andaluzia, sul de Espanha,e membro da COAG, disse que hoje em dia não temos amesma varroa de há 30 anos, pois este ácaro mudou dehábitos, escondendo-se mais nas crias do que nas abelhasadultas, o que leva o apicultor a subestimar a presençada praga na colmeia. Disse ainda que as colónia de abelhashoje em dia sucumbem perante uma menor carga de var-roa: «quando nos anos 90 era preciso uma carga de 10.000a 15.000 varroas para matar a colónias, hoje não suportamais do que 2.000 varroas». Angel Diaz apresentou umaestratégia de maneio sanitário-produtivo que envolve arealização de tratamentos (com Ácido Oxálico e Amitraz)desde o momento do início da criação do enxame, emdezembro, até à retirada do enxame em agosto, e nova-mente no outono após o nascimento de toda a criação.No inverno recomenda a realização do �teste do açúcar�para controlo do nível de infestação das colmeias.

Uma nova tecnologia está a ser desenvolvida para controloda vespa velutina através do projeto Arma4Vespa. Consisteno desenvolvimento de armadilhas seletivas em forma demini-cápsula contendo um agente ativo (inseticida) e umisco (feromona ou aroma) para atrair a vespa. Atraída peloisco, a vespa levará a capsula para o seu ninho e devidoà constituição da cápsula esta será destruída pela própriavespa, fazendo com que o agente ativo seja libertado no in-terior do ninho, eliminando o inseto predador. O Arma4Vespaé uma parceria do Laboratório Ibérico Internacional deNanotecnologia, com a FNAP e a Apicave.

Sessão 1- Graça Mariano (DGAV), Joana Godinho e Maria JoséValério (INIAV)

Sessão 2- Angel Diaz (apicultor e representante da COAG) e JoãoCasaca (FNAP)

Page 8: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #8

O XVIII Fórum Nacional de Apicultura foi coorganizadopela FNAP e as suas associadas AguiarFloresta, Capolib eMontimel.

Recorde-se que a apicultura é fonte de rendimentos pri-mários ou suplementares para mais de meio milhão decidadãos europeus e que o valor do setor apícola ultrapassaem muito o valor das suas produções, representandocerca de 14,2 mil milhões de euros, já que 74% da produçãoalimentar depende da polinização das abelhas, que tam-bém contribui para a manutenção do equilíbrio ecológicoe diversidade biológica.

Sessão Cientifica com a presença da UTAD, IPCA, IPB, Inspirália,INL, CIMO e INIAV

Participantes no Fórum

O jantar de encerramento do Fórum incluiu pratos confecionadoscom mel

O jantar de encerramento do Fórum

A XVI Feira Nacional do Mel realizou-se em simultâneo com o Fórum

Page 9: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #9

Propolis ajuda na conservação prolongadade peras

A própolis está a ser usada como componente principal emrecobrimentos comestíveis com efeito anti-escaldão eantimicrobiano para tratamento pós-colheita de peras. Umprojeto europeu de I&D com a participação da FNAP.

As peras são a quarta fruta mais consumida no mundo. Trata-se de um alimento altamente perecível, mas que após a co-lheita pode ser conservado em câmaras de frio com atmosferacontrolada até 10 meses para poder estar à mesa do consumi-dor todo o ano. Para isso é necessário realizar tratamentopós-colheita nas peras, de modo a evitar processos oxidativosque causam o chamado �escaldão superficial�. Trata-se deuma desordem fisiológica que induz o pardeamento da epi-derme, embora não afete negativamente nem o sabor nema textura da fruta. Não obstante, a presença de escaldão impe-de a comercialização da fruta e inviabiliza o seu valor comercial.Até há pouco tempo, o escaldão superficial era controladocom a aplicação de antioxidantes químicos, como adifenilamina (DPA) e a etoxiquina, mas legislação comunitáriarecente (Diretiva 2009/128/CE) veio limitar ou proibir aaplicação de produtos anti-escaldão.

Face à ausência de um tratamento eficaz para conservaçãodas peras no mercado, o projeto Re-Pear oferece uma alter-nativa natural aos produtos químicos, usando própolis comoum dos compostos de um recobrimento comestível a aplicarna epiderme das peras. O recobrimento é uma fina camadaconstituída por compostos naturais que formam uma barreirainvisível à respiração da pera, evitando que oxide e perca peso.Além disso, o recobrimento serve para incorporar antioxidantese agentes antimicrobianos que protegem as peras. A própolis

entra neste processo devido à sua atividade antioxidante eantimicrobiana, já comprovada anteriormente em uva-de-mesa, papaia, manga e abacate.

