fé & nexo 4º trimestre 2014

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Reflexão Bíblica: Devolvendo o Natal aos pobres Página 4 Historia Viva: Homenagem aos 79 anos do Coral Henrique Soares Página 11 Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro Nº 43 • 4º Trimestre de 2014 Crianças desaparecidas Problemática preocupa área social da Igreja Metodista, que desenvolve ações em proteção ao menor Páginas 6 a 8

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Page 1: Fé & nexo 4º trimestre 2014

Reflexão Bíblica: Devolvendo o Natal aos pobres

Página 4

Historia Viva: Homenagem aos 79 anos do Coral Henrique Soares

Página 11

Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro Nº 43 • 4º Trimestre de 2014

Crianças desaparecidasProblemática preocupa área social da

Igreja Metodista, que desenvolve ações em proteção ao menor Páginas 6 a 8

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Cuidando de nossas crianças

Segundo levantamento do Minis-tério da Justiça, anualmente 40 mil crianças – sete mil apenas no município do Rio de Janeiro –

somem sem deixar nenhum vestígio no país. Já de acordo com a Associação De-saparecidos do Brasil, a maior incidência acorre em função do tráfico de crianças por quadrilhas que atuam em territórios nacional e internacional, aliciam ou se-questram menores para fins de venda de órgãos, trabalho escravo, prostituição in-fantil e adoção ilegal. No entanto, essas não são as únicas causas. Ainda segundo a Associação, alguns desaparecimentos estão ligados estupro, maus-tratos e de-pendência química.

Em meio a esse sombrio cenário, o que traz esperança é saber que existem iniciativas de grupos que se empenham em localizar esses desaparecidos, como o programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para a Infância e Adoles-cência (FIA), que há 18 anos atua nessa

área. Mas, também ciente dessa situação, a Igreja Metodista da Primeira Região de-senvolve ações que visam proteger a crian-ça e contribuem para minizar o problema.

Pastora Kaká, responsável pela Pasto-ral da Juventude em Conflito com a Lei, que desenvolve projetos voltados para os menores que vivem em situação de vul-nerabilidade social, também traça um pa-norama da situação. Segundo ela, é papel da igreja acolher essas crianças. E uma das iniciativas da Região nesse sentindo é o Projeto Sombra e Água Fresca, que tem entre as principais atividades o acompa-nhamento escolar desses menores. E, de acordo com o secretário executivo de Ação Social da 1ªRE, pastor Edvandro Machado, por meio desse trabalho de educação também é possível reverter o quadro de violência, física e emocional, que atinge esses pequenos nos dias atuais. Confira matéria na página 6.

De fato, esse tema gera algumas re-flexões. E, com a chegada do Natal, so-

mos levados a refletir ainda mais. Nesta edição o bispo Paulo Lockmann faz uma abordagem interessante acerca dessa co-memoração natalina no sugestivo artigo intitulado Devolvendo o Natal aos pobres. Segundo ele, a data, por ter adquirido um caráter comercial, tem trazido a tão desejada prosperidade para poucos, ape-nas os donos dos negócios. Lockmann destaca que, dessa forma, em um evento cristão lhe é negado o seu conteúdo de libertação e justiça divina prometido pri-meiramente aos pobres.

Esse texto do bispo serve como aler-ta. Que possamos, sim, nesse período de festa, nos inspirar nos exemplos de Jesus. E assim, de fato, dar de comer a quem tem fome, seja de alimento material, seja de alimento espiritual. Isso é Natal. Feliz Ano Novo!

Boa leitura!

Nádia MelloEditora

Manual de Iniciação e Orientação do DiscipuladoO Manual de Iniciação e Orientação ao Discipulado tem como proposta garantir que os elementos básicos da prática do discipulado estejam ao alcance de toda Igreja Metodista na 1ª e na 7ª RE.

A obra veio somar com o que já foi produzido pelo Colégio Episcopal e a Câmara Nacional e Regional de Discipulado. O texto é assinado pelos pastores Allan Ximenes e Warley Rosa e pela pastora Carla Alves Rosa, coordenadora do Ministério Regional de Discipulado.

De acordo com os autores, o Manual de Iniciação ao Discipulado tem como objetivo fortalecer e equipar os líderes para a promoção desta jornada sublime de fazer discípulos de todas as nações. O material visa ao treinamento desses líderes para a expansão do Reino de Deus.

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Bispo da Primeira Região EclesiásticaPaulo Lockmann

Conselho Editorial

Coordenador Ronan Boechat de Amorim Selma Antunes da CostaNádia MelloPablo MassolarLuiz DanielGláucia MendesCamila AlvesCarla TavaresPaulo Welte Jarbas de SouzaEditoraNádia Mello (MT 19. 333)Assistentes de redaçãoCamila AlvesCarla TavaresRevisãoEvandro TeixeiraDiagramaçãoEstúdio Matiz

Circulação: 11.000 exemplaresEsta publicação circula como suplemento do Jornal Avante, não sendo, portanto, distribuída separadamente.

Rua Marquês de Abrantes, 55, Flamengo Rio de Janeiro – RJ – CEP 22230-061

Tel: (21) 2557-7999 / 2557-3542Site: www.metodista-rio.org.brTwitter: @metodista1reFacebook: www.facebook.com/metodista1re

Fotos capa: Dreamstime.comJudeu: Bernhard RichterPalestino: Jeroen Van Oostrom

4 Reflexão bíbliCa

Devolvendo o Natal aos Pobres

6 CoNtexto

onde elas estão?

9 eSPaço teológiCo

teologia, o que é isso?

1 hiStóRia viva

Coral henrique Soares: à serviço da música sacra

3 CelebRação

vamos festejar o Natal

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CALENDÁRIO LITÚRGICO

Ciclo do NatalO Ciclo do Natal corresponde a quatro tempos litúrgicos do calendário cristão: Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor. Este ciclo tem início quatro domingos antes do Natal e se estende até o Batismo do Senhor. Abaixo, o primeiro e segundo tempos desse ciclo.

Advento (1ª estação)Período que abrange os quatro domingos que antecedem o NatalCor litúrgica: roxo-lilás – cor da temperança, da expectativa.Tema básico: esperança presente na caminhada do povo de Deus na Bíblia, culminando com o nascimento de Cristo, a nossa esperança.Símbolos litúrgicos: a coroa do Advento é o mais conhecido. Usam-se também muitas luzes. Quatro velas representam os quatro momentos básicos que antecedem o nascimento de Cristo. Acender uma vela a cada domingo.Leituras bíblicas: 1º domingo (Mq 5.2-5); 2º domingo (Is 9.1-7); 3º domingo (Lc 1.26-45); e 4º domingo (Jo 1.1-14).

