fatores prognósticos em câncer de mama

Upload: camila-dias

Post on 15-Oct-2015

46 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 69Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    CorrespondnciaFarid Buitrago

    SQN 215, bloco E apartamento 301, Asa Norte, Braslia-DF. 70874-050, Brasil.

    [email protected]

    RESUMOO curso clnico do cncer de mama e a sobrevida variam de acordo com as caractersticas prprias do tumor e do paciente. Fatores prognsticos so parmetros possveis de serem mensurados no momento do diagns-tico e que servem como preditor da sobrevida do paciente. A incluso de novos fatores preditivos certamente proporciona avanos que conduzem a uma seleo ainda melhor dos pacientes principalmente para terapias adjuvantes, podendo-se mesmo chegar a uma individualizao da con-duta teraputica. Alm dos fatores prognsticos clssicos de cncer de mama, a descoberta de biomarcadores moleculares, como o receptor de estrognio e receptor de progesterona tm desempenhado um papel im-portante na seleo de pacientes que se beneficiam de terapia endcrina por muitos anos. Mais recentemente, o receptor do fator de crescimento epidrmico humano 2 (HER-2) foi validado para ser no s um factor de prognstico, mas tambm um preditor de resposta a terapia alvo. O diag-nstico mais precoce do cncer de mama devido melhoria mtodos de imagem e programas de rastreamento plantea a necessidade de novos fa-tores e combinaes de biomarcadores para quantificar o risco individual e para indicar e adicionar novas estratgias de tratamento. O marcador de proliferao Ki67 surgiu recentemente como um importante marcador, devido a vrias aplicaes na terapia neoadjuvante. Com a introduo de tecnologias de assinaturas multignica, foram identificados grupos que visam superar os marcadores tradicionais. Novos estudios so necessa-rios para estabelecer o custo-benefcio substancial e, assim, justificar seu uso rotineiro para tomada de deciso no tratamento do cncer de mama.

    Palavras-chave: Biomarcador; Mortalidade; Neoplasia da mama; Prognstico; Receptor.

    ABSTRACT The clinical course of breast cancer and survival vary with the cha-racteristics of the tumor and the patient. Prognostic factors are pa-

    artigo de reviSo

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    Prognostic factors in breast cancer

    Farid Buitrago1

    Gilberto Uemura2

    Maria Cristina Ferreira Sena3

    1Hospital Regional de Sobradinho da Secretaria de estado de Sade do Distrito

    Federal. Braslia-DF, Brasil.2Faculdade de Medicina da Universidade

    Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP). Botucatu-SP, Brasil.

    3Faculdade de Medicina da Escola Superior de Cincias da Sade/FEPECS, da

    Secretaria de Estado de Sade do Distrito Federal. Braslia-DF, Brasil

  • 70 Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Buitrago F et al.

    INTRODUO

    No Brasil o cncer da mama a patologia malig-na de maior mortalidade na populao feminina1. Tem o seu quadro agravado pelo fato do diagns-tico ainda ser estabelecido, na maioria das vezes, numa fase tardia da doena o que diminui as pos-sibilidades de cura do paciente.

    As causas do diagnstico tardio so mltiplas po-rem este atraso no diagnstico pode ser o refle-xo da inexistncia de uma poltica consistente de controle da doena atravs do diagnstico preco-ce, que tem na mamografia o seu instrumento fun-damental2.

    A histria natural do cncer de mama indica que o curso clnico da doena e a sobrevida variam de paciente para paciente. Esta variao determina-da por uma srie complexa de fatores, tais como a diferena na velocidade de duplicao tumoral, o potencial de metastatizao do tumor e outros mecanismos, ainda no completamente compre-

    endidos, relacionados com a condio imunol-gica, hormonal e nutricional do paciente3. Fatores prognsticos so parmetros possveis de serem mensurados no momento do diagnstico e que servem como preditor da sobrevida do paciente. Infelizmente no Brasil o diagnstico tardio da do-ena tem contribudo negativamente para o au-mento da mortalidade e a impossibilidade de rea-lizar cada vez com maior frequncia os tratamen-tos cirrgicos conservadores1.

    Apesar de certos aspectos anatmicos, como o ta-manho do tumor primrio e as condies dos lin-fonodos, continuarem sendo fatores importantes na avaliao prognstica4-6, uma srie de caracte-rsticas histolgicas e biolgicas como grau nucle-ar, grau histolgico, dosagem de receptores hor-monais e outros fatores avaliados pela imunohis-toquimica so determinantes para o prognstico da evoluo da doena7,8.

    rameters to be measured at diagnosis and serve as a predictor of pa-tient survival. The inclusion of new predictors certainly delivers ad-vances that lead to an even better selection of patients for adjuvant therapies mainly, being able to even get an individualized therapeu-tic approach. Besides the classical prognostic factors of breast cancer, the discovery of molecular biomarkers such as estrogen receptor and progesterone receptor have played an important role in selecting pa-tients who benefit from endocrine therapy for many years. More re-cently, the receiver of the human epidermal growth factor 2 (HER-2) was validated to be not only a prognostic factor, but also a predictor of response to targeted therapy. The early diagnosis of breast cancer due to improved imaging methods and tracking programs plant the need for new biomarkers and combinations of factors to quantify the individual risk and to indicate and add new treatment strategies. The proliferation marker Ki67 has recently emerged as an important ma-rker, because of various applications in the neoadjuvant therapy. With the introduction of technologies multigene signatures have been identi-fied groups that seek to overcome the traditional markers. New studios are needed to establish the cost-benefit substantially and thus justify its routine use for decision making in the treatment of breast cancer.

    Keywords: Biomarker; Mortality; Breast Cancer; Prognosis; Receptor.

  • 71Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    Os principais fatores prognsticos e preditivos podem ser importantes na escolha do tratamen-to adequado e para determinar o risco de recor-rncia e de classificao de pacientes para ensaios clnicos.

    METODOLOGIA

    A reviso de artigos realizada adotou como critrio inicial para seleo a consulta ao Index Medicus de seu sistema de busca e utilizando as palavra-chave

    breast cncer e prognostic factor. A opo por este banco de dados decorreu do fato de ser o mes-mo uma das principais fontes de publicaes cien-tficas na atualidade, dado o rigor em seus critrios de avaliao de peridicos, incluindo contribuies originadas em peridicos com regularidade de edi-o e disponibilidade de conselhos cientficos de avaliao dos artigos submetidos.

    A seleo procurou alcanar os artigos em lngua inglesa publicados no perodo compreendido en-tre 01 de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2010. Foi realizada uma leitura cuidadosa de to-dos os arquivos selecionados e includos os artigos que atenderam aos seguintes critrios: apresentou resultados a partir de dados primrios, amostra com elevado nmero de pacientes estudados (va-riao de 200 a 30.000 casos) e qualidade dos da-dos apresentados refletida atravs da validade es-tatstica dos resultados. Tambm foram includos artigos de relevncia histrica, revises, consensos e diretrizes.