Os investigadores analisaram própolis de diferentes origensgeográficas e o seu perfil antioxidante para ser incorporadono recobrimento experimental, concluindo que a própolisoriundo da Península Ibérica apresenta um maior teorantioxidante e em compostos fenólicos do que a própolisproveniente de Itália, do Brasil e da China. Posteriormente aprópolis em solução hidroalcoólica foi adicionado a diferentesrecobrimentos comestíveis e aplicados em duas variedadesde peras, para estudo das suas propriedades como barreiraà libertação do etileno (composto da fruta responsável peloseu amadurecimento) e à incidência do escaldão.

Os investigadores observaram que a ação anti-escaldão dosrecobrimentos comestíveis, na variedade Blanquilha, se deveprincipalmente às suas propiedades antioxidantes, nomeada-mente conferidas pela própolis. Por outro lado, na variedadeConference, a redução da produção de etileno deve-se tantoao potencial antioxidante, como ao efeito barreira do recobri-mento, controlando assim o escaldão.

Por tudo isto, a própolis pode ser considerado um candidatocom potencial para ser usado na produção de recobrimentoscomestíveis com atividade antioxidante e antimicrobiana.

O Re-Pear é um projeto cofinanciado pela União Europeiacom duração de 3 anos. É formado por um consórcio europeucomposto por três associações: Denominação de OrigemPeras de Rincón de Soto (Espanha), FNAP (Portugal) e EUCOFEL(Bélgica), três PME: Soto del Ebro (Espanha), Xeda International(França), HS Luftfilterbrau (Alemanha) e três centros tecnoló-gicos: Universidade de Malta, Instituto de Investigación yTecnología Agroalimentaria (Espanha) e Tecnologías AvanzadasInspiralia (Espanha).

reportagem

Aplicação de recobrimento comestível com própolis na epidermedas peras

Aplicação de recobrimento comestível com própolis na epidermedas peras

Page 10: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #10

«As doenças das abelhas estão a sercorretamente controladas pelos apicultores»

Graça Mariano, Subdiretora-Geral de Alimentação e Veterinária,recorda que a sanidade das abelhas deve ser sempre uma dasmaiores preocupações do apicultor individual e assegura queos controlos efetuados pelo Estado permitem confirmar asegurança do mel.

A DGAV elabora anualmente o Programa Sanitário Apícola,que estabelece, entre outros aspetos de sanidade apícola,requisitos a que devem obedecer as Zonas Controladas. Apósmais de 10 anos de implementação das primeiras ZonasControladas, que avaliação faz a DGAV desta ferramenta e doenvolvimento dos apicultores na sua gestão?

Nos últimos 10 anos foram reconhecidas pela DGAV um totalde 19 zonas controladas (ver mapa na página seguinte).Consultados os dados provisórios das declarações de existênciasanuais de 2017, verifica-se que representam um total de 5.499

apicultores e de 322.320 colónias, constituindo assim cerca de44% do efetivo apícola nacional. Um dos indicadores mais evi-dentes e quantificável da implementação das entidades gestorasde zonas controladas tem sido o incremento do número deanálises laboratoriais efetuadas aos apiários nos últimos 10anos, de 524 análises realizadas, em 2007, passámos para 5.136análises, em 2016. Este incremento demonstra o trabalho quetem sido desenvolvido ao nível da sensibilização dos apicultorespara a importância das análises laboratoriais, para o corretodiagnóstico das doenças nos seus apiários, permitindo assimas necessárias recomendações nas atuações subsequentes. Aevolução das doenças tem-se mantido estável e controlada,tratando-se de doenças endémicas a nível nacional, salienta-se também a importância de não terem surgido novas doençasnos últimos anos. Do ponto de vista sanitário, as doenças dasabelhas estão a ser corretamente controladas pelos apicultores,nomeadamente a Varroose. Consideramos assim que o trabalhosério e empenhado das organizações de apicultores nacionaise o facto de os próprios apicultores se estarem a profissionalizarnesta atividade, tem contribuído para estes resultados.

A Varroose continua a ser o principal problema sanitáriodo efetivo apícola nacional. Qual é o impacto desta doençanos apiários portugueses?