Natal (2ª estação)Período que abrange dois domingosCor litúrgica: branco – mistura de todas as cores, síntese de todas as luzes, ou seja, o Cristo que veio para todos.Tema básico: o nascimento de Cristo.Símbolos litúrgicos: estrebaria, luzes, anjos, crianças, presépios.Leituras bíblicas: Mt 1.18-25; Lc 2.1-7; Jo 1.1-14.

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os grandes personagens da his-tória e os grandes aconteci-mentos da humanidade, que, em princípio, dirigiam-se aos

pobres, grupo mais necessitado de so-corro, foram, posteriormente, “seques-trados” pelas classes sociais dominantes, para evitar que os pobres do mundo utilizassem, a seu favor, tais forças liber-tadoras, indo contra seus interesses polí-ticos e econômicos.

O Natal é um claro exemplo disso. Nestes dias, os jornais noticiando que os festejos natalinos trazem a solução para as grandes lojas e as indústrias, o que transforma o Natal numa oportunidade

de prosperidade para poucos, negando ao evento cristão o seu conteúdo de li-bertação e justiça de Deus, prometidas primeiramente aos pobres.

Esse sentimento de esperança, con-tido no Natal, está no coração de mui-tos brasileiros: uns esperam conseguir sua casa própria; outros, um emprego; outros, uma terra para plantar; e tantos esperam sair de sua terrível pobreza. Mas vejamos o que, de fato, nos diz a Bíblia. Antes tente recuperar as cenas natalinas: José e Maria, migrantes, sem teto, em lugar de um lar o menino nasce num es-tábulo. Esse é o Rei dos Reis e Salvador do mundo.

Natal: anúncio bíblico de SalvaçãoQuando abrimos o Evangelho segundo Marcos, que é o mais antigo, encon-tramos nele a citação do livro de Isaías: “Uma voz clama: No deserto preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo a vereda do nosso Deus.” (40.3). Esta expressão é tomada da mensagem de es-perança que a profecia tenta transmitir ao povo escravizado na Babilônia, que estava sendo humilhado, mas esperava a sua libertação.

Em Marcos, essa expressão é usada para João Batista, que semeava a esperan-ça, chamando o povo à conversão e à re-

Devolvendo o Natal aos Pobres

Reflexãobíblica

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novação da Aliança com Deus pelo batis-mo. Na lembrança, estava o mesmo Deus que os livrou do exílio babilônico, que usou a participação deles para realizar a esperança que tinham de retornar a Israel.

O povo que ouvia João Batista estava humilhado e exilado dentro de sua pró-pria terra, e as razões são muitas. Primeiro, porque muitos haviam perdido suas terras para os romanos ou Herodes. Segundo, porque o pouco que conseguiam produ-zir era, a maior parte, tomado deles para pagar impostos ao imperador em Roma. Terceiro, porque, devido a sua grave po-breza, não podiam apresentar a Deus os sacrifícios no Santuário, e por isso eram classificados “pecadores” pelos saduceus e fariseus (Mc 2.15-17). Desse modo, o povo esperava ansiosamente a salvação, visto que com ela viria um novo tempo.

No momento do anúncio feito pelos anjos aos pastores pobres na campina, encontramos uma prova disso que esta-mos dizendo: “Não temais, eis aqui vos trago boa notícia de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor...” (Lc 2.10-11).

Também no que Lucas diz a respeito de Simeão e Ana, a profetiza. Simeão, um profeta, encarna, junto com Ana, a ex-pectativa de todo o povo, de que aquela situação de humilhação e exílio seria ven-cida por Deus por meio do Salvador. Lu-cas descreve Simeão da seguinte maneira: “Havia em Jerusalém um homem justo e piedoso que ESPERAVA A CONSO-LAÇÃO DE ISRAEL, e o Espírito Santo estava sobre ele” (Lc 2.25). Simeão vê em Jesus o término de sua espera. Ana é tam-bém citada por Lucas. Após ter ela visto o menino Jesus, “dava graças a Deus fa-lando a respeito do menino A TODOS QUE ESPERAVAM A REDENÇÃO DE JERUSALÉM” (Lc 2.36-38).

É exatamente isso que a pregação de João Batista sugere, conforme vimos no início do evangelho. João Batista é o úl-

timo profeta a anunciar a vinda próxima do Messias e Salvador: Jesus. E sua men-sagem encontra, nas multidões humilha-das, a receptividade que o anúncio dos anjos encontrou nos pastores pobres das campinas de Belém.

O arrependimento, a confissão de pecados e o batismo, enfatizados por

João Batista, eram uma preparação e um ritual de adesão à Salvação completa, que estava por manifestar-se naquele que, se-gundo João Batista, era “mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias. Eu vos batizo com água, ele porém vos batizará com o Espírito Santo” (Mt 3.11). As multidões que seguiram o precursor do caminho da Salvação, João Batista, vão seguir a Jesus, também an-siosas pelo tempo da Salvação.

Isto fica claro no reconhecimento que as pessoas fazem diante de Jesus: o ende-moniado: “Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Mc 1.24b), ou mesmo as mul-tidões na festa da Páscoa, em Jerusalém: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mc 11.9). Sim, desde o Natal de Jesus, irrompeu a Salvação no mundo.

E em nossos dias?Sabemos que também hoje o povo con-tinua esperando a salvação. Humilhado como o povo de Israel, segue em busca da esperança que lhe ilumine a caminha-da e a luta. Nós sabemos que esta salva-ção já veio, e tem respostas alegres para a humilhação e a vida do nosso povo em geral. Basta que, como João Batista, nós, os cristãos, comecemos a trabalhar junto ao povo humilhado, e o Evangelho restaurará a força e a esperança do povo nesta caminhada da salvação.

Sim, essa é a melhor forma de a Igreja hoje devolver o Natal aos pobres, chegar junto ao povo em suas múltiplas carências, sendo solidários, companheiros, transfor-mando nossas igrejas locais em verdadeiras comunidades de Discípulos e Discípulas sensíveis ao clamor do povo.

Um Natal Simples e Comprometido coma a Missão é o que desejo ao Povo de Deus.

