a face oculta das religiões - josé reis chaves

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  • 7/25/2019 A Face Oculta Das Religies - Jos Reis Chaves

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    A FACE OCULTA DAS RELIGIES

    UMA VISO RACIONAL DA BBLIA

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    NDICE

    Agradecimentos........................................................................7

    Prefcio.....................................................................................9

    Captulo 1: Deus numa viso universal.................................13

    As religies orientais e outras.................................................16

    Ateus que no eram ateus......................................................21

    Spinoza e Einstein..................................................................23

    Frases sobre Deus e o espiritualismo.....................................27

    Captulo 2: O cristianismo primitivo e as heresias................34

    Gnosticismo ou Gnonse.........................................................37

    Montanismo............................................................................39

    Nestorianismo.........................................................................40

    Monofisismo............................................................................41

    Origenismo..............................................................................43

    Pelagianismo...........................................................................45

    Captulo 3: A Bblia................................................................48

    Divises da Bblia...................................................................49

    Quem escreveu a Bblia, quando e como?.............................53

    Curiosidades e peripcias da Bblia........................................55

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    Adaptaes da Bblia...............................................................62

    O que de Cristo se mistura com o que de Csar...............64

    As tradues da Bblia.............................................................68

    Captulo 4: Cristianismo esotrico e exotrico.......................73

    Arianismo................................................................................78

    O cristianismo adotou muitas tradies pags........................85

    Smbolos..................................................................................89

    Captulo 5: Religio e santidade.............................................91

    F, predestinao, prece e salvao.......................................95

    Captulo 6: Demnios, anjos e diabos....................................98

    Diabos....................................................................................100

    Captulo 7: A Santssima Trindade e o Esprito Santo........107

    O que que est errado na Trindade Crist..................109

    O Esprito Santo.....................................................................114

    Captulo 8: A reencarnao, crena ou realidade?..............120

    Terapia de Vivncias Passadas (TVP)...................................122

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    Transcomunicao Instrumental (TCI) e Projeciologia...124

    A reencarnao e a Bblia.......................................................126

    Captulo 9: De uma mesma fonte vm todas as religies.133

    Erros da Teologia Eclesistica................................................135

    Captulo 10: A Bblia e o ressurgimento de suas prticas....142

    Fenmenos espirituais na Bblia.............................................146

    Profecias e outros dons espirituais.........................................148

    Ressurreio da carne no existe..154

    Jesus no poderia subir ao cu com o corpo carnal...158

    Concluso...............................................................................162

    Sobre o autor..........................................................................166

    Referncias bibliogrficas.......................................................168

    Abas....171

    Capa172

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais Joo dos reis Rodrigues Milagres e Ana Chaves

    Milagres, que me deram uma educao exemplar totalmente voltada para aespiritualidade, o que despertou em mim o interesse pelo seu estudo.

    minha dileta companheira Justina Ins Valandro.

    Aos meus filhos Llian, Ricardo, Mrcia (e sua me Vanilda), Camila eTiago.

    Aos meus irmos, alguns j residindo no Plano Espiritual: Maria,Geraldo, Ana, Terezinha, Luciana, Ins e Catarina.

    E a todos os meus grandes amigos que sempre incentivaram meutrabalho no rdio, TV e como palestrante e articulista de jornais e revistas,entre os quais o empresrio e deputado Federal Dr. Vittorio Medioli, Presidentedo jornal O TEMPO, de Belo Horizonte, MG, em que tenho uma coluna bblico-esprita, s segundas-feiras, j h quatro anos, Professor Rosrio AmricoResende, Professora Malvina Resende, Professor Pedro do Nascimento,Presidente do Comit da Paz, Seo MG, Zenade Faria, Oswaldo Faria, Dr.Oswaldo Wenceslau, Professor Reginaldo A. Orlandi, Professor AntnioEustquio Gonalves, Dr. Abro Roque Silva, Dr. Sidney Batista, Dr. Ari

    Gonalves Neves, Lincoln Souza Cruz, Gilmar Jos Gouveia Giostri, AlosioWagner, Professora Jussara, Paulo Neto, Alamar Rgis Carvalho, NelsonMorais, Professora Ana Maria Eustquia Santos, Joo Batista, Geraldo Sader,Professora Anglica, Dra. Francisca, Dr. Jos Herculano de Souza, JooCncio , Dr. Juarez Tvora de Freitas, Fernando Magalhes, Professor NritonBraz, Wilmar Braz, Estevo Flores de Salles, Betinho, Dr.Waldemar Falco,Carlito, Josias, Dr. Jacy Henrique Pereira, Dr. Leonardo Magalhes, ClausySoares, Dr. Martin Claret, Jether Jacomini (da Rede Boa Nova) e muitos outros,que no esto aqui mencionados, mas que esto tambm em meu corao.

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    PREFCIO

    uma grande ousadia querer algum falar sobre Teologia, j que essa

    palavra designa um tratado sobre Deus, sobre o qual no temos condies denada falar, j que Ele um Ser Infinito, portanto ininteligvel, para ns seresfinitos.

    Provavelmente, por vislumbrar essa grande verdade, que SantoToms de Aquino, autor de uma das maiores obras sobre Deus e Teologia, aSuma Teolgica, tenha dito, pouco antes de morrer, que tudo aquilo queescrevera era palha. Ou teria sido porque ele se inspirou em Aristteles, semdvida, um dos maiores gnios da Filosofia que a humanidade j teve, masque, se no pode ser tachado de materialista, foi um homem indiferente s

    questes relacionadas com a espiritualidade, que representa a ponte deligao com Deus.

    E, se uma ousadia querermos falar sobre Deus ou sobres as questesinerentes a Ele, mais ousadia ainda algum enveredar pelo caminho dascoisas subjacentes s coisas de Deus.

    Por isso, talvez, at sejam meio fantasiosas algumas abordagens destaobra A Face Oculta das Religies. Mas uma coisa certa, ela procurafundamentar-se numa hermenutica e numa exegese independente de toda e

    qualquer corrente teolgica crist tradicional e dogmtica, numa tentativa demostrar concluses baseadas na lgica e no bom senso, sob a tica damentalidade do homem de hoje, e no da mentalidade da Inquisio, dasCruzadas e do desrespeito total cultura religiosa indgena, nas regiescolonizadas pelos civilizados!

    E poderamos at dizer que o que oculto justamente aquilo que amentalidade do passado deixou de perceber ou que, a restrio da liberdadereligiosa no deixou prevalecer na ortodoxia do Cristianismo, com o agravo domenor conhecimento que se tinha dos textos bblicos no passado, em relao

    ao conhecimento que se tem deles hoje.

    Ademais, h uma evoluo constante em todos os setores dahumanidade. E a evoluo do esprito e da mentalidade, consequentemente,impe-se poderosa e soberana, mentalidade essa que, como lavas de umvulco, vai levando de roldo tudo o que encontra pela frente, fazendo cair emdesuso e desatualizando tudo o que, no passado, parecia ser verdadesintocveis e irretocveis.

    Muitas vezes, a verdade justamente aquilo que menos queremos ouvir,

    pois cada um tem a sua verdade, a qual protegida com todas as armaspossveis de que lana mo aquilo que o mais suspeito de no ter a verdade,

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    ou seja, o nosso ego, causa principal da maioria dos males que afligem ahumanidade.

    Ter coragem de dizer a verdade , s vezes, o mais arrojado ato deherosmo e santidade. Essa atitude era uma das grandes virtudes dos hereges

    que, por esse motivo, tornaram-se mrtires da mentalidade atrasada dahumanidade de ontem.

    Ao se dizer uma verdade, no se deve concluir, necessariamente, quese esteja agredindo algum ou uma organizao que, no passado estava ouainda est no erro. Mas pode-se estar apenas condenando o erro. E essa ainteno nica do autor deste livro.

    Quando o Papa Joo Paulo 2 veio a pblico pedir perdo pelos errosmais conhecidos cometidos pela Igreja Catlica Apostlica Romana no

    decorrer da Histria, jamais ele quis agredir a Igreja que ele dirige e ama, masto-somente mostrar que ela errou e lamentava esses erros, dos quais, pois,pedia perdo.

    Assim como foi necessrio que, anteriormente, muitos apontassem oserros da Igreja, para que hoje o Papa viesse a pblico abjur-los, sernecessrio, tambm, que outras pessoas apontem os muitos outros erros que aIgreja ainda tem, para que, futuramente, outro Papa, num gesto heroico derenncia s instncias do ego, faa o mesmo que fez o Joo Paulo 2, ou seja,pedir perdo humanidade pelos outros erros da Igreja, principalmente na rea

    teolgica.