A Varroose é considerada uma doença endémica em Portugale na maior parte da Europa e efetivamente continua a ser oprincipal problema sanitário do efetivo apícola nacional. AComissão Europeia considera também que as outras doençasdas abelhas apenas surgem devido à fragilidade das colmeiascausada pela Varroose, pelo que tem mantido o apoio financeiropara o combate a esta doença, através do Programa ApícolaNacional. Não sendo possível a sua erradicação, devem serconsideradas estratégias globais e concertadas para o seucontrolo. Esse controlo deverá ser baseado num conjunto deações sanitárias orientadas e fundamentadas em fatores analíti-cos. Estas ações sanitárias só são eficazes no controlo da doençase executadas conjuntamente em função da estratégia definidaem função dos indicadores epidemiológicos. Este princípio éfundamental na estratégia de combate que visa atingir objetivosde redução de prevalência, dado que pode existir resistênciaaos medicamentos se estes forem utilizados de forma arbitráriae sem objetividade científica.

entrevista

«As outras doenças das abelhasapenas surgem devido à fragilidadedas colmeias causada pela Varroose»

Para aceder à entrevista integral clique AQUI

Page 11: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Qual é a estratégia de combate à Varroose em Portugal?

Em Portugal essa estratégia consiste na implementação doprograma sanitário da DGAV e na implementação de planossanitários pelas organizações de apicultores. O ProgramaSanitário Anual da DGAV integra o �Plano Integrado de ControloOficial de Apiários� (PICOA) que consiste na realização decontrolos oficiais a apiários das várias regiões e comunicaçãode resultados e recomendações ao apicultor. Os Planos Sani-tários elaborados e executados pelas organizações de apicultoresincluem entre outras medidas, ações de divulgação aos apicul-tores, visitas aos apiários, distribuição de medicamentos contraa Varroose e colheita de material para análises laboratoriais.

No contexto de uma estratégia sanitária de acordo com osprincípios estabelecidos pela Organização Mundial de SaúdeAnimal, pela Comissão Europeia e pela legislação nacional, aDGAV elaborou o �Plano de Luta Contra a Varroose�, queconstitui parte integrante do Programa Sanitário Apícola, como objetivo de constituir uma ferramenta de apoio para osapicultores e as suas organizações na luta contra a Varrooseno território nacional. O Plano apresenta recomendaçõesespecíficas de medidas de cariz higio-sanitário, com principalenfoque numa correta utilização de medicamentos para otratamento da Varroose, estando atualmente autorizados pelaDGAV um total de 13 medicamentos para tratamento daVarroose, e na importância da aplicação concertada e simul-tânea dos mesmos para uma maior eficácia, através dasorganizações de apicultores locais.

Que avaliação faz de 20 anos de execução dos sucessivosProgramas Apícolas, muito em concreto da atual Medida 2 �Luta contra a Varroose.

O último relatório publicado pela Comissão Europeia emdezembro de 2016 avalia a aplicação das medidas relativasao setor da apicultura na União Europeia através de programasapícolas nacionais, e refere que � O combate à Varroose e aassistência técnica aos apicultores e às organizações deapicultores foram as duas principais medidas utilizadas(representando, cada uma delas, cerca de 29 % do total dasdespesas). Relativamente à luta contra a varroose, o mesmorelatório refere que �Tratando-se de uma doença endémicana UE, que não pode ser completamente erradicada, o trata-mento das colmeias por métodos e com produtos autorizadosé o único meio de evitar as suas consequências.�Como con-clusão, o relatório refere que �as medidas de mercado adotadasa nível europeu para o setor da apicultura funcionam de formasatisfatória.�

Face ao exposto, e não obstante os dados que poderão serobtidos numa consulta mais exaustiva dos programas nacionais

apícolas nacionais dos últimos 20 anos, consideramos quePortugal tem estado sempre em consonância com as políticaseuropeias de sanidade apícola, que têm vindo a ser imple-mentadas através destes programas, tendo inclusive sido dosprimeiros Estados Membros a implementar um sistema deregisto obrigatório de apicultores e apiários, atualmente numsistema online, que constitui uma ferramenta essencial deapoio à sanidade apícola nacional.

www.fnap.pt #11

2.676_ nº de Unidadesde Produção Primária de mel em Portugal

Zonas Controladas reconhecidas pela DGAV

Page 12: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #12

Atualmente existe um foco de Aethina tumida na Itália, quepreocupa bastante os apicultores de toda a União Europeia.Que medidas estão a ser tomadas pela UE, para impedir oalastrar desta doença a toda a União?

