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CENTRO PARANAENSE DE REFERÊNCIA EM AGROECOLOGIA PRINCÍPIOS TÉCNICOS DO PLANTIO EM MANDALAS RAFAEL KNESEBECK

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CENTRO PARANAENSE DE REFERÊNCIA EM AGROECOLOGIA

PRINCÍPIOS TÉCNICOS DO PLANTIO EM MANDALAS

RAFAEL KNESEBECK

“Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, o homem vai perceber que não pode comer dinheiro”.

Provérbio indígena.

INTRODUÇÃO

Dentro do meio dos pensamentos holísticos, sejam eles biodinâmicos, permaculturais, cabalísticos ou religiosos; ou até mesmo nos sistemas lógicos como a geometria, a física ou a agricultura de precisão, deparamos com a palavra mandala, ou com o seu significado, inúmeras vezes. Mas afinal de contas, o que é uma Mandala? A palavra origina-se do sânscrito, e quer dizer círculo. No entanto, não meramente a figura plástica circular, mas sim, um ciclo completo de qualquer coisa que tenha começo, meio e fim. Não obstante, um círculo que esteja contido dentro de círculos maiores, e que contenha círculos menores. Uma boa forma de compreender uma mandala, é enxergar o cosmos de uma forma geral, onde nosso sistema solar contém o nosso planeta, que orbita ao redor de um centro, o Sol; mas também circunda, em seu todo, ao redor da nossa galáxia - a via Láctea; e todos têm seu ciclo em um determinado tempo. Mas o que isso tem a ver com o plantio? Primeiramente, devemos compreender que a energia, independente de qual seja, existe em função de uma onda, que oscila entre dois opostos: o que começou, terminará; o que foi plantado, será colhido; o que nasceu, perecerá. Na sequência, compreendamos que a morte, ou a colheita, ou o fim de um círculo; não representa o fim da energia, pois a esta não se dissipa, apenas converte-se em outra forma de energia, sendo reaproveitada pela natureza. Logo, dizer que um ciclo se encerrou, é o mesmo que dizer que outro ciclo recomeçou, assim como dizer que o inverno acabou, apenas significa que começou a primavera. Compreendido isto, percebamos que todas as cultivares possuem um período específico de vida, dividido em períodos específicos – germinação, crescimento, desenvolvimento, fruição e morte; dentro de um período específico do ano – verão, outono, inverno e primavera. Ainda mais, possui intensidade de fluxo hídrico interno, determinado pelo ciclo lunar – lua cheia, minguante, nova e crescente; e, ainda mais, os controles de evasão hídrica determinado pelas aberturas estomáticas, ao longo do dia, determinadas pelo calor, ventos umidade relativa do ar, etc. Logo, podemos perceber claramente que a agricultura, de forma geral, é representada pelo equilíbrio intrínseco entre diversos círculos, onde o objetivo fundamental, é sustentar o ciclo vital, ou, a mandala da vida.

