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Capítulo 3 Fauna do Solo e sua Inserção na Regulação Funcional do Agroecossistema Adriana Maria de Aquino Definição de fauna do solo Fauna do solo é o termo utilizado quando se deseja referenciar a comunidade de invertebrados que vive permanentemente ou que passa um ou mais ciclos de vida no solo. Esses invertebrados variam muito em tamanho e diâmetro, o que lhes confere habilidade diferenciada na sua estratégia de alimentação e adaptação ao hábitat. Dessa forma, o tamanho define a extensão em que a atividade dos mesmos (alimentação e escavação) pode modificar as propriedades do solo (ANDERSON, 1988), e também a amplitude em que podem ser influenciados pelo manejo do solo. Miolo_Biota.pmd 1/12/2006, 12:31 47

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47O Papel da Ecologia Microbiana e da Qualidade do Solo na Sustentabilidade...

Capítulo 3

Fauna do Solo e sua Inserçãona Regulação Funcional

do Agroecossistema

Adriana Maria de Aquino

Definição de fauna do solo

Fauna do solo é o termo utilizado quando se deseja referenciar acomunidade de invertebrados que vive permanentemente ou que passaum ou mais ciclos de vida no solo. Esses invertebrados variam muitoem tamanho e diâmetro, o que lhes confere habilidade diferenciada nasua estratégia de alimentação e adaptação ao hábitat. Dessa forma, otamanho define a extensão em que a atividade dos mesmos (alimentaçãoe escavação) pode modificar as propriedades do solo (ANDERSON,1988), e também a amplitude em que podem ser influenciados pelo manejodo solo.

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A microfauna compreende invertebrados de diâmetro do corpoinferior a 100 µm, incluindo os protozoários e nematóides (Fig. 1). Essesanimais alimentam-se de microrganismos, o que faz com que tenhamimportante papel na regulação da matéria orgânica (SWIFT et al., 1979).

A mesofauna compreende invertebrados de tamanho médio(100 µm – 2 mm), taxonomicamente diversos, incluindo ácaros,colêmbolos, protura e diplura (Fig. 2). Esses animais habitam os espaços

Microfauna Mesofauna Macrofauna200 µm

10 mm

Protozoa

Tardigrada

Rotifera

Nematoda

Acari

Collembola

Protura

Diplura

Chelonethi

Araneida

Opiliones

Coleoptera

Isopoda

Diplopoda

Chilopoda

Mollusca

Enchytraeidae

Lumbricidae

40 60 80 160 320 640 13 26 5 10 20 40 80

µm mm

Fig. 1. Classificação dos organismos do solo com base no diâmetro do corpo.Fonte: Modificado de Swift et al. (1979).

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porosos do solo e não são capazes de criar sua própria galeria, sendopor isso particularmente afetados pela compactação do solo (HEISLER;KAISER, 1995). Esse grupo também é importante na regulação da

decomposição da matéria orgânica ao promoverem a remoção seletivade microrganismos (VISSER, 1985; MOORE; WALTER, 1988).

Já a macrofauna é composta pelos organismos de maior diâmetro(2 mm – 20 mm) e compreende, entre outros, as minhocas, formigas ecupins (Fig. 3 a 17). Os componentes da macrofauna têm o corpo em

tamanho suficiente para romper as estruturas dos horizontes minerais eorgânicos do solo ao se alimentar, movimentar e construir galerias nosolo (ANDERSON, 1988). Os miriápodos (gongolos, lacraias, etc.), porexemplo, têm uma morfologia que os permite forçar, por meio da cabeça

e de seus diversos pés, seus caminhos entre a vegetação e outros hábitatsnão disponíveis à micro e mesofauna (HOPKIN; READ, 1992).

Os organismos que compreendem a macrofauna são denominados“engenheiros do ecossistema” (LAVELLE et al., 1997), por influenciarem

Fig. 2. Protozoários do solo: a) flagelado; b) nu; c) ciliado; d) esquema geral deum nematóide.Fonte: a, b e c – Modificado de Lousier & Banforth, 1991; d – Modificado de Gonzaga eLordello (1981).

