faculdade cÂndido mendes pÓs gradiuaÇÃo em … · ... bem como o sortimento oferecido, ......

47
1 FACULDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADIUAÇÃO EM GESTÃO DE VAREJO GERENCIAMENTO DE ESPAÇO NA LOJAS AMERICANAS ATRAVÉS DO SOFTWARE SPACEMAN DOUGLAS GOMES DIAMANTE AGLIO FACULDADE CÂNDIDO MENDES RIO DE JANEIRO (abril/2012)

Upload: dothuy

Post on 21-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

FACULDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADIUAÇÃO EM GESTÃO DE VAREJO

GERENCIAMENTO DE ESPAÇO NA LOJAS AMERICANAS

ATRAVÉS DO SOFTWARE SPACEMAN

DOUGLAS GOMES DIAMANTE AGLIO

FACULDADE CÂNDIDO MENDES

RIO DE JANEIRO

(abril/2012)

2

GERENCIAMENTO DE ESPAÇO NAS LOJAS AMERICANAS

ATRAVÉS DO SOFTWARE SPACEMAN

DOUGLAS GOMES DIAMANTE AGLIO

Trabalho de Conclusão de Curso de Gestão de Varejo para obtenção do título de Pós Graduação Faculdade Candido Mendes – A Vez do Mestre Professor orientador:

CÂNDIDO MENDES

RIO DE JANEIRO

(ABRIL/2012)

3

DEDICATÓRIA Aos meus pais, pelo carinho, apoio e credibilidade e a minha esposa e queridos filhos pela inspiração.

4

AGRADECIMENTOS A Deus pela vida feliz e saudável que me concede, aos professores desta instituição que contribuíram definitivamente para o meu crescimento profissional e pessoal. Agradeço muito aos grandes parceiros da Lojas Americanas, pela gentileza, paciência e confiança ao repassar conceitos e informações tão confidenciais que foram fundamentais para conclusão desse estudo.

5

EPÍGRAFE “ Quando desejar uma coisa, concentre-se apenas nela. Ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver. ” ( Paulo Coelho )

6

RESUMO Este estudo é resultado de análises com dados teóricos e práticos sobre o importante conceito do gerenciamento de espaço, através de ferramentas tecnológicas que garantem resultados provenientes de coletas de dados ao melhor posicionamento e quantidade armazenada de produtos, bem como o sortimento oferecido, tanto na área de venda, quanto no estoque, a fim de adequar e otimizar o custo e operação, sempre priorizando a satisfação dos clientes.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 10

I GERENCIAMENTO DO ESPAÇO....................................................................... 11

1.1 Origem do Conceito.......................................................................................... 11

1.2 Gerenciamento de Espaço no Brasil................................................................. 12

1.3 Gerenciamento de Categoria............................................................................ 15

1.3.1 Passos para fazer o Gerenciamento de Categoria................................. 17

1.3.2 Processo do Gerenciamento de Categoria.............................................19

1.3.3 Parceria entre fornecedor e varejista..................................................... 20

1.4 A exposição de produtos................................................................................... 21

1.5 Merchandising...................................................................................................22

1.6 Abastecimento de Gôndola............................................................................... 27

1.7 Controle de Estoque.....................................................................................…. 28

1.8 Desempenho dos Produtos................................................................................ 29

1.8.1 Ações Utilizadas................................................................................... 30

1.8.2 Variáveis............................................................................................... 31

1.9 Direct Prroduct Profit – DPP…........................................................................ 33

1.10 O Software de Gerenciamento de espaço (Spaceman)..................................... 35

1.10.1 Metodologia da utilização.................................................................... 37

II A UTILIZAÇÃO NAS LOJAS AMERICANAS.................................................. 38

2.1 Exposição.......................................................................................................... 39

2.2 Merchandising...................................................................................................39

8

2.3 Abastecimento.................................................................................................. 40

2.4 Controle de Estoque.......................................................................................... 41

2.5 Análise Custo X Benefícios.............................................................................. 42

IV CONCLUSÃO.......................................................................................................... 44

V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 46

9

INTRODUÇÃO

O gerenciamento de espaço nas redes varejistas, é um tema fascinante, que

permite um estudo sob diversas diretrizes. A quantidade de itens que surgem a cada dia

com diferentes tamanhos, cores, preços... são opções para todo gosto, gerando mais um

benefício aos consumidores, que dispõem de sortimentos do tamanho de suas necessidades.

Administrar estas variedades tem sido fator primordial para sobrevivência

ou destaque de muitas redes varejistas, afinal, não há espaço físico que comporte o

crescimento da oferta, muito menos, recursos para investir em tudo que é oferecido. No

decorrer do trabalho, estaremos demonstrando a importância do gerenciamento de espaço,

condicionado através de ferramentas tecnológicas eficazes e primordiais para que as redes

atinjam suas metas e resultados. Este quadro, coloca a Loja Americana (nosso objeto de

estudo), muitos passos a frente dos seus concorrentes, sendo destacada como uma empresa

“benchmarking “ nesta área.

10

I GERENCIAMENTO DO ESPAÇO

1.1 ORIGEM DO CONCEITO

A técnica de gerenciamento de espaços no varejo surgiu nos Estados Unidos

no final da década de 50. A necessidade de se fazer um gerenciamento eficiente de

espaços foi motivada pelo aumento inusitado, entre 1955 e 1960, do número de itens

expostos nas prateleiras dos supermercados americanos. Durante esse período, o número

de itens triplicou e não houve um aumento físico proporcional de área de vendas dos

supermercados. 1

Tal fato provocou uma verdadeira “guerra” entre fornecedores em busca de

espaços. Eles queriam ter seus produtos expostos nos melhores lugares, e com uma área

maior em relação aos outros. Os compradores, por sua vez, passaram a procurar formas de

utilizar esses espaços como poder de barganha durante o processo de negociação.

Surgiu, então, o planograma de negócios, que nada mais é do que o

esquema de exposição dos produtos na gôndola. Ele funcionava como uma referência para

o comprador e para o gerente de loja.

Nos EUA, havia setores especializados em desenhos de gôndolas e

produtos, com uso de pranchetas e outros materiais típicos de arquitetura. Várias pessoas

trabalharam na confecção do planograma, pois tudo era feito manualmente, baseando-se

em critérios qualitativos para a distribuição dos produtos. Entre esses critérios, podem ser

destacados a estética de arrumação, sinergia com outros produtos (ex: talheres perto de

pratos) e facilidade de manuseio pelo cliente (produtos maiores nas prateleiras inferiores e

os menores nas superiores). O trabalho não envolvia variáveis quantitativas, como: preço,

custo, lucro ou giro dos produtos.

A participação nas vendas era utilizada tanto em valor quanto em número

físico de unidades comercializadas. Criou-se, portanto, outro critério de exposição: o

número de frentes expostas deveria ser proporcional às vendas de cada produto.

Em meados da década de 70 começaram a ser utilizados recursos de

informática para desenvolvimento da análise quantitativa. Mas o desenho da gôndola

continuava a ser feito manualmente nas pranchetas.

1 Fonte: Manual de Gerenciamento de Espaço

11

Já no início da década de 80 surgiram programas de microcomputadores

voltados especificamente para análise de gerenciamento de espaços. Estes sistemas

reuniam a análise qualitativa, ao permitirem a visualização da gôndola, e a análise

quantitativa, criando cenários e verificando a sensibilidade das variáveis econômicas.

1.2 GERENCIAMENTO DE ESPAÇO NO BRASIL

O gerenciamento de espaços passou a ser percebido como uma importante

ferramenta para o varejo brasileiro em meados da década de 80. Essa mudança de cultura

pode ser atribuída principalmente à ação de redes varejistas multinacionais, que trouxeram

novas técnicas de administração para o setor, ainda na década de 70. Mas os efeitos dessa

nova cultura gerencial passaram a ser sentidos somente na década seguinte.

Poucas empresas no Brasil possuem critérios bem definidos para a

exposição de produtos, tendo como base a expectativa de venda. Uma rede em especial, o

Wall Mart, trabalha com espaços modulares, ou seja, destina um espaço padrão a cada

categoria de produto tendo como referência a expectativa de vendas.