O CICLO VITAL Podemos confabular horas na tentativa de elaborar uma teoria plausível a respeito do significado da vida – e ainda esta tentativa, gerou uma ampla gama de círculos teóricos dos mais diversos; no entanto, resumidamente, a vida dentro deste plano tridimensional resume-se ao ciclo biológico natural, ou seja: nascer, crescer, se desenvolver, reproduzir-se e morrer. Dentro desta cronologia, temos de destacar com veemência a necessidade de tudo o que é vivo em consumir água e alimentos, tanto orgânicos quanto inorgânicos, para que o invólucro físico possa sustentar a energia em seu interior – quando a força gravitacional - ou etérea - do corpo material, seja de um animal ou uma planta, se enfraquece, perde a capacidade de reter as energias vitais, expandindo-a além do corpo material para o cosmos. Logo, independente da forma de vida, faz-se necessário o consumo de bases nitrogenadas e fósforo para a produção de ADP’s (adenina difosfato), ATP’s (adenina trifosfato), NADPH (nicotinamida adenina dinucleótido fosfato); carbono e hidrogênio para as estruturas moleculares; cálcio para a estrutura celular; sais minerais e micro-nutrientes para as ligações enzimáticas específicas; entre tantos outros nutrientes indispensáveis para a síntese de proteínas e enzimas que fazem o corpo vivo funcionar. Mas de onde vêm estes nutrientes? Para entendermos isto, precisamos adentrar um pouco na história, e compreender como se formou a vida na terra. Independente da crença sobre a origem da vida, sendo esta acaso ou não, projetada ou mero acidente molecular; é certo, biologicamente, que formou-se a partir da ativação de ácidos graxos dispersos na água, convertidos em enzimas, que por sua vez constituíram aminoácidos, e, posteriormente, proteínas, ativadas pelo calor e pelas descargas elétricas emanadas da instabilidade atmosférica, há aproximadamente mil milhões de anos. Contudo, para que fossem criados estes ácidos graxos, era necessário que houvesse estruturas atômicas precedentes, tanto orgânicas (baseadas em carbono, hidrogênio e oxigênio) quanto inorgânicas, que fossem mais simples, para que estas moléculas mais complexas pudessem existir; estruturas minerais advindas do núcleo do planeta, que formou-se a partir de união de partículas do cosmos, que reuniram-se pela força da gravidade formando planetas, estrelas e asteróides; e isto é certo e provável – e não meramente uma crença; pois as mesmas partículas atômicas que encontramos aqui, podemos encontrar em Marte, Vênus e até mesmo no Sol. Logo, podemos enxergar que estes elementos minerais são organizados sistematicamente pelo universo, fazendo-se circundado e orbitando em círculos sem fim, ao redor do universo; e que dentro de nossa atmosfera, estes elementos cósmicos aliados à água, a corrente elétrica, e o calor; fazem-se indispensáveis à síntese de proteínas, conseqüentemente à vida, e que tudo isso, possui uma ordem sistemática circular, girando em torno de algo. A esta altura, eu imagino que você esteja se perguntando: _OK, MAS E A AGRICULTURA??? De forma realmente impressionante – e intrigante - esta molécula vital primária deixou vestígios sobre a forma de como foi criada, como uma receita, podendo não somente ser replicada, mas duplicada. Conforme esta molécula replicou-se, tornou-se mais complexa, adaptando-se as mais adversas variações de ambientes, e cada vez que uma forma de vida fracassava, suas moléculas eram aproveitadas pela outras moléculas presentes. Devemos compreender, que este processo demorou milhares de anos, de forma que muitas moléculas foram replicadas, algumas adaptaram-se e outras pereceram; e as que pereceram, tornaram-se uma forma primordial de alimento às outras que adaptaram-se a buscar especificamente a este tipo de molécula “morta”.

Estas formas rústicas de vida dependiam do calor solar para existir, e era natural que

