faculdade de farmácia da universidade do porto · o relatório de estágio é um documento onde...
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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto i
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto i
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Pereira da Silva
janeiro de 2016 a julho de 2016
Luís Pedro Coelho Fernandes
Orientadora: Dra. Anabela Lemos Esteves Pereira da Silva
______________________________________________________
Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria da Glória Correia da Silva Queiroz
______________________________________________________
Setembro de 2016
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto ii
Declaração de Integridade
Eu, Luís Pedro Coelho Fernandes, abaixo assinado, nº 201103729, aluno do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na
elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,
mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual
ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos
anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com
novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, __ de __________ de ____
Assinatura: ______________________________________
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Agradecimentos
Queria começar por agradecer a toda a minha família e amigos por apoio psicológico e
moral, sem eles tudo seria mais difícil.
Deixo também um agradecimento imenso a todos os meus colegas pelos
ensinamentos e paciência ao longo dos 6 meses do meu estágio, foi um grupo de
trabalho simpático, coeso e maravilhoso que eu encontrei e deixo boas recordações e
amizades após esta etapa da minha vida.
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Resumo
O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os
projetos desenvolvidos durante o meu estagiário em farmácia comunitária.
A farmácia comunitária é um estabelecimento de saúde importantíssimo, onde
recorrentemente o utente se desloca em primeira instância quando se sente mal ou
doente.
Durante este relatório vão ser inicialmente descritas todas as atividades realizadas no
dia-a-dia na farmácia comunitária, desde o armazenamento de encomendas, gestão
da farmácia até ao tão importante aconselhamento farmacêutico.
Na segunda parte, serão abordados tópicos como os suplementos na depressão e
outras doenças do foro mental, assim como suplementação na Diabetes mellitus tipo 2
e hipertensão. Foi feita uma pesquisa bibliográfica exaustiva sobre os nutrientes mais
usados e eficazes nestas doenças, sendo depois transmitido o essencial aos colegas
de trabalho.
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Abreviaturas
GABA Ácido gama-aminobutírico
INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.
MNSRM Medicamento não sujeito a receita médica
MSRM Medicamento sujeito a receita médica
SNS Serviço nacional de saúde
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Índice
Parte I – Atividades do dia-a-dia desenvolvidas durante o estágio…………...…….1
Agradecimentos ........................................................................................................................... iii
Resumo ..........................................................................................................................................iv
Abreviaturas .................................................................................................................................. v
Índice de figuras ............................................................................................................................ ix
Índice de tabelas ........................................................................................................................... ix
PARTE I – ATIVIDADES DO DIA-A-DIA DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ................................................. 1
1.Introdução .................................................................................................................................. 1
2. Apresentação da farmácia Pereira da Silva ............................................................................... 2
3. Recursos Humanos .................................................................................................................... 2
4. Instalações ................................................................................................................................. 3
4.1 Espaço Externo .................................................................................................................... 3
4.2 Espaço Interno ..................................................................................................................... 3
4.3 Caracterização da população .................................................................................................. 4
5. Administração e gestão da farmácia ......................................................................................... 4
5.1 Gestão de stocks.................................................................................................................. 5
5.2 Encomendas de produtos farmacêuticos ............................................................................ 5
5.3 Conferência de encomendas ............................................................................................... 7
5.4 Marcação de preços ............................................................................................................ 8
5.5 Armazenamento .................................................................................................................. 8
5.6 Verificação de prazos de validade ....................................................................................... 9
5.7 Devoluções e regularizações ............................................................................................. 10
5.8 Processamento do receituário .......................................................................................... 10
6. Classificação dos produtos farmacêuticos .............................................................................. 11
6.1 Medicamentos sujeitos a receita médica.......................................................................... 11
6.2 Medicamentos psicotrópicos ............................................................................................ 13
6.3 Medicamentos não sujeitos a receita médica................................................................... 13
6.4 Medicamentos manipulados ............................................................................................. 13
6.5 Medicamentos homeopáticos e produto farmacêuticos homeopáticos .......................... 14
6.6 Produtos dietéticos e para alimentação especial ............................................................. 14
6.7 Produtos fitoterapêuticos ................................................................................................. 14
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6.8 Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos ................................................................... 15
6.9 Medicamentos veterinários .............................................................................................. 15
6.10 Dispositivos médicos ....................................................................................................... 15
7. Outros serviços da farmácia Pereira da Silva .......................................................................... 16
7.1 Determinação da pressão arterial ..................................................................................... 16
7.2 Determinação da altura peso e índice de massa corporal ................................................ 16
7.3 Determinação do colesterol, glicémia e triglicerídeos ...................................................... 17
7.4 Optometria ........................................................................................................................ 17
7.5 Aconselhamento nutricional ............................................................................................. 17
8. VALORMED® ........................................................................................................................ 18
9. Marketing ............................................................................................................................ 18
10. Aconselhamento farmacêutico ............................................................................................. 19
PARTE 2 - TEMAS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO ESTÁGIO ................................................................... 21
TEMA - SUPLEMENTAÇÃO EM DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS E METABÓLICAS ...................................... 21
1. Contextualização ..................................................................................................................... 21
2. Suplementos para Doentes com Depressão e Doença de Alzheimer ..................................... 22
2.1 Ácido fólico e vitamina B12 ............................................................................................... 22
2.2 Omega 3 ............................................................................................................................ 23
2.3 Ginkgo biloba .................................................................................................................... 25
2.4 Ginseng .............................................................................................................................. 25
2.5 Vitamina D ......................................................................................................................... 26
2.6 Taurina .............................................................................................................................. 27
2.7 Probióticos ........................................................................................................................ 28
2.8 Outros nutrientes para doentes com doenças neurodegenerativa .................................. 28
3. Suplementos para Doentes com Diabetes mellitus Tipo 2 ..................................................... 29
3.1 Introdução ......................................................................................................................... 29
3.2 Zinco .................................................................................................................................. 30
3.3 Crómio ............................................................................................................................... 31
3.4 Outros nutrientes na Diabetes mellitus tipo 2 .................................................................. 32
4. Suplementos para Doentes com Hipertensão ........................................................................ 32
4.1 Introdução ......................................................................................................................... 32
4.2 Magnésio ........................................................................................................................... 33
4.3 Potássio ............................................................................................................................. 34
4.4 L-arginina ........................................................................................................................... 34
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4.5 Cálcio ................................................................................................................................. 35
4.6 Outros nutrientes na hipertensão ..................................................................................... 36
5. Conclusão ................................................................................................................................ 36
Bibliografia .................................................................................................................................. 37
Anexos ......................................................................................................................................... 40
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Índice de figuras
Figura 1. Ciclo do ácido fólico .............................................................................................. 23
Figura 2. Estrutura química do DHA e EPA respetivamente ........................................... 24
Figura 3. Efeitos benéficos dos Omega 3 no organismo humano .................................. 24
Figura 4. Esquematização da interação entre Vitamina D e a PTH, com os seus
efeitos no organismo. ............................................................................................................. 27
Figura 5. Fatores de risco para desenvolvimento da diabetes tipo 2 ............................. 29
Figura 6 Diferenças entre individuo saudável e com diabetes tipo 2 com ou sem
tratamento ................................................................................................................................. 30
Figura 7. Interação do Zinco com os hexâmeros de insulina .......................................... 31
Figura 8. Interação do crómio com os recetores de insulina. .......................................... 32
Figura 9. fatores de risco para a hipertensão .................................................................... 33
Figura 10. Ativação da L-arginina e a produção de óxido nítrico resultando em
vasodilatação dependente do endotélio. ............................................................................. 35
Índice de tabelas Tabela 1. Cronograma de atividades realizadas na farmácia Pereira da Silva ............. 2
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PARTE I – ATIVIDADES DO DIA-A-DIA DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO
1.Introdução
A última etapa do curso Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
consiste na realização de um estágio com duração de 6 meses. O estágio pode ser
dividido em farmácia comunitária, hospitalar ou, recentemente adicionado, estágio
investigação. No entanto existe uma obrigatoriedade de 3 meses do estágio ser
realizado em ambiente comunitário, devido à sua importância no futuro como
farmacêutico.
Foi do meu objetivo aproveitar ao máximo o tempo em farmácia comunitária,
tendo escolhido passar os 6 meses de estágio na Farmácia Pereira da Silva, em
Moreira de Cónegos. A importância desta escolha foi importante, uma vez que a
farmácia comunitária exige aptidões tanto científicas como pessoais e sociais,
obviamente estando todas ligadas a um bom profissionalismo. As aptidões científicas
foram adquiridas ao longo de 9 semestres na Faculdade de Farmácia da Universidade
do Porto, chegando então à altura de testar a teoria na prática, através do
aconselhamento farmacêutico à população. Quanto às aptidões pessoais e sociais
foram sendo desenvolvidas ao longo do estágio através de um diálogo permanente
com os profissionais da farmácia e com os utentes, de modo passar a mensagem
adquirida pelo conhecimento científico de forma adequada.
Esta fase final do curso representa uma etapa fundamental para a formação de
um farmacêutico na mediada em que adquire competências que lhe permitem
solucionar os problemas de saúde de cada utente, através de uma comunicação clara
dos benefícios e efeitos secundários de produtos farmacêuticos, alertando a
população para atitudes de risco e promovendo e desta forma contribuir para a
melhoria da sua saúde. No entanto o trabalho não fica por aqui, sendo importante
manter os conteúdos científicos aprendidos em mente, continuando a progredir como
profissionais lado a lado com os conhecimentos científicos que estão constante a ser
atualizados.
Neste relatório irei descrever as minhas experiências no dia-a-dia da farmácia
Pereira da Silva, descrevendo todos os passos importantes da minha formação ao
longo destes 6 meses, desde o armazenamento de medicamentos ao aconselhamento
farmacêutico, projetos desenvolvidos a população utilizadora do espaço (Tabela 1).
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Tabela 1 Cronograma de atividades realizadas na farmácia Pereira da Silva.