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Fig. 4. Diplopoda (congolo, piolho-de-cobra, embuá), caracterizam-se por apresentar dois pares de pernas por segmento.Fonte: Modificado de Barnes (1990).

Macrofauna

Fig. 3. a) Collembola (colêmbolos); b) Acarina (ácaros); Oribatida,comum em solo; c) Protura (não apresenta antena); d) Diplura.Fonte: a – Modificado de Christiansen, 1991; b – modificado de Norton (1991);c – modificado de Copeland & Imadate, 1991 e d – modificado de Fergusson(1991).

Mesofauna

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Fig. 5. Chilopoda(centopéias). Essa classe

apresenta as seguintesordens:

a) Scolopendormorpha;b) Geophilomorpha;c) Scutigeromorpha;d) Lithobiomorpha.

Fonte: Modificado deBarnes (1990).

Fig. 6. Symphyla. O troncoapresenta 12 segmentos

portadores de pernas, cobertospor 15 a 22 escamas tergais.

O tronco termina em umpequeno telso.

Fonte: Modificado de Barnes(1990).

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Fig. 7. Arachnida. Apresentam limite entre cefalotórax e abdome, indicadopela linha interrompida, e quatro pares de pernas.Fonte: Modificado de Storer e Usinger (1978).

Fig. 8. Isoptera (cupins,térmitas). Todas as espéciessão sociais. Castas deCoptotermes acinaciformes,Rhinotermitidae: a) alada;b) operária; c) soldado.Fonte: Modificado de Gay(1970).

a c

b

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Fig. 10. Psocoptera (piolho de livro). Apresenta cabeça destacada, mesotóraxbastante desenvolvido e antena longa a) Trogiidae; b) Liposcelidae; c) Myopsoci-dae (repousa as asas como um telhado).Fonte: Modificado de Smithers (1970).

a b

c

Fig. 9. Dermaptera. Osrepresentantes dessa

ordem são comumentedenominados de

tesourinha em virtude dapresença de uma pinça

existente na extremidadedo abdome, que possui

função de defesa eauxilia a cópula.

Fonte: Modificado de Rentze Kevan (1991).

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Fig. 12. Isopoda (tatuzinho dejardim). Crustáceo queapresenta 1 par de antenas e 7pares de pernas.Fonte: Rebeiro-Costa e Rocha (2002).

Fig. 11. Thysanoptera(tripes). Apresenta asas tipofranjada (thysanus = franja).Fonte: Modificado de Reed(1970).

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Fig. 13. Oligochaeta (minhoca) com o corpo dividido em anéis, apresentainúmeras espécies diferentes.Fonte: Lainez e Jordana (1987).

Fig. 14. Coleoptera(besouros). Caracteriza-se

por apresentar dois pares deasas, sendo um modificado

como pesadas capasprotetoras.

Fonte: Modificado de Lawrence e

Britton (1970).

Fig. 15. Hemiptera:Subordens:

a) Heteroptera(percevejos);

b) Homoptera(cigarra, cigarrinhas).

Fonte: Modificado deCarver et al. (1970).

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Fig. 17. Blattodea (barata).Vista ventral. São ortópterosque não apresentam pernasdo tipo saltatório.

Fonte: Modificado de Roth (1970).

direta ou indiretamente a disponibilidade de recursos para os outrosorganismos pela escavação e/ou ingestão e pelo transporte de materialmineral e orgânico do solo, pelas estruturas construídas como resultadodessas atividades, incluindo galerias, bolotas fecais, montículos e ninhos,modificando o ambiente físico e químico do solo. A exclusão damacrofauna do solo reduz a taxa de decomposição e a liberação denutrientes da serapilheira.

Anderson (1973) avaliou o papel de diferentes comunidadesdecompositoras (microrganismos, microfauna, mesofauna e macrofauna)na decomposição da serapilheira de castanheira, utilizando litter bags

Fig. 16. Orthoptera(gafanhotos, grilos).Muitos desses gruposapresentam o fêmur daperna posterioraumentado para saltar.Fonte: Modificado de Key(1970).

