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FACULDADE BOA VIAGEM DeVry Brasil CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MPGE- MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus: Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas); Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada; Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia; A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração. Título da Dissertação: “Avaliação de Programas de Treinamento e Desenvolvimento à luz do Modelo de Donald Kirkpatrick: um estudo de caso dos Profissionais de Enfermagem, em um Hospital Privado do RecifeNome do(a) autor(a): Ana Cláudia Cavalcanti Maciel Data da Aprovação: 22 de abril de 2013 Classificação conforme especificação acima: Grau 1 × Grau 2 × Grau 3 × Recife, 22 de abril de 2013 __________________________ Assinatura do(a) Autor(a)

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FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil

CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃOMPGE- MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suasfontes, o acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial -MPGE do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA – daFaculdade Boa Viagem é definido em três graus:

Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas eindiretas);

Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, emconseqüência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo,por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantidoem local sob chave ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservemas condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “Avaliação de Programas de Treinamento e Desenvolvimento àluz do Modelo de Donald Kirkpatrick: um estudo de caso dos Profissionais deEnfermagem, em um Hospital Privado do Recife”

Nome do(a) autor(a): Ana Cláudia Cavalcanti Maciel

Data da Aprovação: 22 de abril de 2013

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1 ×

Grau 2 ×

Grau 3 ×Recife, 22 de abril de 2013

__________________________Assinatura do(a) Autor(a)

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Faculdade Boa Viagem – DeVry BrasilCentro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE

Ana Cláudia Cavalcanti Maciel

Avaliação de programas de treinamento e desenvolvimento à luz do modelo de DonaldKirkpatrick: um estudo de caso dos profissionais de Enfermagem, em um

hospital privado do Recife

Recife, 2013

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Ana Cláudia Cavalcanti Maciel

Avaliação de programas de treinamento e desenvolvimento à luz do modelo de DonaldKirkpatrick: um estudo de caso dos profissionais de Enfermagem, em um

hospital privado do Recife

Dissertação apresentada como requisitocomplementar para obtenção do grau deMestre em Gestão Empresarial do Centro dePesquisa e Pós-Graduação em Administração– CPPA da Faculdade Boa Viagem – DeVryBrasil, sob a orientação da Profª. Drª. LúciaMaria Barbosa de Oliveira, Ph.D.

Recife, 2013

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Esta dissertação é dedicada especialmente aminha mãe, Divina por natureza, por quempossuo um amor incondicional e cujo exemplode vida concebo como referência de dedicaçãoe superação frente a obstáculos e adversidades.

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AGRADECIMENTOS

Esta dissertação representa um grande sonho, um projeto de vida que agora se

concretiza e se transforma em realidade.

Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido força e perseverança para seguir

em frente, em prol desta grande meta, mesmo diante de tantas adversidades e intercorrências

vivenciadas durante todo o período desta formação.

Aos melhores pais do mundo, Nivaldo e Divina, agradeço em conjunto, por tudo de

mais valioso que aprendi, minha educação, formação e valores, que me possibilitaram

desbravar os caminhos da vida, com foco, ética, respeito e muita determinação.

Um agradecimento especial à minha preciosa mãe, amiga de todas as horas, mentora

em todas as fases de minha vida. Meu pilar de sustentação, que me dá força, coragem e

estímulo para continuar buscando meus objetivos e galgando novos horizontes. Seu exemplo

de amor me renova. Obrigada por existir. Você é minha referência de vida.

A você, George, meu irmão querido, amigo fiel, que sempre acreditou e encorajou os

meus atos, sonhos e metas. Cumplicidade eterna.

Aos meus lindos sobrinhos igualmente amados, Rafael, Breno, Artur e Miguel, por

toda torcida e compreensão, nos muitos momentos em que precisei estar ausente, durante

esses dois anos de suas vidas.

Agradecimento especial a minha orientadora Lúcia Barbosa, sempre disponível, que

incansavelmente me estimulou e norteou com muito profissionalismo, durante toda a

construção deste trabalho, sem a qual eu não teria conseguido.

A Pauline Buonafina e Neilce Guedes de Holanda, colegas de turmas, que me

incentivaram e estimularam, por meio de muita troca de experiências e apoio mútuo.

À diretora do hospital onde este estudo ocorreu, por ter permitido a realização desta

pesquisa em sua instituição e por ter acreditado na contribuição deste trabalho.

A todos os profissionais da instituição estudada, que contribuíram direta ou

indiretamente com esta pesquisa, entre os quais arrisco citar:

Juliana Lemos Zaidan, enfermeira de Educação Continuada, a qual me inspirou a

realizar este trabalho, pelo seu exemplar profissionalismo na condução dos programas de

treinamento e desenvolvimento direcionados aos profissionais de Enfermagem.

Toda minha equipe do setor de Recursos Humanos, destacando Isabella Santos, pelo

contínuo estímulo, crença e apoio durante os dois longos anos desta jornada.

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À gerente de risco assistencial, pelo entusiasmo, disponibilidade e contribuição dada a

este trabalho.

À gerente assistencial multidisciplinar, por ter permitido permear o Departamento de

Enfermagem, disponibilizando informações de forma tranquila, clara e contributiva.

Agradeço também à Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil, por proporcionar-me a

oportunidade de cursar este mestrado.

Por fim, agradeço imensamente a todos os que fomentaram a concretização deste

sonho.

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RESUMO

Alguns estudos retratam o tema avaliação de programas de treinamento, que, de certa

forma, é bastante discutido no meio acadêmico e também permeia o âmbito organizacional.

Entretanto, constata-se que são poucas as pesquisas que abordam esse assunto em hospitais

privados da Região Metropolitana do Recife-PE. Reconhece-se a importância desta temática,

sobretudo nos dias atuais, em vista a tanta competitividade entre instituições de saúde, quando

se faz necessário oferecer serviços hospitalares diferenciados, no que se refere ao mercado, e

com alto padrão de qualidade e segurança, no que tange à assistência prestada ao paciente.

Esta dissertação tem o propósito de identificar como são avaliados os programas de

treinamento e desenvolvimento sobre administração de medicamentos, conduzidos pelo

serviço de Educação Continuada, para os profissionais de Enfermagem em um hospital

privado do Recife-PE. Foi adotado o modelo dos quatro níveis proposto por Donald

Kirkpatrick (2010), que embasa a avaliação dos programas de treinamento realizada neste

estudo. Para tanto, procedeu-se à metodologia cujo enfoque foi qualitativo, descritivo, em um

estudo de caso único. Os dados foram coletados por meio de entrevistas por pautas,

observação participante e análise documental. Para análise dos dados, utilizou-se o método da

análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Em termos de resultados, conforme o modelo de

Kirkpatrick (2010), constatou-se, por um lado, a eficácia dos programas de treinamento no

que diz respeito aos Níveis 1 e 2 (Reação e Aprendizagem), e por outro, fragilidade destes

programas no que refere os Níveis 3 e 4 (Mudança de comportamento e Resultados

alcançados).

Palavras-chave: Treinamento para enfermagem. Avaliação de programas de treinamento.

Educação continuada. Administração de medicamentos. Modelos dos quatro níveis de Donald

Kirkpatrick.

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ABSTRACT

Some studies portray the theme evaluation of training programs, which, somehow, is widely

discussed in academic and also permeates the organizational context. However, it appears that

there are few researches on this subject in private hospitals in the Metropolitan Region of

Recife - PE. We recognize the importance of this issue, especially nowadays, in view of so

much competition among health institutions, when it is necessary to provide differentiated

hospital services, in relation to the market, and with high standards of quality and safety, as

respect to patient care. This thesis aims to identify how they evaluated training programs and

development of drug administration, led by service Continuing Education for nursing

professionals in a private hospital in Recife - PE. Model was adopted four levels proposed by

Donald Kirkpatrick (2010), that supports the evaluation of training programs conducted in

this study. Therefore, we proceeded to the methodology whose focus was qualitative,

descriptive, in a single case study. Data were collected through interviews agendas,

participant observation and document analysis. For data analysis, we used the method of

content analysis (Bardin, 2011). In terms of results , according to the Kirkpatrick model

(2010), it was found, on the one hand, the effectiveness of training programs in relation to

Levels 1 and 2 (Reaction and Learning), and on the other, fragility of these programs in

regards Levels 3 and 4 (Change in behavior and results achieved) .

Keywords: Training for nursing. Evaluation of training programs. Continuing education.

Medication administration. Models of the four levels of Donald Kirkpatrick.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Modelo de treinamento baseado em Borges-Andrade 22

Figura 2 - Modelo de avaliação integrado e somativo – MAIS 30

Figura 3 - Delineamento da pesquisa 39

Figura 4 - Sujeitos da pesquisa 42

Figura 5 - Sujeitos da pesquisa e seus papéis 42

Figura 6 - Organização da análise de conteúdo 47

Figura 7 - Indicadores assistenciais do hospital privado estudado 52

Gráfico 1 - Treinamento de administração de medicamentos - Reação 60

Quadro 1- Definições de treinamento 20

Quadro 2 - Os quatro níveis de avaliação do treinamento – Modelo D. Kirkpatrick 32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANAHP Associação Nacional de Hospitais Privados

ASTD American Society for Training and Development

IPSA Instituto de Pesquisas Sociais Aplicadas

MAIS Modelo de Avaliação Integrado e Somativo

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Panamericana de Saúde

RH Recursos Humanos

SEC Serviço de Educação Continuada

T&D Treinamento e Desenvolvimento

TD&E Treinamento, Desenvolvimento e Educação

UCE Unidade de Cuidados Especiais

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UTI Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

1.1 Contextualização do problema de pesquisa 12

1.2 Objetivo geral 17

1.3 Objetivos específicos 17

1.4 Justificativas teóricas 17

1.5 Justificativas práticas 18

2 REVISÃO DE LITERATURA 19

2.1 Programas de treinamento e desenvolvimento 19

2.2 Etapas do processo de treinamento e desenvolvimento 21

2.3 Serviço de Educação Continuada em instituições de saúde 24

2.4 Avaliação de programas de treinamento 25

2.4.1 Modelo do valor final de Hamblin (1978) 26

2.4.2 Modelo de avaliação de impacto do treinamento de Abbad (1999) 28

2.4.3 Modelo de avaliação integrado e somativo de Borges-Andrade – MAIS (2006) 29

2.4.4 Quatro níveis de avaliação de programas de treinamento – modelo de Donald

Kirkpatrick (2010) 31

3 METODOLOGIA 37

3.1 Características da pesquisa 37

3.2 Delineamento da pesquisa 38

3.3 Locus da investigação 40

3.4 Sujeitos da pesquisa 41

3.5 Instrumentos de coleta de dados 43

3.6 Análise e interpretação de dados 46

3.7 Limites e limitações 48

3.7.1 Limites 48

3.7.2 Limitações 48

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 50

4.1 Qualidade na assistência 50

4.2 Administração de medicamentos 52

4.3 Considerações sobre os pesquisados 54

4.4 Análise do primeiro objetivo específico – Analisar a reação dos treinandos de

Enfermagem 56

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4.5 Análise do segundo objetivo específico – Identificar a aprendizagem adquirida a

partir das práticas de treinamento e desenvolvimento, direcionados aos técnicos de

enfermagem 61

4.6 Análise do terceiro objetivo específico – Investigar a percepção dos enfermeiros

assistenciais quanto à mudança de comportamento dos técnicos de enfermagem,

como resultado dos programas de treinamento 63

4.7 Análise do quarto objetivo específico – Analisar os resultados dos treinamentos

mediante indicadores assistenciais 65

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 68

5.1 Conclusão 68

5.2 Sugestões de planos de ação 74

5.3 Recomendações para trabalhos futuros 75

REFERÊNCIAS 76

APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas para técnicos de enfermagem 81

APÊNDICE B – Roteiro de entrevistas para enfermeiros da educação continuada 82

APÊNDICE C – Roteiro de entrevistas para enfermeiros assistenciais 83

APÊNDICE D – Roteiro de entrevistas para supervisores, coordenadores 84

APÊNDICE E – Roteiro de entrevistas para gerentes 85

APÊNDICE F – Categorização - entrevista com técnicos de enfermagem 86

APÊNDICE G – Categorização - entrevistas com técnicos de enfermagem 89

ANEXO A – Procedimento operacional de administração de medicamentos 90

ANEXO B – Fluxo de administração de medicamentos 93

ANEXO C – Plano de aula 94

ANEXO D – Pós-teste 98

ANEXO E – Check list preparo de administração 99

ANEXO F – Indicador de erro e quase falha 100

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1 INTRODUÇÃO

A introdução aborda, com base na revisão de literatura, o desenvolvimento e a

problemática da pesquisa acerca do tema programas de treinamento. O capítulo é composto

pela contextualização, objetivos gerais e específicos e justificativas teórica e prática, que

darão subsídios ao tema deste estudo.

1.1 Contextualização do problema de pesquisa

As mudanças nas organizações, no ambiente empresarial e na sociedade são profundas

e ocorrem em ritmo acelerado. A rapidez das mudanças tecnológicas, a globalização da

economia e o acirramento da competição entre empresas e entre países geram impactos

significativos sobre a gestão das organizações, levando à necessidade de repensar seus

pressupostos e modelos. Um dos impactos significativos dessas mudanças, no que tange às

organizações, é representado pelo aumento do nível de qualificação e de conhecimento dos

profissionais, que propõe implicações diretas na gestão de pessoas e nos modelos utilizados

em sua administração (ALBUQUERQUE, 2002).

No tocante à gestão de pessoas, alguns processos podem gerar contribuições

expressivas para ampliar as competências dos indivíduos e as capacidades das organizações.

Quando as práticas estão alinhadas às necessidades dos clientes internos e externos, as

empresas possuem mais possibilidades de se tornarem bem-sucedidas (ULRICH, 1998).

Portanto, profissionais de Recursos Humanos (RH) agregam valor às empresas,

quando ajudam os indivíduos a atingirem seus objetivos. Destarte, práticas de RH devem

produzir resultados positivos para os stakeholders-chave, ou seja, as partes interessadas no

processo organizacional: empregados, gerentes de linha, clientes e acionistas (ULRICH;

BROCKBANK, 2005).

De acordo com Bastos (2006), as ações de treinamento, desenvolvimento ou

qualificação do trabalhador ocupam um dos papéis centrais no conjunto de práticas

denominadas gestão de pessoas em contextos organizacionais. Seus impactos são

fundamentais tanto para os ajustes indivíduo-trabalho, que se traduzem em diferenças de

desempenhos individuais e coletivos, quanto para as relações entre organizações e seus

contextos, garantindo-lhes, ou não, produtividade e competitividade.

Assim, empresas têm dado maior atenção aos sistemas de treinamento,

desenvolvimento e educação (TD&E), que passam a exercer uma posição estratégica no

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contexto organizacional (BORGES-ANDRADE; ABBAD; MOURÃO, 2006).

Concernente a esses processos, Borges-Andrade (2006) faz menção a uma crescente

demanda por avaliação em programas de treinamento, desenvolvimento e educação (TD&E)

nas organizações que possuem investimentos direcionados para essas atividades, ou que

descobrem valores estratégicos do conhecimento e do esforço na contínua qualificação do seu

pessoal.

A ideia de avaliar treinamento não é nova, porém, nos dias atuais, quando empresas

vivem em momento de extrema competitividade e restrição, é que se dá mais ênfase a essa

questão, pois o assunto tem preocupado estudiosos, consultores, responsáveis pelas áreas de

Recursos Humanos e, principalmente, dirigentes empresariais (EBOLI, 2002).

Alguns estudos (INOCENTE, 2006; MACEDO; LIMA; FISCHER, 2007; ZERBINI;

ABBAD, 2010) apresentam modelos para mensurar e avaliar treinamentos nas organizações

de trabalho, tendo como foco tanto os conhecimentos transmitidos, como as formas segundo

as quais as pessoas aprendem, sistematizam as informações, apropriam-se dos saberes,

empregam-nos no cotidiano organizacional e os transferem.

Um dos modelos mais consolidados para avaliação dos programas de treinamento é o

modelo dos quatro níveis desenvolvido por Donald Kirkpatrick (2010). Conhecido

internacionalmente e utilizado há mais de 40 anos, seus conceitos, princípios e técnicas

podem ser relevantes ao contexto da aprendizagem e indicativo de melhorias no desempenho

das organizações. O modelo avalia: Nível 1- Reação, Nível 2- Aprendizagem, Nível 3-

Comportamento e Nível 4- Resultados. Para o autor, cada nível apresenta peculiar relevância,

e a passagem por cada um deles implica maior complexidade do processo e sugere

informações gradativamente mais valiosas.

Recentemente, treinadores e consultores começam a perceber que seu trabalho não

consiste em transmitir informações, mas em melhorar o desempenho a partir da mudança de

comportamento, que requer uma aprendizagem apropriada para sustentação das organizações

(KIRKPATRICK, D. L.; KIRKPATRICK, J. D., 2006).

Diante desse contexto, cabe destacar o cenário de competitividade e incerteza, inerente

à área de saúde. O segmento hospitalar revela fortemente a busca por qualidade nos serviços

prestados, de forma que o investimento em práticas de treinamento e desenvolvimento vem

crescendo de acordo a necessidade constante de profissionalização e qualificação (PALOCCI,

2011).

As respostas das organizações de saúde a essas mudanças têm afetado todos os

processos e o ambiente de trabalho onde os profissionais estão inseridos. Além disso, nos

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últimos anos, a preocupação com a segurança do paciente e a efetividade dos sistemas de

saúde têm sido crescentes, e muitas são as iniciativas para o delineamento desse cenário

(BORK, 2005).

No estado de Pernambuco, por exemplo, vale destacar a cidade do Recife, região que

dispõe de um polo médico que é considerado o primeiro de todo o Norte/Nordeste e o

segundo do Brasil em qualidade, modernidade e avanço tecnológico, ficando atrás apenas do

polo da cidade de São Paulo (NETO PIMENTEL, 2006).

Composto por hospitais, clínicas, laboratórios e centros de diagnósticos por imagem,

esse polo médico oferece um total de mais 8,2 mil leitos e atende uma clientela que

representa, em média, cerca de 20 mil pessoas/dia.

Grande gerador de empregos no Recife, o polo médico absorveu, em 2002, segundo

estudo do Instituto de Pesquisas Sociais Aplicadas (IPSA) da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), uma mão de obra de 20,8 mil pessoas na cidade. Esses profissionais

precisam estar devidamente capacitados e qualificados para promoverem a prestação de um

serviço assistencial com qualidade e excelência, além de garantir a segurança dos pacientes

atendidos – tema cuja abordagem sugere polêmica em instituições de saúde.

O relatório publicado em 2000 (to err is human: building a safer Health System) pelo

Institute of Medicine (IOM) norte-americano estimou que entre 44.000 e 98.000 americanos

morrem por ano, devido a erros de assistência à saúde. Esse quantitativo alarmante excedeu o

número de mortes por acidentes de carro, câncer de mama e AIDS nos Estados Unidos

(KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 2000).

Desde então, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem demonstrado sua

preocupação com a segurança do paciente e adotou essa questão como tema de alta prioridade

na agenda de políticas dos seus países.

Em 2004, foi fundada a Aliança Mundial para Segurança do Paciente, visando à

socialização dos conhecimentos e das soluções encontradas, além de conscientizar e

conquistar o compromisso político, por meio de programas e alertas sobre aspectos sistêmicos

e técnicos e realizando campanhas internacionais que reúnem recomendações destinadas a

garantir a segurança dos pacientes ao redor do mundo.