    A mentalidade do passado era complacente com a morte dos heregesna fogueira, justamente porque essa mentalidade era atrasada. E no seriatambm por ela ser atrasada que, em parte pelo menos, no se aceitaram asteses herticas? O certo que as mortes na fogueira foram substitudas pelasexcomunhes, que tantos e desconfortveis incmodos causaram aos hereges.E ambas as coisas, excomunhes e incmodos dos hereges, eram tambmfrutos de uma mentalidade atrasada. Podemos dizer, pois, que a causa

    principal das aberraes religiosas a ignorncia ou atraso mental.Mas agora, j passaram as mentalidades atrasadas das mortes nas

    fogueiras, das excomunhes (a Igreja praticamente no excomunga maisningum) e das consequncias de incmodos materiais e morais para oshereges. Sim, justamente por os hereges de ps-Inquisio serem numerosos,a Igreja se cansou de excomung-los, e as excomunhes caram em desuso. que a Igreja acabou se convencendo de que sua misso recebida de Jesus de abenoar e no de excomungar ou amaldioar!

    Mas, se terminaram essas coisas que nunca deveriam ter existido, porque no acabam tambm certas ideias que as acobertavam e as originavam?

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    Por que no libertar de vez o cristianismo dos erros, tornando-o vitoriosode facto?

    O objetivo deste livro mostrar algumas das ideias erradas que aindaprejudicam a Igreja Catlica e outras igrejas crists, como, por exemplo, a no

    aceitao oficial da reencarnao. Dizemos a no aceitao oficial, porquegrande parte dos cristos aceita a reencarnao, apesar de os lderesreligiosos a condenarem. Mas eles esto ficando isolados e no vo dar contade continuarem como que escondendo o sol com a peneira. Alis, grande partedos fieis mais culta do que os seus dirigentes religiosos, e, por conta prpriaesto adotando a reencarnao.

    No importa que o modo de pensar do autor e algumas coisas poucoconhecidas, mostradas por ele, venham assustar muitos leitores cristosortodoxos, que esto atolados nos erros de uma mentalidade arcaica vigenteat hoje, apesar desses erros serem insustentveis, pois os hereges tambmassustaram os ortodoxos de ontem. E lembremo-nos de que o maior herege desua religio foi o prprio Jesus. Primeiramente, Jesus desafiou os sacerdotes ea ortodoxia judaicos, e depois transformou grande parte do Judasmo, a suareligio, em Cristianismo.

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    CAPTULO 1

    DEUS NUMA VISO UNIVERSAL

    medida que se vo alargando os conhecimentos humanos,aquela imagem medocre que tnhamos de Deus vai alargando-se.

    Deus deixou de ser provinciano para se tornar universal.

    Werner Von Braun

    (Diretor do Projeto Apolo, responsvel pelo envio do homem Lua).

    Com a crescente democracia religiosa reinante no Mundo Moderno, noOcidente, a partir do fim de Inquisio ou mais precisamente a partir do sculo19, as ideias sobre Deus comearam a aclarar-se, no s para os telogos eas pessoas de nvel intelectual elevado, mas tambm para as massas, quepassaram a alfabetizar-se em maior nmero, e a ter mais acesso aos livros. E,com o advento da imprensa moderna, escrita, falada e televisiva, incrementou-se mais, ainda, o conhecimento sobre Deus, dando origem a uma novaTeologia Crist, que poderamos chamar, na falta de uma melhor expresso,de Teologia do Bom Senso, ou seja, uma teologia racional e desvencilhada

    de certos dogmas confusos e irracionais que foram impostos fora aoscristos.

    A democracia sempre foi e sempre ser o melhor tipo de governo, nos para o bem-estar social dos povos, mas tambm para o seu progressotecnolgico e cientfico. E isso vale tambm para o desenvolvimento de umamentalidade religiosa mais saudvel e mesmo para a evoluo espiritual doindivduo. Realmente, s com a contribuio do pensar livre das pessoas,pode-se chegar verdade plena, aos dons espirituais de profecia, j que, coma profecia, falamos aos homens, edificando, exortando e consolando 1

    Corntios 14, 1,2 e 3). E oportuno que ns nos lembremos aqui de queprofetizar no s dizer verdades, mas tambm, como vidente (1 Samuel 9, 9),adivinhar o futuro e o passado, e dizer verdades, tambm exercer o dom doprofetismo propriamente dito, ou seja, quando um esprito iluminado (EspritoSanto) fala, escreve e gesticula atravs do profeta, modernamente chamado demdium ou canalizador, fenmeno esse que o apstolo Paulo chamou de domespiritual (dom do esprito do indivduo). O profeta desse tipo que recebeespritos denomina-se em Hebraico de profeta Navi ou Nabi, de que a Bbliatem vrios exemplos, assunto esse que os padres e pastores, geralmente,

    ignoram, pois os poucos que sabem guardam segredo sobre esse fenmeno,

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    no o passando para seus alunos e colegas, j que se trata de fenmenoesprita. Num outro captulo, esse assunto voltar baila.

    A Teologia do Bom Senso, a que nos referimos linhas atrs, surge maisdos sbios, que no passado foram chamados de hereges, do que dos telogos

    propriamente ditos. Alis, os hereges eram grandes telogos.

    Os telogos ortodoxos, ou seja, aqueles que pertencem a um sistemareligioso, so fieis s diretrizes que vm das hierarquias superiores desse seusistema religioso, caso contrrio, tero problemas com seus superioreshierrquicos. Por isso, quase sempre preferem o silncio a dizer verdades,servindo eles, pois, mais sua convenincia do que sua conscincia. Defacto, eles tm que cuidar do seu ganha-po, do seu emprego, pois vivem dasua religio, quando deveriam ser voluntrios como o so os espritas, que novivem da sua religio, mas vivem para a sua religio.

    Muitas vezes, nesta obra, vamos usar a expresso TeologiaEclesistica, como o faz Huberto Rohden, no sentido da teologia dedeterminada igreja, que tanto pode ser a Catlica, como pode ser tambm umaigreja protestante ou evanglica. Por Teologia Eclesistica, pois, entendemoso oposto da expresso Teologia do Bom Senso usada por ns.

    Infelizmente, a Teologia Eclesistica, ao invs de arrebanhar maisfieis para o cristianismo, ela responsvel pelo surgimento de um grandenmero de ateus no Ocidente, sendo culpada tambm pela indiferena e frieza

    de grande parte dos cristos. A Teologia Eclesistica foi tambm aresponsvel pela Inquisio. Os hereges morriam na fogueira por noconcordarem com suas doutrinas dogmticas. E um dos maiores errosdoutrinrios da Teologia Eclesistica foi o de antropomorfizar Deus, erro doqual a Igreja j se libertou bastante. E lentamente, ela vai caminhando para aTeologia do Bom Senso. Mas os nossos irmos evanglicos, que herdammuitos erros da Igreja do passado, esto ainda atolados, salvo uma pequenaparcela, na Teologia Eclesistica e na antropomorfizao de Deus, ou seja,numa viso de um Deus velho e barbudo sentado em um trono, moda do

    Deus (Jav) do Velho Testamento, o qual justiceiro, colrico, vingativo,ciumento e possuidor de todas as outras mazelas prprias de ns, sereshumanos. Esse Deus o oposto do Deus de amor, de bondade e demisericrdia, um Deus Esprito e Pai e Me de todos ns, inclusive do prprioJesus. Alis, no dizer do apstolo Paulo, Deus o Pai ou o Rei dos Espritos(Hebreus 12,9).

    Outro grande erro cometido pela Teologia Eclesistica foi a suaimposio fora, tambm, aos indgenas e povos colonizados ou dominadospor guerras religiosas, destruindo grande parte das culturas tradicionais

    religiosas de vrios povos.

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    Devemos, porm, ser moderados nessas crticas contra a Igreja e oJudasmo Antigo, pois esses erros cometidos por eles so devidos ao atrasoevolutivo dessas religies de tempos passados, e ao facto de elas terem sidoligadas direta ou indiretamente ao poder civil, quando no havia ainda regimesdemocrticos, o que levou as religies a tolherem tambm a liberdade depensar de seus seguidores.

    De facto, como vimos, sem democracia ou liberdade, as coisas nocaminham bem, principalmente na rea religiosa, pois a f tem de serespontnea, natural, podendo ser exposta, mas nunca imposta pela fora. Oprprio apstolo Paulo nos adverte dizendo quem nem de todos a f (2Tessalonicenses 3,2).

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    que nos exorta para que nos tornemos um com Ele e o Pai. Mas, infelizmenteacontece frequentemente o contrrio connosco.

