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FATORES PSICOLÓGICOS NO ENVELHECIMENTO E AS DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS: UM ESTUDO DE CASO Antônio Gomes Lima Júnior 1 , Jairo César Reis 2 RESUMO Introdução: O caso em estudo tem quatro filhos, porém reside sozinha em um bairro pobre da cidade de Paracatu-MG. Este estudo propõe-se a averiguar a existência de fatores psicológicos peculiares na entrevistada. Definidos esses dinamismos, observar a influência desses fatores psicológicos nas doenças crônico-degenerativas dessa entrevistada. Metodologia: O estudo realizado é do tipo estudo de caso. APG foi observada durante dois anos para a realização deste estudo. A entrevistada foi selecionada por portar doenças crônico-degenerativas, e os dados para a análise foram baseados em relato das visitas. Resultados: Notou-se a existência de alterações psicológicas na entrevistada, e que esse quadro influencia em suas patologias, pois ela não vê motivo para continuar com essa drástica alteração no estilo de vida que o seu tratamento exige. Discussão: Em nossas primeiras visitas percebemos que APG possuía hesitação em nos contar o que ela realmente estava passando, dificultando assim a sucção de muitas informações. Conclusão: Para oferecer uma resposta adequada aos problemas de APG, não basta ofertar apenas uma intervenção num enfoque biológico, 1 Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu- MG. 2 Coordenador do Curso de Medicina da Faculdade Atenas de Paracatu, MG.

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FATORES PSICOLÓGICOS NO ENVELHECIMENTO E AS DOENÇAS

CRÔNICO-DEGENERATIVAS: UM ESTUDO DE CASO

Antônio Gomes Lima Júnior1,

Jairo César Reis2

RESUMO

Introdução: O caso em estudo tem quatro filhos, porém reside sozinha em um bairro

pobre da cidade de Paracatu-MG. Este estudo propõe-se a averiguar a existência de

fatores psicológicos peculiares na entrevistada. Definidos esses dinamismos, observar a

influência desses fatores psicológicos nas doenças crônico-degenerativas dessa

entrevistada. Metodologia: O estudo realizado é do tipo estudo de caso. APG foi

observada durante dois anos para a realização deste estudo. A entrevistada foi

selecionada por portar doenças crônico-degenerativas, e os dados para a análise foram

baseados em relato das visitas. Resultados: Notou-se a existência de alterações

psicológicas na entrevistada, e que esse quadro influencia em suas patologias, pois ela

não vê motivo para continuar com essa drástica alteração no estilo de vida que o seu

tratamento exige. Discussão: Em nossas primeiras visitas percebemos que APG

possuía hesitação em nos contar o que ela realmente estava passando, dificultando assim

a sucção de muitas informações. Conclusão: Para oferecer uma resposta adequada aos

problemas de APG, não basta ofertar apenas uma intervenção num enfoque biológico,

1 Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu- MG.

2 Coordenador do Curso de Medicina da Faculdade Atenas de Paracatu, MG.

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mas ampliar essa abordagem, afinal ela precisa de um tratamento biopsicossocial nos

serviços de saúde que ele procura.

PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento. Fatores psicológicos. Doenças crônico-

degenerativas.

1 INTRODUÇÃO

1.1 ESTADO DA ARTE

“A redução da mortalidade e da fecundidade no mundo contribuiu para o fenô-

meno do envelhecimento populacional, causado pelas melhorias nas condições

sanitárias e de assistência médica” (PASCHOAL, 1996).

“O aumento da expectativa de vida, no entanto, não garantiu, necessariamente,

melhora nas condições de vida da população geriátrica” (PAPALÉO e PONTES, 1996).

“Em nosso país, por exemplo, a população modificou-se muito

rapidamente em virtude da introdução de tecnologia importada, como

vacinação e esterilização em massa. Por esse motivo, o envelhecimento

populacional não foi percebido a tempo pelos governantes e pela sociedade, o

que impossibilitou a reorganização perante as novas necessidades.”