em determinado momento, buscassem a luz em sua íntegra – uma vez que a água turva a luz. No entanto, é lógico que estas primeiras formas de vida que buscaram a luz, pereceram às margens do meio aquático, depositando de forma inédita na história, os primeiros traços de matéria orgânica em cima da rocha decomposta pelas chuvas. A vida adaptou-se ao longo do tempo, à existir alimentando-se desta matéria decomposta misturada com os minerais das rochas, e, ao longo de muito tempo, toda a matéria orgânica oriunda do material vital, perecida e depositada sobre a rocha decomposta, formou as formas primitivas de solo, a base alimentar de toda a vida, desde a simples à mais complexa, no planeta terra. Estas primeiras células vitais agruparam-se visando o aproveitamento de alimentos e a proteção, formando os primeiros corpos que nutriam-se deste material terrestre, constituindo as formas primitivas de plantas. Entretanto, haviam ainda as células que adaptaram-se a consumir as estes corpos celulares, ainda dentro da água, que quando perceberam a riqueza nutritiva fora dela, buscaram o meio terrestre, formando os primeiros animais extra-aquáticos. A partir de então, temos os seres vivos que produzem seu próprio alimento, a partir do solo; e os que se alimentam destes seres autótrofos, constituindo o início de uma cadeia alimentar. Voltando à atualidade, percebemos através de inúmeros trabalhos realizados por grandes biólogos como Alfred Russel Wallace, Charles Darwin, Erwin Schrödinger, entre outros; que a vida buscou inúmeras formas de adaptar-se aos mais diversos biomas e condições dispostas ao redor da terra, o que expressa a quantidade de círculos biológicos dependentes do clima, do solo, das relações hídricas e energéticas de cada ambiente, e como cada um destes ambientes dependem de um equilíbrio perfeito entre cada componente. Entretanto, hoje, podemos perceber claramente que o homem tem desequilibrado estes ambientes, biomas e sistemas – que demoraram milhões de anos para se concretizarem - através de ações infundamentadas, baseada apenas na necessidade pessoal de sobrevivência. E além disto, não havendo mais a necessidade de sobrevivência, a vontade de sanar o conforto pessoal, sem preocupar-se com a origem dos produtos consumidos, ou a forma como estes foram obtidos. A demanda de produtos para o consumo humano tem atingido níveis exorbitantes, em uma curva logarítmica que nos permite enxergar o triste fim do ciclo vital na terra, onde nossa prepotência em manipular a natureza para adquirir mais alimentos e produtos, cuja matéria prima é oriunda do solo; nos levará ao ponto onde não termos mais onde plantar o próprio alimento, quando então, passaremos a destruir os biomas naturais fundamentais, desequilibrando todos os ciclos terrestres, sejam, hídricos, atmosféricos, térmicos ou minerais. A atividade industrial sem moderação, e sem a respectiva fiscalização, tem interferido diretamente nos sistemas de renovação do planeta, de forma tão acelerada que este não consegue se reestruturar, e, apesar de termos consciência disto, não conseguirmos fazer absolutamente nada para evitar, dependentes de um círculo vicioso que nós mesmos criamos. Sobretudo, hora ou outra, o cosmos providenciará ao nosso planeta um novo recomeço, mas deste, através da seleção natural, o Homo-sapiens não fará parte...

A PROBLEMÁTICA

Tendo uma idéia sobre a origem do círculo da vida e tomando consciência de nosso círculo vicioso, podemos facilmente compreender o motivo de se estabelecer em uma nova forma de viver, pensar e agir. Se, temos a compreensão de que toda a vida depende da água e do solo, é, não mais que óbvio, e evidente, que devemos preserva-los. Sabemos que boa parte do ciclo hídrico depende da evapotranspiração das plantas, logo, como podemos permitir o desmatamento de grandes matas e florestas? As diferentes florestas têm influência direta nos climas adversos, e os climas influenciam diretamente nas produções agrícolas, logo, o desmatamento de áreas de preservação acaba como um tiro no pé, onde retiramos florestas de uma área para implementar soja ou gado, mas outra será desfavorecida com reduções na produção, pela falta de chuvas, ventos excessivos e grandes variações de temperatura. Ainda mais severa, é a evasão em grandes quantidades de efluentes oriundos das indústrias, nos rios, com níveis de DBO (demanda biológica por oxigênio) muito acima dos permitidos pelos institutos ambientais. A questão da agroecologia faz-se, hoje, não somente uma questão estética, ou idéia de “bicho-grilo” que não se adequa aos sistemas convencionais; mas sim uma necessidade de nível mundial em cuidar do único espaço que temos para viver, e produzir nossos alimentos. Na Europa, em países como a França e a Alemanha, há um enfoque científico acadêmico fundamental para sanar problemas relacionados ao meio ambiente, como a recuperação de solos degradados utilizando fito e biorremediações – recursos com custo dez vezes inferior aos convencionais; melhoramento da qualidade do ar, através de biofiltragens; fitorremediações e bioventilações para tratamentos de rios e lagos contaminados; entre muitos outros. Percebe-se claramente que a população destes países possui, não somente o princípio ético e o tato quanto às questões naturais, mas o senso de compromisso e obrigação em cuidar do meio ambiente – aliada a grandes e severas políticas de preservação, e valorização do profissional do meio ambiente especializado. Logo, devemos perceber o rumo ao qual a educação brasileira tem conduzido os jovens nas escolas, colégios, faculdades e universidades, e procurar, não somente buscar os conhecimentos inerentes a agroecologia, mas incentivar o estudo dos mesmos, não somente no meio acadêmico, mas publicamente. Uma vez tomando consciência de nossa responsabilidade para com o único canteiro que possuímos para plantar o nosso alimento, poderemos produzir, visando um longo prazo, alimentos mais nutritivos e saudáveis, que não sejam meramente constituídos de água e celulose, aumentados de forma anabólica com fito hormônios artificiais e uréia, de origem, não somente duvidosa, mas de fontes altamente poluentes. Nossa necessidade ilimitada de consumir alimentos advém da baixa quantidade de nutrientes que eles provém. Podemos perceber, então, que nosso vício estético por alimentos, e a falta de conhecimento quanto a alimentos alternativos, são o elo final que selam o ciclo do desmatamento, e quem alimenta financeiramente esta indústria, infelizmente, somos nós. Quando e como romperemos este círculo?