    Na China, de Lao-Ts este interessante pensamento sobre Deus: Sevoc pode dar-Lhe um nome, no Deus, se voc pode defini-Lo, no Deus.

    E tambm no Oriente Mdio, o grande mdium Maom, fundador doIslamismo, num momento de grande inspirao, deixou-nos uma frasemagistral sobre Deus, o Criador: No h outro Deus seno Deus.

    Eutiques, um dos mais famosos hereges do Cristianismo Primitivo,deixou-nos uma frase sobre Deus muito significativa e que exatamente deacordo com a Filosofia e a Teologia Orientais, o que, entretanto, quase lhecustou a vida: Quem sou eu para dizer alguma coisa sobre o meu Deus!EEutiques estava mais do que certo, pois que seu pensamento sobre Deus se

    identifica com o do apstolo Paulo: Quem saber as coisas do homem, senoo esprito do homem que nele habita? Assim tambm ningum sabe as coisasde Deus, seno o esprito de Deus (2 Corntios 3,6).

    O notvel mestre de filosofia e teologia, Huberto Rohden, ex-sacerdoteJesuta, que conviveu com Einstein na Universidade de Princenton, e ocriador da Filosofia Univrsica, qual tenho a honra de pertencer, afirmousobre Deus: Ningum pode descobrir Deus mas Deus pode descobrir ohomem, se este o permitir. Na verdade, Deus at j nos descobriu, pois Eleest dentro de ns: O reino de Deus est dentro de vs (Lucas 17,21). Mas

    somente nos conscientizaremos disso, quando estivermos bem evoludos, ouseja, j realmente semelhantes ao nosso Mestre Jesus. So Paulo nos instruiusobre esse facto: At que todos cheguemos unidade da f e estaturamediana de Cristo... (Efsios, 4,13). E a partir da, que ns nos tornaremostambm, de facto, um com Jesus e com Deus.

    Por enquanto, na maioria dos seres humanos, essa unidade com oMestre e Deus s existe em estado potencial, isto , em forma de semente,cabendo ao nosso livre-arbtrio cuidar dessa semente, para que ela germine,

    cresa, floresa e produza bons frutos. Isso acontecer com todos ns. Mas otempo para isso se concretizar em ns depende s de ns, pois nosso livre-arbtrio respeitado por Deus. como na Parbola do Filho Prdigo, ele entrouem si e voltou para o seu pai, que o recebeu de braos abertos e ainda com umgrande e festivo banquete.

    No Bhagavad-Gita do Hindusmo, que, segundo as mais recentespesquisas arqueolgicas levadas a efeito na ndia, data de cinco mil antes deCristo, lemos: Aquele que se abandona a mim inteiramente e que s a mimama, descobre-me. Aquele que me conhece como o Ser nico que vive no

    fundo de todos os seres, nele vivo e ele vive em mim, qualquer que seja ocaminho para o qual, nesta Terra, a sorte o conduz (Charllaye, 1989:73).

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    Para o Budismo, Deus uma vacuidade, um ser indefinido,incompreensvel, imanifesto. Em consequncia disso, o Budismo , muitasvezes, visto como sendo uma religio materialista. Outro fator que nos trazdvidas sobre essa religio o facto de ela preocupar-se muito com as normaspara evoluo espiritual de seus adeptos, at que eles se tornem budas, isto ,iluminados, quando eles passam a fazer parte do Nirvana, em que haveria oaniquilamento da identidade do ser (esprito). Mas, na verdade, o aniquilamento do ego e das paixes. O Budismo classifica Deus como sendo a GrandeRealidade.

    Um dos maiores erros dos telogos foi tachar de ateias pessoas quetinham uma viso diferente deles sobre Deus, como se um filsofo ou umcientista pudesse pensar em Deus do mesmo jeito que pensa uma pessoasimples e analfabeta. E ainda hoje costumam considerar ateus os que creem

    em Deus e Jesus, mas sem seguirem a cartilha religiosa deles. E muitoscatlicos e evanglicos acham que o nico modo certo de pensar sobre JesusCristo o deles e, o que pior, eles no querem que os espritas, os Rosas-Cruz, os tesofos, os adeptos da Seicho-No-Ie, a Igreja Messinica e outrascorrentes religiosas no tenham tambm o direito de admirar Jesus nem de seconsiderarem seus discpulos. No entanto, o Mestre disse: Conhecereis meusdiscpulos por eles se amarem uns aos outros.

    No , pois, a religio ou o modo de pensar das pessoas que determinaquem e quem no discpulo de Jesus. Mas so seus discpulos os que

    fizerem o que Ele nos recomendou, ou seja, a vivncia do seu Evangelho ou oamor incondicional a todos os seres humanos, inclusive aos nossos inimigos.Nesse sentido, Ele nos deixou este ensinamento: Faam aos outros o quevocs querem que os outros lhes faam. E arrematou: Amem uns aos outroscomo eu os amei.

    Os verdadeiros cristos so que nos do o melhor exemplo da vivnciado Evangelho do Mestre, pois so eles que mais praticam a caridade e afraternidade, coisa rara de se ver no comportamento de cada um de ns. E aosque tm o hbito de ficarem condenando os seguidores de outras religies, eis

    uma advertncia do Mestre: No condeneis para no serdes condenados.

    Gandhi nos deixou um grande exemplo de um cristo autntico. Com asua doutrina da no-violncia (Ahinsa), apesar de ser considerado um pago,pois, como adepto do Hindusmo, no era batizado, ele tido como sendo omaior cristo do sculo 20. dele esta frase: Aceito o Evangelho de JesusCristo, mas no aceito a maneira como os cristos o praticam. A IgrejaCatlica, sabendo dos seus valores espirituais e morais, numa sua Campanhada Fraternidade, na dcada de 1980, indicou-o como modelo a ser seguido

    pelos catlicos. E sobre ele afirmou Einstein: Geraes vindouras dificilmente

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    acreditaro que tenha passado pela face da Terra, em carne e osso, umhomem como Mahatma Gandhi.

    Parabns, pois, para a Igreja Catlica, que, no passado, tanto gritavaque afora da Igreja no havia salvao, mas que hoje reconhece embora

    discretamente que toda religio salva. Nossos irmos evanglicos tmherdado muitos erros da Igreja Catlica do passado, sendo um deles esse deque s a Igreja salva. Mas tomara que eles, o mais rpido possvel, deixem delado a herana desse citado erro da Igreja, e passem a herdar a nova e grandeverdade dela de que toda religio salva, doutrina essa que sempre foi muitodifundida pelo Espiritismo, cujo lema : Fora da caridade no h salvao.Ora, essa doutrina pode ser adotada por todas as religies, e ela tambm deSo Tiago que nos ensina: A f sem obras morta. Em outras palavras, sercristo sem caridade perda de tempo.

    Nas regies da sia, em que predomina o Budismo, h uma unio entreos budistas, os hindustas e os cristos. E nas regies em que domina oConfucionismo, h unio entre os confucionistas, hindustas e cristos. Foi oiluminado Ramakrishna quem, em meados do sculo 19, comeou a lanar assementes desse ecumenismo, hoje com um grande nmero de adeptos nasia. Esse movimento ecumnico de Ramakrishna tem o nome de Caodasmo.E nele deve ter-se inspirado o Papa Joo 23, para convocar o ConclioVaticano 2 (1963).

    Quase que ao mesmo tempo em que Ramakrishna iluminava a siacom o seu ecumenismo, Allan Kardec lanava na Frana as bases de ummovimento religioso revolucionrio, isto , o Espiritismo, que, alm de ser umareligio com base na moral contida no Evangelho de Jesus, tambm umafilosofia e uma religio. Os fenmenos espritas sempre existiram em toda ahistria da humanidade, inclusive na Bblia, que est repleta desses fenmenosmedinicos, mormente nos Livros de Atos dos Apstolos, Apocalipse, 1 Samuele a Primeira Carta de Paulo aos Corntios, em seus captulos 12 e 14. O queKardec fez foi, com a sua Codificao, colocar disciplina e ordem na prticados fenmenos espritas, para o que esse grande cientista fez um profundo

    estudo e pesquisa dos fenmenos medinicos. Hoje, apesar das calnias edifamaes por parte da Igreja do passado, o que ainda feito por nossosirmos evanglicos, oi Espiritismo vem ganhando corpo, em todo o mundo,mas principalmente no Brasil, por ser a nao mais catlica do mundo. Issoacontece justamente porque h grandes afinidades entre o Espiritismo e aIgreja, pois enquanto ele lida com os espritos, ela lida com seus santos, queso tambm espritos. Alm disso, a Doutrina Esprita a mais fiel Bblia,como veremos no desenrolar deste livro, principalmente nas questesmedinicas. Para o Espiritismo, Deus a Inteligncia Suprema ou a Causa

    Primria de todas as coisas.