Entre os eventos que retratam esse tema, erros relacionados ao processo de medicação

são eventos adversos1 mais comuns e impactantes no processo de cuidado ao paciente. Dada a

magnitude do problema e suas consequências, grandes esforços devem ser realizados no

_______________________1 De acordo com Silva e Santos (2005, p. 168), eventos adversos da droga são danos causados ao paciente,

ocasionado pela utilização de medicamento, desde reações simples até o óbito.

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enfoque de educação e treinamento profissional, atrelado ao desenvolvimento de normas e

procedimentos mais seguros, visando constituir a base da segurança na administração de

medicamentos (BORK, 2005).

No Brasil, alguns erros que se referem ao processo de administração de medicamentos

estão sendo divulgados na mídia, de forma alarmante à população, como o caso, de uma

jovem atendida em uma emergência no estado de São Paulo, quando, ao invés de receber soro

para reidratação, administrou-se vaselina líquida, o que ocasionou uma embolia pulmonar,

com consequente morte da paciente (ALVES, 2012, p. 1).

Mais recentemente, conforme publicação no SIMEPE em 2012, ocorreu, em um

hospital de São João do Meriti, no Rio de Janeiro, outra administração equivocada de

medicamento divulgada na mídia, que gerou um processo por homicídio culposo de uma

estagiária que injetou alimento por acesso venoso, via errônea, ao invés de fazê-lo por uma

sonda nasogástrica, via correta. Além de não estar acompanhada por uma supervisão, a

estagiária não acionou ninguém após o procedimento, que culminou na morte de uma senhora

de 80 anos, internada nessa instituição (ISAQUE, 2013, p. 1).

Casos como esses geram grande preocupação aos dirigentes das instituições de saúde

e, principalmente, à sociedade, pois ninguém espera chegar a um hospital para se tratar e

acabar vindo a óbito, não pelas consequências da patologia que o trouxe ao atendimento, mas

pelo tratamento recebido, realizado de forma equivocada.

Escassez de conhecimento, falta de qualificação, capacitação e educação em serviço,

permeiam a temática sobre administração de medicamentos – processo que requer melhores

perspectivas em termos de resultados.

Como medida preventiva a esta problemática, faz-se necessária a atuação de uma

educação permanente e contínua dos profissionais de saúde, para melhorar as habilidades no

desempenho de suas funções e, assim, poder viabilizar um modelo assistencial eficaz, que

possibilite maior segurança aos pacientes.

Relacionados a este contexto, os profissionais de Enfermagem ocupam um papel

relevante na função terapêutica a que o paciente está submetido, pois possui grande

responsabilidade no que concerne à administração de medicamentos.

Cabe destacar que as ações de enfermagem, tais como monitoração e vigilância

contínua do estado de saúde dos pacientes, são relacionadas diretamente com melhores

resultados na recuperação desses. Se consideradas as internações hospitalares, domiciliares e

manejo de pacientes crônicos, conclui-se que a enfermagem é a maior força de trabalho

relacionada à assistência direta a pacientes, em período integral e ininterrupto (BORK, 2005).

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Os enfermeiros estão em posição de identificar e interceptar muitos dos potenciais

erros relacionados à assistência, antes mesmo de afetar o paciente de forma adversa (BORK,

2005).

Dada a fundamental importância desses profissionais na continuidade do cuidado ao

paciente, o hospital privado onde foi desenvolvido este estudo – certificado pela Acreditação

Internacional da Joint Commission International (JCI), a qual preconiza a qualidade da

assistência e segurança do paciente – implementou, em 2008, uma estrutura de treinamentos

técnicos denominada Educação Continuada, cujo intuito é qualificar a equipe de Enfermagem

para promover uma assistência mais segura ao paciente.

É importante salientar que existe significativa dificuldade na seleção desses

profissionais de Enfermagem, devido ao despreparo dos candidatos, que está diretamente

relacionado ao excesso de escolas e à baixa qualidade de seus cursos. Assim, a Educação

Continuada exerce o papel de capacitação dos profissionais mal-formados. (LEMOS; VAL;

BAPTISTA, 2009).

Todavia, acredita-se que não foi realizado um acompanhamento quanto aos resultados

dos programas de treinamento conduzidos pela Educação Continuada para a equipe de

Enfermagem.

Então, o reconhecimento do padrão de qualidade hospitalar, validado pela JCI, torna

ainda mais premente, ao hospital onde foi desenvolvida esta pesquisa, a necessidade de

garantir a prática assistencial, por meio da efetividade dos programas de treinamento, de

forma que a eficácia desses programas merece ser estudada.

Mira (2010) reforça essa preocupação, quando refere que, na perspectiva da formação

de Recursos Humanos em Enfermagem, é necessária a atuação da Educação Continuada, que

deve identificar reais necessidades da instituição e dos indivíduos, com o objetivo de melhorar

a prática do trabalho: aumentar a eficácia nos processos assistenciais visando potencializar o

conhecimento e as habilidades, que devem contribuir para a mudança de comportamento e

consequentes ganhos, em termos de resultados.

Diante do que foi exposto, formulou-se a seguinte pergunta de pesquisa: Como são

avaliados os programas de treinamento e desenvolvimento, especificamente de administração

de medicamentos, conduzidos pelo serviço de Educação Continuada, à luz do modelo de

Donald Kirkpatrick (2010), para os profissionais de Enfermagem, em um hospital privado do

Recife?

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1.2 Objetivo geral

Identificar como são avaliados os programas de treinamento e desenvolvimento,

especificamente de administração de medicamentos, conduzidos pelo serviço de Educação

Continuada, à luz do modelo de Donald Kirkpatrick (2010), para os profissionais de

Enfermagem, em um hospital privado do Recife.

1.3 Objetivos específicos

Analisar a reação dos treinandos de Enfermagem ao treinamento;

Identificar o nível de aprendizagem adquirida a partir das práticas de treinamento e

desenvolvimento direcionadas aos técnicos de enfermagem;

Investigar a percepção dos enfermeiros assistenciais e dos profissionais de Educação

Continuada quanto à mudança de comportamento dos técnicos de enfermagem, como

resultado dos programas de treinamento;

Analisar os resultados dos treinamentos, a partir dos indicadores assistenciais.

1.4 Justificativas teóricas

A literatura sobre avaliação de programas de treinamento é extensa; entretanto, dada,

ainda, a baixa oferta de pesquisas e publicações acerca do tema na área de saúde, no Brasil,

destacando hospitais privados no Recife-PE, reflete a necessidade de um maior

aprofundamento e contribuição para as discussões sobre o assunto.

Foi identificado um estudo, desenvolvido em um hospital privado da região, que

retrata o serviço da educação permanente (educação continuada) acerca do treinamento de

suporte básico e avançado de vida e sua contribuição para o conhecimento dos profissionais

de Enfermagem (LIMA et al., 2009), porém não faz relação a nenhum modelo teórico de

avaliação de programas de treinamento, de forma que não tem uma contribuição direta com o

propósito deste estudo.

Outra justificativa que respalda o tema é que, de acordo com a pesquisa bibliográfica

realizada quanto ao modelo dos quatro níveis de Donald Kirkpatrick (2010), existe um

pressuposto que refere o inter-relacionamento entre os níveis de avaliação desse modelo,

citado como uma hierarquia (HAMBLIN, 1978). Entretanto, ainda há uma carência de

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pesquisas científicas que confirmem ou refutem essa proposição, segundo Comin, Inocente,

Miura (2011).

1.5 Justificativas práticas

A escolha do objeto de pesquisa se fundamenta pelo crescimento do polo médico no

Recife-PE e consequente aumento da demanda por profissionais qualificados, que precisam

estar cada vez mais preparados para assumir a prática assistencial, se contrapondo às ofertas

das escolas de saúde, que não têm capacitado esses profissionais, de forma que necessitam de

uma formação complementar.

Esse estudo poderá contribuir com os hospitais da região Recife-PE, na perspectiva de

respaldar a importância do serviço de Educação Continuada para promover melhor eficácia

dos programas de treinamento e desenvolvimento (T&D) e consequente qualificação para os

profissionais de Enfermagem.

Esta pesquisa é também relevante, essencialmente para o serviço de Educação

Continuada da instituição a ser estudada, visto que pode promover novas alternativas e/ou

ações para aprimorar suas práticas, métodos, modelos, programas ou processos de

treinamento e desenvolvimento.

Outro fator importante refere-se ao fato de vislumbrar que os pacientes dessa

instituição podem ser beneficiados pelos resultados dos programas de treinamento, que

contribuem para melhoria do desempenho e culminam nas práticas assistenciais, ou seja, a

aplicabilidade do que é aprendido está atrelada à prática profissional e possui reflexo direto na

assistência à saúde.

Na próxima seção, será apresentada a revisão de literatura que embasa esta pesquisa.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Para melhor compreensão e atingimento dos objetivos desta pesquisa, faz-se

necessário o aprofundamento em alguns conceitos e definições.

Este capítulo apresenta o referencial teórico que sustenta todo o trabalho, com base em

uma revisão da literatura sobre programas de treinamento e desenvolvimento, etapas do

processo de treinamento e desenvolvimento, serviço de Educação Continuada e avaliação dos

programas de treinamento.

2.1 Programas de treinamento e desenvolvimento

As atividades de treinamento têm suas origens no início do processo de

industrialização, século XIX, quando o trabalho artesanal evoluiu para o trabalho de produção

em massa.

Mediante estudos de Taylor (1996), século XX, sobre a racionalização do trabalho, a

padronização de tarefas, a redução de tempo e de movimentação de produtos na linha de

produção fizeram crescer significativamente a necessidade de treinar uma quantidade cada

vez maior de trabalhadores. Assim, surgiram os programas de treinamento, com o objetivo de

ajustar as pessoas às necessidades dos processos produtivos e também administrativos.

De acordo com Marcondes (2008), posteriormente, as ações de desenvolvimento

foram agregadas àquelas de treinamento de pessoas, para se obter um desempenho superior e

enfrentar a competição dos mercados, que se tornou acirrada, de forma que novas práticas

foram adotadas e fizeram surgir os departamentos de treinamento e desenvolvimento nas

organizações.

Outra leitura é trazida por Borges-Andrade, Abbad e Mourão (2006), que enfatizam

que os programas de treinamento e desenvolvimento surgiram dentro do cenário empresarial

norte-americano, no contexto de criação da American Society for Training and Development

(ASTD), instituição criada em 1942, que assumiu o enfoque de elevar o padrão e o prestígio

do profissional que atua com treinamento nas organizações e promover a educação e

desenvolvimento deste profissional.

Em uma visão complementar, Leonard Nadler (1984), professor de educação de

adultos da George Washington University, na década de 1970, apresenta o termo

desenvolvimento de recursos humanos relacionando-o à aprendizagem voltada para o

crescimento individual e enfatiza que pode ou não ser direcionada para o contexto de trabalho.

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Em uma perspectiva mais prática, Eboli (2009) considera que, independente da

nomenclatura utilizada, as atividades de formação ou treinamento e desenvolvimento

acontecem para que as pessoas possam desempenhar da melhor forma suas atividades no

trabalho e, assim, poderem gerar melhores resultados à organização.

Definições acerca do tema treinamento, extraídas de literatura especializada, são

contempladas no quadro 1 e comentadas em seguida.

Quadro 1– Definições de treinamento

DEFINIÇÕES DE TREINAMENTO

Autor Definição

Hinrichs (1976) “Treinamento pode ser definido como quaisquer procedimentos, deiniciativa organizacional, cujo objetivo é ampliar a aprendizagementre os membros da organização.”

Nadler (1984) “Treinamento é aprendizagem para propiciar melhoria de desempenho notrabalho atual.”

Wexley (1984) “Treinamento é o esforço planejado pela organização para facilitar aaprendizagem de comportamentos relacionados com o trabalho por parte deseus empregados.”

UK Department ofEmployment (1971apud Latham 1988)

“Treinamento é o desenvolvimento sistemático de padrões decomportamentos, atitudes, conhecimento-habilidade, requeridos por umindivíduo, de forma a desempenhar adequadamente uma dada tarefa outrabalho.”

Goldstein (1991) “Treinamento é uma aquisição sistemática de atitudes, conceitos,conhecimento, regras ou habilidades que resultem na melhoria dodesempenho no trabalho.”

Vargas (1996) “[...] aquisição sistemática de conhecimentos capazes de provocar, a curtoou longo prazo, uma mudança de ser e de pensar do indivíduo, através dainternalização de novos conceitos, valores ou normas e da aprendizagem denovas habilidades”.

Marcondes (2008) “Entende-se por treinamento o aprimoramento do desempenho dofuncionário para que possa aumentar a produtividade dos recursos – físicos,financeiros, informações, sistemas, etc – colocados à disposição dele pararealizar o seu trabalho...”

Nishio e Baptista(2009)

“Treinamento deve ser visto como parte do sistema no processo deaprendizagem que, concomitantemente, levará ao aperfeiçoamento docapital humano, bem como da organização.”

Fonte: Adaptado de Borges-Andrade; Abbad; Mourão (2006, p. 140)

As definições trazidas por Nadler (1984), UK Department of Employment (1971 apud

LATHAM 1988), Goldstein (1980) e Marcondes (2008), embora remetam a períodos

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distintos, denotam entre si um consenso quanto ao aprimoramento e/ou modificação de

comportamentos voltados à melhoria do desempenho no trabalho, ou seja: ações de

treinamento não podem ser aleatórias, devem ser focadas, em conformidade com requisitos

dos cargos ou com intuito de minimizar gaps de desempenho.

Enquanto Hinrichs (1976), Nishio e Baptista (2009) referem treinamento como a ação

planejada da organização, com propósito de promover aprendizagem, Wexley (1984) propõe

uma definição mais ampla que engloba ambos os aspectos, tanto no que refere à iniciativa da

organização, quanto à promoção de aprendizagem para viabilizar melhores comportamentos

no desempenho do trabalho.

Os conceitos mencionados se complementam e referem treinamento como uma

prática, de iniciativa da organização, que denota qualificação profissional, adequação das

pessoas aos cargos, aumento de produtividade, melhoria da performance para o exercício de

uma função e geram, consequentemente, vantagem competitiva para as organizações, por

intermédio de profissionais bem capacitados.

Após entendimento das definições acerca do tema treinamento e desenvolvimento, a

próxima seção irá apresentar as etapas do processo de treinamento e desenvolvimento.

2.2 Etapas do processo de treinamento e desenvolvimento

Autores como Marcondes (2008) e Kirkpatrick (2010) preconizam algumas etapas

para implementação de um programa de treinamento eficaz, que vão desde o planejamento até

a avaliação dos resultados.

Marcondes (2008) concebe as ações de T&D como um conjunto de métodos,

procedimentos e recursos que propiciam benefícios às pessoas e destaca que:

focam aptidões dos funcionários;

ajudam a aumentar a autoestima e melhorar o clima organizacional pelo crescimento

profissional;

facilitam a definição de prioridades para a capacitação das pessoas;

promovem a melhoria das condições psicossociais do trabalho.

O mesmo autor sugere algumas etapas inerentes às atividades T&D, as quais serão

clarificadas em seguida: levantamento de necessidades, planejamento e programação,

execução e avaliação dos resultados.

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Levantamento de necessidades: busca-se conhecer o planejamento estratégico da

empresa e as metas definidas para as áreas onde estão as pessoas a serem objeto de

treinamento, as habilidades a serem desenvolvidas e o perfil dos treinandos. A

intenção é identificar as deficiências a serem superadas quanto ao desempenho

esperado das pessoas e, por consequência, do setor ou negócio.

Planejamento e programação: é o momento em que são elaborados os planos, os

programas, os recursos didáticos, instrutores, equipamentos e investimento para se

realizar o treinamento. A primeira ação é identificar os objetivos do treinamento e os

prazos de atingimento.

Execução do treinamento: é colocar em prática tudo o que foi definido no

planejamento e na programação. Porém, nem sempre o que foi planejado verifica-se

na etapa de execução como adequado, então, nesta fase se promovem as adaptações

necessárias de acordo com as reações observadas nos treinandos. Esta fase reflete a

oportunidade para se alcançarem os objetivos e a eficácia do treinamento.

Avaliação dos resultados de treinamento: essa etapa permite confrontar os

resultados esperados do treinamento e o aproveitamento adquirido pelos participantes,

para que se obtenha uma eficiência cada vez maior dos recursos utilizados.

A visão de Borges-Andrade (2006) é consoante o pensamento de Marcondes (2008) e

ressalta a importância de compreender TD&E como um conjunto de partes coordenadas entre

si, que possui como referência o modelo sistêmico de compreensão do fenômeno

organizacional. Destaca também que a avaliação do treinamento, conforme ilustra a figura

abaixo, deve retroalimentar as demais fases, tendo extrema relevância para ajustes e

adequações nos programas de treinamento.

Figura 1 - Modelo de treinamento baseado em Borges-Andrade

Fonte: Adaptado de Borges-Andrade (2006, p. 163)

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Outra leitura é trazida por Kirkapatrick, D. L. e Kirkpatrick, J. D. (2010a) e pontua

que, para assegurar a eficácia dos treinamentos, é necessário dedicar maior tempo e atenção

ao planejamento e implantação dos programas, conforme sugerem as etapas descritas abaixo:

Determinação das necessidades: os programas devem atender às necessidades dos

participantes, líderes e de outros por meio de entrevistas ou de uma pesquisa;

Estabelecimento dos objetivos: devem-se definir quais resultados se deseja obter.

Alguns programas terão como objetivos simplesmente a ampliação de conhecimentos,

enquanto outros focarão o desenvolvimento de novas habilidades ou o

aperfeiçoamento daquelas já existentes, bem como mudança nas atitudes;

Determinação do conteúdo temático: quando é analisado, quais temas devem ser

apresentados para suprir as necessidades e cumprir os objetivos;

Seleção dos participantes: deve-se analisar quem pode se beneficiar do treinamento,

qual público-alvo para os objetivos propostos;

Determinação da agenda ideal: o agendamento precisa ser feito e comunicado com

antecedência. A data e o horário do programa devem ser marcados de modo a atender

aos desejos e às necessidades tanto dos treinandos como dos seus líderes. Convém

consultar os gerentes sobre o horário mais adequado. Ou seja, a programação do

treinamento precisa atender às necessidades e aos desejos dos participantes, e não à

conveniência dos instrutores;

Seleção do local apropriado: recomenda-se que ele seja confortável e conveniente

aos participantes, pois pode influenciar na motivação para aprender;

Seleção de instrutores adequados: entre as qualificações necessárias, vale ressaltar o

domínio do assunto, facilidade de comunicação e habilidade na condução do

treinamento, além de buscar suprir as necessidades do público-alvo;

Seleção e preparação de recursos audiovisuais: a finalidade dos recursos

audiovisuais está atrelada a despertar o interesse e ajudar o instrutor a comunicar a

mensagem;

Coordenação do programa: ter o cuidado necessário com o instrutor no que tange

aos recursos, ao apoio logístico, às instalações, etc;

Avaliação do programa: fundamental para verificar se os resultados foram positivos.

Kirkapatrick, D. L. e Kirkpatrick, J. D. (2010b), diferente de Marcondes (2008) e

Borges-Andrade (2006), preconizam dez etapas para o processo de treinamento e enfatizam

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que a fase inicial de planejamento e implementação é de fundamental importância para a

obtenção de uma avaliação eficaz, ou seja, é o que de fato pode viabilizar programas de

treinamento com resultados positivos.