    CLASSIFICAO DOS FATORES PROGNSTICOS

    Aps dcadas de estudo dos fatores preditivos e prognsticos do cncer de mama, os fatores cls-sicos como estadiamento, tipo e grau histolgico, expresso de receptores hormonais e mais recen-temente a superexpresso do HER-2, continuam a nortear as decises teraputicas.

    O Colgio Americano de Patologistas em sua reu-nio de consenso classificou os fatores prognsti-cos em grupos (Fitzgibbons et al. 2000)9.

    Alguns fatores prognsticos tm uma dupla funo, alm de exercer seu papel como fator prognstico, tem um papel muito importante como fator predi-tivo permitindo assim o estabelecimento de tera-pias especificas para o tratamento do tumor. O re-

    ceptor de estrognio e a superexpresso do HER-2 se consolidaram como alvos teraputicos50-51.

    Tabela 1Fatores prognsticos em cncer de mama. (Fitzgibbons et al. 2000)

    Fatores Prognsticos em cncer de mama Consenso do Colgio americano de Patologistas.

    Categoria 1

    Estadiamento TNMTipo HistologicoGrau HistolgicoContagem de MitoseEstado de Receptores Hormonais

    Categoria 2

    HER-2MIB-1Invaso vascular/linfaticap53DNA frao S

    Categoria 3

    Ploidia de DNAAngiogenese tumoralReceptor para fator de crescimento epidrmicoFator de crescimento transformador BCL-2pS2Catepsina D

    A heterogeneidade dos carcinomas de mama decorrente do envolvimento de diferentes genes, relacionados a atividade proliferativa, diferencia-o e supresso de tumores, vrios deles estuda-dos isoladamente ou em pequenos grupos, quanto seu papel na carcinognese como tambm sua implicao como fatores prognsticos. A grande quantidade de fatores envolvidos e sua heteroge-neidade dificultam sua interpretao. Com o sur-gimento recente de tecnologias de anlise de geno-mas concomitante de milhares de genes, foi poss-vel classificar os tumores de mama de acordo com seu perfil gnico intrnseco, recebendo as seguin-tes denominaes: basal, HER-2, Luminais A, B, e tipo mama normal10.

    FATORES PROGNSTICOS CLSSICOS

    Tamanho do tumor

    Historicamente o volume do tumor um dos fa-tores mais importantes, sabemos que pacientes com tumores menores de 1,0 cm tm entre 10% a 20% de possibilidade de comprometimento lin-fonodal11-12 e que pacientes com tumores menores de 1,0 cm com linfonodos negativos tm uma so-brevida livre de doena em 10 anos de 90%13. A avaliao correta do volume tumoral muito im-portante para estadiamento das pacientes.

  • 72 Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Buitrago F et al.

    Variaveis a serem consideradas

    Existe variao interobservador na medida do ta-manho do tumor devido aos efeitos de confuso causados pela reao desmoplsica do estroma, coexistncia de carcinoma ductal in situ e tumo-res multicentricos14.

    Medio do tamanho do tumor, atravs de exa-me clinico versus avaliao dos tumores mediante exame microscpico15. Por exemplo o carcinoma lobular pode ser maior do que visualmente apa-rente, enquanto aqueles com extensa reao estro-mal podem ser menores do que o exame macros-cpico poderia sugerir.

    A Incluso de carcinoma ductal in situ na medio do tamanho do tumor pode influenciar pois co-nhecido que o tamanho do componente invasivo s determina o prognstico16.

    O diagnstico atravs de rastreamento mamogr-fico tem sido capaz de identificar tumores cada vez menores, com identificao macroscpica imprecisa. A orientao do College of American Pathologist a de que tumores pequenos sejam preferencialmente avaliados atravs de seu tama-nho no corte histolgico.

    Estado linfonodal

    O estado linfonodal o fator prognstico mais im-portante no cncer de mama e tem se mostrado repetidamente como o indicador mais importan-te de sobrevivda livre da doena e sobrevida glo-bal de mama com cncer12-15. Apenas 20% a 30% dos pacientes com ndulo negativo ir desenvol-ver recidiva no prazo de 10 anos, em comparao com cerca de 70% dos pacientes com envolvimen-to ganglionar axilar. O nmero absoluto de linfo-nodos envolvidos tambm de importncia prog-nstica; pacientes com 4 ou mais linfonodos en-volvidos tm um prognstico pior do que aqueles com menos de 4 linfonodos envolvidos17-18. A ex-tenso extracapsular, embora de significado con-troverso, dever ser notificada9.

    Macrometstases (> 0,2 cm no tamanho) tm de-monstrado claramente significado prognstico. Metstases menores (isto , micrometstases e de clulas tumorais isoladas) no tm significado prognstico quando o tratamento inicial dos lin-fonodos foi controlado e todas as macrometstases detectadas. O valor das series e/ou imuno-histo-

    qumica para detectar estas pequenas metstases permanece sob investigao.

    A grande maioria das pacientes encontrados com metstases linfonodais so candidatas tera-pia sistmica adjuvante. No entanto, determinar quais pacientes com linfonodos negativos devem receber terapia adjuvante um desafio, especial-mente porque a maioria so curados por exciso cirrgica sozinha. O benefcio para os pacientes que esto destinados a recediva mnima, e os custos e toxicidade dos tratamentos so significa-tivas. Assim, pacientes com linfonodos negativos requerem avaliao adicional usando outros fato-res prognsticos e preditivos.

    Graduao histologica

    A graduao histologica Scarff-Bloom-Richardson modificado por Elston-Ellis conhecida como o Sistema de Classificao de Nottingham (SCN)20

    o sistema de gradao recomendado por v-rios organismos profissionais a nvel internacio-nal como a Organizao Mundial de sade (OMS), American Joint Committee on Cncer (AJCC), da Unio Europeia (UE), e do Royal Colgio de Patologistas (RCPath UK)21-22. A relevncia e prog-nstico do SCN em cncer de mama foi inicial-mente demonstrada em 199120 e foi validado pos-teriormente, em vrios estudos independentes23-26.

    Varios estudos demostraram que pacientes com grau histologico 1 tem melhor prognstico como foi descrito na pesquisa de Henson et al.56 que descreveu que pacientes com tumores de grau 1 e tumor menor de 2 cm de tamanho tinham um excelente prognstico, com 99% de sobrevida em 5 anos, mesmo quando apresentavam linfonodos axilares positivos. Estes resultados so apoiados por um estudo recente do grupo de Nottingham57, que incluiu 2.219 casos de cncer de mama ope-rveis e seguimento a longo prazo.

