CAUSAS QUE ALIMENTAM A CRIMINALIDADEJose Vilsemar Silva[footnoteRef:1] [1: Bacharel em Direito pela UEPG/PR, profissionalizao em Criminologia e Vitimologia pela COGNOS/PORTUGAL. ]

Resumo: A criminalidade vem recrudescendo cada vez mais e nesse contexto, o interesse do presente trabalho fazer um estudo especifico de cinco causas relacionadas com o aumento da criminalidade gerado pela violncia. Como resolver o problema da violncia propagada por essas causas como geradora do crime na sociedade brasileira?Como essas causas acabam contribuindo para a formao desse quadro social deletrio? A abordagem utilizou o mtodo dialtico e a tcnica utilizada foi a pesquisa bibliogrficos. Quanto aos fins, a pesquisa classifica-se como exploratria e descritiva. Os resultados demostram que as causas estudadas possuem uma grande influncia no recrudescimento da violncia, a qual reproduz diversos tipos de crimes contra a sociedade. A soluo apontada seria uma mudana substancial no combate efetivo corrupo, na educao de qualidade, na socializao de qualidade das crianas junto s famlias, no retorno da eticidade e moralidade dos setores pblicos contaminados pelos vrus da corrupo. Palavras-Chave: corrupo, sociedade, violncia, criminalidade, globalizao.

INTRODUO

O tema proposto, Criminologia: violncia como geradora do crime na sociedade, foi escolhido pelo acentuado recrudescimento da violncia observada, nas ltimas dcadas, a nveis alarmantes. As incivilidades e crimes espalham-se pelas grandes e mdias metrpoles e alcanam at mesmo as pequenas cidades rurais. As estatsticas no deixam enganar, o aumento substancial, ano aps ano, dcada aps dcada.Fica visvel que as medidas tomadas pelos sucessivos governos no esto surtindo os efeitos desejados. De pouco esto adiantando as medidas que visem apenas combater as consequncias de algo que requer um estudo bem mais aprofundado e aes bem mais corajosas, as quais realmente possam efetivamente combater as razes dos problemas que geram crimes tipificados e outros a serem ainda tipificados pelo legislador.Outrossim, o ponto chave desses atos violentos e dos crimes gerados est ligado, intrinsecamente, com diversas causas modernas advindas com a globalizao e outras histricas ligadas a explorao violenta das massas deserdadas pelo Estado nos ltimos sculos. Essas causas no esto sendo combatidas devidamente pelas autoridades, as quais procuram combater, demagogicamente, apenas os efeitos, visto que temos dezenas de milhares de assassinatos a cada 12 meses no Brasil, tornando-o um dos pases mais violentos do mundo.Os nmeros so preocupantes e, nesse sentido, de acordo com o site eletrnico Veja.Com: "O pas teve, em 1980, 13.910 homicdios - e taxa de 11,7. Em 1990, a taxa saltou para 22,2 - ano em que foram registrados 31.989 assassinatos. Em 2003, quando a taxa chegou a 28,9, houve 51.043 homicdios no Brasil".Por analogia,os resultados dessas cifras mencionadas se fazem sentir dentro da nossa sociedade, criando um estado permanente de medo na populao, pois as estatsticas mais atualizadas de 2003 a 2014revelam que temos em nosso pas uma mdia que se aproxima dos 60.000 assassinatos anuais, algo superior s mortes das guerras espalhadas pelo mundo. Neste sentido, Santos (2009, p. 21) comenta que no ano de 2002 "[...] todas as 24 guerras que ocorriam no planeta mataram 40 mil pessoas. No mesmo ano, no Brasil, envolvido numa guerra contra o crime, 49.600 pessoas foram assassinadas".Por detrs destes nmeros estarrecedores, estudos mostrama existncia de inmeras causas sociais, as quais alimentam, alm dos assassinatos, outrosinmeros crimes em uma ciranda sem fim.Nesse contexto, o interesse do presente trabalho fazer um estudo especifico de cinco causas relacionadas com o aumento da criminalidade gerado pela violncia, o que nos levam as seguintes perguntas: como resolver o problema da violncia propagada por essas cinco causas como geradora do crime na sociedade brasileira?Como essas causas acabam contribuindo para a formao desse quadro social deletrio? importante localizar as causas, apontar solues e pressionar as autoridades para que possam, efetivamente, combater esses fatores reais da criminalidade e da violncia. Torna-se importante localizar e apontar solues para que os efeitos sejam, paulatinamente, enfraquecidos e voltem para um grau, humanamente, aceitvel para a sociedade.Destarte, o trabalho permitir fazer uma reflexo sobre as informaes apuradas se realmente elas esto interferindo sobre o processo de violncia, sobre os crimes e incivilidades em nossa sociedade, alm de analisar as causas que interferem como fatores determinantes para o crescimento da violncia na sociedade brasileira. Assim poder desenvolver uma viso bem mais abrangente com relao a essas causas abordadas no presente trabalho e que ajudar a sinalizar possveis caminhos em busca de solues que podero ajudar a diminuir as vitimizaes e revitimizaes entre as cidads e cidados afetados pela absurda violncia criminal diria. importante gizar novamente que as incivilidades j ocorrem a qualquer horrio do dia em todas as classes sociais, sem o menor constrangimento, alm de levar o descrdito nas autoridades e gerando um estado de anomia preocupante em muitas regies.Ainda, neste trabalho, a metodologia utilizada est centrada na compilao, ou seja, na pesquisa de dados bibliogrficos oriundos de revistas, trabalhos cientficos, de obras literrias e internet que versem sobre violncia, causas geradoras do crime e criminologia. O mtodo de abordagem o dialtico. Quanto aos fins, a pesquisa classifica-se como exploratria e descritiva.Por conseguinte, no contexto geral deste trabalho, a primeira seo enfoca alguns apontamentos sobre Criminologia; a segunda seo sobre a influncia do Perodo Colonial como causa da violncia de gnero; a terceira seo aborda o fator miditico televisivo como influenciador da violncia; a quarta seo discorre sobre o fator da globalizao do crime; a quinta seo focaliza a desestruturao da famlia; a sexta seo expe a corrupo infiltrada na mquina republicana e a stima seo aborda a Concluso do trabalho. 1. BREVES APONTAMENTOS SOBRE CRIMINOLOGIA

