faculdade de farmácia da universidade do porto · o relatório de estágio é um documento onde...

64
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto i

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto i

Page 2: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto i

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Pereira da Silva

janeiro de 2016 a julho de 2016

Luís Pedro Coelho Fernandes

Orientadora: Dra. Anabela Lemos Esteves Pereira da Silva

______________________________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria da Glória Correia da Silva Queiroz

______________________________________________________

Setembro de 2016

Page 3: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto ii

Declaração de Integridade

Eu, Luís Pedro Coelho Fernandes, abaixo assinado, nº 201103729, aluno do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual

ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos

anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com

novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, __ de __________ de ____

Assinatura: ______________________________________

Page 4: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto iii

Agradecimentos

Queria começar por agradecer a toda a minha família e amigos por apoio psicológico e

moral, sem eles tudo seria mais difícil.

Deixo também um agradecimento imenso a todos os meus colegas pelos

ensinamentos e paciência ao longo dos 6 meses do meu estágio, foi um grupo de

trabalho simpático, coeso e maravilhoso que eu encontrei e deixo boas recordações e

amizades após esta etapa da minha vida.

Page 5: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto iv

Resumo

O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os

projetos desenvolvidos durante o meu estagiário em farmácia comunitária.

A farmácia comunitária é um estabelecimento de saúde importantíssimo, onde

recorrentemente o utente se desloca em primeira instância quando se sente mal ou

doente.

Durante este relatório vão ser inicialmente descritas todas as atividades realizadas no

dia-a-dia na farmácia comunitária, desde o armazenamento de encomendas, gestão

da farmácia até ao tão importante aconselhamento farmacêutico.

Na segunda parte, serão abordados tópicos como os suplementos na depressão e

outras doenças do foro mental, assim como suplementação na Diabetes mellitus tipo 2

e hipertensão. Foi feita uma pesquisa bibliográfica exaustiva sobre os nutrientes mais

usados e eficazes nestas doenças, sendo depois transmitido o essencial aos colegas

de trabalho.

Page 6: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto v

Abreviaturas

GABA Ácido gama-aminobutírico

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

MNSRM Medicamento não sujeito a receita médica

MSRM Medicamento sujeito a receita médica

SNS Serviço nacional de saúde

Page 7: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto vi

Índice

Parte I – Atividades do dia-a-dia desenvolvidas durante o estágio…………...…….1

Agradecimentos ........................................................................................................................... iii

Resumo ..........................................................................................................................................iv

Abreviaturas .................................................................................................................................. v

Índice de figuras ............................................................................................................................ ix

Índice de tabelas ........................................................................................................................... ix

PARTE I – ATIVIDADES DO DIA-A-DIA DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ................................................. 1

1.Introdução .................................................................................................................................. 1

2. Apresentação da farmácia Pereira da Silva ............................................................................... 2

3. Recursos Humanos .................................................................................................................... 2

4. Instalações ................................................................................................................................. 3

4.1 Espaço Externo .................................................................................................................... 3

4.2 Espaço Interno ..................................................................................................................... 3

4.3 Caracterização da população .................................................................................................. 4

5. Administração e gestão da farmácia ......................................................................................... 4

5.1 Gestão de stocks.................................................................................................................. 5

5.2 Encomendas de produtos farmacêuticos ............................................................................ 5

5.3 Conferência de encomendas ............................................................................................... 7

5.4 Marcação de preços ............................................................................................................ 8

5.5 Armazenamento .................................................................................................................. 8

5.6 Verificação de prazos de validade ....................................................................................... 9

5.7 Devoluções e regularizações ............................................................................................. 10

5.8 Processamento do receituário .......................................................................................... 10

6. Classificação dos produtos farmacêuticos .............................................................................. 11

6.1 Medicamentos sujeitos a receita médica.......................................................................... 11

6.2 Medicamentos psicotrópicos ............................................................................................ 13

6.3 Medicamentos não sujeitos a receita médica................................................................... 13

6.4 Medicamentos manipulados ............................................................................................. 13

6.5 Medicamentos homeopáticos e produto farmacêuticos homeopáticos .......................... 14

6.6 Produtos dietéticos e para alimentação especial ............................................................. 14

6.7 Produtos fitoterapêuticos ................................................................................................. 14

Page 8: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto vii

6.8 Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos ................................................................... 15

6.9 Medicamentos veterinários .............................................................................................. 15

6.10 Dispositivos médicos ....................................................................................................... 15

7. Outros serviços da farmácia Pereira da Silva .......................................................................... 16

7.1 Determinação da pressão arterial ..................................................................................... 16

7.2 Determinação da altura peso e índice de massa corporal ................................................ 16

7.3 Determinação do colesterol, glicémia e triglicerídeos ...................................................... 17

7.4 Optometria ........................................................................................................................ 17

7.5 Aconselhamento nutricional ............................................................................................. 17

8. VALORMED® ........................................................................................................................ 18

9. Marketing ............................................................................................................................ 18

10. Aconselhamento farmacêutico ............................................................................................. 19

PARTE 2 - TEMAS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO ESTÁGIO ................................................................... 21

TEMA - SUPLEMENTAÇÃO EM DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS E METABÓLICAS ...................................... 21

1. Contextualização ..................................................................................................................... 21

2. Suplementos para Doentes com Depressão e Doença de Alzheimer ..................................... 22

2.1 Ácido fólico e vitamina B12 ............................................................................................... 22

2.2 Omega 3 ............................................................................................................................ 23

2.3 Ginkgo biloba .................................................................................................................... 25

2.4 Ginseng .............................................................................................................................. 25

2.5 Vitamina D ......................................................................................................................... 26

2.6 Taurina .............................................................................................................................. 27

2.7 Probióticos ........................................................................................................................ 28

2.8 Outros nutrientes para doentes com doenças neurodegenerativa .................................. 28

3. Suplementos para Doentes com Diabetes mellitus Tipo 2 ..................................................... 29

3.1 Introdução ......................................................................................................................... 29

3.2 Zinco .................................................................................................................................. 30

3.3 Crómio ............................................................................................................................... 31

3.4 Outros nutrientes na Diabetes mellitus tipo 2 .................................................................. 32

4. Suplementos para Doentes com Hipertensão ........................................................................ 32

4.1 Introdução ......................................................................................................................... 32

4.2 Magnésio ........................................................................................................................... 33

4.3 Potássio ............................................................................................................................. 34

4.4 L-arginina ........................................................................................................................... 34

Page 9: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto viii

4.5 Cálcio ................................................................................................................................. 35

4.6 Outros nutrientes na hipertensão ..................................................................................... 36

5. Conclusão ................................................................................................................................ 36

Bibliografia .................................................................................................................................. 37

Anexos ......................................................................................................................................... 40

Page 10: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto ix

Índice de figuras

Figura 1. Ciclo do ácido fólico .............................................................................................. 23

Figura 2. Estrutura química do DHA e EPA respetivamente ........................................... 24

Figura 3. Efeitos benéficos dos Omega 3 no organismo humano .................................. 24

Figura 4. Esquematização da interação entre Vitamina D e a PTH, com os seus

efeitos no organismo. ............................................................................................................. 27

Figura 5. Fatores de risco para desenvolvimento da diabetes tipo 2 ............................. 29

Figura 6 Diferenças entre individuo saudável e com diabetes tipo 2 com ou sem

tratamento ................................................................................................................................. 30

Figura 7. Interação do Zinco com os hexâmeros de insulina .......................................... 31

Figura 8. Interação do crómio com os recetores de insulina. .......................................... 32

Figura 9. fatores de risco para a hipertensão .................................................................... 33

Figura 10. Ativação da L-arginina e a produção de óxido nítrico resultando em

vasodilatação dependente do endotélio. ............................................................................. 35

Índice de tabelas Tabela 1. Cronograma de atividades realizadas na farmácia Pereira da Silva ............. 2

Page 11: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 1

PARTE I – ATIVIDADES DO DIA-A-DIA DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

1.Introdução

A última etapa do curso Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

consiste na realização de um estágio com duração de 6 meses. O estágio pode ser

dividido em farmácia comunitária, hospitalar ou, recentemente adicionado, estágio

investigação. No entanto existe uma obrigatoriedade de 3 meses do estágio ser

realizado em ambiente comunitário, devido à sua importância no futuro como

farmacêutico.

Foi do meu objetivo aproveitar ao máximo o tempo em farmácia comunitária,

tendo escolhido passar os 6 meses de estágio na Farmácia Pereira da Silva, em

Moreira de Cónegos. A importância desta escolha foi importante, uma vez que a

farmácia comunitária exige aptidões tanto científicas como pessoais e sociais,

obviamente estando todas ligadas a um bom profissionalismo. As aptidões científicas

foram adquiridas ao longo de 9 semestres na Faculdade de Farmácia da Universidade

do Porto, chegando então à altura de testar a teoria na prática, através do

aconselhamento farmacêutico à população. Quanto às aptidões pessoais e sociais

foram sendo desenvolvidas ao longo do estágio através de um diálogo permanente

com os profissionais da farmácia e com os utentes, de modo passar a mensagem

adquirida pelo conhecimento científico de forma adequada.

Esta fase final do curso representa uma etapa fundamental para a formação de

um farmacêutico na mediada em que adquire competências que lhe permitem

solucionar os problemas de saúde de cada utente, através de uma comunicação clara

dos benefícios e efeitos secundários de produtos farmacêuticos, alertando a

população para atitudes de risco e promovendo e desta forma contribuir para a

melhoria da sua saúde. No entanto o trabalho não fica por aqui, sendo importante

manter os conteúdos científicos aprendidos em mente, continuando a progredir como

profissionais lado a lado com os conhecimentos científicos que estão constante a ser

atualizados.

Neste relatório irei descrever as minhas experiências no dia-a-dia da farmácia

Pereira da Silva, descrevendo todos os passos importantes da minha formação ao

longo destes 6 meses, desde o armazenamento de medicamentos ao aconselhamento

farmacêutico, projetos desenvolvidos a população utilizadora do espaço (Tabela 1).

Page 12: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 2

Tabela 1 Cronograma de atividades realizadas na farmácia Pereira da Silva.

Atividades 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês

Armazenamento X X X X X X

Receção de encomendas X X X X X X

Processamento de receituário X X X X X X

Realização de encomendas X X X X

Aconselhamento farmacêutico X X X X

Outros serviços farmacêuticos X X X X

Controlo de prazos de validade X X X

Durante o meu estágio assisti a 1 formação sobre suplementos da Bioativo da

empresa Pharma Nord. A formação foi dada pela farmacêutica Inês Veiga, no dia 27

de Abril de 2016 no Hotel Holiday Inn Gaia em Vila nova de Gaia. A formação teve

uma duração de aproximadamente 3h, tendo contribuído para o enriquecimento do

meu conhecimento e consequentemente dos projetos realizados no âmbito do meu

estágio curricular.

2. Apresentação da farmácia Pereira da Silva

A farmácia Pereira da Silva situa-se na Rua Dona Laurinda Ferreira de

Magalhães nº15, Moreira de Cónegos localizada no concelho de Guimarães.

Encontra-se instalada no centro da vila, tendo nas imediações um centro de saúde,

clinicas de análises, uma igreja, vários cafés e estabelecimentos comerciais.

