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Universidade estadual do Sudoeste da Bahia Projeto de Extensão
Farmacocinética Aplicada a Clínica
Jequié
2016
Farmacocinética Aplicada à Farmacoterapia
Prof. Dr. Gildomar Lima Valasques Junior Farmacêutico Clínico-Industrial
Doutor em Biotecnologia
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Introdução
• Princípios da farmacocinética devem ser empregados na rotina do profissional de saúde
• Informações sobre a disposição farmacocinética devem ser empregados pra garantir uma terapia segura e efetiva de pacientes ambulatoriais e hospitalizados
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Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
• Absorção
– Fármacos que tem sua biodisponibilidade aumentada com alimentos:
• Albendazol
• Isotretinoína
• Lovastatina
• Griseofuvina
• Cetoconazol
• Itraconazol
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• Absorção – Fármacos que tem sua biodisponibilidade
diminuída com alimentos: • Fluoquinolonas
• Atenolol
• Alendronato
• Inibidores da bomba de prótons
– Fármacos que tem efeitos adversos diminuídos com o alimento • Metformina
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Distribuição
– Antihistamínicos possuem alto volume de distribuição
– Quanto maior o Vd das estatinas maior a possibilidade de causar miotoxicidade.
– Fármacos de mesma classe podem ter diferentes volumes de distribuição
• Podem ser determinantes para as reações adversas
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Clearance – Representa a quantidade de fármaco eliminada
do organismo por meio Hepático (Cl hepático) e/ou excreção urinária (Cl renal)
– Alguns fármacos podem ser eliminados inalterados na urina • Cefalexina • Atenolol • Metformina • Enalapril • Amoxicilina
– Ajuste de dose em pacientes portadores de doenças renais
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Clearance renal – A taxa de filtração glomerular é medida pelo
clearance de creatinina • Creatinina não é nem reabsorvida nem secretada
Clearance (mL/min) = (Concentração de creatinina x Volume da urina )/ Concentração de creatinina no soro
• Creatinina sérica: marcador indireto – Desidratação, hipovolemia e/ou catabolismo proteico
alteram o resultado
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Clearance hepática – Fármacos extensamente metabolizados pelo
sistema hepático não devem ser usados no tratamento de pacientes com diferentes graus de insuficiência hepática • Metoprolol
• Propranolol
• Verapramil
• Imipramina
• Diazepan
• Fluoxetina
– Ajuste de dose em insuficiência hepática
– Como se avalia a função hepática?
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Meia vida – Tempo necessário para diminuir em 50% a
concentração plasmática de um fármaco;
– Fármacos de meia vida curta não apresenta acúmulo após múltiplas doses;
– São necessários 4 a 8 meia-vidas para alcançar o estado de equilíbrio;
– Fármacos de meia vida curta, no caso de efeito de rebote, o desmame tem que ser gradual
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Meia vida
Paroxetina (T(1/2) = 15 a 22h) X Venlafaxina (T(1/2) 5h)
No segundo, a interrupção abrupta são mais sentidas que no primeiro.
• Fármacos de meia vida longa como a fluoxetina (53h), serão necessários 12 a 14 dias para alcançar o estado de equilíbrio;
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Meia vida
– Fármacos de meia vida longa e alto índice terapêutico
• Dose de ataque
• Leflunomida (200h)
– Fármacos de Baixo índice terapêutico
• Não se utiliza dose de ataque
• Índice terapêutico: Razão entre a dose máxima tolerada e a dose mínima eficaz. – Digoxina (meia vida de 39h)
– Varfarina (meia vida de 37h)
– Fenitoína
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Meia vida
– Eliminação total de fármacos de meia vida longa pode durar meses
– Em casos de intoxicação são necessárias estratégias para favorecer a eliminação
• Alcalinização da urina
• Utilização de colestiramina – Leflunomida passa de 150 para 3 dias
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Meia vida
– Vantagens de fármacos de meia vida longa
• Não há necessidade de interrupção gradual
• Não comprometimento da terapia por perda de dose – Anlodipino (Meia Vida de 50h)
» O efeito só acontecerá após 72h
– Atenolol (meia vida de 6h)
» Perda da dose compromete a terapia em poucas horas.