(PASCHOAL, 1996).

“A estimativa para o país é de que, em 2025, existam 31,8 milhões de idosos

com sessenta anos ou mais. Considerando que em 1950 o país apresentava apenas 2,1

milhões, o crescimento total será de 514%” (JACOB, 2000), “o que trará sérios proble-

mas em termos de recursos financeiros e sociais, sobretudo na área da saúde, em razão

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das complicações das doenças crônico-degenerativas que acompanham a maior

sobrevida” (PASCHOAL, 1996).

Os fatores de risco para qualquer doença crônica no grupo

geriátrico são os mesmos encontrados em grupos de qualquer idade. O idoso,

no entanto, em razão de uma maior longevidade, encontra-se exposto mais

prolongadamente a esses fatores, o que contribui para aumentar a

prevalência, incidência e mortalidade de doenças crônicas nessa fase da vida

(LESSA, 1998).

Dessa forma, é comum em idosos a ocorrência de várias

patologias ao mesmo tempo. Para ilustrar, numa pesquisa de 1993 na cidade

de São Paulo, 14% dos idosos entrevistados disseram estar livres de doenças

crônicas, ao passo que 15% afirmaram possuir cinco ou mais moléstias

(LESSA, 1998).

Embora sejam passíveis de controle, as doenças crônicas podem

levar a uma drástica alteração no estilo de vida dos indivíduos acometidos

devido às várias incumbências impostas por seu tratamento, como regime

alimentar, incômodos físicos, perdas das relações sociais e financeiras, e nas

atividades como locomoção, trabalho e lazer, além da ameaça à aparência

individual, à vida e à preservação da esperança (MARTINS, FRANÇA e

KIMURA, 1996).

“Tem-se a necessidade de discernir com precisão os efeitos da senescência e da

senilidade, para que o envelhecimento não seja diagnosticado e tratado como doença ou

que as patologias deixem de receber o devido tratamento” (PAPALÉO e PONTES

1996; PASCHOAL, 1996).

“O envelhecimento não é apenas a velhice, mas um processo irreversível que

ocorre durante toda a vida, do nascimento à morte” (PONTE, 1996); É acompanhado do

declínio das funções biológicas. “Tais características contribuem para o aumento da

freqüência de várias das doenças crônico-degenerativas” (LESSA, 1998; PASCHOAL,

1996).

“Nos idosos hospitalizados esses fatores podem ainda ser agravados pela menor

capacidade de adaptação desses indivíduos a meios não familiares e a complicações na

mobilização e na função mental” (WEYDT et al., 2004).

“A velhice saudável, no entanto, não depende só de fatores biológicos, mas

também de psicológicos, como laços afetivos satisfatórios, tolerância ao estresse,

espontaneidade e otimismo” (GAVIÃO, 2000).

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“As relações sociais podem ter um papel essencial para manter ou mesmo

promover a saúde física e mental” (LESSA, 1998). “Pesquisas têm demonstrado que as

relações sociais são capazes de moderar o estresse em pessoas que experienciam

problemas de saúde, a morte do cônjuge ou mesmo crises financeiras” (SILVERSTEIN

e BENGSTON, 1994).

“Os efeitos positivos do suporte social estão associados com a

utilidade de diferentes tipos de suporte fornecidos pela família (emocional ou

funcional). Especificamente sob a presença de suportes sociais é esperado

que pessoas idosas sintam-se amadas, sintam-se seguras para lidar com

problemas de saúde e tenham alta auto-estima” (CICIRELLI, 1990).

“As redes sociais formadas por familiares e amigos significativamente abalam os

efeitos do estresse nos indivíduos mais velhos, elas oferecem suporte social na forma de

amor, afeição, preocupação e assistência” (COCKERHAM, 1991).