A SOLUÇÃO

Apesar de sabermos que o número de pessoas que estão acordadas para as problemáticas ambientais ainda é baixo, podemos ser otimistas ao visualizar um futuro melhor para o nosso planeta. Engenheiros, biotecnólogos, biólogos, agrônomos, entre outros; espalhados ao redor do mundo, trabalham com muito afinco – sem muita esperança de retorno financeiro, diga-se de passagem – para encontrar novas tecnologias que sanem os estragos causados pela ambição do homem, nas últimas décadas. Estudos na área da agroecologia têm se tornado cada vez mais difundidos, não somente no meio acadêmico, mas pela própria população. Os alimentos orgânicos têm tomado cada vez mais espaço no mercado, a agricultura biodinâmica já não soa mais como uma bruxaria e as fito e biotecnologias estão tornando-se cada vez mais aceitáveis. Aos poucos, a idéia tem sido introduzida como uma nova forma de enxergar o que sempre existiu, não como uma nova ciência, mas como a velha ciência, provando-se mais sustentável do que a convencional contemporânea. Houve o tempo onde a religião, e o pensamento holístico, determinavam os dogmas, e, posteriormente, o plano cartesiano tornava estes mesmos dogmas ultrapassados através da ciência pura. Hoje, sabemos que uma idéia não caminha sem a outra, e que para formar um pensamento ético, e criar ciências que sejam espiritualmente fundamentais, devemos uni-las em aliança, formando um círculo de pensamento que integre toda a civilização em prol de um foco que valha o futuro de nossa espécie como humanos (Humano = húmus, nascido da terra): a preservação do planeta e seus recursos. Para isso, devemos compreender a ética científica como uma ferramenta supervisora, que permita que os estudos sejam focados não somente para o conforto e o bem estar do Homem, mas que seja estudada em um contexto global, visando o bem – ou o menor mal possível – para todas as espécies e biomas. Faz-se mais que necessário, um estudo mais profundo sobre as relações ainda desconhecidas entre a natureza intrínseca que há na energia vital, além do contexto meramente provável através de experimentos realizados em laboratórios, ao qual depositamos toda a nossa fé, hoje; e confiarmos nossa atenção a estudos que sejam mais fundamentais, e menos remediadores.