Em setembro de 2014, os serviços veterinários oficiais italianosdetetaram um foco de Aethina tumida na região de Calábria.Em novembro de 2014 confirmou-se a presença de Aethinatumida na Sicília, em Siracusa. Até à data, Itália ainda nãoconseguiu controlar a presença desta doença no país, commilhares de colmeias já destruídas, pelo que está atualmenteproibida a expedição de abelhas a partir de Itália. As preocupa-ções dos apicultores com a presença de Aethina tumida emItália são muito pertinentes e amplamente partilhadas pelaDGAV, que considera que a Comissão Europeia está a tomaras diligências possíveis para proteção do efetivo apícola dosrestantes Estados Membros, com evidências concretas dessapreocupação, que têm sido sistematicamente transmitidas àFNAP. Estas medidas traduzem-se em medidas legislativas(decisões comunitárias) que determinam a proibição decertificação para exportação de abelhas de Itália, bem comoem pedidos de reforço da vigilância de todas as entradas deabelhas, dentro da União Europeia e provenientes de PaísesTerceiros, de modo a evitar a disseminação da doença poroutros Estados Membros. Relativamente a Espanha, que detémo maior efetivo apícola da União Europeia e que realiza omaior volume de trocas com Portugal neste âmbito, conside-ramos que as Autoridades Competentes Espanholas estão atomar as necessárias medidas sanitárias para salvaguardar oseu efetivo, contribuindo assim, por razões geográficas, paraconstituir uma barreira adicional de proteção ao efetivo apícolade Portugal.

E em Portugal que medidas preventivas estão ser implemen-tadas quanto à Aethina tumida?

A DGAV tem mantido o estado de alerta através do reforçodas medidas de vigilância face à possibilidade de entrada dadoença no território nacional, e tem promovido a divulgaçãode informação sobre a doença e sobre as medidas de salva-guarda para evitar a sua introdução em Portugal. As medidasde vigilância consistem essencialmente em capacitar todosos intervenientes na atividade apícola, sobretudo os apicultores,para a deteção imediata e precoce de qualquer suspeita deAethina tumida nos seus apiários, bem como em alertar paraos graves riscos desta doença para a apicultura nacional. Estadivulgação tem sido feita regularmente pela DGAV, tendo sidoelaborado para o efeito um �Manual de operações para aAethina tumida� e um folheto sobre a doença, que constituiuma ferramenta de apoio à identificação, ou suspeita dapresença da Aethina tumida. Por outro lado, este tema temsido abordado em diversas ações de formação, colóquios e

encontros, junto das organizações de apicultores, nomea-damente através da FNAP. Tem sido dado particular destaqueà sensibilização dos apicultores para que sejam eles própriosa exigir garantias sanitárias aquando da introdução de abelhasnos seus apiários, designadamente no caso de seremprovenientes de outros países, com reforço da importânciade todas as trocas intra-comunitárias e importações de PaísesTerceiros virem acompanhados do respetivo certificado sanitáriocomo garantia para a introdução segura de novas abelhas nosapiários nacionais. Adicionalmente às ações acima indicadas,a DGAV envia periodicamente para a FNAP o ponto de situaçãoda doença em Itália, solicitando a respetiva divulgação pelassuas organizações. Do mesmo modo é ainda enviada pelaDGAV à FNAP informação proveniente da Comissão Europeiae do Laboratório Europeu de Referência para as doenças dasabelhas. Nesta perspetiva, a DGAV tem partilhado toda ainformação disponível com a FNAP, que como representantedo setor tem efetuado a necessária divulgação junto dasorganizações no reconhecimento do seu papel junto dosapicultores como fonte de informação e a divulgação de todaa informação sobre a doença, contribuindo assim para amanutenção do necessário nível de alerta face a esta ameaça.

Reforça-se assim a importância de transmitir a todos osapicultores, de que qualquer suspeita de Aethina tumida deveser reportada de imediato à DGAV, porque só uma deteçãoprecoce permite uma atuação imediata e pode permitir sustera sua progressão, para salvaguarda da apicultura nacional.

A espécie invasora predadora de abelhas, Vespa velutina,também conhecida por vespa asiática, entrou em Portugalem 2011 no Alto Minho. Atualmente, quais os indicadores deevolução deste predador em Portugal?