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em três diferentes malhas: 45 µm, 1 mm, 5 mm em locais diferentes, eobservou que a taxa de decomposição entre as três malhas foi similarem solo mais ácido em que dominavam colêmbolos, ácaros e protozoá-rios, e a macrofauna era ausente ou ocorria em baixa diversidade. Já emsolos menos ácidos, a taxa de decomposição era tanto maior quantomaior a malha em virtude da atividade de fragmentação dos animaismaiores, como minhocas e miriápodos. Essa descrição exemplifica bema relação que pode existir entre o tamanho do corpo dos organismos(Fig. 17) e a função que podem desempenhar no solo, nesse caso, noprocesso de decomposição da matéria orgânica.

Outro ponto importante é a qualidade do material (relaçãoC/N, concentração de polifenóis, etc.) disponível para a subsistênciada fauna do solo, o que pode influenciar a comunidade por intermédioda palatabilidade para os animais, tendo Hendrikson (1990) e Tian et al.(1999) demonstrado que esta é bem diversa entre os diferentes gruposda fauna do solo.

Na Tabela 1, foi sumarizada a influência dos microrganismos edos diferentes grupos de tamanho da fauna do solo nos processos doecossistema.

Tabela 1. Influência da biota do solo nos processos do ecossistema.

Ciclagem de nutrientes Estrutura do solo

Microflora Cataboliza a matéria orgânica, Produz compostos orgânicos quemineraliza e imobiliza ligam agregadosnutrientes

Microfauna Regula as populações de Pode afetar a agregação do solo porbactérias e fungos, altera o meio das interações com a microfloraturnover de nutrientes

Mesofauna Regula as populações de Produz pellets fecais, cria bioporos,fungos e da microfauna promove a humificação

Macrofauna Fragmenta os resíduos de Mistura partículas minerais eplantas, estimula a atividade orgânicas, redistribui matéria orgânicamicrobiana e microrganismos, cria bioporos,

promove humificação, produz pelletsfecais

Fonte: Modificado de Hendrix et al. (1990).

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Atualmente, com o crescente interesse por práticas agrícolas maisconservacionistas, muita ênfase tem sido dada ao estudo da estruturada comunidade da macrofauna, visando entender o funcionamento dosolo e obter possíveis indicadores da qualidade do solo.

Estrutura dos ecossistemasnaturais e dos agroecossistemas

Um ecossistema pode ser definido como um sistema funcionalde relações complementares entre os organismos vivos e o seuambiente, ocorrendo uma regulação interna de fluxo e energia, quemantém um equilíbrio dinâmico e estável. Os componentes estruturaismais básicos dos ecossistemas são fatores bióticos – organismos vivosque interagem no ambiente – e fatores abióticos – componentesquímicos e físicos não vivos do ambiente, como solo, luz, umidade etemperatura.

Em termos de organização das partes que compõem o ecossistema,temos os indivíduos, as populações (conjunto de indivíduos da mesmaespécie), a comunidade (conjunto de populações) e o ecossistemapropriamente. Esses quatro níveis de organização podem ser aplicadostambém aos agroecossistemas. Vale ressaltar que agroecossistema édefinido como um “ecossistema agrícola”, seja esse com práticasecológicas ou não (ODUM, 1983).

Os agroecossistemas diferem do sistema natural por utilizarenergia auxiliar, consistindo em trabalho humano, animal, fertilizantes,pesticidas, água de irrigação, combustível para mover maquinaria, etc.Além desse aspecto, a diversidade de organismos é muito reduzida,para maximizar a produção de um determinado produto ou alimento.Nesse caso, plantas e animais dominantes sofreram seleção artificial.(ODUM, 1983).

Regulação biofuncional de um agroecossistema

Em agroecossistemas, os reguladores biológicos podem serdivididos em três subsistemas: plantas, herbívoros e decompositores

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(Fig. 18), agrupados em biota produtiva, biota recurso, biota destrutiva(SWIFT; ANDERSON, 1993).

A biota produtiva compreende as plantas cultivadas, seja paraprodução de alimento, fibra ou outros produtos para consumo, para usoou comercialização. Esse componente é deliberadamente escolhido peloprodutor e é o principal determinante da diversidade e complexidadedo sistema.

A biota recurso representa os organismos que contribuempositivamente para a produtividade do sistema, mas que não geram umproduto utilizado diretamente pelo produtor. Muitas espécies de plantasutilizadas como cobertura para manejo da fertilidade do solo, manejode pragas e de plantas invasoras são exemplos de biota recurso.