Na seção seguinte, será introduzido o tema serviço de Educação Continuada, tendo em

vista a importância de seu entendimento para a estruturação do estudo.

2.3 Serviço de Educação Continuada em instituições de saúde

Nas instituições hospitalares, a Enfermagem desempenha importante papel na

preparação da infraestrutura para a realização segura e eficaz dos procedimentos médicos e de

enfermagem, além de ações assistenciais, orientação e educação preventiva, visando ao

cuidado e facilitando a reintegração social do paciente (SILVA; SEIFFERT, 2009).

O serviço de Educação Permanente ou Educação Continuada, em hospitais privados,

tem o intuito de desenvolver, formar e qualificar profissionais de Enfermagem, elevando a

qualidade da assistência prestada aos pacientes.

Os mesmos autores ainda atribuem que a maioria das instituições de saúde tem um

setor designado “Educação Continuada”, que, para desenvolver suas atividades, necessita de

recursos naturais, financeiros, físicos e humanos. Destacam que a Organização Panamericana

de Saúde (OPAS) recomenda um profissional enfermeiro, responsável por esse setor,

diretamente envolvido com as necessidades de desenvolvimento pessoal e profissional, pois

deve manter contato direto e permanente com a equipe de Enfermagem.

Uma contribuição complementar é trazida por Peres, Leite e Gonçalves (2005), que

dão enfoque à qualificação dos enfermeiros envolvidos com o Serviço de Educação

Continuada (SEC), que precisam manter-se integrados ao ambiente organizacional, às

políticas da instituição e devem buscar desenvolver suas próprias competências, capacitando-

se e atualizando-se para propostas pedagógicas, a fim de implementar novas tecnologias de

ensino.

Convergente com esse princípio, Nishio e Baptista (2009) ressaltam a necessidade de

possuir, o instrutor de Educação Continuada, algumas competências, tais como: comunicação

verbal e escrita, relacionamento interpessoal, liderança, criatividade, cultura da qualidade e

orientação para resultados.

Os mesmos autores compreendem como condição essencial estar devidamente

qualificado para assumir responsabilidade tão relevante quanto o serviço de educação

continuada, que representa capitanear o desenvolvimento das pessoas para manter a qualidade

da assistência prestada ao paciente.

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Além disso, de acordo com Peres, Leite e Gonçalves (2005), é de grande valor a

integração dos profissionais do SEC com os enfermeiros das unidades assistenciais, a fim de

obter consonância com as características e necessidades dos clientes internos e externos, como

fator contributivo para a eficácia do processo de educação.

Bezerra (2003) ratifica o pensamento de Peres, Leite e Gonçalves (2005), quando

menciona que o profissional de Educação Continuada constitui-se em potencial agente de

mudanças que interage com a equipe de Enfermagem por intermédio de estratégias para sua

capacitação e aprimoramento no exercício das ações cuidativas da Enfermagem.

Em uma visão complementar, Silva et al. (1986) consideram a atuação da Educação

Continuada como um conjunto de práticas educacionais planejadas no sentido de promover

oportunidades de desenvolvimento ao funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais

efetiva e eficazmente em sua trajetória institucional. Ela deve ser uma constante troca de

experiências, envolvendo toda a equipe e a organização em que está inserida.

Por sua vez, Nishio e Baptista (2009) acrescentam que o serviço de Educação

Continuada, como área de recursos humanos, é peça-chave na manutenção do modelo

assistencial e deve identificar as principais necessidades para a capacitação dos profissionais

de Enfermagem, a fim de subsidiar um nível satisfatório de qualidade nos hospitais.

Profissionais de educação continuada são difíceis de encontrar no mercado regional,

pois, além da formação especializada, requerem um perfil de educadores, com habilidade em

transmitir conhecimento, além da necessidade de uma visão ampla com viés voltado para o

contexto da qualidade assistencial.

O entendimento do conceito de Educação Continuada faz-se necessário, pois essa

pesquisa foi atrelada às práticas de treinamento e desenvolvimento, sobre administração de

medicamentos, conduzidas por este serviço (SEC) e direcionada aos profissionais de

Enfermagem do hospital privado estudado.

Na próxima seção, serão retratados os modelos de avaliação de programas de

treinamento, percorrendo-se alguns autores e fundamentos que embasaram este estudo.

2.4 Avaliação de programas de treinamento

Essa seção discorre sobre a importância de avaliar os programas de treinamento e

apresenta alguns modelos teóricos mais utilizados, conforme pesquisa bibliográfica, a saber:

Modelo dos quatro níveis de Donald Kirkpatrick (2010), Modelo do valor final de Hamblin

(1978), Modelo de avaliação integrado e somativo de Borges-Andrade (2006), Modelo

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integrado de avaliação do impacto do treinamento de Abbad (1999).

O maior propósito de se avaliar um programa de treinamento é determinar sua eficácia

e demonstrar que ele contribuiu para as metas e os objetivos da empresa. Além disso, a

avaliação contribui também para justificar o investimento em treinamento, para manter ou

desativar um programa e para obter informações sobre como melhorar os treinamentos futuros

(KIRKPATRICK, D. L.; KIRKPATRICK, J. D. 2010a).

Em uma visão semelhante, Hamblin (1978) complementa que a finalidade da

avaliação é o controle. No entanto, afirma que a coleta e análise das informações levantadas

sobre os treinamentos realizados podem respaldar e nortear a tomada de decisão, visando

aproximar mais os programas de treinamento dos objetivos que motivaram sua realização.

Ainda o mesmo autor refere que o controle pode ser compreendido não como um

mecanismo coercitivo do comportamento nas organizações, mas como uma forma de se

priorizarem modelos mais adequados de gestão, a fim de que se atinjam melhores resultados,

com uma equipe atualizada e atenta às mudanças organizacionais recentes.

Dutra (2004) argumenta que o intuito de avaliar programas de treinamento decorre da

preocupação sobre a aplicabilidade na atividade profissional daquilo que é aprendido, além de

poder embasar reflexões e discussões sobre a sustentabilidade de seus efeitos e repercussões.

Justificado o sentido da avaliação dos programas de treinamento, seguem os autores

que nos trazem o referencial teórico que será explorado nesse trabalho:

Modelo do valor final de Hamblin (1978);

Modelo integrado de avaliação do impacto do treinamento de Abbad (1999);

Modelo de avaliação integrado e somativo de Borges-Andrade (2006);

Modelo dos quatro níveis de Donald Kirkpatrick (2010).

2.4.1 Modelo do valor final de Hamblin (1978)

Hamblin (1978) fundamentou-se no modelo de Kirkpatrick e desdobra o quarto nível

de avaliação em dois, apresentando, dessa forma, cinco níveis de avaliação de treinamento. O

modelo fica estruturado da seguinte maneira: reações, aprendizado, comportamento no cargo,

organização e valor final (SILVA, 2006).

Reações: faz-se um levantamento das opiniões dos participantes acerca de vários

aspectos, visando identificar sua satisfação com o treinamento. Hamblin considera as

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reações como o primeiro efeito do treinamento, mas que podem ser comprometidas

por outros aspectos que venham a acontecer fora do treinamento.

Aprendizado: neste nível é realizada uma comparação entre o conhecimento do

participante antes e após sua participação no treinamento. Porém, pode não ocorrer a

aprendizagem em sua totalidade, pois a reação afeta o aprendizado. Como exemplo:

quando o treinamento é realizado em uma sala onde não há refrigeração adequada,

pode não haver concentração e assimilação do assunto, comprometendo, assim, o

aprendizado.

Comportamento no cargo: este nível tem como objetivo avaliar os efeitos do

treinamento mediante o comportamento dos funcionários em suas funções. A

finalidade é averiguar se o que foi aprendido está sendo aplicado.

Mudanças na organização: utiliza o critério de avaliação no funcionamento da

organização, ou mudanças que nela possam ter ocorrido em decorrência do

treinamento.

Valor final: focaliza a produção ou o serviço prestado pela organização, o que

demanda realizar uma comparação entre os custos e os benefícios do treinamento.

Esse modelo se concentra no fato de que a coleta de informações a respeito do

treinamento deve priorizar a análise das mudanças provocadas por ele. Se a finalidade da ação

é provocar um aprendizado que deve se refletir em mudança de comportamento, justifica-se o

foco da avaliação de resultado como mudança para a organização e valor definitivo do

treinamento.

Quando Hamblin (1978) discute os aspectos da mudança para a organização e valor

definitivo do treinamento, quer indicar que, em razão do treinamento, pode ter havido

mudança na organização, sem que isso tenha gerado qualquer valor para ela – essas mudanças

seriam situacionais, e não transformadoras da realidade organizacional.

Decorrente desse pensamento, considera-se que todo treinamento realizado pode gerar

uma mudança na organização, mas nem toda mudança é efetiva e contribui para que se

atinjam os objetivos com os quais o treinamento foi delineado e desenvolvido (HAMBLIN,

1978).

Ainda segundo Hamblin (1978), o treinamento deve ser avaliado em termos do grau

em que ele ajuda ou impede a empresa de alcançar seus objetivos financeiros.

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Ao avaliar os programas de treinamento em hospitais, cabe destacar, em termos de

resultados, que os objetivos mais relevantes estão atrelados à promoção da saúde, ou seja, à

vida, segurança e bem-estar dos pacientes.

Neste contexto, os indicadores financeiros como retorno do investimento em

treinamento são secundários, de forma que o nível do “valor final” preconizado por Hamblin

(1978), exatamente o nível que o difere do modelo de Kirkpatrick (2010), não possui

aplicabilidade tão significativa no contexto saúde, pois, ao tratar-se de vidas, o padrão de

qualidade assistencial e segurança do paciente são prioritários.

2.4.2 Modelo de avaliação de impacto do treinamento de Abbad (1999)

O modelo integrado de avaliação do impacto do treinamento no trabalho – IMPACT,

desenvolvido por Gardênia Abbad (1999), apresenta uma proposta diferente sobre o impacto

do treinamento em amplitude, entendendo que essa base teórica deveria estar relacionada à

ideia de desempenho.

A concepção metodológica de Abbad (1999) para avaliação de treinamentos é

composta por sete componentes: percepção de suporte organizacional; características do

treinamento; características da clientela; reação; aprendizagem; suporte à transferência e

impacto no trabalho.

Percepção de suporte organizacional: compõe a opinião que os participantes têm,

sobre as práticas organizacionais de gestão de desempenho, a valorização do

funcionário e o apoio gerencial ao treinamento;

Características do treinamento: refere o tipo de curso que se está examinando e a

área de conhecimento a que pertence;

Características da clientela: observam-se dados psicossociais (informações

demográficas, motivacionais, funcionais, atitudinais) do público que fará parte do

programa;

Reação: a forma como os participantes avaliam o curso ministrado;

Aprendizagem: o quanto os participantes absorvem as informações fornecidas no

treinamento;

Suporte à transferência: examina o tipo de ambiente encontrado pelo treinando para

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fazer com que os conteúdos aprendidos sejam transferidos para sua atividade;

Impacto no trabalho: constitui a autoavaliação que o participante do treinamento faz

sobre os efeitos que percebeu em seus níveis de desempenho, motivação,

autoconfiança e abertura a mudanças e processos de trabalho.

De acordo com Comin, Inocente e Miura (2011), o modelo de Gardênia Abbad (1999),

no que tange ao impacto no trabalho, examina as mudanças que ocorreram em função do

treinamento por meio das declarações dos participantes dos cursos, entretanto, diferente dos

outros modelos de avaliação, não investiga os resultados decorrentes do treinamento, o que

sugere questionamentos sobre o fato de analisar a percepção dos participantes, ao invés de

avaliar o impacto do treinamento nos resultados e rotina organizacional.

Devido à necessidade institucional de avaliar os resultados da prática assistencial, esse

modelo não é condizente com a realidade do hospital estudado.

A próxima seção ilustra o processo de administração de medicamentos e sua

relevância paro o contexto da área de saúde.

2.4.3 Modelo de avaliação integrado e somativo de Borges-Andrade – MAIS (2006)

Modelo proposto por Borges-Andrade (2006) com a finalidade de realizar avaliações

de sistemas instrucionais.

Compreende-se, por sistema instrucional, um conjunto integrado de materiais,

instrumentos de mensuração e estratégias de ensino que foram planejados e desenvolvidos,

com base em princípios de aprendizagem, com o intuito de transmitir conhecimentos, visando

alcançar metas e objetivos definidos (BORGES-ANDRADE; ABBAD, 1996).

A avaliação somativa se refere ao processo de planejar, obter e analisar informações

visando fornecer subsídios úteis para decidir sobre a adoção ou rejeição de um programa ou

evento isolado de TD&E, pensado como um sistema instrucional (BORGES-ANDRADE,

2006).

O MAIS compreende os seguintes componentes de mensuração: avaliação das

necessidades, insumos, procedimento, processos, resultados e ambiente. Esses componentes

são apresentados na figura abaixo e detalhados em sequência.

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Figura 2 - Modelo de avaliação integrado e somativo – MAIS

Fonte: Borges-Andrade; Abbad e Mourão (2006, p. 344)

Insumos: são os fatores físicos, sociais e estados comportamentais que na maioria das

vezes estão associados ao participante, anteriores ao treinamento, e que podem afetar

sua realização. Por exemplo: experiências anteriores na organização e motivação antes

do treinamento.

Procedimento: são operações realizadas para produzir os resultados instrucionais,

geralmente coordenadas pelo instrutor. Exemplo: exercícios realizados e sequência de

objetivos.

Processo: refere-se às ocorrências resultantes da realização dos procedimentos e estão

associadas a desempenhos intermediários dos participantes, mas podendo prognosticar

resultados finais. Como exemplo: relações interpessoais que surgiram no treinamento.

Resultados: o quarto componente compreende o que foi aprendido e/ou alcançado

pelos participantes ao final do treinamento, como por exemplo qualquer habilidade

adquirida ou atitude desenvolvida.

Ambiente: o último componente do modelo se subdivide em quatro subcomponentes:

a) necessidades: existentes no ambiente de trabalho e que, na maioria das vezes, são

definidas como falhas ou interrupções nos desempenhos esperados e apresentados;

b) apoio: corresponde às variáveis no lar, na organização ou na comunidade que

influenciam nos procedimentos e processos, consequentemente no aprendizado e

resultados em longo prazo;

c) disseminação: que inclui outros aspectos que podem colaborar para a busca ou

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escolha do treinamento, tais como os meios e estratégias usadas para sua

divulgação;

d) resultados em longo prazo: consequências ambientais do treinamento medidas

após algum tempo.

Borges-Andrade (2006) considera também, na avaliação de treinamento, além dos

resultados obtidos com o programa, o contexto em que se inserem os participantes antes e

depois do treinamento, denominados insumos.

No hospital privado onde esta pesquisa foi desenvolvida, ainda não é considerado o

componente insumos, por não existir a prática de investigar fatores físicos ou sociais

anteriores ao treinamento, além da influência da rotatividade de pessoas que ocorre na área de

enfermagem, fator que contribui para a oscilação dos estados de comportamento do público-

alvo dos treinamentos. Todavia, entende-se que este modelo não seria o mais adequado à esta

instituição, por ainda não possuir processos que possam sedimentar este modelo de avaliação.

2.4.4 Quatro níveis de avaliação de programas de treinamento – modelo de Donald

Kirkpatrick (2010)

Um programa de treinamento é mais bem-sucedido quando os participantes corretos

(seleção) recebem conhecimentos, habilidades e atitudes ensinados por métodos, meios e

instrutores adequados (processo), no momento e local certos, de tal forma que atendam ou

superem as expectativas da organização (KIRKPATRICK, 1998).

Os programas de treinamento devem satisfazer os anseios dos stakeholderes, suprir as

necessidades ou solucionar os problemas da empresa e ser ministrados de forma eficaz para

seu público-alvo. O autor atribui requisitos para a realização de um programa de treinamento

eficaz, destacando, entre eles, a avaliação do treinamento (KIRKPATRICK, D. L.;

KIRKPATRICK, J. D., 2010b).

O modelo dos quatro níveis de Kirkpatrick (2010) avalia a reação, o aprendizado, a

mudança de comportamento observável e os resultados do treinamento.

O autor define os quatro níveis que julga como uma graduação necessária para a

correta avaliação dos programas de treinamento, que são descritos a seguir e apresentados no

quadro 2:

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Quadro 2 – Os quatro níveis de avaliação do treinamento – Modelo D. KirkpatrickNível Aspecto Natureza Questão Instrumento

1 Reação Gostaram?Quanto os

participantesgostaram do curso?

Formulários

2 Aprendizagem Aprenderam?Quanto elesaprenderam?

Testes, exames esimulações

3Comportamento(transferência)

Estão utilizando?Quanto estãoaplicando no

trabalho?

Mensuração dodesempenho

4 Resultados Estão pagando?Qual o retorno do

treinamento sobre oinvestimento?

Análise custo –benefício

Fonte: Eboli (2002, p. 211)

Nível 1: Reação

Após um treinamento ministrado, os participantes têm a condição de analisar o

conteúdo estudado e dar contribuições em termos de melhorias para o programa: a didática

utilizada, o domínio dos instrutores, o local de realização, o conteúdo abordado e sua

aplicabilidade prática, bem como dar feedback se sua participação, tempo dedicado e

investimento realizado corresponderam às suas expectativas.

Normalmente, são utilizados formulários que abrangem esses aspectos para estimular

a opinião dos participantes.

Todos os participantes de programas de treinamentos são considerados clientes,

portanto, sua reação é sempre muito importante. A reação determinará se participarão de

novos treinamentos ou se os recomendarão a outros, além de ajudar a determinar o quanto o

programa foi eficaz e a descobrir como é possível melhorá-lo.

O autor complementa, ainda: se os participantes não reagirem favoravelmente, é

provável que não se sintam motivados a aprender.

Assim, universidades, organizações profissionais e consultores que conduzem este tipo

de programa devem ficar atentos à reação dos participantes: como forma de aceitar sugestões

para melhorar o programa e para fazer com que saibam que os treinadores se importam com a

maneira como os participantes reagem (KIRKPATRICK, D. L.; KIRKPATRICK, J. D.,

2006).

O autor sugere diretrizes para avaliação da reação:

determinar o que se deseja descobrir;

utilizar formulário para quantificar reações;

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estimular os participantes a fazerem comentários e sugestões;

conseguir respostas imediatas;

desenvolver padrões aceitáveis;

Nível 2: Aprendizagem

Este nível irá identificar o quanto os participantes aprenderam, pois eles podem ter

revelado uma boa reação sobre o treinamento e não necessariamente ter absorvido as

informações transmitidas. Não é suficiente gostar, mas é necessário aprender. Normalmente

são utilizados instrumentos de avaliação da aprendizagem, pré e/ou pós-teste ou simulações.

Os programas de treinamentos têm como objetivo aumentar o conhecimento dos

participantes e ampliar suas habilidades técnicas, ou visam à mudança de atitudes. Assim, a

avaliação da aprendizagem deve ter como escopo os objetivos específicos e ser utilizada para

avaliar todos os programas de treinamentos (KIRKPATRICK, D. L.; KIRKPATRICK, J. D.

2006).

Para que a mudança de comportamento ocorra, é necessário que haja aprendizado.

Podem ser consideradas como aprendizagem em um programa de treinamento:

compreender os conceitos, os princípios e as técnicas ensinadas;

desenvolver e/ou aperfeiçoar habilidades;

mudanças de atitude.