POR QUE PLANTAR EM MANDALA? Assim como uma sociedade não é formada apenas por farmacêuticos, ou advogados, ou músicos; e sim por pessoas com diversas competências diferentes, o mesmo deve ser compreendido acerca de uma plantação. Pois veja, se uma sociedade tivesse apenas farmacêuticos, quem faria as músicas? Assim como, se uma sociedade fosse constituída apenas de artistas, quem a protegeria das doenças, ou apaziguaria os conflitos sociais? Cada função, dentro do todo, compreende um círculo científico-filosófico que sustenta o círculo social. Logo, por que plantaríamos apenas milho em um local, deixando-o exposto ao gafanhoto, se podemos ter árvores que abrigam os predadores naturais do gafanhoto? Pensando de forma mais agronômica, por que utilizaríamos adubo químico nitrogenado para adubar uma cultura, se possuímos plantas que possuem a função de fixar nitrogênio no solo, além de fornecer alimento? Temos o errôneo pensamento de que as plantas competem entre si pelo alimento e pela água, quando na verdade, muitas delas colaboram entre si, formando micorrizas, descompactando o solo e atraindo insetos predadores de pragas. A disposição em mandalas propicia a pluralidade cultural dentro de uma plantação, onde cada cultivar exercerá uma função em prol de todas as outras. Além do contexto agronômico, por que motivo faríamos uma plantação meramente alimentar, quando esta pode ser um belo jardim de passeio, onde o turismo fornece uma fonte de renda a mais? Note, que quando falo em plantações não me refiro ao vasto contexto industrial, que atende a outras necessidades estritamente financeiras – uma vez que, quem desmata grandes áreas para implementar um deserto de soja, não está muito ligado ao cuidado com o meio; mas sim os pequenos produtores, que dependem de cada safra para sobreviverem, e valorizam a sua terra por isso. Temos o conhecimento de que as energias do cosmos se propagam circularmente quando observamos a filotaxia das árvores, ou a concha de um Nautilus, ou até mesmo quando cerramos nosso próprio punho; através de uma matemática chamada “Seqüência de Fibonacci”, que distribui a natureza ordenadamente através de projeções circulares. Veja os exemplos a seguir:

Miolo central de um girassol Pulso humano cerrado

Logo, quando formamos um conceito circular, independente de holístico ou físico, envolvemo-nos com a fluência da natureza, e sua respectiva propagação. Sabemos também, que as raízes das plantas formam uma rizosfera, onde as plantas comunicam-se entre si através de sinais hormonais, e que as transmissões feitas por qualquer tipo de comunicação, é baseada em vibrações energéticas. Como uma corrente de vibração poderia ter mais fluência que um círculo, ou uma espiral? Vejamos uma simples ciranda:

O que torna esta brincadeira agradável, é a fluência de compartilhar uma energia vibracional em círculos. Se tomarmos como parâmetro o conceito estético, soa-nos muito mais agradável e sutil, as formas curvas; e muito mais agressivas e intensas as poligonais. Isto se dá, pois, somos fruto da natureza, bem como nosso cérebro, e sua respectiva programação funcional. Temos a percepção, quando mentalizamos uma onda de energia, de que ela seja desta forma:

Entretanto, esta forma de enxergar a luz, lateralmente, pertence ao estudo cartesiano das ondas luminosas, e nos informa somente o estado científico de uma onda, mas não deixa claro o que realmente isto significa. Observando a luz por esta perspectiva, de frente, talvez as coisas fiquem um pouco mais claras:

A luz, chega até nossos olhos na forma de círculos que se interseccionam ao longo do espaço entre o objeto de reflexão e nossos olhos, e seus pontos de maior intensidade deformam o espaço-tempo, dando a estes anéis luminosos a noção de dimensão. Este estudo é muito antigo, e a sua representação dá-se por uma imagem muito conhecida pelo meio holístico, como a flor da vida:

Esta imagem foi encontrada esculpida em cavernas, tumbas e diversos documentos ao redor do mundo, com uma representatividade luminosa estritamente sagrada. Foi entalhada no teto do o templo de Osíris, em Abydos, Egyto. Note, que é uma mera

representação plástica de diversos círculos interseccionados, de onde pode-se formar absolutamente qualquer tipo de imagem, seja bi, tri, ou quadridimensional.