Fig. 18. Hymenoptera (formigas, abelhas, vespas). Castasde Myrmicinae: a, b) rainha; c, d) operárias maiores; e, f)operárias menores; g) macho.

Fonte: Modificado de Riek (1970).

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A fauna e a flora do subsistema de decompositores estão tambémnessa categoria, entretanto pouco se sabe sobre a diversidade e acomposição desse grupo para que possam ser diretamente manejadas.Uma exceção a isso ocorre na interface entre o subsistema dosdecompositores e o subsistema das plantas, por intermédio da microflorasimbiótica, tais como as bactérias fixadoras de nitrogênio e os fungosmicorrízicos, os quais são introduzidos em sistemas agrícolas queapresentam baixa entrada de insumos externos.

Os predadores do subsistema dos herbívoros também são biotarecurso, e podem ser um produto do manejo, tanto indiretamente, pelainclusão de plantas que promovam a diversidade nesse subsistema, oudiretamente, pelo controle biológico.

A biota destrutiva compreende as pragas, os patógenos microbia-nos e as plantas invasoras. O manejo, muitas vezes, visa reduzir adiversidade desse componente. Por muitas décadas as pesquisasconcentraram esforços em algumas pragas, visando obter o máximo deeficiência de controle, por meio de insumos químicos, com o intuito deeliminá-las. Entretanto, mais recentemente, tem ocorrido considerávelavanço dos estudos enfocando o papel de toda a comunidade deinvertebrados no funcionamento do solo (LAVELLE, 1996). Esses estudostêm demonstrado que a biodiversidade e a atividade biológica estãodiretamente relacionadas às funções e características essenciais paraa manutenção da capacidade produtiva dos solos. Assim, a fauna deveser vista como um “recurso” a ser manejado (LAVELLE et al., 1997).Para isso é necessário conhecer a comunidade de invertebrados do solo,avaliar suas funções e finalmente identificar as opções de manejo quepossam otimizar suas atividades. Não significa maximizar o número deespécies, mas sim enfatizar certas grupos e objetivos específicos.

Hierarquia entre os diferentes grupos funcionais

A atividade, e potencialmente a diversidade, da fauna do solodeterminada por uma série de fatores bióticos e abióticos é hierarquica-mente organizada (Fig. 19). Clima, condições de solo e atividades dohomem e animal são fatores essenciais que influenciam diretamente a

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produtividade e a estrutura da vegetação. A vegetação por sua vezinfluencia os invertebrados e microrganismos através da quantidade equalidade da matéria orgânica produzida.

Os invertebrados podem ser classificados em três grupos funcio-nais: engenheiros do ecossistema, decompositores e micropredadores,dependendo do seu tamanho, natureza da estrutura que criam no solo eo principal tipo de relação que desenvolvem com os microrganismos(LAVELLE et al., 1994).

Os engenheiros do ecossistema constroem grandes e resistentesestruturas organominerais que podem persistir por longo período detempo (de meses a anos) e que afetam profundamente o ambiente paraos organismos menores. Esses invertebrados desenvolvem relaçõesmutualísticas com microrganismos em seu trato digestivo (rúmen interno)

Fig. 19. Modelo hierárquico dos fatores que determinam os proces-sos do solo.Fonte: Modificado de Lavelle et al. (1993).

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e nas estruturas que constroem (rúmen externo). Esse grupo incluiminhocas, formigas e cupins.

Num nível hierárquico mais abaixo estão os decompositores daserrapilheira (litter-transformer), que produzem estruturas puramenteorgânicas, que são menos persistentes, mas que regulam a atividademicrobiana. Esse grupo inclui diferentes grupos de invertebrados, com-preendendo micro e macroartrópodos que se alimentam e vivem naserrapilheira, e as minhocas epigeicas e os cupins xilófagos, além depequenas minhocas da família Enchytraeidae. Esses organismos são ativosfragmentadores que desenvolvem interação com a microflora tipo“rúmen externo”, bem como atuam “pastejando” a biomassa de fungos(GILLER et al., 1997).

