família e educação na perspectiva dos direitos fundamentais, por fernando adão da fonseca

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  • 8/3/2019 Famlia e Educao na Perspectiva dos Direitos Fundamentais, por Fernando Ado da Fonseca

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    Famlia e Educao na Perspectiva

    dos Direitos FundamentaisFernando Ado da Fonseca

    Maio de 2004

    I. Centralidade da famlia na educao

    Diz o texto de introduo a este seminrio ser inquestionvel que os pais tm um papel

    insubstituvel e determinante na educao dos seus filhos. Uma das vertentes mais

    importantes deste papel tem a ver com o quadro de valores que todos ns permanentementenecessitamos, como bssola de orientao das nossas opes. Ora, sabido que uma

    bssola de orientao precisa de um norte de referncia inicial. Por outras palavras, o

    desenvolvimento da personalidade das crianas e dos jovens em ordem formao de

    homens livres e responsveis, e com sentido de fraternidade e de participao solidria,

    precisa de um padro valorativo original, a partir do qual possam, depois, vir a fazer o

    contraste racional com outros cdigos e normas de conduta, aceitando-os ou rejeitando-os,

    no permanente processo de integrao na sociedade. A falta de um padro original de

    medida deixa-os sem ncora para as suas referncias e rfos de sentido de pertena, sem

    defesas perante as presses culturais exteriores, desprovidos de horizontes e esvaziados

    de sentido pessoal de vida. O vazio , ento, preenchido pelo relativismo e o sentido doimediato, sem projectos de longo prazo e incapazes de assumirem compromissos

    incondicionais.

    A evidncia mostra ser a famlia quem oferece o melhor quadro emocional e moral para uma

    criana ou jovem adquirir esse padro de referncia original. Claro que no a famlia

    sozinha que sustenta esse padro original e muito menos os conhecimentos e

    competncias exigidos pelas sociedades modernas. Especificamente em relao ao padro

    valorativo original, este resulta de diversos contributos e influncias de muitos lados, em que

    a televiso e o exemplo dos adultos e dos jovens mais velhos so dos mais preponderantes.

    Mas acima de todos eles est (ou deve estar) certamente a escola, enquanto instituioespecializada ao servio da educao, que realizar tanto melhor a sua funo educativa

    quanto mais perfeita for a cooperao entre ela e a famlia de cada criana ou jovem.

    Esta complementaridade entre famlia e escola s poder funcionar bem se os pais e os

    professores partilharem a responsabilidade sobre a educao a dar a cada criana ou

    jovem. Ora, um primeiro passo para desresponsabilizar os pais pela educao dos filhos

    1 Texto de suporte apresentao feita no Seminrio Famlia e Educao: Que relao para o

    futuro?, realizado pelo Conselho Nacional de Educao, no dia 27 de Maio de 2004, por ocasio do

    dcimo aniversrio do Ano Internacional da Famlia.

    2 Presidente do Frum para a Liberdade de Educao.

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    dado quando se lhes retira a liberdade de escolher a escola que dever cooperar com eles

    nessa educao. No deixar os pais escolherem a escola incentiv-los a sentirem que as

    suas responsabilidades de pais cessam entrada do porto da escola. Tambm no

    possvel responsabilizar os professores pela educao dos seus alunos quando se lhes

    impe um colete de foras curricular, pedaggico e at moral, que os subjuga, no lhes

    dando espao para apresentarem ofertas de educao alternativas em que acreditem

    sem prejuzo do necessrio cumprimento dos requisitos bsicos do ensino. Se os

    professores so obrigados a trabalhar em escolas com as quais eles ou os pais no se

    identifiquem mutuamente, as suas responsabilidades de educadores ficam refns dentro do

    porto da escola e torna-se difcil ou mesmo impossvel a cooperao e solidariedade entre

    a famlia e os professores.

    O sistema educativo no pode ser um sistema deseducativo dos pais e dos professores.