Atividades 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês
Armazenamento X X X X X X
Receção de encomendas X X X X X X
Processamento de receituário X X X X X X
Realização de encomendas X X X X
Aconselhamento farmacêutico X X X X
Outros serviços farmacêuticos X X X X
Controlo de prazos de validade X X X
Durante o meu estágio assisti a 1 formação sobre suplementos da Bioativo da
empresa Pharma Nord. A formação foi dada pela farmacêutica Inês Veiga, no dia 27
de Abril de 2016 no Hotel Holiday Inn Gaia em Vila nova de Gaia. A formação teve
uma duração de aproximadamente 3h, tendo contribuído para o enriquecimento do
meu conhecimento e consequentemente dos projetos realizados no âmbito do meu
estágio curricular.
2. Apresentação da farmácia Pereira da Silva
A farmácia Pereira da Silva situa-se na Rua Dona Laurinda Ferreira de
Magalhães nº15, Moreira de Cónegos localizada no concelho de Guimarães.
Encontra-se instalada no centro da vila, tendo nas imediações um centro de saúde,
clinicas de análises, uma igreja, vários cafés e estabelecimentos comerciais.
Existem 2 horários de funcionamento, de segunda-feira a sábado a farmácia encontra-
se aberta das 9h-21h sem interrupções, e ao domingo e feriados encontra-se aberta
das 9h às 12h.
O meu horário foi estabelecido com consentimento da Diretora Técnica, ficando de
serviço das 9h às 12h e das 13h às 18h, correspondendo às 8horas diárias.
Este horário foi de encontro às necessidades da farmácia, a nível das horas de almoço
dos restantes funcionários, e a nível pessoal.
3. Recursos Humanos
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O grupo de profissionais da Farmácia Pereira da Silva é constituído por 4
auxiliares de farmácia, Nelson Almeida, Joel Almeida, Vânia Almeida e Patrícia
Ferreira, 1 técnico de farmácia, Sr. Pereira e pela farmacêutica Diretora Técnica
Anabela Pereira da Silva.
4. Instalações
4.1 Espaço Externo
O espaço externo é composto por um estacionamento em frente ao acesso
único da farmácia, contendo uma rampa de acesso para pessoas com dificuldades de
mobilidade. Encontra-se ao nível da estrada um sinal luminoso com a cruz verde
identificadora de farmácia, com diversas informações em rodagem, tais como serviços
prestados na farmácia e mensagens elucidativas a épocas festivas. Na entrada da
farmácia encontra-se afixado o nome da farmácia assim como incluído o nome da
Diretora Técnica.
Ao aproximarmo-nos da entrada podemos ver montras expositoras de produtos
escolhidos pela farmácia, com o objetivo de cativar o cliente com promoções,
demonstrar produtos de sazonalidade ao cliente, como por exemplo protetores solares
no tempo de verão, ou serviços prestados pela farmácia, como é o caso da Dieta
Easyslim. Nas montras, encontra-se afixado o horário de funcionamento da farmácia
bem como o nome e as funções de todo o staff que trabalha na farmácia.
4.2 Espaço Interno
O espaço interno é composto por 7 importantes áreas, o atendimento ao
público, uma área multifuncional, um laboratório, umas instalações sanitárias, um
gabinete de atendimento personalizado, um local de armazenamento e o escritório da
Direção Técnica.
O atendimento ao público é um espaço amplo, composto por 4 balcões e vários
expositores, onde se processam as transições de produtos farmacêuticos aos clientes,
sendo feito o aconselhamento farmacêutico e aviamento de receitas. Os balcões
contem um computador, um leitor de códigos, uma impressora, uma gaveta para
guardar receitas aviadas e ocasionalmente produtos em promoção, ou produtos
novos.
O resto do espaço é constituído por diversos expositores de produtos como
medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), produtos de dermocosmética,
produtos de higiene oral, suplementos vitamínicos, produtos dietéticos, leites e
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farinhas para recém-nascidos e bebés assim como para publicidade para produtos e
serviços dietéticos.
A designada área multifuncional, como o nome indica, serve para um enorme
tipo de atividades do dia-a-dia, sendo neste mesmo local onde se recebem e se
conferem as encomendas, onde estão armazenados o grosso dos medicamentos
sujeitos e não sujeitos a receita médica e onde se fazem a conferência mensal das
receitas aviadas. Contem um computador, um leitor de códigos, um marcador de
preços, um frigorífico e todo o tipo de manuais como o prontuário terapêutico e
manuais de aconselhamento de cosméticos.
Na secção do laboratório, encontram-se os materiais básicos para a
elaboração de medicamentos manipulados, uma área de estar, um armário para
armazenamento de matérias-primas e um outro para medicamentos veterinários, e um
local que serve de preparação de xaropes.
No gabinete de atendimento personalizado são realizados testes bioquímicos,
como colesterol, triglicerídeos, tensão arterial e diabetes, por parte da Diretora
Técnica, sendo também utilizado para as consultas de dietética e sempre que é
necessário um aconselhamento mais privado e demorado a um utente da farmácia.
O armazém situa-se na cave da farmácia e serve para acondicionar os excedentes
dos produtos farmacêuticos obtidos pela farmácia, assim como para guardar montras
e expositores que não estão a ser utilizados num determinado momento.
4.3 Caracterização da população
A maior parte dos utentes da farmácia Pereira da Silva são moradores ou
trabalhadores da localidade Moreira de Cónegos ou localizações vizinhas.
Maioritariamente de idade avançada e com doenças crónicas, os utentes
frequentadores encontram-se fidelizados, sendo clientes de longa data e com relações
pessoais e sociais com os profissionais de saúde. Deslocam-se à farmácia numa base
quase diária à procura de aviar novas receitas ou em busca de aconselhamento para
outros problemas de saúde. Existem também utentes de todas as outras faixas etárias,
cujas necessidades são completamente diferentes, muitas vezes exigindo um melhor
aconselhamento de produtos não sujeitos a receita médica, como produtos dietéticos,
cosméticos e MNSRM.
5. Administração e gestão da farmácia
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Atualmente as farmácias estão a sentir os efeitos da crise económica
portuguesa, a baixa do preço de medicamentos e as dificuldades económicas dos
utentes colocaram as farmácias portuguesas numa situação complicada. Como
utentes da farmácia, começamos a enfrentar situações onde a farmácia não
conseguia, por motivos de stock, satisfazer os nossos desejos, pois para contrariar
esta crise, a maioria das farmácias para se manterem em funcionamento tiveram que
começar a gerir os stocks, reduzindo-os drasticamente.
No entanto para evitar não satisfazer o utente, a gestão de stock tornou-se uma das
ferramentas fundamentais no dia-a-dia da farmácia. Entre diversos fornecedores e
durante várias alturas do dia, produtos farmacêuticos chegam à farmácia evitando a
rutura de um stock.
5.1 Gestão de stocks
A farmácia Pereira da Silva utiliza 2 fornecedores diários, a Alliance HealthCare
e o Botelho&Rodrigues LDA. A Alliance HealthCare vazia a entrega 2 vezes ao dia, ás
9 h da manhã e entre as 16 h e as 17 h da tarde, enquanto o Botelho&Rodrigues fazia
apenas 1 entrega por dia entre as 14:30 h e as 15 h. Existem também encomendas
feitas diretamente aos laboratórios, como é o caso da Chicco®, Vichy®, alguns
laboratórios de genéricos e de produtos dietéticos.
Com este sistema, dividido ao longo do dia, consegue-se manter o stock em
níveis satisfatórios, através não só de um conhecimento das necessidades dos utentes
da farmácia mas também de uma intercomunicação entre os profissionais saúde da
mesma.
É importante também reforçar que, neste tempo de crise, muitos dos produtos
farmacêuticos podem ser encomendados em maior ou menor quantidade, tendo em
conta as bonificações oferecidas pelos fornecedores/laboratórios/delegados.
Igualmente importante é antecipar necessidades sazonais, como antigripais ou anti-
inflamatórios no fim do verão, ou por outro lado, protetores solares e produtos anti-
histamínicos no início da primavera.
5.2 Encomendas de produtos farmacêuticos
As encomendas eram feitas usando o sistema informático Sifarma2000®, ou
por telefone. A diferenciação entre fornecedores depende de vários fatores, como o
preço do produto para a farmácia, possíveis bonificações, descontos em determinados
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laboratórios e horário de entrega.
Todas as encomendas da Alliance HealthCare eram feitas pelo sistema
informático, de manhã até às 13 h e de tarde até as 21 h. Os códigos dos produtos
farmacêuticos a pedir são inicialmente colocados numa lista de papel, onde
posteriormente são inseridos informaticamente na encomenda. Apesar de mais
demorado, este sistema apresenta benefícios a nível de gestão de stock. Ao inserir os
códigos no sistema, existe a visualização da quantidade existente, quantidade a pedir
e média de compra e venda, que juntamente com o conhecimento da rotina da
compra/venda de produtos farmacêuticos por parte da farmácia leva a uma
encomenda mais correta e precisa, servindo assim tanto os interesses dos utentes
como os da farmácia.
Inicialmente as encomendas para o fornecedor Botelho & Rodrigues eram
feitas por telefone por volta das 11h, tendo essa prática sido abandonada ao longo do
estágio, passando a ser informaticamente até as 11:20 h.
As encomendas feitas através do sistema informático apresentam vantagens no que
diz respeito à gestão de stocks, no entanto por telefone havia uma melhor
comunicação de bonificações ou pedidos especiais entre fornecedor e farmacêutico.
Sempre que um utente requeria um produto farmacêutico relativamente novo,
que não existia em stock na farmácia, para uma melhor garantia para com o utente,
procedia-se à comunicação via telefone com um dos fornecedores. Dependendo do
feedback do fornecedor, comunicava-se ao utente a disponibilidade do produto, dando
uma janela temporal para a obtenção do mesmo, geralmente durante a tarde do
próprio dia, caso o utente aborde o farmacêutico de manhã, ou no dia seguinte pela
manhã, caso a abordagem tenha sido já durante a parte da tarde. O fornecedor
escolhido, neste caso, será o que consiga enviar o produto farmacêutico o mais
rapidamente possível, para melhor satisfazer o utente.