Finalmente, os micropredadores, pequenos invertebrados,principalmente protozoários e nematóides, que se alimentam dosmicrorganismos. Esse grupo vive em filme de água e não desenvolverelações mutualísticas com a microflora. A atividade desses invertebradostem importante papel na regulação da biomassa de microrganismos,mantendo a diversidade por meio da prevenção da dominância de gruposespecíficos.

Diversidade em ecossistemas naturais

A biodiversidade ganhou destaque mundial e tornou-se até mesmouma expressão popular, após a Agenda 21, produzida na SegundaConferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO92 –, realizada no Rio de Janeiro. A biodiversidade de um ecossistemanatural difere fundamentalmente de um ecossistema agrícola, que tema intervenção do homem para a produção de alimento, como principalaspecto. Num ecossistema natural, a regulação interna de funcionamentoé basicamente um produto da biodiversidade, que controla o fluxo deenergia, nutrientes e informação (SWIFT; ANDERSON, 1993). Noecossistema agrícola, essa regulação é perdida pela simplificação dosistema.

A diversidade tem um papel importante na manutenção da estru-tura e do papel do ecossistema. Os ecossistemas naturais geralmente

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seguem o princípio de que mais diversidade permite maior resistênciaà perturbação e à interferência. Os ecossistemas com alta diversidadetendem a se recuperar mais rapidamente da perturbação e restaurar oequilíbrio em seus processos de ciclagem de materiais e fluxo de energia;em ecossistemas com mais baixa diversidade, a perturbação podeprovocar mais facilmente modificações permanentes no seufuncionamento, resultando na perda de recursos do ecossistema e emalterações na constituição de suas espécies.

Diversidade em agroecossistemas

Diferentemente dos sistemas naturais, em sistemas agrícolas sãoreconhecidos dois tipos de biodiversidade: a biodiversidade planejada,que é determinada pelo tipo de manejo, e uma segunda, dependentedesta, denominada biodiversidade associada, que inclui a fauna do solo(herbívoros, carnívoros, decompositores, etc.) que coloniza o ambienteagrícola o qual influi na ciclagem de nutrientes, regulação de pragas eoutros processos do solo (Fig. 20).

Todos os sistemas agrícolas são dinâmicos e sujeitos a diferentesintervenções, que determinam o tipo de biodiversidade presente. Um dos

Fig. 20. Relação entre a biodiversidade planejada, determinada pelo produtor,e a associada, que coloniza o sistema em função do manejo.Fonte: Gliessman (2000).

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principais desafios hoje é identificar o conjunto da biodiversidade(planejada e associada) que leva a resultados agrícolas desejáveis, comopor exemplo a regulação de pragas e doenças, decomposição da matériaorgânica e ciclagem de nutrientes.

A diversidade de invertebrados do solo é afetada pela atividadeantrópica, reduzindo a disponibilidade de recursos e refúgios, o queafeta a diversidade de outros organismos e a função que desempenham(GILLER et al., 1997). A intensidade com que isso ocorre depende daspráticas agrícolas. Em alguns casos, muitos grupos podem desaparecer(LAVELLE, 1996).

Conclui-se que determinados grupos da fauna variam em funçãodo uso do solo; assim, a presença ou ausência de algum grupo podeservir como indicador da qualidade do solo.

Fauna do solo como indicadora da qualidade do solo

Indicar, por definição, significa “dar a conhecer”, e quando sepensa em bioindicadores da qualidade do solo, pergunta-se o que sepretende conhecer a respeito da qualidade do solo? Para responder aessa pergunta, primeiro é necessário entender o que é “qualidade” dosolo”.

De acordo com Larson & Pierce (1994) e Doran e Parkin (1994), aqualidade do solo pode ser considerada como o grau em que o solopode:

• Promover atividade biológica (plantas, animais e microrganis-mos).

• Mediar fluxo de água.

• Manter a qualidade do ambiente, agindo como um tampão eassimilando resíduos orgânicos e outros.

