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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA FATORES ESTRESSANTES E MOTIVACIONAIS NA PRÁTICA DO ESPORTE ENTRE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA TATIANA DI PIETRO Itajaí, (SC) 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

FATORES ESTRESSANTES E MOTIVACIONAIS NA PRÁTICA DO

ESPORTE ENTRE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

TATIANA DI PIETRO

Itajaí, (SC) 2008

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TATIANA DI PIETRO

FATORES ESTRESSANTES E MOTIVACIONAIS NA PRÁTICA DO

ESPORTE ENTRE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal

Itajaí SC, 2008

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A concretização desse sonho não teria acontecido sem a ajuda do meu querido papai Vado (Osvaldo

Eduardo) e mamãe Zan (Rosângela Di Pietro), que, no decorrer da minha vida, proporcionaram-

me, através de muito carinho e amor, os conhecimentos da integridade, da perseverança e da honestidade, além de, despertarem em mim a

sede pelo conhecimento e a importância deste em minha vida. Por essa razão, gostaria de dedicar e

reconhecer à vocês, minha imensa gratidão e sempre amor.

A Deus, por todas as bênçãos em minha vida, por sempre ter iluminado o meu caminho, muitas vezes difícil, mas gratificante, tornando meus

sonhos realidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente aos meus pais e a minha maninha, Natasha, pelo

incentivo e motivação, pelo apoio em cada pequena conquista e por trazerem

tanta alegria à minha vida. A todos meus familiares, que foram essenciais em toda

essa caminhada.

Ao meu namorado, Rodrigo, pela compreensão, paciência, carinho e amor

constantes.

Ao meu orientador, que conduziu esse trabalho como só o fazem os mestres.

Pelas explicações sempre claras e pela convivência enriquecedora. Minha

especial admiração e gratidão.

Aos amigos(as), professores(as) e todos aqueles(as) que cruzaram em minha

vida, pela rica convivência e por participarem de alguma forma na construção e

realização deste sonho.

A Deus, por ter me iluminado em mais uma jornada, por neste momento saber

escrever e poder descrever os meus sinceros agradecimentos à todos. Muito

Obrigada!

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................ 6

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

2 EMBASAMENTO TEÓRICO ............................................................................. 11

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................16

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................ 19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 33

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 35

7 ANEXOS ............................................................................................................ 37

7.1 Anexo 1 ........................................................................................................... 38

8 APÊNDICES ...................................................................................................... 45

8.1 Apêndice ......................................................................................................... 46

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FATORES ESTRESSANTES E MOTIVACIONAIS ENTRE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal Defesa: novembro de 2008.

Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar os fatores estressantes e motivadores do atleta com deficiência física que recebe algum tipo de ajuda financeira para a prática desportiva. Para tanto, 10 paratletas associados à Associação de Apoio às Famílias de Deficientes Físicos – AFADEFI - da cidade de Balneário Camboriú, Santa Catarina, foram convidados a participar deste estudo. Eles responderam a dois instrumentos: a Avaliação Psicossocial do Atleta, adaptado para paratletas; e, um questionário para avaliação da ocorrência de estresse e ansiedade. Os resultados apontaram que os atletas apresentam idade inicial para a prática esportiva de 23,8 anos (±12,04), e que passaram a competir a partir de uma idade média de 25,4 anos (±10,53). Grande parte dos atletas possui lesões que acarretaram em paraplegia e usam cadeira de rodas. O esporte que mais praticam é basquete e atletismo. As principais metas e objetivos no esporte, de modo geral, foram os benefícios físicos e a profissionalização e quem mais os motivou a prática do esporte foram os pais e os amigos. Constatou-se ainda, que o que mais gostam de fazer fora do horário de treinamento é namorar, e o que menos gostam é estudar. Além disso, a saúde foi considerada um fator facilitador para a prática esportiva, e problemas com lesões e doenças, um fator que dificulta. Em contrapartida, o fator que menos facilita foi o patrocínio, apesar que este fator aparecer como o que mais dificulta a prática desportiva. Observou-se, através da tabela de auto-percepação no esporte, que os atletas, de modo geral, têm bom relacionamento com familares, amigos e técnicos e que consideram alto o grau de dificuldade no esporte. Com relação ao estresse e ansiedade, constatou-se que os atletas não gostam de competir diante de um grande público e ficam preocupados com os erros que possam cometer durante as competições. Dessa maneira, conclui-se que os principais suportes para estes atletas são a família e seus amigos, que os estimularam para o início na prática esportiva, e também que a falta de apoio financeiro (patrocínio) torna-se um fator relevante na avaliação e análise do treinamento destes atletas. Os resultados refletem a necessidade de um acompanhamento do psicólogo do esporte, cujo objetivo é exatamente o de auxiliar na melhora da performance do atleta pelo desenvolvimento de estruturas psíquicas

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Palavras-chave: Estresse; Motivação; Esporte Adaptado Sub-Área de concentração (CNPq) Membros da Banca Lísia Michels ______________________________________ Professor convidado

Pedro Antônio Geraldi ______________________________________ Professor convidado

Eduardo José Legal Professor Orientador

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1 INTRODUÇÃO

Atletas praticantes do esporte adaptado carregam por si só, muito antes de

se encaminharem para o esporte, uma história de luta, traumas, angústias e

preconceitos. Procuram superar-se de alguma maneira, depois de vencidos os

traumas. Uma das formas de auxílio na superação desta condição é a prática

desportiva.

O esporte adaptado, nome dado as modalidades desportivas adaptadas

para pessoas com deficiência física e/ou mental, conta hoje com federações

nacionais e internacionais (incluindo uma organização Para-olímpica) e consolida-

se também como atividade profissional, assim como para os outros esportes

tradicionais.

No Brasil, os investimentos em esporte têm aumentado na última década,

em parte impulsionada pela indústria do esporte e pela participação de grandes

corporações, como bancos, difundindo sua marca através dos atletas (ALVES;

PIERANTI, 2007; SILVA, 2005). O governo também tem incentivado este aumento

do investimento no esporte através da bolsa-atleta (ALVES; PIERANTI, 2007).

Contudo, quando se trata de paratletas os investimentos ainda são bastante

reduzidos.

Alguns atletas com deficiência física recebem apoio financeiro do governo

através do programa Bolsa-Atleta por conta de seu desempenho esportivo.

Entretanto, a maioria recorre a fontes filantrópicas, como é o caso da AFADEFI,

que é a Associação de Apoio às Famílias dos Deficientes Físicos com sede em

Balneário Camboriú. Ao serem reconhecidos e obtendo o mínimo de investimento,

têm a oportunidade de viajar e fazer amigos durante os jogos e competições.

No esporte adaptado ou não, a cobrança por resultados e rendimentos

sempre existirá. Para os atletas com deficiência física esta cobrança também é

geradora de estresse agravado pelos fatores psicológicos pré-existentes da

própria deficiência, pois a prática esportiva pode se transformar em oportunidade

de superação, mostrando a eles mesmos e à sociedade que podem ser úteis, e

que desempenham um importante papel social, que são capazes!.