    O grau histologico mostrou ser um fator progns-tico de relevncia seja independente ou em com-binao com o estado linfonodal e tamanho tumo-ral como foi estabelecido no indice prognstico de Notthingham27 e indice prognstico de Kalmar23 no qual dado uma maior ponderao ao grau histologico, Tambem foi incoporado em algorit-mos como o Adjuvante On line28 e orientaes de consenso como as diretrizes de St. Gallen para de-terminar o uso de quimioterapia adjuvante29.

  • 73Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    Tipo Histologico

    Pacientes portadoras de carcinoma ductal infil-trante apresentam normalmente um maior en-volvimento linftico e um pior prognstico que aquele verificado nos pacientes com tipos menos freqentes de carcinoma invasivo de mama30,31. Variaes histolgicas conferem diferentes com-portamentos biolgicos e agressividade tumoral. O carcinoma lobular invasivo puro com padro de crescimento pagetide e ncleos de baixa den-sidade esto associados com um prognstico me-lhor do que o cncer da mama normal ou outros subtipos de carcinoma lobular invasivo32.

    O carcinoma tubular combinado com histologia de baixo grau mostra prognstico particularmen-te favorvel32.

    A Identificao de carcinomas mucinosos puros so considerados historicamente como de melhor prognstico32. A produo de mucina extracelular abundante insuficiente para conferir o progns-tico favorvel dos carcinomas mucinosos puros33.

    O carcinoma medular uma variante rara de cn-cer de mama (cerca de 0,5% dos casos) associa-da a um melhor prognstico do cncer de mama invasivo, particularmente para pacientes com lin-fonodos negativos. No entanto, esta melhora do prognstico s vista quando se encontram o ar-senal completo de recursos de diagnstico e tera-peticos34.

    No outro extremo esta o cncer de mama infla-matrio que uma forma rara e agressiva de cn-cer de mama invasivo que representa 2,5% de to-dos os casos de cncer de mama. caracterizado por rpida progresso, metstases locais e distan-tes, idade de incio mais jovem, e menor sobre-vida global em comparao com outros cnceres de mama. Historicamente, o carcinoma inflamato-rio uma doena letal, com uma sobrevida menor que 5% alm dos 5 anos, quando tratados com cirurgia ou radioterapia. Devido sua raridade o carcinoma inflamatorio muitas vezes diagnosti-cado como mastites ou dermatite generalizada.

    BIOMARCADORES CLSSICOS

    Receptores de Estrognio

    A expresso do receptor de estrognio (RE) sem dvida o mais importante biomarcador em cncer

    de mama, pois ele fornece o ndice de sensibilida-de ao tratamento endcrino.

    Tumores RE-positivos usam o esteride hormonal estradiol como seu principal estmulo para cresci-mento; RE , portanto, o alvo direto das terapias endcrinas. Diferentes estudos confirmam que os pacientes com doena RE-negativo no tm ne-nhum benefcio durante 5 anos tratamento adju-vante com tamoxifeno, mas algum benefcio pode ser obtido no grupo de RE-negativo e tumores de mama que expressam o receptor de progesterona (RPg). O tratamento com tamoxifeno reduz a taxa anual de morte por cncer de mama em 31% na doena de RE positivo.

    Embora a ausncia ou a presena do RE utiliza-do para obteno de decises sobre o tratamento, pouca ateno tem sido dada sobre o valor dos n-veis de expresso quantitativa como um indicador preditivo. Evidncias a partir de 1970 sugerem uma correlao direta entre os nveis de expresso dos RE e resposta terapia endcrina35. O Early Breast Cncer Trialists Collaborative Group rela-tou que os nveis mais elevados de RE foram as-sociados a um menor risco de recorrncia quando receberam tamoxifeno adjuvante36. Resultados si-milares foram obtidos no estudo NSABP-14 usan-do o ensaio de ligante e de expresso de mRNA do RE37. Anlises mais recentes de grandes ensaios prospectivos adjuvantes com tamoxifeno, anas-trozol, isoladamente ou em combinao (ATAC) e BIG 1-98 (Letrozol versus Tamoxifeno), com-parando inibidores da aromatase com o tamoxi-feno no encontraram um subgrupo de pacientes RE-positivos que tenham um maior benefcio dos inibidores da aromatase versus tamoxifeno38-40. Os ensaios revelaram, no entanto, que nveis mais al-tos de RE foram relacionadas melhoria do resul-tado dos dois tratamentos endcrinos.

    Receptor de Progesterona

    A expresso do Receptor de Progesterona (RPg) fortemente dependente do presena de RE. Tumores expressando RPg mas no o RE so in-comuns e representam 1% de todos os casos de cncer de mama40. Por esta razo, tumores com expresso RPg e falta de expresso do RE devem passar por um novo teste para avaliar o RE e eli-minar a posibilidade de falso negativo. Nos raros casos de expresso apenas RPg , alguns beneficios limitados com uso de tamoxifeno foram descritos, por isto a terapia endcrina ainda amplamente recomendada.

  • 74 Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Buitrago F et al.

    H evidncias de que no cncer de mama metast-tico a resposta ao tratamento anti-estrognio me-lhor entre pacientes com tumores que expressam tanto RE e RPg versus aqueles que apenas mos-tram positividade RE, mas falta a expresso RPg.

    HER-2

    O receptor do fator de crescimento epidrmico humano 2 (HER-2) pertence famlia dos recep-tores de crescimento. A sua expresso tem sido as-sociada a maior agressividade biolgica do tumor e a resistncia a alguns tipos de tratamento50-51.

    O HER-2 codifica uma protena de membrana das clulas tumorais que faz que estas se desenvolvam mais rpido e aumentem a sua duplicao, tor-nando os tumores mais agressivos42-43. Diversos estudos tm sugerido que existe uma relao en-tre o estado HER-2 e a resistncia hormonal44-45. A presena do HER-2 est associado a maior risco de recidiva tumoral46 e desempenha um papel funda-mental na transformao oncolgica42-43. O recep-tor do fator de crescimento epidrmico humano 2 (HER-2 ) amplificado em 15% a 25% dos casos de cncer de mama humano.42-47-48. Amplificao do HER-2 ou superexpresso so reconhecidos como importantes marcadores de doena agressi-va e so os alvos moleculares para terapias espec-ficas, como trastuzumab e lapatinib49.

    A avaliao diagnstica do estado HER-2 tem grande impacto nas decises sobre o tratamento de pacientes com cncer de mama. Alm do valor prognstico de HER-2, ou seja, o comportamento mais agressivo dos tumores HER-2 positivo, a po-sitividade possui um grande valor preditivo em re-lao aos benefcios clnicos a serem obtidos com tratamentos especficos49.