“Pessoas que não têm este tipo de suporte tendem a ter mais

dificuldade para lidar com o estresse que aquelas pessoas que têm o suporte

social. Normalmente a ausência de parentes, especificamente parentes mais

próximos tais como o cônjuge ou os filhos, está associada com doença e

mortalidade entre pessoas idosas” (ORTH-GOMER AND JOHNSON, 1987).

“Um dos efeitos positivos exercidos pela família na saúde dos idosos

está relacionado ao fato de que este suporte tende a reduzir os efeitos

negativos do estresse na saúde mental. Isso na medida em que a ajuda dada

ou recebida contribui para o aumento de um sentido de controle pessoal,

tendo uma influência positiva no bem-estar psicológico” (PRUCHNO,

BURANT e PETERS, 1997; BISCONTI e BERGEMAN, 1999).

“A aspiração de autodesenvolvimento e de interesses das pessoas está associada

a sentimentos de bem estar na velhice” (LAPIERRE, BOUFFARD e BASTRIAN,

1997). “Este último aspecto está relacionado com a capacidade de efetuar trocas, isto é

dar e receber alguma ajuda de forma balanceada” (HOGAN, EGGEBEEN e CLOGG,

1993). “Seguindo este argumento, cabe distinguir a freqüência das relações sociais da

qualidade delas” (SCHWARZER e LEPPIN, 1991).

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO

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O caso escolhido para o estudo é APG, uma senhora de 65 anos, portadora de

Chagas, Hipertensão arterial, já sofreu muitos infartos e foi submetida a vários

cateterismos e pontes de safena. O seu tratamento é realizado gratuitamente pelo

INCOR-DF. APG vive com uma renda exclusiva de sua aposentadoria, salário este que

é totalmente gasto com a aquisição de seus medicamentos, encontrando-se, portanto,

numa situação de vulnerabilidade socioeconômica. APG tem quatro filhos, porém reside

sozinha em um bairro pobre da cidade de Paracatu-MG. A morada habitual em que o

caso reside é de alvenaria, dotada de quatro cômodos, tem saneamento básico completo,

composta de pouca mobília, possui condições de higiene moderada e tem uma área

adequada para a habitação de apenas uma pessoa, porém a casa é pouco arejada. Em

todas as conversas que o autor teve com essa senhora foi perceptível que ela carregava

consigo sentimentos ruins a respeito de si mesma. Sempre transpareceu sua indignação

pelo abandono de seu cônjuge, apresentando muitas vezes sintomas que a encaixa em

um quadro depressivo. Além disso, ela sofre com a síndrome do ninho vazio, pois todos

os seus filhos se casaram, e durante um de seus tratamentos ela chegou a ser abandona

na INCOR-DF. APG já foi vítima de vários furtos realizados por seus próprios filhos,

que aproveitam à oportunidade de uma de suas recaídas e levam muitos de seus

pertences.

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Figura:

1.4 JUSTIFICATIVA

O tema é de grande valia não só para acadêmicos, mas para todos os

profissionais que trabalham com a saúde, pois há décadas a humanidade vem passando

por um processo de mudança populacional conhecido por “transição demográfica”.

Sendo assim esse assunto é necessário para a minha formação acadêmica, afinal estima-

se que em 2025 o nosso país contará com a presença de 31,8 milhões de idosos, e

adquirir conhecimento sobre a influência dos aspectos psicológicos nas doenças

crônico-degenerativas, ajudará bastante para que eu seja preparado de forma que eu

+ +

J. 70 anos + AVE

R. 72 + C.H.A

A.P.G 65 anos C.H.C H.A

M. 80 anos C.H.A

V. 72 anos C.H.A

M. 59 anos C.H.A H.A

? ? J.G. 64 anos

? ?