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No âmbito do esporte de alto rendimento a pessoa com deficiência é

afetada pelos mesmos fatores psicológicos que um atleta sem deficiência, porém,

como a história de vida dessas pessoas já é marcada por essa enfermidade, as

dificuldades que elas enfrentam e os motivos que as levam à prática desportiva

são diferentes.

As considerações sobre limites fisiológicos e de estresse, construídas no

esporte tradicional, não devem ser literalmente transferidas ao esporte adaptado.

Cada indivíduo com deficiência é uma incógnita acerca das adaptações e

respostas às demandas de esforço (BARROS 1993 apud BRAZUNA; CASTRO,

2001)

Segundo Brazuna e Castro (2001), percebe-se que o resultado mais

importante para o atleta deficiente físico é a mudança de identidade de “pessoa

deficiente” para a identidade de atleta. Para eles, o importante é ser visto como

um corredor, nadador, etc. Os paratletas competem contra si e contra os

estereótipos construídos socialmente pelos não-deficientes.

Pessoas com deficiência física, na sua maioria, poderiam estar praticando

algum tipo de esporte. Contudo, poucos se dedicam a uma atividade física

desportiva regular. Uma das razões pode ser a dificuldade de acesso à ginásios,

academias e outros locais de prática do desporto adaptado além do custo de

materiais específicos (como cadeiras adaptadas para corrida, por exemplo). Junte-

se a isto o baixo incentivo à prática desportiva de alta performance dado o número

restrito de competições paratléticas. Neste contexto, a maior fonte de motivação e

incentivo à prática desportiva adaptada, geralmente, é proporcionada pela família

do deficiente, que, antes de encararem como uma profissão, vêem o esporte como

uma forma de terapia ocupacional.

De fato, os principais motivos de iniciação no esporte são a reabilitação e a

oportunidade de engajamento social. O esporte e a superação pelo mesmo

renovam a percepção do atleta com deficiência física, mudando a auto-estima e

criando uma imagem corporal positiva. (WHELLER et al 1999 apud BRAZUNA;

CASTRO, 2001, p. 117.

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Segundo Brant (2008), a exigência de bons resultados para os atletas com

deficiência física é a mesma dos atletas sem deficiência no esporte de alto

rendimento. Porém, para os atletas com deficiência a auto-estima quase sempre

é baixa, tornando imprescindível o acompanhamento de um profissional da

psicologia do esporte.

A Psicologia, neste âmbito, atua como uma ciência que busca entender

como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um indivíduo e como

a participação em esportes e exercícios afeta o desenvolvimento psicológico, a

saúde e o bem-estar de uma pessoa. Deste modo, torna-se necessário

compreender alguns desses fatores psicológicos que o atleta com deficiência

física enfrenta, assim como se faz com os demais sem deficiência.

Carecem estudos que contemplem as variáveis psicológicas no âmbito do

esporte adaptado com o intuito de conhecer as reais necessidades destes atletas.

Assim, este estudo tem como objetivo contribuir para a compreensão do estresse

e da motivação entre paratletas.

.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

O Esporte adaptado tem conquistado cada vez maior espaço no cenário

nacional e mundial. Dessa forma, tem-se evidenciado a necessidade de melhoria

das condições de treinamento e também de melhor suporte para o atleta dedicar-

se às atividades esportivas. Nesse contexto, a preparação psicológica aparece

como mais uma ferramenta de auxílio ao atleta.

Antes da Segunda Guerra Mundial não se conhecia os jogos organizados para

deficientes físicos, porém, o pós-guerra criou uma situação de emergência e o

esporte serviu como um agente facilitador na reabilitação dos lesionados neste

conflito (ADAMS,1985).

A América do Sul entrou na arena dos esportes adaptados no final da

década de 50, após uma epidemia de poliomielite que atingiu o país. Em 1960,

após as Olimpíadas de Roma, realizou-se o encontro de atletas dos esportes em

cadeira de rodas, iniciando assim as Paraolimpíadas, o segundo maior evento

esportivo do mundo (SAMULSKI,2002).

Para ADAMS (1985, p.218), “a participação em esportes e jogos adaptados

confere ao indivíduo a oportunidade de desenvolver o seu condicionamento físico,

se dedicar a atividades de lazer, se tornar mais ativo, de aprender habilidades e

de colher experiências positivas no grupo e no ambiente social”.

BRAZUNA E CASTRO (2001) pontuam que pessoas com deficiências são

muitas vezes, discriminadas pela sociedade, desmotivadas pela sua própria

condição existencial. Assim, elas vêem no esporte adaptado e nas competições

uma oportunidade para elevar a sua auto-estima, além de provar para todos o seu

valor como atleta e cidadão. Contudo, a maior glória para esses atletas é a

participação nas paraolimpíadas, na qual a superação não está somente na

conquista de medalhas, mas sobretudo, no exemplo que eles passam para

centenas de milhares de pessoas que são estigmatizadas por suas deficiências

físicas e sem perspectivas. As dificuldades são superadas com muita luta,

dedicação, coragem e persistência. Saber que há pessoas que, apesar das

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dificuldades de toda ordem, foram à luta e venceram no esporte, pode irradiar

otimismo e reorientar as perspectivas em muita gente. Barao de Coubertin, autor

da famosa frase "o importante é competir" e criador dos jogos olímpicos

modernos, parece ganhar mais sentido com sua frase entre os atletas do esporte

adaptado, pois eles sabem e sentem o verdadeiro sentido da mesma, provando

para si mesmos suas capacidades.

Para participar de uma paraolimpíada, segundo o Comitê Paraolímpico

Brasileiro (2008), é feita uma seleção por parte das federações brasileiras nas

competições regionais e nacionais e os atletas que obtiveram os melhores índices

classificam-se. Nesse ano de 2008, o Brasil obteve a melhor colocação em sua

historia de paraolimpíada. Classificou em nono lugar com 47 medalhas, sendo 16

de ouro, 14 de prata e 17 de bronze.

O esporte adaptado contribui na construção de um mundo que sabe

respeitar e conviver com as diferenças, sejam elas quais forem.

As pessoas com deficiências físicas não precisam de compaixão, mas sim de

estímulo, demonstração de apoio e de luta conjunta pela democratização das

oportunidades e acesso para além do âmbito dos jogos e campeonatos, para que

tenham uma existência digna e feliz (BRAZUNA E CASTRO, 2001).

2.1 A profissionalização do esporte paratlético

A atividade física surge como uma nova possibilidade de interação do

indivíduo com a sociedade, evidenciando as capacidades residuais das pessoas

com deficiência física através do esporte.