Existem 2 horários de funcionamento, de segunda-feira a sábado a farmácia encontra-

se aberta das 9h-21h sem interrupções, e ao domingo e feriados encontra-se aberta

das 9h às 12h.

O meu horário foi estabelecido com consentimento da Diretora Técnica, ficando de

serviço das 9h às 12h e das 13h às 18h, correspondendo às 8horas diárias.

Este horário foi de encontro às necessidades da farmácia, a nível das horas de almoço

dos restantes funcionários, e a nível pessoal.

3. Recursos Humanos

Page 13: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 3

O grupo de profissionais da Farmácia Pereira da Silva é constituído por 4

auxiliares de farmácia, Nelson Almeida, Joel Almeida, Vânia Almeida e Patrícia

Ferreira, 1 técnico de farmácia, Sr. Pereira e pela farmacêutica Diretora Técnica

Anabela Pereira da Silva.

4. Instalações

4.1 Espaço Externo

O espaço externo é composto por um estacionamento em frente ao acesso

único da farmácia, contendo uma rampa de acesso para pessoas com dificuldades de

mobilidade. Encontra-se ao nível da estrada um sinal luminoso com a cruz verde

identificadora de farmácia, com diversas informações em rodagem, tais como serviços

prestados na farmácia e mensagens elucidativas a épocas festivas. Na entrada da

farmácia encontra-se afixado o nome da farmácia assim como incluído o nome da

Diretora Técnica.

Ao aproximarmo-nos da entrada podemos ver montras expositoras de produtos

escolhidos pela farmácia, com o objetivo de cativar o cliente com promoções,

demonstrar produtos de sazonalidade ao cliente, como por exemplo protetores solares

no tempo de verão, ou serviços prestados pela farmácia, como é o caso da Dieta

Easyslim. Nas montras, encontra-se afixado o horário de funcionamento da farmácia

bem como o nome e as funções de todo o staff que trabalha na farmácia.

4.2 Espaço Interno

O espaço interno é composto por 7 importantes áreas, o atendimento ao

público, uma área multifuncional, um laboratório, umas instalações sanitárias, um

gabinete de atendimento personalizado, um local de armazenamento e o escritório da

Direção Técnica.

O atendimento ao público é um espaço amplo, composto por 4 balcões e vários

expositores, onde se processam as transições de produtos farmacêuticos aos clientes,

sendo feito o aconselhamento farmacêutico e aviamento de receitas. Os balcões

contem um computador, um leitor de códigos, uma impressora, uma gaveta para

guardar receitas aviadas e ocasionalmente produtos em promoção, ou produtos

novos.

O resto do espaço é constituído por diversos expositores de produtos como

medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), produtos de dermocosmética,

produtos de higiene oral, suplementos vitamínicos, produtos dietéticos, leites e

Page 14: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 4

farinhas para recém-nascidos e bebés assim como para publicidade para produtos e

serviços dietéticos.

A designada área multifuncional, como o nome indica, serve para um enorme

tipo de atividades do dia-a-dia, sendo neste mesmo local onde se recebem e se

conferem as encomendas, onde estão armazenados o grosso dos medicamentos

sujeitos e não sujeitos a receita médica e onde se fazem a conferência mensal das

receitas aviadas. Contem um computador, um leitor de códigos, um marcador de

preços, um frigorífico e todo o tipo de manuais como o prontuário terapêutico e

manuais de aconselhamento de cosméticos.

Na secção do laboratório, encontram-se os materiais básicos para a

elaboração de medicamentos manipulados, uma área de estar, um armário para

armazenamento de matérias-primas e um outro para medicamentos veterinários, e um

local que serve de preparação de xaropes.

No gabinete de atendimento personalizado são realizados testes bioquímicos,

como colesterol, triglicerídeos, tensão arterial e diabetes, por parte da Diretora

Técnica, sendo também utilizado para as consultas de dietética e sempre que é

necessário um aconselhamento mais privado e demorado a um utente da farmácia.

O armazém situa-se na cave da farmácia e serve para acondicionar os excedentes

dos produtos farmacêuticos obtidos pela farmácia, assim como para guardar montras

e expositores que não estão a ser utilizados num determinado momento.

4.3 Caracterização da população

A maior parte dos utentes da farmácia Pereira da Silva são moradores ou

trabalhadores da localidade Moreira de Cónegos ou localizações vizinhas.

Maioritariamente de idade avançada e com doenças crónicas, os utentes

frequentadores encontram-se fidelizados, sendo clientes de longa data e com relações

pessoais e sociais com os profissionais de saúde. Deslocam-se à farmácia numa base

quase diária à procura de aviar novas receitas ou em busca de aconselhamento para

outros problemas de saúde. Existem também utentes de todas as outras faixas etárias,

cujas necessidades são completamente diferentes, muitas vezes exigindo um melhor

aconselhamento de produtos não sujeitos a receita médica, como produtos dietéticos,

cosméticos e MNSRM.

5. Administração e gestão da farmácia

Page 15: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 5

Atualmente as farmácias estão a sentir os efeitos da crise económica

portuguesa, a baixa do preço de medicamentos e as dificuldades económicas dos

utentes colocaram as farmácias portuguesas numa situação complicada. Como

utentes da farmácia, começamos a enfrentar situações onde a farmácia não

conseguia, por motivos de stock, satisfazer os nossos desejos, pois para contrariar

esta crise, a maioria das farmácias para se manterem em funcionamento tiveram que

começar a gerir os stocks, reduzindo-os drasticamente.

No entanto para evitar não satisfazer o utente, a gestão de stock tornou-se uma das

ferramentas fundamentais no dia-a-dia da farmácia. Entre diversos fornecedores e

durante várias alturas do dia, produtos farmacêuticos chegam à farmácia evitando a

rutura de um stock.

5.1 Gestão de stocks

A farmácia Pereira da Silva utiliza 2 fornecedores diários, a Alliance HealthCare

e o Botelho&Rodrigues LDA. A Alliance HealthCare vazia a entrega 2 vezes ao dia, ás

9 h da manhã e entre as 16 h e as 17 h da tarde, enquanto o Botelho&Rodrigues fazia

apenas 1 entrega por dia entre as 14:30 h e as 15 h. Existem também encomendas

feitas diretamente aos laboratórios, como é o caso da Chicco®, Vichy®, alguns

laboratórios de genéricos e de produtos dietéticos.

Com este sistema, dividido ao longo do dia, consegue-se manter o stock em

níveis satisfatórios, através não só de um conhecimento das necessidades dos utentes

da farmácia mas também de uma intercomunicação entre os profissionais saúde da

mesma.

É importante também reforçar que, neste tempo de crise, muitos dos produtos

farmacêuticos podem ser encomendados em maior ou menor quantidade, tendo em

conta as bonificações oferecidas pelos fornecedores/laboratórios/delegados.

Igualmente importante é antecipar necessidades sazonais, como antigripais ou anti-

inflamatórios no fim do verão, ou por outro lado, protetores solares e produtos anti-

histamínicos no início da primavera.

5.2 Encomendas de produtos farmacêuticos

As encomendas eram feitas usando o sistema informático Sifarma2000®, ou

por telefone. A diferenciação entre fornecedores depende de vários fatores, como o

preço do produto para a farmácia, possíveis bonificações, descontos em determinados

Page 16: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 6

laboratórios e horário de entrega.

Todas as encomendas da Alliance HealthCare eram feitas pelo sistema

informático, de manhã até às 13 h e de tarde até as 21 h. Os códigos dos produtos

farmacêuticos a pedir são inicialmente colocados numa lista de papel, onde

posteriormente são inseridos informaticamente na encomenda. Apesar de mais

demorado, este sistema apresenta benefícios a nível de gestão de stock. Ao inserir os

códigos no sistema, existe a visualização da quantidade existente, quantidade a pedir

e média de compra e venda, que juntamente com o conhecimento da rotina da

compra/venda de produtos farmacêuticos por parte da farmácia leva a uma

encomenda mais correta e precisa, servindo assim tanto os interesses dos utentes

como os da farmácia.

Inicialmente as encomendas para o fornecedor Botelho & Rodrigues eram

feitas por telefone por volta das 11h, tendo essa prática sido abandonada ao longo do

estágio, passando a ser informaticamente até as 11:20 h.

As encomendas feitas através do sistema informático apresentam vantagens no que

diz respeito à gestão de stocks, no entanto por telefone havia uma melhor

comunicação de bonificações ou pedidos especiais entre fornecedor e farmacêutico.

Sempre que um utente requeria um produto farmacêutico relativamente novo,

que não existia em stock na farmácia, para uma melhor garantia para com o utente,

procedia-se à comunicação via telefone com um dos fornecedores. Dependendo do

feedback do fornecedor, comunicava-se ao utente a disponibilidade do produto, dando

uma janela temporal para a obtenção do mesmo, geralmente durante a tarde do

próprio dia, caso o utente aborde o farmacêutico de manhã, ou no dia seguinte pela

manhã, caso a abordagem tenha sido já durante a parte da tarde. O fornecedor

escolhido, neste caso, será o que consiga enviar o produto farmacêutico o mais

rapidamente possível, para melhor satisfazer o utente.

Recentemente foram incluídas novos tipos de encomendas, como as

encomendas instantâneas e encomendas via verde. Este tipo de encomendas são

utilizadas para determinados produtos de laboratórios específicos, com a finalidade de

satisfazer mais rapidamente a necessidade da farmácia em obtê-lo. No caso das

encomendas via verde, era necessário introduzir o código da receita, uma vez que

estas encomendas são específicas para produtos que geralmente se encontram com

stock reduzido nos fornecedores. Existia um prazo máximo de 48 h para o fornecedor

entregar o produto, a contar a partir do momento em que se procede à encomenda via

informática.

Durante o meu estágio tive oportunidade de realizar todo tipo de encomendas

ao longo dos 6 meses, e após conhecer as realidades da farmácia e o tipo de utentes

Page 17: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 7

frequentadores, era eu que fazia a revisão das encomendas e ajustava o número de

cada medicamento a pedir consoante as necessidades diárias, regulando o stock real

e capacidade de armazenamento da farmácia.

5.3 Conferência de encomendas

A receção e conferência de encomendas é um dos processos fundamentais

para o bom funcionamento da farmácia, uma vez depende das encomendas diárias ao

longo do dia para possuir um stock adequado às necessidades dos utentes.

Os produtos são enviados pelos fornecedores em contentores, juntamente com

a guia de remessa e fatura e os respetivos duplicados. No caso dos produtos que

necessitam de condições especiais de armazenamento, como é o caso de injeções de

insulina, os fornecedores acondicionavam devidamente em contentores refrigerados

especiais. A receção de encomendas vai se proceder na zona multifuncional.

Inicialmente retira-se todos os produtos farmacêuticos dos contentores

enviados pelos fornecedores para um balcão próximo do computador. Seguidamente

são lidos pelo leitor de códigos e rececionados pelo Sifarma2000®. Neste passo é

importante ter em atenção vários aspetos fundamentais. É necessário verificar o preço

do produto, tanto o de venda à farmácia, como o de venda ao público, caso este esteja

dentro dos conformes mas diferente dos produtos em stock, é necessário escoar

primeiro os de preço mais antigo, sendo posto estes últimos com mais fácil acesso no

local de armazenamento dos mesmos. O prazo de validade do medicamento, a

integridade da cartonagem e possíveis erros de pedido ou envio de produtos são

outros aspetos a ter em atenção na conferência de encomendas.