Os indicadores da evolução da Vespa velutina encontram-sedescritos no relatório sobre a implementação do �Plano deAção para a Vigilância e Controlo da Vespa Velutina emPortugal� elaborado pela Direção Geral de Alimentação eVeterinária em setembro de 2017 com os contributos doInstituto da Conservação da Natureza e das Florestas, doInstituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, daGuarda Nacional Republicana-Serviço de Proteção da Naturezae Ambiente e da Federação Nacional dos Apicultores dePortugal.

«Qualquer suspeita de Aethina tumidadeve ser reportada de imediato à DGAV»

Page 13: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #13

Quais as práticas em matéria de sanidade das abelhas em queos apicultores nacionais precisam de evoluir/fazer melhor?

De acordo com os indicadores estatísticos, o setor apícolatem vindo a profissionalizar-se nos últimos anos, com ummaior número de colmeias por apicultor. Esta evolução apre-senta aspetos positivos de dinâmica para o setor e constituiuma mais-valia do ponto de vista sanitário, uma vez que osaspetos de produtividade e rentabilidade determinam umagestão higio-sanitária mais eficaz dos apiários. Sem abelhasnão há apicultura, pelo que a sanidade das abelhas deve sersempre uma das maiores preocupações do apicultor individual,integrado no contexto global, preferencialmente numa gestãointegrada e concertada com outros apicultores. Esta gestãosanitária concertada é assegurada a nível local pelas organiza-ções de apicultores que dispõem de apoio técnico especiali-zado e qualificado. Todos os esforços devem assim serconcertados na perspetiva de sensibilizar os apicultores indi-viduais a recorrer a apoio técnico especializado junto dasorganizações de apicultores nacionais, de modo a tornar maiseficiente e integrada a gestão sanitária dos seus apiários, emanterem-se atualizados sobre toda a informação disponível,contribuindo assim para uma melhor vigilância e controlo dasdoenças.

Um dos objetivos do Plano Integrado de Controlo Oficial deApiários � PICOA é contribuir para um elevado nível deproteção da segurança dos alimentos. Tendo em conta que,segundo a ASAE, «os resultados do plano de controlocoordenado do mel indicam que a prática de adição deaçúcares ao mel está a ocorrer, tanto na UE como em paísesterceiros», o que está a ser feito pela DGAV para contrariarestas práticas e defender o mel nacional e os consumidores?

A DGAV, no âmbito do controlo efetuado aos estabelecimentos(PACE), realiza, através de controlos regulares, vistorias aosestabelecimentos de extração e processamento de mel(melarias). Faz parte do controlo, a avaliação dos resultadosanalíticos de qualidade efetuados pelo operador. Importacontudo referir que a ASAE é a Autoridade Competente noâmbito da fraude alimentar, pelo que este controlo será dasua responsabilidade.

Ainda sobre este assunto, que leitura faz a DGAV da evoluçãoque tem tido as Unidades de Produção Primária (UPP)relativamente ao crescimento do nº de explorações apícolase a sua profissionalização.

Estavam registadas 2.450 UPP, em 2014, e, à data encontram--se registas 2.676 UPP. No que concerne ao n.º de apiáriospor UPP é uma informação que os apicultores fornecem àsDireções de Serviço de Alimentação e Veterinária regionais,

apenas aquando do registo, pelo que julgamos querelativamente à oscilação do n.º de apiários será um dado quepoderá ser transmitido pelas associações do setor.

Como avalia o mel português quanto à segurança para oconsumidor? Que evolução verificou nos últimos anos?

O operador económico é o principal responsável pelasegurança dos alimentos que produz. No entanto comoreferimos acima, a DGAV desenvolve controlos oficiais (PACE)de forma regular como referido e com frequência baseadasno risco dos estabelecimentos. No âmbito do Plano Nacionalde Pesquisa de Resíduos, da competência da DGAV é aindaefetuado controlo dos resíduos de medicamentos veterináriosao mel. Somos do parecer que os controlos efetuados pelasAC permitem confirmar que o mel é um alimento seguro.

Page 14: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

«É necessário inovarpara diluir o risco do negócio»

Miguel Vilas Boas, especialista em tecnologia apícola e diretor

da Escola Superior Agrária de Bragança, está na origem de

muito do progresso registado na Apicultura portuguesa nos

últimos 15 anos.