O número de empresas que gerencia estoques tende a crescer com a acirrada

competição do mercado, e também pela queda da inflação, pois até algum tempo as redes

varejistas investiam no mercado financeiro antes de pagar os fornecedores, e tinham um

ganho financeiro elevado. Atualmente esta prática vem diminuindo significativamente

com forte tendência a acabar, por uma tendência quase natural, vinda da necessidade dos

fornecedores em receber e a perda da força das redes pela falta de recurso financeiro para

estocagem de mercadorias (que era sua principal força na negociação). A técnica de

gerenciamento de espaços deverá ser facilitada e ampliada com o uso das informações

geradas pela introdução da informática no setor comercial: é crescente o número de

empresas que está operando com caixas informatizados, dotados de terminais de ponto-de-

venda (PDVs) e “scanners” (leitores ópticos de código de barras).

Em 1991, a rede de supermercados Sonae (atual Sonae), a maior do Paraná,

foi uma das primeiras a implantar a leitura de código de barras nos check-outs, e a adotar o

software Spaceman, para gerenciamento de espaço nas gôndolas.

As Lojas Americanas, automatizou-as na vanguarda (PDVs) e na retaguarda

(recebimento de mercadorias/pedidos) para entre outras coisas, obter um controle eficiente

12

sobre seu estoque, comprar de acordo com os planos de gerenciamento de espaço, por

terem sus espaços muito reduzidos que revistos e supervisionados trimestralmente.

O software Spaceman é um programa desenvolvido pela Nielsen Marketing

Research. Este software distribui os produtos nas gôndolas em função do desempenho de

vendas dos produtos, fazendo com que os itens de baixa venda e baixa rentabilidade

percam espaço na gôndola. Com mais de 6.000 cópias vendidas em diversos países, o

software Spaceman é usado por grandes organizações varejistas e fabricantes, como a Wal-

Mart Stores, Kmart Corporation, Colgate Palmolive, Lojas Americanas, Gessy Lever,

Procter & Gamble, Sonae.

“Fazendo mais com menos: Os atacadistas têm investido pesadamente em tecnologia, incluindo a leitura de código de barras, depósitos totalmente automatizados, troca eletrônica de dados e tecnologia de informação avançada” (Kotler, 2000)

Ao comprar esse programa, o mais utilizado dos programas de

gerenciamento de espaço, está incluso todo o serviço de consultoria sobre a estrutura de

funcionamento. Isto abrange o pessoal necessário, rotinas e a realização dos primeiros

resultados, que em média surgem em 4 meses. Entre as vantagens a principal seria

aumento do retorno sobre investimento, uma vez que se pode definir corretamente o mix

de produtos, evitando os dias fora de estoque dos produtos que mais vendem, diminuindo

ou até interrompendo a compra dos que dão prejuízo. É possível também diminuir os

investimentos em estoque , encontrando o nível ideal entre os estoques e as vendas.

O instituto de Pesquisa Nielsen estima que existem no país 600.000

estabelecimentos comerciais, dos quais apenas a minoria (430 estabelecimento) 2 dispõe de

tecnologia de automação comercial. O que deixa uma grande margem de oportunidade de

negócios nesta área. 2 Fonte: Revista Exame – O Comércio está pondo a mão no bolso

13

Existem dois critérios importantes no gerenciamento de espaço: o

qualitativo e o quantitativo. O critério qualitativo se refere ao gerenciamento de espaço

por tipo de exposição, merchandising e garantias de abastecimentos. Já o quantitativo está

pautado nas variáveis econômicas, tais como: lucro e custo de estoque.

Os varejistas do Brasil utilizam, em sua maioria, critérios qualitativos de

gerenciamento de espaços: desenham planogramas com base apenas em aspectos

subjetivos de exposição de produtos. Isto se deve à falta generalizada de informações no

setor.

É comum o profissional do varejo avaliar seu desempenho pelo lucro que

obteve, porém esta é uma medida de eficiência, e não eficácia. Mesmo existindo lucro na

operação comercial, o custo do estoque pode tornar o negócio pouco atrativo. E este risco

é real, e muito maior em economias como a brasileira. A queda da inflação reduziu a pós o

ganho financeiro e tornou óbvia a necessidade de administrar melhor o próprio negócio.

É importante ressaltar que a atividade de gerenciamento de espaços está

integrada a três funções principais do varejo:

• Compra;

• Exposição;

• Venda.

Infelizmente, o gerenciamento de espaço ainda é uma ferramenta pouco

difundida no Brasil. Não se tem ainda a exata noção do valor que ele pode agregar às

empresas de um modo geral.

No Brasil, atualmente, os fornecedores que se utilizam de técnicas de

gerenciamento de espaço são 3 :

ð PROCTER & GAMBLE ð CERAS JOHNSON

ð COLGATE PALMOLIVE ð ALCAN

ð LEVER ð NABISCO

ð COCA COLA

No setor varejista, as empresas que implementaram estas técnicas são as

listadas abaixo 4 :

ð WALLMART ð PÃO DE AÇÚCAR

14

ð SONAE ð LOJAS EMPÓRIO MARTINS

ð DROGASIL ð DEMETERCO

Nas Lojas Americanas, estes conceitos foram implementados através do projeto

piloto do software Spaceman, envolvendo inicialmente um número restrito de

departamentos da companhia e duas lojas como laboratório (filiais; Barra Shopping e

Ipanema).

1.3 GERENCIAMENTO DE CATEGORIA

O gerenciamento de espaço se apresenta como ferramenta básica para

outros estudos que vêm tomando força no varejo internacional: o gerenciamento de

categoria se caracteriza como processo de categorias como unidades de negócio entre

distribuidores, varejo, fornecedor, indústria, gerando incremento nos resultados do

negócio, tendo como foco principal agregar valor ao consumidor com foco no sistema de

parceria e troca de conhecimentos.

No relacionamento tradicional:

Figura 1.1: Relacionamento fornecedor/varejista sem o gerenciamento de categoria.

3 Fonte fornecida pela Nielsen Brasil

4 Fonte fornecida pela Nielsen Brasil

Relacionamento Tradicional

Varejista

Fornecedor

Negociação através da compra menos os

descontos

Foco na compra e venda

15

No gerenciamento de categorias:

Figura 1.2: Relacionamento fornecedor/varejista sem o gerenciamento de categoria.

O varejo internacional trabalha com o gerenciamento de categorias há

algum tempo. Este conceito já faz parte desse mercado desde o início da década de 90. No

Brasil, o gerenciamento de categorias começa a tomar fôlego, principalmente através de

projetos de parcerias entre fornecedores e varejista, e espera-se que até o final da década

ele já seja uma realidade brasileira. Esta nova forma de pensar se caracteriza por uma

ruptura completa com a antiga forma de pensar do varejo:

• A gerência de uma empresa deve levar em conta a categoria de um produto e no

que ele tem participação do mercado. A posição dos concorrentes é fundamental às

suas decisões;

• Todos os processos de melhoria desenvolvidos devem ter como alvo atender às

expectativas do consumidor;

• As decisões mais importantes da empresa passam a ter dados como base, diferente

do que ocorria anteriormente onde o feeling era o fator dominante;

• O varejista passa a encarar seu fornecedor como seu parceiro, e não mais adere ao

princípio de que em qualquer negociação onde um setor obtenha vantagens,

obrigatoriamente o outro está perdendo. Atualmente, o varejo e os fabricantes

vislumbram relações em que os dois setores obtenham vantagens em negociações;

• Como o foco principal passou a ser o consumidor, é natural que a venda se torne o

processo mais valorizado.

Gerenciamento de Categorias

Varejista Fornecedor

Parceria

Foco no consumidor

16

“Em geral, uma categoria é um sortimento de itens que o cliente visualiza

como substitutos aceitáveis um dos outros” (Levy/Weitz, 2000)

Outros benefícios gerados pelo gerenciamento de categoria:

• Maior retorno sobre investimento, na medida em que as compras das mercadorias

sofrem uma análise muito mais criteriosa, com base em vários dados (ex.:

participação de mercado);

• Melhora das margens, determinando de forma mais eficiente decisões de

variedade, preço, promoção e de merchandising;

• Efetivamente defender-se do aumento da concorrência, de outras classes do varejo.

Estabelecer vantagem competitiva;

• Acrescentar categorias que realmente proporcionem maior variedade e aumento de

vendas;

• Integrar os esforços de marketing do fornecedor ao do varejista para obter

melhores indicadores de desempenho.