Recentemente foram incluídas novos tipos de encomendas, como as
encomendas instantâneas e encomendas via verde. Este tipo de encomendas são
utilizadas para determinados produtos de laboratórios específicos, com a finalidade de
satisfazer mais rapidamente a necessidade da farmácia em obtê-lo. No caso das
encomendas via verde, era necessário introduzir o código da receita, uma vez que
estas encomendas são específicas para produtos que geralmente se encontram com
stock reduzido nos fornecedores. Existia um prazo máximo de 48 h para o fornecedor
entregar o produto, a contar a partir do momento em que se procede à encomenda via
informática.
Durante o meu estágio tive oportunidade de realizar todo tipo de encomendas
ao longo dos 6 meses, e após conhecer as realidades da farmácia e o tipo de utentes
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frequentadores, era eu que fazia a revisão das encomendas e ajustava o número de
cada medicamento a pedir consoante as necessidades diárias, regulando o stock real
e capacidade de armazenamento da farmácia.
5.3 Conferência de encomendas
A receção e conferência de encomendas é um dos processos fundamentais
para o bom funcionamento da farmácia, uma vez depende das encomendas diárias ao
longo do dia para possuir um stock adequado às necessidades dos utentes.
Os produtos são enviados pelos fornecedores em contentores, juntamente com
a guia de remessa e fatura e os respetivos duplicados. No caso dos produtos que
necessitam de condições especiais de armazenamento, como é o caso de injeções de
insulina, os fornecedores acondicionavam devidamente em contentores refrigerados
especiais. A receção de encomendas vai se proceder na zona multifuncional.
Inicialmente retira-se todos os produtos farmacêuticos dos contentores
enviados pelos fornecedores para um balcão próximo do computador. Seguidamente
são lidos pelo leitor de códigos e rececionados pelo Sifarma2000®. Neste passo é
importante ter em atenção vários aspetos fundamentais. É necessário verificar o preço
do produto, tanto o de venda à farmácia, como o de venda ao público, caso este esteja
dentro dos conformes mas diferente dos produtos em stock, é necessário escoar
primeiro os de preço mais antigo, sendo posto estes últimos com mais fácil acesso no
local de armazenamento dos mesmos. O prazo de validade do medicamento, a
integridade da cartonagem e possíveis erros de pedido ou envio de produtos são
outros aspetos a ter em atenção na conferência de encomendas.
Em caso de erros ou não conformidade com os padrões estabelecidos, em
qualquer destes passos, é feita uma reclamação aos fornecedores. A reclamação deve
ser feita com o número da guia de remessa e com os códigos dos produtos em não
conformidade, sendo no fim arquivada em local próprio ate resolução por parte dos
fornecedores. Geralmente a resolução é feita através de notas de crédito, ou reenvio
dos produtos especificados.
Na conferência de produtos de venda livre é necessário proceder-se à
marcação do preço. Este depende do preço feito pelos fornecedores, aplicando depois
uma margem pré-definida numa tabela pela Diretora Técnica. De novo, caso haja
mudanças de preço em produtos que a farmácia possui em stock, era aplicado a todos
um preço médio, de forma a assegurar um equilíbrio entre farmácia/utente. Por último,
conferia-se novamente a fatura para detetar possíveis erros, e procedia-se à
finalização da receção da encomenda, existindo a opção de selecionar outro
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fornecedor para produtos esgotados através do Sifarma2000®.
Durante os meus primeiros meses de estágio, esta foi a função que mais
desempenhei na farmácia juntamente com a colocação dos medicamentos conferidos
nos respetivos locais de armazenamento. Esta etapa permitiu-me familiarizar com os
medicamentos com mais entrada/saída da farmácia, com o local e forma onde eram
guardados e também memorizar mais rapidamente o nome comercial e dosagens
existentes de cada medicamento.
5.4 Marcação de preços
O preço dos medicamentos comparticipados pelo SNS é autorizado e regulado
pelo INFARMED, abrangendo MSRM e MNSRM [1]. É obrigatório ainda que estes
medicamentos comparticipados têm que indicar o preço na embalagem, de acordo
com a legislação em vigor [2]. Relativamente aos restantes produtos farmacêuticos, o
preço é calculado a partir do preço de custo, margem de lucro para a farmácia e valor
do IVA.
5.5 Armazenamento
Após conferência das encomendas, o próximo passo é o armazenamento dos
produtos farmacêuticos obtidos. Existiam localizações diferentes consoante a classe
de produto farmacêutico. Na farmácia Pereira da Silva, os produtos cosméticos
encontravam-se dispostos por marca e por ordem alfabética no espaço de
atendimento ao utente, no caso dos produtos de higiene oral e dentária apenas se
aplicava a ordem alfabética, enquanto os produtos dietéticos encontravam-se
dispostos por efeito.
Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ou de dispensa exclusiva
por farmácias encontravam-se em gavetões e portas móveis por ordem alfabética e de
dosagem, tendo um espaço correspondente da média de compras/vendas. Aqui
aplicava-se a questão do escoamento de medicamentos com preços mais antigos,
sendo os mesmos colocados por cima ou com mais fácil acesso ao profissional de
saúde ou com um aviso escrito alertando para isso mesmo.
No caso de medicamentos psicotrópicos existia uma necessidade de os colocar
à parte, num armário não visível, obedecendo também ao critério de ordem alfabética
e de dosagem.
Quanto aos MNSRM, a maioria estavam dispostos por ordem alfabética em
armários abertos na zona multifuncional, e uma pequena parte encontravam-se
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colocados no espaço de atendimento aos utentes devido à sua enorme procura ou a
promoções apelativas por parte da farmácia. Estas promoções aplicavam-se tanto a
produtos sazonais como pastilhas para a garganta, como para produtos com procura
permanente, como é o caso de antimicóticos para onicomicoses.
Os medicamentos veterinários eram colocados à parte, posicionados num
armário aberto situado no laboratório. Dispositivos médicos e acessórios obedeciam
ao critério de ordem por efeito terapêutico, sendo colocados em armários separados
dos outros produtos farmacêuticos. Os excedentes de todos estes produtos
farmacêuticos eram colocados num armazém situado na cave, devidamente
assinalados e acondicionados.
Todos os produtos farmacêuticos que necessitassem de cuidados de
armazenamento especiais eram colocados num frigorífico a temperaturas
compreendidas entre 2º a 8ºC. De notar que todos estes produtos apresentavam
prioridade na conferencia da encomenda, sendo rapidamente guardados.
5.6 Verificação de prazos de validade
A verificação dos prazos de validade dos produtos é um processo fundamental
para a sobrevivência da farmácia, como tal exige uma concentração rigorosa por parte
dos profissionais no momento da receção da encomenda. Esta é apenas uma das
triagens feitas para evitar conter produtos fora de validade. Aquando a passagem pelo
sistema Sifarma2000, verificava-se o prazo de validade de todos os medicamentos,
colocando o prazo de validade mais curto na ficha do produto. No entanto, com o
enorme número de encomendas e produtos encomendados diários, existia sempre o
risco de este método falhar, tornando essencial a recolha periódica dos prazos de
validade de todos os produtos da farmácia.
Geralmente esta recolha verifica-se periodicamente, de 4 em 4 meses,
colocando os produtos com prazo de validade curto (inferior a 6meses) num local
indicado para tal. Procedia-se a uma listagem dos mesmos, para afixar em local
adequado e visível. Para complementar a eficácia destas ações, procedia-se à
colocação de avisos escritos em papel, no local onde habitualmente esses produtos
estavam guardados. Neste caso, a intercomunicação entre profissionais ganhava uma
importância acrescida, facilitando o escoamento destes produtos em tempo útil de
utilização por parte do utente.
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5.7 Devoluções e regularizações
Existem vários motivos para utilizar esta ferramenta, como é o caso de
produtos farmacêuticos com prazo de validade curto ou produtos enviados com o
prazo expirado, cartonagem ou produto danificado, preço inválido, erro de pedido ou
de envio de determinado produto ou por ordem da Autoridade Nacional do
Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) ou laboratório através de circulares.
Nestes casos procedia-se à devolução dos produtos em causa ao fornecedor em
questão. Esta devolução era feita pelo Sifarma2000®, onde se emitia uma nota de
devolução com várias informações como o número da fatura correspondente, data,
quantidade de produtos (designação e código) e motivo para a devolução. Eram
emitidos triplicados deste documento, o original e duplicado, assinados e carimbados,
para serem enviados para o fornecedor juntamente com os produtos, sendo que o
triplicado ficava, assinado e carimbado, na posse da farmácia.
A nota de devolução podia ser aceite ou rejeitada por parte do fornecedor. No
caso de ser aceite, era enviada uma nota de crédito para a farmácia. Com este
documento, através do Sifarma2000® era possível regularizar a devolução através o
código da nota de crédito. Este passo finalizava a devolução.
Durante o estágio, inicialmente assisti a todas estas etapas, sendo que
posteriormente com supervisão, tive oportunidade de comunicar ao fornecedor a
existência de erros de encomenda, da criação da nota de devolução e por fim da
regularização da mesma. A maior parte das devoluções foram devido a produtos a
acabar o prazo, ou erros nas encomendadas, contudo várias circulares do INFARMED
foram enviadas para a farmácia, sendo que apenas em um caso a farmácia possuía o
medicamento em questão, o Locabiosol®. Este medicamento foi retirado devido a um
número assinalável de choques anafiláticos por parte dos utentes.
5.8 Processamento do receituário
A gestão do receituário apresenta diversas fases, sendo uma etapa
fundamental na gestão da farmácia que requer uma atenção enorme por parte do
farmacêutico.
O primeiro passo é no ato de dispensa. Enquanto atendemos o utente temos
que verificar diversos pormenores da receita como, nome do utente, número de utente,
sistema de comparticipação, validade da receita, assinatura do médico e possíveis
rasuras. É necessário também verificar se o medicamento está corretamente
designado, estando autorizado no mercado, com as dosagens corretas e o número de
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embalagens válido. Estando tudo dentro dos conformes, a receita é aviada, o
documento de faturação é impresso no verso sendo assinada pelo utente, e
posteriormente guardada em local apropriado.
O próximo passo consiste na recolha de todas as receitas, se possível
diariamente. Procede-se a uma nova verificação por parte de um profissional,
colocando a data de verificação na receita. Todas as receitas que não cumpram as
normas são anuladas ou corrigidas, se possível, e quanto às receitas em dúvida são
entregues à Diretora Técnica para esclarecimento. As receitas corretas são ordenadas
por organismo em lotes de 30 sendo armazenadas para posterior verificação.