M.L. 40 anos

J.R. 38 anos

S.G. 36 anos

N.G. 33 anos

Legenda: Homem Mulher

+=Óbito HA= Hipertensão

C.H= Chagas ?= Falta de informação

= relações intensas Moram na mesma casa

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consiga não negligenciar os aspectos psicológicos, sociais e ecológicos dos agravos à

saúde que são fundamentais na abordagem do processo saúde-doença humano, apesar

de o estudo não permitir extrapolação dos resultados.

Além disso, esse tema é muito discutido, porém pouco explorado justificando

assim a necessidade de estudos que enfatizam questões que envolvem a população

idosa, bem como questões que podem desencadear ou agravar problemas que

certamente serão muito freqüente na maior parcela da população futura, e um estudo

desse tipo pode não trazer resultados que represente toda a população idosa, mas pode

desperta o interesse por parte de outros pesquisadores a realizarem estudos que consiga

representar essa população e chegar a conclusões mais exatas. As informações geradas

por este estudo possibilita conhecer o perfil psicológico de APG portadora de doenças

crônico-degenerativas e relacioná-los usando-se ferramenta simples e útil, que pode

auxiliar na definição de estratégias de promoção de saúde para os idosos. Essa situação

ressalta a importância do estudo das causas de ordem psicológica, capazes de repercutir

sobre o organismo humano.

1.5 OBJETIVOS

Embora os fatores somáticos e hereditários sejam reconhecidos como

importantes na sua etiologia, estudos médicos mostram também que a influência de

fatores emocionais é constantemente apontada como relevante na gênese de algumas

doenças e em sua evolução. Este projeto se propõe estudar, mais detalhadamente, as

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variáveis psicológicas que contribuem para o esclarecimento desse problema. Sendo

assim, a presente investigação tem por finalidade:

a) Averiguar a existência de fatores psicológicos peculiares do caso em estudo.

b) Definidos esses dinamismos, observar a influência desses fatores psicológicos

nas doenças crônico-degenerativas do caso em estudo.

c) Analisar a relação dos aspectos psicológicos e as atitudes de APG diante do

tratamento das doenças crônico-degenerativas.

1 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo realizado é do tipo estudo de caso, este tipo de estudo é observacional e

descritivo e é usado para a avaliação inicial de problemas. O estudo de caso é

empregado para enfocar grupos específicos da população ou um particular aspecto de

interesse. Este artigo apresenta uma abordagem qualitativa uma vez que o elemento

básico de análise é a influência dos aspectos psicológicos de APG em suas doenças

crônico-degenerativas. É um estudo de campo e foi realizado baseado em observações

de uma senhora que reside no bairro Alto do Açude na cidade de Paracatu-MG.

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2.2 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado baseado em observações de uma senhora que reside no

bairro Alto do Açude da cidade de Paracatu-MG.

2.3 COLETA DE DADOS

Todos os dados para a realização deste estudo foram produzidos durante os

quatro primeiros períodos da disciplina de Interação Comunitária do curso de Medicina

da Faculdade Atenas de Paracatu-MG. Durante os dois primeiros anos do curso, os

alunos fizeram aulas práticas no intuito de conhecer o perfil de saúde da cidade,

realizando o acompanhamento na unidade de saúde e visitando as famílias, observado-

as, buscando identificar a causa de determinados problemas, e estabelecendo possíveis

intervenções para promover a melhoria na qualidade de vida dessas famílias. Para a

coleta de dados e o acompanhamento dessas famílias foram solicitadas autorizações das

mesmas esclarecendo-as sobre a quantidade e o motivo das visitas, que seriam feitas

periodicamente, respeitando o cronograma proposto pela disciplina. Todas as três

famílias selecionadas para o autor do presente estudo aceitaram os procedimentos

inclusive a família de APG. O autor realizou 13 visitas que foram feitas nas respectivas

datas: 19/05/06, 02/06/06, 23/06/06, 11/08/06, 25/08/2006, 06/10/06, 24/11/06,

01/03/07, 12/04/07, 14/06/07, 30/08/07, 20/09/07, 25/10/07.