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    Como vimos, h muitas semelhanas entre as ideias sobre Deus e asdoutrinas. E como disse Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosfica:Entre as religies existe uma linha mestra unindo-as todas.

    Se no fossem, pois, o nosso egosmo e o nosso orgulho, no faltaria

    muito para que se concretizasse o desejo de Jesus de um s rebanho e um spastor. Mas as coisas do nosso anticristo esto sempre retardando a chegadade facto do reino de Deus entre ns, que tambm o reino do Cristo. Maschegaremos l!

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    Ateus que no eram ateus

    Como j vimos por alto, a Teologia Eclesistica considerava como sendo

    ateu os indivduos que no se afinavam com ela. E, assim, eram considerados,por exemplo, quando algumas duas suas ideias tinham influncia da FilosofiaOriental, que, diga-se de passagem, muito mais mstica do que a Ocidental,alm de ela se identificar mais com a cincia moderna do que a Ocidental.

    Exemplos do que estamos dizendo aconteceram com Goethe eDostoievsky, que acreditavam em Deus e eram at msticos, sendo mesmoDostoievsky um telogo. Porm, ele foi considerado ateu s porque desejavaintensamente a humanizao do homem. J Goethe, porque pregava adesdemonizao da existncia, ou seja, a inexistncia do demnio tal qual ele

    era tido pelos telogos, foi tachado tambm de ateu. Mas Goethe tinha razo,pois hoje, aquele demnio da sua poca anda meio desacreditado at entre osprprios telogos da Igreja. A no ser entre os evanglicos que, como j vimos,herdam muitos erros da Igreja do passado, o demnio todo poderoso, como sefosse um outro Deus ou Deus do mal, est aposentado. Hoje se sabe que elenada mais do que um esprito humano atrasado. E sobre esse assunto,voltaremos a falar em outro captulo.

    Dostoievsky e Goethe, assim como Nietzsche, eram reencarnacionistas,o que quer dizer que acreditavam na imortalidade do esprito. A dvida

    existente sobre a real posio de Nietzsche, j que ele pregou a morte deDeus. Seria a morte daquele Deus antropomrfico de sua poca? O certo que ele acreditava, de facto, na imortalidade do esprito humano, poisdemonstrou que aceitava a reencarnao. E quem acredita na imortalidade doesprito, cr em Deus. de Nietzsche esta frase: Minha doutrina : Devesviver de modo a poderes desejar a viver novamente esse o teu dever -,pois, de qualquer forma, vivers novamente (Chaves, 1998: 126).

    Diante do exposto, fica-nos, pois, difcil aceitar a afirmao de que

    Nietzsche fosse mesmo totalmente ateu. O que pode ter acontecido que,numa determinada poca de sua vida, ele tenha sido ateu, mas tenha,posteriormente, passado a crer em Deus. Assim pensamos, porque h maistextos deles afirmando a reencarnao: Ns revivemos as nossas vidasdetalhe por detalhe (Chaves, 1998: 126). E eis mais este: O conceito derenascimento um ponto de mutao na histria da humanidade (pgina 125).

    E, quanto a Dostoievsky e a Goethe, que eram tambm adeptos dareencarnao, so deles, respetivamente, os seguintes pensamentos, quejogam por terra, por completo, a afirmao de que eram materialistas: Declaro

    que o amor pela humanidade constitui coisa simplesmente inconcebvel e

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    mesmo impossvel sem a f em Deus e na imortalidade da alma; Meu Deus, longa a arte, e minha vida to curta!

    Ser ateu, no passado soava como sendo algo de pejorativo. Era comoque uma pecha muito grave e uma desonra mesmo. Assim, se um indivduo

    era inimigo da Igreja, um anticlerical, por exemplo, para desacredita-lo,qualificavam-no como sendo ateu. o caso de Voltaire, que no simpatizavamuito com a Igreja e o clero catlico, alm de ser muito irnico com relao aocatolicismo. E por isso, foi tachado de ateu por autores catlicos, o que no verdade. Ele apenas no aceitava os princpios da Teologia Eclesistica ouos dogmas da Igreja, e sim, os da Teologia do Bom Senso. S pela seguintefrase dele, ficamos sabendo que ele era, de facto, um espiritualista: Se Deusno existisse, seria preciso invent-Lo. como disse Santo Agostinho: Nontimo do homem existe Deus. bom ns termos uma religio. Mas, mesmo

    sem religio, podemos ter Deus no corao!Tambm Guerra Junqueiro foi tambm tido como ateu por autores

    catlicos. Mas, na verdade, ele era um crdulo da Teologia do Bom Senso,no aceitando apenas as aberraes da Teologia Eclesistica. Por issoescreveu o livro A Velhice do Padre Eterno, em que ele satiriza o conceito deDeus antropomrfico da Teologia Eclesistica. E conveniente lembrar aquique Padre Eterno, na sua poca, equivalia ao ttulo de Deus, Pai Eterno. E,por um seu pensamento, v-se claramente o que estamos afirmando sobre ele,ou seja, que ele no era ateu: O espia que Deus traz em cada um de ns a

    nossa conscincia.

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    seja imprudente tacharmos o pantesmo de atesmo propriamente dito. Talvezmelhor fosse vermos nessa doutrina um misticismo muito profundo. SantoAgostinho diz algo que endossa mais ou menos o que estamos afirmando:Deus mais intimamente em ns do que ns mesmos. E tambm o apstoloPaulo diz algo semelhante ao de Santo Agostinho: Ns somos templos doEsprito de Deus. E vejamos esta frase de Jesus que nos faz pensar maissobre essa questo de Spinoza que estamos abordando: O reino de Deus estdentro de vs mesmos.

    Entre a afirmao de que Deus tudo e Deus est em tudo h umagrande diferena. E essa diferena faz a diferena entre a Filosofia Oriental afavor do Pantesmo propriamente dito e a Filosofia Ocidental a favor de Deustranscendente. O Pantesmo no s coloca Deus imanente em tudo, mastambm diz que Deus tudo. J o transcendentalismo v Deus imanente em

    tudo, mas tambm fora de tudo ou transcendente e imanente simultaneamente.Assim, o Deus imanente do Pantesmo um erro, enquanto limita Deus scoisas e mesmo confundindo Deus com as coisas. A Filosofia Ocidental estcerta, pois admite Deus imanente, mas tambm transcendental ao mesmotempo, ou seja, Ele est em tudo, mas no tudo, e est, igualmente, fora detudo. E aqui uma ressalva. Como Deus tem livre-arbtrio, Ele est em tudo, sim,mas em que Ele quiser estar.

    O alemo Krause criou uma palavra que esclarece essa questo, isto ,Pantesmo, que significa Deus presente em tudo, o que diferente do

    Pantesmo que, como vimos, afirma que Deus tudo. O Pantesmo tambma tese de Teilhar de Chardin, que, precipitadamente, foi tachado de pantestapor alguns autores. Ele via Deus nas coisas, mas no confundia Deus com ascoisas, e via Deus tambm fora das coisas.

    Muitas vezes difcil sabermos at onde Spinoza era pantesta ouapenas pantesta. Mas, como vimos, no podemos considerar um pantestacomo sendo um materialista propriamente dito. E sobre Spinoza afirmou ErnestRenan: Homem que teve a mais profunda viso de Deus. E vejamos o queafirmou o grande poeta catlico Novalis sobre o filsofo da natura naturans e

    da natura naturata: Spinoza foi um homem brio de Deus.

    E terminamos essa parte com frases de alguns personagens quedispensam comentrios e nas quais eles nos demonstram que Spinoza, orenomado filsofo e telogo do sculo 17, pensava semelhantemente a eles: Aalma divina por natureza (Tertuliano). Somos participantes da naturezadivina (So Pedro). ...no qual vivemos, nos movemos e temos o nosso ser(apstolo Paulo). O reino de Deus est dentro de vs (Jesus) Deus estavasempre presente em mim, mas eu estava ausente Dele (Santo Agostinho).

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    * * *

    Alguns autores dizem que Fernando Pessoa era tambm ateu. A frasedele seguinte demonstra a falsidade dessa afirmao: Os sentidos so divinosporque a relao nossa com o Universo a relao com o Universo de Deus

    (Fernando Pessoa).

    Outro tachado tambm, falsamente, de ateu, e de que j falamos, Voltaire. Eis duas frases dele que desmentem os seus acusadores:

    A voz de Deus nos diz constantemente: uma falsa cincia faz umhomem ateu, mas uma verdadeira cincia leva o homem a Deus.