    Pelo contrrio, tem de contribuir para que famlias e escolas no possam fugir facilmente s

    suas responsabilidade. Em particular, tem de reforar claramente o papel dos pais e dos

    professores no esquecendo a primazia daqueles induzindo neles o dever de

    cooperarem na educao das crianas e dos jovens sua responsabilidade e alertando-os

    para o grave erro que cometem quando transferem para outros muitas vezes sabe-se l

    quem a deciso sobre o padro valorativo original a ser-lhes proposto. Mas, para que tal

    seja possvel, necessrio que os pais possam optar pela escola cujo projecto educativo

    seja consistente com o padro valorativo original transmitido na famlia. Tambm

    necessrio que os professores possam criar (ou aderir a) projectos educativos, em que

    acreditem, que os pais podero ou no escolher. Isto , tem de existir liberdade de aprender

    e de ensinar.

    II. Educao, direitos fundamentais e Estado

    Garantia

    Todas as declaraes sobre os direitos humanos e a prpria Constituio da Repblica

    Portuguesa consagram a centralidade da famlia na educao como um direito e garantia

    fundamental dos cidados.

    Em concreto, a Constituio da Repblica Portuguesa estabelece ter o Estado a obrigao

    de assegurar a liberdade de aprender e de ensinar a TODOS. Na prtica isso significa

    garantir a TODOS o direito de optarem sem quaisquer constrangimentos, nomeadamente de

    natureza econmica, pelo projecto educativo que desejam para os seus filhos ou para si

    prprios, sendo o ensino bsico universal, obrigatrio e gratuito (cf. artigos 43. e 74.).

    Note-se que garantir uma liberdade de escolher a TODOS equivalente a garantir a

    igualdade de oportunidades no acesso a essa liberdade. Por isso, na prtica, so as famlias

    com menores recursos econmicos que tm de estar na primeira linha da obrigao do

    Estado de assegurar a liberdade de educao a todos os cidados.

    Sendo a nossa Constituio Poltica inspirada na luta pelas liberdades e garantias dos

    cidados, no admira que reforce estes valores, afirmando (cf. artigo 16.) que os direitos

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    fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declarao

    Universal dos Direitos do Homem, sendo que esta estipula que "aos pais pertence a

    prioridade do direito de escolher o gnero de educao a dar aos filhos .

    Alis, quando lemos o prembulo da Declarao Universal dos Direitos do Homem, escrita

    em 1948, no rescaldo de actos de barbrie que revoltaram a conscincia da Humanidade,

    percebemos bem porque que naquele momento era to claro ser a Famlia um baluarte

    essencial daquilo que o fundamento da liberdade, da justia e da paz no mundo:

    referimo-nos aos direitos fundamentais de todo o homem, entre os quais est a liberdade de

    educao.

    Os longos anos de paz que temos vindo a desfrutar desde meados do sculo passado no

    podem fazer-nos esquecer que s o combate permanente pelos valores consagrados na

    Declarao Universal dos Direitos do Homem nos permitir ter esperana na no repetio

    dos enormes sofrimentos que caracterizaram o sculo XX. Para isso, necessrio que o

    Estado no se afaste da sua razo de ser, que a de garantir os direitos fundamentais de

    todos os cidados e das liberdades que lhes esto subjacentes.

    Reconhecemos que o Estado, na incessante busca de formas de garantir o exerccio das

    liberdades fundamentais pelos cidados e, portanto, da promoo do bem comum, tem tido

    diversas formas de se organizar ao longo dos tempos. Nesse sentido, o Estado Social da

    segunda metade do sculo XX representou, sem dvida, um avano assinalvel sobre o

    Estado Liberal do sculo XIX, tendo nascido da conscincia do valor da solidariedade como

    exigncia da igualdade de todos os cidados no exerccio das liberdades fundamentais.

    Mas, ao reservar para a si o papel primordial, atribuindo um carcter meramente supletivo

    aos corpos sociais intermdios, tornou muitas vezes difcil compatibilizar a igualdade com a

    liberdade, e o interesse colectivo com a iniciativa individual, ao mesmo tempo que

    desresponsabilizou o cidado e enfraqueceu a consolidao de uma cultura de rigor, de

    exigncia e de s concorrncia na sociedade. O resultado foi um Estado Social

    frequentemente cativo de interesses corporativos e individuais, habituados a viver custa

    dos impostos que todos pagamos, com relevo para os que se deixam seduzir pelo

    proteccionismo e pelos favores do Estado e para alguns grupos de interesses retrgrados

    que fazem o jogo dos inimigos da liberdade.