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Todos os dados mencionados foram extraídos de AGP (informante-chave) e

relatados em um documento chamado Diário de Bordo, que foi utilizado para descrever

todas as atividades realizadas e as observações que tiveram das famílias. Para o presente

estudo foi utilizado ainda o projeto de intervenção, um instrumento realizado para

teorizar os principais problemas enfrentados por essas famílias, analisar a realidade da

família e levantar hipóteses de solução, e quando possível aplicar essas hipóteses à

realidade.

2.4 POPULAÇÃO DE ESTUDO

O estudo foi baseado em observações feitas em uma senhora que reside no bairro

Alto do Açude da cidade de Paracatu-MG.

2.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO SUJEITO

Para a seleção das famílias que seriam acompanhadas durante os dois primeiros

anos do curso foi necessário que a família apresentasse algum problema, fosse esse

social, psicológico e/ou patológico. As famílias foram escolhidas pelas agentes

comunitárias de saúde da UBS do bairro, que vinculada a praticamente todas as famílias

de sua área de abrangência apresentou aos estudantes famílias que certamente

aceitariam o acompanhamento e que ao mesmo tempo apresentava problemas que

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seriam importantes para a formação acadêmica dos alunos. A agente comunitária

selecionou APG por ela portar doenças crônico-degenerativas e pela riqueza de

informações geradas por seus inúmeros tratamentos. Para o presente estudo o autor

optou pela família de APG, por sua interessante história e por ser uma das primeiras

famílias selecionadas para o acompanhamento, garantindo assim informações mais

precisas e com maior quantidade de detalhes sobre os aspectos evolutivos de suas

patologias e seus distúrbios psicológicos.

2.6 INSTRUMENTOS OU TÉCNICAS UTILIZADAS

Durante as primeiras visitas foram utilizados questionários para obter

informações básicas sobre as famílias. Com essas informações foi solicitado aos alunos

que fizessem o genograma de cada família, que é um instrumento esquemático e que

permite conhecer as relações que se desenvolvem dentro de um contexto familiar, as

condições geneticamente determinadas e os fatores que interferem no processo

saúde/doença do informante-chave.

Em todas as visitas o aluno precisava relatar todas as atividades e suas

observações em um instrumento denominado Diário de Bordo, que contém os relatos

feitos por esses alunos durante os dois anos de acompanhamento. Utilizou-se ainda o

Projeto de Intervenção, que é um instrumento utilizado pelos alunos para teorizar

problemas, levantar hipóteses de solução e intervir na situação objetivando no mínimo

amenizar dificuldades enfrentadas pelas famílias.

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3 RESULTADOS:

3.1 DESCRIÇÃO:

O autor levantou todos os dados para a identificação de períodos em que havia

crises das doenças de APG, baseado nas visitas relatadas no Diário de Bordo.

Verificou-se que APG apresenta inúmeras limitações. No relato do dia

02/06/2006 o autor identifica as doenças de APG: “APG, é uma senhora portadora de

Hipertensão Arterial Sistêmica, Doença de Chagas, já sofreu três infartos e fez 10

cateterismos”.

O autor observou que ela tem muito tempo disponível, convive com a solidão,

baixa auto-estima e apresenta um quadro sugestivo de depressão. O fragmento deste

relato comprova tal afirmação: “APG, disse que se sente muito só, e que às vezes tem

vontade de desaparecer, quando perguntamos a respeito de seu ex-cônjuge ela disse que

não queria nem falar o nome dele, e a única coisa que disse é que foi abandonada com

seus filhos por ele.” Outro relato que permite essa observação foi o do dia 10/11/2006:

“APG demonstrou pessimismo em relação ao seu tratamento e disse que ultimamente

anda muito triste e às vezes chora sozinha, nesse momento a informante começou a

chora”.