    BIOMARCADORES EMERGENTES

    Ki67 e MIB-1

    Ki-67 uma protena nuclear que no expres-sada nas celulas em repouso (G0), mas pode ser detectada na fase G1 e M do ciclo celular. Sua uti-lizao como um marcador de proliferao celular mostrou que o percentual de clulas positivas para Ki-67 pode ser usado para estratificar pacientes como de bom prognstico ou grupos de mal prog-nstico52-53. A anticorpo monoclonal MIB-1 reco-nhece o Ki-67, e pode ser usado em peas fixadas

    em formalina, ou em sees do tecido de blocos de parafina. Vrios estudos tm sugerido que o MIB-1 pode ter maior valor preditivo do que anti-

    -Ki-6754.

    A proteina Ki67 universalmente expressa entre as clulas em proliferao e ausente em clulas em repouso o que levou maior avaliao do Ki67 como um marcador de proliferao. Embora pou-co se saiba sobre a funo exata da protena na di-viso celular, Ki67 expressa durante as fases do ciclo celular G1, S, G2 , com um pico durante o mitose e ausncia na fase G054.

    O Ki67 pode ser considerado como um fator de proliferao facilmente avaliado e reprodutvel e pode ser uma alternativa ou complemento ao grau histolgico como uma ferramenta de prognstico e para a seleo de tratamento adjuvante55. Foi de-mostrado o valor prognstico de Ki67 em pacientes com cncer de mama e linfonodos negativos, mas tambm revela que o impacto prognstico restrito a tumores RE positivos e grau histolgico 255.

    Existem muitos marcadores de proliferao, mas o Ki67 tem um preo acessvel, uma tcnica de fa-cil avaliao e reprodutvel, e tambm tem a van-tagem de que ele pode ser avaliado em blocos de parafina de material do tumor55.

    Ciclina D1

    Segundo as atuais evidncias disponveis, a Ciclina D1 est solidamente estabelecida como um onco-gene com um papel patognico importante no cncer de mama e outros tumores humanos. No entanto, os mecanismos celular atravs dos quais a Ciclina D1 aberrante se expressa nas neopla-sias humanas no so bem estabelecidos. De fato, a evidncia emergente sugere que a Ciclina D1 pode atuar, predominantemente, ou pelo menos em parte, atravs de vias que no envolvem a sua funo amplamente aceita como um regulador do ciclo celular. Embora a explorao teraputica do papel da Ciclina D1 como modulador molecular de cncer de mama promissor, sugere-se tam-bm que a segmentao direta do gene Ciclina D1 ou produtos de genes pode revelar-se melhor su-cedidas do que as abordagens que dependem de conhecimento, sem dvida incompleta dos meca-nismos oncognicos da Ciclina D158.

    Ciclina D1 abundante no mRNA e esta protena e expressa em mais de 50% dos casos de cncer de mama, incluindo 15% em que existe uma ampli-

  • 75Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    ficao do gene59. Em particular, Ciclina D1 tem a capacidade de regular a proliferao das clulas estrognio responsivos60, e tem uma forte corre-lao com o receptor de estrognio e receptor de progesterona61. Importante salientar que, embo-ra haja fortes evidncias que demonstram que a superexpresso de Ciclina D1 um fator progns-tico de melhor resultado em cncer de mama in-vasivo, em particular entre os tumores receptores de estrognio positivos62, a sua amplificao as-sociada com recidiva precoce e pior prognstico63. Um possvel valor preditivo da Ciclina D1 em pa-cientes que tem tumores com receptores hormo-nais positivos foi mostrado recentemente, indi-cando que a superexpresso, bem como a amplifi-cao um preditor de m resposta aos tratamen-tos antiestrognio64. A Ciclina D1 merece maior investigao neste contexto.

    Ciclina E

    Ciclina E age de forma semelhante a Ciclina D1 como regulador positivo da transio do ciclo ce-lular com nveis de pico de expresso da protena e formao de complexo enzimtico com ciclina quinase dependente, na fase G165.

    Amplificao do gene da ciclina E tem sido de-tectado em vrias linhas celulares de cncer de mama, e at o momento no h fortes indcios de que ciclina E tem um papel importante na tu-morignese66 .

    Em relao ao papel da ciclina E no ciclo celular sugere-se que nveis mais elevados podem alterar a resposta a quimioterapia e a hormonioterapia. Foi demostado que os nveis alterados aumentam a sensibilidade das clulas de cncer de mama aos efeitos da cisplatina e paclitaxel67, mas por ou-tro lado, facilitam a resistncia a antiestrognios68. Estes resultados devem ser validados em estudos prospectivos.

    ER

    Descoberto pela primeira vez em 1996, o Receptor de estrognio (ER) frequentemente expres-so em clulas de diferentes rgos. Embora os dois subtipos do receptor de estrognio so codi-ficados por genes diferentes, localizadas em dois cromossomos diferentes, eles tm muito em co-mum estruturalmente. O ER tem a capacidade de mediar efeitos, as vezes opostos ao Receptor de Estrogenio (ER) devido a diferentes regies de ligao69.

    Um papel de ER na tumorignese tem sido suge-rido devido sua significativa regulao do cn-cer de mama em comparao com o tecido ma-mrio normal, em contraste com ER70. A forte regulao de c-myc, um regulador do ciclo celular e transcrio, pode ser observado na presena de ER, o que pode explicar os efeitos antiprolifera-tivos do ER71.

    Com a disponibilidade de anticorpos especficos foi possvel relacionar os nveis de protena ER com bom prognstico, aumento da sobrevida li-vre de doena e resposta ao tamoxifeno70. Alm disso, a expresso ER tem sido associada ex-presso de ER e Receptor de progesterona, e em casos cncer de mama com ER negativo o ER expresso em cerca de 50% dos casos72. Neste ce-nrio, ER correlaciona positivamente com o mar-cador de proliferao Ki67. No entanto, mais es-tudos so necessrios antes ER possa ser usado como uma ferramenta de diagnstico e possvel alvo da terapia.

    BCL-2

    Foi demonstrado que o gene do BCL-2 (clulas B da leucemia / linfoma 2) esta associado com o desenvolvimento do cncer de mama. A prote-na codificada pelo gene BCL-2 tambem conhecida com bcl-2 um membro da famlia bcl que regu-lam apoptose. Seu potencial carcinognico foi de-monstrada em modelos animais.

    A presena do bcl-2 um marcador de bom prog-nstico e e indica uma boa resposta ao tamoxifeno. Nos estudos de Elledge et al73 a presena de bcl-2 esta correlacionada com a presena de receptores de estrognio e com uma maior sobrevida livre de doena e tambem com uma melhor resposta ao tratamento com tamoxifeno.

    Um estudo realizado por Hellemans et al75 no mostrou significado prognstico para expresso do bcl-2 nos pacientes com linfonodos negati-vos, mas o bcl-2 negativo foi correlacionado com menor sobrevida livre de doena e menor sobre-vida global entre os pacientes com linfonodos positivos.