    Um pouco de filosofia inclina o homem ao atesmo. Profunda filosofiafaz retornar o homem religio.

    Existe um adgio muito popular: Para quem sabe ler, um pingo letra.E, assim, um gnio da cincia como Einstein, por pouquinho que ele setenha dedicado ao estudo sobre Deus, ele deixou para trs a maioria dostelogos. E acontece que ele estudou muito sobre Deus. Juntou, ento, o domda sabedoria com a dedicao ao conhecimento de Deus. Alm disso, Einsteintinha uma sabedoria intuitiva, qual ele mesmo se refere, como nos informamos seus bigrafos, entre eles Huberto Rohden. E de tudo isso, se infere queEinstein tinha um profundo conhecimento sobre Deus.

    E, de facto, ele conseguiu acumular uma grande bagagem culturalreligiosa, como poucos contemporneos dele conseguiram, quebrando,inclusive, um preconceito que muitos cientistas tm com relao aos assuntosinerentes a Deus e s questes religiosas.

    Einstein chegou a fazer conferncias sobre temas espiritualistas, queso estudos profundos ou esotricos (o contrrio dos estudos exotricos oudas massas), tendo tambm escrito bastante sobre esses assuntos.

    Mas a religiosidade de Einstein se coadunava com a Teologia do BomSenso. Sua religio de bero era o Judasmo. Certa vez, ele declarou: Minhareligio no crist nem judaica. Mas Einstein era muito mstico. Para ele, scom um sentimento de religiosidade, ns podemos contemplar a grandiosidadedo Universo.

    Em matria de religio, h pessoas que se acham frente das outras,mesmo que sejam pertencentes mesma religio, dcadas e at sculos.Einstein um exemplo disso. E no podia deixar de ser, por ter sido o grandegnio que era. Assim que, apesar de ele ter sido educado na religio judaica,e conviver com a cultura crist, desvencilhou-se cedo das duas culturas

    religiosas, tendo como absolutamente incompatveis com seu modo de pensaras ideias antropomrficas de Deus, como, por exemplo, a viso de um Deus

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    preocupado com os nossos defeitos e nossos erros, e que nos castigaria porcausa dessas nossas mazelas morais. Na verdade, existem leis espirituais emorais que funcionam de modo inexorvel, as quais nos trazem felicidade ou ador. Em outras palavras, colhemos o que plantamos. Mas no se trata decastigo ou prmio propriamente ditos de Deus, mas de funcionamento das leiscsmicas criadas por Deus ou espritos (anjos) a seu servio.

    Em seu livro Como Vejo o Mundo, Einstein nos transmite sua viso deDeus, da humanidade e do Universo, mostrando-nos por que comum umacerta incompatibilidade entre as igrejas e a cincia. E destaca que isso se deveao facto de que os cientistas so mais inclinados a uma religio csmica, ouseja, a uma viso de Deus mais ligada a uma teologia que, como j vimos,estamos denominando neste livro de Teologia do Bom Senso, e no tradicional Teologia Eclesistica baseada em dogmas que, muitas vezes, so

    at contrrios ao ensino de Jesus.Einstein, alm de cientista renomado, criador que foi da Teoria da

    Relatividade, que revolucionou a Fsica, foi tambm um filsofo. E foijustamente a sua filosofia que fez despertar nele esse seu lado mstico, que eledeixou bastante extravasado em algumas de suas obras, principalmente naque j mencionamos: Como Vejo o Mundo.

    E encerramos esse captulo sobre Deus, com uma lista de pensamentose frases referentes a Deus e a questes espiritualistas de vrios filsofos,

    telogos e sbios, esperando, esperando que essas citaes tragam mais luz arespeito do assunto aqui focado, algumas das quais j citamos nesta obra.

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    Frases sobre Deus e a espiritualidade

    Aceito o mesmo Deus que Spencer chamou de alma do Universo, e

    no aceito Deus que se preocupe com as nossas necessidades (Einstein).Essa viso de Deus de Einstein e Sspencer a mesma de Spinoza,

    Huberto Rohden, Pietro Ubaldi, e que se aproxima bastante da viso de Deusde Teilhard de Chardin, e que se resume no seguinte: O Universo est paraDeus como o nosso corpo est para o nosso esprito. E lembremo-nos de quens fazemos parte do Universo, sendo, pois, essa viso de Deus e do Universode acordo com a Filosofia Monista Espiritualista, ou seja, a de unidade totalentre Deus, Jesus, ns e o Universo. Mas no entramos no modo como defacto se dar tal unio, a qual bastante heterognea na viso dos filsofos.

    Apenas expressamos a nossa opinio de que, por enquanto - e no sabemosat quando isso continuar -, estamos engajados na metafsica platnica dadualidade. E uma coisa certa: nunca perderemos a identidade de nossaentidade espiritual e imortal.

    Hoje eu creio melhor em Deus, e mais do que nunca no Universo(Teilhard de Chardin).

    Estive sua espera, estive tentando unir o que divino em ns ao que divino no Universo (ltimas palavras de Plotino ao seu discpulo Eustquio).

    Deus a lei e o legislador do Universo (Einstein).

    No ntimo do homem existe Deus (Santo Agostinho).

    O Deuspor ns inventado no Deus (Krishnamurti).

    O Universo e Deus a mesma coisa (Pitgoras). No Universo nopode faltar Deus infinito que abrange tudo, mas Deus transcende o Universo.

    Deus est aonde O deixam entrar (Paulo Coelho).

    Deus Amor (So Joo Evangelista).

    Deus Ato Puro (Aristteles).

    Deus meu Pai e vosso Pai (Jesus Cristo).

    Conhea eu a mim, para que eu conhea a Ti, Deus! (SantoAgostinho).

    Deus um na essncia e muitos na existncia (Huberto Rohden).

    Deus no apenas substantivo. Deus verbo. vibraoordenando, infinitamente, o caos primordial (Martin Claret).

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    Somos todos pela religio, contra as religies. Sim, eu venho adoraro Ente Supremo no seu templo (Victor Hugo).

    Religio: a nossa amiga neste mundo e companheira no outro(Tagore).

    O esoterismo excita o esprito do homem procura da verdade(Eliphas Lvi).

    mais fcil ns dizermos o que Deus do que o que Ele seja(Santo Toms de Aquino).

    A base do Universo a Mente (Hermes Trismegisto).

    O centro de Deus est em toda parte, mas a sua periferia no estem parte alguma (Santo Agostinho).

    Tenho como certo que o puro raciocnio pode atingir a Realidade,segundo o sonho dos antigos (Einstein).

    O princpio criador existe na matemtica (Einstein). Pitgoras,Plato e o livro bblico Sabedoria (11,21), como Einstein, afirmam tambm queDeus usou nmeros para criar o Universo.

    Deus no um indivduo. Ele todos os indivduos (MasaharuTaniguchi, fundador da Seicho-No-Ie).

    A meditao uma ao de uma mente desenvolvida (Ouspensky).

    Todas as coisas so uma s, como uma ma uma s coisa(Ouspensky).

    Deus tem as chaves das coisas ocultas (Alcoro, VI, 59).

    Deus a Inteligncia Suprema, a Causa Primria de todas as coisas(Questo N 1, do O Livro dos Espritos, de Allan Kardec).

    A Unidade individual e indestrutvel (Plato).Isso que pensa no com a mente, mas pelo qual a mente pensa,

    saibam que isso Brhman, no o que adorado como tal (Upanixades doHindus).

    Todas as mnadas criadas nascem, por assim dizer, por meio defulguraes contnuas da Divindade a cada instante (Leibniz).

    Enquanto existir o Absoluto, todas as outras coisas tm o direito deexistir, morrendo e renascendo (Ouspensky).

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    Do mundo dos factos no conduz nenhum caminho para o mundodos valores, porque os valores vm de outra regio (Einstein).

    Com esse pensamento, Einstein que dizer que s se chega aDeus e verdade, de facto, pelo esprito, pelo nosso Eu Interior, pela nossa

    essncia, pela intuio, que representam o mundo dos valores, enquanto que omundo dos factos representado pela nossa existncia, a parte material,corporal ou da nossa persona, ego e nosso intelecto.

    A mais bela e profunda emoo que se pode experimentar asensao do mstico(Einstein).

    Esse pensamento nos leva a concluir que Einstein tinhaexperincia prpria mstica, pois fala dela como algum que j aaexperimentou.

    A experincia csmica religiosa a mais forte e a mais nobrefonte da pesquisa cientfica (Einstein).