De acordo com BRANT (2008), na medida em que houve uma evolução do

esporte e os atletas passaram a receber dinheiro para jogar, aumentou a cobrança

de rendimento e resultados expressivos para que os mesmos consigam patrocínio

e salários dignos. Contudo, as questões psicológicas dessa pessoa são colocadas

em segundo plano e o lado humano do atleta é deixado de lado, transformando-os

em “máquinas de vitória”. E essa busca de resultados importantes atinge todos os

atletas das mais variadas modalidades, bem como atletas com deficiência física,

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que, além de sofrerem das mesmas dificuldades encontradas por atletas sem

deficiência física, ainda são vítimas da discriminação social e das dificuldades

impostas pela própria deficiência.

A pessoa com deficiência física somente irá participar de uma atividade

física se houver interesse de sua parte, contudo, esse interesse pode ser

estimulado. A motivação humana é importante para todos e em qualquer ambiente

onde exista a relação de ensino-aprendizagem constitui-se como um dos

elementos centrais para sua execução bem sucedida.

Para SAMULSKI (2002 apud MALAVASI; BOTH, 2005), a motivação seria a

totalidade daqueles fatores que determinam a atualização de formas de

comportamento dirigidas a um determinado objetivo. É um processo ativo,

intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores

pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos).

De acordo com SAGE (1977 apud WEINBERG; GOULD, 2008), a

motivação pode ser definida como a direção e a intensidade do esforço. Direção é

quando o indivíduo procura ou é atraído por certas situações, e intensidade refere-

se a quanto esforço o indivíduo coloca em determinada situação.

Além da motivação, existem outros fatores que podem interferir no

desempenho do atleta, um deles é o estresse, sempre presente no ambiente

competitivo.

A concepção de estresse, compartilhada entre diferentes autores, mostra

concordância unânime no que se refere à associação do estresse com estado de

desequilíbrio psicofísico, ou a perturbação do equilíbrio pessoa- meio ambiente.

(SAMULSKI, 2002). Ou seja, é a resposta do corpo a qualquer situação com

intuito de manter o equilíbrio fisiológico e psicológico do corpo. É quando o

organismo se prepara para reagir, fugir ou lutar em situações de perigo, por isso o

estresse tem papel importante nos processos de ativação do sujeito e pode ser

bom, desde que não o prejudique.

Dessa forma, o estresse pode fazer com que o atleta aumente ou diminua

seu rendimento, isso vai depender de como ele lida com as situações

estressantes. Estresse e motivação caminham lado a lado para o bom

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desempenho de um atleta, pois estresse em doses adequadas motiva, e

motivação é fundamental para o sucesso.

De acordo com Weinberg e Gould (2008), quanto mais importante for o

evento, mais gerador de estresse ele será. Portanto, a disputa de um jogo decisivo

é mais estressante do que um jogo normal da temporada.

Em uma pesquisa realizada por Noce e Samulski (2002), com 64 atletas

paraolímpicos brasileiros, observou-se que os principais motivos para iniciação da

prática esportiva foi o prazer da prática e a necessidade de reabilitação. Para

praticar esportes, os motivos principais foram o desejo de superar limites e as

competições. A maior parte dos atletas referiu como fatores estressantes

problemas de sono, pressão de vencer e conflitos interpessoais.

Através desses dados nota-se a importância do preparo psicológico dos

atletas, porque, tendo ele/a melhor equilíbrio emocional, poderá ter vantagens

competitivas em relação ao seu adversário. Por isso, o acompanhamento por um

psicólogo do esporte pode beneficiar e melhorar seu desempenho, com o controle

e diminuição dos fatores estressantes que afetam o desempenho desse atleta,

além de melhorar e fortalecer os aspectos motivacionais da prática esportiva.

A Psicologia do Esporte é um conhecimento recente que abrange

pressupostos psicológicos e da motricidade, e com a expansão e divulgação dos

esportes tem ganho espaço como prática profissional. Faz parte de um conjunto

de ações que visam preparar o atleta para disputas e competições, não somente

restrita ao esporte de alto nível, podendo ser estendida a esportes educativos,

recreativos e ao lazer. Também pode ser utilizada por atletas, amadores,

profissionais, com ou sem deficiência física, mas pelas características de sua

delimitação restringe-se ao alto rendimento. A psicologia do esporte atua em duas

áreas básicas, sendo os aspectos psicológicos que afetam o desempenho

esportivo e como a atividade física afeta os estados psicológicos (GAERTNER,

2002 apud BRANT, 2008).

Para Weinberg e Gould (2008), os psicólogos do esporte devem ajudar

atletas com limitações físicas a alcançar um desempenho máximo, satisfação

pessoal e desenvolvimento por meio da participação. Deve se preocupar com a

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totalidade do ser humano, que pode ser o diferencial para a formação de um

campeão.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 Participantes da pesquisa

Fizeram parte da amostra deste estudo dez atletas de diferentes

modalidades associados à AFADEFI de Balneário Camboriu que recebem alguma

forma de incentivo financeiro (bolsa, salário) e que se voluntariaram para o estudo.

A população de atletas da AFADEFI que recebem algum tipo de bolsa/salário é

composta de quinze indivíduos.

Dados como idade, sexo, tipo de deficiência e como foi adquirida, modalidade(s)

desportiva(s), tipo de recurso e outros dados sócio-demográficos serão

computados a posteriori.

3.2 Instrumento

Para avaliação dos atletas foi utilizado um instrumento desenvolvido por

Noce e Samulski (1998), que consta de uma ficha de dados psicossociais, um

teste de auto-percepção no esporte competitivo e um questionário de motivação

para a prática esportiva (anexo 1). Esse instrumento aborda questões tais como:

iniciação esportiva, motivação para o esporte, análise dos objetivos e das metas

pessoais, análise dos fatores que facilitam e dificultam a vida no esporte, apoio

familiar recebido pelo atleta, atividades realizadas fora do horário de treinamento,

teste de auto-percepção no esporte competitivo e questionário de motivação para

a prática esportiva.

Também foi utilizado outro instrumento para medição dos sintomas de

estresse na situação desportiva, desenvolvido por Sousa, Mariani e Samulski

(2004). O instrumento consta de 17 questões utilizadas para mensurar estresse e

ansiedade em bailarinos e bailarinas profissionais. As questões do questionário

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são respondidas através de uma escala do tipo Likert variando de “1” (nunca) a “4”

maioria das vezes (anexo 2).

Por motivo da utilização neste estudo, as questões 13, 14, 15 e 16 foram

adaptadas. No original constam as palavras “espetáculo”, “apresentar” e

“apresentação”, que foram substituídas por “competição” e “competir”.

3.3 Coleta dos Dados

Os atletas que participaram desse estudo foram solicitados pela

pesquisadora a responder os instrumentos individualmente na AFADEFI, em uma

sala apropriada, com condições ambientais favoráveis e material necessário.

Antes da aplicação do instrumento, foram esclarecidos os objetivos do estudo,

bem como os procedimentos e questões a serem respondidas.