  • 76 Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Buitrago F et al.

    AVALIAO MULTIGENICA

    A busca por fatores prognsticos mais adequados tem se direcionado ao campo da gentica. Perfil de expresso gnica dos tumores permite a medi-o de milhares de transcries de mRNA (cido Ribonucleico mensageiro) em um nico experi-mento utilizando microarrays de DNA (cido de-soxirribonucleico). A recente declarao de con-senso de St Gallen fornece a viso que o uso de um ensaio validado multignico de perfil justi-ficado como um adjuvante de alta qualidade de fenotipagem de cncer de mama em casos em que a indicao para quimioterapia adjuvante perma-nece incerto76.

    No cncer de mama, os resultados dos estudos de perfis multignico indicaram a existncia de um nmero de doenas neoplsicas molecularmente distintas, que parecem se originar de diferentes tipos celulares. Perou et al. (2000)10 foram os pri-meiros a distinguir quatro classes moleculares de cncer de mama com a sua classificao com base no receptor do hormnio e o estado do HER-2: cncer luminal, que so quase todos RE positivo, expressam citoqueratina 8 e 18 tpica da glndula mamria, e so divididas em luminal A, que so na sua maioria grau histolgico baixo, e luminal B, que tendem a ser de alto grau com um pior prognstico; cnceres HER-2-positivo, que no expressam receptores hormonais e so de mau prognstico; cnceres basallike de mama, que se apresentam com RE, RPg, e HER2-negativo (triplo negativos) tumores com um prognstico pobre e expresso das citoqueratinas da camada basal epi-telial (CK 5 / 6, CK 17)77.

    Vrios grupos compreenderam o desafio de de-senvolver testes com base no perfil genmico com a expectativa de que isto poderia prever melhor o resultado clnico que os marcadores clnicos e patolgicos (Tabela 2). A assinatura de 70 genes chamada MammaPrint foi desenvolvida utilizan-do amostras congeladas de um grupo de 78 pa-cientes. Estes foram selecionados, retrospectiva-mente, com linfonodo negativo, cncer de mama com menos de 5 cm, sem quimioterapia adjuvante e menores de 55 anos78. O estudo dos 70 genes permitiu classificar os tumores com preciso em tumores de mal ou bom prognstico, dados que foram significativamente correlacionados com os resultados clnicos (metstases a distancia no pra-zo de 5 anos). A assinatura foi validada retrospec-tivamente em um conjunto de 295 pacientes, in-cluindo ambos os linfonodos positivos e negativo.

    FFPE, formalin-fixed, paraffin-embedded; RE, re-ceptor de estrognio; MD, Metstase a distancia; IA, inibidor da aromatase.

    Tabela 2Parametros multignicos en cncer de mama.

    assinatura gnica

    nmero de genes

    estudados

    tipo de tecido aplicao trials

    MammaPrint 70 Fresco congelado

    Prognstico para recorrncia dentro de cinco anos em todas as pacientes linfonodo-negativo e linfonodo-positivo

    MINDACT

    Oncotype DX 21 FFPE

    Risco residual de MD em pacientes RE-po-sitivos tratadas com tamoxifeno ou IA e preditiva de benefcio de quimioterapia nas pacientes com linfonodos-negativos e RE-positivos.

    TAILORx

    Genomic--gradeindex

    97

    Original-mente Fresco congelado,Validado por FFPE

    Previso de prog-nstico de recada no tratamento endcrino dos casos RE-positivos

    Molecular gradeindex 5 FFPE

    Prev mau resultado, apesar da terapu-tica endcrina em casos de cncer de mama com RE-

    -positivos

    Rotterdamsignature

    76 Fresco congelado

    Prognstico para desenvolvimento de MD dentro de cinco anos

    O FDA (Food and Drug administration) aprovou o MammaPrint para uso clnico como um teste prog-nstico para as mulheres com idade de 61 anos ou menos com qualquer RE-positivo ou RE-negativos e linfonodos negativos, mais um estudo prospec-tivo para validao e determinar sua utilidade cl-nica est a recrutando pacientes. Este estudo em doentes com linfonodos negativos pode evitar qui-mioterapia adjuvante (MINDACT). Espera-se que se incluam 6.000 pacientes com cncer de mama que tero uma avaliao de risco utilizando fato-res clinicopatolgicos (Adjuvant! Online) e do per-fil dos 70 genes. Pacientes recebero quimioterapia adjuvante se ambos os testes predizerem alto risco e se ambos indicam um baixo risco no ser prescri-to nenhuma quimioterapia. Em caso de discordn-cia de resultados, os pacientes sero randomizados para seguir um ou outro tratamento79.

  • 77Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    A assinatura Oncotype DX foi projetada para pre-dizer melhor o risco de recorrncia distante em pacientes com RE-positivo cncer de mama preco-ce recebendo tamoxifeno. Este teste baseado na medio em tempo real da expresso de 16 genes com significado conhecido na cncer de mama e de 5 genes de referncia (Tabela 3). A pontuao recorrncia (PR) calculado por um algoritmo ma-temtico, que foi desenvolvido e criado utilizando amostras dos braos do tamoxifeno NSABPB20 e B-1480. A PR uma medio contnua de risco, mas geralmente tem sido usada para identificar trs grupos com um baixo, intermedirio, e alto risco de recorrncia distncia, que foram asso-ciados a 10%, 10-30%, e >30% de taxas de recor-rncia em 10 anos entre as pacientes tratados com tamoxifeno. A PR tem sido descrita para ser pre-ditivo de sobrevida global e metstase a distancia independente de idade e do tamanho do tumor.

    Tabela 3

    Listagem dos 21 genes usados pelo Oncotype DX para calcular o indice de recorrencia : 16 genes relacionados com cncer e 5 genes de referncia.

    Factor gene

    Proliferao

    Ki67STK15SurvivinCyclin B1MYBL2

    Estrognio

    ERRPgBCL2SCUBE2

    InvasoStromelysin 3Cathepsin L2

    HER-2GRB7HER2

    OutrosGSTM1CD68BAG1

    Referncia

    b-ActinGADPHRPLPOGUSTFRC

    CONCLUSO

    O fato de que o cncer de mama no um cncer homogneo, mas consiste em vrios subtipos dife-rentes com diferentes perfis moleculares, compor-tamento biolgico, e vrios perfis de risco repre-senta um desafio para o manejo clnico.

    Fatores prognsticos e preditivos constituem fer-ramentas importantes para a individualizao da terapia do cncer de mama objetivando fornecer tratamentos eficientes a pacientes com excelente perfil de baixo risco evitando assim indesejveis efeitos colaterais e muitas vezes tratamentos ex-cessivos.