Através de outros relatos do Diário de Bordo foi possível observar também que

períodos em que APG tinha algum conflito com a família ela apresentava menor

desinteresse pela vida. Relato do dia 24/05/2007: “APG disse que não anda tomando a

medicação corretamente, e que não anda se alimentando bem, quando chegamos a sua

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casa ela estava varrendo a calçada. Quando entramos em sua casa percebemos que a

mobília da sala estava organizada em posições diferentes, ela disse que ela mesma havia

carregado tudo e quando salientamos os cuidados que ela deveria ter, ela falou que se

morresse não ia fazer diferença, e que ela tinha vontade de ficar em um lugar bem

calmo e não ver mais ninguém.” Relato do dia 14/06/2007: “APG estava mais otimista e

disse que sua filha que mora em Patos de Minas veio lhe visitar, e que comprou um sofá

pra repor o que seu filho havia vendido quando ela esteve internada na INCOR para a

realização do seu 11º cateterismo”.

Verificou-se ainda, que APG costuma buscar o apoio de Deus para enfrentar melhor os

problemas da vida cotidiana, e ainda busca desenvolver alguma atividade para ter a

sensação de capacidade de realização de alguma tarefa. Relato do dia 25/10/2007:

“APG disse que ultimamente ela anda rezando muito pra ver se as coisas melhoram para

ela, e disse que está bordando uma toalha pra ver se esquece um pouco dos problemas”.

2 DISCUSSÃO

4.1 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS:

Verificou-se que APG, assim como a maioria das pessoas com sua idade

apresenta inúmeras limitações a um corpo muito vivido, que resulta em muita exposição

desencadeando as doenças crônico-degenerativas.

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A existência de doenças psicológicas em APG é inquestionável, pois ela

apresenta um quadro sugestivo de depressão e necessita de uma avaliação especializada

para o esse diagnóstico, que é de real dificuldade, pois nessa fase de vida as pessoas têm

atitudes discriminatórias contra a idade e pensam que a depressão na terceira idade é

normalmente compreensível e não responsiva ao tratamento, e que, portanto, não vale a

pena preocupar-se em investigá-la. Em praticamente todas as visitas do último ano de

acompanhamento foi relatado a falta de entusiasmo, seu desinteresse e a contrariedade

que APG carrega em relação ao abandono de seu cônjuge e de seus filhos, e isso fazia

com que APG tivesse uma baixa auto-estima.

Através de observações percebe-se também que embora a ciência não conheça,

com exatidão, as vias fisiológicas que levam à organização de certos sintomas

psicossomáticos, podem-se depreender atitudes psicológicas nessas situações. E que de

certa forma o quadro psicológico de APG, influencia em suas patologias, pois períodos

em que APG tinha algum conflito com a família ela apresentava menor desinteresse

pela vida, não tomava a medicação conforme solicitado e procurava realizar alguma

atividade doméstica, que exigia grandes esforços, e consequentemente tinha surgimento

ou piora dos sintomas de suas patologias. Além dos sintomas psicossomáticos citados

acima, ela não vê motivo algum para continuar com essa drástica alteração no estilo de

vida que o seu tratamento exige, e pior ainda não encontra um sentido para continuar

vivendo.

Notou-se ainda, que APG busca desenvolver mecanismos de adaptação às

doenças, pois realiza atividades com ênfase para aquelas que permita sensação de

utilidade utilizando recursos existentes. Percebe-se também que a idosa costuma buscar

o apoio de Deus para enfrentar melhor os problemas da vida cotidiana.

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4.2 COMPARAÇÃO COM OUTROS ESTUDOS:

Embora estudo não tenha levado em consideração questões de gênero e idade,

Valéria Moura relata que mulheres alcançam idades mais avançadas acompanhadas por

uma maior incidência de depressão. Isso implica que o aumento da longevidade,

principalmente das mulheres, significa aumento da possibilidade de ser acometido por

essa doença.

Mazo (2003) realizou uma pesquisa sobre qualidade de vida e atividade física

com 198 idosas participantes dos grupos de convivência no município de Florianópolis.