Nível 3: Comportamento

Pode-se entender o comportamento como a extensão em que os participantes mudaram

seu comportamento, como efeito da participação no programa de treinamento, porém o autor

destaca que, para que a mudança aconteça, faz-se necessário:

a pessoa querer mudar;

a pessoa saber o que fazer e como fazê-lo;

a pessoa trabalhar no ambiente adequado;

a pessoa ser recompensada pela mudança.

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Caso os participantes do treinamento não estejam praticando o que aprenderam, é

importante investigar e entender por que isso aconteceu.

O autor também sugere utilizar grupos de controle, pois entende que, dessa forma,

pode-se perceber mais facilmente a mudança de comportamento, mediante uma comparação

entre um grupo treinado, chamado de grupo experimental, e um grupo não treinado,

denominado grupo de controle. A comparação entre os grupos pode ser uma evidência de que

a mudança de comportamento ocorreu como resultado do programa de treinamento, porém os

grupos precisam ter características iguais em todos os aspectos que podem influir no

comportamento.

A mudança de comportamento normalmente não é de imediato, requer tempo e irá

variar de acordo com o programa de treinamento. É necessário que os treinandos retornem ao

trabalho, reflitam sobre o comportamento sugerido e, em seguida, tentem adotá-lo. Como não

é possível avaliar todos os programas em termos de mudança de comportamento, recomenda-

se um método de amostragem a ser utilizado.

Diretrizes para avaliação da mudança do comportamento:

fazer medição antes e depois do treinamento, se for possível;

dar tempo para que o comportamento apresente mudanças;

entrevistar: a pessoa que foi treinada, a liderança dessa pessoa, seus subordinados, ou

outros que possam observar seu comportamento;

conseguir respostas por amostragem;

repetir o procedimento em momentos apropriados;

utilizar um grupo de controle;

considerar o custo da avaliação em contraposição aos possíveis benefícios.

Em alguns casos, os profissionais de treinamento e/ou as pessoas por eles selecionadas

podem observar pessoalmente o comportamento.

Nível 4: Resultados

Os objetivos dos programas de treinamento visam alcançar resultados valiosos para

instituição, tais como: melhorar a qualidade, a produtividade e a segurança. Ou seja, refere o

retorno à instituição sobre os treinamentos ofertados (KIRKPATRICK, D. L.;

KIRKPATRICK, J. D., 2010a).

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Esses resultados também podem ser determinados por vários outros fatores: menor

rotatividade, maior quantidade de trabalho, redução de desperdício, redução de tempo,

aumento de vendas, redução de custos, aumento de lucros e retorno sobre o investimento. A

avaliação dos resultados normalmente é realizada nos programas considerados mais

importantes ou cujos investimentos são mais significativos (KIRKPATRICK, D. L.;

KIRKPATRICK, J. D., 2006).

Diretrizes para avaliação de resultados:

fazer medição antes e depois do treinamento;

dar tempo para que os resultados aconteçam;

repetir o procedimento em momentos apropriados;

utilizar um grupo de controle;

considerar o custo da avaliação em contraposição aos possíveis benefícios.

Kirkpatrick, D. (1993) sugere que, se o treinando gostou do treinamento, isso fará com

que ele tenha um melhor aproveitamento de aprendizagem, o que o levará a ter seu

comportamento modificado, possibilitando que haja maiores chances de resultados em razão

da ação de treinamento.

Contrariando esse pensamento, Alliger e Janak (1989) consideram que os pressupostos

do modelo de Kirkpatrick (2010) podem conter problemas de inconsistência interna quando

testados cientificamente. Segundo esses autores, o pressuposto de que os níveis de avaliação

acrescentariam informações de um para o outro, formando uma hierarquia, é falso.

Outro pressuposto mencionado nas pesquisas empíricas realizadas pelos mesmos

autores é que o nível reação não parece ser o causador de nenhum outro: aprendizado,

comportamento ou resultado.

Nessa perspectiva, Lacerda e Abbad (2003) consideram que o modelo de Kirkpatrick,

D. L.; Kirkpatrick, J. D. (2010a) não tem possibilitado o entendimento das relações entre os

níveis e as variáveis que os afetam.

Abbad (1999) complementa, ainda, que pode haver um equívoco quando não for

interessante à organização provocar mudança em todos os níveis.

Em concordância com Kirkipatrick (2010), Hamblin (1978) concebe os níveis como

sequenciais, correlacionados entre si e que apresentam uma ligação de causa e efeito.

Eboli (2002) corrobora a teoria de Kirkpatrick (2010), entretanto, relata que o modelo

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dos quatro níveis não estabelece explicitamente a natureza hierárquica entre eles; contudo, a

autora menciona que a prática dessa hierarquia é aceita, pois entende que ter reações positivas

(nível 1) é pré-requisito para que o aprendizado ocorra (nível 2). O comportamento (nível 3)

depende do aprendizado e é a mudança de comportamento (nível 3) que gera resultados para a

organização.

Embora comente que a utilização desse modelo ainda é considerada tímida, no que

tange aos níveis 3 e 4, devido à dificuldade e ao custo para mensurar esses níveis, a mesma

autora escreve que as recomendações do modelo de Kirkpatrick (2010) ainda representam,

contemporaneamente, o estado da arte quando o assunto é avaliação de treinamento.

Existe muita polêmica acerca deste modelo de avaliação de programas de treinamento,

entretanto, é um modelo consolidado e que vem sendo utilizado há mais de 40 anos.

Cabe destacar que esta pesquisa terá, como referência, os fundamentos teóricos do

modelo proposto por Donald Kirkpatrick (2010) como norteador da avaliação do programa de

treinamento escolhido para este estudo, por se tratar de um modelo internacional clássico,

consolidado e utilizado mundialmente, de acordo com Mourão e Marins (2009).

A escolha por esse modelo dá-se também, por se entender que é o modelo mais

plausível diante da estrutura interna de programas de treinamento do hospital estudado, pois

retrata os objetivos que se pretendem alcançar, de forma condizente com a realidade

institucional, que indicam a aprendizagem, mudança de comportamento e melhoria dos

resultados, o que possibilita atingir o padrão de qualidade necessário, dentro do contexto

hospitalar, para uma assistência segura ao paciente.

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3 METODOLOGIA

Esta seção apresenta os procedimentos metodológicos utilizados na investigação do

problema da pesquisa, que têm por objetivo identificar como são avaliados os programas

de treinamento e desenvolvimento, especificamente de administração de medicamentos,

conduzidos pelo serviço de Educação Continuada, à luz do modelo de Donald

Kirkpatrick (2010), para os profissionais de Enfermagem, em um hospital privado do

Recife.

Para uma melhor compreensão, este estudo percorreu um caminho metodológico, o

qual aborda características da pesquisa, seu delineamento, locus da investigação, sujeitos da

pesquisa, instrumentos de coleta de dados, análise e interpretação de dados, bem como os

limites e limitações.

3.1 Características da pesquisa

Este estudo constitui uma pesquisa cujo enfoque requer uma abodagem qualitativa.

Não se pretendeu numerar ou medir unidades e categorias homogêneas, nem produzir

medidas quantitativas de características ou comportamentos. A escolha pela natureza

qualitativa se deu por possibilitar uma compreensão detalhada dos significados e

características situacionais dos indivíduos entrevistados, além de ser uma forma adequada

para compreender a natureza de um fenômeno social (RICHARDSON et al., 2009).

Flick (2009) corrobora que esse método permite desenvolver modelos, tipologias ou

teorias como formas de entender, descrever e explicar os fenômenos sociais. Destaca que

possibilita analisar experiências de indivíduos ou grupos, examinar interações ou

comunicações que estejam se desenvolvendo e também realizar investigação de documentos.

O mesmo autor complementa que a pesquisa qualitativa usa o texto como material

empírico (em vez de números), parte da noção da construção social das realidades em estudo,

está interessada nas perspectivas dos participantes, em suas práticas do dia a dia e em seu

conhecimento cotidiano relativo à questão em estudo.

A metodologia qualitativa foi utilizada neste estudo com o intuito de compreender os

fenômenos inerentes aos programas de treinamentos, bem como suas particularidades,

mediante percepção dos indivíduos envolvidos nos programas, documentos e registros

analisados e observação realizada dentro da instituição.

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Na revisão da literatura realizada, cuja abordagem retrata o tema avaliação de

programas de treinamento, foram encontradas metodologias tanto qualitativas, como

quantitativas, a depender do contexto.

A escolha pela abordagem qualitativa neste própósito foi reforçada pela possibidade

de expor a complexidade do problema, analisar a interação de certas variáveis, contribuir com

o processo de mudança de determinado grupo, compreender e classificar processos dinâmicos

e, em maior profundidade, permitir o entendimento das particularidades do comportamento

dos indivíduos (RICHARDSON et al., 2009).

Segundo a classificação dos tipos de pesquisa proposta por Vergara (2007), que os

qualifica em relação aos fins e aos meios, este estudo é, de acordo com os fins, descritivo, por

expor características e indicadores de suas dimensões e, em relação aos meios, representa um

estudo de caso único, por retratar uma situação específica, em caráter de profundidade,

possibilitada pelo fato de a pesquisadora trabalhar na instituição estudada, dispor do contato

com os profissionais entrevistados e ter participação direta no cotidiano do hospital, o que

propiciou realizar um estudo aprofundado para identificar como são avaliados os programas

de treinamento e desenvolvimento, especificamente de administração de medicamentos,

conduzidos para os profissionais de Enfermagem, em um hospital privado do Recife.

Abordados os fatores que caracterizam este trabalho, na seção seguinte ilustrar-se-á,

por meio de um fluxograma, seu delineamento.

3.2 Delineamento da pesquisa

O delineamento da pesquisa refere-se a seu planejamento e se propõe a oferecer uma

visão geral de todas as etapas desenvolvidas, de acordo com o desenho metodológico que

propiciou a concretização deste estudo.

Esta subseção descreve em que tipo de pesquisa o presente estudo se enquadrou e

quais foram suas bases lógicas e meios técnicos de investigação, conforme sugere Gil (2002).

Adaptações foram realizadas no desenho, em busca de maior adequação ao contexto estudado

e foram sintetizadas, conforme a figura 3.

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Figura 3 - Delineamento da pesquisa

Fonte: Adaptado de Gil (2002, p.21)

Após o delineamento da pesquisa, passa-se a versar, na sequência, sobre o locus da

investigação.

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3.3 Locus da investigação

A pesquisa tem como locus um hospital privado, de médio porte, situado na Região

Metropolitana do Recife – Pernambuco, o qual atua no segmento de saúde desde 1979. Possui

predominância em atendimentos clínicos de média e alta complexidade, embora nos últimos

anos tenha aumentado seu potencial cirúrgico. O perfil de maior representatividade que

permeia a instituição denota pacientes de terceira idade.

A escolha por esse hospital ocorreu por ser de grande referência em Pernambuco,

membro da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) – instituição que representa

o segmento no Brasil – e, por ter atingido recentemente (novembro/2012) um padrão de

qualidade reconhecido internacionalmente – Acreditação Hospitalar, certificado pela Joint

Committion International (JCI), o que representa um grande diferencial para área de saúde.

Além disto, apresenta alto investimento no processo de profissionalização e

qualificação de seus funcionários, principalmente no que concerne à equipe de Enfermagem,

pois possui uma estrutura de treinamentos técnicos, denominada Educação Continuada, lotada

no Departamento de Recursos Humanos, cujo foco de atuação é específico para treinamento e

desenvolvimento dos profissionais de Enfermagem.

O Serviço de Educação Continuada é composto por duas enfermeiras e uma estagiária

de enfermagem, cujo objetivo principal visa contribuir para excelência da prática assistencial

em Enfermagem.

As enfermeiras, por sua formação acadêmica, possuem domínio da técnica

assistencial, habilidade em sala de aula, além de conceber a cultura da qualidade, o que

permite uma atuação condizente com o papel educativo que desenvolvem.

O setor de Educação foi implementado em 2008 e, desde então, busca dar

continuidade à formação e qualificação dos profissionais, por meio de treinamentos técnicos

ministrados, sempre em parceria com o Departamento de Enfermagem.

Os programas de treinamento conduzidos pela educação continuada têm início no

levantamento de necessidades identificadas de acordo com os processos assistenciais, os quais

são analisados e validados pelo Recursos Humanos e Gerência de Enfermagem, e

posteriormente passam a compor o plano anual de treinamentos da instituição, que direciona

os cronogramas mensal e anual.

Entre esses programas, o de administração de medicamentos tem dois focos: um

realizado em auditório, cujo intuito é apresentar o fluxo de administração de medicamentos,

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embasado em teoria e com demonstração da prática, para os novos colaboradores, recém-

chegados na instituição. O outro é o treinamento, no local de trabalho, para todos os

integrantes, independente de serem novos ou antigos, e busca o aperfeiçoamento,

desenvolvimento ou ajustes inerentes às etapas do processo de administração de

medicamentos.

O hospital possui 1.462 colaboradores, conforme dados fornecidos pelo departamento

pessoal da instituição, com mês de referência dezembro/2012. Destes, 520 profissionais

representam o Departamento de Enfermagem, ou seja, uma fatia equivalente a 36% do quadro

de funcionários, maior contingente entre a equipe multidisciplinar de saúde da instituição.

Essa categoria representa o público-alvo da pesquisa, com foco naqueles profissionais

envolvidos diretamente nos programas de treinamento sobre administração de medicamentos.

Na próxima seção, serão detalhados os sujeitos que contribuíram para a realização

deste estudo.

3.4 Sujeitos da pesquisa

Mediante a estrutura organizacional do hospital privado estudado, foram considerados

sujeitos desta pesquisa os técnicos de enfermagem, como participantes dos programas de

treinamentos; os enfermeiros do serviço de Educação Continuada, como profissionais que

treinam e contribuem para a aprendizagem dos técnicos de enfermagem; os enfermeiros

assistenciais, que acompanham os comportamentos desses profissionais na prática, antes e

após os treinamentos realizados, além dos supervisores/coordenadores e gerentes de

enfermagem como peças-chave no monitoramento dos resultados e indicadores assistenciais.

Os técnicos de enfermagem e enfermeiros que contribuíram para o presente estudo são

lotados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Cuidados Especiais (UCE) e

Unidade de Clínica Médica do 2º andar, setores sugeridos pela instituição, por possuírem

como característica comum pacientes de maior complexidade assistencial e que requerem,

consequentemente, maior número de medicação.

Desses profissionais, foram considerados como sujeitos da pesquisa os técnicos de

enfermagem que participaram dos programas de treinamento sobre administração de

medicamentos, no período de janeiro a dezembro de 2012, bem como os demais profissionais

que ministraram ou acompanharam os resultados destes programas, conforme a figura 4.

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Figura 4 - Sujeitos da pesquisa

Fonte: dados da pesquisa (dezembro, 2012)

Para melhor compreensão, a figura 5 ilustra os sujeitos da pesquisa, sintetiza seus

papéis e correlaciona com o modelo adotado para avaliar os programas de treinamento de

administração de medicamentos – modelo dos quatro níveis de Donald Kirkpatrick (2010).

Figura 5 - Sujeitos da pesquisa e seus papéis

Fonte: Dados da pesquisa (dezembro, 2012)

Apresentam-se, na próxima seção, os instrumentos que foram utilizados para a coleta

de dados.

Gerência deEnfermagem

GerenteEnfermagem

(2)

Unidade TerapiaIntensiva

SupervisorEnfermagem

(1)

Enfermeiros(1)

Técnicos deEnfermagem

(16)

Unidade deCuidados Especiais

CoordenadorEnfermagem (1)

Enfermeiros (2)

Técnicos deEnfermagem

(10)

Unidade deClínica Médica

SupervisoraEnfermagem

(1)

Enfermeiros(2)

Técnicos deEnfermagem

(1)

EducaçãoContinuada

Enfermeira(2)

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3.5 Instrumentos de coleta de dados

No pensamento de Gil (2009), o estudo de caso requer a utilização de mais de uma

técnica de coletas de dados e justifica, dada a importância de garantir a profundidade

necessária ao estudo e a inserção do caso em seu contexto, bem como conferir maior

credibilidade aos resultados.

De acordo com Flick (2009), a entrevista é um dos métodos predominantes na

pesquisa qualitativa. E, de acordo com Bauer e Gaskell (2010), a pesquisa com entrevista

permite uma interação ou um empreendimento cooperativo, em que as palavras são o meio

principal de troca de ideias e significados, quando várias percepções são exploradas e

desenvolvidas. Com respeito a isso, tanto o entrevistador quanto o entrevistado estão

envolvidos, de maneiras diferentes na produção do conhecimento. O autor menciona também

que a entrevista qualitativa pode desempenhar um papel vital na combinação com outros

métodos.

Quanto à entrevista, Gil (2009) defende que é uma técnica eficiente para obtenção de

dados em profundidade, acerca dos mais diversos aspectos da vida social. Para este trabalho,

uma das técnicas escolhidas foi a entrevista por pautas, pois permite a condução de acordo

com pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso. O

entrevistador faz poucas perguntas diretas, e deixa o entrevistado falar livremente, à medida

que se refere às pautas assinaladas. Porém, direciona ou intervém no discurso, quando

necessário.

Os roteiros das entrevistas por pautas foram utilizados para guiar a coleta de dados

relacionados às avaliações dos programas de treinamentos, no que se refere aos níveis de

reação, aprendizado, comportamento e resultados, conforme modelo dos quatro níveis de

Donald Kirkpatrick (2010). Esses roteiros são apresentados nos apêndices desta pesquisa e

direcionados para cada categoria que respalda este estudo.

Apêndice A – Roteiro de entrevistas para técnicos de enfermagem;

Apêndice B – Roteiro de entrevistas para enfermeiros da Educação Continuada;

Apêndice C – Roteiro de entrevistas para enfermeiros assistenciais;

Apêndice D – Roteiro de entrevistas para coordenadores e supervisores;

Apêndice E – Roteiro de entrevistas para gerentes.

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No que se refere às pessoas pesquisadas, foi considerado o critério de saturação das

entrevistas, pois, de acordo Flick (2009), a decisão de interromper o processo de coleta de

dados pode ser praticada quando o pesquisador identificar a repetição excessiva dos

elementos pesquisados, ou seja, a partir do momento em que não mais encontrar dados

adicionais.

Foi aproveitado o período em que os profissionais estavam de plantão na instituição,

para se realizarem as 39 entrevistas, que foram finalizadas por saturação. Entre elas, 27

técnicos de enfermagem, 5 enfermeiros assistenciais, 2 enfermeiras de Educação Continuada,

3 coordenadoras/supervisoras de enfermagem e 2 gerentes de enfermagem. Esses

depoimentos foram gravados, com exceção de 7 entrevistas manuscritas, cujos profissionais

não permitiram a gravação.

Houve algumas dificuldades para a realização das entrevistas, quanto à possibilidade

de os profissionais se ausentarem do setor, então, mediante essa realidade, a entrevistadora foi

até o local de trabalho (postos de enfermagem) e realizou algumas entrevistas in loco, o que

possibilitou o acesso a esses técnicos de enfermagem, e a observação da prática inerente à

administração de medicamentos.

A decisão de interromper as entrevistas com os técnicos de enfermagem deu-se

efetivamente no vigésimo entrevistado, após as respostas se tornarem repetitivas, porém, em

busca de maiores índices de fidedignidade, ainda foram realizadas mais 7 entrevistas, além

destas.