Bispo paulo lockmann

Igreja Metodista do Estado do Rio de Janeiro

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Basta que, como

João Batista, nós, os cristãos,

comecemos a trabalhar junto ao

povo humilhado, e o Evangelho

restaurará a força e a esperança

do povo nesta caminhada

da salvação

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contexto

onde eles estão?

a cada ano, 250 mil pessoas so-mem misteriosamente sem dei-xar vestígios no Brasil. Destas, o Ministério da Justiça estima que

40 mil sejam menores de idade – sete mil somente no município do Rio de Janeiro. A maior incidência de desaparecimentos de crianças, de acordo com a Associação Desaparecidos do Brasil, ocorre devido ao tráfico de crianças por quadrilhas que atuam em territórios nacional e interna-cional, aliciam ou sequestram menores para fins de venda de órgãos, trabalho escravo, prostituição infantil e adoção ilegal. Em contrapartida, ainda confor-me dados da Associação, outras causas também acarretam o desaparecimento de menores, como, por exemplo, estupro, mendicância, maus-tratos e dependên-cia química. Para auxiliar no trabalho de busca, a Associação Desaparecidos do Brasil disponibiliza em seu site (www.de-saparecidosdobrasil.org) uma ferramenta para o cadastro da criança no Alerta In-ternacional chamado Difusão Amarela onde a foto e as informações do menor ficarão acessíveis em 190 países.

Há 18 anos, o programa SOS Crian-ças Desaparecidas, da Fundação para a Infância e a Adolescência (FIA), vincu-lada à Secretaria Estadual de Assistência Social, já conseguiu localizar 2.790 crian-ças, ou seja, 85% dos casos registrados no programa. Faltam no Brasil, segundo o

É grande o número de crianças e adolescentes desaparecidos

no Brasil; e a Igreja Metodista desenvolve projetos que protegem

os direitos da criança, visando mudar uma realidade

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coordenador do programa SOS Crianças Desaparecidas, Luiz Henrique Oliveira, uma legislação própria e integração entre os diversos cadastros de buscas dos ór-gãos públicos. “O Brasil tem que abraçar essa causa com um conjunto de medidas que possa rapidamente dar uma respos-ta aos desaparecimentos”, ressaltou Luiz Henrique em entrevista ao jornal O Dia. Fotografias e informações sobre crianças e adolescentes desaparecidos podem ser encontradas no site do programa (www.soscriancasdesaparecidas.rj.gov.br). Para qualquer informação sobre o paradeiro de um deles, basta discar 100, gratuita-mente de qualquer parte do país, ou ligar para (21) 2286-8337. Outra iniciativa do poder público para enfrentar o problema foi a implantação da delegacia especiali-zada em pessoas desaparecidas no Rio do Janeiro. A unidade foi instalada na Cida-de da Polícia, no Jacarezinho, zona norte do Rio, e atende aos casos da capital.

O descaso do Estado e a falta de in-vestimentos em delegacias especializadas foram as principais críticas feitas pela de-putada federal Andreia Zito (PSDB/RJ) no relatório final da CPI sobre o Desa-parecimento de Crianças e Adolescentes após um ano de investigações. O docu-mento foi aprovado com dados compara-tivos dos gastos do Governo Federal que demonstram a falta de investimentos na busca de solução para o problema. “O

Governo Federal não tem tratado com se-riedade o combate ao desparecimento de crianças e adolescentes e demonstra prio-rizar gastos menos relevantes, como os gastos com publicidade”, afirmou a par-lamentar no artigo Quando teremos de-legacias especializadas no desparecimento de crianças? Segundo Andreia Zito, essa situação necessita de mudança urgente, com a destinação de recursos orçamen-tários específicos para o enfrentamento dos desaparecimentos, em todas as suas dimensões de prevenção, investigação, repressão e amparo social às famílias. A deputada federal acredita ainda que a Pre-sidência da República precisa criar a Se-cretaria da Criança e do Adolescente para tratar de todos os problemas relativos aos jovens. “Os estados devem instalar dele-gacias especializadas no desaparecimento de crianças e adolescentes, a fim de evitar a demora nas investigações. Hoje, sabe-mos que são os pais que acabam fazendo papel de detetives”, denuncia.

Ninho acolhedor Na opinião da pastora Maria do Carmo Moreira Lima, mais conhecida como pastora Kaká, responsável pela Pastoral da Juventude em Conflito com a Lei, há uma necessidade urgente de que se cum-pra de forma efetiva o Estatuto da Crian-ça e do Adolescente (ECA), que é um desdobramento da Convenção da Crian-

ça elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Precisa-mos de programas sociais eficazes, para que esses menores em situação de risco tenham oportunidades de uma nova perspectiva de vida. A família, o Estado e as institui-ções religiosas são responsáveis por essas crianças”, salienta a pastora, que há 20 anos trabalha com adolescentes. Ela ain-da observa que, desde a gestação, a crian-ça precisa ser cuidada juntamente com suas famílias. “E a igreja tem papel primordial, já que pode e deve funcionar como um ninho de aco-lhimento para esses menores. Se olharmos para as crianças e en-tendermos que é delas o Reino de Deus, teremos mais amor e mise-ricórdia para com elas”, salienta.

A líder da Pastoral da Juventude em Conflito com a Lei pondera ainda que o trabalho com crianças desenvolvido pelas igrejas pode ser um suporte para os me-nores que vivem em situação de vulnera-bilidade social. Ela observa que os profes-sores do Ministério Infantil precisam ser capacitados para identificar e entender as necessidades dessas crianças, tendo ainda uma equipe de apoio com psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e psico-

DESAPARECIDAS

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Informações importantes

A Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adoles-cente, determina investigação imediata em caso de desaparecimento

de criança ou adolescente (Acréscimo - Lei 11.259, de 30 de dezembro 2005). Medidas imediatas de busca devem ser tomadas, pois crianças mo-dificam rapidamente a fisionomia e podem ser encaminhadas para adoção, traficadas para outra cidade ou país, ou levadas para abrigos onde podem ficar por tempo indeterminado.

No caso do desaparecimento de uma criança ou menor de 18 anos, faça um Boletim de Ocorrência na delegacia mais próxima imediatamente. Leve uma foto recente da criança. Quando ela reaparecer, também é importante comunicar às autoridades. Oriente-a a não conversar ou acompanhar pes-soas estranhas. Ensine o nome dos pais e um telefone de contato para que os responsáveis sejam localizados se a criança se perder. Cole etiquetas na roupa e nos pertences das crianças com os dados dos responsáveis.

para ajudar crianças e adolescentes nos estudos, como também para reverter o quadro de violência que atinge esses me-nores nos dias atuais. “Violência, exclu-são social, assassinato de jovens e prisões lotadas têm como vértice a baixa escolari-dade. Então, o acompanhamento escolar é uma tentativa de mudar esse quadro de horror, mantendo crianças e adolescen-tes na escola para que tenham no futuro oportunidade de ascensão social”, frisa o pastor Edvandro.