O atual momento crtico que a sociedade est atravessando, com o recrudescimento da violncia e dos crimes da originados, torna a Criminologia uma cincia de extrema importncia no problema criminal. Neste sentido Custon (2002, p. 13) argumenta: "Para o conter sem atentar contra os nossos valores preciso estud-lo e conhec-lo, evitando desvaloriz-lo. para responder a esta necessidade de anlise e de conhecimento que a criminologia existe".Como cincia-humano social, a Criminologia est centrada na conduta criminosa do homem, procurando observar o seu mago, a sua conduta criminosa e refletir nas causas que motivam toda essa criminalidade, alm das suas origens. Estuda os efeitos deletrios da criminalidade, a intensidade de penetrao dentro da sociedade, bem como a sensao de periculosidade entre as classes sociais da sociedade. Procura dispor solues adequadas para o combate a violncia e a criminalidade, bem como os remdios apropriados e preventivos, a fim de que as causas possam ser eliminadas. (JUNIOR, 2008).Com efeito, a Criminologia na sua caminhada em busca das respostas que possam minimizar ou at mesmo erradicar o fator criminalidade possui mtodos prprios, porm tambm se utiliza de dados fornecidos por outras Cincias nos pontos em que satisfaz o objeto principal da sua existncia, ou seja, a natureza e a personalidade do homem, alm dos fatores (causas) que alimentam a criminalidade. Para tanto, a seguir, das inmeras causas que alimentam a criminalidade em nosso pas, faremos uma anlise sucinta de cinco causas que provocam a violncia e, por conseguinte, a criminalidade.