    Minha religio consiste em humilde admirao do EspritoSuperior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemosperceber com nossos espritos frgeis e incertos. Esta convicoprofundamente emocional na presena de um Poder raciocinante Superior, quese revela no incompreensvel Universo, a ideia que fao de Deus (Einstein).

    As trs ltimas citaes de Einstein foram tiradas do livro deLincoln Barnet, O Universo e o Dr. Einstein, Ed. Melhoramentos, pg. 99, SoPaulo, SP.

    Eu creio em Deus que se revela na harmonia ordenada doUniverso, e que a inteligncia est manifesta em toda a Natureza (Einstein).

    Deus se confunde com o Universo, porque o Universo noexiste sem Deus (autor desconhecido).

    Assim como a alma nica no corpo,

    Deus tambm nico no Universo.

    Assim como a alma pura e est acima do corpo,

    Deus tambm puro e est acima do mundo.

    Assim como a alma no come nem bebe,

    Deus tambm no come nem bebe.

    Assim como a alma preenche o corpo,

    Deus preenche o mundo.

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    J se foi aquela poca em que os padres, ao responderem sperguntas que as pessoas lhes faziam, diziam: trata-se de mistrios de Deus!Na verdade, trata-se de mistrios inventados pelos telogos antigos, que noconheciam bem a Bblia. Por isso que algumas das doutrinas da TeologiaEclesistica tiveram que ser transformadas em dogmas, no expostos, masimpostos fora aos fieis do passado, o que no mais pode ser feito hoje. Eda a balbrdia em que se encontra o Cristianismo. Por que deixar que oestrago nele ficar maior? Por que no o salvar enquanto tempo? E, comodissemos, cabe Igreja tomar as providncias nesse sentido, como sendo aamais importante igreja crist, para que ela no se sucumba, mas continue noseu labor sagrado de ajudar a levar, de facto, a mensagem verdadeira doEvangelho de Jesus para todos os povos. E isso s se concretizar com aTeologia do Bom Senso. Os telogos, pois, apesar dos seus votos deobedincia hierarquia eclesistica, tm que buscar a verdade de modo

    incondicional, e no o interesse do seu sistema, do qual vivem. Dizendo deoutro modo, eles tm que servir sua conscincia e no sua convenincia!

    E sejamos otimistas, pois, de qualquer jeito, chegaremos a bom termo,no tocante a essas questes. que, cada vez mais, ns vamos conhecendo averdade que nos libertar, e que, um dia, nos arrancar das trevas daescravido e levar-nos- para a luz da libertao.

    Passaremos agora a apresentar, com exceo do Arianismo, de quetrataremos num outro captulo, uma sntese das principais heresias do

    Cristianismo Primitivo, as quais para o apstolo Paulo foram benficas para oCristianismo (1 Corntios 11,19), pois colaboraram para que muitas coisasfossem esclarecidas do ponto de vista doutrinrio. Mas ser que algunsprincpios que foram tidos como sendo herticos no seriam justamente osverdadeiros e que, por isso mesmo, deveriam ter sido adotados pelos telogosortodoxos?

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    Gnosticismo ou Gnose

    O Gnosticismo foi uma das heresias mais poderosas, porque ela

    envolvia princpios filosficos cristos e orientais ao mesmo tempo, alm dadualidade persa do Zoroastrismo, do Maniquesmo, platonismo, judasmo, areencarnao e elementos dos mistrios de Elusis e Dionsio. Como se v,muitas das ideias gnsticas acabaram ficando mesmo no Cristianismo. A maiorparte do clero ortodoxo no estava em condies de entender as ideiasgnsticas muito profundas, e por isso as deturpava, atribuindo a essa doutrinatodo tipo de ideias estranhas que aparecessem. Em consequncia disso, poucose conhece de facto do Gnosticismo. Todas as suas obras foram queimadas.As nicas referncias que existem sobre essa heresia chegadas at nsacham-se inseridas em obras de outros assuntos, e principalmente deantiagnsticos. E, assim, ou elas foram pouco entendidas por esses autores oupropositalmente distorcidas por eles.

    O Gnosticismo, na realidade, nunca deixou de existir, embora, nopassado, depois da sua condenao pela ortodoxia crist, seus seguidores,para evitarem represlias e mesmo a morte, tenham-se mantido naclandestinidade. Mas hoje, muitas de suas ideias esto ressurgindo,principalmente atravs do Espiritismo, Maonaria, Teosofia, Rosas-Cruz e dosTemplrios. Alis, a reencarnao, uma das doutrinas gnsticas, abrange em

    algumas regies quase que 100 % dos cristos, mormente cristos catlicos.Em 1945, no Egito, no Alto Nilo, foi encontrado um bom nmero das

    principais obras gnsticas, as quais foram copiadas do seu original na LnguaCopta, para o Grego, no sculo 4, a fim de serem protegidas da queima porparte da Igreja, destacando-se entre essas obras traduzidas hoje para todas aslnguas importantes do mundo moderno, o Evangelho de Tom, Pstia Sofia,o Apcrifo de Joo, o Evangelho de Maria Madalena e o Apocalipse deAdo, entre outras.

    Os grandes vultos do Gnosticismo so Mrcio ou Marcion, Valentino,Basilides, Menandro, Cerinto, Simo, o Mago, Bardesanes e Saturnino.

    Mas sem dvida, foi Marcion a maior figura do Gnosticismo. Elechegou at a fundar a sua igreja: a Igreja Marcionita, que tinha comofundamento principal de sua doutrina contrapor o Novo Testamento ao VelhoTestamento. Segundo ele, Jesus e Jav so muito diferentes. Cita comoexemplo o episdio ocorrido com Eliseu e umas crianas que deleescarneceram, e no qual, por uma maldio de Eliseu, Jav mandou duasursas que as devoraram, episdio esse que ele compara com o de Jesus,

    quando disse: Deixai vir a mim as criancinhas. Hoje, grande nmero decristos concorda com as ideias de Marcion, o que quer dizer que eles so da

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    NESTORIANISMO

    O Nestorianismo surgiu com Nestrio, Bispo Patriarca de

    Constantinopla, no sculo 5. Sua tese ensinava que em Jesus Cristo haviaduas pessoas: uma divina e outra humana, e que essas pessoas eramseparadas entre si, sendo uma delas a do Cristo, o Verbo de Deus, e a outra ado homem Jesus, no qual veio encarnada a Pessoa Divina do Verbo de Deus,o Cristo.

    Nestrio no aceitava o ttulo em grego de Theotkos (Me de Deus)dado a Maria, Me de Jesus. Para Nestrio Maria era apenas Me do homemJesus, portanto, ela deveria receber o ttulo em grego de Cristotkos (Me dohomem Jesus Cristo).

    Mas o Conclio Ecumnico de feso (431), apreciando essa questonestoriana, condenou-a, afirmando que em Jesus Cristo havia uma s pessoa,ou seja, a Pessoa Divina, e que Maria deveria ter o ttulo grego de Theotkos(Me de Deus). E, assim, a Igreja criou a orao Santa Maria, Me deDeus..., que foi acrescentada Ave-Maria bblica da saudao do anjo Gabriela Maria.

    Os protestantes e evanglicos no rezam a Santa Maria.... Elesaceitam apenas a Ave-Maria bblica do Anjo Gabriel. J os espritas rezam a

    Ave-Maria completa, ou seja, com a Santa Maria. Porm, no dizem Me deDeus, mas, Me de Jesus (Cristotkos).Ea tendncia de que, no futuro,todos os catlicos passem a adotar a expresso nestoriana e esprita Me deJesus ou, como muitos j o fazem, a expresso Me do Salvador, apesar dese tratar de um dogma que obriga os catlicos a dizerem Me de Deus , e deque a Igreja diz que no abre mo.

    De facto, o ttulo de Me de Deus para Maria estranho e deixaconfusos e enrolados os prprios telogos, pois Deus nunca pode ter tido mee nunca poder t-la!

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    adversrios, cada lado tendo os seus lderes apaixonados e orgulhos com suasideias, pois eram seres humanos imperfeitos como todos ns o somos.

    Aos conclios, alguns desses lderes religiosos polticos compareciam sassembleias de bispos armados e escoltados militarmente, como aconteceu

    com Nestrio, no Conclio Ecumnico de feso (431). As ameaas deexcomunhes de uns contra os outros eram o que mais saia das suas bocas.Bem disse o Mestre que no o que entra pela boca que nos faz mal, mas oque sai de nossa boca! Ademais, esses primeiros conclios ecumnicos daIgreja eram convocados pelos imperadores romanos. Por exemplo, o ConclioEcumnico de feso (431) foi convocado por Teodsio 2, Imperador Romanodo Oriente, e por Valentiniano 3, Imperador Romano do Ocidente.