Por último procede-se ao carimbo das receitas por parte do farmacêutico,
verificando uma última vez receita a receita se se encontra nos conformes, fecha-se a
faturação mensalmente e um novo ciclo recomeça. Com este sistema de tripla
verificação aumenta-se a probabilidade de detetar erros.
Durante o meu estágio desde os primeiros dias até ao último, tive como um das
principais funções fazer a primeira e segunda verificação do receituário. Com o tempo
aprendi a perceber os erros mais frequentes, como datas rasuradas, comparticipação
errada ou falta de assinatura médica, rejeitando logo na dispensa várias receitas que
não cumpriam as normas.
6. Classificação dos produtos farmacêuticos
6.1 Medicamentos sujeitos a receita médica
Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são medicamentos cuja
dispensa depende exclusivamente da entrega de uma receita. Estes medicamentos
podem apresentar riscos para a saúde do doente, tanto direta como indiretamente,
com o uso esporádico ou prolongado, incluem-se também produtos de administração
parentérica. É necessário, portanto, um conhecimento médico para prescrição destes
medicamentos [1].
As receitas médicas podem ter classificações distintas como receita médica
renovável, receita médica especial e receita médica restrita. Os MSRM podem ter
comparticipações diferenciadas ou não terem qualquer tipo de comparticipação.
As comparticipações pelo Estado mais recorrentes são o regime normal (O) ou
especial (R). Estas designações por letras têm que estar assinaladas na receita de
forma visível e em local apropriado. Para a validação das mesmas é necessário, por
parte do farmacêutico, verificar o número de utente, o sistema de comparticipação (por
exemplo Serviço Nacional de Saúde (SNS), assinatura do médico, data (se se
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encontra válida) e ausência de rasuras.
Existem outros tipos de comparticipações no caso de doenças específicas
como a Psoríase ou o Lupus eritematoso e para tal é necessário vir discriminado na
receita o tipo de diploma, com o Decreto-Lei/Despacho adequado. Como por exemplo
Despacho n.º 11 387-A/2003, de 23 de Maio no caso do Lupus eritematoso. Pode
haver também outros sistemas de comparticipação, como seguradoras ou sistemas
bancários, que juntamente ou isoladamente com o SNS comparticipam determinados
medicamentos. Nestes casos o utente tem que previamente avisar o farmacêutico e
mostrar o documento de identificação, no caso dos sistemas bancários.
Durante o atendimento de um utente com receita o farmacêutico deve verificar
todos estes parâmetros enquanto de forma politicamente correta informa o utente dos
medicamentos genéricos mais baratos (5 mais baratos), no caso de estes existirem. O
utente tem no seu direto a opção final sobre qual medicamento leva, podendo exercer
a opção de obter um medicamento mais caro.
Nas situações com prescrição de medicamento com margem ou índice
terapêutico estreito – exceção a); com suspeita fundada de intolerância ou reação
adversa a um medicamento – exceção b, o utente não pode exercer o direito de
opção. No caso da exceção c) - com prescrição de medicamento destinado a
assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias,
o utente pode exercer o direito de opção caso o medicamente seja mais barato que o
indicado. O farmacêutico deve proceder então à passagem de todas as informações
necessárias sobre o medicamento (como tomar, possíveis efeitos secundários, quando
espera obter resultados) com linguagem adequada ao utente.
A receita caso seja manual ou eletrónica deve ser impressa e assinada pelo
utente, sendo depois depositada em local de armazenamento apropriado.
Recentemente foram introduzidas as receitas sem papel, neste caso o utente recebe
uma mensagem no telemóvel ou a receita é inserida no cartão de cidadão,
apresentando ao farmacêutico, juntamente com os códigos de acesso. Existe ainda a
hipótese do médico entregar a guia de tratamento a pessoas com mais dificuldades de
adaptação a este novo sistema. Este sistema permite várias vantagens, para ambas
as partes. O utente pode levar medicamento a medicamento em qualquer farmácia de
acordo com as suas necessidades, com uma única guia, permitindo uma melhor
gestão financeira. Para a farmácia diminui o processamento de receituário, uma vez
que este é logo transmitido informaticamente, não sendo então necessária a
impressão da faturação no verso da receita e respetiva assinatura do utente. Este
sistema permite assim reduzir os erros inerentes ao receituário, assim como o gasto
de papel.
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6.2 Medicamentos psicotrópicos
A receção destes medicamentos por parte da farmácia é ligeiramente diferente
dos outros produtos farmacêuticos. É enviada uma requisição específica em
duplicado, sendo assinada e carimbada pela Diretora Técnica e pelos fornecedores
em questão. Esta requisição deve ser arquivada durante 3 anos.
No momento da dispensa de medicamentos psicotrópicos é necessário
confirmar se o medicamento dispensado é para o comprador ou se este é apenas
intermediário. Neste último caso é necessário guardar alguns dados extra como nome,
morada, nº do cartão de cidadão do comprador. Em ambos os casos o nome do
médico prescritor, nome e morada do utente são pedidos e guardados
informaticamente. Por fim é necessário proceder à fotocópia da receita para fim de
controlo, sendo uma cópia arquivada durante 3 anos com um dos talões
comprovativos e outra é enviada para o INFARMED até ao dia 8 do mês seguinte.
6.3 Medicamentos não sujeitos a receita médica
Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são todos os
medicamentos que não se enquadram na definição de medicamentos sujeitos a
receita médica estabelecida acima. Podem ser vendidos de forma livre, no entanto de
forma consciente pela parte do farmacêutico. Muitos utentes deslocam-se à farmácia
com pedidos específicos, e cabe ao farmacêutico gerir a situação, indicando se o
utente estará a fazer a melhor escolha, dispensando então o medicamento pretendido,
ou aconselhando um outro medicamento que ache mais adequado. O utente pode
aceitar o aconselhamento sendo que é o que mais frequentemente se sucede nestas
situações. Em ambos os casos cabe ao farmacêutico informar o utente de todas as
informações necessárias à utilização do mesmo.
6.4 Medicamentos manipulados
Um medicamento manipulado é qualquer fórmula magistral ou preparado
oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico [3].
Na farmácia Pereira da Silva não se procede à preparação de medicamentos
manipulados. Todos os pedidos são reenviados para a Farmácia Barreiros, Porto.
Após a preparação dos mesmos, estes são enviados para a Farmácia Pereira da Silva
rececionando o medicamento manipulado através do Sifarma2000®, procedendo-se à
marcação do preço, aplicando a margem da farmácia. Por fim entra-se em contacto
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 14
com o utente avisando que o medicamento se encontra disponível.
6.5 Medicamentos homeopáticos e produto farmacêuticos homeopáticos
Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de
substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com
um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em
farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro. Estes medicamentos
podem conter vários princípios e baseiam-se no princípio das diluições e dinamizações
[1]. Na farmácia Pereira da Silva encontram-se poucos medicamentos homeopáticos,
uma vez que não existe procura por parte dos utentes da farmácia.
6.6 Produtos dietéticos e para alimentação especial
Esta secção engloba tanto os leites infantis, produtos hipercalóricos (como
produtos hiperproteicos ou ricos em hidratos de carbono) e produtos hipocalóricos.
Definem-se como géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial,
fabricados e processados por métodos específicos e com um objetivo nutricional bem
delineado [4]. Exemplo de produtos hipercalóricos, incluem os produtos hiperproteicos,
estes são direcionados para evitar a perda muscular, ou potenciando os seus ganhos.
Podem ser indicados, por exemplo, para idosos que estão a perder a sua capacidade
locomotora preservando a função muscular das pernas, retardando assim a atrofia
muscular que muitas vezes acontece nesta faixa etária.
Os suplementos alimentares incluem-se nesta categoria, sendo amplamente
procurados e requisitados por parte dos utentes. É importante transmitir aos utentes
que um suplemento, como a designação indica, apenas complementa toda uma
alimentação equilibrada e um estilo de vida adequado. Devido à grande variedade
destes produtos, o farmacêutico deve se informar para proceder a um melhor
aconselhamento, devendo procurar informar-se de doses recomendadas e quantidade
absorvida pelo organismo de cada nutriente por via oral, bem como a relevância de
cada nutriente em determinada patologia, assim como possíveis efeitos secundários
da suplementação em causa.
Na farmácia Pereira da Silva existem semanalmente consultas de nutrição e
rastreios com uma especialista, existindo também produtos adequados a todos os
tipos de dietas. Estes produtos podem ser recomendados pela especialista ou pelos
profissionais da farmácia, aplicando-se as mesmas normas referidas anteriormente.
6.7 Produtos fitoterapêuticos
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Produtos fitoterapêuticos são compostos exclusivamente por uma ou mais
substâncias ativas derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas
ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais
preparações à base de plantas [5].
Este tipo de produto farmacêutico era pouco procurado pelos utentes da
farmácia, sendo a sua dispensa algo rara.
6.8 Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos
Estes produtos consistem de substâncias ou preparações que se destinam a
limpar, perfumar, proteger, manter em bom estado, corrigir os odores corporais,
modificar o aspeto e cumulativamente a ser aplicado nas seguintes áreas, epiderme,
sistemas piloso e capilar, unhas, lábios, dentes e mucosa bucal, órgãos genitais
externos [6].
A farmácia Pereira da Silva possui um elevado número deste tipo de produtos
farmacêuticos, como tal é necessária uma especialização acima do que nos foi
transmitido durante o curso. Esta especialização foi feita através de transmissão de
conhecimento dos colegas profissionais, leitura de manuais de aconselhamento das
marcas e por formações. Esta área tem cada vez mais importância para a farmácia
sob o ponto de vista económico, e para os utentes uma vez que estes procuram cada
vez mais o aconselhamento em produtos cosméticos.