O gerenciamento de espaço se converte em ferramenta importante do

gerenciamento de categorias, quando ele atua de forma a equilibrar o mix de produtos na

gôndola, fazendo com que a exposição de mercadorias seja coerente com fatores que,

porventura, sejam importantes estrategicamente para a empresa. Esses fatores vão de

histórico de vendas do item a rentabilidade dos itens e previsão de vendas.

1.3.1 PASSOS PARA FAZER O GERENCIAMENTO DE CATEGORIA

É necessário adotar algumas estratégias para que se possa fazer o

gerenciamento de categoria. Vejamos a seguir o modelo:

• Consumidor / Cliente

Quais são os clientes-alvo?

(Ex: sócio demográfico, perfil de estilo de vida)

Quais são os mercados-alvo?

(Ex: área geográfica)

17

Atacadista: Quais são meus clientes-alvo?

(Ex: pequeno varejo, restaurantes)

• Produto / Serviço

Quais os produtos/serviços que serão oferecidos?

Ex: ( no de categorias, profundidade de produtos/categorias)

Quais os níveis de qualidade?

(Ex: frescor, marcas líderes, produtos premium)

• Atividades Principais ( “core”)

Estratégia de abastecimento?

(Ex: busca de fornecedores, procedimento de compra)

Qual a estratégia de distribuição?

(Ex: armazenagem, transporte)

Qual a estratégia de marketing?

(Ex: promoção, preço, variedade, departamentalização)

Qual a estratégia de serviço a clientes?

(Ex: auto-serviço, serviço)

• Atividades de apoio

Qual a estratégia de sistemas de informação?

(Ex: EDI, scanning)

Qual a estratégia contábil financeira?

(Ex: investimentos)

• Recursos Humanos

Qual a estratégia de sistemas de informação?

(Ex: recrutamento, treinamento, remuneração)

• Relações de parceria fornecedor/varejista?

Qual a estratégia do relacionamento

(Ex: abrangência da parceria entre fornecedor/varejista)

18

1.3.2 PROCESSO DO GERENCIAMENTO DE CATEGORIA

O processo de gerenciamento de categoria acontece através de várias etapas.

Vejamos abaixo:

1) DEFINIÇÃO DA CATEGORIA

2) PAPEL DA CATEGORIA

3) AVALIAÇÃO DA CATEGORIA

4) OBJETIVOS DA CATEGORIA Mensurar;

5) ESTRATÉGIAS DA CATEGORIA Monitorar;

6) TÁTICAS DA CATEGORIA Modificar

7) IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO

8) REVISÃO DA CATEGORIA

Figura 1.3: Processo de gerenciamento de categoria.

Quais são os propósitos de cada etapa:

• Etapa 1 Esclarecemos quais itens pertencem à categoria, isto é, determinamos o

agrupamento de produtos que os consumidores percebem como sendo

inter relacionados, e/ou substitutos em atender certa necessidade do

consumidor. Nesta etapa o fornecedor tem fundamental importância,

pois ele é o expert na categoria, faz pesquisas de mercado e comparação

19

com concorrentes. Exemplos de categorias: café, sorvetes, vegetais em

lata, sabonetes, iogurtes e vinhos.

• Etapa 2 Estabelecemos as diretrizes para que as estratégias e táticas sejam

desenvolvidas, com base nos clientes e varejistas.

• Etapa 3 Conduzimos uma análise detalhada para identificar os pontos fortes e

fracos, oportunidades e fraquezas.

• Etapa 4 Identificamos medidas específicas para monitorar desempenho das

categorias. “Se você não mede, não conhece, se você não conhece, não

controla, se você não controla, não melhora.”

• Etapa 5 Determinamos as estratégias mais adequadas com base nos pontos fortes

e fracos.

• Etapa 6 Decidimos sobre: preço, promoção, variedade e departamentalização

com base na estratégia.

• Etapa 7 Definimos um cronograma e responsáveis pela implementação.

• Etapa 8 Revemos o progresso da categoria contra os objetivos e fazemos os

ajustes.

1.3.3 PARCERIA ENTRE FORNECEDOR E VAREJISTA

Para que se atinja o gerenciamento de categoria, é de fundamental

importância a parceria entre fornecedor e varejista. Para isso é preciso existir alguns

princípios básicos nessa relação, que são os dez mandamentos:

• O consumidor é foco comum;

• Desenvolvimento de estratégias, táticas e indicadores de desempenho em comum

acordo;

20

• As relações de confiança devem ser conquistadas;

• O compartilhamento de informações é essencial;

• Nenhum dos parceiros tem todo o conhecimento para o sucesso do gerenciamento

de categoria;

• Varejista / Fornecedor / Cliente – Ganha / Ganha / Ganha;

• Disposição para mudar paradigmas;

• Recompensas e premiações apoiadas em objetivos comuns;

• Liderança, liderança, liderança;

• Relação de parceria / cooperação: Evolução e não revolução.

“Os especialistas de moda acreditam que os ciclos de moda percorrem

dezoito meses, há vários anos. Prever onde uma categoria está no ciclo é essencial para

prever as vendas com precisão” (Levy/Weitz, 2000)

1.4. EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS

A exposição de produtos nas gôndolas tem sido alvo de vários estudos. O

consumidor pode sentir-se atraído pelo produto através de uma bela ou eficaz exposição.

São três as técnicas de exposição de produtos mais utilizadas: vertical, horizontal e em

blocos:

• Faixas Verticais;

Os produtos são expostos abrangendo todas as prateleiras da gôndola. Esta técnica

baseia-se na tese de que é mais fácil/usual mover os olhos da esquerda para a

direita (horizontalmente, como o processo de leitura) do que de cima para baixo

(verticalmente). Assim, o consumidor pode observar todos os produtos da gôndola

a procura de um produto em situação estática. Daí surgiram outras variações, por

exemplo, expor o mesmo produto, dando preferência às menores embalagens nas

prateleiras superiores, bem como os maiores volumes abaixo, uma vez isso facilita

o manuseio dos consumidores. Essa técnica é usada, preferencialmente em lojas

maiores, onde a área de venda tenha espaço suficiente para o arranjo harmônico de

cada segmento de produtos.

21

• Faixas Horizontais;

Esta exposição ocupa com todas as suas variantes de tamanho e sabor/fragrância,

uma única prateleira da gôndola. É de difícil aplicação, sendo mais indicada para

segmentos de produtos com muita variação de tamanho e sabor. É comum que se

conciliem às técnicas de exposição vertical e horizontal.

• Faixas em Blocos.

Esta exposição se caracteriza pela aproximação de itens similares, expostos lado a

lado, independente de fabricantes, não obedecendo a exigência de ocupar todas as

prateleiras das gôndolas como as exposições verticais.

Estudo de análise de comportamento de consumidores, apontam um crescimento de

vendas pela mudança de altura, simples troca de prateleira, de determinado produto

na gôndola. Esses estudos objetivam mostrar que um produto exposto na terceira

prateleira a partir do solo tende a vender mais, em outras palavras, o produto

exposto na gôndola à altura dos olhos do consumidor impulsiona as vendas. Mesmo

diante dos fatos e dados, ainda é comum encontrarmos produtos expostos em

alturas inalcançáveis para a média de estatura do brasileiro. Tais produtos

provavelmente apresentam baixo desempenho e refletem nos custos do estoque,

mas, nem sempre são produtos problemáticos por fatores como preço ou qualidade,

há uma alta incidência de gestão equivocada de acompanhamento de produtos.

Mesmo os líderes de categoria são dependentes de exposições para que não

comprometam sua venda.

1.5 MERCHANDISING

O comitê de Definições da associação Americana de Marketing define

merchandising como sendo o planejamento envolvido em comercializar o produto ou

serviço certo, na quantidade certa e preço certo e do modo correto.5

5 Fonte: Manual de Gerenciamento de Espaço

22

No varejo de modo geral não são permitidos o uso de material de

merchandising, o que gera uma ruptura no conceito básico, isto significa dizer que

merchandising inclui decisões relativas, ao tamanho, a forma do produto, a marca e a

embalagem do produto além da influência do valor, isto é, da utilidade do produto medida

em termos financeiros, ou seja, o preço de venda, o espaço ocupado e o estoque mantido

para determinado período de venda.