Em caso de erros ou não conformidade com os padrões estabelecidos, em

qualquer destes passos, é feita uma reclamação aos fornecedores. A reclamação deve

ser feita com o número da guia de remessa e com os códigos dos produtos em não

conformidade, sendo no fim arquivada em local próprio ate resolução por parte dos

fornecedores. Geralmente a resolução é feita através de notas de crédito, ou reenvio

dos produtos especificados.

Na conferência de produtos de venda livre é necessário proceder-se à

marcação do preço. Este depende do preço feito pelos fornecedores, aplicando depois

uma margem pré-definida numa tabela pela Diretora Técnica. De novo, caso haja

mudanças de preço em produtos que a farmácia possui em stock, era aplicado a todos

um preço médio, de forma a assegurar um equilíbrio entre farmácia/utente. Por último,

conferia-se novamente a fatura para detetar possíveis erros, e procedia-se à

finalização da receção da encomenda, existindo a opção de selecionar outro

Page 18: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 8

fornecedor para produtos esgotados através do Sifarma2000®.

Durante os meus primeiros meses de estágio, esta foi a função que mais

desempenhei na farmácia juntamente com a colocação dos medicamentos conferidos

nos respetivos locais de armazenamento. Esta etapa permitiu-me familiarizar com os

medicamentos com mais entrada/saída da farmácia, com o local e forma onde eram

guardados e também memorizar mais rapidamente o nome comercial e dosagens

existentes de cada medicamento.

5.4 Marcação de preços

O preço dos medicamentos comparticipados pelo SNS é autorizado e regulado

pelo INFARMED, abrangendo MSRM e MNSRM [1]. É obrigatório ainda que estes

medicamentos comparticipados têm que indicar o preço na embalagem, de acordo

com a legislação em vigor [2]. Relativamente aos restantes produtos farmacêuticos, o

preço é calculado a partir do preço de custo, margem de lucro para a farmácia e valor

do IVA.

5.5 Armazenamento

Após conferência das encomendas, o próximo passo é o armazenamento dos

produtos farmacêuticos obtidos. Existiam localizações diferentes consoante a classe

de produto farmacêutico. Na farmácia Pereira da Silva, os produtos cosméticos

encontravam-se dispostos por marca e por ordem alfabética no espaço de

atendimento ao utente, no caso dos produtos de higiene oral e dentária apenas se

aplicava a ordem alfabética, enquanto os produtos dietéticos encontravam-se

dispostos por efeito.

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ou de dispensa exclusiva

por farmácias encontravam-se em gavetões e portas móveis por ordem alfabética e de

dosagem, tendo um espaço correspondente da média de compras/vendas. Aqui

aplicava-se a questão do escoamento de medicamentos com preços mais antigos,

sendo os mesmos colocados por cima ou com mais fácil acesso ao profissional de

saúde ou com um aviso escrito alertando para isso mesmo.

No caso de medicamentos psicotrópicos existia uma necessidade de os colocar

à parte, num armário não visível, obedecendo também ao critério de ordem alfabética

e de dosagem.

Quanto aos MNSRM, a maioria estavam dispostos por ordem alfabética em

armários abertos na zona multifuncional, e uma pequena parte encontravam-se

Page 19: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 9

colocados no espaço de atendimento aos utentes devido à sua enorme procura ou a

promoções apelativas por parte da farmácia. Estas promoções aplicavam-se tanto a

produtos sazonais como pastilhas para a garganta, como para produtos com procura

permanente, como é o caso de antimicóticos para onicomicoses.

Os medicamentos veterinários eram colocados à parte, posicionados num

armário aberto situado no laboratório. Dispositivos médicos e acessórios obedeciam

ao critério de ordem por efeito terapêutico, sendo colocados em armários separados

dos outros produtos farmacêuticos. Os excedentes de todos estes produtos

farmacêuticos eram colocados num armazém situado na cave, devidamente

assinalados e acondicionados.

Todos os produtos farmacêuticos que necessitassem de cuidados de

armazenamento especiais eram colocados num frigorífico a temperaturas

compreendidas entre 2º a 8ºC. De notar que todos estes produtos apresentavam

prioridade na conferencia da encomenda, sendo rapidamente guardados.

5.6 Verificação de prazos de validade

A verificação dos prazos de validade dos produtos é um processo fundamental

para a sobrevivência da farmácia, como tal exige uma concentração rigorosa por parte

dos profissionais no momento da receção da encomenda. Esta é apenas uma das

triagens feitas para evitar conter produtos fora de validade. Aquando a passagem pelo

sistema Sifarma2000, verificava-se o prazo de validade de todos os medicamentos,

colocando o prazo de validade mais curto na ficha do produto. No entanto, com o

enorme número de encomendas e produtos encomendados diários, existia sempre o

risco de este método falhar, tornando essencial a recolha periódica dos prazos de

validade de todos os produtos da farmácia.

Geralmente esta recolha verifica-se periodicamente, de 4 em 4 meses,

colocando os produtos com prazo de validade curto (inferior a 6meses) num local

indicado para tal. Procedia-se a uma listagem dos mesmos, para afixar em local

adequado e visível. Para complementar a eficácia destas ações, procedia-se à

colocação de avisos escritos em papel, no local onde habitualmente esses produtos

estavam guardados. Neste caso, a intercomunicação entre profissionais ganhava uma

importância acrescida, facilitando o escoamento destes produtos em tempo útil de

utilização por parte do utente.

Page 20: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 10

5.7 Devoluções e regularizações

Existem vários motivos para utilizar esta ferramenta, como é o caso de

produtos farmacêuticos com prazo de validade curto ou produtos enviados com o

prazo expirado, cartonagem ou produto danificado, preço inválido, erro de pedido ou

de envio de determinado produto ou por ordem da Autoridade Nacional do

Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) ou laboratório através de circulares.

Nestes casos procedia-se à devolução dos produtos em causa ao fornecedor em

questão. Esta devolução era feita pelo Sifarma2000®, onde se emitia uma nota de

devolução com várias informações como o número da fatura correspondente, data,

quantidade de produtos (designação e código) e motivo para a devolução. Eram

emitidos triplicados deste documento, o original e duplicado, assinados e carimbados,

para serem enviados para o fornecedor juntamente com os produtos, sendo que o

triplicado ficava, assinado e carimbado, na posse da farmácia.

A nota de devolução podia ser aceite ou rejeitada por parte do fornecedor. No

caso de ser aceite, era enviada uma nota de crédito para a farmácia. Com este

documento, através do Sifarma2000® era possível regularizar a devolução através o

código da nota de crédito. Este passo finalizava a devolução.

Durante o estágio, inicialmente assisti a todas estas etapas, sendo que

posteriormente com supervisão, tive oportunidade de comunicar ao fornecedor a

existência de erros de encomenda, da criação da nota de devolução e por fim da

regularização da mesma. A maior parte das devoluções foram devido a produtos a

acabar o prazo, ou erros nas encomendadas, contudo várias circulares do INFARMED

foram enviadas para a farmácia, sendo que apenas em um caso a farmácia possuía o

medicamento em questão, o Locabiosol®. Este medicamento foi retirado devido a um

número assinalável de choques anafiláticos por parte dos utentes.

5.8 Processamento do receituário

A gestão do receituário apresenta diversas fases, sendo uma etapa

fundamental na gestão da farmácia que requer uma atenção enorme por parte do

farmacêutico.

O primeiro passo é no ato de dispensa. Enquanto atendemos o utente temos

que verificar diversos pormenores da receita como, nome do utente, número de utente,

sistema de comparticipação, validade da receita, assinatura do médico e possíveis

rasuras. É necessário também verificar se o medicamento está corretamente

designado, estando autorizado no mercado, com as dosagens corretas e o número de

Page 21: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 11

embalagens válido. Estando tudo dentro dos conformes, a receita é aviada, o

documento de faturação é impresso no verso sendo assinada pelo utente, e

posteriormente guardada em local apropriado.

O próximo passo consiste na recolha de todas as receitas, se possível

diariamente. Procede-se a uma nova verificação por parte de um profissional,

colocando a data de verificação na receita. Todas as receitas que não cumpram as

normas são anuladas ou corrigidas, se possível, e quanto às receitas em dúvida são

entregues à Diretora Técnica para esclarecimento. As receitas corretas são ordenadas

por organismo em lotes de 30 sendo armazenadas para posterior verificação.

Por último procede-se ao carimbo das receitas por parte do farmacêutico,

verificando uma última vez receita a receita se se encontra nos conformes, fecha-se a

faturação mensalmente e um novo ciclo recomeça. Com este sistema de tripla

verificação aumenta-se a probabilidade de detetar erros.

Durante o meu estágio desde os primeiros dias até ao último, tive como um das

principais funções fazer a primeira e segunda verificação do receituário. Com o tempo

aprendi a perceber os erros mais frequentes, como datas rasuradas, comparticipação

errada ou falta de assinatura médica, rejeitando logo na dispensa várias receitas que

não cumpriam as normas.

6. Classificação dos produtos farmacêuticos

6.1 Medicamentos sujeitos a receita médica

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são medicamentos cuja

dispensa depende exclusivamente da entrega de uma receita. Estes medicamentos

podem apresentar riscos para a saúde do doente, tanto direta como indiretamente,

com o uso esporádico ou prolongado, incluem-se também produtos de administração

parentérica. É necessário, portanto, um conhecimento médico para prescrição destes

medicamentos [1].

As receitas médicas podem ter classificações distintas como receita médica

renovável, receita médica especial e receita médica restrita. Os MSRM podem ter

comparticipações diferenciadas ou não terem qualquer tipo de comparticipação.

As comparticipações pelo Estado mais recorrentes são o regime normal (O) ou

especial (R). Estas designações por letras têm que estar assinaladas na receita de

forma visível e em local apropriado. Para a validação das mesmas é necessário, por

parte do farmacêutico, verificar o número de utente, o sistema de comparticipação (por

exemplo Serviço Nacional de Saúde (SNS), assinatura do médico, data (se se

Page 22: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 12

encontra válida) e ausência de rasuras.

Existem outros tipos de comparticipações no caso de doenças específicas

como a Psoríase ou o Lupus eritematoso e para tal é necessário vir discriminado na

receita o tipo de diploma, com o Decreto-Lei/Despacho adequado. Como por exemplo

Despacho n.º 11 387-A/2003, de 23 de Maio no caso do Lupus eritematoso. Pode

haver também outros sistemas de comparticipação, como seguradoras ou sistemas

bancários, que juntamente ou isoladamente com o SNS comparticipam determinados

medicamentos. Nestes casos o utente tem que previamente avisar o farmacêutico e

mostrar o documento de identificação, no caso dos sistemas bancários.

Durante o atendimento de um utente com receita o farmacêutico deve verificar

todos estes parâmetros enquanto de forma politicamente correta informa o utente dos

medicamentos genéricos mais baratos (5 mais baratos), no caso de estes existirem. O

utente tem no seu direto a opção final sobre qual medicamento leva, podendo exercer

a opção de obter um medicamento mais caro.