6.9 Medicamentos veterinários
Incluem-se nesta categoria as substâncias, ou associação de substâncias,
apresentadas como exercendo propriedades curativas ou preventivas de doenças em
animais ou dos seus sintomas, que possa ser utilizada ou administrada no animal com
vista a estabelecer um diagnóstico médico veterinário ou, exercendo uma ação
farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções
fisiológicas. [7]
A maioria dos casos de dispensa de medicamentos veterinários na farmácia
Pereira da Silva eram para animais de companhia, cães e gatos, sendo a maioria dos
medicamentos dispensados pilulas ou antiparasitários. Havia no entanto também a
dispensa de medicamentos para coelhos, devido à ruralidade da zona geográfica.
6.10 Dispositivos médicos
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Define-se por dispositivo médico qualquer instrumento, aparelho, equipamento,
software, material ou artigo utilizado isoladamente cujo principal efeito pretendido no
corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou
metabólicos. No entanto esta função pode ser complementada por estes meios.
Podem ser utilizados para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento,
abrandamento de uma doença, compensação de uma lesão ou deficiência e controlo
de conceção [8].
Na farmácia Pereira da Silva os dispositivos médicos mais requisitados eram
ligaduras, adesivos, compressas esterilizadas e não esterilizadas, meias de descanso,
cintas de postura e pés elásticos.
No caso das meias de descanso, pés elásticos e cintas era necessário
proceder-se à medição da parte do corpo do utente e fazer um pedido especial aos
fornecedores uma vez que a farmácia não tinha em stock todos os tamanhos
existentes.
Tive oportunidade, durante o estágio, de proceder ao aconselhamento de
dispositivos médicos, a maioria compressas e pés elásticos.
7. Outros serviços da farmácia Pereira da Silva
7.1 Determinação da pressão arterial
Numa farmácia onde a maioria dos utentes se encontra na faixa etária mais
envelhecida, a medição da pressão arterial era um dos serviços mais requisitados.
Inicialmente a medição era feita numa máquina própria, tendo esta avariado ao longo
do meu estágio, procedendo-se então à medição por parte de um profissional com o
apoio de um medidor de pressão arterial digital.
Durante o estágio tive oportunidade de medir a pressão arterial regularmente a
vários utentes, procedendo interpretação dos resultados obtidos, aconselhando
medidas apropriadas para melhoramento da pressão arterial. O serviço de medição
acaba por beneficiar a farmácia, pois num ambiente mais privado e mais pessoal
cultiva-se um sentimento de maior ligação entre o utente e o farmacêutico.
7.2 Determinação da altura peso e índice de massa corporal
Este serviço era prestado na farmácia utilizando uma máquina adequada. O
utente apenas precisava de subir para a zona da balança e esperar pelo sinal sonoro.
Executado este sinal o utente retirava-se da balança, que fornecia na interface os
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 17
dados e os imprimia em papel. Apesar do processo poder ser feito de forma
independe, muitas vezes os utentes procuravam ajuda com os profissionais, tanto para
ajudar na utilização da máquina como para a interpretação dos resultados.
Fui abordado em ambos os sentidos durante o meu estágio, ajudando e
prestando apoio em todas as etapas da medição assim como na interpretação dos
resultados. Verifiquei que a população idosa está mais sensibilizada para o perigo do
excesso de peso, recorrendo regularmente a este serviço, anotando as melhorias ou
estabilizando em índice de massa corporal normais.
7.3 Determinação do colesterol, glicémia e triglicerídeos
A determinação destes parâmetros bioquímicos era normalmente executado
pela Diretora Técnica da farmácia, e constituía um serviço importantíssimo devido à
população utilizadora, oferecendo assim uma alternativa ao centro de saúde, mais
pessoal e rápida.
7.4 Optometria
A farmácia Pereira da Silva oferecia também o serviço de optometria, no
entanto devido a menor procura não haviam consultas semanais, mas sim apenas
quando os utentes requisitavam o serviço. Atingindo um número de utentes
adequados procedíamos à comunicação com o especialista marcando uma data de
acordo com a disponibilidade dos utentes e do especialista em questão.
7.5 Aconselhamento nutricional
Na farmácia Pereira da Silva em realizados semanalmente rastreios e
consultadas de nutrição por uma especialista, a Dra. Rita. Este serviço era
extremamente requisitado, uma vez que cada vez mais a população está cada vez
mais sensibilizada para os malefícios causados pelo excesso de peso, levando ao
alargamento do horário para todo o dia. Os interessados marcavam com a farmácia
uma hora ao longo do dia, sendo por fim comunicado para com a especialista. Apesar
da maioria dos utentes procurarem este aconselhamento para perderem peso, o
objetivo era atingir um peso adequado e saudável, pelo que também existiam utentes
cujo objetivo passava por ganhar de peso.
A especialista procedia ao aconselhamento, disponibilizando uma dieta
personalizada e adequada a cada utente. Essa dieta podia ser complementada com
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 18
suplementos ou produtos dietéticos aconselhados pela mesma cabendo o utente a
decisão de os adquirir.
Os farmacêuticos também têm aptidões tanto para aconselhar estilos de vida
mais saudáveis, como produtos adequados para ajudarem a perda/ganho de peso. No
entanto é necessário sublinhar e transmitir aos utentes que apenas com uma dieta
equilibrada e saudável e com estilo de vida saudável, estes objetivos podem ser
atingidos e que os suplementos apenas complementam todas estas atividades.
8. VALORMED®
A VALORMED® é uma sociedade responsável pela gestão dos resíduos de
embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Na farmácia Pereira da Silva,
encontram-se perto dos balcões de atendimento vários contentores VALORMED®
onde utentes e profissionais descartavam embalagens vazias ou fora ou com
medicamentos fora do prazo de validade. Quando estes contentores atingiam o limite
eram selados, pesados, devidamente assinalados e recolhidos pelos fornecedores
para serem tratados convenientemente [9].
A adesão por parte dos utentes a este serviço é enorme, a maioria trazia as
embalagens vazias para reciclar, muitos até se dirigiam de propósito à farmácia. Esta
sensibilização por parte da população, utentes e profissionais, mostra que juntos
podem fazer diferença e reduzir ao máximo a poluição inerente ao deitar os
medicamentos ou as suas embalagens no lixo comum.
9. Marketing
Atualmente o marketing é de extrema importância para todos os grupos
económicos, inclusive nas farmácias de hoje, podendo deste modo publicitar produtos
de forma, tendo em conta a população utente ou conforme a época do ano.
Neste sentido é importante conseguir transmitir a publicidade aos utentes de
forma eficaz e a diversos níveis. Com as montras e expositores no espaço físico da
farmácia, os utentes entram em contacto com variadíssimos produtos farmacêuticos.
No entanto esta abordagem implica o utente deslocar-se à farmácia, e hoje em dia
com os avanços tecnológicos podem adotar-se outras estratégias de marketing mais
abrangentes.
Neste contexto, com autorização da Diretora Técnica e com ajuda de colegas
de trabalho, decidiu-se criar uma página de publicidade da farmácia na rede social
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 19
Facebook. Nesta página, além da descrição de horários, localização e informações
gerais da farmácia, foram regularmente publicadas promoções ou serviços prestados
pela farmácia (Anexo 1). Com esta nova abordagem, a parte de marketing da farmácia
ficou mais enriquecida, podendo passar informações importantes, tanto sobre
serviços, como produtos sazonais, como também promoções alcançando mais utentes
podendo atrair mais utentes à farmácia.
Adicionada à criação e manutenção da página do Facebook tive a oportunidade de
montar expositores e ajudar na mudança de montras e afixação de cartazes
publicitários (Anexo 2), tanto de produtos farmacêuticos como de serviços
disponibilizados pela farmácia, destacando as consultas de nutrição.
10. Aconselhamento farmacêutico
Após os primeiros meses de estágio, tem que tive como objetivo a
familiarização com os produtos farmacêuticos e o modo de trabalho da farmácia
Pereira da Silva, chegou a hora de enfrentar o grande objetivo do estágio, o
aconselhamento farmacêutico.
Esta é, na minha opinião, a grande função de um farmacêutico, ser capaz em
situações completamente diferentes e únicas, conseguir aconselhar da melhor
maneira possível cada utente da farmácia. Exige um enorme conhecimento científico,
destreza social, segurança, capacidade informativa e autocontrolo emocional.
A farmácia vive muito da imagem que transmite, que recai sobre os seus
funcionários, que por muito conhecimento científico que se tenha, se não conseguirem
transmitir de forma segura a sua mensagem, perdem a credibilidade, que muitas vezes
é logo posta em causa na primeira abordagem pelo utente.
Com a ajuda dos meus colegas, os primeiros passos foram dominar o sistema
enquanto, ao mesmo tempo, ouvir, comunicar e servir o utente. Esta etapa foi feita
sobre supervisão e em alturas de menor movimento na farmácia. Foram me logo
transmitidas vários cuidados e estratégias a usar para evitar erros comuns, tornado a
minha aprendizagem mais célere. Dominando estas valências, passei ao atendimento
sem supervisão, apesar de poder contar sempre com a disponibilidade dos colegas
para me ajudarem em qualquer situação que eu achasse pertinente. Inicialmente,
recorria frequentemente à sua ajuda, talvez por sentir alguma falta de segurança, e por
isso procurava sempre uma confirmação devido à importância e exigência do nosso
trabalho. Com o tempo a confiança e segurança foram aparecendo tornando-me cada
vez mais autónomo e com um maior domínio do atendimento propriamente dito.
Ao longo do estágio fui abordado em todo o tipo de situações, sendo a maioria
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 20
dos atendimentos o aviamento de receitas médicas a utentes de faixa etária mais
idosa. Neste tipo de situações o aconselhamento passa por deteção de possíveis
interações medicamentosas, questionando se o utente sente determinados efeitos
secundários ou se a medicação está a controlar a patologia subjacente, e o
aconselhamento sobre estratégias a seguir para melhorar o estilo de vida e
alimentação para complementar a medicação.
Um exemplo frequente de abordagem sobre os MNSRM foi o caso dos
antitússicos. Na época de inverno a maioria da população fica frequentemente doente,
com infeções bacterianas ou virais, apresentando um enorme número de sintomas.