    Os marcadores clinicopatolgicos estabelecidos, e especialmente o RE e o HER-2, tm claramente definidos sua aplicabilidade clnica, porm defici-ncias nas metodologias de avaliao podem ain-da afetar a sua utilizao. Ferramentas adicionais so necessrias para facilitar a tomada de decises clnicas por este motivo os avanos mais recentes apontam na direo de estabelecer o perfil gnico dos tumores classificando as pacientes de acordo com o risco que tem para o desenvolvimento de metstase a distncia ou de acordo com a resistn-cia a teraputica atualmente disponivel.

    Ainda falta muito para conhecer sobre a funo es-pecfica dos marcadores biolgicos presentes nos casos de cancer de mama entretanto o conheci-mento adquirido nos ltimos anos ser de gran-de valor para criar terapias alvo especificas que possam individualizar o tratamento do cncer de mama.

  • 78 Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Buitrago F et al.

    REFERNCIAS

    1. Instituto Nacional de Cncer (INCA), Ministrio da Sade. Estimativa 2010, Incidncia do Cncer no Brasil. INCA 2010

    2. Kock HA, Peixoto JE, Neves ALE. Anlise da infra-es-trutura para a mamografia. Radiol Bras 2000;33:23-9.

    3. Clark GM. Prognostic and predictive factors. In: Harris JR, Lippman ME, Morrow M, Hellman S, editors. Diseases of breast. 5th ed. Philadelphia: Lippincott-Raven; 1996. p.461-70.

    4. Andreopoulou E, Hortobagyi GN. Prognostic Factors in Metastatic Breast Cncer: Successes and Challenges Toward Individualized Therapy. J Clin. Oncol. 2008;26:36602.

    5. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Thun, MJ. Cncer statistics, 2009. Cncer J Clin. 2009;59:22549.

    6. Masood S. Prognostic/predictive factors in breast cncer. Clin Lab Med.2005;25:80925.

    7. Jensen EV, Jacobson HI. Biological activities of ste-roids in relation to cncer. In Pincus G, Vollmer EP (eds): Fate of Steroidal Estrogens in Target Tissues. New York: Academic Press 1962; 161-74

    8. Thorpe SM. Estrogen and progesterone receptor de-terminations in breast cncer. Technology, biology and clinical significance. Acta Oncol 1988; 27: 1-19.

    9. Fitzgibbons et al. Prognostic Factors in Breast Cncer. College of American Pathologists Consensus Statement 1999. Arch Pathol Lab MedVol 124, July 2000

    10. Perou CM, et al. Molecular Portraits of Human Breast Tumor. Nature 2000;406 (6797):747-752

    11. Carter CL, Allen C, Henson DE. Relation of tumor size, lymph node estado, and survival in 24,740 breast cncer cases. Cncer. 1989;63:181187.

    12. Leitner SP, Swern AS, Weinberger D, et al. Predictors of recurrence for patients with small (one centime-ter or less) localized breast cncer (T1a,b N0 M0). Cncer. 1995;76:22662274.

    13. Rosen PP, Groshen S, Kinne DW, Norton L. Factors influencing prognosis in node-negative breast car-cinoma: analysis of 767 T1N0M0/T2N0M0 pa-tients with long-term follow up. J Clin Oncol. 1993;11:20902100.

    14. Sloane JP. National coordinating group for breast screening pathology: consistency of histopathologi-cal reporting of breast lesions detected by screening. Eur J Cncer. 1994;30A:14141419.

    15. Cady B. Use of primary breast carcinoma charac-teristics to predict lymph node metastases. Cncer. 1997;79:18561861.

    16. Seidman JD, Schnaper LA, Aisner SC. Relationship of the size of the invasive component of the primary breast carcinoma to axillary lymph node metastasis. Cncer. 1995;75:6571.

    17. Fisher ER, Anderson S, Redmond C, Fisher B. Pathologic findings from the National Surgical Adjuvant Breast Project Protocol B-06: 10-year pathologic and clinical prognostic discriminants. Cncer. 1993;71:25072514.

    18. Veronesi U, Galimberti V, Zurrida S, et al. Prognostic significance of number and level of axillary nodal metastases in breast cncer. Breast. 1993;2:224 228.

    19. Rakha EA, et al. Breast cncer prognostic classifi-cation in the molecular era: the role of histological grade. Breast Cncer Res. 2010;12(4):207.

    20. Elston CW, Ellis IO: Pathological prognostic factors in breast cncer I. The value of histological grade in breast cncer: experience from a large study with long-term follow-up. Histopathology 1991, 19:403-410.

    21. Pathology Reporting of Breast Disease: A Joint Document Incorporating the Third Edition of the NHS Breast Screening Programmes Guidelines for pa-thology Reporting in Breast Cncer Screening and the Second Edition of The Royal College of Pathologists Minimum Dataset for Breast Cncer Histopathology.Sheffi eld; NHS Cncer Screening Programmes and The Royal College of Pathologists; January 2005.

    22. Tavassoli FA, Devilee P: World Health Organization classification of tumours. In Pathology and Genetics Tumours of the Breast and Female Genital Organs. Lyon: IARC Press; 2003:19-23.

    23. Sundquist M, Thorstenson S, Brudin L, Nordenskjold B: Applying the Nottingham Prognostic Index to a Swedish breast cncer population. South East Swedish Breast Cncer Study Group. Breast Cncer Res Treat 1999, 53:1-8.

  • 79Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    24. Saimura M, Fukutomi T, Tsuda H, Sato H, Miyamoto K, Akashi-Tanaka S, Nanasawa T: Prognosis of a se-ries of 763 consecutive node-negative invasive bre-ast cncer patients without adjuvant therapy: analy-sis of clinicopathological prognostic factor. J Surg Oncol 1999, 71:101-105.

    25. Lundin J, Lundin M, Holli K, Kataja V, Elomaa L, Pylkkanen L, Turpeenniemi-Hujanen T, Joensuu H: Omission of histologic grading from clinical deci-sion making may result in overuse of adjuvant the-rapies in breast cncer: results from a nationwide study. J Clin Oncol 2001, 19:28-36.

    26. Simpson JF, Gray R, Dressler LG, Cobau CD, Falkson CI, Gilchrist KW, Pandya KJ, Page DL, Robert NJ: Prognostic value of histologic grade and proliferative activity in axillary node-positive bre-ast cncer: results from the Eastern Cooperative Oncology Group Companion Study, EST 4189. J Clin Oncol 2000, 18:2059-2069.

    27. Galea MH, Blamey RW, Elston CE, Ellis IO: The Nottingham Prognostic Index in primary breast cncer. Breast Cncer Res Treat 1992, 22:207-219.

    28. Mook S, Schmidt MK, Rutgers EJ, van de Velde AO, Visser O, Rutgers SM, Armstrong N, vant Veer LJ, Ravdin PM: Calibration and discriminatory ac-curacy of prognosis calculation for breast cncer with the online Adjuvant! program: a hospital-ba-sed retrospective cohort study. Lancet Oncol 2009, 10:1070-1076.