3.4 Análise dos Dados

O procedimento para análise dos resultados foi realizado de duas maneiras

diferentes: individual e grupal. No caso de uma avaliação grupal, que é o objetivo

deste estudo, se realizará uma análise descritiva das informações. Os dados

sócio-demográficos foram correlacionados com os demais itens das escalas

(estresse, auto-percepção e motivação), assim como recomendam Noce e

Samulski (2000) e Souza, Martini e Samulski (2004).

A apresentação dos resultados foi feita na forma de quadros e tabelas para

facilitar o entendimento para os leitores, e principalmente, para os atletas e

técnicos, aos quais foram devolvidos os resultados e depois repassados para a

monografia.

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3.5 Aspectos Éticos

Os dados foram coletados individualmente pela pesquisadora, que forneceu

as instruções sobre como responder os instrumentos. Antes de iniciar a aplicação,

os participantes foram informados sobre a pesquisa, e esclarecidos de que as

informações obtidas são confidenciais, que apenas serão utilizadas para as

finalidades da pesquisa, que a participação é voluntária e não remunerada.

Também foi esclarecido que, se por qualquer motivo, o participante quiser

abandonar o estudo, é livre para fazê-lo. Como este estudo é parte de um trabalho

de estágio em Psicologia Educacional (com ênfase em Psicologia do Esporte), já

há uma autorização da AFADEFI para a realização de trabalhos nesta área

(anexo 4). Contudo, como se trata de um trabalho mais específico com os atletas,

os participantes formalizaram sua participação na pesquisa através da assinatura

de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 3). Estas normas são

baseadas também nas resoluções CNS 196/1996 e CFP 010/2000 que

regulamentam a pesquisa em seres humanos na área de saúde e Psicologia,

respectivamente. Aos participantes será fornecida uma devolutiva dos resultados

do próprio indivíduo e do trabalho (geral) assim que os dados forem analisados e

julgados pela banca de defesa desta monografia.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Inicialmente serão descritos os dados demográficos e da prática desportiva

dos participantes deste estudo, coletados via ficha de dados pessoais.

Seguidamente serão apresentados, bem como discutidos, os resultados do grupo

em relação aos instrumentos utilizados: Questionário de Motivação para a Prática

Esportiva; Tabela de Autopercepção no Esporte Competitivo (T – APEC);

Questionário de Estresse e Ansiedade.

Analisam-se qualitativamente, na seqüência, os conteúdos relatados pelos

participantes da pesquisa, relacionados aos objetivos e metas no esporte e

motivos que levaram a iniciar a prática esportiva.

4.1 Dados demográficos Como descrito na sessão dos aspectos metodológicos, 10 atletas

participaram deste estudo, sendo nove masculinos e um feminino. A idade média

dos participantes foi de 31 anos (± 9,07), variando de 16 a 44 anos e o início da

prática esportiva foi em média aos 23,8 anos (±12,04). A maioria possui lesões

que acarretam em paraplegia e usam cadeira de rodas. Foram avaliados atletas

de seis diferentes modalidades, sendo que grande parte deles são praticantes de

atletismo e basquete. Vale ressaltar que, excluído um caso, todos os atletas

praticam mais de uma modalidade. Dentre os 10 paratletas avaliados, cinco

praticavam esportes antes da deficiência e cinco começaram a prática após

adquirirem a deficiência. Quanto à deficiência, a maioria dos atletas adquiriu a

deficiência por meio de doença. Os atletas começaram a competir em média aos

25,4 anos de idade (±10,53). As principais metas e objetivos no esporte, de modo

geral, foram os benefícios físicos e a profissionalização. Os dados completos

podem ser observados nos quadros 1 e 2.

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Quadro 1. Demonstrativo dos dados demográficos e esportivos dos paratletas participantes (n=10).

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1 masculino 44 paraplegia acidente 32 Antes 32 peso disco dardo

peso dardo

2 feminino 27 TRM acidente 25 Antes 26 basquete atletismo

basquete atletismo

3 masculino 32 paraplegia acidente 28 Depois 28 handebol tênis

natação basquete

handebol basquete

4 masculino 21 amputação doença 17 Antes 21 judô basquete atletismo

5 masculino 27 paraplegia acidente 8 Antes 12 futebol handebol basquete

basquete

6 masculino 27 amputação acidente 7 Antes 12 karate capoeira basquete

peão

basquete atletismo

7 masculino 16 lesão medular

doença 12 Depois 13 peso natação basquete

atletismo

8 masculino 35 artrite medular juvenil

doença 32 Depois 32 peso disco dardo

peso disco dardo

9 masculino 40 poliomielite doença 39 Depois 40 dardo dardo

10 masculino 41 lesão acidente 38 Depois 38 peso disco dardo

basquete

peso disco dardo

basquete

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Quadro 2. Demonstrativo das freqüências de respostas dos paratletas para os objetivos e metas no esporte; OBJETIVOS E METAS NO ESPORTE Respostas

(freqüência)

Se profissionalizar 4

Participar nas Olimpíadas 3

Conquistar medalhas 1

Vencer/ ficar bem colocado 2

Conseguir patrocínio 2

Competir em vários campeonatos 1

Quebrar o recorde mundial 1

Viajar 1

Conhecer pessoas/ socialização 2

Inclusão social 1

Benefícios físicos 4

Qualidade de vida 2

Melhora da auto-estima 1

Quem mais os motivou a iniciarem uma prática esportiva foram os amigos e

os pais. O volume do treino, de modo geral, é executado 3,25 dias por semana,

com duração média de 1,65 horas por dia.

4.2 Motivos de manutenção na prática esportiva (tabela 1)

Os paratletas participantes demonstraram que o motivo decisivo é

“aprender novos movimentos e técnicas”, com média de 2,60 (±0,5). Em segundo

lugar, os seguintes motivos empataram com média de 2,36 (±0,5; 0,8; 06

respectivamente): “prazer na prática”; “aumentar conhecimento no esporte” e

“melhorar o desempenho esportivo”. Estes motivos confirmaram ser importantes

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para a prática esportiva entre esses atletas e se igualam com uma pesquisa feita

com atletas de handebol infantil, por Rech et al (2003), em que esses fatores

aparecem em 1º , 2º e 3º lugar respectivamente. Segundo o autor supracitado,

estes fatores fazem sentido, visto que propiciam aos atletas destaque no cenário

esportivo, e muitas vezes isso é buscado para se conseguir uma ascensão social

mais acelerada. Em uma pesquisa feita por Noce e Samulski (2002),em atletas

paraolímpicos brasileiros, o prazer na prática também é considerado como o

principal motivo de manutenção no esporte..

Os motivos considerados como pouco importantes para manutenção na

prática esportiva foram o “retorno financeiro” com média 1,91 (±0,7); e “pelo status

social” que ficou em último lugar com média 1,73 (±0,7). Assim como os fatores

decisivos, os fatores menos importantes também se comparam à pesquisa com

atletas de handebol, como no estudo de Rech et al. (2003). A questão do retorno

financeiro apareceu em último lugar. Na pesquisa feita por Noce e Samulski

(2002) esses fatores, retorno financeiro e status social, aparecem igualmente em

último lugar, analisados como pouco importantes.