“A orientação de vendas parte do princípio de que os consumidores e as empresas, por vontade própria, normalmente não compram os produtos da organização em quantidades suficientes. A organização deve, portanto, empreender um esforço agressivo de vendas e promoção“ (Kotler, 2000)

No varejo, este conceito é bastante difundido, sendo utilizado no cotidiano

de uma loja para aumentar as vendas de um determinado produto através de exposição ou

promoção. Assim, pode-se classificar:

• Produto certo é aquele que o consumidor almeja: no lugar, no tempo, na quantidade

desejada. Esta é a principal, se não a única razão para a imensa apresentação da

imensa variedade de marcas existentes hoje no varejo.

• O lugar certo está ligado a exposição no departamento adequado, utilizando muitas

vezes a sinergia de vendas entre categorias distintas. Exemplo: exposição de

salgadinhos próximos ä área de bebidas e exposição de sabão em pó próximo á área

de amaciante.

• O tempo certo significa observar a sazonalidade do produto, horários de pico de

vendas, período de veiculação de mensagens publicitárias, modismo e outras

variáveis. O varejo é muito dependente destas ocasiões. Colocar o produto na hora

em que as pessoas ainda não começaram a pensar em comprar , e na hora em que

vêem o produto exposto, lembram que vão precisar. O Natal começa a ser exposto

em Outubro e a Páscoa assim que termina o Carnaval. É importante sair na frente

dos concorrentes, pois assim se conquista mais volume de venda, principalmente se

23

houver uma boa parceria entre os fornecedores de produtos sazonais, que trabalham

efetivamente p/ o aumento de seu consumo, atrelando estratégias de consumo

antecipado p/ atender suas expectativas de venda (ex. empresas de panettones).

Cito duas observações de uma executiva de mkt em uma palestra,

destacando a atenção para oportunidades:

“Ao visitar o Rio de janeiro e observar ambulantes vendendo sombrinhas num dia de chuva repentina, após uma seqüência de dias de sol...” 6 “Uma ocasião de enchentes numa determinada cidade que gerou problemas no abastecimento de água potável, previamente anunciada, O pedido extra de água mineral ao fornecedor, alavancou as vendadas de uma loja que vinha apresentando baixo desempenho com relação a outras da rede” 7

A velocidade e atenção nestes casos, geram ganhos para todas as partes,

principalmente ao consumidor.

• Quantidade certa ð É a que abastece as gôndolas para o atendimento da demanda.

• Preço certo ð É aquele que esteja abaixo ou no mesmo patamar que o dos

concorrentes locais, procurando a melhor relação

custo/benefício.

No modo correto se diz respeito ao número de frentes mínimo de duas ou

três em linha com a demanda, posicionamento segundo o fluxo de consumidores, estoque

na prateleira facilmente e exposição adequada da embalagem.

O gerenciamento de espaço está diretamente ligado à política de

merchandising. Aumentar a rotatividade de um produto é o grande objetivo de

merchandising, gerando maior receita, ganho de lucratividade por metro quadrado, o que

torna possível:

6,7 Fontes: Marketing de Vendas Bauducco, Analícia Monteiro,

24

• Expor os produtos em pontos estratégicos, com clareza de informação, aumentando

assim o volume de vendas por impulso;

• Destacar as vantagens do produto sobre os demais concorrentes, conquistando

novos consumidores.

Um caso prático de merchandising ocorreu quando chegou a notícia dos

primeiros casos de cólera no Brasil. Muitos supermercados dispunham de um produto para

higienização de verduras, mas estava “escondido” nas lojas. Poucas empresas

preocuparam-se em trazer o produto para as proximidades da área de verduras, revelando

ao público sua existência. Os supermercados que mantiveram o produto escondido

perderam oportunidades de prestar um serviço à comunidade, de melhorar a imagem junto

aos consumidores e de vender mais. Um gerente atento aos aspectos do merchadising

poderia ter providenciado uma exposição eficaz, obtendo sinergia entre duas categorias.

Um erro muito comum é aceitar que somente os produtos de alta rotação

devem ser trabalhados com merchandising. Estes produtos, na verdade, são de grande

concorrência e baixa rentabilidade. A melhor política é descobrir os itens que o

consumidor compra pelo impacto de que vê e sente.

Para atingir os objetivos propostos, o merchandising deve buscar o grande

público, o produto deve estar comunicativo, atrativo e limpo.

Uma técnica muito utilizada é destinar pequenos espaços dentro da loja para

ponto adicional de venda; os chamados pontos extras, que são todos os espaços adicionais

que um determinado produto ocupa, diferente de sua localização primária. Devem estar

impactantes (dentro dos padrões aceitáveis) e localizados nos locais de maior fluxo de

clientes (áreas quentes) na loja, possibilitando uma maior visualização aos consumidores

tendo como seus maiores objetivos promover e gerar venda por impulso. Normalmente

são: ponta de gôndola, cestões, check-outs, pilhas, displays e corners.

A ponta de gôndola é um local de grande impacto na loja, uma vez que está

direcionada para o corredor onde ocorre o maior fluxo de clientes. Este ponto consegue

grande impacto visual expondo apenas um produto. É importante destacar também o

produto através de sinalização eficiente (cartaz, porta preço) reforçando o impacto visual

da promoção.

Outro tipo de exposição, recomendada apenas para determinados tipos de

produtos, são os cestões. Eles ficam localizados no centro do corredor, causando muitas

vezes congestionamento de clientes. A sinalização também é fundamental para este tipo de

25

exposição.

Os check-outs são a última chance de causar impacto ao cliente.

Normalmente ali são expostos produtos menores, de alto valor agregado e fácil de ser

roubados. Pela localização a probabilidade de furto é bem menor, pois o operador de caixa

está sempre do lado dos produtos. Geralmente são produtos que o cliente esquece de

incluir na sua lista de compras.

Assim como os cestões, as pilhas ou ilhas, ficam localizadas no centro do

corredor, onde normalmente existe o maior fluxo de clientes. Destacam-se pela grande

quantidade de produtos expostos, o que causa um grande impacto visual.

Os displays são em geral concedidos pelos fornecedores. Neles se expõe

com exclusividade produtos deste fornecedor. São bem sinalizados e destacam-se pelo

design e formas diferentes de padronização apresentada em toda a loja.

Os corners são pontos utilizados para agrupar itens de um mesmo tema.

Por exemplo, simultaneamente ao lançamento do filme Nemo, da Disney, temos diversos

produtos lançados com o mesmo apelo: camisas, bonés, brinquedos, fitas, toalhas, etc,

criando assim um ambiente propício para a venda desses produtos.

A PepsiCo do Brasil (Elma Chips), é um ótimo exemplo de empresa que faz

uso de merchandising para incrementar suas vendas. Não com tanta força no grande varejo,

mas com grande destaque no médio e pequeno varejo, não só por disponibilizarem seus

espaços gratuitamente (o que não ocorre nos grandes), mas pela grande força de vendas,

equipe de merchandising e a força do produto, contudo, grande presença destacada nos

mais variados pontos de venda.

Diferente da tendência do mercado e objetivos de visualização junto ao

consumidor, algumas poucas empresas trabalham na ”contra-mão da exposição”, por terem

presença clara no dia-dia do consumidor o que é mais difícil e dispendioso (coca cola,

Elma Chips, Ambev,etc.), por possuir força de venda no pequeno varejo, desfrutam de

uma menor necessidade de esforços para obterem espaços de destaque nas grandes redes,

que destacam seus produtos por uma necessidade própria. Devido a procura dos produtos

pelos clientes.

Os pontos extras servem como alavancador de vendas. Pesquisas realizadas

pelas Lojas Americanas em 15 das suas 110 lojas chegaram ao seguinte resultado:

Aumento da área da seção (depto) em 12% => 15% crescimento de vendas. Trata-se de

números expressivos que devem ser considerados sempre que se fala em gerenciamento de

26

espaço.

1.6 ABASTECIMENTO DE GÔNDOLA

O merchandising e a exposição do produto passam necessariamente pelo

abastecimento de mercadorias. É obvio que sem o abastecimento, o ponto de venda é

diretamente prejudicado.