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Biodisponibilidade – É um processo dependente dos processos
de absorção e metabolismo hepático • Diminuição na absorção e aumento do
metabolismo diminuem a biodisponibilidade
– Fatores que influenciam na biodisponibilidade • Jejum
• Alimento – Presença de metais
– Ácidos (frutas cítricas)
– Bases (alimentos adstringentes)
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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• Biodisponibilidade
– Fatores que influenciam na biodisponibilidade
• Indutores enzimáticos
• Inibidores enzimáticos
• Fármacos lipossolúveis se beneficial com uso pós prandial – Praziquantel
– Propranolol
– hidralazina
Princípios de farmacocinética aplicados à farmacoterapia
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Farmacocinética em Pediatria
• Essa etapa da vida é marcada por rápidas mudanças fisiológicas que são acompanhadas de variações marcantes em processos farmacocinéticos – Alteração do pH gástrico
– Tempo de esvaziamento gástrico
– Motilidade Gastrointestinal
– Variações de massa muscular
– Água corporal total
– Proteínas plasmáticas
– Enzimas do metabolismo
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• Fármacos hidrossolúveis apresentam diminuição da excreção urinária em indivíduos recém-nascido
– Penicilinas
– Gentamicina
• Meia vida de: – 8h em prematuros
– 6h em recém-nascidos (1 semana)
– 3h em crianças a partir de 1 ano.
Farmacocinética em Pediatria
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• Ajuste de dose em Crianças
Farmacocinética em Pediatria
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• Paciente de 8 meses tem diagnóstico de pneumonia. Sabendo que a dose de adulto da penicilina usada para tratar pneumonia equivale a 500mg a cada 8 horas, qual a dose que a criança deve usar?
Aproximadamente 27mg
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Farmacocinética em Pediatria
• Paciente XX, 25kg precisa usar um metoclopramida. Sabendo que a dose usual de adulto equivale a 10mg a cada 8h, qual a dose a ser administrada na criança?
Aproximadamente 3,6mg
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Farmacocinética em Pediatria
• Criança de 10 anos necessita usar ibuprofeno para aliviar febre e dor de cabeça causada por uma infecção viral. Sabendo que adulto utiliza 400mg a cada 6 horas, qual a dose para a criança?
Aproximadamente 182mg
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Farmacocinética em Pediatria
• Mudanças fisiológicas em idosos predispõem a reações adversas a medicamentos: – Água corporal
– Massa muscular
– Gordura corporal
– Albumina sérica
– Massa renal
– Fluxo sanguíneo hepático
– Alteração gastrointestinal
Farmacocinética em Idosos
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• Diminuição da biodisponibilidade de fármacos ácidos – Cetoconazol
– Itraconazol
– Cinarizina
• Aumento da biodisponibilidade de fármacos com metabolismo hepático – Propranolol
– Morfina
– Nifedipino
– Verapramil
Farmacocinética em Idosos
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Farmacocinética em Idosos
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Farmacocinética na Insuficiência Renal
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Farmacocinética na Insuficiência Renal
• Função vital dos rins
– Manter a homeostase
– Excreção de resíduos metabólicos
– Síntese e liberação de renina
– Síntese e liberação de eritropoietina
– Regulação dos fluidos extracelulares
– Composição dos eletrólitos
– Equilibro acidobásico
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• Lesão aguda dos rins
– Lesão mais comum: Insuficiência Renal Aguda
• Declínio agudo da Taxa de Filtração Glomerular – Azotemia e acúmulo de resíduos de hidrogênio no
sangue
• Lesão Renal Aguda – Condição complexa que engloba desde elevação de
creatinina até anúria
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Insuficiência Renal Crônica
– Deterioração progressiva da função renal após exposição a compostos químicos a longo prazo
• Inicialmente ocorre adaptação, sobrecarregando os néfrons não comprometidos
• Desenvolvimento de glomeruloesclerose seguida de atrofia tubular e fibrose intersticial.