4.3 Motivos de abandono para a prática esportiva

Para a maioria dos atletas os motivos citados na Tabela 02 não têm muita

importância para o abandono do esporte. Entretanto, os problemas relacionados à

saúde 1,73 (±1,35), foram considerados decisivos para continuar praticando o

esporte. Esse resultado faz sentido, visto que os atletas são deficientes físicos e

praticam esportes superando os limites impostos pela própria deficiência

diariamente. Outros aspectos observados foram a “falta de prazer e satisfação” e

“pressão de vencer” (1,36 ±1,21; 1,03 respectivamente), de acordo com Rech et al

(2003) quando as derrotas não abrem portas ou contatos, estes atletas podem

perder o "prazer" de competir e abandonar o esporte. Na pesquisa de Noce e

Samulski (2002), os fatores saúde/ lesões e falta de prazer, aparecem da mesma

forma, nos dois primeiros lugares, como surge aqui.

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Em contra partida, o motivo considerado sem importância ou pouco

importantes para o abandono do esporte (tabela2), foi a “falta de tempo para

outras atividades” (0,82 ± 0,98). Além deste, os participantes avaliam da mesma

forma “conflitos familiares” e a “falta de contatos sociais” com média de 0,91

(±1,30 e 1,14 respectivamente). Neste aspecto, a pesquisa em questão contesta a

pesquisa de Rech et al. (2003), onde os conflitos familiares e a falta de contatos

sociais aparecem com médias maiores. Entretanto, na pesquisa feita por Noce e

Samulski (2002), a falta de contatos sociais, da mesma forma, parece não

importar quanto ao abandono do esporte.

Tabela 1. Médias e desvios padrão das respostas aos motivos para a prática desportiva dos paratletas participantes.

Respostas Motivos para a prática do esporte

Média DP

1. Prazer na prática 2,36 0,5

2. Sentir-se realizado 2,18 0,6

3. Aprender novos movimentos e técnicas 2,60 0,52

4. Aumentar conhecimento no esporte 2,36 0,81

5. Melhorar desempenho esportivo 2,36 0,67

6. Gostar de competir 2,18 0,4

7. Por ter sucesso no esporte 2,18 0,75

8. Conhecer limites 2,09 0,54

9. Pelo retorno financeiro 1,91 0,7

10. Gostar de desafios 2,00 1,00

11. Fazer amizades 2,18 0,6

12. Pelo status social 1,73 0,79

13. Ser reconhecido 2,09 0,7

14. Aprender a cooperar 2,18 0,4

15. Incentivo da família e amigos 2,18 0,75

16. Para viajar 2,18 0,6

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Tabela 2. Médias e desvios padrão das respostas aos motivos de abandono da prática desportiva dos paratletas participantes.

Tabela 3. Médias e desvios padrão das respostas quanto ao apoio que os atletas recebem da família para a prática esportiva

Respostas Motivos para o abandono do esporte

Média DP

1. Falta de talento 1,09 0,94

2. Pressão de vencer (técnico/pais/outros) 1,36 1,03

3. Monotonia ou carga excessiva no treino 1,00 0,89

4. Falta de prazer/alegria/satisfação 1,36 1,21

5. Falta de tempo para outras atividades 0,82 0,98

6. Falta de sucesso 1,09 0,94

7. Falta de contatos sociais 0,91 1,14

8. Problemas de saúde/ lesões esportivas 1,73 1,35

9. Conflitos com o técnico e/ou companheiros 1,00 1,10

10. Conflitos com familiares 0,91 1,30

Respostas Tipo de apoio que recebe da família

Média DP

1. Apoio financeiro 1,73 1,19

2. Transporte para treino 1,64 0,81

3. Transporte para competição 1,82 1,17

4. Incentivo para treinar e competir 2,09 0,94

5. Acompanhamento e apoio na competição 2,00 0,77

6. Ajuda em situações de fracasso 1,73 1,19

7. Apoio em situações de lesão 2,09 0,83

8. Apoio nos estudos 1,73 1,10

9. Conversas sobre problemas gerais 1,91 0,83

10. Acompanhamentos das dietas alimentares 1,27 1,10

11. Compreensão pelos momentos de ausência 1,91 1,04

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4.4 Tipo de apoio

Em relação à análise do tipo de apoio que os paratletas recebem da

família (tabela 3), os itens “incentivo para treinar e competir” e “apoio em situações

de lesão” obtiveram as média mais altas com 2,09 (± 0,94 e 0,93 respectivamente)

e classificaram-se como “apoio satisfatório”. O item com menor média 1,27 (±

1,10) foi “Acompanhamento das dietas complementares”. Vale ressaltar que nessa

questão, nenhum item foi avaliado como “muito apoio”. O apoio em relação ao

incentivo para treinar e competir se iguala à pesquisa de Rech et al. (2003), em

que esse item aparece em segundo lugar.

4.5 Atividades Complementares

De modo geral, verifica-se que as principais atividades complementares

(tabela 4), classificadas como “gosto muito dessas atividades”, com média 2,90

(±0,32) foram “namorar” e em seguida com média 2,73 (±0,65; 0,47

respectivamente) “dormir/ descansar/ relaxar” e “escutar música”.

Em último lugar, “estudar/ ler livros/ atividades intelectuais” com média 1,80

(± 1,14) ficou classificada como “gosto satisfatoriamente dessa atividade”. O

resultado dessa questão se assemelha à pesquisa de Rech et at (2003) em atletas

de handebol juvenil, em que tanto o primeiro quanto o último lugar aparecem da

mesma forma. A falta de interesse pela leitura ou escrita pode ser um exemplo de

eficácia do modelo de Avaliação Psicossocial desenvolvido em 1998 (Samuski,

1998 apud Rech et al., 2003), pois permite localizar um ponto que a ser trabalhado

pela comissão técnica para fazer com que o aluno, gostando do esporte, inicie

seus estudos de leitura nas áreas de interesse (história do esporte, esporte na

olimpíada). Estes são mecanismos que podem auxiliar no desenvolvimento pleno

do atleta enquanto individuo.

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Tabela 4. Médias e desvios padrão das respostas quanto às atividades complementares

Respostas Atividades Complementares

Média DP

1. Dormir/ descansar/ relaxar 2,73 0,65

2. Sair e conversar com os amigos 2,64 0,67

3. Conversar com os pais 2,30 0,95

4. Escutar música 2,73 0,47

5. Divertir-se/ ir às festas 2,36 0,92

6. Namorar 2,90 0,32

7. Viajar/ férias/ ir à praia 2,09 0,83

8. Praticar outros esportes 2,27 1,10

9. Sair para comer/ jantar 2,45 0,82

10. Atividades de lazer 2,45 0,69

11. Assistir filmes (TV/ vídeo/ cinema) 2,09 1,14

12. Estudar/ ler livros/ cursos 1,80 1,14

13. Vídeo Games/ internet/ computação 1,90 0,99

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27

4.6 Fatores que facilitam a prática desportiva

Com relação aos fatores facilitadores para a prática esportiva (tabela 5),

observou-se que os dois principais facilitadores do grupo, de modo geral, foram

“saúde” e “força de vontade” (2,73 ±0,47). Na pesquisa de Rech et al (2003),

“força de vontade” aparece em primeiro lugar seguido de “saúde”, o que nivela

com os resultados desta pesquisa em questão.