2. A INFLUNCIA DO PERODO COLONIAL COMO CAUSA DA VIOLNCIA DE GNERO.

A violncia era uma constante no perodo colonial. A subjugao dos povos autcnes e a escravizao faziam parte do modelo capitalista patriarcal europeu imposto ao mundo. A subjugao da mulher pelo homem era atravs de formas violentas ou sutis, no passando de um objeto, uma posse e nas colnias portuguesas no seria diferente.Por outro lado, para o violento sistema colonialista europeu, o homem branco era o ser que deveria predominar sobre tudo e todos, principalmente sobre os povos de pele escura e inclusive sobre as prprias mulheres brancas. Esse sistema no aceitava qualquer tipo de cultura e pensamento que fosse contrrio ao pensamento ideolgico colonialista.Ainda, uma reflexo feita por Gautier (2004, p. 670), sobre o colonialismo de 1840, deixa bem caracterizado o pensamento da poca, o qual, ainda hoje, est a influenciar a agressividade, a violncia e o crime, seno vejamos: Essa ao civilizadora inseparvel do darwinismo social, que imagina uma rvore genealgica da espcie humana na qual o negro se situaria l embaixo, o asitico num nvel intermedirio, seguido pela mulher branca, e, l no alto, pelo homem branco. Nesse sentido, Lacerda (2010, p. 9) consegue muito bem expor a realidade da situao de violncia a que os povos dominados, principalmente as mulheres eram submetidas no perodo colonial, nas mos do sistema colonialista europeu, seno vejamos:A mulher e a terra eram metforas uma da outra no s no sentido da explorao sensorial e sexual, mas tambm como meio de produo e de reproduo, como propriedades, tendo as mulheres sua sexualidade abusada ou controlada conforme os imperativos da colonizao. Isso foi vlido no apenas em relao s ndias, mas tambm em relao s negras, s mestias e s brancas. O controle, os estmulos e os influxos das mulheres foram relacionados ao seu papel de reprodutora de braos e de transmissoras de valores em funo do interesse de colonizao. Em funo desse papel a mulher foi devastada e desgastada.Por essa analogia fica estampada que a violncia contra mulheres, no importava a cor da pele, eram vistas pelo sistema patriarcal como meras reprodutoras de mo de obra e a violncia contra elas era de praxe. Nesse perodo as mulheres ocupavam uma posio de subalternidade, um objeto, nas mos do patriarca do sistema colonialista europeu. Essa violncia praticada no Perodo Colonial ainda possui ramificaes dentro da nossa sociedade, principalmente no imaginrio masculino, que tenta manter a mulher como uma espcie de objeto, sempre submissa aos seus interesses.Outrossim, Rit; Cagliari e Da Costa (2009, p. 7) aborda tal perspectiva:A violncia praticada contra a mulher possui aspectos histricos determinados pela cultura machista que considera a mulher como uma propriedade do homem, e que ocorre at nos dias de hoje, mesmo diante de muitos avanos com relao aos direitos das mulheres, produzindo inmeros danos em suas vtimas [...]. Mesmo com leis mais protetivas criadas pelo Estado para dissuadir a violncia e dar mais proteo mulher, a violncia contra elas recrudesce cada vez mais. No imaginrio coletivo masculino, centrado em razes atvicas, muitos homens continuam vendo o sexo oposto como uma propriedade, achando que elas devem de ser submissas a lascvia de muitos e aos mais variados interesses dos seus pretensos donos. E, no momento em que se sentem contrariados, algum tipo de violncia, sutil ou no, acaba sendo aplicado ao sexo feminino.Como se no bastasse, a violncia de gnero chegou a um ponto que transformou o Brasil em um dos pases mais violentos, com assassinatos de milhares de mulheres a cada 12 meses. O Brasil apresenta uma taxa de 4,4 homicdios em cem mil mulheres, ocupando, entre 84 pases, a 7 posio. Portugal ocupa a 72 com apenas uma taxa de 0,3 homicdios em cem mil mulheres durante o perodo situado entre 2006 e 2010 (WAISELFIZS, p. 16). Por outro lado, no restam mais dvidas de que grande parte da violncia cometida contra as mulheres contm reminiscncias do passado colonial patriarcal como uma das causas principais da violncia de gnero. Insta reafirmar, como j visto, que as consequncias dessa violncia, oriunda do perodo colonial, continuam slidas dentro da nossa sociedade moderna. Assim, os tipos de agresses mais caractersticos enfrentados na atualidade podem "ser definidos em cinco pontos importantes: violncia fsica, violncia sexual, violncia psicolgica, violncia moral e violnciapatrimonial" (NETO, 2008, p. 80).Enfim, como se observa, fica comprovada a existncia de uma causa histrica, a qual ainda vem influenciando, em menor graduao, a atual conjuntura social da atualidade, na qual a mulher continua sendo alvo de agresses, no entanto h outras causas mais modernas que interferem no aumento da violncia e que atingem a todos de modo geral como veremos a seguir.