O secretário executivo de Ação So-cial observa ainda que, aliado à possibi-lidade de melhoria na qualidade de vida desses menores com o acompanhamento escolar, a Educação Cristã não pode fi-car de fora e vem a ser importante para a formação de caráter do aluno e deve ser entendida como algo além da incul-cação doutrinária. “Caso contrário, será apenas um condicionamento psicológico do comportamento”, ressalta o pastor Edvandro. Ao serem tecidos os funda-mentos da Educação Cristã, de acordo com ele, é preciso saber a resposta à per-gunta: Como Jesus tratava as crianças? “Tendo a prática de Cristo, expressa nos Evangelhos, como referência, a Educação Cristã se transformará em forma saudável de lidarmos com o próximo, a natureza e o nosso corpo, gerando cidadania cons-ciente e respeito aos Direitos Humanos”, avalia. E completa: “Para que os verda-deiros frutos do Evangelho surjam não é necessário multidões, mas, sim, fidelida-de à Palavra de Deus”.

patrícia scott Jornalista

pedagogos que possam orientá-los nas mais diversas situações, como, por exem-plo, violência doméstica e abuso sexual. “Dessa forma, eles estarão tratando esses menores em sua totalidade, espiritual e físicamente, e tomando as devidas provi-dências. Assim, a igreja fará uma rede de proteção e acolhimento às crianças, além de auxiliar no resgate e restauração dessas famílias evitando, assim, que muitos fu-jam de suas casas”, avalia a pastora Kaká.

Vidas resgatadas Já para atacar o problema pela raiz que, na maioria das vezes, afeta menores em situa-ção de risco, que são o reflexo de famílias desestruturadas, a Igreja Metodista tem colocado em prática iniciativas sociais, com o Projeto Sombra e Água Fresca, que atende crianças de 6 a 14 anos. Uma das propostas desse projeto é o acompanha-mento escolar que beneficia, em todo o Brasil, aproximadamente 3 mil crianças e adolescentes de baixa renda possibilitan-do a eles novas perspectivas e possibilida-des para um futuro promissor. “Unimos o social ao espiritual atendendo crianças que estão em vulnerabilidade e suas fa-mílias”, enfatiza Keila Guimarães, que é

coordenadora nacional do Projeto Som-bra e Água Fresca. Ela esclarece que as igrejas locais que desenvolvem a ideia não necessariamente oferecem aos menores as sete vertentes do projeto: Educação Cris-tã; esporte e recreação; cidadania; saúde integral; informática; Educação Artística e Cultura; e acompanhamento escolar. No entanto, Educação Cristã é obriga-tório. “O que nos dá muita satisfação é perceber mudanças no comportamento de cada menor. O amor transforma, por isso estou certa de que a grande maioria das crianças apresenta significativas trans-formações no caráter, o que reflete na me-lhora do ambiente familiar”, conclui.

O acompanhamento escolar, na opi-nião do secretário executivo de Ação So-cial da Primeira Região, pastor Edvandro Machado Cavalcante, é um trabalho fun-damental das igrejas locais não somente

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fides quaerens intellectus. A fé, quan-do é autêntica experiência de li-bertação, anseia por compreensão. Assim nasce todo esforço humano

de perscrutar o seu Deus, de melhor entendê-lo para bem servi-lo. Teologia é, na verdade, o sistemático esforço hu-mano por conhecer a Deus. Reconhecer seus sinais e interpretá-los de modo con-textual. A teologia, rigorosamente falan-do, não pode, pois, ser confundida com um desejo de satisfação da curiosidade irresponsável. Ela surge como resultado de uma graça experimentada no coração crente. A pessoa amada quer conhecer aquele que a amou primeiro. A teologia é, neste sentido, ciência crente, pois pre-sume a fervorosa fascinação de quem se sente “possuído” pelo amor de Deus (2 Co. 5,14). Não satisfaz somente ao inte-lecto, mas à pessoa em sua totalidade. Ela faz arder o coração (Lc 24,32).

A teologia é uma ciência que tem Deus como objeto e revelação. Mais do que qualquer outra forma humana de conhecimento, ela deve precaver-se da pretensão de abarcar seu objeto, Deus, na totalidade. Na verdade, essa emprei-

tada teológica está fadada ao fracasso, já no seu nascedouro, pois Ele será sempre um fenômeno que se revela e simultanea-mente se esconde.

Ousaremos definir teologia como a atualização da revelação de Deus. Quan-do dizemos isso, queremos afirmar que esta expressão pressupõe o distancia-mento espaço-temporal, entre nós, hoje, e o Cristianismo primitivo, no qual foi gestada a fé que nos serve de referência no presente. Esta distância não pode, em hipótese alguma, ser ignorada, sob pena de reproduzirmos mecanicamente expe-riências que já não nos dizem respeito e que, por isso, perderam a capacidade in-terpeladora. A distância espaço-temporal quer dizer que o Novo Testamento foi gestado numa cultura com características distintas da nossa.

Os valores que a determinaram não têm validade eterna. Uma cultura (toda cultura) é sempre o resultado do amálga-ma de diferentes fatores que, por estarem em constante mutação, renovam-se sem-pre. Não há cultura estática. Um exem-plo disso é o papel desempenhado pelas mulheres no primeiro século. Numa

cultura fortemente marcada pelo andro-centrismo (machismo), era impensável uma mulher exercer o papel de lideran-ça numa comunidade (seja em ambien-te secular ou religioso). O Evangelho de Cristo irrompe na história humana, dando-lhe um novo significado, mas sem implodir com suas bases. As sementes lançadas pela pregação de Jesus Cristo e depois por seus seguidores provocaram uma fermentação cultural sem preceden-tes na história humana, mas, mesmo as-sim, esse processo não se deu sem um do-loroso e lento processo de câmbio social.