Os fatores que menos facilitam os atletas foram “patrocínio” (1,55 ±1,51) e

“colégio/ bolsa de estudo” (1,56 ±1,33). É importante lembrar que não são todos

os atletas que estudam atualmente, sendo que dois participantes não

responderam a questão “colégio/ bolsa de estudo”, assim sendo, esta variável

pode ter influência no resultado. Na pesquisa de Rech et al (2003), “força de

vontade” aparece em primeiro lugar seguido de “saúde”, o que nivela com os

resultados desta pesquisa em questão. Igualmente, os fatores que menos facilitam

são os mesmos da pesquisa supracitada.

Tabela 5. Médias e desvios padrão das respostas aos fatores facilitadores da vida do atleta

Respostas Fatores que facilitam a vida de atleta

Média DP

1. Família 2,36 0,81

2. Amigos 2,18 0,6

3. Técnico 2,36 0,5

4. Colégio (bolsa de estudo) 1,56 1,33

5. Patrocínio 1,55 1,51

6. Condições de treino 2,18 0,87

7. Força de vontade 2,73 0,47

8. Motivação 2,64 0,67

9. Saúde 2,73 0,47

10. Federação 2,00 0,77

11. Fatores físicos 2,64 0,67

12. Características pessoais 2,55 0,82

13. Não precisar trabalhar 2,45 1,04

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4.7 Fatores que dificultam

Verificou-se que os fatores que mais dificultam a vida dos atletas foram

“lesões/ doenças” (1,73 ±1,19) e “patrocínio” (1,55 ±1,37). Esse resultado é

conseqüência do pouco apoio financeiro destinado aos atletas, problema este,

enfrentado por muitos outros, famosos ou anônimos (ALVES; PIERANTI 2007).

Novamente esta pesquisa apresenta os mesmos resultados da pesquisa de Rech

et al (2003) feita com atletas juvenis de handebol, em que o patrocínio aparece

como um dos fatores que mais dificulta a vida do atleta atualmente. Denota-se

também, que para a maioria dos atletas, todos os outros fatores não dificultam sua

vida na prática esportiva. Do mesmo modo, na pesquisa feita com atletas de

bocha adaptada, por Strapasson (2007), esse item aparece como o que mais

dificulta.

Tabela 6. Médias e desvios padrão das respostas aos fatores que dificultam da vida do atleta

Respostas Fatores que dificultam a vida de atleta

Média DP

1. Família 0,18 0,4

2. Amigos 0 0

3. Técnico 0,18 0,6

4. Colégio (provas, trabalhos, horário) 0,64 0,92

5. Patrocínio 1,55 1,37

6. Condições de treino 0,91 1,04

7. Excesso de treino 0,45 0,69

8. Desmotivação 0,64 0,81

9. Lesões/ doenças 1,73 1,19

10. Transporte 0,55 0,82

10. Federação 0,45 0,69

11. Fatores físicos 0,73 1,01

12. Características pessoais 0,18 0,4

13. Necessidade de trabalhar 0,91 1,22

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4.8 Auto-percepção no esporte competitivo

Como pode ser observado na tabela 7, relativa a auto-percepção no esporte

competitivo, pode-se denotar que grande parte dos atletas avalia com o valor 10,

alguns aspectos como “relacionamento com seus familiares” (9,64 ±0,67),

“relacionamento com seus companheiros” (9,45 ±0,82) e “relacionamento com seu

técnico” (8,82 ±2,36). Esse resultado aparece nos três primeiros lugares na

pesquisa com atletas de handebol juvenil de Rech et al. (2003), em que

relacionamento com técnico, companheiros e familiares apareceram em 1º, 2º e 3º

lugar respectivamente. Por outro lado, o “grau de dificuldade no esporte” teve

menor média com 5,82 (±2,89) e é igualmente congruente com a pesquisa de

Rech et al. (2003), na qual esse item foi avaliado por muito atletas com o valor 1, e

apareceu em último lugar.

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Tabela 7. Médias e desvios padrão das respostas à auto-percepção no esporte competitivo.

4.9 Estresse e Ansiedade

Nota-se que a maioria dos atletas avaliou a questão “gostar de competir

diante de um grande público (3,45 ±0,69) como valor 4, que corresponde a

“maioria das vezes”. Muitas atletas também avaliaram as questões “preocupação

com os erros que pode cometer durante as competições” e “sente o coração

palpitar antes das competições” (2,82 ±1,08; 0,98 respectivamente) com a nota 3,

que corresponde a “algumas vezes”. Em contra partida, “perda de memória”,

“sintoma de fobia” e “perda de interesse sexual” (1,36 ±0,5; 0,92; 0,67

Respostas T-APEC – Tabela de Auto- percepção no Esporte Competitivo

Média DP

1. Seu talento 7,36 1,43

2. Seu rendimento atual 6,73 1,27

3. Seu esforço geral 8,18 1,60

4. Seu nível de motivação para treinar 7,82 1,60

5. Grau de dificuldade no esporte 5,82 2,89

6. Seu nível de velocidade 6,91 2,21

7. Seu nível de força muscular 7,36 1,86

8. Seu nível de resistência 7,64 1,86

9. Seu nível de flexibilidade 6,64 2,06

10. Seu nível técnico 7,18 1,94

11. Seu nível tático 6,91 1,81

12. Seu nível de concentração 7,55 2,21

13. Seu nível de controle emocional 7,73 1,79

14. Sua capacidade de superar seus limites 8,64 1,21

15. Relacionamento com seu técnico 8,82 2,36

16. Relacionamento com seus companheiros 9,45 0,82 17. Relacionamento com seus familiares 9,64 0,67

18. Seu nível de criatividade 8,55 1,57

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respectivamente) obtiveram a avaliação variando em 2 e 1, correspondentes a

“raramente”e “nunca”. Noce e Samulski (2002) entendem os conceitos biológicos,

psicológicos e sociológicos como condição vinculada, ou seja, considera-os

interdependentes. Assim sendo, processos psíquicos e sociais são interligados a

processos biológicos. Também os processos sociais são influenciados por

aspectos psicológicos, e, ambos podem converter-se a respostas biológicas. Visto

isso, em circunstâncias de estresse e ansiedade podem acontecer varias reações,

quais sejam: taquicardia, palpitações, pele fria, rubor facial, sudorese e aumento

da quantidade de glicose no sangue. Verificou-se que os atletas sentem-se

ansiosos em competir diante de um grande público (processos sociais) e ficam

preocupados nos erros que possam cometer durante as competições, o que pode

influenciar em respostas biológicas, como o coração palpitar antes das

competições. Esses fatores podem estar indicando sintomas de estresse e

ansiedade.