Nas situações com prescrição de medicamento com margem ou índice

terapêutico estreito – exceção a); com suspeita fundada de intolerância ou reação

adversa a um medicamento – exceção b, o utente não pode exercer o direito de

opção. No caso da exceção c) - com prescrição de medicamento destinado a

assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias,

o utente pode exercer o direito de opção caso o medicamente seja mais barato que o

indicado. O farmacêutico deve proceder então à passagem de todas as informações

necessárias sobre o medicamento (como tomar, possíveis efeitos secundários, quando

espera obter resultados) com linguagem adequada ao utente.

A receita caso seja manual ou eletrónica deve ser impressa e assinada pelo

utente, sendo depois depositada em local de armazenamento apropriado.

Recentemente foram introduzidas as receitas sem papel, neste caso o utente recebe

uma mensagem no telemóvel ou a receita é inserida no cartão de cidadão,

apresentando ao farmacêutico, juntamente com os códigos de acesso. Existe ainda a

hipótese do médico entregar a guia de tratamento a pessoas com mais dificuldades de

adaptação a este novo sistema. Este sistema permite várias vantagens, para ambas

as partes. O utente pode levar medicamento a medicamento em qualquer farmácia de

acordo com as suas necessidades, com uma única guia, permitindo uma melhor

gestão financeira. Para a farmácia diminui o processamento de receituário, uma vez

que este é logo transmitido informaticamente, não sendo então necessária a

impressão da faturação no verso da receita e respetiva assinatura do utente. Este

sistema permite assim reduzir os erros inerentes ao receituário, assim como o gasto

de papel.

Page 23: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 13

6.2 Medicamentos psicotrópicos

A receção destes medicamentos por parte da farmácia é ligeiramente diferente

dos outros produtos farmacêuticos. É enviada uma requisição específica em

duplicado, sendo assinada e carimbada pela Diretora Técnica e pelos fornecedores

em questão. Esta requisição deve ser arquivada durante 3 anos.

No momento da dispensa de medicamentos psicotrópicos é necessário

confirmar se o medicamento dispensado é para o comprador ou se este é apenas

intermediário. Neste último caso é necessário guardar alguns dados extra como nome,

morada, nº do cartão de cidadão do comprador. Em ambos os casos o nome do

médico prescritor, nome e morada do utente são pedidos e guardados

informaticamente. Por fim é necessário proceder à fotocópia da receita para fim de

controlo, sendo uma cópia arquivada durante 3 anos com um dos talões

comprovativos e outra é enviada para o INFARMED até ao dia 8 do mês seguinte.

6.3 Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são todos os

medicamentos que não se enquadram na definição de medicamentos sujeitos a

receita médica estabelecida acima. Podem ser vendidos de forma livre, no entanto de

forma consciente pela parte do farmacêutico. Muitos utentes deslocam-se à farmácia

com pedidos específicos, e cabe ao farmacêutico gerir a situação, indicando se o

utente estará a fazer a melhor escolha, dispensando então o medicamento pretendido,

ou aconselhando um outro medicamento que ache mais adequado. O utente pode

aceitar o aconselhamento sendo que é o que mais frequentemente se sucede nestas

situações. Em ambos os casos cabe ao farmacêutico informar o utente de todas as

informações necessárias à utilização do mesmo.

6.4 Medicamentos manipulados

Um medicamento manipulado é qualquer fórmula magistral ou preparado

oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico [3].

Na farmácia Pereira da Silva não se procede à preparação de medicamentos

manipulados. Todos os pedidos são reenviados para a Farmácia Barreiros, Porto.

Após a preparação dos mesmos, estes são enviados para a Farmácia Pereira da Silva

rececionando o medicamento manipulado através do Sifarma2000®, procedendo-se à

marcação do preço, aplicando a margem da farmácia. Por fim entra-se em contacto

Page 24: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 14

com o utente avisando que o medicamento se encontra disponível.

6.5 Medicamentos homeopáticos e produto farmacêuticos homeopáticos

Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de

substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com

um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em

farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro. Estes medicamentos

podem conter vários princípios e baseiam-se no princípio das diluições e dinamizações

[1]. Na farmácia Pereira da Silva encontram-se poucos medicamentos homeopáticos,

uma vez que não existe procura por parte dos utentes da farmácia.

6.6 Produtos dietéticos e para alimentação especial

Esta secção engloba tanto os leites infantis, produtos hipercalóricos (como

produtos hiperproteicos ou ricos em hidratos de carbono) e produtos hipocalóricos.

Definem-se como géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial,

fabricados e processados por métodos específicos e com um objetivo nutricional bem

delineado [4]. Exemplo de produtos hipercalóricos, incluem os produtos hiperproteicos,

estes são direcionados para evitar a perda muscular, ou potenciando os seus ganhos.

Podem ser indicados, por exemplo, para idosos que estão a perder a sua capacidade

locomotora preservando a função muscular das pernas, retardando assim a atrofia

muscular que muitas vezes acontece nesta faixa etária.

Os suplementos alimentares incluem-se nesta categoria, sendo amplamente

procurados e requisitados por parte dos utentes. É importante transmitir aos utentes

que um suplemento, como a designação indica, apenas complementa toda uma

alimentação equilibrada e um estilo de vida adequado. Devido à grande variedade

destes produtos, o farmacêutico deve se informar para proceder a um melhor

aconselhamento, devendo procurar informar-se de doses recomendadas e quantidade

absorvida pelo organismo de cada nutriente por via oral, bem como a relevância de

cada nutriente em determinada patologia, assim como possíveis efeitos secundários

da suplementação em causa.

Na farmácia Pereira da Silva existem semanalmente consultas de nutrição e

rastreios com uma especialista, existindo também produtos adequados a todos os

tipos de dietas. Estes produtos podem ser recomendados pela especialista ou pelos

profissionais da farmácia, aplicando-se as mesmas normas referidas anteriormente.

6.7 Produtos fitoterapêuticos

Page 25: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 15

Produtos fitoterapêuticos são compostos exclusivamente por uma ou mais

substâncias ativas derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas

ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais

preparações à base de plantas [5].

Este tipo de produto farmacêutico era pouco procurado pelos utentes da

farmácia, sendo a sua dispensa algo rara.

6.8 Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos

Estes produtos consistem de substâncias ou preparações que se destinam a

limpar, perfumar, proteger, manter em bom estado, corrigir os odores corporais,

modificar o aspeto e cumulativamente a ser aplicado nas seguintes áreas, epiderme,

sistemas piloso e capilar, unhas, lábios, dentes e mucosa bucal, órgãos genitais

externos [6].

A farmácia Pereira da Silva possui um elevado número deste tipo de produtos

farmacêuticos, como tal é necessária uma especialização acima do que nos foi

transmitido durante o curso. Esta especialização foi feita através de transmissão de

conhecimento dos colegas profissionais, leitura de manuais de aconselhamento das

marcas e por formações. Esta área tem cada vez mais importância para a farmácia

sob o ponto de vista económico, e para os utentes uma vez que estes procuram cada

vez mais o aconselhamento em produtos cosméticos.

6.9 Medicamentos veterinários

Incluem-se nesta categoria as substâncias, ou associação de substâncias,

apresentadas como exercendo propriedades curativas ou preventivas de doenças em

animais ou dos seus sintomas, que possa ser utilizada ou administrada no animal com

vista a estabelecer um diagnóstico médico veterinário ou, exercendo uma ação

farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções

fisiológicas. [7]

A maioria dos casos de dispensa de medicamentos veterinários na farmácia

Pereira da Silva eram para animais de companhia, cães e gatos, sendo a maioria dos

medicamentos dispensados pilulas ou antiparasitários. Havia no entanto também a

dispensa de medicamentos para coelhos, devido à ruralidade da zona geográfica.

6.10 Dispositivos médicos

Page 26: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 16

Define-se por dispositivo médico qualquer instrumento, aparelho, equipamento,

software, material ou artigo utilizado isoladamente cujo principal efeito pretendido no

corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou

metabólicos. No entanto esta função pode ser complementada por estes meios.

Podem ser utilizados para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento,

abrandamento de uma doença, compensação de uma lesão ou deficiência e controlo

de conceção [8].

Na farmácia Pereira da Silva os dispositivos médicos mais requisitados eram

ligaduras, adesivos, compressas esterilizadas e não esterilizadas, meias de descanso,

cintas de postura e pés elásticos.

No caso das meias de descanso, pés elásticos e cintas era necessário

proceder-se à medição da parte do corpo do utente e fazer um pedido especial aos

fornecedores uma vez que a farmácia não tinha em stock todos os tamanhos

existentes.

Tive oportunidade, durante o estágio, de proceder ao aconselhamento de

dispositivos médicos, a maioria compressas e pés elásticos.

7. Outros serviços da farmácia Pereira da Silva

7.1 Determinação da pressão arterial

Numa farmácia onde a maioria dos utentes se encontra na faixa etária mais

envelhecida, a medição da pressão arterial era um dos serviços mais requisitados.

Inicialmente a medição era feita numa máquina própria, tendo esta avariado ao longo

do meu estágio, procedendo-se então à medição por parte de um profissional com o

apoio de um medidor de pressão arterial digital.

Durante o estágio tive oportunidade de medir a pressão arterial regularmente a

vários utentes, procedendo interpretação dos resultados obtidos, aconselhando

medidas apropriadas para melhoramento da pressão arterial. O serviço de medição

acaba por beneficiar a farmácia, pois num ambiente mais privado e mais pessoal

cultiva-se um sentimento de maior ligação entre o utente e o farmacêutico.

7.2 Determinação da altura peso e índice de massa corporal

Este serviço era prestado na farmácia utilizando uma máquina adequada. O

utente apenas precisava de subir para a zona da balança e esperar pelo sinal sonoro.

Executado este sinal o utente retirava-se da balança, que fornecia na interface os

Page 27: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 17

dados e os imprimia em papel. Apesar do processo poder ser feito de forma

independe, muitas vezes os utentes procuravam ajuda com os profissionais, tanto para

ajudar na utilização da máquina como para a interpretação dos resultados.

Fui abordado em ambos os sentidos durante o meu estágio, ajudando e

prestando apoio em todas as etapas da medição assim como na interpretação dos

resultados. Verifiquei que a população idosa está mais sensibilizada para o perigo do

excesso de peso, recorrendo regularmente a este serviço, anotando as melhorias ou

estabilizando em índice de massa corporal normais.

7.3 Determinação do colesterol, glicémia e triglicerídeos

A determinação destes parâmetros bioquímicos era normalmente executado

pela Diretora Técnica da farmácia, e constituía um serviço importantíssimo devido à

população utilizadora, oferecendo assim uma alternativa ao centro de saúde, mais

pessoal e rápida.

7.4 Optometria

A farmácia Pereira da Silva oferecia também o serviço de optometria, no

entanto devido a menor procura não haviam consultas semanais, mas sim apenas

quando os utentes requisitavam o serviço. Atingindo um número de utentes

adequados procedíamos à comunicação com o especialista marcando uma data de

acordo com a disponibilidade dos utentes e do especialista em questão.