Algumas técnicas trazidas por redes norte americanas foram criadas a fim

de melhorar o sistema de abastecimento e testadas em algumas redes nacionais:

• Carga Paletizada ð Utilizado pelo Wall Mart . Nesta modalidade, o fabricante não

precisa utilizar sua caixa de embarque. As mercadorias são

entregues em palletes protegidos apenas por um plástico - este

processo é chamado de shrink - e após o recebimento, são

levadas diretamente para a área de vendas. O processo reduz o

custo e o tempo de manuseio de mercadoria, uma vez que não se

faz necessário a abertura das caixas de embarque antes da

exposição. As empresas que não são capazes de entregar os

produtos desta forma são obrigadas a disponibilizar mão de obra

(promotores) para exposições dos produtos rasgando as caixas e

arrumando os produtos nas mesmas, para não comprometerem o

padrão.

• Gôndola Móvel ð O verdadeiro objetivo deste sistema é extinguir da área de venda

a figura do expositor, além de facilitar o fluxo de clientes na loja.

São gôndolas móveis que se deslocam pela loja. Assim,

mantém-se uma gôndola já abastecida no depósito,

paralelamente à que está na área de vendas, efetuando-se uma

troca quando a gôndola da área de venda atinge um determinado

nível.

• Corredor de Abastecimento ð Sua utilização é mais comum em lojas de

conveniência. Consiste na utilização de corredores

existentes atrás das gôndolas, para transporte e

reposição das mercadorias. Logo, as mercadorias são

27

colocadas nas prateleiras por trás, deslocando as já

existentes para frente das prateleiras.

1.7 CONTROLE DE ESTOQUE

Os ativos de uma empresa de varejo são, basicamente, mercadoria em

estoque, em imóveis e em dinheiro em caixa. O crescimento desordenado do estoque

significa uma redução proporcional do dinheiro em caixa. Assim, o nivelamento do

estoque é muito importante. O caminho para o controle do estoque é o acompanhamento

das vendas e a compra proporcional a esta venda.

Uma das maiores dificuldades do varejo é manter um controle de estoques

rígido e eficiente. Certamente não é fácil estabelecer um nível desejado ou ponto de

equilíbrio entre as quantidades corretas de cada produto, a sazonalidade de cada um deles e

a saúde financeira da empresa.

A rede Sonae obteve este controle quando implantou um sistema de

controle quase total. Os computadores sabem o que entra no depósito, controlam o que sai

no caixa e informam o que, quando e quanto deve ser reposto nas prateleiras. Quem faz

esse controle é o Spaceman. Ele aponta qual o espaço que cada mercadoria deve ocupar na

prateleira em função do seu desempenho de vendas. Com ele, o Sonae já reduziu seu

estoque melhorando sua eficácia financeira.

O inter-relacionamento de três variáveis - demanda, reposição e

empilhamento - é que irá determinar se o produto está em equilíbrio, em ruptura ou em

excesso.

O equilíbrio só existe se o reabastecimento é feito com sua intensidade e

freqüência. O empilhamento e a demanda se interagem de maneira harmônica e, em

média, não há excesso ou falta do produto. É representada pela seguinte equação:

Demanda = Reabastecimento + Estoques

Pode ocorrer perda de venda em função da falta de produto na gôndola, a

chamada ruptura.Uma das maiores e temidas inimigas da boa parceria. Isso se dá de

acordo com a demanda e o reabastecimento. Como solução, podemos aumentar a

28

freqüência e a intensidade do reabastecimento ou simplesmente aumentar o espaço do

produto na gôndola a fim de gerar um estoque de segurança.

Por ser um sistema integrado é fundamental que todas as etapas no processo

sejam executadas corretamente para o sucesso da operação, que vai do recebimento de

produtos passando pelo abastecimento na área de vendas e terminando nos check outs

(efetivação da venda).

Qualquer falha em uma das etapas é capaz de gerar as rupturas de produtos,

a mais comum ocorre com produtos de vários sabores e comprados muitas vezes em mais

de uma unidade, (como biscoitos) quando o operador de caixa passa um determinado

produto em substituição a outro de mesmo valor, este erro aparentemente comum gera uma

“venda errada” juntamente, todas as informações que a acompanham estarão erradas,

distorcendo estoque, área de vendas, compras etc. Por isso as equipes de

promotores/repositores devem estar sempre atentas a informações de “estoque virtual”

comparando-as sempre que possível ao estoque físico. Evitando assim, a ausência de itens

e conseqüentemente a insatisfação dos clientes.

No excesso, o estoque é maior do que o suficiente para atender a demanda.

A solução é a redução das compras, uma vez que o produto está superestocado.

1.8 DESEMPENHO DOS PRODUTOS

Quando não se tem nenhum sistema de controle gerencial do mix, a curva

ABC surge como a melhor alternativa de avaliação do desempenho de produtos. Essa

curva é uma classificação de itens, em ordem crescente ou decrescente, utilizando algum

critério de interesse, como lucratividade, espaço ocupado, retorno sobre investimento em

estoques e giro.

A curva ABC serve para estabelecer padrões de comparação entre produtos,

categorias e até mesmo entre seções da loja. Um dos modos de desenhar a curva é através

de quadrantes divididos por dois eixos orientados. O eixo horizontal representa o

movimento de vendas, em quantidade ou valor. E o eixo vertical representa a margem,

absoluta (real) ou relativa (figurada). Os produtos expostos numa loja podem ser

classificados em quatro categorias:

• Vencedor ð Produto com alta margem e alto volume de

29

vendas.Normalmente é um líder incontestável na categoria e tem

preço superior ao dos concorrentes. Sua falta tem reflexos

negativos na imagem e no resultado econômico da loja.

• Estado dormente ð Produto com alta margem e baixo volume de vendas. Algumas

variáveis de merchandising não estariam sendo usadas

adequadamente. Pode ser produto de compra por impulso, de

conveniência ou supérfluo.

• Potencial ð Produto com alto volume de vendas e baixa lucratividade. Em

geral faz parte da cesta básica de consumo, que traz tráfego à

loja. Não necessita de exposição melhor.

• Perdedor ð Produto com baixo volume de vendas e margem também

reduzida. Não merece o espaço que está utilizando. Necessita

de análise para verificar possibilidade de descontinuação

(retirada de linha).

1.8.1 AÇÕES UTILIZADAS

Conforme a classificação do produto, algumas medidas devem ser tomadas

para melhorar seu desempenho e aumentar a lucratividade da loja. Ações recomendadas

para produtos dentro de uma mesma categoria:

• Vencedor ð Melhorar exposição, buscando sinergia com outros produtos ou

categorias. Dar espaço proporcional à sua lucratividade dentro

da categoria. Evitar desabastecimento.

• Estado dormente ð Promover e demonstrar o produto. Candidato a ponto, extra caso

haja disponibilidade de espaço, que precisa ser proporcional ao

custo do estoque dentro da categoria. Se necessário, reduzir

margem para deixar o produto com preço atrativo. Induzir

compra por impulso.

• Potencial ð Dar espaço proporcional ao volume de vendas. Evitar

30

desabastecimento. Utilizar o produto para atrair os

consumidores. Trabalhar preço para conseguir lucratividade.

• Perdedor ð Reduzir espaço e estoque ao mínimo possível, mesmo se houver

possibilidade de desabastecimento. Diminuir variedade de

tamanhos e versões. Ver possibilidade de descontinuar.

1.8.2 VARIÁVEIS

Para utilização da técnica descrita, o primeiro passo é a definição das

variáveis que medirão o desempenho dos produtos. Entre essas variáveis, destacam-se:

• Preço de venda ð Os reflexos da inflação podem ser evitados com o uso de

preços indexados a alguma moeda constante, como o dólar

ou o Real, ou de valores relativos dentro da categoria

(exemplo: média, 100; líder, 120).

• Custo unitário ð Custo de aquisição do produto junto ao fornecedor (ou CMV

- custo da mercadoria vendida). Para evitar distorções

inflacionárias, utilizar o mesmo procedimento adotado para o

preço de venda ao consumidor. Recomenda-se trabalhar

com valores históricos para cada fornecedor.

• Lucro unitário ð É a margem bruta ou a diferença entre o preço de venda e o

custo unitário.

• Unidades vendidas ð Demanda histórica do produto. Para determiná-la, utilizar os

procedimentos já indicados. O período de análise deve ser o

maior possível para eliminar efeitos de flutuação de vendas.