    Perante as novas realidades e a experincia adquirida, necessrio restaurar os valoreshumanistas que estiveram na origem do Estado Social, em ordem a um Estado do sculo

    XXI que seja realmente garante dos direitos fundamentais de todos os cidados. Este

    Estado Social do sculo XXI um Estado Garantia, na medida em que deixa claro ser sua

    razo de ser a de garantir sem hesitaes as liberdades concretas que esto subjacentes a

    todos os direitos fundamentais do ser humano. E, sendo de todos, tambm o garante de

    uma verdadeira e efectiva igualdade de oportunidades, no sentido de igualdade de acesso

    aos direitos fundamentais.

    Num Estado Garantia assim definido, sempre que o exerccio de um determinado direito

    3 Art. 26. da Declarao Universal dos Direitos do Homem.

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    fundamental exigir a utilizao de um mnimo de recursos econmicos sendo, por isso, umdireito social o Estado obriga-se a financiar quem no tiver esse mnimo, garantido assim aigualdade de oportunidades no acesso liberdade concreta que protegida por esse direitofundamental .

    III. Frum para a Liberdade de Educao

    Os objectivos do Frum para a Liberdade de Educao inserem-se nesta lgica de garantiados direitos fundamentais, nascendo da juno de esforos de um leque diversificado decidados preocupados com a grave situao da educao e do ensino em Portugal e, muitoespecialmente, com a falta de uma cultura slida de liberdade e de responsabilidade nageneralidade dos pais, dos professores e at dos responsveis mximos de sucessivosMinistrios da Educao. Todavia, o decisivo impulso da sua criao veio do primeiroencontro sob o tema, que organizmos na Fundao Gulbenkian, em Lisboa, no dia 16 deNovembro de 2002. Espervamos duas a trs centenas de participantes no mximo, masapareceram cerca de um milhar de pessoas, vindas de todo o pas, interessadas em reflectirsobre como conseguir assegurar aos alunos e aos professores uma autntica liberdade deaprender e ensinar. A partir da, o nosso esforo tem sido orientado para encontrar respostas para trs perguntas:

    Porque que a liberdade de educao uma exigncia da dignidade humana e umdireito consagrado na Constituio da Repblica Portuguesa e na DeclaraoUniversal dos Direitos do Homem, e, todavia, a prtica executiva dos diferentesgovernos no assegura a igualdade de oportunidades no acesso a esse direito aTODOS os portugueses?

    Porque que a liberdade de educao obviamente regulada pelo Estado de formaa garantir o seu acesso a todos e a competio saudvel entre todas as escolas queprestem o servio pblico de educao faz aumentar a qualidade da educao aomesmo tempo que baixa substancialmente o seu custo e, todavia, os sucessivosGovernos mostram-se incapazes de a instituir na prtica?

    O que fazer para que a liberdade de educao para TODOS seja rapidamente umarealidade em Portugal?

    Assim nasceu um espao de reflexo e comunicao de ideias sobre a liberdade de

    aprender e ensinar, alertando para as questes concretas num esprito de abertura a todasas vias que possibilitem a rpida prossecuo deste objectivo civilizacional consagrado naDeclarao Universal dos Direitos do Homem.

    A principal barricada atrs da qual se ocultam os inimigos da liberdade, a partir da qual

    4 importante ser-se rigoroso na identificao das duas dimenses dos direitos sociais: a dimenso daliberdade, que objecto do direito em causa, e a dimenso social, que instrumental a esse objecto.No caso do direito de educao, a dimenso da liberdade consagrada no artigo 43. da ConstituioPortuguesa compreende a liberdade de aprender e de ensinar e, portanto, tambm de escolha da

    escola. A dimenso social consagrada nos artigos 73. e 74. da Constituio Portuguesa garante oacesso educao no sentido de possibilitar aos cidados o exerccio da liberdade de educao emigualdade de oportunidades ou seja em igualdade de liberdade de escolha.