7.5 Aconselhamento nutricional

Na farmácia Pereira da Silva em realizados semanalmente rastreios e

consultadas de nutrição por uma especialista, a Dra. Rita. Este serviço era

extremamente requisitado, uma vez que cada vez mais a população está cada vez

mais sensibilizada para os malefícios causados pelo excesso de peso, levando ao

alargamento do horário para todo o dia. Os interessados marcavam com a farmácia

uma hora ao longo do dia, sendo por fim comunicado para com a especialista. Apesar

da maioria dos utentes procurarem este aconselhamento para perderem peso, o

objetivo era atingir um peso adequado e saudável, pelo que também existiam utentes

cujo objetivo passava por ganhar de peso.

A especialista procedia ao aconselhamento, disponibilizando uma dieta

personalizada e adequada a cada utente. Essa dieta podia ser complementada com

Page 28: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 18

suplementos ou produtos dietéticos aconselhados pela mesma cabendo o utente a

decisão de os adquirir.

Os farmacêuticos também têm aptidões tanto para aconselhar estilos de vida

mais saudáveis, como produtos adequados para ajudarem a perda/ganho de peso. No

entanto é necessário sublinhar e transmitir aos utentes que apenas com uma dieta

equilibrada e saudável e com estilo de vida saudável, estes objetivos podem ser

atingidos e que os suplementos apenas complementam todas estas atividades.

8. VALORMED®

A VALORMED® é uma sociedade responsável pela gestão dos resíduos de

embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Na farmácia Pereira da Silva,

encontram-se perto dos balcões de atendimento vários contentores VALORMED®

onde utentes e profissionais descartavam embalagens vazias ou fora ou com

medicamentos fora do prazo de validade. Quando estes contentores atingiam o limite

eram selados, pesados, devidamente assinalados e recolhidos pelos fornecedores

para serem tratados convenientemente [9].

A adesão por parte dos utentes a este serviço é enorme, a maioria trazia as

embalagens vazias para reciclar, muitos até se dirigiam de propósito à farmácia. Esta

sensibilização por parte da população, utentes e profissionais, mostra que juntos

podem fazer diferença e reduzir ao máximo a poluição inerente ao deitar os

medicamentos ou as suas embalagens no lixo comum.

9. Marketing

Atualmente o marketing é de extrema importância para todos os grupos

económicos, inclusive nas farmácias de hoje, podendo deste modo publicitar produtos

de forma, tendo em conta a população utente ou conforme a época do ano.

Neste sentido é importante conseguir transmitir a publicidade aos utentes de

forma eficaz e a diversos níveis. Com as montras e expositores no espaço físico da

farmácia, os utentes entram em contacto com variadíssimos produtos farmacêuticos.

No entanto esta abordagem implica o utente deslocar-se à farmácia, e hoje em dia

com os avanços tecnológicos podem adotar-se outras estratégias de marketing mais

abrangentes.

Neste contexto, com autorização da Diretora Técnica e com ajuda de colegas

de trabalho, decidiu-se criar uma página de publicidade da farmácia na rede social

Page 29: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 19

Facebook. Nesta página, além da descrição de horários, localização e informações

gerais da farmácia, foram regularmente publicadas promoções ou serviços prestados

pela farmácia (Anexo 1). Com esta nova abordagem, a parte de marketing da farmácia

ficou mais enriquecida, podendo passar informações importantes, tanto sobre

serviços, como produtos sazonais, como também promoções alcançando mais utentes

podendo atrair mais utentes à farmácia.

Adicionada à criação e manutenção da página do Facebook tive a oportunidade de

montar expositores e ajudar na mudança de montras e afixação de cartazes

publicitários (Anexo 2), tanto de produtos farmacêuticos como de serviços

disponibilizados pela farmácia, destacando as consultas de nutrição.

10. Aconselhamento farmacêutico

Após os primeiros meses de estágio, tem que tive como objetivo a

familiarização com os produtos farmacêuticos e o modo de trabalho da farmácia

Pereira da Silva, chegou a hora de enfrentar o grande objetivo do estágio, o

aconselhamento farmacêutico.

Esta é, na minha opinião, a grande função de um farmacêutico, ser capaz em

situações completamente diferentes e únicas, conseguir aconselhar da melhor

maneira possível cada utente da farmácia. Exige um enorme conhecimento científico,

destreza social, segurança, capacidade informativa e autocontrolo emocional.

A farmácia vive muito da imagem que transmite, que recai sobre os seus

funcionários, que por muito conhecimento científico que se tenha, se não conseguirem

transmitir de forma segura a sua mensagem, perdem a credibilidade, que muitas vezes

é logo posta em causa na primeira abordagem pelo utente.

Com a ajuda dos meus colegas, os primeiros passos foram dominar o sistema

enquanto, ao mesmo tempo, ouvir, comunicar e servir o utente. Esta etapa foi feita

sobre supervisão e em alturas de menor movimento na farmácia. Foram me logo

transmitidas vários cuidados e estratégias a usar para evitar erros comuns, tornado a

minha aprendizagem mais célere. Dominando estas valências, passei ao atendimento

sem supervisão, apesar de poder contar sempre com a disponibilidade dos colegas

para me ajudarem em qualquer situação que eu achasse pertinente. Inicialmente,

recorria frequentemente à sua ajuda, talvez por sentir alguma falta de segurança, e por

isso procurava sempre uma confirmação devido à importância e exigência do nosso

trabalho. Com o tempo a confiança e segurança foram aparecendo tornando-me cada

vez mais autónomo e com um maior domínio do atendimento propriamente dito.

Ao longo do estágio fui abordado em todo o tipo de situações, sendo a maioria

Page 30: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 20

dos atendimentos o aviamento de receitas médicas a utentes de faixa etária mais

idosa. Neste tipo de situações o aconselhamento passa por deteção de possíveis

interações medicamentosas, questionando se o utente sente determinados efeitos

secundários ou se a medicação está a controlar a patologia subjacente, e o

aconselhamento sobre estratégias a seguir para melhorar o estilo de vida e

alimentação para complementar a medicação.

Um exemplo frequente de abordagem sobre os MNSRM foi o caso dos

antitússicos. Na época de inverno a maioria da população fica frequentemente doente,

com infeções bacterianas ou virais, apresentando um enorme número de sintomas.

Entre esses sintomas, muitas vezes persistentes encontra-se a tosse. Aqui o

farmacêutico desempenha um papel fundamental, apercebendo-se através das

questões que pode colocar, se a tosse é seca ou produtiva. A maioria dos casos trata-

se de tosse produtiva, levando o farmacêutico a dispensar um de uma panóplia de

medicamentos para esse efeito, como é o caso do FLUIMUCIL 600® ou do

FLUIDRENOL®. Compostos por substâncias diferentes, ajudam a liquidificar o muco,

tornando mais fácil a sua eliminação através da expetoração. De seguida procedia à

informação da posologia correta, sendo também na maioria dos casos escrita na

cartonagem para evitar esquecimentos por parte do utente.

Outra abordagem frequente dizia respeito à procura de medicamentos para

melhoria de sintomas circulatórios, como é o caso da insuficiente venosa causando

mal-estar nas pernas e as crises hemorroidárias. Nestes casos a procura era

direcionada pelo utente, sendo frequentemente requisitado pelo farmacêutico o

Antistax gel® e o Daflon®, respetivamente. Uma vez mais compete-nos verificar se os

medicamentos são adequados aos sintomas e proceder à informação sobre a

dosagem a administrar e possíveis contra-indicações. No caso dos produtos

dermocosméticos e de higiene, os mais procurados eram os protetores solares, géis

de limpeza facial, produtos anti-rugas, produtos de higiene íntima e oral.

Page 31: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 21

PARTE 2 - TEMAS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DO ESTÁGIO

TEMA - SUPLEMENTAÇÃO EM DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS E METABÓLICAS

1. Contextualização

O número de pessoas idosas está rapidamente a crescer a nível mundial [10],

sendo que Portugal não é exceção. Este facto verifica-se na população que mais

frequenta as farmácias, em que os utentes são pessoas de idade e com várias

doenças crónicas.

Apesar das necessidades energéticas diminuírem numa pessoa idosa e existir

um menor metabolismo basal, cerca de 25% dos idosos que dão entrada no hospital,

40% dos idosos assistidos em casa que requerem cuidados médicos ou de

enfermagem e 50% dos idosos hospitalizados sofrem de má nutrição [11]. Foram

também encontrados baixos valores de 1 ou mais micronutrientes em mais de 40% da

população idosa [10].

Após conversa com a Diretora técnica o ou os assuntos que teria interesse

desenvolver para a farmácia, esta demonstrou interesse em abordar os suplementos

alimentares. Dado a caracterização da população utente da farmácia decidi abordar os

suplementos mais direcionados para as patologias dos idosos, dividindo o tema em

várias categorias de acordo com as patologias e construi uma apresentação e

PowerPoint para divulgar internamente esses suplementes (Anexo 3).

Através da gestão de stocks, encomendas e do atendimento, pareceu-me mais

pertinente começar pelos suplementos que poderiam ajudar nas doenças de foro

psicológico, como a depressão, doença de Alzheimer e problemas cognitivos, uma vez

que no dia-a-dia da farmácia somos confrontados inúmeras vezes com pedidos de

informação de produtos ou suplementos que possam ajudar nestas doenças.

Seguidamente, decidi focar a minha atenção para doenças crónicas

prevalentes na população idosa, como a diabetes tipo 2 e a hipertensão. Com o

envelhecimento o nosso organismo começa a proceder a alterações fisiológicas,

podendo ser divididas em 2 tipos: i) dificuldade de digestão em que se podem incluir

as alterações da perceção dos sabores com a diminuição do gosto e olfato, não

esquecendo que muitos idosos estão dependentes de próteses dentárias dificultando a

mastigação e a ocorrência de uma menor produção de saliva levando a uma

deglutição mais dificultada [11]; ii) a ocorrência de uma diminuição da absorção devido

a uma diminuição da motilidade intestinal, lenta renovação das células da mucosa do

Page 32: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 22

intestino delgado, diminuição da produção de varias enzimas digestivas como lípase,

amílase e pepsina assim com a diminuição da produção de ácido são alguns exemplos

de alterações fisiológicas que levam à diminuição da absorção [11] e iii) acrescentando

a estas alterações fisiológicas encontramos outras causas como pobreza, ignorância,

imobilidade, isolamento (leva à monotonia e a repetição de determinadas refeições),

viuvez, depressão, alcoolismo, trémulo, polimedicação e doenças crónicas associadas

[11]. Um exemplo que mais tarde será abordado é o caso da carência em vitamina

B12 e o ácido fólico, verificando-se uma associação uma diminuição dos seus níveis

em pessoas idosas com depressão [10].

2. Suplementos para Doentes com Depressão e Doença de

Alzheimer

2.1 Ácido fólico e vitamina B12

A deficiência em ácido fólico e vitamina B12 são causas conhecidas de anemia

megaloblástica (Figura 1) [12], no entanto vários estudos estão a relatar a associação

entre baixos níveis de ácido fólico e vitamina B12 com a depressão e a doença de

Alzheimer [10,12] que pode dever-se à importância destas vitaminas na formação de

neurotransmissores, especificamente, as monoaminas [13].