A autora verificou que as idosas mais ativas possuíam melhor auto-imagem e auto-

estima.

Eliane Vitereli afirma que de acordo com seu estudo os idosos com menor

número de doenças têm melhor auto-estima que os mais doentes.

Marilda Emmanuel Novaes Lipp; Adriana Frare; Flavia Urbino dos Santos

afirma que variáveis psicológicas como são fatores importantes na determinação da

magnitude da reatividade cardiovascular que ocorre em contatos sociais estressantes de

pessoas hipertensas leves.

Gaya (1985) ao pesquisar a auto-imagem de cardiopatas praticantes e não

praticantes de exercícios físicos, utilizou o mesmo instrumento deste estudo em sua

coleta de dados, e verificou melhora significativa na auto-imagem dos cardiopatas

praticantes de exercícios físicos em relação aos não praticantes, resgatando a auto-

imagem perdida pela doença.

Taciana Cavalcante de Oliveira (2001) revelou-se que o adoecer traz consigo

uma série de estereótipos, principalmente se tiver um caráter crônico, ao exemplo da

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hipertensão arterial percebeu que a doença e o seu tratamento funcionou como um

estímulo para que o idoso elaborasse mecanismos de enfrentamento, capazes de ajudá-lo

a manter-se, constantemente, adaptado. A elaboração de respostas adaptativas, frente à

terapêutica da hipertensão, é imprescindível para a manutenção de um envelhecer bem

sucedido.

Segundo Kalache (2000) o envelhecimento é uma questão primordial para o

desenvolvimento se não dispusermos de objetivos e políticas bem definidas, acabamos

por desperdiçar recursos já escassos e imperativos para fazer face às questões do

subdesenvolvimento. Este autor destaca, ainda, que as doenças mais comuns do

envelhecimento são relacionadas com as condições de vida do idoso.

4.3 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES:

Em nossas primeiras visitas percebemos que APG possuía hesitação em nos

contar o que ela realmente estava passando, dificultando assim a sucção de muitas

informações de extrema importância para a realização do estudo, porém com o tempo

fomos adquirindo a confiança de APG, e criamos vínculo com nossa informante-chave,

o que facilitou bastante em observações imprescindíveis para uma boa análise da

situação. As informações obtidas neste estudo são detalhadas, porém podem apenas

orientar possíveis fatores de agravo à gênese das doenças crônico-degenerativas, sendo

interpretado apenas como informações preliminares que podem ser avaliadas em

pesquisas posteriores através de estudos mais apropriados e planejados. O tipo de estudo

também limita a extrapolação desses resultados para a população idosa portadoras de

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doenças crônico-degenerativas residentes do bairro Alto do Açude, pois para que isso

fosse possível seria necessário que fossem avaliados vários idosos do bairro

selecionados de forma aleatória.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS:

O envelhecimento é um processo natural da vida que tem seu devido valor, pode

ser pensado e planejado. Maior longevidade não é garantia de qualidade de vida, que vai

depender de fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais, que vão determinar

ou não a vivência de uma velhice saudável. Foi notável a existência e a influência dos

distúrbios nos aspectos psicológicos de APG no tratamento e na evolução de suas

doenças crônico-degenerativas, pois além de interferir na gênese das doenças

propriamente dita esses distúrbios também podem provocar alterações nas atitudes de

enfrentamento da doença. Nota-se ainda que pode ocorrer o inverso pois as doenças

crônicas podem causar alterações do estado emocional, como tristeza, desânimo,

desmotivação, nervosismo, aborrecimento, perda de prazer, insegurança, sensação de

inutilidade e insatisfação com a auto-imagem. Apesar da impossibilidade de

extrapolação desses resultados para a população idosa em geral, é possível supor que a

alta prevalência de doenças crônicas na terceira idade pode comprometer o estilo de

vida dos indivíduos acometidos em razão das diversas limitações impostas por seu

tratamento e pelas complicações na sua mobilização, e que os distúrbios psicológicos

podem influenciar no desenvolvimento dessas doenças como foi verificado neste

trabalho. No entanto, a qualidade de vida vai depender da identificação de distúrbios

psicológicos e intervenção nos mesmos além do controle dessas patologias com o

tratamento adequado.