A qualidade do solo é vista numa ótica dinâmica e consideradauma medida muito sensível das alterações de manejo, e sua resiliência(capacidade natural de um ecossistema recuperar-se, quando impostoa algum estresse) a estresse, por forças naturais ou por práticas agrícolas.Essa visão foi extremamente ampliada a partir de um workshop ocorrido

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em Emmaus, em 1991, sobre Avaliação e Monitoramento da Qualidadedo Solo (“Assessment and Monitoring of Soil Quality”). Nesse evento,foi consenso de que a qualidade do solo não deve estar limitada àprodutividade do mesmo, mas também deve envolver a qualidadeambiental, a saúde do homem, dos animais e a qualidade do alimento.

No passado, as propriedades físicas e químicas como indicadoresda qualidade do solo ganharam mais importância do que as propriedadesbiológicas, as quais são mais difíceis de medir e muitas vezes difíceisde interpretar. Entretanto, os indicadores biológicos, por serem maisdinâmicos do que outros, podem sinalizar antecipadamente adegradação ou a reabilitação do solo.

A utilização da comunidade biótica como indicadora das alteraçõesdo ambiente é relativamente recente, tendo sido iniciada no século 19,por volta de 1900, a partir da observação de que certos organismosestavam associados a diferentes zonas de descarte de resíduosorgânicos. A partir disso foi feita uma lista de espécies de acordo com apresença e ausência de tolerância. Após várias modificações desseesquema, ainda hoje o mesmo é utilizado para avaliar a qualidade daágua.

Até recentemente existiam poucos relatos sobre o uso debioindicadores de qualidade do solo (LINDEN et al., 1994). Mas ocrescente interesse por agricultura e desenvolvimento sustentáveis temresultado em recentes estudos da fauna do solo como bioindicadora.

A sustentabilidade significa coisas diferentes para distintas pessoas,mas há uma concordância geral de que ela tem uma base ecológica.Num sentido mais amplo, a sustentabilidade é uma versão do conceitode produção sustentável, que dá a condição de ser capaz de perpetua-mente colher biomassa de um sistema, porque sua capacidade de serenovar ou ser renovado não é comprometida. Como a “perpetuidade”nunca pode ser demonstrada no presente, a prova da sustentabilidadetambém nunca poderá ser demonstrada no presente, permanecendosempre no futuro (GLIESSMAN, 2000). Dessa maneira, é impossível saber,com certeza, se uma determinada prática é de fato sustentável ou seum determinado conjunto de práticas constitui sustentabilidade. Contudo,é possível demonstrar que uma prática está se afastando da sustenta-bilidade por meio de indicadores, que também podem ser úteis na

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exploração de uma base teórica para o desenvolvimento de modelosque podem facilitar o desenho, teste e a avaliação de agroecossistemassustentáveis.

A Tabela 2 sumariza possíveis bioindicadores da qualidade dosolo que variam de simples organismos a processos e comunidadebiológica propostos por Linden et al. (1994). Em virtude de diferentesfunções dos grupos da micro, meso e macrofauna, cada um desses grupos

Tabela 2. Propriedades da fauna do solo que podem ser utilizadas comoindicadoras da qualidade do solo.

Organismos e populações

IndivíduosComportamento, fisiologia e morfologia

PopulaçõesNúmeros e biomassaTaxa de crescimentoDistribuição de idade

Comunidades

Grupos funcionaisEscavadores x não escavadores, habitam serapilheira x solo, etc.

Grupos tróficosSaprófagos, fitófagos, predadores, etc.

BiodiversidadeRiqueza de espécies, dominância, eqüitabilidade.Espécies-chave

Processos biológicos

BioacumulaçãoMetais pesados e poluentes orgânicos

DecomposiçãoFragmentação da matéria orgânicaMineralização de C e nutrientes

Modificação da estrutura do soloFormação de galerias e bioporosDeposição fecal e agregação do soloMistura e redistribuição da matéria orgânica

Fonte: Modificado de Linden et al. (1994).

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ou organismos dentro de cada grupo pode servir como indicador daqualidade do solo, dependendo do papel funcional de interesse.

Hendrix et al. (1986) avaliaram o efeito do plantio direto econvencional na estrutura e função da cadeia alimentar dos decompo-sitores e propuseram o modelo apresentado na Fig. 21. O funcionamentoda cadeia é governado por meio do recurso-base, representado pelamatéria orgânica.