3. O FATOR MIDITICO TELEVISIVO COMO FOMENTADOR DA VIOLNCIA

J o fator miditico televisivo tido, notoriamente, como um veculo altamente socializador. Essa mdia televisiva seduz, atrai e socializa. Para Frres (1998, p. 13): A televiso o fenmeno social e cultural mais impressionante da histria da humanidade. o maior instrumento de socializao que jamais existiu. Nenhum outro meio de comunicao na histria havia ocupado tantas horas da vida cotidiana dos cidados, e nenhuma havia demonstrado um poder de fascinao e de penetrao to grande.Porm a televiso tambm pode ser considerada um veculo que acaba influenciando a propagao da violncia, conforme a concluso de inmeros pesquisadores desde o seu advento. A mdia televisiva deixa transparecer, atravs de pesquisas fundamentadas, que realmente h uma conexo com a violncia e crimes, principalmente entre jovens.Nesse sentido:Depois de cuidadoso tratamento estatstico, os autores verificaram que [...] o nmero de horas que um adolescente com idade mdia de 14 anos fica diante da televiso, por si s, est significativamente associado prtica de assaltos e participaoem brigas com vtimas em crimes de morte mais tarde, quando atinge a faixa etria dos 16 anos aos 22 anos. (VARELLA, 2002).Outrossim, notrio que mensagens de violncia so constantemente empregadaspela mdia televisiva, at mesmo com enxertos de mensagens subliminares em suas programaes, tais como novelas, filmes, desenhos infantis, alm de influenciar em mudanas nos bons costumes. As crianas so as mais vulnerveis j que passam horas e mais horas em frente a uma telinha, a qual, para milhares de cidados e cidads, ela acaba servindo como uma espcie de "bab eletrnica".Alm disso, o artigo publicado na revista eletrnica Consultor Jurdico intitulado: MTV condenada. Juiz manda retirar clipe do ar e indenizar telespectadores (2002), aduz o seguinte:A MTV Brasil, empresa ligada ao Grupo Abril, deve retirar do ar um clipe institucional em que so veiculadas "mensagens subliminares, consistentes em cenas de sadomasoquismo". [...]O juiz da 12 Vara Cvel de So Paulo, Paulo Alcides Amaral Salles, concedeu liminar a pedido do Ministrio Pblico. [...] Os promotores alegaram que a exposio de propaganda abusiva e clandestina feita pela MTV afeta toda a coletividade, especialmente, porque o pblico alvo o jovem, de 15 a 29 anos. [...]. O juiz afirmou que a "manuteno da publicidade poder causar danos irreparveis s pessoas, em especial aos menores, que assistem programao".Ainda, por essa linha de pensamento: "O estudo global da UNESCO, de 1999,enfatizouo que outras pesquisas internacionais e nacionais j haviam apontado: a violncia na tela exerce forte atrao sobre as crianas e elas tendem a reproduzir o comportamento de seus heris na vida real". (UNICEF, p. 83) Inclusive, instituies como a National Comission on the Causes and Prevention of Violencechegou concluso, aps verificar inmeros trabalhos cientficos, que versavam sobre violncia e suas causas, concluiu que o fator miditico televisivo tem papel preponderante entre as inmeras causas que impelem a um comportamento hostilou a atos de transgresso. (RANGEL, 2004). Sendo assim, desde o advento da mdia televisiva, omodus vivendivem sendo, paulatinamente, alterado, desde [...] a burla da conscincia e da racionalidade (FRRES, p. 35). Infelizmente, tornando-se em uma das causasque est a influenciar a conduta violenta e at mesmo em crimes e suicdios entre o elo mais fraco da sociedade humana, ou seja, as crianas e os adolescentes. As pesquisas das ltimas dcadas reforam que a mdia televisiva tem a capacidade de influenciar atos de incivilidades entre jovens e adultos e requer um controle mais apurado em suas programaes, no bastando apenas argumentar que os pais tm a responsabilidade de impedir que seus filhos assistam determinados programas.