Todas as respostas dadas pelos atletas desta pesquisa podem ser

observadas na tabela 8.

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32

Tabela 8. Médias e desvios padrão das respostas quanto ao estresse e motivação.

.

Respostas Estresse e Motivação

Média DP

1. Sintomas de cansaço constante 2,64 0,5

2. Sintomas de irritabilidade 2,45 0,69

3. Perda de memória 1,36 0,5

4. Perda ou excesso de apetite 2,00 1,00

5. Insônia ou sono exagerado 2,09 1,14

6. Dificuldade de concentração 2,18 0,98

7. Sintoma de fobia 1,36 0,92

8. Perda de criatividade 1,73 0,9

9. Perda de interesse sexual 1,36 0,67

10. Dores de cabeça 2,09 0,94

11. Desarranjos intestinais 1,82 0,75

12. Vontade de urinar com maior freqüência 1,82 0,75

13. Preocupação com os erros que pode cometer durante as competições

2,82 1,08

14. Coração palpita com mais intensidade antes da competição

2,82 0,98

15. Nervosismo no início da competição 2,64 1,12

16. Gostar de competir diante de um grande público

3,45 0,69

17. Sintomas de doenças 1,45 0,93

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos dados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que os atletas

avaliados apresentam como principais suportes e incentivadores a família e os

amigos. Fica evidente que para que a equipe tenha sucesso, é necessário que

comissão técnica, amigos e principalmente os pais se unam, pois têm um papel

fundamental na construção da carreira esportiva destes atletas. Esses atletas

procuraram a atividade física, primeiramente como uma forma de reabilitação,

para aprender novos movimentos e técnicas, uma vez que suas deficiências os

limitam e o esporte surge para ajudá-los nesta dificuldade. Contudo, um bom

condicionamento físico e ausência de lesões, congregados com um bom

patrocínio, são fatores fundamentais para o crescimento profissional desses

paratletas.

Pode-se perceber que a metodologia utilizada não aborda questões

relacionadas aos problemas específicos dos atletas com deficiência física, tais

como as lesões provenientes da própria deficiência e não do esporte que estes

praticam, além dos problemas relacionados aos equipamentos e ao acesso, que

são certamente fatores relevantes na avaliação dos atletas.

A pesar de poucas pesquisas realizadas no âmbito do esporte adaptado, os

resultados destas são muito parecidos com os dessa pesquisa em questão.

Entretanto, quando trata-se de diferentes tipos de deficiência, os resultados

diferem, sugerindo um tratamento individual para cada atleta, de acordo com as

necessidades de cada um.

Embora esses atletas se dediquem e se esforcem na busca de

aprimoramento e manutenção no esporte, ainda é preciso atenção, tratamento e

reconhecimento por parte de profissionais, governo e população em geral, para

que os diferentes tipos de problemas que estes encontram sejam resolvidos.

Baseado nos resultados das poucas pesquisas que surgem nesta área e o apoio

da literatura, é possível desenvolver programas de treinamentos específicos para

estes atletas.

Visto isso, nota-se que não existe metodologia específica para atletas com

deficiência física, uma vez que frequentemente depara-se com pesquisas e

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estudos feitos em atletas sem deficiência aplicadas à atletas com deficiência.

Importante seria estudar e criar padrões para estes atletas. Dessa forma, os

resultados obtidos, seja na busca de melhoria de resultados ou na qualidade

humana do atleta, seriam quanti e qualitativamente melhor.

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6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SOUSA, F.N.G.; MARIANI, M.E.; SAMULSKI, D.M. Análise do nível de estresse e da ansiedade em bailarinos e bailarinas profissionais na pré-estréia de um espetáculo de dança. Revista On-Line Unileste, 1, 2004. Disponível em: http://www.unilestemg.br/revistaonline/volumes/01/downloads/artigo_19.doc. Acesso em: 29/09/2008.

STRAPASSON, F.B.J. Fatores Psicossociais que dificultam o treinamento e competição de atletas de bocha adaptada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 12 (107), 2007. Disponível em http://www.efdeportes.com/efd107/atletas-de-bocha-adaptada.htm. Acesso em 18.11.2008. WEINBERG, R. S; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed Editora, 2008.

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7 ANEXOS

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Anexo 1

FICHA DE DADOS PSICOSSOCIAIS

0. Dados Pessoais Desporto: ________________________________________________ Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Nome: ______________________________________________ ____ Idade: ________ anos

Tipo de deficiência física: _________________________________________________________

Como adquiriu a deficiência: ( ) inata ( ) adquirida (acidente) ( ) adquirida (doença)

1. Iniciação Esportiva Com que idade você começou a praticar esporte? ______ anos

Antes ou depois de adquirir a deficiência física? (para os que adquiriram a DF): ( ) antes ( ) depois

Com que idade você começou a competir? _________ anos.

Quais esportes você já praticou? __________________________________________________________

Quais esportes você pratica atualmente? ____________________________________________________

Quem, principalmente, o motivou a praticar esportes?

( ) pais ( ) irmãos ( ) amigos ( ) professores ( ) técnicos ( ) outros

Volume do treino

Quantas vezes você treina por semana? _______ vezes.

Quantas horas por treino? __________ horas.

2. Objetivos e metas pessoais

Quais são seus objetivos e metas, principais no esporte?

1. ________________________________________________________________________

2. ________________________________________________________________________

3. ________________________________________________________________________

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Questionário de Motivação para a Prática Esportiva

Cite os principais motivos que o levaram a INICIAR a prática esportiva.

1 - ____________________________________________________________________________

2 - ____________________________________________________________________________

3 - ____________________________________________________________________________

Avalie os motivos que o mantém “HOJE” praticando esportes.

0 – Sem importância 1 – Pouca importância 2 – Importante 3 – Decisivo

Motivos que o mantém praticando Esportes 0 1 2 3

Pelo prazer na prática do esporte � � � �

Por sentir-se realizado � � � �

Para aprender novos movimentos e técnicas esportivas � � � �

Para aumentar seus conhecimentos no esporte � � � �

Para melhorar seu desempenho esportivo � � � �

Por gostar de competir � � � �

Por ter sucesso no esporte � � � �

Para conhecer meus limites � � � �

Pelo retorno financeiro � � � �

Por gostar de desafios � � � �

Para fazer amizades � � � �

Pelo status social � � � �

Ser reconhecido por outras pessoas � � � �

Aprender a cooperar com outras pessoas � � � �

Pelo incentivo da família e amigos � � � �

Para viajar, conhecer outras pessoas e lugares � � � �

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Avalie os motivos que poderiam levá-lo a ABANDONAR a prática de esportes.