Químico de formação, Miguel Vilas Boas, foi cativado pela

Apicultura no início do milénio ao integrar o quadro

docente da Escola Superior Agrária de Bragança e como

fundador do Centro de Investigação de Montanha (CIMO),

criado em 2003.

O seu primeiro trabalho de investigação em Apicultura

incidiu sobre o tratamento da varroose com novas

moléculas autorizadas em Modo de Produção Biológico

(MPB). Recorda que nesse período havia apenas três

apicultores e 250 colmeias em MPB, mas passados 15 anos

são já centenas os apicultores em MPB e cerca de 50.000

as colmeias certificadas. O maior núcleo de apicultores

biológicos surgiu precisamente nas regiões de Trás-os-

-Montes e do Alentejo, onde este projeto decorreu.

Resultou também do trabalho liderado por Miguel Vilas

Boas um �Manual Técnico de Apicultura em MPB� e a

criação da primeira entidade produtora de cera certificada

em MPB � a Associação de Apicultores do Parque Natural

de Monte-sinho. «Isto prova que a investigação tem

impacto real na atividade produtiva», afirma o investigador,

dando outro exemplo de transferência de conhecimento

para os apicultores: «conseguimos iniciar alguns núcleos

de produção de própolis, contribuímos para ultrapassar

as dificuldades de padronização da qualidade desde

subproduto, e inclusive facilitámos contatos para

comercialização da própolis».

Miguel Vilas Boas tem dedicado grande parte da sua car-

reira à investigação da melhoria do modo de produção

do mel, à avaliação de problemas sanitários das abelhas

(sobretudo varroose e loque americana), e mais recente-

mente, à diversificação dos produtos da colmeia.

DivInA-Diversificação e Inovação na Produção Apícola

O desafio a que se propõe nos próximos anos é incentivar

e cativar os apicultores para produzir pólen, própolis, pão-

de-abelha e apitoxina (vulgo veneno de abelha), através

do projeto DivInA- Diversificação e Inovação na Produção

Apícola, financiado pelo PDR2020 ao abrigo da Operação

1.0.1 - Grupos Operacionais, onde a FNAP é um dos parcei-

ros. Um dos muitos objetivos do projeto é identificar os

timmings ideais de produção e a rentabilidade dos diversos

produtos da colmeia na exploração apícola e elaborar

manuais de Boas Práticas para a produção destes produtos.

entrevista

www.fnap.pt #14

Page 15: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

«Se nos focarmos exclusivamente no mel, estamos mais

vulneráveis à volatilidade dos preços e do mercado. É

necessário inovar e diversificar para diluir o risco do negócio

e estabilizar o rendimento», explica, acrescentando «na

Apicultura há um conjunto de produtos que não competem

uns com os outros e há práticas que até são complemen-

tares. Pode ser viável reduzir a produção de mel em 15%

e investir na produção de apitoxina», exemplifica.

Miguel Vilas Boas é líder do grupo da própolis na Comissão

Internacional do Mel, onde coordena vários laboratórios

internacionais na avaliação de procedimentos e da qualida-

de da própolis, também integra a vice-presidência da Api-

mondia na seção de qualidade e tecnologia de produtos

apícolas.

«O setor apícola é coeso e tem voz ativa»

O que justifica a elevada qualidade dos produtos da colmeiaportugueses?

Os produtos da colmeia portugueses demarcam-se cla-ramente pela qualidade (�) o baixo nível de industrializaçãodo nosso país e a fraca densidade populacional das zonasrurais são positivas para a Apicultura, porque criam condições

para a produção de mel de alta qualidade, seja por inexistênciade contaminações ou porque a vegetação espontânea émuito diversificada, com grande variedade floral.

Usar as abelhas para polinização de culturas agrícolasintensivas põe em risco a qualidade do mel?

Desde que haja uma relação de simbiose entre o agricultore o apicultor e respeito pela regra de não aplicar pesticidasdurante a floração, não há prejuízos para as abelhas, nema qualidade do mel é afetada. Infelizmente, ainda há umgrande desconhecimento por parte dos agricultores damais-valia que representa a polinização por Apis melliferana produção de frutas e hortícolas. Os ganhos de produti-vidade chegam a atingir os 50% quando as culturas sãopolinizadas por abelhas.

As alterações climáticas são uma ameaça real à apiculturaem Portugal?