4. O FATOR DA GLOBALIZAO DO CRIME

Outro fator (causa), no menos importante, principalmente para pases fragilizados pela corrupo, como o caso do Brasil, refere-se globalizao do crime. Tal fenmeno foi fortalecido com o fim da Guerra Fria, as fronteiras internacionais se tornaram bem mais permeveis com a ampliao do processo de globalizao capitalista. Os empecilhos burocrticos para a entrada de pessoas em outros pases foram diminudos. As transaes financeiras e de bens em geral foram ampliadas de maneira imensurvel entre todos os pases do mundo. Isto tudo tm permitido que o crime organizado, antes restrito a determinadas regies, acabasse sendo beneficiado para expandir os seus negcios ilegais, sendo comum a prtica de corromper governos fragilizados.Na esteira da evoluo dessas organizaes criminosas, Robinson (2001, p. 19) aduz o seguinte:[...] as organizaes criminosas transnacionais abordam a logstica, gesto de pessoal e contabilidade de maneira profissional. Eles pesquisam e desenvolvem novos produtos. Contratam especialistas para orient-los pelo labirinto complexo e em constante mudana dos assuntos legais, das tcnicas de marketing e todos os aspectos das finanas. [...] Aprenderam a estabelecer e manter redes de empresas de fachada, a negociar preos, decidir mtodos de entrega, criar cronogramas de pagamentos e instilar em tudo isso uma filosofia que leva em conta desenvolvimentos futuros de mercado.Outrossim, entre os diversos crimes praticados por essas organizaes criminosas citaremos, a ttulo de exemplo, o problema grave dos medicamentos falsificados que despontam em pases subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.Alm disso, Napoleoni (2010, p. 145) faz os seguinte comentrio: "Os pases industrializados continuam desinteressados dessa indstria bandida porque as mortes resultantes do uso de medicamentos falsificados ocorrem primordialmente no mundo em desenvolvimento".Hoje, o Brasil desponta como um dos maiores produtores do mundo na fabricao de medicamentos falsificados e no sofre qualquer retaliao internacional (NAPOLEONI,2010).Por outro lado, a prpria tecnologia da informtica tem favorecido e muito o surgimento de novas modalidades de crimes virtuais prontamente aproveitados pelas mfias globalizadas, pois a criao de leis para a tipificao desses crimes segue um processo extremamente lento e que pode levar anos de debates, principalmente em pases fragilizados por uma corrupo endmica como a existente no Brasil.Insta gizar as palavras do Exmo. Sr. Desembargador de Justia Aquino (2010):Ressalte-se que a criminalidade organizada, em razo do avano tecnolgico, se difundiu mundialmente e a legislao para coibir infraes dessa estirpe estancou no tempo e no espao, de molde que inexistem leis, de forma global, que punam delitos cometidos atravs da informtica cometidos num pas, mas consumado em outro, na mdia em que quase impossvel um governo nacional combater as grandes rede da organizao criminosa sem ter acesso e tampouco controle sobre todas as reas que os sacripantas [sic] agem. Alm disso, o professor Forgione (2011, p. 293 e 294) denuncia uma colonizao por parte de mfias italianas em diversos pases e aponta algumas cidades brasileiras com a presena dessas poderosas corporaes criminosas. Cidades como Rio de Janeiro, fortaleza e Braslia servem como entreposto e mercado consumidor, pelas organizaes criminosas conhecidas como Camorra, Cosa Nostra e Ndranghta. importante frisar que no territrio brasileiros existem denncias e processos sobre a venda de decises liminares, em sede de habeas corpus, para a soltura de narcotraficantes ou paralisao de processos criminais por falta de justa causa (MAIEROVITCH, 2010, p. 27).Ainda mais, a influncia perniciosa dessas mfias se faz sentir dentro do prprio Legislativo Federal, seno vejamos: Ainda no Brasil, o Legislativo Federal transformou-se numa cosa para poucos privilegiados. E os parasitas de colarinho branco, que usam mtodos mafiosos, brilham nas conquistas de verbas oramentrias, privatizaes, terceirizaes, concesses, parcerias, acesso a fundos de penso etc. (MAIEROVITCH, 2010, p. 27). Por outro lado, todas essas organizaes criminosas atuam em solo brasileiro no lucrativo e violento trfico de crianas e mulheres para escravido; trfico de extrao criminosa de rgos; trfico de explorao sexual; trfico de armamentos e trfico de drogas, os quais se tornaram uma verdadeira praga a ser combatida.Como se no bastasse, organizaes criminosas brasileiras, tais como o Primeiro Comando da Capital (PCC), Famlia do Norte (FN), Comando Vermelho (CV), entre outras, participam do trfico de drogas, de armamento, de pessoas etc., em uma estreita ligao com as mfias internacionais situadas em nossas fronteiras pouco guarnecidas pelo Estado. Enfim, a globalizao do crime uma das mais nefastas causas, a qual vem sendo timidamente combatida a nvel de Brasil, alm de provocar estragos imensurveis a nvel econmico e social, com prejuzos imensurveis para toda a sociedade brasileira e para a prpria democracia.