Quanto aos enfermeiros assistenciais, foram entrevistados apenas aqueles que se

mostraram disponíveis e acessíveis, devido ao fato de estarem em horário de trabalho e em

condição de extrema responsabilidade perante os pacientes internados, de forma que alguns

não conseguiram contribuir, devido à própria atividade e/ou por possuir outro vínculo, o que

impossibilitou entrevistas fora do horário de expediente na instituição.

Já em relação às enfermeiras de Educação Continuada, ambas foram entrevistadas sem

dificuldades, como também as coordenadoras/supervisoras de enfermagem destes setores

foram abordadas com entrevistas in loco.

No que tange às gerentes de enfermagem, uma esteve de férias, o que retardou o

processo e, após seu retorno, a disponibilidade foi um pouco difícil, devido à rotina de

trabalho, enquanto a outra mostrou-se disponível, embora com restrição de tempo devido às

atividades.

Segundo Gil (2009), a consulta a fontes documentais é imprescindível em qualquer

estudo de caso. Defende que o pesquisador, quando analisa documentos elaborados no âmbito

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de uma organização, passa a ter informações que auxiliam na coleta de dados mediante

observação ou entrevista.

Ainda de acordo com Gil (2009), é possível, com base em documentos, obter

informações sobre a empresa, referentes a sua estrutura e organização, descrição de cargos e

funções, formas de avaliação de desempenho e os programas de treinamento e

aperfeiçoamento de funcionários, o que reforça a escolha pela consulta a fontes documentais,

como forma de combinação com o método da entrevista.

Na pesquisa, foram analisados documentos relacionados aos programas de

treinamentos de administração de medicamentos, tais como: registros de treinamento, plano

de aula, slides de apresentação do treinamento, protocolo de administração de medicamentos,

check list observacional, indicadores e planos de ação. Estes dados contribuíram para

consolidar as informações obtidas por meio das entrevistas com os profissionais.

Além disso, ao considerar que a pesquisadora é vinculada à organização onde o estudo

foi realizado, por trabalhar nela, então, até certo ponto, assume o papel de membro do grupo,

por possuir conhecimento dos aspectos que o grupo vivencia a partir do seu próprio interior.

Contudo, de acordo com Gil (2009), a observação participante é vista como método

complementar de coleta de dados neste estudo.

Por trabalhar na instituição, possibilitou-se um acesso mais fácil às áreas de UTI, UCE

e Clínica Médica, ou seja, foi possível permear os setores onde os sujeitos da pesquisa atuam,

bem como perceber a interação entre a equipe, a dinâmica de cada setor, a dedicação para

cumprir os protocolos assistenciais, além de visualizar as sete etapas da lavagem das mãos e a

forma como conseguem, em poucos segundos, realizar todas as etapas.

Gil (2009) destaca algumas vantagens da observação participante para coleta de dados,

quanto à possibilidade de acesso a dados que a organização ou grupo consideram de domínio

privado, como, por exemplo, conseguir participar do treinamento de administração de

medicamentos, que possui um foco exclusivamente interno e institucional, além do acesso

rápido a dados relativos a situações habituais em que as pessoas estão envolvidas e, ainda, a

vantagem de permitir a percepção da realidade do ponto de vista das pessoas pesquisadas, e

não do ponto de vista externo.

Foi propiciada a oportunidade de observar os locais onde os treinamentos in loco

foram realizados, além de poder assistir a um dos treinamentos, cujo tema não se refere a

administração de medicamentos. Entretanto, houve a oportunidade de participar, como

observadora, do treinamento de administração de medicamentos, realizado para novos

colaboradores, não no local de trabalho, mas em auditório, o que possibilitou observação e

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maior entendimento do programa.

Anotações foram realizadas em um diário de pesquisa para poder registrar cada

aspecto vivenciado, analisado e descoberto, pois, conforme Flick (2009), os pesquisadores

anotam continuamente suas impressões e o que acontece durante os contatos em campo.

Ainda quanto aos métodos de coleta de dados, cabe destacar que as entrevistas foram

gravadas, conforme autorização dos colaboradores. Para aqueles que não permitiram, as

respostas foram registradas de forma manuscrita. Também foram registradas, no diário, as

impressões e percepções acerca do comportamento observado dos entrevistados.

As nomenclaturas apresentadas a seguir foram utilizadas para garantir a

confidencialidade quanto à identidade dos entrevistados.

GER – Para Gerentes – será considerada sequência GER 1;

SUP – Para Supervisores e Coordenadores de Enfermagem – será considerada

sequência SUP 1;

SEC – Para Enfermeiros do Serviço de Educação Continuada – será considerada

sequência SEC 1;

ENF – Para Enfermeiros Assistenciais – será considerada sequência ENF 1;

TEC – Para Técnicos de Enfermagem – será considerada sequência TEC 1.

Finalizada a descrição da etapa da metodologia sobre instrumentos de coleta de dados,

segue, na próxima seção, a apresentação da análise e interpretação dos dados.

3.6 Análise e interpretação de dados

A análise qualitativa de conteúdo foi adotada nesta pesquisa, pois, segundo Flick

(2009), é possível viabilizar melhor análise dos textos inerente às entrevistas, por meio da

categorização, a partir de modelos teóricos, onde os dados empíricos são relacionados às

categorias escolhidas para o estudo.

A análise de conteúdo é um método de análise de texto desenvolvido dentro das

ciências sociais empíricas. Nesse contexto, considerável atenção está sendo dada aos “tipos”,

“qualidades” e “distinções” no texto, o que remete a uma análise qualitativa dos materiais

(BAUER, 2010).

De acordo com os estudos de Bardin (2011), que nortearam esta etapa da pesquisa, a

análise de conteúdo foi utilizada tanto para descrever como para interpretar o conteúdo de

documentos e textos, num processo contíguo de técnicas de análise de comunicação, que

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visam obter, por procedimentos sistemáticos, a descrição do conteúdo das mensagens,

mediante três etapas descritas a seguir e ilustradas na figura 6: pré-análise, exploração do

material e tratamento dos resultados.

Figura 6 - Organização da análise de conteúdo

Fonte: Dados da pesquisa (janeiro, 2013)

Pré-análise: sistematização das ideias, por meio da leitura “flutuante” da transcrição

das entrevistas. Tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais,

de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações

sucessivas, num plano de análise, a considerar as regras da exaustividade,

representatividade, homogeneidade e pertinência. Nesta fase, foram realizadas

algumas leituras, em que apenas a primeira foi em conjunto com a gravação; as demais

tiveram o apoio da consulta das anotações contidas no diário de pesquisa, de forma

que foi possível identificar alguns detalhes subjetivos atrelados à fala, como por

exemplo, gesticular, expressões de colaboração ou desconforto, entonação de voz, etc,

sendo essas percepções acrescidas em observações à transcrição.

Exploração do material: consiste na codificação e categorização da informação,

representada pelo conteúdo na unidade de contexto da frase ou palavra transcrita. Esse

processo foi realizado, agrupado por categorias relacionadas aos quatro níveis de

avaliação de Donald Kirkpatrick (2010). Foi possível compilar os dados, fazendo os

recortes das falas, utilizando unidades de contextos frasais, efetuadas por computador,

com o processamento do arquivo em texto Word;

Tratamento de resultados: interpretação do conteúdo, advindo do processo de

categorização, ou seja, tratar os resultados “brutos” para que se tornem significativos e

válidos. A partir da categorização com as inferências relacionadas à fundamentação

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teórica, os dados foram compilados, conforme cada nível do modelo de Donald

Kirkpatrick (2010), em seguida comparados e verificadas as convergências e

divergências para cada categoria.

Alguns limites e certas limitações permearam este estudo, sendo apresentados na

próxima seção.

3.7 Limites e limitações

3.7.1 Limites

Por sugestão da instituição, houve um limite quanto aos setores em que esta pesquisa

foi realizada: Unidade de Terapia Intensiva (UTI Geral), Unidade de Cuidados Especiais

(UCE) e Unidade de Clínica Médica (2º andar). A escolha por esses setores ocorreu por

terem, como característica, internações consideradas de alta complexidade hospitalar, cujo

perfil dos pacientes requer cuidados diferenciados e, consequentemente, demandam por maior

quantidade de medicamentos, o que sugere uma grande necessidade de qualificação dos

profissionais de Enfermagem, no que tange à prática de administração de medicamentos.

Também considerado como limite foi o tempo de atuação na empresa, de forma que

foram abordados somente colaboradores a partir de quatro meses na instituição, por

compreender que possuíam maior entendimento do processo de treinamento e da dinâmica

assistencial dos setores.

Outro limite relacionado a este estudo diz respeito ao período de participação nos

programas de treinamento sobre administração de medicamentos. Foi estabelecido o período

de janeiro a dezembro/2012. Dessa forma, aqueles funcionários que não participaram do

treinamento, no ano de 2012, não foram contemplados.

3.7.2 Limitações

Como limitação deste estudo, o enfoque aplicado não permite que se avalie a evolução

temporal do desenvolvimento dos programas de treinamento sobre administração de

medicamentos. Um estudo longitudinal poderia trazer mais elementos para a análise, como,

por exemplo, investigar a evolução dos programas de treinamento e sua eficácia, anualmente.

Entretanto, devido ao turnover no efetivo da enfermagem de 30 %, e na Educação Continuada

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de 50%, foi impossibilitada a obtenção de dados fidedignos, por um intervalo de tempo maior.

Para ilustrar esse fato, cabe pontuar que, em 2012, de janeiro a dezembro, foram

treinados 249 técnicos de enfermagem em administração de medicamentos, destes, em

janeiro/2013, apenas 181 permaneciam na instituição, ou seja, 68 profissionais treinados

(28%) saíram da empresa em um período de até um ano.

Outro obstáculo encontrado foi relativo às entrevistas com enfermeiros, que sugerem

uma limitação acentuada no fator tempo, devido à atividade assistencial e ao monitoramento

contínuo do grupo de técnicos de enfermagem, além de, normalmente, possuírem mais de um

vínculo, o que impossibilita entrevistas fora do horário de trabalho. Todas as entrevistas

realizadas com os enfermeiros aconteceram pelo fato de a entrevistadora ir até seu local de

trabalho. Nenhuma delas aconteceu fora do setor ou do horário de atuação, por falta de

disponibilidade ou de tempo.

Apesar de todos os aspectos que envolvem os limites e limitações deste estudo, foi

possível realizar a avaliação dos programas de treinamento, atrelados ao modelo dos quatro

níveis de Donald Kirkpatrick (2010).

Após essas observações, finaliza-se a apresentação da metodologia utilizada e, em

seguida, na próxima seção, descrevem-se a análise e discussão dos resultados encontrados.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Foram apresentadas seções que discorrem sobre qualidade na assistência e

administração de medicamentos, dada a relevância desses temas para uma maior compreensão

do contexto assistencial e consequente necessidade de profissionais de Enfermagem

devidamente qualificados.

As análises seguiram os preceitos de Bardin (2011), os quais se referem à pré-análise,

à categorização e inferências, que contribuem para as discussões em relação aos objetivos

específicos deste estudo.

4.1 Qualidade na assistência

Na saúde, em decorrência das características do seu processo de trabalho, a qualidade

adquiriu um significado particular e diferenciado das demais atividades envolvidas na

produção de bens e serviços, conforme Juliani e Kurcgant (2010). Ainda segundo as mesmas

autoras, qualidade hospitalar é algo tangível e depende da capacidade de gerenciar pessoas e

equipamentos para o pleno desempenho da arte de diagnosticar, tratar, melhorar e curar

doenças físicas e mentais.

De acordo com definição do Institute of Medicine (IOM), qualidade na assistência à

saúde representa “o grau com que os serviços de saúde aumentam a chance de se atingirem

desfechos desejados de saúde tanto de indivíduo quanto de populações, e que são consistentes

com o conhecimento profissional corrente” (INSTITUTE OF MEDICINE, 2001).

Em uma visão complementar, Wachter (2010) destaca que, para promover a melhoria

da qualidade, faz-se necessário mensurá-la, de forma que se possibilite identificar

oportunidades para que as práticas e hospitais melhorem. Então, indicadores assistenciais

podem ser adotados como forma de evidenciar o nível de qualidade prestada pela instituição

de saúde e, assim, assegurar o padrão de assistência prestada aos pacientes e sociedade.

Convergentes com esse princípio, diversas organizações, inclusive fontes pagadoras

(como Centers for Medicare & Medical Services (CMS)), órgãos acreditadores e reguladores

(como a Joint Comission) e sociedades médicas, definem escores referentes à melhoria da

qualidade, e essas medidas têm identificado oportunidades para que os hospitais melhorem

(WACHTER, 2010).

Em seus estudos, Avedis Donabedian (1988) revela que as medidas da qualidade

permeiam estrutura (como a assistência é organizada), processo (o que foi feito) e desfecho (o

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que acontece com o paciente). Dessa forma, permite estabelecer ligações entre certos

processos e melhores desfechos, utilizando-as como boas práticas para a qualidade em saúde.

A maioria das instituições bem-sucedidas utilizam métodos para a melhoria da

qualidade da assistência à saúde, como PDCA2, por exemplo, e reconhecem que essas

atividades devem ser cuidadosamente planejadas e implementadas, que seu impacto deve ser

mensurado e que os resultados dessas atividades devem retornar para o sistema em um

processo contínuo e interativo de melhoria (WACHTER, 2010).

Entende-se que a enfermagem possui grande contribuição nesse contexto, então, na

busca contínua pela qualidade, existe a necessidade de evidenciar sua prática e analisar seus

resultados. De acordo com Silva, Lima e Baptista (2009), os indicadores de qualidade

assistencial permitem essa avaliação, pois possibilitam ao enfermeiro, gestor da unidade,

melhor visão dos seus resultados.

Segundo os mesmos autores, os indicadores de qualidade assistenciais são ferramentas

importantes para a avaliação das atividades desenvolvidas ou mensuração do grau de risco de

uma ocorrência, pois, a partir dos dados obtidos, pode-se realizar uma avaliação minuciosa do

cuidado prestado ao paciente e identificar o alcance ou não da assistência proposta, bem como

a necessidade de intervenções.

Esses indicadores normalmente são definidos com base nas tarefas das unidades

assistenciais e são coletados mensalmente por meio de planilhas, registrados pelos

enfermeiros periodicamente.

Os indicadores assistenciais da enfermagem podem contribuir para a atuação da

Educação Continuada como ferramenta que identifica possíveis necessidades em processos

que demandam melhoria, por meio da qualificação, capacitação e desenvolvimento das

pessoas. A efetividade dessas práticas torna-se essencial para a realidade institucional.

Indicadores assistenciais são monitorados pela equipe de Enfermagem da instituição

onde este estudo foi realizado, e alguns estão ilustrados na figura 7, porém, cabe destacar que

este trabalho irá permear o processo inerente à administração de medicamentos.

_______________________2 Ciclo PDCA: Planejar, desenvolver, checar e agir. Compreendendo a segurança do paciente. Wachter, 2010,

p.51.

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Figura 7 - Indicadores assistenciais do hospital privado estudado

Fonte: Dados da pesquisa - adaptado de Educação Permanente em Enfermagem: a evolução daeducação continuada. Nishio e Baptista (2009. p. 141).

O hospital privado estudado busca continuamente a excelência na qualidade dos

processos, seja por meio de indicadores assistenciais que norteiam a atuação prática, seja pelo

sistema de qualidade da Acreditação Hospitalar (JCI), que estabelece padrões internacionais

de desempenho para a organização.

4.2 Administração de medicamentos

Esta seção retrata a grande relevância da administração de medicamentos no contexto

da enfermagem e da saúde, e faz menção aos erros de medicamentos como fator determinante

de riscos, que podem ocasionar desde uma simples reação até um possível óbito.

De acordo com Silva e Santos (2005), a administração de medicamentos é um

processo de múltiplas etapas, que envolve vários profissionais e, portanto, está vulnerável a

erros ou eventos adversos.

Quando os efeitos são indesejáveis e inesperados, denominam-se “eventos adversos”,

que representam os riscos provenientes do uso dos medicamentos. Esses riscos se encontram

entre aqueles que são próprios da terapia medicamentosa, nos quais estão incluídas as reações

adversas, e aqueles que não são considerados próprios, ou seja, são erros de administração de

medicação, tais como os de omissão, os referentes à via de administração, os de horário, erros

devido ao preparo incorreto, entre outros (CASSIANE; OLIVEIRA, 2011).

Indicadoresde qualidadeda assistência

deenfermagem

Nãoconformidadesno processo deadministraçãode medicação

Incidência deQueda

Incidência deFlebite

Incidência dequase falhaou falha na

Identificaçãodo paciente

Índice deacidentes

com materialbiológico

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Reconhecer que seres humanos são falíveis e que esses processos envolvem riscos

para a segurança do paciente é o primeiro passo para tornar o ambiente do cuidado mais

seguro, tanto para os usuários dos sistemas de saúde como para os profissionais (SILVA;

SANTOS, 2005).

A administração de medicamentos é visto por Cassiane e Oliveira (2011), como uma

terapia medicamentosa caracterizada por um processo multidisciplinar, que reserva à equipe

de Enfermagem duas etapas bastante importantes: preparo e administração de medicamentos,

que requerem da equipe, domínio da técnica e conhecimento dos medicamentos que estão

sendo administrados.

Segundo Miasso e Cassiani (2000), para garantir a segurança na administração de

medicamentos, os cinco certos devem ser observados: medicamento certo, paciente certo,

dose certa, via de administração certa e horário certo. Desses itens, o “paciente certo” será

sempre o desafio para os profissionais, se estes não utilizarem estratégias necessárias para

assegurar que realmente o paciente receba sua medicação prescrita. Dessas estratégias,

destacam-se a identificação do paciente mediante uso de pulseira contendo seu nome em letra

legível, o questionamento ao paciente de seu nome completo, a identificação do leito e a

cautela em evitar que pacientes com nomes semelhantes ocupem a mesma enfermaria.

Ainda assim, para administrar um medicamento com segurança e eficiência, o

enfermeiro deve conhecer a ação do mesmo no organismo, métodos e vias de administração e

eliminação, reações colaterais, dose máxima e terapêutica, efeitos tóxicos, além do

conhecimento da técnica de administração e do paciente. Esses requisitos não estão presentes

na grande maioria das instituições brasileiras, onde a responsabilidade da administração de

medicamentos está nas mãos de auxiliares e técnicos de Enfermagem, atuando muitas vezes

sem supervisão de enfermeiros, em organizações que nem sempre priorizam a qualidade do

cuidado.

Os mesmos autores indicam que o enfermeiro, embora não seja o responsável pela

prescrição do medicamento, é responsável pela administração e preparo, de forma que deve

conhecer todos os aspectos e fases envolvidas na administração do mesmo, a fim de prevenir

erros e enganos que possam lesar o paciente.

Quanto à terminologia empregada para definir erros de medicação, Silva e Santos

(2005, p.167-168) consideram:

erro de medicação: abrange os erros ocorridos desde a prescrição até a administração

das medicações ao paciente;

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erro de prescrição: inclui escolha inadequada da droga, erro de cálculo da dose, via

de administração, concentração, velocidade de infusão ou prescrições ilegíveis;

erro de preparação: reconstituição e diluição incorretas ou inadequadas, mistura de

medicamentos física ou quimicamente incompatíveis, utilização de drogas com prazo

de validade vencido;

erro de administração: técnica/procedimento incorreto para administrar a droga e

inclui, ainda: via errada, via certa, porém em local incorreto, erro na velocidade ou no

intervalo de administração, doses extras, deixar de administrar a droga prescrita, erro

por semelhança de aparências ou nome de drogas;

evento adverso da droga: dano ocasionado pela utilização do medicamento, desde

reações simples até o óbito. Subdivide-se em dois tipos: provocados por erros ou

próprios dos medicamentos. Os ocasionados por erros são ditos evitáveis, e os

inerentes à droga e, como tais, não evitáveis são denominados de reações adversas.