Sim, desde logo as alterações climáticas afetam a dis-ponibilidade de flora autóctone de que dependem asabelhas. Consequentemente há uma desregulação dacolónia, resultado da dessincronização entre a alimentaçãodisponível e o estado de desenvolvimento deste superor-ganismo. Cabe ao apicultor regular o comportamento dacolónia, ou seja, ter uma atitude mais proactiva. Por exem-plo, se a população de um apiário aumentou em demasiae não existe alimento suficiente para a alimentar, devidoa uma primavera muito chuvosa, é preciso deslocar algu-mas colmeias. Por outro lado, os verões amenos geramaumento da população de abelhas mas também donúmero ácaros parasitoides dentro das colónias, sendonecessário atuar de forma mais rápida no controlo destaspragas, porque os níveis de infestação tornam-se insusten-táveis e a colónia colapsa, mesmo sendo forte. A Apiculturaé cada vez menos programável e exige muita capacidadede interpretação do comportamento das colónias.

As abelhas em Portugal estão a morrer?

Globalmente a mortalidade das abelhas é um facto, mashá países onde o impacto é nulo ou negativo. Em Portugala mortalidade das colónias é estimada em 10 a 20% aoano, mas temos conseguido repor e aumentar o efetivo.As causas da mortalidade são diversas, os pesticidas nãosão os únicos culpados, o tipo de maneio também influên-

www.fnap.pt #15

Ensaios de campo para avaliação do impacto da dosagem e modode aplicação de timol

Page 16: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

www.fnap.pt #16

cia a vitalidade da colónia. Em Espanha, por exemplo, faz-se uma exploração massiva da produção de pólen (a fonteproteica das abelhas), o que em conjunto com colocaçãodos apiários em locais de monofloralidade, faz com queas abelhas fiquem mais débeis e suscetíveis a doenças. Jáem França, a principal causa da mortalidade é o uso exces-sivo de pesticidas.

Como olha para a apicultura nacional na atualidade? Comorgulho ou com preocupação?

A Apicultura é dos poucos setores agrícolas onde produ-tores, investigadores e legisladores trabalham de formatão próxima. O setor apícola tem evoluído bastante nosúltimos 20 anos e apesar de ser pequeno, é coeso e temuma voz ativa. O perfil do apicultor português mudoumuito, entrou gente jovem no setor, com uma nova dinâ-mica, recetiva ao conhecimento e à inovação. É claro quehá novos problemas sanitários que ameaçam as abelhas,devido à globalização e às alterações climáticas, mashaveremos de encontrar soluções para conviver com eles.

O mel português é um pequeno tesouro com grandespotencialidades�

Sim é verdade, mas em Portugal não há uma cultura deconsumo de mel, como noutros países da Europa, sobretu-do de mel de qualidade. É preciso informar o consumidor

das diferenças entre um mel pasteurizado e ultrafiltrado,sem garantia de origem, e um mel de qualidade como oque produzimos em Portugal. Devemos apostar mais nacriação de marcas de mel, investir na embalagem e nosrótulos para valorizar o mel nacional.

Qual o valor direto e indireto gerado pela fileira apícolaem Portugal?

Estima-se em 50 milhões de euros o valor da produçãonacional de mel. Já o valor dos serviços do ecossistemadas abelhas (70% a 80% de tudo o que comemos dependeda polinização por abelhas) é incalculável, poderá atingir30 vezes o valor da produção do mel.

Há margem de crescimento para o número de apiáriosem Portugal?

Acredito que sim, há espaço para isso. Com a instalaçãode novos apicultores, chegaremos provavelmente a 1milhão de colónias em Portugal, na próxima década. Aevolução será influenciada pelos preços do mel no merca-do mundial, ao preço atual é previsível que aumente onúmero de apiários. À medida que o volume de novosprodutos da colmeia aumente as necessidades do mercadovão aumentar.

Eficácia da própolis no controlo de loque americana

Análise de semioquímicos larvares

Page 17: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Associação de Apicultores do Sudoeste Alentejanoe Costa VicentinaTravessa do Botequim � CEDIA OdemiraApartado 847630-124 OdemiraTel: 283 322 257

Constituída no cartório notarial de Aljezur a 10 de Marçode 1994, a Associação de Apicultores do Sudoeste Alen-tejano e Costa Vicentina (AASACV) é presidida desde suafundação por Fernando Duarte, um dinâmico apicultorprofissional.

Inicialmente visava intervir nos concelhos de Sines,Santiago do Cacém, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, masem 2006, por solicitação dos apicultores dos concelhosde Lagos, Monchique, Portimão, Lagoa e Silves, a sua áreade intervenção estendeu a estes concelhos.