    29. Goldhirsch A, Ingle JN, Gelber RD, Coates AS, Thurlimann B, Senn HJ: Thresholds for therapies: highlights of the St Gallen International Expert Consensus on the primary therapy of early breast cncer 2009. Ann Oncol 2009, 20:1319-1329.

    30. Adair F, Berg J, Joubert L, Robbins GF. Long term follow-up of breast cncer patients: the 30 year re-port. Cncer 1974;33:1145-50.

    31. Ketterhagen JP, Quakenbush SR, Haushalter RA. Tumor histology as a prognostic determinant in carcinoma of the breast. Surg Gynecol Obstet 1984;158:120-3.

    32. Diab SG, Clark GM, Osborne CK, Libby A, Allred DC, Elledge RM. Tumor characteristics and clinical outcome of tubular and mucinous breast carcino-mas. J Clin Oncol.1999;17:1442-1448.

    33. 33. Page DL, Jensen RA, Simpson JF. Routinely available indicators of prognosis in breast cncer. Br Cncer Res Treat. 1998;51:195208.

    34. Wong SL, Chao C, Edwards MJ, et al. Frequency of sentinel lymph node metastases in patients with favorable breast cncer histologic subtypes. Am J Surg. 2002;184:492-498.

    35. Byar DP, Sears ME & McGuire WL Relationship be-tween estrogen receptor values and clinical data in predicting the response to endocrine therapy for patients with advanced breast cncer. European Journal of Cncer 1979; 15 299310.

    36. Anonymous Tamoxifen for early breast cncer: an overview of the randomised trials. Early Breast Cncer Trialists Collaborative Group. Lancet 1998; 351 14511467.

    37. Paik S, Shak S, Tang G, Kim C, Baker J, Cronin M, Baehner FL, Walker MG, Watson D, Park T et al. A multigene assay to predict recurrence of tamoxifen-treated, node-negative breast cncer. New England Journal of Medicine 2004; 351 28172826.

    38. Howell A,Cuzick J,BaumM,Buzdar A,DowsettM, Forbes JF, Hoctin-Boes G, Houghton J, Locker GY, Tobias JS et al. Results of the ATAC(arimidex, tamo-xifen, alone or in combination) trial after comple-tion of 5 years adjuvant treatment for breast cncer. Lancet 2005; 365 6062.

    39. Dowsett M, Allred C, Knox J, Quinn E, Salter J, Wale C, Cuzick J, Houghton J, Williams N, Mallon E et al. Relationship between quantitative estro-gen and progesterone receptor expression and hu-man epidermal growth factor receptor 2 (HER-2) estado with recurrence in the arimidex, tamoxifen, alone or in combination trial. Journal of Clinical Oncology 2008; 26 10591065.

    40. Viale G, Regan MM, Maiorano E, Mastropasqua MG, DellOrto P, Rasmussen BB, Raffoul J, Neven P, Orosz Z, Braye S et al. Prognostic and predictive va-lue ofcentrally reviewed expression of estrogen and progesterone receptors in a randomized trial com-paring letrozole and tamoxifen adjuvant therapy for postmenopausal early breast cncer: BIG 1-98. Journal of Clinical Oncology 2007; 25 38463852.

  • 80 Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Buitrago F et al.

    41. Elledge RM, Green S, Pugh R, Allred DC, Clark GM, Hill J, Ravdin P, Martino S & Osborne CK Estrogen receptor (ER) and progesterone receptor (RPg), by ligandbinding assay compared with ER, RPg and pS2, by immuno-histochemistry in predicting res-ponse to tamoxifen in metastatic breast cncer: a Southwest Oncology Group Study. International Journal of Cncer 2000; 89 111117

    42. Slamon DJ, Clark GM, Wong SG, Levin WJ, Ullrich A, McGuire WL. Human breast cncer: correlation of relapse and survival with amplification of HER-2/neu oncogene. Science 1987; 235: 177-182.

    43. Di Fiore PP, Pierce JH, Fleming TP, Hazan R, Ullrich A. King CR, Schlessinger J, Aaronson SA. Overexpression of the human EGF receptor confers an EGF-dependent transformed phenotype to NIH 3T3 cells. Cell 1987; 51:1063-1070

    44. Benz CC, Scott GJ, Sarup JC et al: Estrogen-dependent tamoxifen-resistant Tumorigenic growth of MCF-7 cells transfected with HER-2/neu. Breast Cncer Res Treat 1992; 24:85-95

    45. Fernandez MJ, Farina GJ, Arangoncillo BP: Immunohistochemical expression of p-53 and c-ER-2 in breast carcinoma: relation with epide-miologic factors, histologic featuresand prognosis. Gen & Diagnostic Pathol 1997; 142: 289-96

    46. Press MF, Berstein L, Thomas PA et al. HER-2/neu gene amplification characterized by fluorescence in situ hybridization: poor prognosis in node-negative breast carcinomas. J Clin Oncol 1997;15[8]:2894-2904.

    47. Coussens L, Yang-Feng TL, Liao YC, Chen E, Gray A, McGrath J, Seeburg PH, Libermann TA, Schlessinger J, Francke U. Tyrosine kinase recep-tor with extensive homology to EGF receptor shares chromosomal location with neu oncogene. Science 1985; 230:1132-1139

    48. Konecny G, Pauletti G, Pegram M, Untch M, Dandekar S, Aguilar Z, Wilson C, Rong HM, Bauerfeind I, Felber M, Wang H-J, Beryt M, Seshadri R, Slamon DJ. Quantitative association between HER-2/neu and steroid hormone receptors in hor-mone receptor positive primary breast cncer.J Natl Cncer inst 2003; 95: 142-153.

    49. Piccart-Gebhart MJ, Procter M, Leyland-Jones B et al. Trastuzumabe after adjuvant chemothera-py in HER-2-positive breast cncer. N Engl J Med 2005;353:1659-1672.

    50. Ferrero-Pous M, Hacene K, Bouchet C et al. Relationship between c-ERB-2 and other tumor characteristics in breast cncer prognosis. Clin. Cncer Res 2000; 6:47454754.

    51. Toikkanen S, Helin H, Isola J Joensuu H. Prognostic significance of HER-2 oncoprotein expression in breast cncer: a 30-year follow-up. J Clin Oncol 1992;10: 10441048.

    52. Brown RW, Allred DC, Clark GM, Osborne CK, Hilsenbeck SG. Prognostic value of Ki67 compared to S phase fraction in axillary node-negative breast cncer. Clin Cncer Res. 1996;2:585592.

    53. Molino A, Micciolo R, Turazza M, et al. Ki-67 im-munostaining in 322 primary breast cncers: asso-ciation with clinical and pathological variables and prognosis. Int J Cncer. 1997;74:433437.