Compreende-se que, dos erros de medicação citados, são relacionados à atuação da

equipe de Enfermagem: erro de medicação, erro de preparação e erro de administração de

medicamentos, os quais precisam de métodos definidos pelas instituições para cada prática

adotada nos processos de medicação, bem como de equipe devidamente treinada e qualificada

por meio de programas de treinamento eficazes.

A instituição onde esta pesquisa foi realizada possui um processo padronizado tanto

para o preparo quanto para a administração de medicamentos, conforme ilustra o

procedimento operacional (Anexo A) e os treinamentos realizados pela Educação Continuada.

Tanto em sala de aula, quanto in loco, norteiam os profissionais à essa prática.

Considerados os aspectos teóricos referentes à administração de medicamentos, no

próximo tópico apresenta-se a importância da qualidade na assistência.

4.3 Considerações sobre os pesquisados

Os profissionais da área assistencial, especificamente Enfermagem, atuam no cuidado

direto ao paciente, de forma contínua, promovendo uma assistência em 24 horas. Para que

isso aconteça, o contrato de trabalho contempla escalas denominadas regime plantonista e

diarista.

Para técnicos de enfermagem, o regime diarista requer 44 horas semanais (segunda a

sexta-feira ou a sábado), enquanto o regime plantonista trabalha 12 horas e folga 36 horas

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(trabalha um dia e folga um dia), independente de finais de semana e feriados, e pode ser

diurno ou noturno.

É característico, na atuação profissional dos técnicos de enfermagem, possuírem mais

de um vínculo empregatício, quando plantonistas. Dessa forma, conciliam, por muitas vezes,

uma jornada de 24 ou 36 horas de trabalho ininterruptas, o que provavelmente gera, além do

cansaço, dificuldades na absorção de conteúdos dos treinamentos e possibilidades de

comprometimento na prática assistencial.

Os treinamentos para esses profissionais devem acontecer em dias e horários que

possibilitem a participação de todos, inclusive à noite ou nos finais de semana, a depender da

necessidade. As entrevistas realizadas nesta pesquisa também seguiram esse formato, durante

o dia, à noite e nos finais de semana.

Foram pesquisados os técnicos, enfermeiros e coordenadores/supervisores das

unidades: UTI geral (Unidade de Terapia Intensiva), UCE (Unidade de Cuidados Especiais) e

Unidade de Clínica Médica do 2º andar, enfermeiros de Educação Continuada e gerentes de

enfermagem.

Para esta pesquisa, foram contemplados os setores mencionados (UTI geral, UCE e

Clínica Médica do 2º andar), por escolha da instituição e também por representar áreas de

grande relevância, pois acomodam pacientes de alta complexidade hospitalar, ou considerados

com patologias crônicas, que permanecem de média a longa duração na instituição e

necessitam de maior número de medicações.

No que se refere aos gêneros dos pesquisados, verifica-se que houve predominância do

sexo feminino, conforme tabela 1.

Tabela 1 – Gênero dos pesquisados

Gênero GerenteCoordenador/

Supervisor

EnfermeiroEducação

Continuada

Enfermeiroassistencial

Técnico deEnfermagem Total

Feminino 2 3 2 4 19 30Masculino 0 0 0 1 8 9Total 2 3 2 5 27 39

Fonte: Dados da pesquisa (dezembro, 2012)

Quanto ao tempo de permanência na empresa, as entrevistas atingiram um público

bastante diversificado: dos técnicos de enfermagem contemplados, havia profissionais

contratados desde 4 meses até outros com longa trajetória na instituição, 23 anos (todos

participantes do programa de treinamento estudado). Quanto aos enfermeiros assistenciais,

possuíam de 7 meses a 19 anos, quanto às enfermeiras de Educação Continuada, uma tinha 7

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meses e a outra, 2 anos; as supervisoras/coordenadoras de enfermagem possuíam 2 anos

(duas) e 19 anos (uma), e as gerentes de enfermagem, tinham 17 e 25 anos, respectivamente.

Percebe-se que essa diversidade é salutar, pois representa visões e momentos distintos

quanto à instituição e quanto aos programas de treinamentos.

Foi assistido um treinamento in loco, onde foi observada a boa interação entre as

pessoas e identificado que alguns treinandos tiram dúvidas e trazem achados relacionados ao

tema e se mostram mais confortáveis quanto à participação. Denotam expressão de atenção ao

tema exposto e repetem os tópicos mais importantes como forma de fixação, para demonstrar

aprendizagem. Essas impressões foram identificadas em um treinamento realizado na Unidade

de Clínica Médica do 2º andar.

Quanto ao treinamento em auditório, foi percebida maior introspecção dos

participantes, talvez pelo fato de estarem iniciando na instituição e ainda não possuírem

familiaridade com o protocolo apresentado (fluxo de administração de medicamentos). Uns

demonstram maior atenção, outros se mostram meio cansados e os demais participam dando

contribuições acerca do tema, retratando experiências anteriores.

Após a análise das características dos pesquisados, segue a descrição da análise dos

objetivos específicos nas quatro seções a seguir.

4.4 Análise do primeiro objetivo específico – Analisar a reação dos treinandos de

Enfermagem

Não foram identificados registros de avaliação de reação após os treinamentos

realizados pela Educação Continuada, de forma que as análises não foram passíveis de

acontecer por dados documentais.

A identificação das reações dos técnicos de enfermagem treinados foi realizada, pela

pesquisadora, por intermédio da análise das entrevistas por pautas, onde o Nível 1 – Reação,

de avaliação dos programas de treinamentos proposto por Donald Kirkpatrick (2010), foi

extraído das falas dos entrevistados.

Um dos aspectos mencionados em alguns relatos das entrevistas considera que o

treinamento é muito importante para os técnicos de enfermagem recém-admitidos no hospital,

devido à prática adotada para a administração de medicamentos, que difere completamente de

outras instituições de saúde, de forma que o treinamento tem contribuído bastante para o

conhecimento e adaptação à técnica, que é extensa, criteriosa, diferente e requer uma atenção

especial, segundo depoimento dos entrevistados.

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Seguem alguns exemplos que enfatizam como o treinamento sobre administração de

medicamentos contribui para quem é oriundo de outras instituições:

Tec 3: “Foi bom. Foi bom, principalmente porque eu vim de outro, né? E,assim, vi tudo que a gente não fazia no outro, porque aqui a gente faz,entendeu? Que é a base mesmo, como limpar, lavar a mão, entendeu?”

Tec 5: “Foi proveitoso. Foi... tudo foi diferente pra mim porque tudoacrescentou de conhecimento, porque eu não sabia de... não era a minharotina essa, né?, dentro dos hospitais. E foi bem proveitoso.”

Tec 7: “Porque assim, uma coisa é uma pessoa que trabalha num hospital ...quando chega aqui, nada daquilo você vê em hospital ... né? Então, comcerteza, é de bastante importância, não só de administração demedicamentos, como também vários outros itens também que sãoabordadas. Acho, sim, de bastante importância.”

Ainda reforçando a importância desse treinamento inicial para novos funcionários,

muitos atribuem que a experiência profissional adquirida anteriormente faz com que cheguem

à instituição com outros hábitos e costumes, condicionados a uma prática mais simples e

menos exigente. Entretanto, após conhecerem o procedimento de administração de

medicamentos, começam a conceber como método correto e, a partir do treinamento, são

norteados e orientados, e revelam, por muitas vezes, que desconheciam os critérios adotados

para esse procedimento. Segue um exemplo que ilustra este contexto:

Tec 5: “o que vem trazendo é... quebrando esse, esse caminho da, daadministração de medicação, é o passado, né?, que a gente tá malacostumado com... tá com maus hábitos, que agora a gente tá sereeducando...”

A relevância desses treinamentos para os técnicos de enfermagem que iniciam na

instituição pesquisada é ratificada pelos profissionais mais antigos e experientes, pois também

destacaram, conforme exemplo abaixo, a importância do treinamento para os novos

funcionários:

Tec 26: “É, que lá nesses hospitais não se preocupam com essa parte comoaqui a gente se preocupa. Fazem aleatório, assim, a medicação, dá muito...e aqui, como tem esses treinamentos, eu acho que eles ficam mais aptos afazer as coisas mais...”

Outro aspecto identificado, trazido pelos profissionais mais antigos na instituição, foi

quanto à importância do treinamento de administração de medicamentos para os novos

funcionários, antes de iniciarem as atividades no local de trabalho, como agente facilitador da

prática e da adaptação à rotina. Segue relato de um técnico que atua há 12 anos na instituição:

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Tec 13: “Aí você vai, me leva pra o setor de origem que eu vou ficar.Pronto, hoje é segunda, mas quando for quarta-feira, eu vou pro auditório...quer dizer, eu vim num plantão segunda... Porque quando eles chegam, elescomeçam, porque eles já têm passado por isso, né?, aí ele mesmo diz: “agente viu isso na oficina, a gente viu isso na integração”.”

Os novos também compactuam com esse pensamento, ou seja, percebem que o

treinamento antes de iniciar a atividade, efetivamente, facilita sua prática. O depoimento

abaixo, de um técnico com 4 meses de instituição, ilustra isso:

Tec 17: “Ajudou. Porque a gente não chegou, assim, perdido. A gente veio...assim, a gente quando chega tem um choque, né? Como a gente aprendeu láembaixo, eles começam a botar em prática. O ruim é a gente subir semsaber de nada. Mas como a gente aprendeu lá embaixo, a gente começa apraticar aqui, principalmente a lavagem das mãos.”

De acordo com a teoria de Kirkpatrick (2010), os treinamentos servem não só para

justificar o investimento na área de treinamento, mas também para demonstrar como essa

estrutura contribui para as metas e os objetivos da empresa.

No caso do hospital estudado, manter uma estrutura, com recursos físicos e humanos,

como o serviço de Educação Continuada, requer um investimento e precisa ter uma atuação

que justifique os meios, ou seja, que contribua para a melhoria da prática assistencial,

mediante a capacitação e desenvolvimento da equipe de Enfermagem, visando à segurança do

paciente e a qualidade na assistência.

Outro aspecto, também relevante, tange à carga horária das oficinas de Enfermagem,

que é considerada densa: são 24 horas distribuídas em 2 dias. Os técnicos de enfermagem

passam o horário do plantão (12 horas) em sala de aula e, embora gostem, todavia comentam

que são muitas informações para assimilar, principalmente ao considerar a jornada de trabalho

que eles possuem, muitas vezes com mais de um vínculo empregatício. Seguem exemplos que

foram extraídos das falas dos entrevistados:

Tec 5: “Só que é muita coisa pra você assimilar o dia todo... eu vinha deoutro hospital, dava trinta e seis horas ... aí ficava difícil, complicado pra...pra assimilar.”

Tec 14: “Foi bom, foi interessante. É cansativo porque é o dia todo, né?,mas, tirando isso...”

Outro dado relevante é quanto ao local do treinamento, que pode ser tanto em

auditório, quanto no local de trabalho, e muitos depoimentos de técnicos de enfermagem da

UTI convergiram quanto ao treinamento in loco: gostam e aprendem mais, devido ao fato de

focar a realidade específica do setor, quanto ao espaço físico, dinâmica dos pacientes,

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quantitativo de técnicos de enfermagem e necessidades específicas da equipe. Seguem alguns

exemplos destes depoimentos, colaboradores da UTI:

Tec 2: “...E outra coisa é você ir lá, comigo, e dizer “é assim que devefazer, é assim, assim e assado”. Quer dizer, eu acho que no setor seria maisproveitoso de que trazer pra o auditório...”

Téc 3: “Olhe, eu acho assim, que treinamento deveria ser dentro da UTI, nosetor. Eu acho que é melhor, porque você pega mais rápido, já indo, indopra campo...”.

Tec 15: “Não, gostei. Acho que principalmente porque, assim, numa sala deaula, ou no auditório, você tá distante da área de onde vai ser realmentefeito, executada a tarefa. Então, no setor, fica melhor, porque assim, ela nãofez logo com todo mundo, fez com os grupos. Aí então fica bem mais fácilvocê estar lá no balcão ...”

Outro dado que reforça o aspecto do treinamento no setor é indicado por eles como a

timidez. Normalmente, os grupos em auditório são maiores, de forma que os mais tímidos não

tiram suas dúvidas e têm receio de se expor. Por esse motivo, preferem o treinamento no

setor, pois se sentem mais confortáveis para esclarecer dúvidas, devido ao grupo menor e já

integrado.

Tec 6: “...No auditório, eu acho que ainda tá aquele início, né?, aquelacoisa muito recente, assim, e muita gente, querendo ou não, fica receoso,né? ... Até dúvidas que as pessoas às vezes têm vergonha de perguntar,porque acha “não sabe? Não acredito, trabalha há tanto tempo e não sabeisso”, porque a pessoa fica perguntando, né?, querendo ou não todo mundotem dúvida, né?...”

Contrário a esse pensamento, no depoimento dos técnicos de enfermagem da Unidade

de Cuidados Especiais (UCE), houve a predominância de que os treinamentos no local de

trabalho são muito tumultuados, devido a interrupções de chamados dos pacientes e

principalmente acompanhantes, e também devido ao horário, algumas vezes inadequado dos

treinamentos, que coincidem com o horário de administração de medicamentos.

A seguir, depoimentos de técnicos da Unidade de Cuidados Especiais, que retratam

este foco:

Tec 5: “Agora, é... os que vêm tendo no setor, é bom, mas o que é que eu lhedisse? é complicado você dar atenção... Na hora, ele pede pra gente parar.Ele tem paciência, fica esperando, mas nem sempre todo mundo tá podendoficar, naquele horário, aí fica comprometido.”

Tec 6: “A gente tem que parar e escutar, porque eu não posso fazer, nãoposso chegar pra dizer “vá, enquanto eu aspiro uma medicação, vá, eu voufazendo, vou escutando,” não posso. Então, ou eu atendo ela, ou eu paro

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pra atender ou eu digo a ela “agora eu não posso porque eu tô fazendomedicação.” Então fica ruim no horário que a gente ta fazendo medicação,fica... fica um desconforto pra gente, né?”

Tec 8: “... mas tem medicação, um paciente chama, tem isso pra fazer, aí...geralmente a gente chega lá, tem começado, a gente pega na metade.Entendesse? Mas é importante.”

Outra sugestão identificada foi quanto à participação de técnicos de enfermagem mais

antigos nos treinamentos iniciais de administração de medicamentos das oficinas de

Enfermagem (é o treinamento de integração para novos funcionários), como forma de

reciclagem e atualização de algumas informações para os antigos:

Tec 14: “Trazer o pessoal antigo, reciclar esse pessoal, atualizar asinformações deles... As informações não são unificadas, é diferente. Só éisso, trazer esse pessoal mais antigo pra reciclar. Agora, eu não digoseparar eles individualmente, isso aí é como se fosse um preconceito, não,juntar todo mundo. Pega, vai ter de novato, bota os antigos misturados comos novatos...”

Kirkpatrick (2010) também sugere que a avaliação de reação contribui para obter

informações valiosas sobre como melhorar os programas de treinamentos, de forma a atender

as expectativas dos participantes e atingir os objetivos propostos.

Cabe destacar que, ao analisar as reações, foi observado que as reações favoráveis

predominaram: 67% (18 pesquisados) dos participantes gostaram do programa de treinamento

e 21% (6 pesquisados) gostaram, mas realizaram alguma consideração. Entre os demais, 4%

(1 pesquisado) não gostaram e 8% (2 pesquisados) não se recordaram do treinamento de

imediato durante as entrevistas. O gráfico a seguir ilustra as respostas gerais, as quais foram

descritas anteriormente, por categoria, conforme depoimentos dos pesquisados.

Gráfico 1 – Treinamento de administração de medicamentos - Reação

Fonte: Dados da pesquisa (janeiro, 2013).

Gostaram67%

Gostaram comconsiderações

21%

Não gostaram4%

Não se recordam dotreinamento

8%

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Estes dados encontram-se detalhadamente apresentados no Apêndice F desta pesquisa,

que representa o Nível 1 do modelo de avaliação de programas de treinamento, proposto por

Kirkpatrick (2010), o qual visa investigar a satisfação do cliente, ou seja, compreender como

os participantes do programa reagiram a ele.

Após relatos das reações dos participantes nos programas de treinamento, segue, por

sequência, a análise do segundo objetivo específico.

4.5 Análise do segundo objetivo específico – Identificar a aprendizagem adquirida a

partir das práticas de treinamento e desenvolvimento, direcionados aos técnicos de

enfermagem

Este objetivo específico está atrelado ao Nível 2 – Aprendizagem, do modelo dos

quatro níveis de avaliação de programas de treinamento de Donald Kirkpatrick (2010).

A identificação da aprendizagem dos técnicos de enfermagem foi realizada por meio

de entrevista por pautas, com as enfermeiras da Educação Continuada e também por meio da

análise de documentos.

Mediante análise de documentos, verifica-se que existe um plano de aula para

administração de medicamentos (Anexo C), o qual possui, além do conteúdo programático, o

objetivo do treinamento, o que converge com a teoria estudada pela pesquisadora.

De acordo com Kirkpatrick, D. (2010), é de suma importância ter definido o que se

deseja alcançar com o programa de treinamento, ou seja, os objetivos do programa precisam

estar definidos, pois, para poder gerar aprendizagem e posterior mudança de comportamento,

é necessário que algum dos objetivos propostos tenha sido alcançado.

Quanto ao processo de aprendizagem propriamente dito, foram verificados alguns

testes utilizados pós-treinamento, em dois modelos específicos, onde um deles corresponde ao

conteúdo do programa, e o outro, com foco mais direcionado aos cálculos para o preparo de

administração, e não propriamente ao fluxo de administração (que é o foco do treinamento).

Porém, não foram identificados pós-testes para todos os participantes dos treinamentos

ministrados em 2012, de forma que em algum momento os testes não foram utilizados.

De acordo com a teoria de Kirkpatrick (2010), o Nível 2 – Aprendizagem pode ser

verificado pelo pré e pós-teste, e também por um grupo de controle (não treinado), quando

estes são comparados, por observação, com um grupo experimental, o qual deve ter recebido

treinamento.

No hospital estudado, é utilizado o pós-teste para aferir o resultado, porém não é

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utilizado o pré-teste, de forma que não se consegue identificar qual o conhecimento do técnico

de enfermagem antes de receber o treinamento.

No caso da utilização dos pós-testes para os novos colaboradores da instituição, é

condizente com a teoria estudada, pois se parte do princípio de que os participantes não

conhecem o fluxo da instituição previamente, então apenas nestes casos é pertinente aferir o

conhecimento após os treinamentos realizados.

Conforme análises dos pós-testes, as notas remetem aprendizado, porém não existe um

instrumento que possa aferir o conhecimento antes do treinamento.

Além disso, não existe uma política que indique qual procedimento adotar quando

houver notas abaixo da média (sete), nos pós-testes, ou seja, caso os profissionais não tirem a

nota mínima exigida. Ao se questionar isso na Educação Continuada, eles respondem que

ainda não se depararam com nenhum caso deste, e atrelam à grande frequência dos

treinamentos realizados, como fator contributivo para que as informações sejam absorvidas

pelos técnicos de enfermagem.