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    lanam os seus ataques igualdade de oportunidades no exerccio dos direitosfundamentais na educao, o n. 1 do Artigo 75. da nossa Constituio Poltica, de queO Estado criar uma rede de estabelecimentos pblicos que cubra as necessidades detoda a populao. Mas a verdade que este artigo apenas diz que todo o cidado devepoder ter acesso a uma escola pblica na rea da sua vizinhana. No diz nem poderia

    dizer, sob pena de contrariar o direito fundamental da liberdade de educao que, quandohouver uma escola pblica na rea da sua vizinhana, ele deve ser obrigado a frequentaraquela e que no pode escolher outra escola pblica ou uma escola privada (se houvervagas, obviamente, dado que as crianas da vizinhana devem ter prioridade). Claro quepoder acontecer aquela escola no ser escolhida por alunos suficientes e a escola deixarde se justificar. Como bvio, a oferta educativa faz-se em funo das necessidades e noao contrrio. Ora, as necessidades relevantes so as dos alunos e no as das escolas, dosseus proprietrios ou dos professores. Fazer o contrrio esmagar a liberdade doscidados, tornando-os servos de um senhor feudal, detentor do monoplio de um bemessencial como a educao .

    Sabamos que a cultura dominante sobre educao em Portugal ainda enche o pensamentode muitos cidados de fantasmas e mitos sobre o que a liberdade de educao, pelo o queteramos de pacientemente tentar explicar que o nosso combate nada tinha a ver com osfantasmas e mitos que os perseguem. Por isso, temos, desde o primeiro momento,procurado deixar bem claro quatro orientaes fundamentais:

    1. A primeira orientao fundamental a de que o Frum no perspectiva a liberdade deeducao como uma reivindicao de quaisquer interesses especficos, mesmo quelegtimos. Em particular, consideramos no ter cabimento quaisquer discriminaesentre escolas com base na sua titularidade estatal ou privada, pois o valor do servioprestado por uma escola no varia em funo da sua titularidade, mas sim, e apenas,do servio que efectivamente prestado. Para ns, s tem sentido distinguir entredois tipos de escolas.

    a. Um primeiro tipo constitudo pelas escolas que prestam o servio pblico deeducao, estando, por isso, abertas a todos os cidados de acordo comcertas regras mnimas de seleco e de gratuitidade. A gratuitidade,suportada pelo Estado, dever ser estabelecida de forma que o pagamentopor aluno seja exactamente o mesmo, quer a escola seja dele ou no . Esse

    5 Vale a pena recordar o artigo 30 com que termina a Declarao Universal dos Direitos Humanos:Nenhuma disposio da presente Declarao pode ser interpretada de maneira a envolver paraqualquer Estado, agrupamento ou indivduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticaralgum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.6 Para alm da generalidade das escolas do Estado (na suposio de que cumprem os requisitos doservio pblico de educao, o que nem sempre verdade), o melhor exemplo existente em Portugal eem muitos outros pases o das escolas com contratos de associao, nos termos definidos no artigo16 do decreto-lei n. 553/80 de 31 de Novembro (Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo), segundoo qual os contratos de associao tm por fim possibilitar a frequncia das escolas particulares nasmesmas condies de gratuitidade do ensino pblico (n.2 do artigo 14) e obrigam as escolas a dar

    preferncia aos que pertencerem ao mesmo agregado familiar, aos residentes da rea e aos de menoridade, por esta ordem de preferncia (artigo 16). , todavia, urgente revogar os n. 1 do artigo 12 e n.1 do artigo 14, pois cavam uma trincheira legal na qual se apoiam alguns inimigos da liberdade para

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    montanteper capita dever, obviamente, cobrir todos os custos relevantes daescola definida como padro mdio, incluindo as amortizaes e aremunerao de capital investido. Dever tambm ser igual para todos osalunos, dependendo apenas dos custos reais da educao em cada nvel deensino e de outros factores, designadamente de ordem geogrfica e urbana,

    que possam afectar os custos dos inputs .b. Um segundo tipo constitudo pelas escolas que embora cumprindo os

    contedos educativos mnimos obrigatrios a nvel nacional pretendem umamaior autonomia de seleco de alunos e de estrutura curricular ou dedefinio dos valores das propinas muito para alm do valor suportado peloEstado. semelhana do que acontece por exemplo com os transportes, queso designados por pblicos quando prestam um servio pblico, o Frumdefende que as escolas estatais e privadas que prestam o servio pblico deeducao sejam designadas porescolas pblicas e as restantes porescolasindependentes .