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5.2 SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS:

Este aspecto é fundamental para planejar o futuro, pois diante do aumento da

população idosa no Brasil e de suas crescentes demandas, cabe aos profissionais da área

de saúde considerar os aspetos biopsicossociais e espirituais vivenciados pelo idoso e

sua família para um planejamento adequado do processo de cuidado no âmbito

individual e da promoção da saúde no âmbito coletivo, o que irá contribuir para um

envelhecimento saudável, realizando estudos adequados para a análise de dados que

avaliem se os aspectos psicológicos pode realmente influenciar nas doenças crônico-

degenerativas. É importante estabelecer quais são as intervenções provavelmente

adequadas para reduzir os distúrbios psicológicos de idosos, e realizar estudos

comparativos com o intuito de determinar as intervenções mais eficazes.

5.3 PROPOSIÇÕES E RECOMENDAÇÕES DE INTERVENÇÕES:

É fundamental que haja uma avaliação especializada para o diagnóstico de

depressão em APG, sendo necessário também o acompanhamento dessa senhora que

enfrenta tantos problemas físicos, sociais e psicológicos, buscando melhores alternativas

para que essa idosa sinta entusiasmo em relação à vida. É recomendável o

encaminhamento de APG a grupos de amparo a esse perfil de idosos disponíveis onde

ela se sinta útil e aceita em seu convívio social. De uma maneira geral, necessitamos de

uma política mais abrangente de “envelhecimento”. Pois, para se oferecer uma resposta

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adequada aos problemas de saúde dos idosos, não basta oferecer - lhes, por exemplo,

uma intervenção gerontológica, num enfoque clínico, mas ampliar a abordagem, afinal o

idoso precisa de uma abordagem biopsicossocial nos serviços de saúde que ele procura.

É importante que o programa PAISI (Programa de Atenção Integral à Saúde do

Idoso) do PSF Alto do Açude saia da teoria e comece a oferecer uma atenção realmente

integral ao idoso.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao docente Helvécio Bueno pela

estimulo para a minha iniciação científica. Agradeço a minha dupla da disciplina que

permanece ainda hoje como tal Carla Cibelle Rosa Coelho por ter dividido comigo

conhecimentos e caminhado comigo durante as visitas feitas necessárias para a

realização deste estudo. Agradeço a toda a equipe do PSF - Alto do Açude que sempre

foram receptivos e respeitosos com nós acadêmicos.

ABSTRACT

Introduction: The studied case has four sons, however, lives by herself in a poor

neighborhood in the city of Paracatu-MG. This study intends in inquiring the existence

of peculiar psychological factors on the interviewed. Having these dynamisms defined,

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to observe the influence of these psychological factors in the chronic-degenerative

diseases of that interviewed. Methodology: The accomplished study is of the case study

type. APG was observed during two years for the accomplishment of this study. The

interviewed was selected for the reason of being a carrier of chronic-degenerative

diseases, and the data for the analysis were based on the visits report. Results: It was

noted the existence of psychological alterations on the interviewed and that this

panorama has influence upon her pathologies, for she cannot see the reason in

continuing with this drastic alteration in her life style which her treatment requires.

Discussion: On our first visits, we noticed the APG hesitated in telling us what she was

really going through, making it difficult to get information. Conclusion: To offer an

adequate answer for the APG problems, it does not suffice in offering only an

intervention in a biological approach, but to amplify this, after all she needs a bio-

psycho-social treatment in the health services she seeks.

KEY WORDS: Aging. Psychological Factors. Chronic-degenerative Diseases.

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