• Estoque médio ð Número de unidades do produto que em média ficam

estocadas na gôndola ou área de vendas.

31

• Espaço ocupado ð Espaço físico que cada unidade do produto ocupa na área de

vendas. Dependendo do objetivo do estudo, pode ser

utilizado espaço linear (m), superficial (m2) ou volumétrico

(m3).

32

1.9 DIRECT PRODUCT PROFIT – DPP

O DPP é um sistema de cálculo desenvolvido nos Estados Unidos pelo

Food Marketing Institute – FMI7 , há mais de 20 anos, e mostra ao varejista o lucro que

cada produto traz para o seu negócio. É certo que conhecendo o lucro possível de se obter

em cada produto, o profissional do varejo pode administrar melhor a loja, obtendo

resultados reais através da redução de custos operacionais, e do aumento do lucro líquido.

A sigla DPP significa Direct Product Profit, ou, em português, Lucro Direto

do Produto. Nada mais é do que a avaliação dos custos operacionais envolvidos na

entrega, na estocagem, no manuseio e na exposição das mercadorias, ou, em outras

palavras, é a avaliação da lucratividade de um produto com base na receita e nos custos

associados à venda. Como vantagens apresentadas pelo DPP podemos citar:

• Redução das despesas operacionais;

Pois, será melhor analisada a questão dos custos relacionados com a entrega,

estocagem, manuseio e exposição de mercadorias.

• Aumento da lucratividade do produto;

Com a redução das despesas aumenta-se o lucro.

• Melhora o manuseio de cada produto;

O produto virá do fornecedor no próprio pallets de transporte, diretamente para a área

de vendas. Serão eliminados os custos de manuseio e estocagem.

• Gerenciamento de forma eficiente dos estoques nas lojas e nos depósitos;

Pois teremos operacionalização do sistema de entrega com pallets.

• Gerenciamento dos espaços de lay-outs nas lojas;

Com a entrega em pallets e a própria utilização desses no salão de vendas, poderemos

fazer um melhor gerenciamento de espaços do lay-out da loja.

• Definição das estratégias de preço;

Qualquer economia oriunda da melhoria do fluxo fornecedor – varejo – consumidor

deve ser repassada ao consumidor

Varejistas e fornecedores devem ter a preocupação de buscar a economia de

todo o sistema de compra e venda de produtos, seja com aprimoramento na logística, na

análise de valor ou no gerenciamento de espaço. O DPP é uma ferramenta fundamental na

redução geral de custos.

33

Os custos associados a um produto ocorrem em três fases: no transporte, no

depósito ou na loja. Existem três variáveis que afetam diretamente esses custos: o espaço

ocupado, o giro e a entrega direta.

O espaço ocupado está relacionado com o volume físico de cada unidade do

produto. Esta característica influencia a movimentação do produto dentro da loja.

Os produtos de alto giro diminuem os custos de manutenção e inventário,

assim como o tempo de ocupação das prateleiras das gôndolas.

Com a entrega direta não há utilização de depósito central, e menor o custo

de manuseio nas lojas.

O sistema DPP serve de auxílio para uma série de decisões, como por

exemplo: aumento da área de exposição de produtos com alto DPP, ou ainda,

descadastramento dos itens com baixo DPP. É justamente desta forma que o conceito deve

ser usado, dando suporte para o aumento de compra dos itens de alto DPP, e reduzindo, ou

até descontinuando a compra de produtos de baixo DPP.

Para a apuração do DPP existem algumas medidas: por unidade, por semana

ou mês, e por gôndola ou metro quadrado. A apuração por unidade torna-se bastante útil

para a comparação da lucratividade entre produtos. A apuração por semana ou mês é

ótima para a avaliação da contribuição do lucro do produto. Já a apuração do DPP por

gôndola ou por metro quadrado é a melhor medida da eficiência de ocupação de espaço de

um produto. O cálculo considera as receitas do produto e expurga as despesas, assim,

descontos, prazo de pagamento, crédito de ICMS, por exemplo, são utilizados como

crédito, da mesma forma que o custo financeiro, a mão-de-obra e outras despesas

administrativas são subtraídas das contas, chegando-se a um percentual real do lucro. No

final do trabalho, em anexo, apresentamos um exemplo prático.

+ -

Figura 1.4: Esquema para calculo de LDP 8

8 Fonte: Manual de Gerenciamento de Espaço.

Preço de venda

Custo do Produto

Margem Bruta

Outras Receitas

Margem Bruta Ajustada

Custos Diretos do Produto

Lucro Direto por Produto (LDP)

34

1.10 O SOFTWARE DE GERENCIAMENTO DE ESPAÇO ( SPACEMAN )

O Spaceman é um software desenvolvido nos Estados Unidos pela Nielsen

Marketing Research, empresa de consultoria especializada no ramo, que tem como

finalidade otimizar a exposição da gôndola, realizando todo o gerenciamento de espaços

nos pontos de vendas, identificando problemas e auxiliando na solução dos mesmos.

Utilização do Spaceman:

O Spaceman não é utilizado somente por empresas que trabalham com o

varejo, e sim por qualquer empresa que disponha de produtos a serem dispostos, seja para

estoque, seja para venda ou outra finalidade. Um exemplo disso é que nos últimos anos

diversas indústrias têm se utilizado dos recursos de gerenciamento de espaço como uma

variável de arrumação de estoques ou, em outros casos, empresas que prestam um serviço a

seus clientes especiais, otimizando a montagem de todos os seus produtos.

Concorrentes do Spaceman:

Os concorrentes são os softwares Apollo e Intercept, ambos da Unisys. Os

três possuem características básicas semelhantes. No entanto, o Spaceman possui uma série

de recursos de análise de dados que os outros dois não possuem, o que o torna mais

sofisticado e completo.

Ferramentas do Spaceman:

Ele, com inúmeras ferramentas de análise de rentabilidade, de giro,

consegue através de uma análise comparativa, definir se o produto está superestocado ou

subestocado, etc., dessa forma ele se torna importante mecanismo de controle do lucro

operacional de estoques.

O Spaceman numa de suas ferramentas mais complexas, permite ao seu

usuário entrar com dados sobre reposição de mercadorias nos pontos de venda, dias de

entrega de mercadorias, dados sobre o fluxo estatístico de clientes das lojas, etc., através

destas ferramentas o Spaceman tem a capacidade de exercer um controle rigoroso em todas

as funções de registro nas quais se envolvem as lojas propriamente ditas.

O Spaceman como uma ferramenta de marketing e qualidade, deve atender,

na medida do possível todas as aspirações de seus clientes. À princípio as empresas que

estão interessadas no gerenciamento de espaço e nos benefícios que ele pode proporcionar,

esperam contar com uma ferramenta de fácil manuseio e que lhe possa trazer benefícios

rapidamente.

35

Ele proporciona ao usuário uma série enorme de relatórios gerenciais, que

se utilizam tanto de dados físicos, como número de frentes dos itens, como o número de

itens expostos, etc. Além disso, o Spaceman é capaz de fornecer dados sobre medidas de

rentabilidade dos itens da gôndola, como informações a respeito giro. Outros fatores que

podem se acrescidos nos relatórios dizem respeito a dias de reposição de mercadorias; e

ainda como mais importante relatório fornecido pelo Spaceman, podemos citar os

relatórios comparativos que tentam ilustrar o quanto a gôndola montada está distante da

gôndola ideal.

Outro fator que agrega valor ao Spaceman e o diferencia de seus principais

concorrentes é a capacidade de execução de análises de produtos superestocados na

gôndola como também de produtos subestocados, esta análise fornece o quanto o

planograma, deve diminuir ou aumentar o número de itens expostos.

Outra análise executada pelo Spaceman é a comparação feita através de

dados de rentabilidade, essa comparação se realiza através da análise de quadrantes, nos

quais todos os produtos expostos são classificados conforme duas variáveis e se enquadram

em um desses quadrantes, segundo sua performance.

Pontos fracos do Spaceman:

Podemos citar o difícil manuseio do software, por ser um programa de alta

performance, o sistema possui diversas funções que dificultam o seu aprendizado rápido, o

que exige dos novos usuários treinamento mais intenso, com auxílio do fornecedor do

software, pois nem sempre a experiência dos usuários é suficiente para multiplicar tantas

informações e pela falta de tempo dos funcionários e a necessidade de utilização correta.