5. A DESESTRUTURAO FAMILIAR

Outra causa geradora do crime, to importante quanto s demais j citadas a desestruturao familiar, a qual implica no aumento da violncia e da criminalidade. Para alguns autores as pesquisas fundamentadas no deixam dvidas: "Grande tambm o nmero de jovens autores de atos antissociais oriundos de lares desfeitos, como ocorre com os filhos de pais divorciados". (FERNANDES; FERNANDES, 2010, p. 352). Tal fato atinge principalmente as camadas mais pobres da populao, mas tambm alcana as camadas mais privilegiadas.Outrossim, em tempos de globalizao, os pais, para o sustento das famlias, se obrigam a ficar cada vez menos com os filhos, ou simplesmente os deixam sozinhos. Muitas dessas crianas e adolescentes se tornam vtimas fceis para a iniciao ao crime. Outro detalhe, no menos importante, so os filhos de famlias monoparentais que apresentam um alto ndice de delinquncia. Santos (2009, p. 67) argumenta que "61%dos menores internados na Febem, em 1999, viviam em famlias monoparentais".Nos dias atuais a situao apenas recrudesceu.Realmente, muitas famlias monoparentais no conseguem manter uma estrutura slida de valores bsicos para a socializao dos seus filhos, o que pode influenciar na prtica de atos de incivilidades. Por esse caminho: O grau de delinquncia de uma comunidade diretamente proporcional ao nmero de famlias monoparentais, ou seja, em que os filhos so criados s pelo pai ou pela me (Tulio Kahn apud VERGARA, 2002). Grande parte dos profissionais da sade mental, independentemente da posio que professam, comungam a ideiade que os liames estabelecidos na infncia do cidado e cidad junto s famlias so fundamentaispara a formao da personalidade (RAUTER, 2003, p. 92).Para Santos (2009, p. 67): A desestruturao familiar, por sua vez, representa um fator mais decisivo do que a pobreza para a criao de um delinquente em potencial. Portanto, os liames familiares esto sendo deteriorados a olhos vistos. As virtudes que outrora impulsionavam as famlias, hoje esto corrodas e afetam principalmente as crianas, as quais, sem limites, cada vez mais cedo entram para o mundo das drogas e do crime, ampliando ainda mais a insegurana que hoje a sociedade vive e com poucas perspectivas de melhora. 6. A CORRUPO INFILTRADA NA MQUINA REPUBLICANA