Esta representação gráfica da luz é tida como a mãe de todas as ciências e religiões do mundo, sendo apresentada teoricamente pela primeira vez, no livro de Enoch, cuja ciência, advinda da linhagem Abraão, instruiu Moisés – também conhecido como Hermes Trismegisto – a criar linhas de pensamento libertárias no Egito. Se analisarmos profundamente a passagem do êxodo do Egito, toda a seqüência de acontecimentos que Moisés prevê ao faraó como intervenções divinas, são plenos conhecimentos ambientais e agronômicos, que levariam o Egito às ruínas caso não lhes fosse dado as devida atenção; como a poluição do Nilo, que aumentava com a superpopulação às suas margens, que evidentemente levaria a morte dos peixes, que evidentemente atrairia as moscas, que evidentemente atrairia os sapos, e sucessivamente até as doenças e a morte do filho do faraó. Ou seja, muito além do milagre, encontrava-se a ciência pura da natureza, estudada pelo sacerdote de Osíris – uma vez que Moisés cresceu no palácio e foi instruído para ser um sacerdote. Hoje, temos plena ciência da natureza circular das coisas através da física quântica, e da biotecnologia. Se observarmos bem, a mesma flor da vida está presente na formação do embrião de qualquer espécie viva:

COMO PLANTAR EM MANDALA? Esta, de fato, é a parte mais fácil! Tendo em vista tudo o que vimos a respeito de mandalas, podemos compreender facilmente que o objetivo das mandalas não é complicar, mas sim, descomplicar as formas de planejamento, confiando no círculo maior, que é a própria natureza. Podemos organizar as mandalas compreendendo as relações que cada cultivar oferecerá às demais, ao solo e ao meio; um dos formatos, por exemplo, seria planejar a mandala de forma que as plantas externas protejam as internas de insetos indesejados, as medianas forneçam abrigo para os indesejados, e as flores centrais atraiam polinizadores – tendo ciência do que as plantas necessitam, a imaginação é o limite. Devemos lembrar, fundamentalmente, que há plantas que são alelopáticas a outras – ou seja, contribuem ou inibem o desenvolvimento de outras culturas - e que esta alelopatia pode apresentar-se de forma positiva, ou negativa. Alguns exemplos são:

– Abóbora

Positiva: milho, feijão-vagem, acelga, alface, chicória, amendoim, qualquer espécie e cultivar de abóbora. Negativa: batata- inglesa.

– Alface

Positiva: cenouras, rabanete, morango, pepino, beterraba, rúcula, abobrinha, cebolinha. Negativa: salsa, girassol.

– Alho

Positiva: alface, beterraba, couve, morango e tomate. Negativa: ervilha e o feijão.

– Batata-inglesa

Positiva: feijões, milho, repolho, ervilhas. Negativa: abóbora, pepino, girassol, tomate, framboesa, maçã.

– Berinjela

Plantas companheiras: feijão, feijão-vagem.

– Beterraba

Positiva: couve, alface, nabo, vagem, cebola. Negativa: feijão, feijão-vagem.

– Cebola

Positiva: beterraba, morango, tomate, couve, camomila, alface. Negativa: feijão.

– Cebolinha

Positiva: cenoura, alface, rúcula, radiccio. Negativa: ervilha, feijão.

– Cenoura

Positiva: ervilha, alface, manjerona, feijões, rabanete, tomate, sálvia, alecrim. Negativa: coentro e outras umbelíferas.

– Couve (Brassica oleracea)

Positiva: cebola, batata, beterraba, camomila, hortelã, endro, sálvia, alecrim, tomilho. Negativa: framboesa, tomate, feijão-vagem.

– Ervilha

Positiva: cenouras, nabo, rabanete, pepino, milho, feijões, abóbora, couve-rábano, milho-doce. Negativa: cebola, alho, cebolinha.

– Espinafre

Positiva: morango, feijões, ervilha, beterraba, couve-flor, couve.

– Feijão-vagem

Positiva: milho, batata-inglesa, cenoura, pepino, nabo, couve-flor, repolho, couve, ervas aromáticas como alecrim, segurelha, tomilho. Negativa: alho-poró, funcho, salsa, cebola, salsão.

– Milho

Positiva: batata-inglesa, ervilha, feijões, pepino, abóbora, moranga, abobrinha, melão, melancia, trigo, rúcula, nabo, rabanete, quiabo, maxixe, mostarda, serralha, girassol, beldroega. Negativa: repolho, couve, funcho.