A diferença cultural entre o ontem da Bíblia e o hoje de nossa realidade irá sempre significar que, ao traduzir e interpretar a mensagem da Palavra de Deus para o ser humano do século 21, é fundamental que se tenha presente a necessidade de uma retradução. Uma nova apresentação da substância inal-terável. O Evangelho eterno veio e virá sempre vestido em roupagem cultural. Se essa mensagem não for revestida de uma nova “roupagem” contextual, correrá o risco de perder sua relevância, deixando de ser Palavra de Deus libertadora para o

eSPaÇoteolÓGico

teologia, o que é isso?

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homem moderno. Sempre que a revela-ção registrada na Bíblia for anunciada sem uma correspondente atualização, corre o risco de se converter em letra morta, que oprime e mata (2 Co 2,6), perdendo, des-sa forma, sua pertinência redentora.

A revelação de Deus Quem se inicia na teologia deve ter bem presente uma verdade “assombrosa”: Deus não pode ser conhecido pelo ser humano. Sua grandeza está diametralmente opos-ta à limitação de compreensão humana. Ele é mesmo um mistério transcendente, que ultrapassa toda a nossa capacidade conceitual. Isso põe a descoberto toda tentativa humana de perscrutá-lo (Jó 5,9; Rm 11,33-35). Deus é uma realidade que fascina e faz tremer. Num certo sentido, dada a diferença qualitativa entre nós e a divindade, poderíamos concluir que o mais acertado seria simplesmente não fa-lar qualquer coisa sobre Deus, nem ten-tar abarcá-lo com o nosso entendimento precário. Sempre que elaboramos um dis-curso sobre Ele, devemos saber que nossa linguagem é um instrumento tão precário que não passa de um balbucio. Quando nos referimos a Deus, o fazemos por meio da linguagem. Estamos nos servindo, assim, de um meio de eficácia limitada, posto que Ele é uma realidade inefável. De Deus devemos então falar sempre analogicamente, procurando encontrar correspondências na nossa existência que nos ajudem a transpor o silêncio, frente ao que nos é ainda desconhecido.

Por mais paradoxal que possa parecer, o Deus, que em princípio, é inatingível ao ser humano, convoca-nos a conhecê-lo (2 Pe 3.18). Sem este conhecer, nos é impos-sível, por conta da pequenez de nossa ca-pacidade de compreensão. Resta somente uma alternativa para tal dilema: Deus se faz conhecido por meio de sua revelação. Ao se revelar, Ele se automanifesta ao ser humano, tornando conhecidos os seus

desígnios. Esta sua ação revelatória é mais do que informação que sacia o intelecto e a curiosidade irresponsável das pessoas. Na verdade, ela está pautada em sua gra-ça, posto que está fundamentada em seu desejo salvador, o qual possibilita, a todos que a acolhem, encontrar o sentido defi-nitivo de sua existência.

A revelação de Deus é um doar-se de si mesmo a nós seres humanos. Em Cris-to, Deus faz presente na história humana. Sua graça habitou entre nós (Jo 1,1-5; 10-14). A revelação de Deus é um evento dinâmico, que tem obedecido a um pro-cessual gradativo. Enquanto humanidade, podemos dizer que Ele, em sua relação co-nosco, tem nos tomado pela mão terna-mente. Foi dando-se a conhecer sempre em correspondência à nossa capacidade de apreensão e compreensão. A evolução da religiosidade israelita disto é uma pro-va inconteste, pois o Deus que se apresen-tou a Abraão, desafiando-o para o “risco” da fé (Gn 12. 1-3), foi envolvendo-se de modo sempre mais intenso com os seus descendentes. O rosto divino revelado na vida e na pregação dos profetas permite--nos perceber que, neste estágio da his-tória do povo de Deus, a experiência de fé atingiu uma maturidade mais elevada, pois o exclusivismo de outrora deu lugar a uma concepção mais universalista do agir redentor divino (Jn 4,1-3).

A revelação de Deus é um evento his-tórico. O povo de Israel deduziu o caráter divino da ação libertadora de Deus na his-tória. As suas experiências redentoras fo-ram sendo interpretadas e se transforma-ram em conceitos e convicções que deram substância para sua fé e para sua existên-cia enquanto nação. O Deus dos hebreus nunca foi alguém distante de seus sofri-mentos, mas, isto sim, profundamente identificado com suas lutas por libertação (Êx 3.1-22; At 17,22-31). As Escrituras Sagradas são a memória desses aconteci-mentos. Por isso, elas são o registro mais

fiel da revelação de Deus. Lembram-nos tudo o que Deus tem feito em favor de seu povo, fazendo-nos conhecido o misté-rio durante muito tempo oculto, a saber: seu amor infinito e sua vontade salvífica universal. Neste sentido, e somente neste sentido, é que podemos dizer que a reve-lação é maior que as Escrituras Sagradas.

A teologia é uma tentativa humana de captar, no intelecto, aquilo que se ex-perimenta no coração. Ela é um esforço humano por compreender a revelação de Deus. Toda teologia deve conscientizar-se de que seu esforço está sempre sob a des-confiança de ineficácia. Quem se propõe a falar sobre o “infalável” precisa reconhecer as inúmeras dificuldades de seu empreen-dimento. A teologia, toda teologia, deve ver-se como alguém que procura andar por uma estrada numa noite escura que só tem lampejos como socorro. O teólogo (todo teólogo) caminha com humildade, sempre tateando no escuro. Por isso que uma teologia, que não queira ser idola-tria, precisa deixar-se conduzir pela luz da revelação de Deus. A despeito destas limitações, ela representa o sublime desejo humano de conhecer a Deus, para, assim, melhor servi-lo. Nesse sentido, podemos nos referir-lhe como uma metáfora do amor humano por Deus, pois, só no amor genuíno, há o desejo do conhecimento re-cíproco. Na verdade, toda relação inter-pessoal, quando fundamentada no amor, requer um conhecimento mútuo sempre crescente, tanto do amante, quanto da pessoa amada. Deus (alvo último e defi-nitivo de nosso amor) deve ser cada dia mais intensamente procurado, para ser melhor conhecido e, consequentemente, mais amado. Nisso encontramos o senti-do de nossa existência (Jó 17.3; 1 Jó 2.3-6; 4.7-8).

levy da costa Bastos Pastor Metodista e

Diretor do Seminário César Dacorso Filho

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hiStóRia viva

Coral henrique Soares: a serviço da música sacra

Durante muito tempo, a Igre-ja Metodista, pelo menos na 1ªRE, destacou-se por iniciati-vas e atuações efetivas no cam-

po da música sacra. E isso fez com que a denominação se tornasse conhecida e reconhecida como geradora de bons e harmoniosos corais e composições. E um exemplo disso é o Coral Henri-que Soares, que, neste ano, completou 79 anos de existência. A comemoração dessa data culminou numa audição. Na verdade, foi muito mais que um espe-táculo musical. Aconteceu uma festa de louvor e celebração. E o desejo sincero de agradar ao Criador resultou na cer-teza de um alinhamento com a vontade do Pai celestial.