Por fim, uma causa de suma importncia, vem a ser a corrupo dentro da mquina administrativa republicana, gerando descrdito e criando regies com um crescente estado anmico.Faz com que se perca o senso de moralidade e de tica. Provoca reflexos negativos na economia e na segurana pblica, alm de induzir os seus agentes pblicos e o povo a praticarem mais atos de incivilidades dentro da sociedade, gerando assim uma violncia cada vez mais crescente.O escritor Habib (1994, p. 97) j aduzia em sua obra:Foroso reconhecer-se que, antes de se poder dizer que h uma epidemia de corrupo, o que h uma epidemia de impunidade, fruto de uma anomia perniciosa e de uma omisso imperdovel das instituies responsveis pela aplicao da lei e pela persecuo criminal. Tudo isto induz a uma variedade de crimes violentos, alm de colocar em cheque o prprio sistema democrtico, o qual se torna manipulvel e condicionado a interesses mesquinhos de muitos banqueiros, transnacionais, de governantes de mau carter, dos partidos polticos e at mesmo de mfias internacionais que contam com a facilidade de corromper autoridades brasileiras em todos os escales.Neste sentido, insta gizar, as palavras do escritor Mir (2004, p. 320):A corrupo a mais potente e destruidora arma do Estado. Serve-se dela para impedir o acesso s oportunidades e a distribuio lgica das riquezas do pas. Funciona em todo o organismo e nos crculos aliados, se descontrola a curto, mdio e longo prazo, provoca falncia social e administrativa irremedivel.Assim, os prejuzos trazidos pela corrupo enfraquece cada vez mais a estrutura republicana. Por esse contexto, muitos crimes acabam sendo banalizados e a impunidade gritante, principalmente para as camadas economicamente mais abastadas, que possuem a seu favor dezenas de advogados regiamente pagos e dezenas de recursos judiciais que postergam a sentena condenatria por anos ou simplesmente acabam prescrevendo.