Entre esses sintomas, muitas vezes persistentes encontra-se a tosse. Aqui o
farmacêutico desempenha um papel fundamental, apercebendo-se através das
questões que pode colocar, se a tosse é seca ou produtiva. A maioria dos casos trata-
se de tosse produtiva, levando o farmacêutico a dispensar um de uma panóplia de
medicamentos para esse efeito, como é o caso do FLUIMUCIL 600® ou do
FLUIDRENOL®. Compostos por substâncias diferentes, ajudam a liquidificar o muco,
tornando mais fácil a sua eliminação através da expetoração. De seguida procedia à
informação da posologia correta, sendo também na maioria dos casos escrita na
cartonagem para evitar esquecimentos por parte do utente.
Outra abordagem frequente dizia respeito à procura de medicamentos para
melhoria de sintomas circulatórios, como é o caso da insuficiente venosa causando
mal-estar nas pernas e as crises hemorroidárias. Nestes casos a procura era
direcionada pelo utente, sendo frequentemente requisitado pelo farmacêutico o
Antistax gel® e o Daflon®, respetivamente. Uma vez mais compete-nos verificar se os
medicamentos são adequados aos sintomas e proceder à informação sobre a
dosagem a administrar e possíveis contra-indicações. No caso dos produtos
dermocosméticos e de higiene, os mais procurados eram os protetores solares, géis
de limpeza facial, produtos anti-rugas, produtos de higiene íntima e oral.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 21
PARTE 2 - TEMAS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO ESTÁGIO
TEMA - SUPLEMENTAÇÃO EM DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS E METABÓLICAS
1. Contextualização
O número de pessoas idosas está rapidamente a crescer a nível mundial [10],
sendo que Portugal não é exceção. Este facto verifica-se na população que mais
frequenta as farmácias, em que os utentes são pessoas de idade e com várias
doenças crónicas.
Apesar das necessidades energéticas diminuírem numa pessoa idosa e existir
um menor metabolismo basal, cerca de 25% dos idosos que dão entrada no hospital,
40% dos idosos assistidos em casa que requerem cuidados médicos ou de
enfermagem e 50% dos idosos hospitalizados sofrem de má nutrição [11]. Foram
também encontrados baixos valores de 1 ou mais micronutrientes em mais de 40% da
população idosa [10].
Após conversa com a Diretora técnica o ou os assuntos que teria interesse
desenvolver para a farmácia, esta demonstrou interesse em abordar os suplementos
alimentares. Dado a caracterização da população utente da farmácia decidi abordar os
suplementos mais direcionados para as patologias dos idosos, dividindo o tema em
várias categorias de acordo com as patologias e construi uma apresentação e
PowerPoint para divulgar internamente esses suplementes (Anexo 3).
Através da gestão de stocks, encomendas e do atendimento, pareceu-me mais
pertinente começar pelos suplementos que poderiam ajudar nas doenças de foro
psicológico, como a depressão, doença de Alzheimer e problemas cognitivos, uma vez
que no dia-a-dia da farmácia somos confrontados inúmeras vezes com pedidos de
informação de produtos ou suplementos que possam ajudar nestas doenças.
Seguidamente, decidi focar a minha atenção para doenças crónicas
prevalentes na população idosa, como a diabetes tipo 2 e a hipertensão. Com o
envelhecimento o nosso organismo começa a proceder a alterações fisiológicas,
podendo ser divididas em 2 tipos: i) dificuldade de digestão em que se podem incluir
as alterações da perceção dos sabores com a diminuição do gosto e olfato, não
esquecendo que muitos idosos estão dependentes de próteses dentárias dificultando a
mastigação e a ocorrência de uma menor produção de saliva levando a uma
deglutição mais dificultada [11]; ii) a ocorrência de uma diminuição da absorção devido
a uma diminuição da motilidade intestinal, lenta renovação das células da mucosa do
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 22
intestino delgado, diminuição da produção de varias enzimas digestivas como lípase,
amílase e pepsina assim com a diminuição da produção de ácido são alguns exemplos
de alterações fisiológicas que levam à diminuição da absorção [11] e iii) acrescentando
a estas alterações fisiológicas encontramos outras causas como pobreza, ignorância,
imobilidade, isolamento (leva à monotonia e a repetição de determinadas refeições),
viuvez, depressão, alcoolismo, trémulo, polimedicação e doenças crónicas associadas
[11]. Um exemplo que mais tarde será abordado é o caso da carência em vitamina
B12 e o ácido fólico, verificando-se uma associação uma diminuição dos seus níveis
em pessoas idosas com depressão [10].
2. Suplementos para Doentes com Depressão e Doença de
Alzheimer
2.1 Ácido fólico e vitamina B12
A deficiência em ácido fólico e vitamina B12 são causas conhecidas de anemia
megaloblástica (Figura 1) [12], no entanto vários estudos estão a relatar a associação
entre baixos níveis de ácido fólico e vitamina B12 com a depressão e a doença de
Alzheimer [10,12] que pode dever-se à importância destas vitaminas na formação de
neurotransmissores, especificamente, as monoaminas [13].
A vitamina B12 pode ser encontrada em animais herbívoros, leite e ovos,
levando também a uma possível deficiência desta em vegetarianos [14]. Uma das
enzimas dependentes da vitamina B12 é a metionina sintetase, essencial no ciclo do
ácido fólico, e a deficiência desta vitamina vai levar a uma anemia idêntica à anemia
por deficiência de folato, apesar de níveis deste composto se encontrarem normais
[14]. Outras complicações resultantes da deficiência em vitamina B12 são de natureza
neurológica, nomeadamente em caso de lesões progressivas na medula espinal. Esta
complicação neurológica ocorre em 75% a 90% de indivíduos com deficiência em
vitamina B12 [15].
No caso do ácido fólico, este pode ser encontrado nos vegetais frescos. No
entanto durante o armazenamento e cozedura o folato diminui consideravelmente e o
mesmo acontece ao cozinhar produtos animais [14]. A deficiência em folato pode
afetar o humor e as funções cognitivas e ambos os nutrientes, ácido fólico e vitamina
B12, são importantes para o funcionamento do sistema nervoso em todas as faixas
etárias. No entanto a deficiência em ácido fólico e vitamina B12 são mais recorrentes
na população idosa, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis [10].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 23
Os baixos níveis de ácido fólico e vitamina B12 estão também relacionados
com níveis elevados de homocisteína, sendo que esta está correlacionada com um
aumento de risco para o desenvolvimento de quadros depressivos e eventos
cardiovasculares [12,13]. Existe também informação que relaciona níveis elevados de
homocisteína com a toxicidade do glutamato e do peptídeo -amilóide [13].
Figura 1. Ciclo do ácido fólico [16].
Com todos estes aspetos, seria expectável que uma suplementação rica em
ácido fólico e vitamina B12 pudesse de alguma forma, melhorar ou reverter alguns dos
sintomas da depressão e outras patologias de foro mental.
No entanto, os estudos efetuados nesta área conduziram a resultados
contraditórios [10]. A análise de questionários efetuados para avaliar o grau de
depressão e função cognitiva, antes e depois de uma suplementação rica em vitamina
B12 e ácido fólico durante 6 semanas, revelaram um aumento de pacientes com
menores sintomas de depressão e uma diminuição dos sintomas de depressão média
e severa. No entanto não se verificou uma melhoria significativa na função cognitiva
[10]. Outros estudos referem uma possível melhoria da função cognitiva em caso de
demência reversível, uma vez que baixos níveis de vitamina B12 podem levar a
perdas de memória, raciocínio mais lento e diminuição do volume total do cérebro [13].
Apesar de estes nutrientes serem bem tolerados, podem causar alguns efeitos
secundários como diarreia, náuseas, vómitos e dor de cabeça [13]. Nas doses
recomendadas em pessoas idosas, a dose recomendada de ácido fólico é 400 g
enquanto no caso da vitamina B12 é de apenas 2,4 g [14].
2.2 Omega 3
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 24
Os Omega 3 são ácidos gordos polinsaturados com insaturação no carbono 3,
sendo que neste trabalho serão abordados o ácido ecopentaenóico (EPA) e ácido
doxosahexanóico (DHA; Figura 2) [13].
Figura 2. Estrutura química do DHA e EPA respetivamente [17].
Estes compostos encontram-se em quantidades assinaláveis nos peixes
gordos, como o salmão, no entanto podem se encontrar em quantidades significativas
em nozes e sementes. O EPA e o DHA são ácidos gordos essenciais para o nosso
organismo (Figura 3), precisando de ser ingeridos através da dieta ou suplementação
para nos mantermos saudáveis, especificamente, o nosso sistema nervoso [13].
Existem vários estudos sobre os potenciais benefícios dos Omega 3 devido à
sua crescente popularidade e importância no nosso organismo. Iniciando pela
depressão, estudos revelam um efeito antidepressivo por parte dos Omega 3,
verificando-se baixos níveis dos mesmos em caso de depressão e pacientes que
cometeram suicido [13].
Figura 3. Efeitos benéficos dos Omega 3 no organismo humano [18].
Diversos estudos relevam que o efeito antidepressivo da suplementação com
Omega 3 existe, e que é mais eficaz quando a concentração de EPA é maior que
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 25
60%. Na população geriátrica os estudos sobre este efeito antidepressivo são menos
conhecidos [13]. Foram verificados efeitos benéficos para doses de 1000 mg de EPA e
de 150 mg de DHA [22].
No caso de doenças degenerativas, como a doença de Alzheimer, existe uma
relação maior com o DHA. Observa-se uma redução de 47% do desenvolvimento da
doença de Alzheimer em indivíduos com níveis plasmáticos de DHA elevados em
comparação com pacientes com níveis plasmáticos baixos. Adicionalmente o consumo
de peixe 2 a 3 vezes por semana diminui o risco de demência em 50%, no entanto a
suplementação em Omega 3 não tem efeitos preventivos destas doenças, nem parece
eficaz no tratamento da demência, contudo existem evidências de poder retardar o
declínio cognitivo [13].
Concluindo, o aparecimento de doenças neurodegenerativas poderá ser
retardado pelo consumo dietético de Omega 3, enquanto a suplementação pode ser
importante em pessoas idosas para melhorar sintomas associados a problemas
cognitivos como a falta de atenção e memória [13].