O coral, há 34 anos sob a regência de Siléa Stopatto, entoou louvores ao Se-nhor como um conjunto de vozes fasci-nadas com a oportunidade de proclamar o amor que vem do céu. Como o sal-mista, propôs a todos um cântico novo. Todos foram convidados a cantar uma composição inspirada por Deus, com base no nosso dia a dia e atualizando sempre a nossa experiência com Ele, em busca da harmonia entre o que sentimos, falamos e pensamos.

Esse coral adotou a partir de uma data não precisa um mote com base em Salmos 96, que sintetiza o seu ideal: “Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Se-nhor. Bendizei o seu nome”. Um “Cânti-

co novo” é também aquele que envolve a mente e o espírito, como registra 1 Corín-tios 14.15: “Cantarei com o espírito, mas também cantarei com entendimento”. Os louvores do coral nos cultos contemplam sim a expressão artística, mas com toque nos sentimentos.

Por meio do coral, as pessoas têm a chance de avaliar os hinos de maneira clara, tendo em vista o poder da men-sagem transmitida, que busca cumprir o propósito de Deus para a edificação da igreja e difusão do evangelho. Um cân-tico novo é o retrato de uma jornada es-piritual. Em meio às bênçãos ou dificul-dades, alegrias ou tristezas, sucessos ou obstáculos, o louvor é a certeza de que o Senhor estará ao lado do seu povo.

Ao longo desse tempo, o coral tam-bém se caracterizou pelo empenho, as-siduidade e, sobretudo, pela unidade no propósito do louvor. E isso o grupo tem tentando cumprir com qualidade e

perseverança. Esse comportamento soa como uma atitude sadia no sentido de propiciar o melhor da música na igreja. Isso porque sabemos que nada será bem--sucedido se não for aprovado por Deus, o Senhor da igreja.

No entanto, muito esforço também pode ser empreendido em busca de uma aparência saudável e uma melhor apre-sentação pessoal, ou a fim de manter o físico em boa forma. Nada de mal nisso. Pelo contrário, é bom e necessário que façamos, pois somos templo do Espírito Santo. Mas quando usamos nossos dons e habilidades, e aprimoramos nossas vo-zes para o louvor, então tudo passa a ter um valor maior, imensurável mesmo, pois esta é a vontade do Pai.

Nos cânticos de louvor dos Salmos, por exemplo, a manifestação é sempre por fazer a vontade de Deus, mesmo diante de problemas e pressões. Com é dito em Salmos 40.8: “Deleito-me em

Ao longo desse tempo, o

coral também se caracterizou

pelo empenho, assiduidade

e, sobretudo, pela unidade

no propósito do louvor

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fazer a tua vontade”. A maneira vivifican-te de agradar a Deus não consiste apenas em guardamos os mandamentos ou reco-nhecermos o sacrifício de Cristo, mas em respondermos tudo isso com a devoção e o louvor.

Talento histórico A experiência da Igreja Metodista nessa área vem da época da Escola de Músi-ca Sacra do Colégio Bennett, que esteve sob a direção de Hora Dinis Lopes entre 1957 e 1967. No entanto, como recor-da Dalva Gonçalves, hoje a mais antiga entre os membros da igreja e integrante do coral, tudo começo em 1935, quando Henrique Soares e seus valorosos irmãos fundaram o coral da Igreja Metodista de

Vila Isabel, que depois recebeu o nome de um dos fundadores.

Desde sua criação, o coral contou com a participação efetiva de muitos co-laboradores nos cultos. Enquanto isso, ele prosseguia. Entre os nomes dos in-tegrantes estão Hugo e Neuza Tinoco; José Jorge e sua esposa, Elda; e Paulo Ca-

valcanti e sua esposa, Ruth. Em 1966, Hora Diniz Lopes assumiu a regência do coral, onde permaneceu por mais de dez anos. Outros regentes vieram, e o grupo não parou. Então, em 1980, substituin-do Joel Quintino, Siléa Stopatto assu-miu a regência.

Nesse tempo, já não existia mais a Escola de Música Sacra do Colégio Ben-net. No entanto, em Vila Isabel, nascia uma nova escola, sob o sacerdócio de Si-léa. A dedicação diária e o amor à arte são qualidades que se destacam nessa grande profissional da música, cuja de-dicação é voluntária. Não se trata aqui de estabelecer um púlpito de elogios às pessoas ou mesmo ao coral, mas exter-nar a satisfação estampada nos rostos e

atitudes de cada dos componentes, con-victos de que, em cada participação em um culto, estão cumprindo uma parte da missão confiada à igreja.

A despeito disso, convém destacar que o reconhecimento de qualquer tra-balho coletivo somente existirá se a con-dução das atividades for motivo de plena

confiança entre os participantes. Além disso, deve haver aceitação e interação em todos os aspectos, alinhando sempre os interesses coletivos e sujeitando tudo ao interesse maior de servir com verda-de. Sob esse aspecto, podemos destacar na história do coral os exemplos dessas duas lideranças, Joel Quintino e Siléa Stopatto. Eles fizeram arraigar um tra-to sadio e harmonioso, fazendo do coral uma grande família para o louvor ao Se-nhor Deus.

Respeitadas as respectivas funções e individualidades, cada um ao seu tempo, e no tempo de Deus, deu sua colabora-ção. Joel Quintino exerceu a presidência do coral por mais de trinta anos. Mas, por questões de saúde, teve de afastar, tendo seu nome aclamado como “presi-dente de honra”. Tenho certeza de que todos os membros da Igreja Metodista de Vila Isabel sentimos muita satisfa-ção e gratidão a Deus por ter inspirado Henrique Soares e propiciado dedicação a tantos quantos deram continuidade ao nosso coral, até chegar aos 79 anos de serviço à musica sacra, cantando o amor, as maravilhas e o poder de Deus.

A história da salvação só terá credu-lidade se essa verdade for demonstrada em termos de adoração e de qualidade de vida. Assim também a igreja segue proclamando as boas-novas da salvação, de tal modo que as vidas dos indivíduos e das comunidades sejam transformadas pelo poder do Evangelho. Como parte da missão, nós adoramos ao Deus vivo, cantando e proclamando a história da salvação. E temos que ser uma igreja comprometida com a boa música.