Também não existe o monitoramento por grupo de controle (pessoas não treinadas) e

grupo experimental (pessoas treinadas), pois os treinamentos são direcionados para todos os

colaboradores, e não existe área piloto para aferir o processo de aprendizagem, conforme

preconiza a teoria de Kirkpatrick (2010).

Mediante as entrevistas com as enfermeiras da Educação Continuada, foi identificada

outra forma utilizada para averiguar a aprendizagem denominada “check list obsevacional”.

Os depoimentos a seguir indicam esta prática:

Edu 1: “...A gente faz acompanhamento, assim, a gente visualiza atravésdas visitas se eles estão fazendo corretamente, passo a passo. E aí, se nãotiver, a gente vai e reforça a orientação.”

O serviço de Educação Continuada também capacitou estagiárias, que cursam a

graduação em Enfermagem, para realizar o check list observacional, ou seja, acompanhar a

aprendizagem e comportamento dos técnicos de enfermagem no setor, sem que eles

soubessem que estavam sendo monitorados. Após este período de avaliação, foram

compilados os dados observados, dada a devolutiva para a equipe e elaborado um novo

treinamento, para consolidar a aprendizagem.

Edu 1: “As estagiárias da UPE fizeram o acompanhamento. O check-listgerou resultados...”

Edu 2: “A gente realizou foi um check list observacional, onde a gente podeverificar se eles estavam realizando o preparo e a administração de

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medicamentos conforme foi ensinado. A gente fez um consolidado dosdados, esse check list observacional foi realizado pelas estagiárias daUPE...”

De acordo com a teoria de Kikpatrick (2010), este procedimento diz respeito à

avaliação da mudança de comportamento, embora afirme que não existe mudança de

comportamento se não houver aprendizagem. Igualmente importante à avaliação da mudança

de comportamento é o fato de o programa de treinamento ser repetido, com ajustes ou

adequações de técnicas ou recursos, para aumentar as chances de gerar aprendizado.

Partindo da análise da avaliação da aprendizagem adquirida nos programas de

treinamento, passa-se ao terceiro objetivo específico, que trata da mudança de

comportamento.

4.6 Análise do terceiro objetivo específico – Investigar a percepção dos enfermeiros

assistenciais quanto à mudança de comportamento dos técnicos de enfermagem,

como resultado dos programas de treinamento

As percepções dos enfermeiros assistenciais foram extraídas das entrevistas por pautas

e reforçadas pelos depoimentos de alguns supervisores/coordenadores, que também estão

diretamente na assistência.

Conforme depoimento dos enfermeiros, nem todos os técnicos de enfermagem

cumprem o fluxo de administração de medicamentos, ou seja, eles não percebem a mudança

de comportamento no grupo todo. Mencionam até que o grupo aprende, porém não praticam

na totalidade.

Consoante com a teoria de Kirkpatrick (2010) que atribui à mudança de

comportamento, ao querer mudar, saber o que fazer e como fazer e ter um ambiente adequado

para isto. Esses vieses são destacados nos depoimentos, citados respectivamente:

Enf 4: “Não... nem sempre... porque, assim, eu observo que essa questão depreparo de medicamento sempre foi adquirida pelo colaborador. Ocolaborador ele tem que ter, aquela tal história, vestir a camisa e realmentefazer o correto. Tá?... a maioria das vezes que a gente para pra poderavaliar, sempre tem sinalizações.”

Enf 3: “Olhe, a grande maioria segue, porém, a gente ainda encontra aresistência de alguns colaboradores. Assim, não é nem resistência, elesesquecem os passos, e a gente retoma. Mas e acredito, assim, que, com acontinuidade, todo mundo vai se adequando.”

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Sup 3: “É o seguinte, assim, notar que eles sabem o que é pra fazer, queeles entenderam como é pra fazer, a gente vê bem fácil. O que vocêperguntar, eles respondem bem direitinho. Agora, o fazer, o dia a dia, amudança da atitude é que a gente não percebe. Perguntam, “mas dona ..., éporque é mais complicado”, “não, é porque tá chamando muito, aí tem queparar e daqui que eu faça todos esses passos...”

Outros depoimentos trazem que alguns técnicos de enfermagem não cumprem o fluxo

institucionalizado, ou seja, não demonstram o aprendizado por meio do comportamento

observável, talvez porque não tenham a devida consciência da importância deste protocolo

para a segurança do paciente, conforme expõe o depoimento abaixo:

Enf. 4: “Acho que é também como ... diz, eles não acham que seja realmenteimportante. É um ponto. Quer dizer que talvez eles ainda não enxergam aimportância disso para o paciente. É. E para o colaborador, não é?”

A mudança de comportamento é observada e avaliada tanto pelos enfermeiros quanto

pelos coordenadores/supervisores assistenciais. Além disso, com o intuito de investigar este

aspecto, retorno dos treinamentos realizados por meio da mudança de comportamento, a

Educação Continuada realizou, em 2012, simulações realísticas3 na UTI, UCE e Clínica

Médica do 2º andar. O exemplo ilustra uma das simulações.

Edu 2: “...onde essa simulação realística foi direcionada para aplicação dameta um4, com todo fluxo de administração de medicamentos...fizemos umasimulação no ...de fato, o que está registrado... onde a funcionária nãocolocou o rótulo das etiquetas, portanto falhando em uma das dezesseteetapas deste processo.”

Além disso, o check list observacional, mencionado na análise do segundo objetivo

específico, adota um cunho avaliativo quanto à aprendizagem, por meio da mudança de

comportamento, o que condiz com a teoria estudada. O autor aborda que, em alguns casos,

profissionais de treinamento ou pessoas por eles selecionadas podem observar pessoalmente o

comportamento.

Edu 2: “A gente percebe ainda, não só no check list observacional, masconseguiu perceber também na simulação realista que ainda existe ... falhas,não sei se isso se deve a várias etapas no processo do fluxo, né?, ou serealmente a aprendizagem ainda está falha, aprendizagem, de fato, não éuma coisa que você viu agora e você aprende e pratica, seu dia a dia, suaexperiência vai facilitar isso, quanto mais você vivencia aquilo, mas vocêsolidifica a informação”.

_______________________3 Simulações realísticas: prática adotada pelo serviço de Educação Continuada para simular uma situação

condizente com a realidade da assistência que visa identificar a aprendizagem e mudança de comportamento.4 Meta um – Identificar o paciente conferindo nome e registro.

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A fala citada condiz com a teoria de Kikpatrick (2010), que também faz menção

quanto ao tempo necessário para que ocorra a mudança de comportamento, e destaca que,

mesmo um participante tendo a oportunidade imediata de aplicar em seu dia a dia aquilo que

aprendeu, é necessário dar-lhe algum tempo para que esta transferência ocorra (que pode ser

de 2 a 6 meses), para que volte ao trabalho, reflita sobre o comportamento sugerido e tente

adotá-lo, o que normalmente não ocorre de imediato.

Partindo das análises do comportamento observável, apresenta-se a descrição dos

resultados do quarto e último objetivo específico na seção seguinte.

4.7 Análise do quarto objetivo específico – Analisar os resultados dos treinamentos

mediante indicadores assistenciais

Para identificar os resultados dos treinamentos sobre administração de medicamentos,

foram analisados dados documentais. Indicadores são monitorados pela área de risco

assistencial, sendo uma gerente de Enfermagem responsável por monitorar os resultados e

realizar intervenções. Resultados esses que são alimentados em um sistema que quando

sugere índices abaixo do esperado ou negativos, são geradas ações e enviadas, via sistema,

para as áreas envolvidas e para Educação Continuada, quando requer novas ações de

treinamento.

Indicadores assistenciais são criados para melhorar a qualidade assistencial e garantir a

segurança do paciente, padrões preconizados pelo sistema de gestão da Acreditação

Hospitalar Internacional, e a instituição apresenta estes dados em auditorias da JCI.

Convergindo com a teoria de Kirkpatrick (2010), programas de treinamento visam

alcançar resultados valiosos, que podem melhorar a qualidade, produtividade ou a segurança.

No caso do hospital estudado, foi observado que esses pilares se aplicam aos programas de

treinamento sobre administração de medicamentos, pois o objetivo é capacitar a equipe de

Enfermagem para promover a melhoria contínua da qualidade, o aumento da produtividade,

em busca de padrões de segurança assistencial.

No que tange à administração de medicamentos, esse indicador é denominado de

“percentual de erros e quase-falhas na administração de medicamentos”; abrange toda a

instituição, e os dados são notificados pelas enfermeiras assistenciais em planilhas de

controle, que são encaminhadas para a área de risco assistencial. Ao receber os dados, são

analisados e, quando necessário, são elaborados planos de ação, quando, porventura, os

resultados não estão dentro do padrão definido pela instituição. Como exemplo desse

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processo, são expostos depoimentos de supervisoras de enfermagem e de uma enfermeira

assistencial.

Sup 2: “...das ocorrências que a gente encontra, eu acho que tá dentro doparâmetro da... do setor. Não tá nada acima do desejado não, acho que agente tá bem... A gente comunica. A gente reúne, a gente faz, a gente faz a...a fichinha de ocorrência, envia pra ... e agente faz um plano de ação deacordo com o que foi visto. Aí nesse plano de ação a gente reúne ofuncionário que particip... que teve a quase-falha, pra explicar a ele...”

Sup 3: “E em relação a qualquer erro de medicação mesmo, que foi dadoerrado, que deixou de dar ou que aprazou errado, alguma coisa assim, agente sempre notifica, né?, pra ela, e vai fazer aquela questão do plano deação, tudinho, aí quando a gente pega, fala com ele, faz um treinamento,assim, ou com um específico ou com o grupo todo, aí registra em ata edevolve pra ela...”

Enf 4: “A nível de falha de medicamento a gente tem que fazer notificação.A gente chega pra gerente de risco, né?, envia pra o setor ... acompanha, fazos planos de ações, então aí a supervisora chama a enfermeira, chama otécnico, senta. Vê com eles as possíveis causas que aconteceu pra isso eorienta pra que isso não seja mais feito, assim. Diz qual é o caminho certo, eatravés disso a gente tenta pensar quais foram as principais causas quelevou, né?, a isso.”

De acordo com seus estudos, Kirkpatrick (2010) sugere que a avaliação de resultados

pode acontecer por meio de grupos de controle, medição antes e depois do treinamento,

relação custo-benefício e deve-se dar tempo para que os resultados aconteçam.

No monitoramento de resultados observados, não são realizados grupos de controle,

pois o indicador de resultados reflete dados de toda a instituição, e não de setores específicos.

A medição dos resultados ocorreu antes e depois de potencializar os treinamentos, haja

vista que os treinamentos foram intensificados em 2012 e, conforme documentos analisados,

foi identificado histórico de indicadores sobre administração de medicamentos desde 2011, ou

seja, a aferição já era praticada.

Quanto ao tempo para que o resultado aconteça, foi percebida certa consciência por

parte dos gestores assistenciais e da Educação Continuada que diz respeito à mudança de

comportamento, pois entendem que não ocorrem resultados de imediato e que se faz

necessário cobrar e monitorar a equipe no dia a dia, ou seja, a mudança requer um período

para maturação do processo e atingimento dos resultados.

Kirkpatrick (2010) menciona que a mudança de comportamento não ocorre de

imediato, requer tempo para que os treinandos retornem ao trabalho e tenham a possibilidade

de refletir sobre o comportamento sugerido, com o intuito de adotá-lo e somente posterior a

isso é que os resultados podem ser alcançados.

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A fala da enfermeira da Educação Continuada reflete isto:

Edu 2: “Aprendizagem, de fato, não é uma coisa que você viu agora e quevocê pratica, então, o teu dia a dia, tua experiência, também vai facilitarisso, né? Quanto mais você vivencia aquilo, mais você solidifica ainformação, né? E eu acho que precisa de um acompanhamento também deperto do enfermeiro, desse profissional, porque ele que vai tá cobrandoaquilo ali pra que o fluxo aconteça...”

Tratando-se do custo-benefício, esses dados não são confrontados, pois leva-se em

consideração que o investimento realizado nos programas de treinamento são menos

relevantes que possíveis “prejuízos” relacionados a falhas no processo de administração de

medicamentos, pois, conforme contextualizado no início deste estudo, este viés pode gerar

sérios danos à saúde dos pacientes.

Após a análise e discussão dos resultados nos quatro objetivos propostos, são

apresentadas as conclusões do trabalho na última seção, a seguir.

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Nesta seção, será apresentada a conclusão, algumas sugestões de planos de ação e

recomendações para trabalhos futuros.

5.1 Conclusão

O objetivo geral deste estudo foi avaliar os programas de treinamento,

especificamente de administração de medicamentos, de acordo com o modelo dos quatro

níveis de Donald Kirkpatrick (2010), ministrados para os profissionais de Enfermagem em

um hospital privado do Recife-PE.

Na perspectiva de respaldar a relevância do serviço de Educação Continuada, esta

pesquisa buscou identificar a eficácia dos treinamentos ministrados por esse serviço, como

forma de qualificação dos profissionais de Enfermagem, para que estejam aptos a exercer suas

atividades com qualidade e segurança e possam propiciar, dessa forma, maiores benefícios

aos pacientes internados, por meio de um desempenho eficaz das equipes de trabalho.

Este estudo procurou também contribuir para o serviço de Educação Continuada da

instituição pesquisada, visto que possibilitou identificar novas alternativas e ações que podem

aprimorar suas práticas, métodos, modelos, programas ou processos inerentes aos programas

de treinamento e desenvolvimento adotados.

O modelo de avaliação dos programas de treinamentos escolhido pode respaldar, até

certo nível, o pressuposto que sugere uma hierarquia, segundo Hamblin (1978), entre os

níveis de avaliação proposto por Donald Kirkpatrick (2010). Quando os participantes gostam

do treinamento, estão mais propensos a aprender. Esta teoria foi evidenciada pelo depoimento

dos entrevistados e análise dos pós-testes. Entretanto, não houve oportunidade de perceber a

continuidade desta hierarquia entre os demais níveis do modelo, uma vez que a mudança de

comportamento ainda não aconteceu em sua totalidade, de forma que, consequentemente, não

se pode atrelar a mudança de comportamento aos resultados obtidos.

A fundamentação teórica sobre programas de treinamento, serviço de Educação

Continuada, administração de medicamentos e qualidade na assistência pode permitir o

entendimento acerca da importância de avaliar a eficácia dos treinamentos sobre

administração de medicamentos no contexto da saúde.

A partir dos procedimentos metodológicos adotados, foi possível realizar a análise dos

programas de treinamento, em relação ao modelo proposto por Kirkpatrick (2010), que

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identificou certa fragilidade em relação aos Níveis 1 e 2 do modelo: Reação e Aprendizagem.

Todavia, no que tange aos Níveis 3 e 4, Comportamento e Resultado, foi percebida uma

prática condizente com o que o modelo preconiza.

Cabe detalhar as percepções inerentes a cada nível do modelo estudado, conforme

observações realizadas, análise de documentos e depoimento dos entrevistados.

Primeiramente, no tocante ao Nível 1 – Reação, proposto por Kirkpatrick (2010), que

neste objeto de estudo configura a medida de satisfação do cliente, representada pelas

impressões dos técnicos de enfermagem, pós-treinamento, foi constatado que as reações não

são investigadas, de forma que não se obtém a opinião dos treinandos, e assim, os

profissionais de Educação Continuada não recebem feedback dos participantes quanto ao

gostar ou não do programa de treinamento ministrado, o que impossibilita também a obtenção

de sugestões de melhorias.

O fato de não ter sido encontrado um instrumento para investigar as reações não

significa que os treinamentos não possuam boa aceitação. Ou seja, durante as entrevistas da

pesquisadora com os técnicos de enfermagem, foi identificado que eles gostam dos

treinamentos sobre administração de medicamentos, têm uma visão favorável dos programas

e enfatizam sua relevância para a prática assistencial.

Com base nas entrevistas com os técnicos de enfermagem, pode-se afirmar que foram

identificados alguns achados acerca dos programas de treinamento ministrados, no que

concerne às reações dos treinandos, expostos a seguir:

Os resultados provenientes das entrevistas evidenciaram que o treinamento

introdutório tem possibilitado melhor adaptação à prática para os novos colaboradores que

iniciam suas atividades na instituição, pois as dezessete etapas contidas no fluxo de

administração de medicamentos diferem completamente da realidade de outros hospitais. A

relevância deste treinamento antes dos técnicos de enfermagem assumirem suas atividades foi

reforçada pelos participantes dos treinamentos, pelos técnicos de enfermagem mais antigos na

instituição, pelos enfermeiros assistenciais e endossado pelas supervisoras de enfermagem.

Esse aspecto pode ser remetido à problemática de que nem sempre os técnicos de

enfermagem participam do treinamento introdutório, denominado “Oficinas de Enfermagem”,

antes de iniciarem suas atividades na instituição. Entretanto, de acordo com a vivência e

percepção dos entrevistados, esse treinamento é bastante contributivo para aqueles que

iniciam suas atividades laborais. Torna-se necessário, portanto, instituir o treinamento técnico

inicial, denominado “Oficinas de Enfermagem”, para todos os novos colaboradores no ato da

admissão, ou seja, no primeiro dia de trabalho, data que deve convergir com a programação

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do treinamento, evitando que os técnicos de enfermagem assumam suas atividades no setor

antes de participarem do treinamento.

Também é pertinente a inserção dos técnicos de enfermagem mais antigos na

instituição, como participantes destes programas de treinamento, com o objetivo de nivelar a

informação, de promover reciclagem/atualização. Os técnicos de enfermagem com mais de

três anos, por exemplo, deveriam ter a oportunidade de participar do treinamento, como forma

de retroalimentar seus conhecimentos.

Outro achado ainda em relação ao treinamento introdutório diz respeito à carga

horária, considerada densa, o que dificulta a assimilação e absorção de todas as informações

fornecidas. Assim, pode-se revisar a carga horária ou o formato deste treinamento inicial,

tendo em vista uma redução de horas de treinamento, com o intuito de possibilitar maior

eficácia em termos de aprendizagem.

Diante dos dois formatos adotados para a execução dos treinamentos sobre

administração de medicamentos, sendo a realização de um em sala de aula durante as Oficinas

de Enfermagem, enquanto a de outro acontece no local de trabalho, setor onde os técnicos de

enfermagem atuam, algumas particularidades foram identificadas:

a) na Unidade de Terapia Intensiva: os técnicos de enfermagem gostam e aprendem

mais quando o treinamento é no local de trabalho, pois, segundo depoimentos,

retrata exatamente a realidade do dia a dia, além de não haver interrupções de

pacientes ou acompanhantes, o que contribui para a aprendizagem;

b) na Unidade de Cuidados Especiais: os técnicos de enfermagem preferem

treinamento em auditório, pois destacam que as interrupções, provenientes dos

chamados dos pacientes e acompanhantes, além das chamadas telefônicas,

dificultam o processo de aprendizagem.

Cabe reforçar que esses treinamentos, quando realizados no setor, devem ser

programados e comunicados previamente, pois também houve observações relacionadas ao

horário dos treinamentos, que, por algumas vezes, coincidiu com o horário de

preparo/administração de medicamento, o que não é interessante acontecer.

Talvez isto tenha ocorrido devido à rotatividade dos profissionais de Educação

Continuada, que requer tempo para que os novos integrantes se adaptem à rotina institucional,

ou pela atuação de profissionais menos experientes, que demandam mais orientação e

acompanhamento contínuo.