2.3 Ginkgo biloba
Ginkgo biloba é atualmente incorporado em muitos suplementos para a função
cognitiva, sendo um extrato natural. Pode produzir vários efeitos como
neuroprotecção, inibição da agregação plaquetária, relaxamento do endotélio e efeito
antioxidante. [13]
No entanto segundo estudos realizados, Gingko biloba apenas tem efeito preventivo
da demência caso seja suplementado durante uma janela temporal extensa. Contudo
parece ter um reduzido impacto no declínio cognitivo. [13]
Devido à inibição da agregação plaquetária representa um risco aumentado de
sangramento. Outros efeitos secundários podem ser observados como náuseas,
vómitos, diarreia, dores de cabeção, enjoos, palpitações, fraqueza e rash. [13]
2.4 Ginseng
Esta planta é o produto natural mais usado no mundo, tanto em suplementos,
como na confeção de alimentos e bebidas medicinais [19]. Geralmente é utilizado o
extrato da raiz, prática que remonta à medicina tradicional chinesa e aos nossos
ancestrais mais longínquos.
Promoção longevidade, efeito rejuvenescente, benefícios mentais e físicos em
relação ao stress, fraqueza e fadiga são alguns dos efeitos que fizeram com que esta
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 26
planta tivesse ganho reputação. É um produto natural muito utilizado nos suplementos
destinados a melhorar a função cognitiva, em doenças neurodegenerativas como a
doença de Alzheimer, diabetes, inflamação e doenças cardiovasculares [19]. Apesar
desta reputação os estudos conduzidos para avaliar estes benefícios e efeitos têm
sido controversos e frequentemente contraditórios [19]. Estudos antigos referem que o
consumo agudo de 200 a 600 mg deste extrato causa melhorias em pelo menos um
teste cognitivo, como por exemplo, memória, rapidez de processamento da
informação, grau de atenção e bem-estar. No entanto, esses efeitos foram
reproduzidos em nenhum dos estudos mais recentes [19].
Em estudos de caracter mais prolongados, verificaram a ocorrência de alguma
melhoria da função cognitiva, após 12 semanas de tratamento. Contudo observou-se
uma reversão para dessa melhoria após a finalização do tratamento. De referir que
nesse estudo foram administradas doses diárias de 5-9 g, o que representa uma
quantidade absurdamente elevada [19]. É interessante referir que os compostos
presentes no extrato de ginseng, os ginsenósidos, não foram alvo de estudo
isoladamente. Isto pode se dever a uma acessibilidade reduzida a nível comercial dos
ginsenósidos isolados. [19]
2.5 Vitamina D
A vitamina D apresenta diversas funções no nosso organismo, sendo
extremamente importante para manter os níveis sanguíneos de cálcio e fosfato
normais. Estes minerais são fundamentais para uma normal mineralização do osso,
para a contração muscular e condução nervosa (Figura 4) [14]. Adicionalmente,
estudos realizados demonstraram potenciais efeitos antidepressivos da
suplementação com vitamina D, existindo uma correlação entre baixos níveis desta
vitamina com um aumento do risco de suicídio. Contudo é provável que a
suplementação precise de ser elevadíssima para obter este efeito antidepressivo [13].
A população idosa tende a apresentar mais carência de vitamina D devido a um
declínio relacionado com a idade. De encontro a este facto, recomenda-se uma
ingestão de 15 g por dia de vitamina D na população idosa [14].
Geralmente a vitamina D é bem tolerada, contudo podem existir potenciais efeitos
secundários como hipercalcemia e efeitos gastrointestinais [13].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 27
Figura 4. Interação entre a Vitamina D e a PTH, e os seus efeitos no organismo [20].
2.6 Taurina
A taurina ou homotaurina ainda não é regularmente incluída em suplementação
para depressão ou neurodegeneração. No entanto um utente da farmácia veio com
indicação médica para adquirir o suplemento Mindwel®, composto por homotaurina.
Como é relativamente novo este tipo de suplementação decidi então incluir no projeto
as informações sobre a taurina e possíveis efeitos neste tipo de doenças.
Sabe-se que a taurina é importante no crescimento e desenvolvimento do
nosso organismo, assim como na regulação do volume celular, no volume de água e
no balanço electrolítico e controlo da pressão sanguínea. Tem outras funções como:
ação antioxidante, regulação da insulina e glucose, e no controlo do sistema nervoso e
hormonal, sendo um fator de crescimento que afeta a neurogénese [21].
Existem estudos que reportam que a suplementação de taurina previne o
declínio cognitivo, aumentando a capacidade de aprendizagem e a memória. Nestas
melhorias incluem-se casos de défice de memória induzido por químicos, idade e na
na doença de Alzheimer [21]. Estes estudos sugerem que estes benefícios podem ser
devidos tanto ao efeito antioxidante como a efeitos neurológicos, onde se incluem
neuromodulação, atividade neurotrófica e alteração química neuronal [21]. Apesar do
seu potencial teórico ser elevado, a taurina pode ter também efeitos positivos em
doenças cardiovasculares [21].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 28
2.7 Probióticos
Muito recentemente os probióticos foram incluídos na psiquiatria, tanto no
tratamento da depressão, ansiedade como na síndrome da fadiga crónica [22].
Já foi demonstrado em estudos que certas bactérias produzem substâncias
químicas neuronais relevantes na depressão. Como exemplo incluem-se as estirpes
de Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp que secretam ácido -aminobutírico
(GABA), um neurotransmissor inibitório implicado na ansiedade e depressão. Tem sido
sugerido que esta secreção de GABA tem efeitos a nível do eixo de comunicação
entre o tubo digestivo-cérebro [22]. Em estudos animais foi demonstrado que as
bactérias podem afetar os níveis de serotonina, devido a um aumento no plasma do
seu precursor, o triptofano [22].
A microflora intestinal tem um papel importante no sistema imunitário, uma vez
que a interação entre a mucosa intestinal e a microflora leva a uma produção de
citocinas pró-inflamatórias como IL-8, IL-1, IL-10 e TGF-β [22]. Assim, provavelmente
através do eixo tubo digestivo-cérebro, a microflora existente no tubo digestivo possa
ser relevante ou possuir efeitos benéficos a nível da depressão e ansiedade [22].
A suplementação com probióticos parece melhorar significativamente os
sintomas da ansiedade e da síndrome da fadiga crónica. Esta sensação de bem-estar
foi também demonstrada após o consumo de iogurtes contendo probióticos durante 3
semanas, verificando-se uma melhoria dos sintomas de depressão e uma melhoria do
humor nas pessoas envolvidas no estudo [22]. Outros estudos demonstram um efeito
benéfico na saúde mental, marcadores inflamatórios e stress oxidativo, após
suplementação com probióticos durante 2 meses, sendo que a depressão está
também associada à presença de biomarcadores de inflamação.
Em termos de conclusão, apesar de mais estudos serem necessários, os
probióticos apresentam um enorme potencial para serem utilizados como suplementos
no tratamento da depressão e ansiedade [22].
2.8 Outros nutrientes para doentes com doenças neurodegenerativa
Alguns estudos apontam para os efeitos benéficos do uso de suplementos que
contenham vitamina C, ácido lipóico, carotenóides, polifenóis e vitamina E na
prevenção ou tratamento da doença de Alzheimer [23]. No caso da doença de
Parkinson, a suplementação com vitamina B6 associada a uma dieta rica em vitaminas
do complexo B pode diminuir o risco de aparecimento desta doença [23].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 29
3. Suplementos para Doentes com Diabetes mellitus Tipo 2
3.1 Introdução
A Diabetes mellitus é uma doença metabólica caracterizada por níveis
elevados de glucose no sangue, devido a uma deficiente produção de insulina, ação
da insulina ou ambas as situações [24].
O desenvolvimento da diabetes tipo 2 começa por uma resistência à insulina
levando ao aumento da produção da mesma e a uma progressiva perda de função das
células -pancreáticas na ausência de tratamento. Esta doença está associada a
pessoas idosas, obesidade, história familiar, inatividade física e a um metabolismo da
glucose disfuncional [24].
Figura 5. Fatores de risco para desenvolvimento da diabetes tipo 2 [25].
O diagnóstico faz-se através de análises bioquímicas para detetar os níveis de
glucose no sangue, sendo que em jejum considera-se que valores de glicémia acima
de 126 mg/dL ou de 200mg/dL 2h após a toma de uma solução oral de 75 g de
glucose são considerados indicadores de diabetes. Estes valores, se detetados,
devem ser confirmados num novo teste [21].
A diabetes para além de muito prevalente na população mais idosa, leva a
sérias complicações monetárias, tanto para o utente como para o estado, como de
saúde que podem levar a uma morte prematura. Esta doença afeta o metabolismo dos
hidratos de carbono, gorduras, proteínas e ainda eletrólitos, levando a complicações
agudas e crónicas [24].
Algumas das complicações agudas incluem hiperglicemia, cetoacidose,
poliúria, visão turva, perda de peso, falta de energia e desidratação. A hiperglicemia,
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 30
dislipidemia, excesso de peso e obesidade, hipertensão arterial e stress oxidativo
levam a um aumento do risco cardiovascular, juntamente com a retinopatia diabética,
nefropatia diabética e neuropatia diabética, que derivam de alterações na circulação
sanguínea e representam as complicações crónicas mais frequentes na diabetes [24].
A diabetes é a 7ª principal causa de morte e no caso da diabetes tipo 2, 50%
das mortes são devidas a eventos cardiovasculares.
Figura 6. Diferenças entre individuo saudável e com diabetes tipo 2 com ou sem tratamento
[26].
3.2 Zinco
Este micronutriente, encontra-se presente em todos os tecidos e fluidos do
corpo humano, tem múltiplas funções tanto a nível celular como sistémico. É um
componente essencial para mais de 300 enzimas que participam na síntese e
degradação de hidratos de carbono, lípidos, proteínas e ácidos nucleicos assim como
no metabolismo de outros micronutrientes [14]. O zinco tem também funções de
estabilização das membranas celulares e funções do sistema imunitário [14].
Especificamente na diabetes, o zinco é um importante componente para a
síntese de insulina uma vez que estabiliza os hexâmeros de insulina e o seu
armazenamento pancreático. Adicionalmente o zinco parece possuir um efeito
insulinomimético, inibindo a cinase do glicogénio sintetase 3, ação antioxidante e anti-
inflamatória [27].