– Repolho

Positiva: ervas aromáticas, batata, salsão, beterraba, alface. Negativa: morango, tomate, vagem, manjerona

– Rúcula

Positiva: chicória, vagem, couve-rábano, milho, alface. Negativa: salsa

– Salsa

Positiva: tomate, aspargo. Negativa: alface, rúcula.

– Tomate

Positiva: cebola, cebolinha, salsa, cenoura, calêndula, serralha, erva-cidreira. Além das ervas malmequer, menta, nastúrcio, urtiga, manjericão, borrabem, cravo-de-defunto. Plantas antagônicas: couve-rábano, batata, funcho, repolho, pepino, feijão. Com base nestas contribuições positivas ou negativas podemos determinar as

culturas que comporão a mandala.

O próximo passo, é a demarcação do espaço. Como precisaremos de uma área circular, devemos, primeiramente, marcar um ponto onde será o centro do canteiro. Para isso, devemos estender uma linha, dentro do espaço onde será feita a mandala. Esta linha, representa o diâmetro da circunferência onde será feito o plantio, logo, metade desta linha, representará o raio desta circunferência, conseqüentemente, o comprimento da linha que dará o prumo para a demarcação do canteiro , como mostra a figura a seguir:

Nesta figura, o quadrado externo representa o espaço disponível para plantar; a reta de A a C representa o diâmetro; e a linha de O a C representa o raio. Logo, esticando a linha de ponta a ponta no espaço que possuímos para o plantio, e dobrando a linha no meio, temos a medida onde será o centro da mandala. Neste ponto fincamos uma estaca bem firme, e amarramos, com um nó frouxo, a metade da linha com a medida do diâmetro – ou seja, uma linha do tamanho do raio. Em seguida, fincaremos uma estaca na distância do raio, e a cada um passo ao redor da mandala – demarcada pela distancia do raio – fincaremos uma nova estaca, e esticaremos uma linha contornando as estacas, como mostra a figura a seguir:

A partir da circunferência externa, podemos demarcar os canteiros internos. Para isto, basta apenas medir o a largura do canteiro desejado a partir da extremidade da linha do raio, e repetir o procedimento, marcando com as estacas a circunferências internas – cuidando para deixar 20cm de espaçamento, entre um canteiro e outro, para poder transitar dentro da mandala, sem pisar nos canteiros. Caso haja a necessidade de calcular quantas mudas poderão ser plantadas dentro desta área, é só realizar uma regra de três, onde a área de sua mandala é representada pela fórmula: 3,14 x Raio² = Área da mandala Parece difícil, mas não é. Com uma calculadora, multiplique o valor do comprimento do fio, do centro até o perímetro da mandala, por ele mesmo, e depois por 3,14. Por exemplo: Ao medir a linha, do centro da mandala até o perímetro (a borda), vi que o valor é 5 metros. Logo: 3,14 x 5 x 5 = 78,5m² Portanto, minha mandala possui 78,5m². Ainda mais a fundo, se tivermos interesse em descobrir, facilmente, quantas mudas posso plantar dentro desta mandala, é só realizar uma regra de três, da seguinte forma: Sei que em 1m², posso plantar 4 mudas de repolho, com espaçamento 50cm x 50cm. Logo: Se em 1m² eu planto 4 mudas Em 78,5m² eu planto X Multiplico 1m² por X, e 78,5m² por 4. O resultado é: 314 mudas de repolho. Portanto, podemos observar que para saber quantas mudas podemos plantar em um espaço determinado, é só multiplicar o número de mudas que podemos plantar por m², pelo espaço em m² que possui o nosso canteiro. Com base nestas informações fica fácil reproduzir uma mandala, com base na quantidade exata de mudas que podemos plantar. Veremos, na prática do curso, que é muito mais fácil fazer a mandala na prática, do que parece na teoria. AGUARDO POR VOCÊS NO CAMPO! =D