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Todas as considerações identificadas quanto ao Nível 1 – Reação da teoria de

Kirkpatrick (2010) endossam a relevância de investigar a “satisfação do cliente”, conforme o

modelo preconiza. Vários achados foram mencionados nesta pesquisa, provenientes das

reações dos treinandos, o que reforça que o serviço de Educação Continuada da instituição

estudada precisa adotar um instrumento que auxilie a determinar o quanto o programa de

treinamento foi eficaz e a descobrir possibilidades de melhorá-lo, o que converge com a teoria

estudada.

Seguindo a análise proposta, no que diz respeito ao Nível 2 – Aprendizagem da teoria

de Kirkpatrick (2010), cujo objetivo é aumentar o conhecimento dos participantes, ampliar

suas habilidades técnicas e contribuir para a mudança de atitudes, foi identificado que a

utilização do pós-teste ainda é frágil, partindo do princípio de que o instrumento não é

adotado em todos os treinamentos. O pós-teste também precisa ser atualizado, devido à

mudança do protocolo institucional sobre administração de medicamentos, ou seja, o

formulário parece estar desatualizado.

É válido dedicar um pouco de atenção também ao pré-teste, que deve ser

implementado para identificar o que efetivamente foi adquirido de aprendizagem proveniente

do programa de treinamento, e pode haver um comparativo entre ele e o pós-teste. Sugere-se

também adotar a prática de utilizar pré e pós-teste para os treinamentos in loco.

Outro aspecto que complementa este contexto é a importância de criar um

procedimento formal quanto às notas abaixo da média relacionadas aos pós-testes.

Atualmente, a instituição não possui um fluxo definido quanto a isso, e estes participantes

devem ser retreinados, acompanhados mediante check list observacional e intervencional nos

setores, e acompanhados pelas enfermeiras assistenciais, que devem avaliá-los durante um

período estabelecido.

Ainda no que tange à aprendizagem, é fundamental que as enfermeiras assistenciais

participem também dos treinamentos sobre administração de medicamentos, antes de

iniciarem no setor, pois, caso contrário, os técnicos de enfermagem poderão estar habilitados

à prática ou não, e elas não terão a condição de avaliá-los, por não ter conhecimento prévio do

protocolo.

Para aferir a eficácia em termos de aprendizagem, foi adotado na instituição o check

list observacional (Anexo E), pelo qual se verifica a atuação dos técnicos de enfermagem que

participaram do treinamento. Além disso, houve também a simulação realística, que ensaia

um caso verídico e avalia a atuação dos participantes.

Foi percebido que a rotatividade da equipe de Educação Continuada gerou alguns

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percalços relacionados à aferição da aprendizagem dos treinandos, de forma que, em algum

momento, deixaram-se de aplicar os pós-testes nestes programas de administração de

medicamentos durante o ano de 2012. Contudo, as simulações realísticas e os depoimentos

das enfermeiras assistenciais, supervisoras e coordenadoras de enfermagem confirmam que o

aprendizado acontece e que os programas de treinamento possuem grande contribuição neste

contexto.

Pode-se dizer que ficou evidenciado, nesta pesquisa, com base nos depoimentos dos

entrevistados e da análise dos pós-testes, que aqueles colaboradores que gostaram do

programa de treinamento, consequentemente, estiveram mais propensos a aprender, o que

confirma, em parte, a proposição de Kirkipatrick (2010) referente à inter-relação entre os

níveis, pois, a priori, foi identificada a inter-relação entre os Níveis 1 e 2, Reação e

Aprendizagem.

Seguindo os objetivos específicos para o Nível 3 – Mudança de comportamento do

modelo proposto por Kirkpatrick (2010), compreendido como o efeito da participação no

programa de treinamento. Segundo Kirkpatrick (2010), quando os treinandos não estão

praticando o que aprenderam, é importante investigar o fato. Porém, entre alguns aspectos,

deve-se considerar: a pessoa tem que querer mudar, saber o que fazer e como fazê-lo, precisa

trabalhar no ambiente adequado e precisa ser recompensada pela mudança.

Foi percebida certa fragilidade neste nível, partindo do princípio de que nem todos os

técnicos de enfermagem praticam todas as etapas do protocolo de administração de

medicamentos.

Isso pode estar relacionado a alguns aspectos, que sugerem reflexão:

a) não possuir o entendimento/consciência frente à importância do fluxo de

administração de medicamentos para a integridade do paciente;

b) a dinâmica do setor, por vezes muito intensa, faz com que alguns interrompam as

etapas e se percam no passo a passo do fluxo, dando continuidade não

necessariamente de onde interrompeu o processo;

c) alguns, por estarem insatisfeitos, simplesmente não cumprem o fluxo;

d) alguns precisam de monitoramento constante;

e) alguns precisam ser reconhecidos ou recompensados por isso.

Os achados neste nível referem-se à mudança de comportamento observável e são

condizentes com a teoria de Kirkpatrick (2010). Cabe destacar que, embora os treinamentos

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sobre administração de medicamentos tenham sido intensificados em 2012, os participantes

precisam de tempo para absorver o aprendizado, apropriar-se dele e efetivamente transferir

esse aprendizado para o comportamento, o que ainda não foi percebido no dia a dia dos

técnicos de enfermagem da instituição estudada.

Com base na análise do comportamento observável, pode-se sedimentar a

aprendizagem adquirida nos programas de treinamento com um programa complementar

relacionado à conscientização dos participantes quanto à importância do cumprimento das

dezessete etapas do fluxo de administração de medicamentos para a segurança do paciente, e

segurança do próprio técnico de enfermagem.

Então, após essa conscientização, é pertinente realizar campanhas, outras simulações

realísticas e observações in loco, além de estruturar sistemáticas de recompensas para os

colaboradores, implementar formas de gratificar, premiar, conceder folgas e criar estratégias

que motivem os colaboradores e os estimulem a modificar o comportamento.

Entretanto, todas as ações que venham a ser planejadas e implementadas não

invalidam a atuação do enfermeiro, cujo papel de acompanhamento e monitoramento da

prática desses profissionais é essencial para garantir uma assistência com qualidade e

segurança.

Os fatores relacionados ao Nível 4 – Resultados da teoria de Kirkpatrick (2010)

revelam o retorno à instituição sobre os treinamentos ofertados, tais como melhorar a

qualidade, a produtividade e a segurança. Foram identificados os resultados obtidos, baseados

nos indicadores assistenciais de administração de medicamentos da instituição estudada, que,

embora demonstrem dados positivos, não podem necessariamente ser atrelados aos programas

de treinamento ministrados, devido a alguns aspectos que devem ser considerados neste

contexto.

Um dos aspectos revelou, mediante análise de documentos, certa incongruência entre

treinamentos realizados e resultados atingidos, pois, no segundo semestre de 2012, houve

maior quantitativo de treinamentos realizados e, quando comparado com os indicadores

assistenciais sobre administração de medicamentos do mesmo período, foram observadas

oscilações nos índices atingidos, o que não denotou contribuições em termos de resultados

obtidos que pudessem ser relacionadas aos programas de treinamento realizados.

Outro aspecto a considerar é que alguns profissionais podem não ter o hábito de

notificar todas as falhas ou quase-falhas, sendo passível a monitorar dados por meio de

indicadores que ainda podem ser mais fidedignos. Talvez o hospital necessite de maior

maturidade na gestão de indicadores, ou talvez o turnover da enfermagem tenha influência

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sobre o ato dos profissionais notificarem ou não seus desvios, pois a adaptação requer tempo

necessário para que os profissionais possam introjetar os conceitos e práticas da instituição.

No âmbito geral, foi possível concluir que, no processo de avaliação dos quatro níveis

proposto por Kirkpatrick (2010), os níveis iniciais, Reação e Aprendizagem, ainda não são

devidamente monitorados nesta instituição – estão em desenvolvimento e precisam ser

aprimorados, enquanto os processos de avaliação dos níveis mais complexos, Comportamento

e Resultados, são praticados e monitorados, o que difere das práticas que o autor cita, quando

faz menção às instituições que avaliam os programas de treinamentos, cujas práticas de

avaliação se aplicam mais aos níveis iniciais, Reação e Aprendizagem, deixando a desejar no

monitoramento dos níveis mais complexos, Comportamento e Resultados.

No tocante à eficácia das avaliações dos quatro níveis proposto por Kirkpatrick

(2010), foi concluído que existe eficácia nos níveis que não são monitorados, Reação e

Aprendizagem, enquanto que em relação aos níveis em que existe um acompanhamento

sistemático, a eficácia ainda requer melhoria (Comportamento e Resultado).

Pode-se evidenciar que o turnover da enfermagem tem influenciado nos resultados dos

programas de treinamento, que o monitoramento das enfermeiras tem contribuído para

melhores resultados e que a prática de notificação das quase-falhas e erros de administração

de medicamentos tem crescido nos setores investigados nesta pesquisa.

O estudo baseado na teoria de Kirkpatrick foi muito relevante, pois contribuiu para

uma visão mais crítica acerca dos programas de treinamentos e desenvolvimento, além de

identificar caminhos para o serviço de Educação Continuada, que sugerem oportunidades de

melhoria para as práticas assistenciais.

5.2 Sugestões de planos de ação

Além de dar continuidade aos programas de treinamento, podem ser implementadas

ações motivacionais e de reconhecimento das pessoas, para retenção dos talentos na

instituição. O turnover da equipe de enfermagem tem dificultado a eficácia dos treinamentos,

pois os profissionais são treinados e, pouco tempo depois, não estão mais na instituição, o que

pode impactar na mudança de comportamento observável e na manutenção dos resultados

obtidos.

Recomenda-se a implantação de uma universidade corporativa, como alternativa de

retenção, formação e qualificação dos técnicos de enfermagem nos moldes assistenciais de

que a instituição necessita, podendo estabelecer parcerias com escolas de Enfermagem para

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viabilizar o desenvolvimento de programas personalizados.

Cabe adotar a criação de grupos experimentais (que receberam treinamentos), para que

se possa realizar o comparativo com grupos não treinados, visando efetivamente à avaliação

da eficácia dos programas de treinamento, principalmente no que refere à mudança de

comportamento observável.

Pode ser de grande valia a estruturação do laboratório da Educação Continuada,

buscando equipá-lo conforme estrutura interna dos postos de Enfermagem, no que tange a

infraestrutura, equipamentos e materiais, para promover treinamentos práticos conforme a

realidade setorial, com o intuito de alavancar resultados por meio do investimento no

desenvolvimento das pessoas.

5.3 Recomendações para trabalhos futuros

Com respaldo nas conclusões obtidas nesta pesquisa, e mediante poucos estudos

acerca do tema avaliação de programas de treinamento, no segmento de saúde, na região do

Recife-PE, percebe-se que muitos estudos podem ser explorados, a saber:

a) uma abordagem longitudinal, que envolva o processo evolutivo dos resultados

provenientes dos programas de treinamento ao longo do tempo nas organizações;

b) ampliação do escopo desta pesquisa, de forma a identificar a eficácia dos

programas de treinamentos em toda a instituição, e não em setores específicos;

c) sugere-se, também, explorar, dada a problemática acerca do tema, erros de

administração de medicamentos e suas possíveis consequências aos pacientes, um

estudo de múltiplos casos, em nível regional, como forma de identificar boas

práticas para promover a segurança dos pacientes nos procedimentos assistenciais;

d) uma pesquisa direcionada à eficácia de outros programas de treinamento, além de

administração de medicamentos, que também sejam impactantes à área de saúde,

como, por exemplo, os programas sobre ressuscitação cardiopulmonar,

considerado essencial para instituições hospitalares;

e) e, por fim, também se pode utilizar a replicação do modelo de Donald Kirkpatrick

(2010), partindo do princípio de que não foram identificadas neste estudo, outras

instituições hospitalares da região que avaliem seus programas de treinamento de

acordo com os quatro níveis propostos pelo autor.

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APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas para técnicos de enfermagem

Roteiro de entrevista para Técnicos de Enfermagem

Roteiro de entrevista para pesquisa que tem como objetivo identificar a reação dosparticipantes quanto ao treinamento:

Administração de medicamentos

Reação:1. Você gostou do treinamento?2. De acordo com a sua necessidade e interesse, o assunto foi pertinente?3. Como avalia o conteúdo ministrado?4. Como você avalia os instrutores?5. O que poderia melhorar o programa?

Aprendizagem:

1. Você aprendeu com o treinamento?2. Você se sente preparado para aplicar esse conteúdo na sua rotina?

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APÊNDICE B – Roteiro de entrevistas para enfermeiros da educação continuada

Roteiro de entrevista para Enfermeiros da Educação Continuada

Roteiro de entrevista para pesquisa que tem como objetivo identificar a aprendizagem e ocomportamento no treinamento abaixo:

Administração de medicamentos

Aprendizagem:

1. Foi realizado pré e pós-teste?2. Como vocês identificam que o treinamento gerou aprendizagem?3. Existem auditorias para monitorar a eficácia nos setores?

Comportamento:

1. Como vocês avaliam a mudança de comportamento?2. Houve simulação realística?

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APÊNDICE C – Roteiro de entrevistas para enfermeiros assistenciais

Roteiro de entrevista para Enfermeiros Assistenciais

Roteiro de entrevista para pesquisa que tem como objetivo identificar a aprendizagem e ocomportamento dos técnicos de enfermagem no treinamento abaixo:

Administração de medicamentos

Aprendizagem:

1. Como você percebe se o treinamento foi eficaz?2. Existe auditoria para monitorar a eficácia dos treinamentos?

Comportamento:

1. Como você percebe se o treinamento gerou alguma mudança no comportamento dostécnicos de enfermagem?

2. Existe simulação realística no seu setor? O enfermeiro participa?

Resultado:

1. Existe item de controle relacionado à eficácia desse treinamento?2. Existe algum indicador?

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APÊNDICE D – Roteiro de entrevistas para supervisores, coordenadores

Roteiro de entrevista para Supervisores e Coordenadores

Roteiro de entrevista para pesquisa, cujo objetivo é identificar se os treinamentos têmcontribuído para os resultados das práticas assistenciais.

Administração de medicamentos

Comportamento:

1. Como você percebe se o treinamento gerou alguma mudança no comportamento dostécnicos de enfermagem?

2. Você participa de alguma simulação realística?

Resultado:

1. Existe item de controle relacionado à eficácia desses treinamentos?2. Quais os indicadores assistenciais você monitora?3. Existe indicador de reclamação dos clientes, quanto à prática assistencial?4. Você participa de alguma simulação realística?5. Como você avalia os resultados da sua área?

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APÊNDICE E – Roteiro de entrevistas para gerentes

Roteiro de entrevista para Gerentes

Roteiro de entrevista para pesquisa, cujo objetivo é identificar se os treinamentos têmcontribuído para os resultados das práticas assistenciais.

Administração de medicamentos

Comportamento:

1. Você participa de alguma simulação realística?2. Você consegue identificar mudança no comportamento dos técnicos de enfermagem,

após treinamento ?

Resultado:

1. Quais indicadores assistenciais você monitora?2. Existe indicador de reclamação dos clientes, quanto à prática assistencial?3. Como você avalia os resultados dos treinamentos?4. Como você avalia o resultado da sua área?

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APÊNDICE F – Categorização - entrevista com técnicos de enfermagem

Você gostou do treinamento de administração de medicamentos?

Respostas

Afirmativas

67 %

Repostas afirmativascom ponderações

21%

Respostas negativas

4%

Não se recorda dotreinamento

8%

Tec 1: “Gostei dotreinamento,contribuiu para aprática. Acho queajuda a melhorar aatuação do técnico.”

Tec 3: “Gostei.”

Tec 7: “Então, é... euacho sim quecontribui. Eu achosim, em todos osaspectos, assim.Porque até, assim, é...tem gente que tem operfil de trabalhar,principalmente naquestão técnica deadministração, emoutros cantos, equando chega aqui étotalmente diferente.”

Tec 8: “Gostei. Eugostei, não é?Aprender é semprebom, né?”Tec 9: “Foi, foi bom.Assim, a gente... ela,assim, a pessoa quetreinou a gente, passamuito bem, explicamuito bem.”

Foi bem... foi bemespecífico, né? Eleexplicou bem.Disseram cada etapaque a gente tem quefazer, foi bemesclarecedor. Eulembro que, pelomenos nisso, nãotiveram nem pessoas

Tec 5: “Ele é bom,mas ele... assim, asinformações que agente tem acesso sãoboas, só que é muitacoisa pra vocêassimilar o dia todo,você assimilar. Eoutra, que eu vinha deoutro hospital, davatrinta e seis horas,dava meu plantãoaqui, o de lá e ficavaaqui, o dia todo. Aíficava difícil,complicado pra... praassimilar também,né?”

Tec 6 (UCE): “Gostei,porque é válido, não éverdade? Porque tudoque venha pramelhorar o trabalhopra gente com certezaé válido. Só que,dependendo dohorário. E às vezes agente ta em horário demedicação...”

Tec 14: “Foi bom, foiinteressante. Écansativo porque é odia todo, né, mas,tirando isso...”

Tec 18 (UTI): “Sim,mas funciona melhorno setor.”

Tec 26 (UTI): “Gosteie aprendi mais nosetor”Tec 27: “Sim, mas é

Tec 2: “Olha, por falarnisso, teve uma vezque eu não me lembrocom quem foi a pessoaque estavaministrando lá, é...sobre medicamentos...que vão pela sondanasoenteral..... eu achei que faltouchão para essa pessoapisar, logo não sabia oque estava dizendo.”

.

Tec 4: “Deixa eu ver...não, não, acho eu quenão participei não.”

Tec 12: Ela orientavaem relação aosmedicamentos, tudo oque era passado praela, ela passava pragente. Mas, assim,diretamente, não.

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que “ah, e assim,como é que faz?”,porque foi bem...Tec 10: “Sim, foi bemesclarecedor, mesmo.”Tec 11: “Foi bemclaro.”Tec 13: Eu gosto e euaprendo mais quandoé no setor.Tec 15: “Não, gostei.Acho queprincipalmenteporque, assim, numasala de aula, ou noauditório, você tadistante da área deonde vai ser realmentefeito, executada atarefa. Então, no setor,fica melhor, porqueassim, ela não fez logocom todo mundo, fezcom os grupos.”

Tec 16: “Gostei.”

Tec 17: “Eu gostei dotreinamento, porquequando a gente chegouaqui aí ficou mais fácilda gente fazer,administrar amedicação prospacientes. Porque,assim, os colega ajuda,mas como a gente sóvê lá embaixo umabagagem boa, aí émais fácil. Por contadisso.”Tec 19: “Ajuda,porque, de certaforma, é diferente dosoutros hospitais.”Tec 20: “Sim, a gentetem treinamento todosos dias aqui. Todo diadona ... treina agente.”Tec 21: “Pessoas jálevaram para outrasinstituições a formacomo é realizado aadministração de

melhor no setor.”

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medicamentos aqui.”

Tec 25: “AprendemosEu to dizendoaprendemos porquedeu pra todosaprender. Gostamos, éimportante, realmenteter aí esses passos.”

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APÊNDICE G – Categorização - entrevistas com técnicos de enfermagem

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ANEXO A – Procedimento operacional de administração de medicamentos

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ANEXO B – Fluxo de administração de medicamentos

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ANEXO C – Plano de aula

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ANEXO D – Pós-teste

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ANEXO E – Check list preparo de administração

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ANEXO F – Indicador de erro e quase falha