• Sobrecarga nos glomérulos remanescentes causam danos mecânicos e alteração da permeabilidade
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Ação de AINES e IECA alteram o balanço Constrição e Dilatação
– Inibição de prostaglandinas vasodilatadoras
– Inibição da constrição arteriolar aferente pela Angiotensina II
• Diminuição da filtração glomerular e IRA
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Lesão glomerular
– Lugar inicial de exposição química
– Ciclosporinas, anfotericina B e gentamicina diminuem a TFG
– Complexos imunes podem causar lesão
• Glomerulonefrite
• Liberação de Espécies Reativas de Oxigênio
• Substâncias químicas servem como hapteno
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Avaliação da Função Renal
– Volume da urina
• Aumento do volume e diminuição da osmolaridade indica alteração do ADH
– pH
– Composição (eletrólitos, glicose, proteína)
• Glicosúria indica alteração da reabsorção tubular
• Excreção de proteína indica lesão glomerular
– Enzimúria
• Fosfatase alcalina, lactato desidrogenase, etc.
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Avaliação do soro e da urina – A taxa de filtração glomerular é medida pelo
clearance de creatinina • Creatinina não é nem reabsorvida nem secretada
Clearance (mL/min) = (Concentração de creatinina x Volume da urina )/ Concentração de creatinina no soro
• Creatinina sérica: marcador indireto – Desidratação, hipovolemia e/ou catabolismo proteico
alteram o resultado
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Fármacos que necessitam de ajuste posológico na insuficiência renal
Ver Tabela
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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• Ajuste de Dose em Pacientes que fazem Hemodiálise
Ver Tabela
Farmacocinética na Insuficiência Renal
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Farmacocinética na Insuficiência Hepática
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Farmacocinética na Insuficiência Hepática
• Fígado: Principal órgão responsável por
biotransformação
– Maior exposição a substâncias químicas em geral
– Susceptível a disfunção hepática
– Dano celular pode levar a falência do órgão.
– Apresentam diferentes respostas a danos agudos e crônicos
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• Localização estratégica: entre o TGI e o restante do organismo
– Facilita a manutenção da homeostase metabólica
Farmacocinética na Insuficiência Hepática
Trato Gastrointestinal
Veia Porta
Circulação sistêmica
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• Primeiro órgão a ter contato com: – Nutrientes
– Vitaminas
– Metais
– Substâncias químicas em geral
– Toxicantes do meio ambiente
– Produto de metabolismo de bactérias
• As substâncias poder ser – Metabolizadas
– Armazenadas
– Excretadas via bile
Farmacocinética na Insuficiência Hepática
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• Funções do fígado e consequência de danos
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Fisiologia do fígado
• Mecanismos e tipo de danos hepáticos
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Fisiopatologia do fígado
• Morte celular
– Necrose
• Edema celular
• Quebra celular
• Desintegração nuclear
• Influxo de células inflamatórias
• Detecção a partir de análises bioquímicas (ALT e GGT)
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Fisiopatologia do fígado
• Morte celular
– Apoptose
• Diminuição do volume celular
• Fragmentação nuclear
• Formação de corpos apoptóticos
• Ausência de inflamação
• Evento celular único – Retirada de células não mais necessárias
(envelhecidas)
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Fisiopatologia do fígado
• Morte celular
– Danos induzidos por xenobióticos
• Peroxidação lipídica
• Ligação a macromolécula
• Lesão mitocondrial
• Ruptura de citoesqueleto
• Influxo maciço de cálcio
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Fisiopatologia do fígado
• Colestase canalicular
– Diminuição do volume de bile formada
– Dificuldade em secretar solutos específicos pela bile
– Característica
• Elevação dos níveis séricos de bilirrubina
– Diminuição da excreção de bilirrubina leva a acúmulo pele, olhos e urina (marrom-escura)
– Quando induzida por substâncias químicas, podem ser transitória ou crônica.