Deus seja louvado!

alfredo Hudson

Integrante do Coral Henrique Soares

Assim também a

igreja segue proclamando as

boas novas da salvação, de

tal modo, que as vidas dos

indivíduos e das comunidades

sejam transformadas pelo

poder do evangelho

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Por volta do ano 350 d.C. os cris-tãos decidiram estabelecer uma data fixa (25 de dezembro) para comemorar o nascimento de Je-

sus. Seria uma celebração cheia de ale-gria agradecendo a Deus porque Ele en-viou seu filho único como salvador da humanidade, que tiraria toda a criação das densas trevas do pecado para a luz do seu amor.

Mais tarde, por cerca do ano 600 d.C., eles compreenderam que uma fes-ta tão importante deveria ser preparada com muito esmero. Por essa razão, deci-diram que seria precedida pelos quatro domingos que antecediam esta festa (o tempo do Advento). Assim, ano após ano, a data é comemorada com alegria e emoção. Entretanto, é bom lembrar que a ênfase comercial e materialista tem des-focado o verdadeiro significado do Natal, apelando às compras, comida e bebidas.

Nós, a Igreja do Senhor, temos a honrosa tarefa de anunciarmos o grande amor de Deus revelado em Jesus, seu filho único, nosso Salvador, nascido da virgem Maria. O Natal é uma rica oportunida-de que temos para compartilhar nossa fé. Vamos decorar nossas Igrejas, vamos envolver os grupos societários e minis-térios ensaiando nossos hinos de natal e cantatas para serem apresentados nas pra-ças; vamos fazer serenatas nas janelas dos vizinhos cantando a Noite de Paz! Noite de Amor! Vamos fazer uma festa tão lin-da que seria impossível comemorar num

dia só: vamos festejar durante os quatro domingos que antecedem o dia do Natal. Vamos fazer uma ação comunitária nesse período! Vamos dizer para todo mundo, de várias formas, que Jesus nasceu, está vivo e presente, e ama a todos.

Algumas dicasNos quatro domingos antes do Natal, use a Coroa do Advento com as velas deco-radas que simbolizam a realeza de Cristo, a chegada da luz do mundo. Usam-se as cores: roxa, lilás e rosa. O roxo significa contrição, daí a matização das cores como uma madrugada escura que vai clareando à medida que se aproxima o nascer do sol. O rosa é usado no quarto domingo do Advento. Simboliza a alegria.

O culto de Natal pode ser decorado com anjos (aqueles que anunciaram o nascimento de Jesus), sinos (anúncio fes-tivo da chegada do Messias) e o presépio (local do nascimento de Jesus). Utilizam--se as cores: branca e/ou amarela, símbo-los do divino, da luz, da glória, da alegria e da vitória que o nascimento de Cristo representa para a humanidade.

A liturgia do culto natalinoPreparamos esta liturgia de Natal para ajudá-los numa celebração participati-va. Adapte de acordo com sua realidade. Ela poderá ser utilizada mesmo que sua comunidade seja muito simples e até com poucos recursos. Aí vão algumas dicas preciosas:

a)Faça um belo cenário da época de Je-sus. Pode ser feito de tecido TNT ou lona crua, ou mesmo de papel.

b)Crie os figurinos inspirados na época de Jesus. Descubra quem pode ajudar na criação e na costura das roupas e acessórios.

c) Para a encenação, selecione as perso-nagens e observe o momento de cada uma durante a celebração: narrador(a), anjo Gabriel, Maria, José, dono da hospedaria, dono da estrebaria, pas-tores, reis magos, animais e estrela. As personagens também poderão criar os diálogos a partir das narrativas indi-cadas. Lembre-se: esses participantes

celebRaÇão

vamos festejar o Natal

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Adoramos ao Senhor1. Acolhida: É Natal! Precisamos orga-

nizar todas as coisas para esta data

tão especial! Muitos pensam que o

Natal é troca de presentes, comi-

das gostosas, árvore colorida, Papai

Noel... Mas, na verdade, é muito

mais que isso... É quando comemo-

ramos o nascimento de Jesus, o Fi-

lho de Deus. Nessa data, cendemos

luzes coloridas e pisca-pisca apenas

para lembrar que a Luz de Deus, que

é Jesus, veio iluminar a Terra.

2. Oração de Invocação3. Leitura Responsiva:

Texto Bíblico: Salmo 95.1-7A

Dirigente: Vinde, cantemos ao Se-

nhor com júbilo, celebremos o ro-

chedo da nossa salvação. Saiamos ao

seu encontro, com ações de graças,

vitoriemo-lo com salmos.

Todos (as): Porque o Senhor é o

Deus supremo e o grande rei acima

de todos os deuses. Em suas mãos,

estão as profundezas da terra, e as

alturas dos montes lhe pertencem.

Dirigente: DEle é o mar, pois Ele o

fez; obra de suas mãos, os continen-

tes. Vinde, adoremos e prostemo-

-nos; ajoelhemos diante do Senhor,

que nos criou.

Todos (as): Ele é o nosso Deus, e

nós, povo do seu pasto e ovelhas de

sua mão.

4. Cântico sugerido: Abriu mão da sua

glória

Confessamos nossos pecados ao Senhor

5. Dirigente: Saiamos da escuridão e

aproximemo-nos do Messias espera-

do. o livro de isaías 9.2 afirma que: “o

povo que andava em trevas, viu gran-

de luz e aos que viviam na região da

sombra da morte, resplandeceu-lhes

a luz”. Coloquemos nossos corações

rendidos diante da maravilhosa graça

do Senhor Jesus. Coloquemos diante

dele as sombras que trazemos em nos-

so ser para que ele derrame sua glorio-

sa luz em nossas trevas!

6. Oração silenciosa7. Declaração de perdão: “Porque fa-

zes resplandecer a minha lâmpada; o

Senhor, meu Deus, derrama luz nas

minhas trevas. vive o Senhor e ben-

dita seja a minha rocha! exaltado seja

o Deus da minha salvação.” Salmo

18. 28;46.

Louvemos ao Senhor8. Cânticos: Ministério de louvor9. Oração de Louvor e Gratidão

a DeusDirigente: Pela maravilhosa criança

que veio ao mundo para mostrar o

seu amor para conosco;

Todos (as): Nós te agradecemos, ó

Deus.