A vitamina B12 pode ser encontrada em animais herbívoros, leite e ovos,

levando também a uma possível deficiência desta em vegetarianos [14]. Uma das

enzimas dependentes da vitamina B12 é a metionina sintetase, essencial no ciclo do

ácido fólico, e a deficiência desta vitamina vai levar a uma anemia idêntica à anemia

por deficiência de folato, apesar de níveis deste composto se encontrarem normais

[14]. Outras complicações resultantes da deficiência em vitamina B12 são de natureza

neurológica, nomeadamente em caso de lesões progressivas na medula espinal. Esta

complicação neurológica ocorre em 75% a 90% de indivíduos com deficiência em

vitamina B12 [15].

No caso do ácido fólico, este pode ser encontrado nos vegetais frescos. No

entanto durante o armazenamento e cozedura o folato diminui consideravelmente e o

mesmo acontece ao cozinhar produtos animais [14]. A deficiência em folato pode

afetar o humor e as funções cognitivas e ambos os nutrientes, ácido fólico e vitamina

B12, são importantes para o funcionamento do sistema nervoso em todas as faixas

etárias. No entanto a deficiência em ácido fólico e vitamina B12 são mais recorrentes

na população idosa, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis [10].

Page 33: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 23

Os baixos níveis de ácido fólico e vitamina B12 estão também relacionados

com níveis elevados de homocisteína, sendo que esta está correlacionada com um

aumento de risco para o desenvolvimento de quadros depressivos e eventos

cardiovasculares [12,13]. Existe também informação que relaciona níveis elevados de

homocisteína com a toxicidade do glutamato e do peptídeo -amilóide [13].

Figura 1. Ciclo do ácido fólico [16].

Com todos estes aspetos, seria expectável que uma suplementação rica em

ácido fólico e vitamina B12 pudesse de alguma forma, melhorar ou reverter alguns dos

sintomas da depressão e outras patologias de foro mental.

No entanto, os estudos efetuados nesta área conduziram a resultados

contraditórios [10]. A análise de questionários efetuados para avaliar o grau de

depressão e função cognitiva, antes e depois de uma suplementação rica em vitamina

B12 e ácido fólico durante 6 semanas, revelaram um aumento de pacientes com

menores sintomas de depressão e uma diminuição dos sintomas de depressão média

e severa. No entanto não se verificou uma melhoria significativa na função cognitiva

[10]. Outros estudos referem uma possível melhoria da função cognitiva em caso de

demência reversível, uma vez que baixos níveis de vitamina B12 podem levar a

perdas de memória, raciocínio mais lento e diminuição do volume total do cérebro [13].

Apesar de estes nutrientes serem bem tolerados, podem causar alguns efeitos

secundários como diarreia, náuseas, vómitos e dor de cabeça [13]. Nas doses

recomendadas em pessoas idosas, a dose recomendada de ácido fólico é 400 g

enquanto no caso da vitamina B12 é de apenas 2,4 g [14].

2.2 Omega 3

Page 34: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 24

Os Omega 3 são ácidos gordos polinsaturados com insaturação no carbono 3,

sendo que neste trabalho serão abordados o ácido ecopentaenóico (EPA) e ácido

doxosahexanóico (DHA; Figura 2) [13].

Figura 2. Estrutura química do DHA e EPA respetivamente [17].

Estes compostos encontram-se em quantidades assinaláveis nos peixes

gordos, como o salmão, no entanto podem se encontrar em quantidades significativas

em nozes e sementes. O EPA e o DHA são ácidos gordos essenciais para o nosso

organismo (Figura 3), precisando de ser ingeridos através da dieta ou suplementação

para nos mantermos saudáveis, especificamente, o nosso sistema nervoso [13].

Existem vários estudos sobre os potenciais benefícios dos Omega 3 devido à

sua crescente popularidade e importância no nosso organismo. Iniciando pela

depressão, estudos revelam um efeito antidepressivo por parte dos Omega 3,

verificando-se baixos níveis dos mesmos em caso de depressão e pacientes que

cometeram suicido [13].

Figura 3. Efeitos benéficos dos Omega 3 no organismo humano [18].

Diversos estudos relevam que o efeito antidepressivo da suplementação com

Omega 3 existe, e que é mais eficaz quando a concentração de EPA é maior que

Page 35: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 25

60%. Na população geriátrica os estudos sobre este efeito antidepressivo são menos

conhecidos [13]. Foram verificados efeitos benéficos para doses de 1000 mg de EPA e

de 150 mg de DHA [22].

No caso de doenças degenerativas, como a doença de Alzheimer, existe uma

relação maior com o DHA. Observa-se uma redução de 47% do desenvolvimento da

doença de Alzheimer em indivíduos com níveis plasmáticos de DHA elevados em

comparação com pacientes com níveis plasmáticos baixos. Adicionalmente o consumo

de peixe 2 a 3 vezes por semana diminui o risco de demência em 50%, no entanto a

suplementação em Omega 3 não tem efeitos preventivos destas doenças, nem parece

eficaz no tratamento da demência, contudo existem evidências de poder retardar o

declínio cognitivo [13].

Concluindo, o aparecimento de doenças neurodegenerativas poderá ser

retardado pelo consumo dietético de Omega 3, enquanto a suplementação pode ser

importante em pessoas idosas para melhorar sintomas associados a problemas

cognitivos como a falta de atenção e memória [13].

2.3 Ginkgo biloba

Ginkgo biloba é atualmente incorporado em muitos suplementos para a função

cognitiva, sendo um extrato natural. Pode produzir vários efeitos como

neuroprotecção, inibição da agregação plaquetária, relaxamento do endotélio e efeito

antioxidante. [13]

No entanto segundo estudos realizados, Gingko biloba apenas tem efeito preventivo

da demência caso seja suplementado durante uma janela temporal extensa. Contudo

parece ter um reduzido impacto no declínio cognitivo. [13]

Devido à inibição da agregação plaquetária representa um risco aumentado de

sangramento. Outros efeitos secundários podem ser observados como náuseas,

vómitos, diarreia, dores de cabeção, enjoos, palpitações, fraqueza e rash. [13]

2.4 Ginseng

Esta planta é o produto natural mais usado no mundo, tanto em suplementos,

como na confeção de alimentos e bebidas medicinais [19]. Geralmente é utilizado o

extrato da raiz, prática que remonta à medicina tradicional chinesa e aos nossos

ancestrais mais longínquos.

Promoção longevidade, efeito rejuvenescente, benefícios mentais e físicos em

relação ao stress, fraqueza e fadiga são alguns dos efeitos que fizeram com que esta

Page 36: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 26

planta tivesse ganho reputação. É um produto natural muito utilizado nos suplementos

destinados a melhorar a função cognitiva, em doenças neurodegenerativas como a

doença de Alzheimer, diabetes, inflamação e doenças cardiovasculares [19]. Apesar

desta reputação os estudos conduzidos para avaliar estes benefícios e efeitos têm

sido controversos e frequentemente contraditórios [19]. Estudos antigos referem que o

consumo agudo de 200 a 600 mg deste extrato causa melhorias em pelo menos um

teste cognitivo, como por exemplo, memória, rapidez de processamento da

informação, grau de atenção e bem-estar. No entanto, esses efeitos foram

reproduzidos em nenhum dos estudos mais recentes [19].

Em estudos de caracter mais prolongados, verificaram a ocorrência de alguma

melhoria da função cognitiva, após 12 semanas de tratamento. Contudo observou-se

uma reversão para dessa melhoria após a finalização do tratamento. De referir que

nesse estudo foram administradas doses diárias de 5-9 g, o que representa uma

quantidade absurdamente elevada [19]. É interessante referir que os compostos

presentes no extrato de ginseng, os ginsenósidos, não foram alvo de estudo

isoladamente. Isto pode se dever a uma acessibilidade reduzida a nível comercial dos

ginsenósidos isolados. [19]

2.5 Vitamina D

A vitamina D apresenta diversas funções no nosso organismo, sendo

extremamente importante para manter os níveis sanguíneos de cálcio e fosfato

normais. Estes minerais são fundamentais para uma normal mineralização do osso,

para a contração muscular e condução nervosa (Figura 4) [14]. Adicionalmente,

estudos realizados demonstraram potenciais efeitos antidepressivos da

suplementação com vitamina D, existindo uma correlação entre baixos níveis desta

vitamina com um aumento do risco de suicídio. Contudo é provável que a

suplementação precise de ser elevadíssima para obter este efeito antidepressivo [13].

A população idosa tende a apresentar mais carência de vitamina D devido a um

declínio relacionado com a idade. De encontro a este facto, recomenda-se uma

ingestão de 15 g por dia de vitamina D na população idosa [14].

Geralmente a vitamina D é bem tolerada, contudo podem existir potenciais efeitos

secundários como hipercalcemia e efeitos gastrointestinais [13].

Page 37: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 27

Figura 4. Interação entre a Vitamina D e a PTH, e os seus efeitos no organismo [20].

2.6 Taurina

A taurina ou homotaurina ainda não é regularmente incluída em suplementação

para depressão ou neurodegeneração. No entanto um utente da farmácia veio com

indicação médica para adquirir o suplemento Mindwel®, composto por homotaurina.

Como é relativamente novo este tipo de suplementação decidi então incluir no projeto

as informações sobre a taurina e possíveis efeitos neste tipo de doenças.

Sabe-se que a taurina é importante no crescimento e desenvolvimento do

nosso organismo, assim como na regulação do volume celular, no volume de água e

no balanço electrolítico e controlo da pressão sanguínea. Tem outras funções como:

ação antioxidante, regulação da insulina e glucose, e no controlo do sistema nervoso e

hormonal, sendo um fator de crescimento que afeta a neurogénese [21].

Existem estudos que reportam que a suplementação de taurina previne o

declínio cognitivo, aumentando a capacidade de aprendizagem e a memória. Nestas

melhorias incluem-se casos de défice de memória induzido por químicos, idade e na

na doença de Alzheimer [21]. Estes estudos sugerem que estes benefícios podem ser

devidos tanto ao efeito antioxidante como a efeitos neurológicos, onde se incluem

neuromodulação, atividade neurotrófica e alteração química neuronal [21]. Apesar do

seu potencial teórico ser elevado, a taurina pode ter também efeitos positivos em

doenças cardiovasculares [21].

Page 38: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 28

2.7 Probióticos

Muito recentemente os probióticos foram incluídos na psiquiatria, tanto no

tratamento da depressão, ansiedade como na síndrome da fadiga crónica [22].

Já foi demonstrado em estudos que certas bactérias produzem substâncias

químicas neuronais relevantes na depressão. Como exemplo incluem-se as estirpes

de Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp que secretam ácido -aminobutírico

(GABA), um neurotransmissor inibitório implicado na ansiedade e depressão. Tem sido

sugerido que esta secreção de GABA tem efeitos a nível do eixo de comunicação

entre o tubo digestivo-cérebro [22]. Em estudos animais foi demonstrado que as

bactérias podem afetar os níveis de serotonina, devido a um aumento no plasma do

seu precursor, o triptofano [22].

