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A face oculta do trauma (Avaliação dos acidentes domésticos na infância na comunidade de Vila Nova de Cajá/PB) PROGRAMA DE INTERIORIZAÇÃO EM TRABALHO DE SAÚDE – PITS/MS/CNPq NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA – NESC/UFPB MÁRCIA ABATH AIRES DE BARROS ROBERTA ABATH TARGINO

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A face oculta do trauma(Avaliação dos acidentes domésticos na infância na

comunidade de Vila Nova de Cajá/PB)

PROGRAMA DE INTERIORIZAÇÃO EM TRABALHO DE SAÚDE – PITS/MS/CNPq

NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA –NESC/UFPB

MÁRCIA ABATH AIRES DE BARROSROBERTA ABATH TARGINO

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Introdução

n Trauma é uma doença ignorada como um problema de saúde da comunidade.

n Apresenta profundos enraizamentos nas estruturas sociais, políticas e econômicas e na formação moral individual dentro de um processo dinâmico e sinergente.

n Problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência que tem provocado forte impacto na morbimortalidade da população.

n Segunda causa de óbito no quadro de mortalidade geral na (décadade 80).

n Mata cerca de 120.000 pessoas por ano.n Implica no aumento do APVP e na diminuição da população

economicamente ativa.n Perda anual de 7,1 bilhões de dólares em produtividade de trabalho.

A face oculta do trauma(Avaliação dos acidentes domésticos na infância na

comunidade de Vila Nova de Cajá/PB)

n Forte impacto econômico por gastos hospitalares com internação, UTIs e dias de permanência geral.

n Em 1997 o total desses gastos corresponderam a 232.376.612,16 (8% das internações por todas as causas).

n Mata a cada dia 350 brasileiros e deixa 1.000 seqüelas definitivas.

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n Em 1991 dados da ONU revelaram que em cada grupo de 1.000 brasileiros, 17 eram portadores de seqüelas definitivas.

n Primeira causa de morte abaixo dos 40 anos.

n Dos 15 aos 19 anos quase 70% dos óbitos são devido ao trauma (67,2%).

n O grupo de crianças, adolescentes e jovens de 0 a 24 anos tem sido vítimas de diferentes tipos de acidentes e violências.

A face oculta do trauma(Avaliação dos acidentes domésticos na infância na

comunidade de Vila Nova de Cajá/PB)

n Classificação epidemiológica• Acidentes domésticos: quedas, queimaduras, intoxicações,

afogamentos e outras lesões.• Acidentes extra-domésticos: acidentes de trânsito, de

trabalho, afogamentos, intoxicações e outras lesões.• Violências domésticas: maus tratos físicos, abuso sexual,

psicológico, negligência e abandono.• Violências extra-domésticas: exploração do trabalho infantil,

exploração sexual.n Mundialmente os acidentes na infância vem atingindo índices

relevantes.n Na mortalidade infantil o ambiente doméstico é o principal local

onde é gerado esses agravos.n O acidente doméstico assume a tendência epidemiológica (fase

pré-dano, fase de dano e pós-dano).

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Objetivos

n Geraln Estudar o trauma pediátrico por acidentes domésticos na comunidade de Vila Nova de

Cajá-PB

n Específicosn Caracterizar o acidente doméstico na população infantil de 0 a 14 anos na

Comunidade de Vila Nova de Cajá-PBn Identificar o principal tipo de acidente doméstico.n Avaliar a unidade familiar quanto a multifatoriedade determinante do acidente

doméstico.n Evidenciar a necessidade de implementação de ações relacionadas à vigilância

epidemiológica para acidentes domésticos.n Evidenciar a necessidade de capacitação em suporte de vida no trauma, para

estratégia do “Saúde da Família”n Avaliar os princípios do SUS para o traumatizado na atenção básica de saúde

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Materiais e métodon Área de concentração: medicina preventivan Estudo observacional, transversal e de ocorrência de acidentes

domésticos, faixa etária de 0 a 14 anos de janeiro a dezembro de 2001.n Comunidade Vila Nova de Cajá, Caldas Brandão – PB, constituída de 420

famílias (3 micro-áreas)

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comunidade de Vila Nova de Cajá/PB)

A face oculta do trauma(Avaliação dos acidentes domésticos na infância na

comunidade de Vila Nova de Cajá/PB)

n Inquérito familiar pela equipe do PITSn Termo de consentimento livre e esclarecido respaldado na resolução 196/96,

Decreto nº 93.933 de 14 de janeiro de 1998

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n Variavéis:

n Quantidade de crianças na casa, o sexo e a idade destes constituintes, a ocorrência do acidente durante o período estudado, a idade e o sexo da criança acidentada, o tipo de acidente doméstico, o modo comoocorreu, a época do evento (turno, mês), o local do acidente, o acompanhamento da criança no momento do trauma, a notificação doagente comunitário de saúde e o atendimento inicial realizado. Foram observados o tipo de moradia, número de cômodos, tipo de piso e outras condições de risco físico, como desnível do assoalho, tip o de fogão, localização do fogão, exposição e ou danificação da rede elétrica, facilidade e acesso à medicamentos ou substâncias tóxicas.

n Ordem geográfica de entrevistasn Justificativa do método: Observação in loco da variáveis estudadas e

fidedignidade da amosta (351 famílias e 454 crianças de 0 a 14 anos)n Limitações da pesquisas: Subnotificações dos casos (ética profissional)n Fontes para pesquisa bibliográfica:n BIREME, LILACS e da Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP –

Universidade Federal de São Paulo.