    Esse conclio terminou com a excomunho de Cirilo pelos partidrios deNestrio, e a condenao e exlio de Nestrio pelo Imperador Teodsio 2, pelaImperatriz Eudxia, pelo Papa ou apenas Bispo de Roma Celestino 1, Cirilo eseus partidrios.

    Mas o certo que as ideias de Nestrio no morreram, pois continuarame continuam at hoje com seus adeptos. Teodoro de Tarso foi um grandedefensor das ideias nestorianas. Em 1910, foi encontrada a obra de Nestrio OLivro de Herclides de Damasco, que contm as bases da sua doutrina.

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    ORIGENISMO

    Orgenes foi um padre de Alexandria que nasceu no final do sculo 2, e

    viveu a maior parte de sua vida no sculo 3. Foi um gnio. Com apenas 17anos, em substituio a So Clemente de Alexandria, foi reitor da Universidadede Alexandria, a maior do mundo naquela poca. Chamavam-no de O SantoAgostinho do Oriente. E to brilhante era a sua inteligncia, que lhe deram ottulo de Adamantino. E tanto foi gnio e sbio, como foi tambm um santo deverdade. Segundo So Jernimo, ele era o maior santo da Igreja, depois dos12 apstolos. Certamente foi um exagero dele, erro com o qual no podemosconcordar, o facto de ele ter-se automutilado. E, segundo ele, isso ele fez parapoder servir melhor ao Evangelho de Jesus, o que, porm, demonstra umasantidade mpar.

    Por seu talento, foi grande vtima de inveja por parte de Dom Demtrio,Bispo de Alexandria, que lhe negou a Ordenao Sacerdotal, que ele tantomerecia.

    De acordo com Epifnio, Bispo de Salamina, Orgenes escreveu cera de6.000 obras. E, segundo So Jernimo, seriam 600. Foi um grande intrpreteda BbliaE a ele se deve a criao da Teologia Crist, ou pelo menos, foi oseu iniciador, implantando as suas bases. At hoje, ele lembrado pelostelogos, principalmente no tocante s questes bblicas e s referentes

    alma.

    Como os grandes sbios do Cristianismo Primitivo, de um modo geral,ele tambm era adepto das doutrinas da preexistncia do esprito (alma), comrelao ao nascimento do corpo, e da reencarnao, entre outras.

    Se o seu Bispo de Alexandria, Demtriop, no quis aceit-lo comopadre, outros bispos no invejosos dele, mas admiradores dele, ofereciam-lhea Ordenao Sacerdotal. Assim que os bispos Alexandre, de Jerusalm, eTeocristo, de Cesareia, convidaram-no para se ordenar padre, e bvio que

    ele aceitou isso de imediato. Mas esse facto despertou a ira de Demtrio, que,da em diante partiu para uma campanha macia contra Orgenes, no s emsua Diocese de Alexandria, mas em todas as partes em que o Cristianismo jestava presente.

    E o pior de tudo que Demtrio alcanou, infelizmente, o seu objetivo,conseguindo que Orgenes fosse condenado pela Igreja, ele que era o maiorsbio cristo da sua poca, e tambm, como vimos, um dos maiores exemplosde santidade. Mas h um consolo para ns cristos, ou seja, o facto de servitoriosa a mensagem que Orgenes nos postergou, a qual vem concretizando-se atravs dos sculos, e est hoje mais viva do que nunca na mente e nos

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    coraes da cristandade, sendo devida to-somente a esta mensagemorigenesiana a lembrana, ainda em nossos dias, do nome do invejoso BispoDemtrio.

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    que falta a ser feito realmente de nossa responsabilidade. E temos que lutarmuito para isso, pois no se consegue o reino de Deus a no ser por muitoesforo de nossa parte (Mateus 11,12). De facto, passar pela Porta Estreitano fcil. o que nos ensinou o apstolo Paulo. Como j vimos, segundo ele,ele queria fazer uma coisa, mas acabava fazendo outra que ele no queria.Mas no final de sua vida ele pde dizer: Eu combati o bom combate. E Jesusdeu-nos um exemplo mais objetivo sobre o esforo que temos que fazer, paraque adquiramos o reino de Deus, quando disse: Eu venci o mundo (Joo16,33).

    Diante do que acabamos de ver, Santo Agostinho e principalmenteLutero estavam, pois, completamente errados. De facto, se ns no fizermos anossa parte e bem feita, poderiam morrer 300 Jesus no cruz, e ns noseramos salvos, ou seja, libertos. Em outras palavras, Pelgio que nos

    deixou o verdadeiro ensinamento, quando disse que ns temos que nos salvarpor ns mesmos. E esse o sentido da Parbola do Filho Prdigo, ele voltoupara o seu pai, que o recebeu de braos abertos e com um banquete, mas foiquando o Filho Prdigo quis ou, como diz o texto evanglico, quando ele entrouem si. De facto Deus sempre est pronto para nos receber, quando, como eonde quisermos voltar para Ele, pois Deus respeita o nosso livre-arbtrio demodo incondicional, por ser Ele perfeito e por nos amar com amor infinito. E foicom sabedoria infinita e amor infinito que Ele nos criou. Isso quer dizer que, nofim, tudo vai dar certo, apesar de o nosso livre-arbtrio retardar o plano divino.Mas, de facto, o plano de Deus tem que dar certo, pois Ele onipotente,onisciente e onipresente. Em outras palavras, Deus sempre sabe o que faz. Ejamais se poderia equivocar, quando tomou a deciso de nos criar para afelicidade, pois a nossa felicidade prpria da natureza divina, j que Deus Amor, e tudo que Ele faz no pode, pois, escapar sua sintonia de amorinfinito.

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    CAPTLO 3

    A BBLIA

    "A Bblia um livro de profundos e fantsticos ensinamentos, que nosmostram o caminho para a nossa perfeio, mas no a palavra de Deus, nosentido em que, comumente, se diz. Para estudarmos e compreendermos bema Bblia, so necessrias a liberdade e a aceitao das vidas sucessivas, a fimde que possa ocorrer a evoluo de tudo o que foi, e ser criado."

    ROSRIO AMRICO DE RESENDE

    A Bblia a Escritura Sagrada mais respeitada da humanidade. Cercade um tero da populao mundial segue ou procura seguir os seusensinamentos, apesar das divergncias que h nas suas interpretaes quedividem em vrias igrejas ou correntes religiosas os seus mais de dois bilhesde seguidores catlicos, espritas, protestantes, judeus, evanglicos, ortodoxos,coptas e outros. Os religiosos bblicos esto mais densamente concentrados naEuropa, Amrica Latina, Amrica do Norte e Austrlia. Mas a Bblia tmtambm muitos seguidores na frica e na sia.

    Na sua Encclica Providentissimus Deus, o Papa Leo 13 diz sobre aBblia: Deus, com o seu sobrenatural poder, por tal forma moveu os escritoressagrados a escrever, e lhes assistiu em quanto escreviam, que s concebiam oque Lhe aprazia dizer-nos, expressando-se com infalvel verdade; ao contrrio,no se poderia dizer Autor de toda a Bblia.

    O contedo do texto da Encclica Providentissimus Deus, do Papa Leo13, foi escrito de conformidade com o pensamento catlico de sua poca.

    Trataremos de fazer neste captulo, dedicado Bblia, traduzida paramais de 4.000 lnguas e dialetos, uma crtica clara e construtiva do maisimportante livro de nosso planeta.

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    protestantes, evanglicos e judeus, mas conhecidos por Deuterocannicos(Cannicos Posteriores) pelos catlicos, pelo que constam da Bblia Catlica.

    As cpias dos apcrifos ou pseudo epgrafos achados no Egito em 1945,em Khenoboskion, perto de Nag Hamadi, no Alto Nilo, so livros que so

    Jernimo no incluiu na parte da Vulgata do Novo Testamento, entre eles:Evangelho Segundo os Hebreus, Evangelho dos Ebionitas ou dos DozeApstolos, Evangelho de Pedro, o Evangelho Copta de Tom, o Evangelho deMaria Madalena e Pstia Sofia. D-se-lhes tambm o nome de EvangelhosGnsticos. Estavam guardados dentro de um vaso de cermica, e foramachados por um campons, que os estava usando para acender fogo no fogode lenha de sua casa. Muitos textos ficaram em frangalhos, sendo muito difcila colocao deles em ordem de leitura, num verdadeiro quebra-cabea para osque trabalham na sua traduo. Porm, as coisas j esto bem resolvidas com

    o auxlio de computadores. E os textos esto traduzidos em quase todas asgrandes lnguas do mundo.