A microflora intestinal tem um papel importante no sistema imunitário, uma vez

que a interação entre a mucosa intestinal e a microflora leva a uma produção de

citocinas pró-inflamatórias como IL-8, IL-1, IL-10 e TGF-β [22]. Assim, provavelmente

através do eixo tubo digestivo-cérebro, a microflora existente no tubo digestivo possa

ser relevante ou possuir efeitos benéficos a nível da depressão e ansiedade [22].

A suplementação com probióticos parece melhorar significativamente os

sintomas da ansiedade e da síndrome da fadiga crónica. Esta sensação de bem-estar

foi também demonstrada após o consumo de iogurtes contendo probióticos durante 3

semanas, verificando-se uma melhoria dos sintomas de depressão e uma melhoria do

humor nas pessoas envolvidas no estudo [22]. Outros estudos demonstram um efeito

benéfico na saúde mental, marcadores inflamatórios e stress oxidativo, após

suplementação com probióticos durante 2 meses, sendo que a depressão está

também associada à presença de biomarcadores de inflamação.

Em termos de conclusão, apesar de mais estudos serem necessários, os

probióticos apresentam um enorme potencial para serem utilizados como suplementos

no tratamento da depressão e ansiedade [22].

2.8 Outros nutrientes para doentes com doenças neurodegenerativa

Alguns estudos apontam para os efeitos benéficos do uso de suplementos que

contenham vitamina C, ácido lipóico, carotenóides, polifenóis e vitamina E na

prevenção ou tratamento da doença de Alzheimer [23]. No caso da doença de

Parkinson, a suplementação com vitamina B6 associada a uma dieta rica em vitaminas

do complexo B pode diminuir o risco de aparecimento desta doença [23].

Page 39: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 29

3. Suplementos para Doentes com Diabetes mellitus Tipo 2

3.1 Introdução

A Diabetes mellitus é uma doença metabólica caracterizada por níveis

elevados de glucose no sangue, devido a uma deficiente produção de insulina, ação

da insulina ou ambas as situações [24].

O desenvolvimento da diabetes tipo 2 começa por uma resistência à insulina

levando ao aumento da produção da mesma e a uma progressiva perda de função das

células -pancreáticas na ausência de tratamento. Esta doença está associada a

pessoas idosas, obesidade, história familiar, inatividade física e a um metabolismo da

glucose disfuncional [24].

Figura 5. Fatores de risco para desenvolvimento da diabetes tipo 2 [25].

O diagnóstico faz-se através de análises bioquímicas para detetar os níveis de

glucose no sangue, sendo que em jejum considera-se que valores de glicémia acima

de 126 mg/dL ou de 200mg/dL 2h após a toma de uma solução oral de 75 g de

glucose são considerados indicadores de diabetes. Estes valores, se detetados,

devem ser confirmados num novo teste [21].

A diabetes para além de muito prevalente na população mais idosa, leva a

sérias complicações monetárias, tanto para o utente como para o estado, como de

saúde que podem levar a uma morte prematura. Esta doença afeta o metabolismo dos

hidratos de carbono, gorduras, proteínas e ainda eletrólitos, levando a complicações

agudas e crónicas [24].

Algumas das complicações agudas incluem hiperglicemia, cetoacidose,

poliúria, visão turva, perda de peso, falta de energia e desidratação. A hiperglicemia,

Page 40: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 30

dislipidemia, excesso de peso e obesidade, hipertensão arterial e stress oxidativo

levam a um aumento do risco cardiovascular, juntamente com a retinopatia diabética,

nefropatia diabética e neuropatia diabética, que derivam de alterações na circulação

sanguínea e representam as complicações crónicas mais frequentes na diabetes [24].

A diabetes é a 7ª principal causa de morte e no caso da diabetes tipo 2, 50%

das mortes são devidas a eventos cardiovasculares.

Figura 6. Diferenças entre individuo saudável e com diabetes tipo 2 com ou sem tratamento

[26].

3.2 Zinco

Este micronutriente, encontra-se presente em todos os tecidos e fluidos do

corpo humano, tem múltiplas funções tanto a nível celular como sistémico. É um

componente essencial para mais de 300 enzimas que participam na síntese e

degradação de hidratos de carbono, lípidos, proteínas e ácidos nucleicos assim como

no metabolismo de outros micronutrientes [14]. O zinco tem também funções de

estabilização das membranas celulares e funções do sistema imunitário [14].

Especificamente na diabetes, o zinco é um importante componente para a

síntese de insulina uma vez que estabiliza os hexâmeros de insulina e o seu

armazenamento pancreático. Adicionalmente o zinco parece possuir um efeito

insulinomimético, inibindo a cinase do glicogénio sintetase 3, ação antioxidante e anti-

inflamatória [27].

O zinco pode ser encontrado em quantidades apreciáveis em carne vermelha,

grãos de cereais e legumes, em menos quantidade em carnes brancas, peixes e

raízes [14].

Page 41: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 31

Figura 7. Interação do Zinco com os hexâmeros de insulina [28].

Devido à hiperglicemia a excreção urinária eletrólitos e água aumenta,

diminuindo assim os níveis de zinco no organismo causando a sua deficiência [27].

Adicionalmente nos idosos, a maioria das pessoas com diabetes tipo 2 têm menor

capacidade de absorver o zinco [14].

O zinco raramente apresenta toxicidade aguda, seriam necessárias doses

acima de 300 mg/dia, no entanto apresenta uma toxicidade subcrónica e crónica para

doses diárias de 50-300 mg quanto a toma é prolongada por vários meses,

caracterizando-se por alterações bioquímicas como, diminuição dos níveis de cobre e

diminuição da atividade das enzimas contendo cobre, leucopenia, anemia

sideroblástica, alterações no sistema imunitário e alteração do metabolismo de

lipoproteínas [15]. Vários estudos indicam que suplementos contendo zinco em doses

de 15 mg/dia ajudam a controlar os níveis de glicemia em pacientes com diabetes tipo

2 [27].

3.3 Crómio

Este micronutriente essencial está ligado à regulação de inúmeros processos

fisiológicos do nosso organismo, incluindo a homeostasia da glucose. O crómio ajuda

a regular a glucose ativando recetores de insulina e a transdução do sinal insulínico

[29]. A deficiência deste nutriente pode resultar numa intolerância à glucose, um

aumento da insulina circulante e episódios de hiperglicemia [29].

Page 42: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 32

Figura 8. Interação do crómio com os recetores de insulina [30].

Nos suplementos, o crómio pode vir em diferentes formas como cloreto de

crómio, forma que ocorre naturalmente em grãos, brócolos, cogumelos e feijão-verde,

e crómio produzido a partir de leveduras [29]. Vários estudos indicaram que não existe

uma melhoria significativa do controlo da glucose com suplementação de crómio,

independentemente da sua forma [29].

3.4 Outros nutrientes na Diabetes mellitus tipo 2

Existem vários outros tipos de nutrientes utilizados em suplementação

direcionada para a diabetes, como é o caso do vinagre, do ácido lipóico e os ácidos

gordos Omega 3. No entanto os estudos efetuados indicam que nenhum destes

produz compostos efeitos significativos no controlo da glicemia ou na sensibilidade à

insulina [24,27].

4. Suplementos para Doentes com Hipertensão

4.1 Introdução

A Hipertensão arterial é definida por uma pressão sanguínea sistólica acima de

140 mmHg e uma pressão diastólica acima de 90 mmHg [31]. A hipertensão é o maior

fator de risco para a mortalidade associada a doenças cardiovasculares, sendo que se

estima que pelo ano 2025 haja um aumento de 30% na prevalência desta doença [32].

Page 43: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 33

Esta doença está diretamente ligada a um estilo de vida sedentário, dieta inadequada

e falta de atividade física

regular [32].

Figura 9. Fatores de risco para a hipertensão [33].

4.2 Magnésio

O magnésio é mais um elemento essencial para o nosso organismo, e tem sido

visto como um possível suplemento para prevenção da hipertensão. O seu papel na

pressão sanguínea pode ser dividido em 2 aspetos: como estimulador direto da

formação de prostaciclina e de óxido nítrico, modulando a vasodilatação dependente e

independente do endotélio e; com efeito preventivo de lesões vasculares devido à sua

função anti-inflamatória e antioxidante [34].

Estudos efetuados em animais indicam que existe uma ligação entre níveis

baixos de magnésio e hipertensão [34].

A suplementação de magnésio com uma dose média de 368 mg/dia durante 3

meses mostrou causar uma redução na pressão sistólica. Esta redução foi

acompanhada por um aumento dos níveis séricos de magnésio [34]. Existe, portanto,

um efeito benéfico do magnésio na diminuição da pressão arterial. Os mecanismos por

qual atua foram confirmados por estudos laboratoriais, verificando-se uma ação

benéfica através da sua ação vasodilatadora nas células do músculo liso vascular

melhorando a resistência vascular periférica [34]. O magnésio atua também como

Page 44: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 34

cofator de enzimas, inibe a vasoconstrição reduzindo os níveis de cálcio que entra nas

células [34]. Adicionalmente, níveis elevados de magnésio têm sido associados a uma

melhoria do fluxo sanguíneo, resistência vascular periférica e na capacitância dos

vasos sanguíneos e um efeito antioxidante diminuindo assim as lesões nos vasos

sanguíneos [34].

4.3 Potássio

Com o aumento da incidência da hipertensão fala-se numa possível alteração

da dieta, adicionando o potássio e retirando o sódio. No entanto na verdade pouco se

sabe quais os efeitos desta alteração, uma vez que o potássio encontra-se envolvido

em inúmeros processos fisiológicos, como por exemplo na regulação da função

cardíaca [35].

Foram então realizados estudos para verificar o potencial do potássio na

redução da hipertensão. As pessoas incluídas no estudo tiveram uma dieta controlada

com baixos níveis de sódio e potássio, sendo estes suplementados em grupos

diferentes; com 3 g/dia de sódio ou 3 g/dia de potássio [35]. Previsivelmente, verificou-

se um aumento da pressão arterial no grupo com suplementação de sódio e uma

diminuição com a suplementação de potássio. De referir que este estudo incluía uma

dieta pobre em sal e com exercício físico.

Está referido que uma ingestão de 3 g/dia de potássio de forma prolongada pode levar

a efeitos secundários gastrointestinais, e uma ingestão acima de 5 g/dia causa

problemas cardíacos. As pessoas idosas estão mais sujeitas a estes efeitos

secundários devido a poderem ter a função renal diminuída e devido à toma de

medicamentos que alteram o balanço do potássio [36].

Concluindo o efeito do potássio na hipertensão é ainda muito controverso,

sendo necessários mais estudos e melhor desenhados que equacionem os efeitos

desta suplementação nomeadamente os seus efeitos a nível cardíaco [35].

4.4 L-arginina

A L-arginina é um aminoácido semi-essencial sendo o substrato natural para a

sintetase de óxido nítrico que é responsável pela produção do fator NO (Figura 10),

envolvido na vasodilatação dependente do endotélio e envolvido na regulação de

vários mecanismos no sistema cardiovascular. Todos estes efeitos levaram à

formulação da possibilidade de suplementação em L-arginina possuir efeitos benéficos

na redução da pressão arterial e na prevenção da hipertensão [37]. Estudos revelaram

Page 45: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 35

que em comparação com o grupo placebo, a administração oral de L-arginina, entre 4

g a 24 g, reduzia a pressão sistólica até 23 mmHg e diastólica até 11 mmHg, contudo

apenas em poucos casos a diminuição foi estatisticamente significativa [37].