Outro problema é de ordem operacional. Quando o microcomputador em

que está instalado apresenta algum tipo de problema, e não é mais utilizado, a cópia

instalada do Spaceman é automaticamente perdida, e a sua reinstalação requer tempo e

dinheiro.

Mais um problema do software é a sua limitação gráfica, pois nenhuma

espécie de gráfico é fornecida pelo software. Seria muito vantajoso se o grande número de

relatório que pode ser elaborado pelo Spaceman pudesse vir acompanhado de gráficos para

uma melhor visualização de seus dados.

Vantagens de se utilizar o Spaceman:

• Aumentar o retorno sobre investimentos.

36

Isso se dá através do dimensionamento do mix de produtos, evitando

perdas e faltas.

• Rentabilizar investimentos em estoque.

Conseqüência do equilíbrio entre estoques e vendas de modo a não

faltar nem sobrar produtos na gôndola.

• Aumentar a lucratividade.

Com o Spaceman pode-se definir quais produtos devem ter preferência

nas vendas e, dessa forma, é possível explorar melhor o espaço de

exposição dos produtos. Isso leva ao aumento do potencial de vendas.

• Satisfazer o consumidor.

Adequando o mix de produtos para atender as suas necessidades.

Figura 1.5: Exemplo de uma gôndola feita através do Spaceman

37

1.10.1 METODOLOGIA DA UTILIZAÇÃO

O sistema oferece sugestõoes de soluções para problemas de desempenho

de itens ou categorias que precisam ser resolvidos com urgência. Trabalha com as medidas

das gôndolas e dos produtos (comprimento, altura e profundidade); de acordo com as

especificações que lhe são fornecidas, ele vai desenhar no monitor, em alguns minutos, a

gôndola e depois cria os produtos, reproduzindo a realidade.

Na fase seguinte, os produtos são colocados na gôndola conforme as

informações dadas e tem início o estudo da situação encontrada. O trabalho é feito com os

fatos reais: quantidade, preços de compra e venda, quantidade de venda mensal de cada um

dos produtos. Toda a análise é feita diretamente no desenho, criando-se cenários variados

em função das modificações solicitadas.

Com essas e outras informações, o programa fornece os mais diferentes

relatórios de desempenho e os resultados que a nova situação irá proporcionar. Ele mostra

na tela, quais são os produtos, super e subestocados, indica a quantidade, a disposição ideal

de cada um na gôndola ou ainda o percentual de venda que deveria ser praticado. Ele pode

prever, por exemplo, que a reposição de um determinado produto seja feita só quando

existir espaço para uma caixa completa. Antes de aplicar os resultados na prática, é

proposta uma nova situação, com base na análise realizada.

38

II A UTILIZAÇÃO NAS LOJAS AMERICANAS

2.1 EXPOSIÇÃO

A exposição utilizada pelas Lojas Americanas é bastante diferenciada em

função de algumas variáveis.

Tamanho de loja: existe desde lojas com 700 m2 de área de venda até lojas

em padrão supermercado com mais de 6000m2.

Extenso mix de produtos: A Lojas Americanas comercializa

aproximadamente 55.000 itens diferentes que vão desde biscoitos até bijuterias.

A partir desta realidade, então existem diversas formas de exposição. Nas

lojas padrão super grande, alguns categorias são expostas verticalmente (ex.: materiais de

limpeza – sabão em pó, detergente, amaciante, etc.). O mais comum, porém é a exposição

em blocos. Como exemplo, podemos criar o departamento de biscoitos das Lojas

Americanas, onde a categoria de biscoito é exposta junto, mesmo com as de outro

fabricante. O varejo brasileiro utiliza mais usualmente a exposição vertical. Algumas

empresas do setor que já adotaram o gerenciamento de espaço utilizam exposições

diferenciadas de acordo com o tipo de produto e a agressividade do segmento de mercado.

39

2.2 MERCHANDISING

Nas Lojas Americanas existem casos práticos de merchandising. Alguns

produtos ficam relegados em segundo plano e, por isso, tem a venda pouco representativa.

No momento em que se dá destaque ä exposição, o produto outrora renegado, ganha nova

vida e toma impulso nas vendas, passando a ocupar muitas vezes posição privilegiada no

ranking de vendas. Trata-se de uma realidade que ocorre freqüentemente. Assim, não

raramente, descobrimos produtos altamente vendáveis e com rentabilidade, que já eram

comercializados pelas Lojas Americanas, porém sem representatividade.

40

2.3 ABASTECIMENTO

As Lojas americanas está trabalhando para conseguir um abastecimento

eficaz de gôndola. Ela possui, atualmente, 116 lojas espalhadas pelo país e possui somente

três centros de distribuição, um localizado no RJ, outro em SP e outro em PE. Uma

distribuição eficaz para todo o Brasil com apenas três centros de distribuição não comporta

a demanda de estocagem. Basicamente, eles armazenam os produtos importados e servem

de depósitos para algumas lojas do eixo RJ - SP que não possuem área suficiente para

estoque, como exemplo, podemos citar a loja de Ipanema-RJ, cuja área de estocagem não

permite alocar nem 30% dos itens modulados para a loja.

Para melhorar a eficiência, está sendo desenvolvido um projeto de logística

onde serão inaugurados até agosto de 2005 mais três centros de distribuição.

Atualmente o departamento de compras entrega um único pedido para o

fornecedor, porém com entrega loja a loja. Surge, então, o primeiro problema. Nem todas

as indústrias têm centros de distribuição, e muitas têm seu faturamento de apenas um local.

Tem-se a partir do faturamento, o prazo de transporte, e com esta situação, é difícil o

abastecimento imediato de lojas mais distantes da origem do faturamento. Como exemplo,

podemos citar o caso das Ceras Johnson, cujo faturamento é feito somente no Rio de

Janeiro, e caso seja dado um pedido para abastecer a loja de Manaus-AM, são necessários

vinte dias úteis para que a mercadoria chegue ao seu destino por transporte rodoviário.

Outro problema enfrentando diz respeito aos volumes dos pedidos. O

departamento de compras entrega o pedido para o fornecedor com quantidade grande para

o abastecimento das cento e dezesseis lojas, porém o fornecedor ao faturar, entrega cada

pedido separado, ou seja, ao faturar o pedido de Petrolina-PE, tem que esperar pedido de

outras empresas para que a carga seja fechada e viabilize o frete. Esta situação ocorre para

os fornecedores CIF (entrega nas filiais), que custeiam o frete. Os fornecedores FOB

(entrega centralizada), não têm esse problema, pois alocam a mercadoria em alguma

transportadora cadastrada pelas Lojas americanas, e o frete não é custeado.

O recebimento das mercadorias nas lojas também não é das operações mais

fáceis. A conferência ainda é muito lenta. O Objetivo é estar atuando no recebimento da

mesma forma que o Wall Mart. Foram desenvolvidas com os fornecedores caixas de

embarque que podem ser abertas diretamente na área de vendas, e negociando o

recebimento dos produtos em pallets. O Wall Mart marca o dia a hora que o caminho deve

41

chegar, e com isso, tanto ele quanto o fornecedor economizam tempo de espera. As Lojas

Americanas já implantaram o recebimento noturno, e está estudando a melhor forma para

que possa operar de forma similar ao Wall Mart.

Outro pilar importante no abastecimento da gôndola é o histórico de venda

de cada produto. No passado era difícil conseguir dados confiáveis da saída dos produtos

das lojas. Atualmente com a automação da vanguarda (PDV´s) e da retaguarda

(recebimento das mercadorias: pedidos) das Lojas Americanas é mais fácil e confiável.

As Lojas Americanas possui todas as suas lojas automatizadas, o que

proporcionou grande agilidade aos controles de estoque e vendas dos produtos. A baixa no

estoque se dá a partir do momento que ocorre o registro no check-out. Esse registro

assegura a informação sobre a venda do produto e a análise de sua performance de vendas,

a serem consultadas pelo usuário pelo período que desejar.

Outro ponto importante na manutenção das estratégias é o reabastecimento.

Existem alguns critérios para o reabastecimento da gôndola. Este sempre é feito antes da

loja ser aberta ou nos horários de menor fluxo de clientes.