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Fisiopatologia do fígado
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Fisiopatologia do fígado
• Colestase canalicular
– A ação de causar colestase pode ser única ou múltipla
• Clorpromazina – Diminui a captação de ácidos biliares
– Diminui a contratilidade canalicular
• Estrógenos – Diminui a captação de ácidos biliares pela Na,K-
ATPase
– Reduzem o numero de transportadores de sais biliares
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Fisiopatologia do fígado
• Lesão do Ducto Biliar – Lesão intra-hepática (que transporta a bile do
fígado para o TGI) • Colestase colangiodestrutiva
– Elevação sérica da fosfatase alcalina
– Elevação de sais biliares e bilirrubina séricos
– Exposição única ao xenobiótico colangiodestrutivo • Edema do epitélio biliar
• Fragmento de células danificadas no lúmen do trato biliar
• Infiltração de células inflamatórias no trato portal
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Fisiopatologia do fígado
• Lesão do Ducto Biliar
– Exposição crônica ao agente colangiodestrutivo
• Fibrose semelhante à cirrose
“Pacientes submetidos à antibioticoterapia podem apresentar uma condição rara
denominada síndrome do desaparecimento de ductos biliares”
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Fisiopatologia do fígado
• Dano sinusoidal
– Sinusoides
• Canais entre os hepatócitos por onde o sangue passa através do fígado – Obstrução causa acúmulo de sangue no órgão
– Pode ocorrer ruptura dos canais
» Ocasionado por alguns alcaloides
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Fisiopatologia do fígado
• Esteatose hepática – Armazenamento de lipídeos nos
hepatócitos – Ocorre por distúrbios do metabolismo de
lipídeos – Xenobióticos podem influenciar de maneira
reversível e não provoca morde dos hepatócitos • Etanol é um dos principais responsáveis
– Inúmeras condições clínicas está associado ao acúmulo de lipídeos no fígado • Obesidade • Resistência à insulina
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Fisiopatologia do fígado
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Fisiopatologia do fígado
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• Fibrose e cirrose
– Fibrose:
• Acúmulo de grande quantidade de fibra colágenas em resposta a uma inflamação ou dano direto
• Exposições crônicas à substâncias químicas podem causar lesão hepática que as células são substituídas por tecido fibroso cicatricial.
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Fisiopatologia do fígado
• Fibrose e cirrose
– Cirrose
• Presença de tecido fibroso rodeado de nódulos de hepatócitos em regeneração
• Fígado passa a ter capacidade mínima de realizar funções essenciais
• Processo irreversível e de prognóstico ruim
• Ocasionado por repetições sucessivas à substâncias químicas.
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Fisiopatologia do fígado
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Fisiopatologia do fígado
• Tumores
– Neoplasia induzida químicamente
• Hepatócitos
• Ducto biliar
• Angiosarcomas em células sinusóides
• Associados a uso de andrógenos e alimentos ricos em aflatoxinas.
• Associados ao uso de contraste radiológico – Torotrast (dióxido de tório radioativo)
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Fisiopatologia do fígado
• Danos hepáticos induzidos por xenobióticos
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Fisiopatologia do fígado
• Danos hepáticos induzidos por xenobióticos – Tecido hepático possui tropismo para
muitos toxicantes • Localização
• Processos especializados
• Elevada capacidade de biotransformação
– Sistemas experimentais para avaliar dano hepático • Cultura de células (in vitro)
• Modelos animais – Animais nocauteados
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Fisiopatologia do fígado
• Ajuste de dose na Insuficiência hepática – Achados laboratoriais
• Bilirrubina
• Proteína Sérica
• Tempo de protombina
– Fármacos hepatotóxicos • Diminuem as enzimas CYP-450
• Diminuem o clearance hepático
• Aumentam a meia vida
Farmacocinética na Insuficiência Hepática
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• Fármacos de extração hepática
– Baixa
– Alta
Farmacocinética na Insuficiência Hepática
Ácido valpróico Carbamazepina
Diazepam Fenitoína Vafarina
Propranolol
Morfina Lindocaína
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• Condições clínicas de alteração da Farmacocinética:
– Ascite
– Edema
– Cirrose hepática
– Hipoalbuminemia
Farmacocinética na Insuficiência Hepática
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