Homens:Pela criança que cresceu e

tornou-se um homem que nos aju-

dou a amar e a ajudar os outros.

Todos (as): Nós te agradecemos, ó

Deus.

Mulheres: Por Jesus, nosso único e

eterno redentor e salvador...

Todos (as): Nós te agradecemos, ó

Deus.

Dirigente: Que possamos comparti-

lhar a alegria do nascimento de Je-

sus com todas as pessoas que estão

tristes e sozinhas, para que suas vidas

sejam transformadas.

Todos(as):ajuda-nos, ó Deus. amém!

Momento de Edificação10. Dirigente: Nós precisamos deixar

que a sua preciosa luz nos ilumine.

assim, também, poderemos clarear

a vida de muita gente com a espe-

rança, o perdão, a paz, a alegria, a

salvação e o amor de Deus. vamos,

então, ouvir a verdadeira história do

Natal!(veja quadro sobre a encena-

ção do nascimento de Jesus). após

apresentação, segue para a parte final

do culto.

Dedicação ao Senhor11. Cântico sugerido: Noite de Paz!

12. Oração final13. Bênção apostólica

Modelo de liturgia

deverão ensaiar previamente. Treine a dicção e o volume da voz. Lembre-se também de não deixá-los de costas para o público e explore os espaços existen-tes: galeria, corredor da igreja, etc.

d)Essa encenação poderá ser realizada com a participação de pessoas de dife-rentes faixas etárias.

e)Quanto às músicas, podem usar as canções sugeridas. Caso deseje utili-zar outras, elas deverão ser escolhidas de acordo com as cenas. O nosso Hi-nário Evangélico também poderá ser utilizado.

f) Outra forma de realizar essa liturgia é, em vez de utilizar pessoas como per-sonagens da história, montar um lin-do presépio durante o culto à medida que o narrador for contando a história. Neste caso, as pessoas são convidadas. para montar passo a passo, até a cena completa do nascimento de Jesus. De antemão, separe os elementos do presé-pio, reserve um local especial onde de-verá ser montado durante o culto. De-pendendo do tamanho das peças, pode ser uma bela mesa em destaque. Sugiro que a toalha da mesa seja de juta, Não se esqueça também da palha para ficar mais contextualizado com a narrativa.

Espero que gostem das sugestões e aproveitem para criar algo muito especial e genuíno neste Natal. Veja o modelo de liturgia ao lado e mão à obra!

Gláucia mendes oliveira silvestre

Pastora Metodista, Mestre em Teologia pela PUC-RJ

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CENA 1: Anjo Gabriel e Maria. Após o diálogo, Maria canta ao Senhor.

Narrador: Um dia, Deus olhou a humanidade e viu que a vida não

estava boa aqui na Terra. As pessoas estavam se odiando e tristes,

com seus corações vazios e angustiados. Então, Ele teve uma boa

ideia para ajudar as pessoas a encontrar o caminho que as aproxi-

maria dEle. Deus enviou seu filho Jesus aqui na Terra para ser uma

ponte que nos deixaria bem pertinho do Criador.

Isso aconteceu quando, um dia, Deus enviou o anjo Gabriel a

uma cidade chamada Nazaré para entregar uma mensagem a uma

jovem chamada Maria. O anjo Gabriel disse que o Espírito Santo iria

estar sobre Maria e que ela daria à luz a um menino que se chamaria

Jesus, o Filho do Deus Altíssimo! E o seu reinado nunca teria fim!

CÂNTICO SUGERIDO: Cântico de Maria (solo feminino)

Minh’alma engrandece ao Senhor

Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador Pois com poder tem

feito grandes coisas

E com misericórdia demonstrado amor

Santo, Santo, Santo és, Senhor (2x)

Tem enchido nossas lâmpadas

com o óleo do espírito

tem feito sua vide florescer (2x)

CENA 2: Maria grávida, José, dono da hospedaria, dono da estrebaria e animais. Após o diálogo o cântico selecionado.

Narrador: Maria e José foram de Nazaré a uma cidade chamada Be-

lém, onde, no passado, havia nascido o grande rei Davi. Eles foram

se registrar, a fim de ser feita a contagem da população. Ela estava

grávida. E enquanto estava em Belém, chegou o tempo de Jesus nas-

cer. Todos os hotéis e pensões estavam “lotados”. Por isso, o único

lugar que conseguiram para passar a noite foi uma estrebaria – lugar

onde dormiam os bois, cavalos, vacas... e lá o menino Jesus nasceu!

CÂNTICO SELECIONADO

CENA 3: Maria com o menino Jesus, José, pastores, anjos, estrela, reis magos e animais. Após o diálogo, o cântico selecionado.

Narrador: Foi lá, naquela estrebaria que nasceu o menino Jesus,

aquele que seria o caminho, a luz, a ponte que nos ligaria de novo

com Deus. Apesar de todas as dificuldades do casal, foi uma noite

muito especial! Os anjos com alegria davam glória a Deus e canta-

vam a Boa Notícia do nascimento do Salvador Jesus. Os pastores no

campo, admirados, contemplavam a salvação do Senhor. O Rei dos

reis nasceu longe da glória dos palácios; o Príncipe da Paz estabele-

ceu o Reino de Deus entre nós: Na Palestina, nos quatros cantos da

terra, no mundo inteiro!

CÂNTICO SELECIONADO

CENA 3: : Maria com o menino Jesus, José, pastores, anjos, estrela, reis magos e ani-mais. Após o diálogo, o cântico selecionado.

Narrador: Os pastores alegres seguiram a estrela e foram depressa

até a humilde estrebaria para conhecer o Salvador. Viram Maria,

José e o menino Jesus. Os magos do oriente também viram a es-

trela. Viajaram de muito longe até encontrá-Lo. Eles ficaram felizes

e levaram suas dádivas para Jesus. Adoraram ao Salvador com seus

presentes: ouro, incenso e mirra. Foi uma noite de muita alegria!

CÂNTICO SUGERIDO: Vem que está chegando o Natal (Aline Barros)

Narrador: Esta noite de paz e de amor; esta doce e linda história

do amor de Deus por nós pode ser vivida no meu e no seu coração.

O menino Jesus, Reis dos reis e Senhor dos senhores, deseja reinar

em nossas vidas, em nossas casas, em nossa terra. Ele deseja nos

aproximar de Deus, nos ensinando seu caminho de paz, alegria, fé

e esperança.

OBS.: Vá, em seguida, para a parte final da liturgia.

O Nascimento de Jesus

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