A lei 8.078, conhecida como Código de Defesa do Consumidor, também

interfere diretamente no abastecimento, pois, devido as suas determinações, os varejistas

devem tomar cuidados especiais, como exemplo, deslocar os produtos do fundo das

prateleiras para frente, principalmente na manipulação dos perecíveis, que podem

ultrapassar seus prazos de validade.

As compras são feitas nas Lojas Americanas sempre para períodos mensais,

com algumas exceções como chocolate, semanais. Ao ser efetuada a compra, é acrescido

um percentual de estoque de segurança visto que, pode haver problemas no atendimento

dos pedidos (por parte dos fornecedores). A cobertura de estoque, no entanto, sempre tem

que ser proporcional ao prazo médio de pagamento dos fornecedores.

2.4 CONTROLE DE ESTOQUE

As compras são feitas nas Lojas Americanas sempre para período mensais,

com algumas exceções, como chocolate (semanais). Ao ser efetuada a compra, é acrescido

um percentual de estoque de segurança, visto que pode haver problemas no atendimento

dos pedidos por parte dos fornecedores. A cobertura de estoque, no entanto, tem sempre

42

que ser proporcional ao prazo médio dos fornecedores. O fundamento do controle de

estoque é a determinação das quantidades a serem estocadas. Existem alguns princípios

que já fazem parte do cotidiano de diversas empresas, inclusive a Lojas Americanas.

• Determinar o tipo e a qualidade da mercadoria mais apropriada para os fins a que se

destina, bem como a fixação dos respectivos padrões de compras, garantindo que as

mercadorias adquiridas são do tipo e nas melhores qualidades.

• Determinar as quantidades das diversas mercadorias a serem mantidas em estoque,

respeitando as suas sazonalidades. As quantidades deverão ser as menores possíveis,

evitando a imobilização do capital disponível e o indesejável excesso de estoque, sem

deixar faltar o item. Fazer um inventário freqüentemente, das quantidades de

mercadorias que possui em estoque, e comparar com o nível ideal de estoque

estabelecido para cada loja.

• Estabelecer nos depósitos das lojas a organização necessária para o manejo e para a

identificação dos produtos, garantindo assim, que nunca comprem mercadorias que já

existam em quantidades suficientes no depósito, e que os produtos mais antigos sejam

os primeiros a ir para a área de venda (sistema conhecido como FIFO - First In First

Out), ou seja, a primeira mercadoria a sair deve ser sempre a que entrou primeiro.

• Fazer um inventário freqüente das quantidades de mercadorias em estoque e comparar

com o nível ideal estabelecido para cada loja, confrontando estoque físico com virtual.

2.5 ANÁLISE CUSTO X BENEFÍCIO

Para se ter uma idéia do lucro que se pode obter através da utilização do

software, damos um exemplo aplicado às Lojas Americanas:

Se aumentássemos a venda diária em cada gôndola (balcão com prateleiras)

de R$ 50,00, gerando um aumento no lucro de R$ 10,00, e supondo que em cada loja

existam 100 gôndolas.

R$10,00 x 100 gôndolas = R$1.000,00 / dia x loja

Como as Lojas Americanas já possuem 116 lojas, então:

43

R$1.000,00 / dia x loja) x 116 lojas = R$116.000,00 / dia

Estes dados não refletem uma situação real da loja. Em um projeto piloto

realizado no início do ano na loja 67 (Barra Shopping) foi comprovado que o aumento das

vendas chegam a atingir 60% em média nos departamentos, podendo atingir até 100%

(como foi o caso do departamento de tinturas).

Como o preço do software é de U$ 50.000,00, com uma manutenção

trimestral de U$1.400,00, constatamos que no caso das Lojas Americanas conseguimos

pagar o software em apenas um dia de venda das lojas.

44

IV CONCLUSÃO

No Brasil o gerenciamento de espaços ainda se encontra num estágio inicial.

Suas idéias e objetivos já são claros e bem definidos. Porém ainda não temos experiência

necessária para uma implantação em massa destas técnicas.

A minoria das redes de varejo, conta com essa tecnologia, que vem

apresentando resultados interessantes e evolução gradativa, pois não contam com Know

How das multinacionais do varejo, que já trabalham há algum tempo com esses sistemas e

dispõe de contingente qualificado para estas tarefas.

A capacitação logística é fundamental, suas etapas de recebimento e

reposição precisam trabalhar juntamente com todas as áreas envolvidas até a conclusão da

venda, isto é, toda a rede com seus departamentos devem estar em sincronia. Partindo da

idéia que o sistema de gerenciamento de espaço, através de software é uma ferramenta para

análise de informações e sugestões de soluções para supostos problemas, as rupturas neste

processo são capazes de distorcer as informações com relação às necessidades reais, o que

o torna ineficiente.

Dentro de todos os problemas encontrados pelos profissionais do

gerenciamento de espaços, função criada há aproximadamente três anos em algumas

empresas brasileiras, o que mais prejudica seu trabalho é a falta de mercadorias na área de

vendas diante do quadro de aproximadamente 70% de sortimento presente nas lojas,

tornando impossível qualquer tipo de padronização de exposição a ser seguida.

Conseqüentemente se torna impossível também, que o gerenciamento de espaços possa ser

aproveitado em todo seu potencial, análises de sub ou superestocagem de mercadorias e

tornam irreais, comprometendo qualquer tipo de decisões futuras que poderiam ser feitas

de forma a criar a gôndola ideal.

No momento já é possível visualizar benefícios que as empresas brasileiras

tenham conseguido através do gerenciamento de espaços, além dos benefícios trazidos pelo

detalhamento de informações ou da exposição perfeita, as grandes redes de supermercados

brasileiros têm utilizado o gerenciamento de espaços para padronizar suas gôndolas

tornando-as mais atrativas aos olhos do cliente.

45

O início das operações com o gerenciamento de espaços por parte de

algumas empresas como Sendas e Carrefour, somadas àquelas que já o fazem há algum

tempo, Lojas Americanas e Sonae do Rio Grande do Sul, mostra que o varejo brasileiro

está se voltando para esse aspecto da logística.

Em curto prazo a idéia de padronização de supermercados parece ser o

principal objetivo dos supermercados brasileiros, afinal, para que o gerenciamento de

espaços seja usado em todo o seu potencial, os sistemas logísticos internos da maioria das

lojas brasileiras teriam de sofrer profundas modificações. Esta idéia de total

aproveitamento do gerenciamento de espaços no Brasil é, sem dúvida, o futuro dos

supermercados brasileiros, visto que, estamos falando de uma possibilidade real de

otimizar custos, prioridade número um de qualquer instituição que queira se manter

saudável, porém, estará sendo implementado com êxito somente no momento em que os

mesmos estejam adaptados a uma nova realidade.

Neste trabalho procurei demonstrar como o gerenciamento de espaço pode

ser encarado como mais um fator de diferenciação no mercado muito competitivo que é o

varejo brasileiro. Esse mercado historicamente apresenta margem de lucro muito baixa.

Com o gerenciamento de espaço, aliado ao gerenciamento de categorias, o varejo obterá

um aumento do lucro, através do melhor gerenciamento das variáveis significativas do

processo de compra e venda de mercadorias.

46

V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABRAS. Manual de Gerenciamento de Espaços São Paulo. 2000.

2. EXAME. Caixa Rápido. São Paulo, ano XXVI, p.74, 06 julho de 1999.

3. EXAME. O Comércio está pondo a mão no bolso. São Paulo, ano XXVI,p.84-86, 09 de

novembro de 1998.

4. SUPERMERCADO MODERNO. Computador ajuda a arrumar suas prateleiras. São

Paulo,p.127-135, novembro de 1998.

5. LEWIS, Jack, Projeto Superestudo Marsh: Vendas, Lucro, Promoção, Gerenciamento de

Espaço, Produtividade, Perecíveis, Consumidores. Indianópolis. 1999

6. APAS. Marketing de Varejo – Um novo papel. São Paulo, Setembro de 1995.

7. PARENTE & CONWAY Quality, Seminário de Category Management (Gerenciamento de

Categorias). São Paulo, 1996.

8. KOTLER, Philip, Administração de Marketing, 10ª Edição. Prentice Hall SP 2000.

9. LEVY, Michael & WEITZ, Barton, Administração de Varejo, SP: Atlas 2000.

47