O zinco pode ser encontrado em quantidades apreciáveis em carne vermelha,
grãos de cereais e legumes, em menos quantidade em carnes brancas, peixes e
raízes [14].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 31
Figura 7. Interação do Zinco com os hexâmeros de insulina [28].
Devido à hiperglicemia a excreção urinária eletrólitos e água aumenta,
diminuindo assim os níveis de zinco no organismo causando a sua deficiência [27].
Adicionalmente nos idosos, a maioria das pessoas com diabetes tipo 2 têm menor
capacidade de absorver o zinco [14].
O zinco raramente apresenta toxicidade aguda, seriam necessárias doses
acima de 300 mg/dia, no entanto apresenta uma toxicidade subcrónica e crónica para
doses diárias de 50-300 mg quanto a toma é prolongada por vários meses,
caracterizando-se por alterações bioquímicas como, diminuição dos níveis de cobre e
diminuição da atividade das enzimas contendo cobre, leucopenia, anemia
sideroblástica, alterações no sistema imunitário e alteração do metabolismo de
lipoproteínas [15]. Vários estudos indicam que suplementos contendo zinco em doses
de 15 mg/dia ajudam a controlar os níveis de glicemia em pacientes com diabetes tipo
2 [27].
3.3 Crómio
Este micronutriente essencial está ligado à regulação de inúmeros processos
fisiológicos do nosso organismo, incluindo a homeostasia da glucose. O crómio ajuda
a regular a glucose ativando recetores de insulina e a transdução do sinal insulínico
[29]. A deficiência deste nutriente pode resultar numa intolerância à glucose, um
aumento da insulina circulante e episódios de hiperglicemia [29].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 32
Figura 8. Interação do crómio com os recetores de insulina [30].
Nos suplementos, o crómio pode vir em diferentes formas como cloreto de
crómio, forma que ocorre naturalmente em grãos, brócolos, cogumelos e feijão-verde,
e crómio produzido a partir de leveduras [29]. Vários estudos indicaram que não existe
uma melhoria significativa do controlo da glucose com suplementação de crómio,
independentemente da sua forma [29].
3.4 Outros nutrientes na Diabetes mellitus tipo 2
Existem vários outros tipos de nutrientes utilizados em suplementação
direcionada para a diabetes, como é o caso do vinagre, do ácido lipóico e os ácidos
gordos Omega 3. No entanto os estudos efetuados indicam que nenhum destes
produz compostos efeitos significativos no controlo da glicemia ou na sensibilidade à
insulina [24,27].
4. Suplementos para Doentes com Hipertensão
4.1 Introdução
A Hipertensão arterial é definida por uma pressão sanguínea sistólica acima de
140 mmHg e uma pressão diastólica acima de 90 mmHg [31]. A hipertensão é o maior
fator de risco para a mortalidade associada a doenças cardiovasculares, sendo que se
estima que pelo ano 2025 haja um aumento de 30% na prevalência desta doença [32].
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 33
Esta doença está diretamente ligada a um estilo de vida sedentário, dieta inadequada
e falta de atividade física
regular [32].
Figura 9. Fatores de risco para a hipertensão [33].
4.2 Magnésio
O magnésio é mais um elemento essencial para o nosso organismo, e tem sido
visto como um possível suplemento para prevenção da hipertensão. O seu papel na
pressão sanguínea pode ser dividido em 2 aspetos: como estimulador direto da
formação de prostaciclina e de óxido nítrico, modulando a vasodilatação dependente e
independente do endotélio e; com efeito preventivo de lesões vasculares devido à sua
função anti-inflamatória e antioxidante [34].
Estudos efetuados em animais indicam que existe uma ligação entre níveis
baixos de magnésio e hipertensão [34].
A suplementação de magnésio com uma dose média de 368 mg/dia durante 3
meses mostrou causar uma redução na pressão sistólica. Esta redução foi
acompanhada por um aumento dos níveis séricos de magnésio [34]. Existe, portanto,
um efeito benéfico do magnésio na diminuição da pressão arterial. Os mecanismos por
qual atua foram confirmados por estudos laboratoriais, verificando-se uma ação
benéfica através da sua ação vasodilatadora nas células do músculo liso vascular
melhorando a resistência vascular periférica [34]. O magnésio atua também como
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 34
cofator de enzimas, inibe a vasoconstrição reduzindo os níveis de cálcio que entra nas
células [34]. Adicionalmente, níveis elevados de magnésio têm sido associados a uma
melhoria do fluxo sanguíneo, resistência vascular periférica e na capacitância dos
vasos sanguíneos e um efeito antioxidante diminuindo assim as lesões nos vasos
sanguíneos [34].
4.3 Potássio
Com o aumento da incidência da hipertensão fala-se numa possível alteração
da dieta, adicionando o potássio e retirando o sódio. No entanto na verdade pouco se
sabe quais os efeitos desta alteração, uma vez que o potássio encontra-se envolvido
em inúmeros processos fisiológicos, como por exemplo na regulação da função
cardíaca [35].
Foram então realizados estudos para verificar o potencial do potássio na
redução da hipertensão. As pessoas incluídas no estudo tiveram uma dieta controlada
com baixos níveis de sódio e potássio, sendo estes suplementados em grupos
diferentes; com 3 g/dia de sódio ou 3 g/dia de potássio [35]. Previsivelmente, verificou-
se um aumento da pressão arterial no grupo com suplementação de sódio e uma
diminuição com a suplementação de potássio. De referir que este estudo incluía uma
dieta pobre em sal e com exercício físico.
Está referido que uma ingestão de 3 g/dia de potássio de forma prolongada pode levar
a efeitos secundários gastrointestinais, e uma ingestão acima de 5 g/dia causa
problemas cardíacos. As pessoas idosas estão mais sujeitas a estes efeitos
secundários devido a poderem ter a função renal diminuída e devido à toma de
medicamentos que alteram o balanço do potássio [36].
Concluindo o efeito do potássio na hipertensão é ainda muito controverso,
sendo necessários mais estudos e melhor desenhados que equacionem os efeitos
desta suplementação nomeadamente os seus efeitos a nível cardíaco [35].
4.4 L-arginina
A L-arginina é um aminoácido semi-essencial sendo o substrato natural para a
sintetase de óxido nítrico que é responsável pela produção do fator NO (Figura 10),
envolvido na vasodilatação dependente do endotélio e envolvido na regulação de
vários mecanismos no sistema cardiovascular. Todos estes efeitos levaram à
formulação da possibilidade de suplementação em L-arginina possuir efeitos benéficos
na redução da pressão arterial e na prevenção da hipertensão [37]. Estudos revelaram
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 35
que em comparação com o grupo placebo, a administração oral de L-arginina, entre 4
g a 24 g, reduzia a pressão sistólica até 23 mmHg e diastólica até 11 mmHg, contudo
apenas em poucos casos a diminuição foi estatisticamente significativa [37].
Figura 10. Ativação da L-arginina e a produção de óxido nítrico resultando em vasodilatação
dependente do endotélio [38].
Novas meta-analises sugerem que a suplementação em L-arginina pode ser
eficaz no melhoramento da função das células endoteliais e pode também melhorar a
sensibilidade à insulina. Esta última função pode ser importante uma vez que a
hipertensão está muitas vezes associada ao síndrome metabólico que inclui a diabetes
[37]. No entanto mais estudos são precisos para definir melhor a dose ótima para
inclusão no suplemento.
4.5 Cálcio
Outro elemento muitas vezes associado à hipertensão é o cálcio. Este ião é
porventura o elemento mais importante para as funções fisiológicas do nosso
organismo nomeadamente ao nível da regulação da pressão arterial e como
complemento da vitamina D, na formação e remodelação ósseas, entre outros fatores.
Níveis baixos de cálcio estão associados a alterações nos níveis de vitamina D
que resulta em reações em cadeia levando a um aumento de cálcio intracelular. Este
aumento pode levar a uma maior reatividade das células do músculo liso vascular,
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 36
causo os sistemas de regulação do cálcio falhem, resultando num aumento da
resistência vascular periférica [36].
Vários estudos apontam para um efeito benéfico significativo na suplementação
com cálcio tanto na pressão sistólica como diastólica, sendo que este efeito é superior
no sexo masculino. Os melhores resultados obtidos foram apresentados quando a
suplementação é de cerca de 1500 mg ou superior por dia [36]. De referir ainda que o
cálcio pode interagir com o magnésio, diminuindo a absorção e a excreção do mesmo
[36].
4.6 Outros nutrientes na hipertensão
Existem referenciados outros nutrientes utilizados em suplementação para
hipertensão. É o caso da Coenzima Q10 que é necessária para o bom funcionamento
do transporte de eletrões nas mitocôndrias. No entanto, tem sido demonstrado que
pode produzir uma diminuição significativa da pressão arterial quando utilizada em
conjunto com fármacos anti-hipertensores [24]. Outros exemplos de nutrientes são o
ácido fólico e os Omega 3 por causarem uma diminuição da pressão arterial [24.]
5. Conclusão
Atualmente os suplementos alimentares fazem parte de um mercado em
expansão e com o aparecimento de centenas de novos suplementos todos os anos
existe um grande risco do seu uso ser inadequado. Para que tal não aconteça é
necessário uma grande formação do farmacêutico nesta área para poder prestar um
aconselhamento correto e adequado.
A informação atualmente disponível sobre os suplementos alimentares é no
mínimo controversa, na medida em que vários estudos científicos se contradizem. É
muito importante verificar o desenho experimental de cada estudo de forma a
conseguir selecionar aqueles que apresentam maior relevância científica e como tal
resultados mais significativos. Durante a minha pesquisa foquei-me em artigos de
revisão para melhor concluir decifrar o efeito de cada suplementação, no entanto sinto-
me forçado a concluir que a comunidade científica necessita de estudar mais e melhor
os suplementos, elaborando desenhos experimentais mais relevantes e objetivos.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 37
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Anexos
Anexo 1: Propaganda através da rede social Facebook.
Anexo 2: Fachada da farmácia Pereira da Silva com montra publicitária.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 41
Anexo 3: Apresentações PowerPoint sobre a suplementação na 3ª idade.
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