    2. A segunda orientao fundamental a de que a nossa primeira preocupao tem deestar nos cidados mais carenciados de meios econmicos, pois a eles que oactual sistema educativo nega totalmente a dimenso da liberdade que o direito deeducao protege. Nega-lhes a dimenso da liberdade porque lhes nega oinstrumento dessa liberdade, que so os recursos econmicos que possibilitam oseu exerccio. Nega-lhes, em resumo, a igualdade de liberdade de escolha, isto , aigualdade de oportunidades. No negamos, como evidente, iguais direitos para oscidados para quem os recursos econmicos no so uma restrio ao plenoexerccio do direito de educao. Mas a natureza do combate pela liberdade que nosmove mais clara quando focalizamos a nossa ateno nos que no possuem osrecursos econmicos que possibilitam o exerccio da liberdade de educao.

    3. A terceira orientao fundamental a de que to importante como a liberdade deescolha da escola o princpio da liberdade curricular, sem necessidade de controloprvio do Estado, desde que essencial no esquecer satisfaam os requisitosque estejam definidos a nvel nacional para cada nvel e tipo de ensino, no mbito dafuno reguladora do Estado. Este princpio da liberdade curricular fundamental porduas razes. Primeiro, porque uma exigncia do bem comum, como facilmente sepercebe ao aplicarmos o princpio da subsidiariedade ao papel do Estado nadefinio de currculos obrigatrios. Segundo, porque s ele permite que as escolas

    e os seus professores possam ter a liberdade (e a correspondenteresponsabilizao) de oferecer projectos educativos em que acreditem e pelos quaisos alunos possam optar.

    tentarem acabar com estes contratos.7 No incluir as amortizaes e a remunerao do capital investido criar barreiras entrada de novasescolas e, portanto, dificulta a concorrncia e a inovao e favorece o desenvolvimento de uma culturade subsdio e de passerelle junto dos rgos a quem compete decidir a atribuio dos apoios esubsdios para investimento.8 Trata-se de consolidar a distino entre o que pblico, no sentido de estar ao servio dacomunidade, e o que estatal, no sentido de ser de iniciativa do poder poltico, nos seus vrios nveis.

    Note-se que uma escola estatal pode ser uma escola dita independente. O exemplo paradigmtico deuma escola estatal independente e de grande valia no panorama de ensino portugus o ColgioMilitar.

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    4. A quarta orientao fundamental a de ser necessrio separar as funes doEstado enquanto garante da igualdade no exerccio na liberdade de educao, deacordo com o princpio da subsidiariedade, das funes do Estado enquantoaccionista das escolas estatais . H vrias solues possveis. Uma possibilidade a transferncia das escolas do Estado para um ou mais Institutos Pblicos

    autnomos, incluindo a titularidade de todos os activos (edifcios, equipamentos, etc.)e dos contratos com os professores e outros colaboradores.

    Todos somos poucos para que a nossa gerao seja respeitada pelas geraes vindouras.No nosso stio na Internet - www.liberdade-educacao.org - explicamos em maior detalhe oque tem sido o nosso combate civilizacional pela liberdade de educao. Sem estaliberdade, o servio pblico de educao no estar verdadeiramente democratizado. Nohaver igualdade de oportunidades. Portugal ser um pas irremediavelmente atrasado, ondesero os mais fracos a mais sofrer. Os inimigos da liberdade no iro, certamente, lutarcontra os equvocos que perduram no nosso sistema educativo.

    9 , alias, o que nos diz o senso comum, quando percebemos que ningum bom juiz em causaprpria ou quando o fornecedor de um bem ou servio no deve fazer parte do rgo que tem deescolher entre concorrentes. Por isso, as escolas do Estado no devem ser geridas pelo Ministrio da

    Educao, dado que ele que define as caractersticas que o ensino deve obedecer. O Ministrio deveestar equidistante de todos.10 Entretanto alterado para http://www.fle.pt/.

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