    54. Connor AJM, Pinder SE, Elston CW, et al. Intratumoral heterogeneity of proliferation in inva-sive breast carcinoma evaluated with MIB-1 antibo-dy. Breast. 1997;6:171176.

    55. Marie K., Par-Ola B., Dorthe G., Kristina L., Per M., Marten F., for the South Sweden Breast Cncer Group. The prognostic value of Ki67 is dependent on estrogen receptor estado and histological grade in premenopausal patients with node-negative bre-ast cncer. Modern Pathology. 2010; 23, 251259

    56. Henson DE, Ries L, Freedman LS, Carriaga M: Relationship among outcome, stage of disease, and histologic grade for 22,616 cases of breast cn-cer.The basis for a prognostic index. Cncer 1991, 68:2142-2149.

    57. Rakha EA, El-Sayed ME, Lee AH, Elston CW, Grainge MJ, Hodi Z, Blamey RW, Ellis IO: Prognostic signifi cance of nottingham histologic grade in invasive breast carcinoma. J Clin Oncol 2008, 26:3153-3158.

    58. Arnold A, Papanikolaou A. Cyclin D1 in bre-ast cncer pathogenesis. J Clin Oncol. 2005 Jun 20;23(18):4215-24.

  • 81Com. Cincias Sade - 22 Sup 1:S69-S82, 2011

    Fatores prognsticos em cncer de mama

    59. Ormandy CJ, Musgrove EA, Hui R, Daly RJ & Sutherland RL 2003 Cyclin D1, EMS1 and 11q13 amplification in breast cncer. Breast Cncer Research and Treatment, 78. 323335.

    60. Zwijsen RM, Wientjens E, Klompmaker R, van der Sman J, Bernards R & Michalides RJ 1997 CDK-independent activation of estrogen receptor by cyclin D1. Cell 88 405415.

    61. Jares P, Rey MJ, Fernndez PL, Campo E, Nadal A, Muoz M, Mallofr C, Muntan J, Nayach I, Estap J et al. 1997. Cyclin D1 and retinoblastoma gene expression in human breast carcinoma: correlation with tumour proliferation and oestrogen receptor status. Journal of Pathology 182 160166.

    62. Gillett C, Smith P, Gregory W, Richards M, Millis R, Peters G & Barnes D 1996 Cyclin D1 and progno-sis in human breast cncer. International Journal of Cncer 69 9299.

    63. Biche I, Olivi M, Nogue`s C, Vidaud M & Lidereau R 2002 Prognostic value of CCND1 gene status in sporadic breast tumours, as determined by real-

    -time quantitative PCR assays. British Journal of Cncer 86 580586.

    64. Jirstrom K, Stendahl M, Ryden L, Kronblad A, Bendahl PO, Stal O & Landberg G 2005 Adverse effect of adjuvant tamoxifen in premenopausal breast cncer with cyclin D1 gene amplification. Cncer Research 65 80098016.

    65. Koff A, Giordano A, Desai D, Yamashita K, Harper JW, Elledge S,Nishimoto T,MorganDO, Franza BR&Roberts JM 1992 Formation and activation of a cyclin Ecdk2 complex during the G1 phase of the human cell cycle. Science 257 16891694.

    66. Bortner DM & Rosenberg MP 1997 Induction of mammary gland hyperplasia and carcinomas in transgenic mice expressing human cyclin E. Molecular and Cellular Biology 17 453459.

    67. Smith ML & Seo YR 2000 Sensitivity of cyclin E-overexpressing cells to cisplatin/taxol combina-tions. Anticancer Research 20 25372539.

    68. Akli S & Keyomarsi K 2004 Low-molecular-weight cyclin E: the missing link between biology and cli-nical outcome. Breast Cancer Research 6 188191.

    69. Liu Y, Gao H, Marstrand TT, Strom A, Valen E, Sandelin A, Gustafsson JA & Dahlman-Wright K 2008 The genome landscape of ERalpha- and EReta-binding DNA regions.PNAS 105 26042609.

    70. Skliris GP, Munot K, Bell SM, Carder PJ, Lane S, Horgan K, Lansdown MR, Parkes AT, Hanby AM, Markham AF et al. 2003 Reduced expression of oestrogen receptor beta in invasive breast cancer and its re-expression using DNA methyl transferase inhibitors in a cell line model. Journal of Pathology 201 213220.

    71. Strom A, Hartman J, Foster JS, Kietz S, Wimalasena J & Gustafsson JA 2004 Estrogen receptor beta inhi-bits 17beta-estradiol-stimulated proliferation of the breast cancer cell line T47D. PNAS 101 15661571.

    72. Skliris GP, Leygue E, Curtis-Snell L, Watson PH & Murphy LC 2006 Expression of oestrogen receptor-

    -beta in oestrogen receptor-alpha negative human breast tumours. British Journal of Cancer 95 616626.

    73. Elledge RM, Green S, Howes L, et al. bcl-2, p53, and response to tamoxifen in estrogen receptor-positi-ve metastatic breast cancer: a Southwest Oncology Group study. J Clin Oncol. 1997;15:19161922.

    74. Hellemans P, van Dam PA, Weyler J, et al. Prognostic value of bcl-2 expression in invasive breast cancer. Br J Cancer. 1995;72:354360.

    75. Goldhirsch A, Ingle JN, Gelber RD, Coates AS, Thurlimann B & Senn H-J 2009 Thresholds for therapies: highlights of the St Gallen International Expert Consensus on the primary therapy of early breast cancer 2009. Annals of Oncology 20 13191329.

    76. Srlie T, Perou CM, Tibshirani R, Aas T, Geisler S, Johnsen H, Hastie T, Eisen MB, van de Rijn M, Jeffrey SS et al. 2001 Gene expression patterns of breast carcinomas distinguish tumor subclasses with clinical implications. PNAS 98 1086910874.

    77. van t Veer LJ, Dai H, van de Vijver MJ, He YD, Hart AA, Mao M, Peterse HL, van der Kooy K, Marton MJ, Witteveen AT et al. 2002 Gene expression profiling predicts clinical outcome of breast cancer. Nature 415 530536.

  • 78. Bogaerts J, Cardoso F, Buyse M, Braga S, Loi S, Harrison JA, Bines J, Mook S, Decker N, Ravdin P et al. 2006 Gene signature evaluation as a prognos-tic tool: challenges in the design of the MINDACT trial. Nature Clinical Practice. Oncology 3 540551.

    79. Paik S, Shak S, Tang G, Kim C, Baker J, Cronin M, Baehner FL, Walker MG, Watson D, Park T et al. 2004 A multigene assay to predict recurrence of ta-moxifen treated, node-negative breast cancer. New England Journal of Medicine 351 28172826.