Em plantio direto, a manutenção da cobertura morta, por meio dapalhada na superfície do solo, fornece abrigo e fonte de energia para osorganismos do solo. Considerando a base da cadeia, nesse sistema, osfungos são favorecidos pela ausência de aração e gradagem. Já emsistemas convencionais a incorporação da matéria orgânica leva aorompimento das hifas dos fungos e promove preferencialmente a ativi-dade bacteriana.

A diferenciação do manejo do recurso-base tem um efeito cascata,afetando toda a comunidade nos diferentes níveis da cadeia. No caso

Fig. 21. Cadeia alimentar dos decompostos (modificado de Hendrix et al. 1986).

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do manejo convencional, são favorecidas a abundância e a atividadeda fauna bacterívora (protozoários e nematóides), e, do plantio direto, aabundância e a atividade da fauna fungívora (microartrópodos,nematóides, minhocas). O modelo de Hendrix et al. (1986) exemplificamuito bem como o manejo impõe alterações no grupo trófico econseqüentemente no fluxo de nutrientes e energia.

Avaliando-se grupos-chave sob diferentes manejos, pode serobservado que a rotação de culturas tem um efeito imediato na estruturada comunidade da macrofauna do solo (AQUINO et al., 2000), comodemonstrado na Fig. 22.

Além dos implementos agrícola, a aplicação de fertilizantes epesticidas também promovem mudanças na estrutura da comunidadeda macrofauna do solo. Tem sido observado, em solo sob manejoorgânico, maior densidade da macrofauna, especialmente minhocas,quando comparado com o manejo convencional (AQUINO et al., 1998).

Fig. 22. Diagrama de ordenamento obtido por meio da análise de correspondênciapara as densidades médias dos grupos da macrofauna do solo. Em que: SN =sistema natural; SC = sistema convencional; pda, pdb e pdc são, respectivamente,plantio direto na rotação: soja/nabo/milho; soja/trigo/soja; milho/aveia/soja.(Dourados, MS).

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É conhecido que as minhocas respondem positivamente aoaumento da matéria orgânica do solo (LEE, 1985; EDWARDS; LOFT,1977). Embora a abundância de minhocas seja significativamente maiorno cultivo orgânico do que no convencional, a única espécie encontradatem sido a Pontoscolex corethrurus. Ao contrário da capoeira próxima,onde foi registrada a ocorrência da espécie de Glossoscolex(Glossoscolex) giganteus e Pheretima indica.

Embora o aumento da densidade das minhocas seja desejável,pela influência positiva sobre as propriedades do solo, existem relatosde que a atividade exclusiva de P. corethrurus no solo pode provocarsevera compactação do solo, em decorrência do acúmulo de suas fezes,com poros de 102 a 104 nm em diâmetro, na superfície do solo (ALEGREet al., 1996), sendo esse efeito mais acentuado sob manejo orgânico,em que os coprólitos são mais estáveis e mais resistentes à desagregação.

Nas condições estudadas, observou-se que o aumento dapopulação das minhocas representou um fase transitória da conversãodo sistema convencional para o orgânico, uma vez que outros inverte-brados se estabeleceram tanto na camada superficial (0-10 cm) quantona camada subsuperficial (10-20 cm). Foram observados grupos deformigas (Formicidae), coleópteros (Coleoptera), aranhas (Aracnidae) eoutros que são responsáveis pela quebra de agregados e deposição depequenos grânulos na superfície do solo, tendo assim um efeitodescompactante (LAVELLE et al., 1997).

Com base na análise de agrupamentos foi possível comparar ascomunidades da macrofauna entre o sistema orgânico e convencionalem relação a diferentes profundidades (Fig. 23). Entende-se que acomunidade da macrofauna no sistema orgânico ainda se encontravaem transição e, provavelmente, haveria outras alterações naspopulações até atingirem estabilidade.

A importância da fauna do solo como bioindicadora é uma sugestãoque ainda está em construção. Muito ainda é necessário conhecer parasua efetiva utilização com esse objetivo.

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70 Capítulo 3

Fig. 23. Análise de dendrograma a partir das densidades da macrofauna dosolo sob manejo orgânico e convencional em diferentes profundidades, indicandodiferenças entre as épocas.

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