Atualmente conta com 230 associados, dos quais 180 se man-têm ativos, e que em média detêm 250 colónias cada um.

Com a opção de alguns membros se associarem junto deentidades gestoras de zonas controladas para efeitos de

candidatura ao Programa Apícola Nacional, a AASACVrepresenta apenas cerca de metade dos seus associadoscom efetivos apícola ativos, o que aumenta a média decolónias por apicultor para cerca de 390 colónias.

Quais as principais características dos produtos apícolasda região?

Dada a grande extensão do território, a variedade de méisaqui produzidos também é vasta. Desde os multifloraisaos monoflorais, como o Rosmaninho, Laranjeira, Euca-lipto, Medronheiro, todos convergem na excelência dasua qualidade.

Nesta zona, além da habitual cresta de Primavera/Verão,que origina a maioria dos méis multiflorais e monoflorais,méis mais claros e de paladar suave, é possível nas zonasinteriores a cresta de méis cuja origem floral assenta nasflorações de Outono e Inverno, como as urzes e o euca-lipto, dando origem a méis mais escuros e de sabor maisacentuado, ou mesmo amargo, como é o caso do mel demedronheiro.

Mais recentemente e com a crescente industrialização daagricultura de pomares, hortícolas e alguns frutos, a procu-ra das colmeias para a polinização de algumas destas cul-

espaço associados

#17www.fnap.pt

Page 18: Federação Nacional dos Apicultores de Portugal informar ...fnap.pt/web/wp-content/uploads/apinfo_FNAP_out_2017.pdfpara Portugal e para a Apicultura Nacional, na sequência dos piores

Propriedade

FNAP - Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

Rua Mestre Lima de Freitas, nº 1

1549-012 LISBOA

Tel: 217 100 084

Coordenação Editorial

Nélia Silva | [email protected]

Design Gráfico

MI design | [email protected]

turas permitiu também que se começasse a obter méismais «exóticos», como o mel de framboesa.

Além do mel, a qualidade do polén é também muito apre-ciada, dado que abundam estevas pelas zonas de terrenosmarginais.

A água-mel é outro produto tradicional e cada vez maisvalorizado, e muitos são os apicultores que mantêm vivaesta memória gastronómica tradicional.

Com que desafios se depara atualmente a apicultura naregião?

Existem vários desafios com que os apicultores se deparamdiariamente, sendo que a inadequação da legislação àsnecessidades dos apicultores é uma das mais frequen-temente referidas.

Entre as preocupações mais frequentes, encontrava-se ofacto (felizmente atualmente ultrapassado) de as ajudascomunitárias para a apicultura, que chegam a Portugalatravés do Programa Apícola Nacional, frequentemente nãochegarem a todos os apicultores, especialmente aos que seencontram fora das zonas controladas, nomeadamente noque concerne à ajuda para a aquisição de MUV.

Ao longo dos anos, o trabalho desenvolvido na sen-sibilização dos apicultores no que respeita à importânciada utilização de MUV tem vindo a dar frutos, sendo osapicultores a suportar a totalidade das despesas deaquisição destes produtos para as suas colónias.

A forma de maneio tão habitual da zona, bem como agrande dimensão de algumas das explorações apícolas,torna impossível prever atempadamente os movimentosde colónias, de modo a permitir que os pedidos de deslo-cação sejam efetuados. Esta é outra das queixas frequentesdos apicultores.

As condições climáticas das últimas campanhas são agorauma nova preocupação. Pelo segundo ano consecutivo,as produções de mel sofreram quebras na ordem dos 60%,o que é visto com grande preocupação por parte dos api-cultores profissionais.

A isto tudo ainda se associa a importação de méis de baixaqualidade, que entram no mercado nacional a preçosreduzidos, o que é visto com apreensão por parte dealguns apicultores.

O que perspetiva para a fileira apícola nacional nospróximos anos?

O efetivo de colónias continua a aumentar devido aosurgimento de uma nova geração de apicultores, que visaa profissionalização, o que está a desencadear uma renova-ção do setor.

Apostar na profissionalização e formação dos apicultoresé cada vez mais importante, e se a isto associarmos a pro-moção dos nossos produtos, com a ajuda da mãe natureza,a apicultura será com certeza uma aposta acertada dentrodo setor primário.

A água-mel é um produto tradicional cada vez mais valorizado