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Resultados das 351 famílias entrevistadas e 454 crianças na faixa etária de 0 a 14 anos

Distribuição percentual do acidente doméstico

Por tipo de família Por sexo

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“Pré-escolares, vítimas de acidentes domésticos diferentes”

Distribuição percentual do acidente doméstico por faixa etária

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Distribuição percentual dos tipos de acidentes domésticos

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24%

74%

2% QueimaduraquímicaQueimadura física

Queimaduraelétrica

Distribuição percentual do tipo de queimadura

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0

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6

8

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16

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Não sa

beJan

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Fever

eiro Março

Abril

MaioJun

hoJun

hoAg

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Setem

broOutu

bro

Novembro

Dezem

bro

Distribuição percentual dos acidentes domésticos

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comunidade de Vila Nova de Cajá/PB)

38%

20%

42% Manhã

Tarde

Noite

Por mês de ocorrência

Por turno de ocorrência

2% 16%

29%18%

24%

11%Banheiro

Calçada

Cozinha

Quarto

Quintal

Sala

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Distribuição percentual dos acidentes domésticos por local de ocorrência

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31%

28%

8%

4%

8%

9%12%

Sozinha

Mãe

Irmão(s)

Pai

Pais

Tio(s) e/ou Avós

Outros

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Por tipo de acompanhante Por tipo de atendimento inicial

Distribuição percentual dos acidentes domésticos

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7%

93%

Sim

Não

Quanto a notificação do agente comunitário de saúde

Distribuição percentual dos acidentes domésticos

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0

50

100

ImediateDeaths

EarlyDeaths

Late Deaths

% ofDeaths

Distribuição Trimodal das Mortes no Trauma

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Distribuição percentual das variáveis de risco nos dois grupos de família

010203040506070

Barro Batido Cerâmica CimentoBruto

CimentoQueimado

Famílias com Acidente Famílias sem Acidente

01020304050607080

Sim Não

Famílias comAcidente

Famílias semAcidente

Tipo de pisoDesnível do piso

0

10

20

30

40

50

60

Ambos Gás Lenha

Famílias comAcidente

Famílias semAcidente

0102030405060708090

Cozinha Quarto Quintal

Famílias comAcidente

Famílias semAcidente

Tipo de fogão Localização do fogão

0

20

40

60

80

100

Sim Não

Famílias comAcidente

Famílias semAcidente

Distribuição percentual das variáveis de risco

Tipo de iluminação Exposição e/ou danificação da rede elétrica

0

20

40

60

80

Sim Não

Famílias comAcidente

Famílias semAcidente

0

20

40

60

80

100

Sim Não

Famílias comAcidente

Famílias semAcidente

Acessibilidade à medicamentos Acessibilidade à substâncias tóxicas

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Condições de risco físico: tipo e desnível do piso

“O Brinquedo”

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Criança autista de 10 anos de idade mantida presa.

Única forma de prevenção de que a mãe dispõe contra

atropelamento na BR -230

“Crianças cuidando de crianças”

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“As chamas que queimam são as mesmas que iluminam”

“As marcas da infância ficam para sempre”

Seqüela de queimadura física. Lesão térmica por chama aos 10 anos. 20 anos sem sorriso.

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Quem se dedica em emergência, particularmente no atendimento inicial ao trauma, dentro da estratégia do Saúde da Família, tem que ter

um perfil profissional psicológico especial, pois além de lidar com o evento traumático em si,

convive com o lado oculto e esquecido do trauma.

"Roberta e Márcia Abath"

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Conclusão

n Os acidentes domésticos, apesar de subestimados, são eventos freqüentes na população infantil de 0 a 14 anos da comunidade de Vila Nova - Cajá, especialmente nos pré-escolares.

n As queimaduras, dentre estas as físicas, representam o principal tipo de acidente doméstico.

n O ambiente familiar é que influencia na geração do evento traumático, e não somente as condições físicas de moradia.

n Inexiste o atendimento pré-hospitalar e o atendimento inicial ao trauma na infância é inadequado, feito em sua maioria por pessoas incapacitadas e fora da unidade básica de saúde ou de ambiente hospitalar.

n O trauma infantil é um problema de saúde pública, passível de prevenção e redução da morbimortalidade dentro da Atenção Básica de Saúde.

n A face oculta do trauma transcende a relação médico-paciente e ultrapassa as fronteiras das pesquisas científicas existentes. É preciso ter novos olhos para tão grave e profundo problema.

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