CONCLUSO

Por todos os aspectos vistos, com farta fundamentao, verifica-se que as causas especificadas neste trabalho esto todas interligadas, alm de uma delas estar historicamente ligada com a violncia de gnero. Todas elas alimentam a violncia e apesar das medidas tomadas pelo legislador a violncia e o crime alcanam patamares nunca vistos.Entre as causas especificadas, a violncia de gnero, apesar da tentativa do legislador em ampliar o rol de leis e normas, ainda no foram suficientemente restritivas para o cometimento de crimes advindos da violncia. Os nmeros indicam um crescimento, provando que apenas leis no sero o suficiente para estancar esse crescimento deletrio de violncias generalizadas contra a mulher.J a causa criminolgica provocada pelo fator miditico televisivo, apesar de muitos no concordarem com essa possibilidade, as pesquisas colocam em cheque os de posicionamento contrrio. De fato a telinha de TV, pode provocar mudanas de comportamento, principalmente entre jovens em plena formao social e cultural, atingindo pobres e abastados no quesito da violncia e da criminalidade, alm de manipular emoes em detrimento da razo.Outrossim, a mdia televisiva carece de uma maior fiscalizao governamental urgente no que tange a manipulao das emoes em detrimento da razo; um controle mais acirrado sobre a propagao da violncia atravs de programas, os quais incita jovens h atos de incivilidade, alterando inclusive costumes salutares no seio familiar. No quesito da criminalidade oriunda da globalizao fica estampado que as novas tecnologias advindas com a modernidade, alm da ampliao do livre mercado, com leis que facilitaram ainda mais esse processo acabaram fortalecendo as mfias locais que passaram a atuar a nvel internacional, ampliando ainda mais as suas organizaes criminosas e tornando-as uma espcie de parasitas que enfraquecem cada vez mais o seu hospedeiro, ou seja, o Estado.Por outro lado, para facilitar o avano da criminalidade e da violncia, a famlia nesses tempos de globalizao, concentraes de rendas e de excluso de milhes de pessoas, vem sendo desgastada e vergastada em seus valores ticos e morais, causando inmeros malefcios em sua prole. Uma das provas demonstra que nas famlias monoparentais, os seus filhos apresentam inmeras deficincias cognitivas e sociais, o que os empurram para muito prximo da linha divisria da criminalidade e da violncia, muitas vezes gratuita.Outrossim, talvez a maior das causas criminolgicas exatamente o fator da corrupo, a qual como um agente patognico vai enfraquecendo o seu hospedeiro, principalmente os Estados submissos aos interesses da globalizao. Pases, como o Brasil, que possuem um longo histrico de subornos praticados desde o perodo colonial, da monarquia e perodo republicano so alvos preferncias das mfias globalizadas, alm do surgimento de organizaes internas do crime organizado, a exemplo do Primeiro Comando da Capital (PCC), o qual j deu provas de como colocar o Estado de joelhos, quando contrariado em seus interesses ilegais, ligados ao trfico de armas, pessoas e drogas.Somente com uma mudana substancial no combate efetivo corrupo, na educao de qualidade, na socializao de qualidade das crianas junto aos seus genitores, no retorno da eticidade e da moralidade dos setores pblicos contaminados pelos vrus da corrupo, principalmente dentro dos trs poderes da Repblica, que realmente se poder combater as causas supracitadas e outras que surgem a todo o instante, devido ao avano da tecnologia, principalmente da informtica.Outra mudana essencial para pr fim ao recrudescimento da criminalidade seria o combate a concentrao de rendas e uma transformao do sistema atual eleitoral poltico que domina o Brasil, pois o crime est instalado em inmeros partidos republicanos, fazendo com que tenhamos uma democracia manipulada e condicionada aos interesses de grupos, que por sua vez compactuam com a criminalidade nacional e internacional, colocando em cheque direitos fundamentais e, o pior de tudo, a prpria democracia. Outrossim, para que se possa reduzir os nmeros da violncia ser necessrio um investimento pesado em todos os poderes estatais (municipais, estaduais e federal) envolvidos no combate ao crime: nas comunicaes, nos setores da inteligncia, na informatizao, na qualidade de atendimento, na melhoria nos salrios dos profissionais envolvidos, nas estatsticas, na gesto de recursos, na logstica e na integrao dos poderes envolvidos e na celeridade judicial. Tudo e todos interligados em um nico sistema a nvel nacional. Acrescente-se, que um investimento no sistema prisional para torna-lo mais eficiente na recuperao de delinquentes encarcerados extremamente necessrio, pois a impunidade e ineficincia do sistema criminal brasileiro uma realidade inquestionvel e com prejuzos imensurveis para a sociedade. Vejam que: Com a ausncia do Estado, o poder paralelo toma conta. Na falta de um tratamento adequado, os presos primrios so socializados pelo prprio crime e passam a partilhar as crenas e os valores do grupo que lhes estendeu a mo ali dentro, diz o especialista em Segurana Pblica Alexandre Rocha. (COURA. Revista Veja, ed. 2427, p. 68). Em concluso, para eliminar grande parte da criminalidade internacional e nacional, alm do descompasso em termos de legislaes entre os vrios pases do mundo seria necessrio tambm a criao de um organismo central internacional com comandos nicos para todos os pases. A Organizao das Naes Unidas (ONU) j seria o embrio para tal possibilidade e, com o tempo, um grande passo para a unificao dos rgos de segurana pblica no combate ao crime organizado a nvel internacional. BIBLIOGRAFIA

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