Figura 10. Ativação da L-arginina e a produção de óxido nítrico resultando em vasodilatação

dependente do endotélio [38].

Novas meta-analises sugerem que a suplementação em L-arginina pode ser

eficaz no melhoramento da função das células endoteliais e pode também melhorar a

sensibilidade à insulina. Esta última função pode ser importante uma vez que a

hipertensão está muitas vezes associada ao síndrome metabólico que inclui a diabetes

[37]. No entanto mais estudos são precisos para definir melhor a dose ótima para

inclusão no suplemento.

4.5 Cálcio

Outro elemento muitas vezes associado à hipertensão é o cálcio. Este ião é

porventura o elemento mais importante para as funções fisiológicas do nosso

organismo nomeadamente ao nível da regulação da pressão arterial e como

complemento da vitamina D, na formação e remodelação ósseas, entre outros fatores.

Níveis baixos de cálcio estão associados a alterações nos níveis de vitamina D

que resulta em reações em cadeia levando a um aumento de cálcio intracelular. Este

aumento pode levar a uma maior reatividade das células do músculo liso vascular,

Page 46: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 36

causo os sistemas de regulação do cálcio falhem, resultando num aumento da

resistência vascular periférica [36].

Vários estudos apontam para um efeito benéfico significativo na suplementação

com cálcio tanto na pressão sistólica como diastólica, sendo que este efeito é superior

no sexo masculino. Os melhores resultados obtidos foram apresentados quando a

suplementação é de cerca de 1500 mg ou superior por dia [36]. De referir ainda que o

cálcio pode interagir com o magnésio, diminuindo a absorção e a excreção do mesmo

[36].

4.6 Outros nutrientes na hipertensão

Existem referenciados outros nutrientes utilizados em suplementação para

hipertensão. É o caso da Coenzima Q10 que é necessária para o bom funcionamento

do transporte de eletrões nas mitocôndrias. No entanto, tem sido demonstrado que

pode produzir uma diminuição significativa da pressão arterial quando utilizada em

conjunto com fármacos anti-hipertensores [24]. Outros exemplos de nutrientes são o

ácido fólico e os Omega 3 por causarem uma diminuição da pressão arterial [24.]

5. Conclusão

Atualmente os suplementos alimentares fazem parte de um mercado em

expansão e com o aparecimento de centenas de novos suplementos todos os anos

existe um grande risco do seu uso ser inadequado. Para que tal não aconteça é

necessário uma grande formação do farmacêutico nesta área para poder prestar um

aconselhamento correto e adequado.

A informação atualmente disponível sobre os suplementos alimentares é no

mínimo controversa, na medida em que vários estudos científicos se contradizem. É

muito importante verificar o desenho experimental de cada estudo de forma a

conseguir selecionar aqueles que apresentam maior relevância científica e como tal

resultados mais significativos. Durante a minha pesquisa foquei-me em artigos de

revisão para melhor concluir decifrar o efeito de cada suplementação, no entanto sinto-

me forçado a concluir que a comunidade científica necessita de estudar mais e melhor

os suplementos, elaborando desenhos experimentais mais relevantes e objetivos.

Page 47: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 37

Bibliografia

[1] – Infarmed: Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do Medicamento.

[2] – Infarmed: Lei n.º 25/2011, de 16 de Junho. Procede à sétima alteração ao

Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, que estabelece o regime jurídico dos

medicamentos de uso humano, transpondo a Diretiva n.º 2010/84/UE do Parlamento

Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro de 2010.

[3] Infarmed: Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril, Regula a prescrição e a

preparação de medicamentos manipulados.

[4] Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Decreto-Lei n.º

74/2010, de 21 de Junho. Estabelece o regime geral dos géneros alimentícios

destinados a alimentação especial, transpondo a Directiva n.º 2009/39/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Maio.

[5] Diretiva 2004/24/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de março.

[6] Infarmed: Definição de cosméticos disponível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/COSMETICOS/DEFINICAO

consultado em 10 de Julho.

[7] Ministério da agricultura do desenvolvimento rural e das pescas Decreto-Lei n.º

148/2008 de 29 de Julho.

[8] Infarmed: Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho.

[9] Valormed: Para que serve? Disponível em :http://www.valormed.pt/ consultado em

15 de Julho.

[10] Gariballa S, Forster S. Effects of dietary supplements on depressive symptoms in

older patients: a randomised double-blind placebo-controlled trial. Clinical nutrition.

2007;26(5):545-51.

[11] Nutrição na terceira idade disponível em:

http://nutricionista.com.pt/artigos/nutricao-na-terceira-idade.jhtml consultado em 11 de

Junho.

[12] Lee SW, Chung SS. A review of the effects of vitamins and other dietary

supplements on seizure activity. Epilepsy & behavior : E&B. 2010;18(3):139-50.

[13] Varteresian T, Lavretsky H. Natural products and supplements for geriatric

depression and cognitive disorders: an evaluation of the research. Current psychiatry

reports. 2014;16(8):456.

[14] Organização Mundial de Saúde: Minerais e vitaminas requeridas na nutrição

humana disponível em:

http://www.who.int/nutrition/publications/micronutrients/9241546123/en/ consultado em

15 de Junho.

Page 48: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 38

[15] EFSA: Quantidade ingerida tolerada de vitaminas e minerais disponível em:

http://www.efsa.europa.eu/ consultado em 10 de Junho.

[16] Ciclo do ácido fólico disponível em :

http://www.nchpeg.org/nutrition/index.php?option=com_content&view=article&id=452&t

mpl=component consultado em 15 Junho.

[17] Estrutura química dos Omega 3 disponível em :

http://www.sigmaaldrich.com/technical-documents/articles/biofiles/omega-3-fatty-

acids.html consultado em 13 Junho.

[18] Benefícios dos Omega 3 disponível em

:https://pt.pinterest.com/sjcnywellness/benefits-of-omega-3/ consultado em 13 Junho.

[19] Smith I, Williamson EM, Putnam S, Farrimond J, Whalley BJ. Effects and

mechanisms of ginseng and ginsenosides on cognition. Nutrition reviews.

2014;72(5):319-33.

[20] Funções da Vitamina D no nosso organismo disponível em:

http://www.jyi.org/issue/vitamin-d-and-its-importance/ consultado em 12 Junho

[21] Roysommut S, Wyss J. The effects of taurine exposure on the brain and

neurological disorders. Bioactive nutraceuticals and dietary supplements in

neurological and brain disease. 2015;22:207-213.

[22] Hastings C, Sheridan H, Pariante C, Mondelli V. Does diet matter? The use of

polyunsaturated fatty acids (PUFAs) and other dietary supplements in inflammation-

associated depression. Springer international publishing Switzerland. 2016;1-16

[23] Mostafavi S, Hosseini S. Foods and dietary supplements in the prevention and

treatment of neurodegenerative diseases in older adults. Nonnutritional components in

diet and supplements, nutraceuticals. 2015;7:63-67

[24] Afolayan AJ, Wintola OA. Dietary supplements in the management of hypertension

and diabetes - a review. African journal of traditional, complementary, and alternative

medicines : AJTCAM / African Networks on Ethnomedicines. 2014;11(3):248-58.

[25] Fatores de risco para a diabetes tipo 2 disponível em:

http://vocebemsaudavel.com.br/diabetes-tipo-2-o-que-saber-sobre-ela/ consultado em

5 de Junho.

[26] Explicação da medicação na diabetes tipo 2 disponível em:

http://vivomaissaudavel.com.br/alimentacao/sem-acucar/veja-uma-sugestao-de-

cardapio-para-diabetes-tipo-2/ consultado em 6 de Junho.

[27] Lee YM, Wolf P, Hauner H, Skurk T. Effect of a fermented dietary supplement

containing chromium and zinc on metabolic control in patients with type 2 diabetes: a

randomized, placebo-controlled, double-blind cross-over study. Food & nutrition

research. 2016;60:30298.

Page 49: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 39

[28] Interação do Zinco com a insulina disponível em: http://e-

dmj.org/search.php?where=aview&id=10.4093/dmj.2012.36.3.199&code=2004DMJ&v

mode=PUBREADER consultado em 10 de Junho.

[29] Yin RV, Phung OJ. Effect of chromium supplementation on glycated hemoglobin

and fasting plasma glucose in patients with diabetes mellitus. Nutrition journal.

2015;14:14.

[30] Crómio e os recetores de insulina disponivel em:

http://www.diapedia.org/management/8104108110/physiological-role-of-chromium

consultado em 12 de Junho.

[31] Figueiredo RR, de Azevedo AA, Penido Nde O. Tinnitus and arterial hypertension:

a systematic review. European archives of oto-rhino-laryngology : official journal of the

European Federation of Oto-Rhino-Laryngological Societies. 2015;272(11):3089-94.

[32] Sarki AM, Nduka CU, Stranges S, Kandala NB, Uthman OA. Prevalence of

hypertension in low- and middle-income countries: A Systematic Review and Meta-

Analysis. Medicine. 2015;94(50):e1959.

[33] Fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial disponível em:

http://longevidade-silvia.blogspot.pt/2013/03/uma-maneira-facil-de-entender_22.html

consultado em 14 de Junho.

[34] Zhang X, Li Y, Del Gobbo LC, Rosanoff A, Wang J, Zhang W, et al. Effects of

magnesium supplementation on blood pressure: A Meta-Analysis of Randomized

Double-Blind Placebo-Controlled Trials. Hypertension. 2016;68(2):324-33.

[35] Gijsbers L, Dower JI, Mensink M, Siebelink E, Bakker SJ, Geleijnse JM. Effects of

sodium and potassium supplementation on blood pressure and arterial stiffness: a fully

controlled dietary intervention study. Journal of human hypertension. 2015;29(10):592-

8.

[36] Cormick G, Ciapponi A, Cafferata ML, Belizan JM. Calcium supplementation for

prevention of primary hypertension. The Cochrane database of systematic reviews.

2015(6):CD010037. [37] Effect of oral L-arginine supplementation on blood pressure:

Ameta-analysis of randomized, double-blind, placebo-controlled trials

[38] Efeitos da L-arginina na vasodilatação disponível em:

http://cardiovascres.oxfordjournals.org/content/89/3/542 consultado em 13 de Junho.

Page 50: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 40

Anexos

Anexo 1: Propaganda através da rede social Facebook.

Anexo 2: Fachada da farmácia Pereira da Silva com montra publicitária.

Page 51: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 41

Anexo 3: Apresentações PowerPoint sobre a suplementação na 3ª idade.

Page 52: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 42

Page 53: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 43

Page 54: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 44

Page 55: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 45

Page 56: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 46

Page 57: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 47

Page 58: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 48

Page 59: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 49

Page 60: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 50

Page 61: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 51

Page 62: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 52

Page 63: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 53

Page 64: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto · O relatório de estágio é um documento onde estão descritas as atividades e os projetos desenvolvidos durante o meu estagiário

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto 1