0 – Sem importância 1 – Pouca importância 2 – Importante 3 - Decisivo

Motivos de abandono do Esporte 0 1 2 3

Falta de talento � � � �

Pressão de vencer (técnico\pais\outras pessoas) � � � �

Monotonia ou carga excessiva nos treinos � � � �

Falta de prazer\alegria\satisfação � � � �

Falta de tempo para outras atividades � � � �

Falta de sucesso � � � �

Falta de contatos sociais � � � �

Problemas de saúde\ lesões esportivas � � � �

Conflitos com o técnico e\ou companheiros � � � �

Conflitos com familiares � � � �

Que tipo de APOIO você recebe de sua família.

0 – Falta de apoio 1 – Pouco apoio 2 – Apoio satisfatório 3 – Muito apoio

Tipo de Apoio 0 1 2 3

Apoio financeiro � � � �

Transporte para treino � � � �

Transporte para competição � � � �

Incentivo para treinar e competir � � � �

Acompanhamento e apoio na competição � � � �

Ajuda em situações de fracasso � � � �

Apoio em situações de lesão � � � �

Apoio nos estudos � � � �

Conversas sobre problemas gerais � � � �

Acompanhamento das dietas alimentares � � � �

Compreensão pelos momentos de ausência � � � �

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O que você gosta de fazer FORA do horário de treinamento

0 – Não gosto desta atividade 1 – Gosto um pouco desta atividade

2 – Gosto satisfatoriamente desta atividade 3 - Gosto muito desta atividade

Atividades Complementares 0 1 2 3

Dormir\descansar\relaxar � � � �

Sair e conversar com os amigos � � � �

Conversar com os pais � � � �

Escutar música � � � �

Divertir-se\ir às festas � � � �

Namorar � � � �

Viajar\férias\ir à praia � � � �

Praticar outros esportes � � � �

Sair para comer\jantar � � � �

Atividades de lazer � � � �

Assistir filmes (TV\vídeo\cinema) � � � �

Estudar\ler livros\cursos\atividades intelectuais � � � �

Vídeo Games\internet\computação � � � �

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Quais fatores FACILITAM sua vida como atleta atualmente

0 – Não facilita 1 – Facilita um pouco 2 – Facilita 3 – Facilita muito

Condições e fatores 0 1 2 3

Família � � � �

Amigos � � � �

Técnico � � � �

Colégio (bolsa de estudo) � � � �

Patrocínio � � � �

Condições de treino � � � �

Força de vontade � � � �

Motivação � � � �

Saúde � � � �

Federação � � � �

Fatores físicos � � � �

Características pessoais � � � �

Não precisar trabalhar � � � �

Quais fatores DIFICULTAM sua vida como atleta atualmente

0 – Não dificulta 1- Dificulta um pouco 2 – Dificulta 3 – Dificulta muito

Condições e fatores 0 1 2 3

Família � � � �

Amigos � � � �

Técnico � � � �

Colégio (provas, trabalhos, horário, etc) � � � �

Patrocínio � � � �

Condições de treino � � � �

Excesso de treino � � � �

Desmotivação � � � �

Lesões\doenças � � � �

Transporte � � � �

Federação � � � �

Fatores físicos � � � �

Características pessoais � � � �

Necessidade de trabalhar � � � �

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Tabela de Autopercepção no Esporte Competitivo (T – APEC)

Instruções: Avalie na escala de 01 a 10 a percepção que você tem sobre cada um destes fatores

abaixo. Marque com um “x” o número apropriado na seguinte escala.

Valor 01 significa que você avalia este fator muito baixo e 10 fator muito alto.

Avaliação de... 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

Seu talento

Seu rendimento atual

Seu esforço geral

Seu nível de motivação para treinar

Grau de dificuldade no esporte

Seu nível de velocidade

Seu nível de força muscular

Seu nível de resistência

Seu nível de flexibilidade

Seu nível técnico

Seu nível tático

Seu nível de concentração

Seu nível de controle emocional

Sua capacidade de superar seus limites

Relacionamento com seu técnico

Relacionamento com seus companheiros

Relacionamento com seus familiares

Seu nível de criatividade

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Anexo 2

QUESTIONÁRIO DE ESTRESSE E ANSIEDADE (SOUSA, MARIANI, SAMULSKI, 2004).

1 – nunca 2 – raramente 3 – algumas vezes 4 – a maioria das vezes

Respostas Questões 1 2 3 4

1 - Apresenta sintomas de cansaço constante?

2 - Apresenta sintomas de irritabilidade?

3 - Apresenta perda de memória?

4 - Apresenta perda ou excesso de apetite?

5 - Apresenta insônia ou sono exagerado?

6 - Apresenta dificuldade de concentração?

7 - Apresenta algum sintoma de fobia (medo intenso e incontrolável)?

8 - Apresenta perda de criatividade?

9 - Apresenta perda de interesse sexual?

10 - Apresenta dores de cabeça?

11- Apresenta desarranjos intestinais?

12 - Sente-se com vontade de urinar com maior freqüência do que o

habitual?

13 - Fica preocupado com os erros que pode cometer durante as

competições?

14 - Sente o coração palpitar com mais intensidade antes da competição?

15 - Fica nervoso no início da competição?

16 - Gosta de competir diante de um grande público?

17 - Apresenta algum sintoma de doença?

Quais (17) _____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

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8 APÊNDICE

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Apêndice 1

TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma

pesquisa cujo objetivo é investigar fatores motivadores e

estressantes do esporte.

Sua tarefa consistirá no participação de uma

entrevista dirigida composta por dois instrumentos: um

sobre motivadores no esporte e outro sobre estressores.

Estes instrumentos serão aplicados uma única vez.

Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar

que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo

garantido o seu anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados

somente com finalidade acadêmica podendo vir a

ser publicado em revistas especializadas, porém,

como explicitado no item (a) seus dados pessoais

serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas, o que importa é

a sua opinião;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a

participar, podendo interromper sua participação a

qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar aos

pesquisadores;

e) você não terá direito a remuneração por sua

participação, ela é voluntária;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico, mas seus

resultados podem auxiliar no desenvolvimento de

novas estratégias para treinamento;

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação,

do ponto de vista ético, você poderá contatar com o

responsável por esta pesquisa.

Muito obrigado!

Pesquisador responsável: Profº. Dr. Eduardo José Legal. F. 3342-7542 r. 8084 E-mail: [email protected] Pesquisadora: Tatiana Di Pietro E-mail: [email protected] (47) 9655-1662 Curso de Psicologia da UNIVALI – CCS

R: Uruguai, 448 – bloco 25B – Sala 401.

IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO Eu ________________________________________ declaro estar ciente dos propósitos desta pesquisa e da

maneira como será realizada e no que consiste minha

participação. Diante dessas informações aceito participar da

pesquisa.

Assinatura:_______________________________

Data de nascimento: _______________________

Pesquisadores: ___________________________

Eduardo J. Legal

___________________________

Tatiana Di Pietro

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