    Quanto aos apcrifos ou pseudepgrafos conhecidos por Manuscritos doMar Morto e Rabinismo (dos rabinos) achados em 1948, perto da localidade deQuumran, eles so praticamente todos do Velho Testamento. E eis algunsdeles: Livro dos Jubileus, Ascenso de Isaas, Livro de Henoc ou HenocEtope, Apocalipse de Baruc, Testamento dos Doze Patriarcas, Assuno deMoiss, Salmos de Salomo e Hinos.

    Os apcrifos ou pseudepgrafos so vistos hoje como sendo de grandevalor. Algumas autoridades no assunto chegam a dizer que eles tambm soinspirados (Frei Jacir de Freitas Faria, As origens apcrifas do cristianismo,pg. 30, Ed. Paulinas). E eles ajudam numa melhor compreenso dos livroscannicos de que se compe a Bblia. E santo Agostinho disse: Por baixo dalama dos apcrifos encontramos ouro.

    Temos ainda os grafos (no escritos), que so ditos atribudos a Jesus,mas que no se encontram escritos nos Evangelhos, os quais, porm,aparecem em outros livros do Novo Testamento, ou se conservaram pela

    tradio oral. E vejamos um exemplo de grafo: H mais felicidade em dar doque em receber (Atos 20,35).

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    vezes, justificava a Inquisio com essa frase. Hoje, porm, apesar de ainda tererros, a Igreja regenerou-se bastante. Mas nossos irmos evanglicos, que,como j dissemos, tm herdado muitos erros da Igreja Catlica do passado,esto abusando muito, ainda, dessa frase, como meio de manipular maisfacilmente os fieis. Refiro-me aos pastores - no todos -, que abusam daexigncia do dzimo, ameaando seus fieis com o castigo e a vingana deDeus, quando Deus amor (1Joo 4,16).

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    mais estranho tornou-se esse facto, porque Aro abenoou os autores domassacre das trs mil pessoas!

    Em Gnesis, a ordem da criao dos seres vivos, comeando com osvegetais, os seres biolgicos aquticos, as aves, os animais, termina com a

    criao do homem (Gnesis 1,11). Essa narrativa chamada de elosta, que uma palavra derivada de Eloim, Deus no plural, deuses.

    Mas em Gnesis, ainda, a chamada narrativa javesta, derivada de Jav, iniciada justamente de modo contrrio primeira narrativa, ou seja, com acriao do homem em primeiro lugar (Gnesis 2, 4). Trata-se de mais um erroque no podemos atribuir a Deus, e que esvazia tambm a afirmao de que aBblia a palavra de Deus.

    Tambm em Gnesis, temos esse outro episdio. Abro foi ao Egito com

    sua esposa Sarai. Como Sarai era muito bonita, Abro teve receio de serassassinado pelos egpcios, para que eles pudessem se envolver com ela.Ento combinaram os dois que Sarai seria apresentada aos egpcios comosendo irm de Abro. E assim foi feito. E o Fara acabou envolvendo-se comela, e foi castigado por Jav, porque ela era esposa de Abro (Gnesis 12, 11a 20).

    Ora, Jav deveria saber que o Fara era inocente nessa questo, poispara ele, ela era uma mulher livre ou apenas irm de Abro. Por que, entoJav castigou o Fara e sua famlia? E trata-se, pois, de mais uma contradio

    que no podemos tambm atribuir a Deus.

    Essa histria repete-se outra vez, tendo no lugar do Fara o Rei deGerar, Abimeleque, que tambm ia ser castigado por Jav pelo mesmo motivo.Isso s no aconteceu, porque Abrao interveio fazendo oraes a Jave, apedido do prprio Jav. Nesse episdio, o nome de Abro j havia sidomudado para Abrao, como tambm o de Sarai j havia sido trocado pelo deSara. E Abimeleque ia ser castigado por Jav, mesmo sem ele ter-serelacionado com Sara, pois o prprio Jav havia aparecido em sonhos a

    Abrao e lhe contado a verdade, isto , que Sara era mulher de Abrao, tendoAbimeleque a devolvido a ele, em seguida, aps o sonho.

    estranho que essa histria se repete, mais adiante, como se j nohouvesse sido narrada antes. E, alm disso, com Abimeleque no lugar doFara. Outra questo estranha que Abimeleque no chegou a se envolvercom a Sara, pois Jav avisou-lhe em sonho que Sara era mulher e no irm deAbrao. E mais estranho, ainda, o facto de o prprio Jav ter pedido aAbrao que fizesse oferendas pedindo a Jav para suspender o castigo j dadoa Abimeleque e sua famlia, o que, alis, era uma injustia, pois Abimeleque,

    como vimos, no chegou a se relacionar com Sara (Gnesis 20, 18).

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    Na verdade, Sara era mulher de Abrao, mas era tambm meia irmdele, pois era filha do mesmo pai de Abrao (Gnesis 20,12).

    Outro detalhe que nos chama a ateno o facto de Abrao ter tantomedo de os homens se interessarem por Sara, e o que estranhamente

    aconteceu de facto, quando ela j contava com seus 90 anos! (Gnesis 17,17).

    No podemos aceitar tambm que o prprio Deus estivesse envolvidocom essas histrias confusas. Assim, pois, ou Jav no era Deus mesmo, outeramos nesse episdio um esprito que se manifestou, falsamente, comosendo Jav.

    Mateus e Lucas apresentam-nos a rvore genealgica de Jesus,mostrando-nos os seus antepassados. Para Mateus, o av paterno de Jesus Jac (Mateus 1,16).

    Mas para Lucas, o av paterno de Jesus Heli (Lucas 3,23). Mais umafalha bblica que no podemos atribuir a Deus, pois Deus infalvel.

    Jlio Africano, do 3 sculo, disse que essa contradio deve-se LeiMosaica do Levirato (Deuteronmio 25,5). Segundo essa lei, quando irmosmorassem juntos, e um deles fosse casado e morresse sem deixar um filho, umseu irmo deveria casar-se com a viva. E o primognito que nascesse deveriater o nome do irmo falecido. Destarte, Jac seria o pai natural de Jos, massegundo a citada lei judaica, o pai de Jos Heli. Mas ser que isso mesmo?

    Jlio Africano apresentou provas disso? Temos prova da contradio, mas notemos prova da justificativa de Jlio Africano, em mais uma irregularidadebblica.

    Veja-se que o lado feminino dos antepassados de Jesus, ou seja, dosancestrais de Maria, no foi abordado, por causa do machismo existente naBblia. Dele no se sabe, pois, nada. E mesmo que se soubesse, ele no serialevado em considerao. E o objetivo da apresentao dessa rvoregenealgica machista do lado paterno de Jesus provar que Ele tem o sanguede Davi, como mostram as expresses Jesus pertence Casa de Davi ou

    Jesus Filho de Davi.Acontece que o prprio Evangelho fala que So Jos pai adotivo de Jesus, sendo o Esprito Santo o que fez o papel de pai biolgicode Jesus. Por isso, na verdade, Jesus no tem o sangue de Davi.

    Ser que quando os evangelistas Mateus e Lucas escreveram essaparte de que Jesus tinha o sangue de Davi, eles ainda no sabiam da questoda fecundao do Esprito Santo, que s teria surgido mais tarde? Por que umcomponente dessa histria contrape-se a outro componente dela? E essa mais uma contradio bblica que no pode ser de Deus.

    H uma passagem evanglica (Mateus 23,35), em que Jesus teria ditoque Baraquias pai de Zacarias, sacerdote morto no ptio da Casa do Senhor,

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    a pedradas, e a mandado do Rei Jos. Mas esse Zacarias tem por pai Joiada(Crnicas 24,20). Mateus cometeu esse equvoco baseando-se em outrapassagem bblica (Zacarias 1,1).

    No ano de 67, quando fazia 34 anos da morte de Jesus, foi morto um

    judeu chamado Zacarias, filho tambm de um tal de Baraquias, segundo constada obra Judeus Contra os Romanos, de autoria do historiador judeu FlvioJosefo, que era mais ou menos contemporneo de Jesus. Como se v, possvel tambm que So Mateus tenha-se confundido com esse outroZacarias, ao se referir quela citao de Jesus, j que o seu Evangelho foiescrito pouco depois do citado episdio. Se foi isso a causa do equvoco, ele setorna mais grave do que o outro apresentado, pois So Mateus estariaapresentando um facto do passado anterior morte de Jesus, mas que, naverdade, aconteceu depois da morte de Jesus. Trata-se, pois, de mais

    contradies que no podem ser de Deus.Esta passagem do Livro de Levtico: Ningum que dentre os homens for

    dedicado irremissivelmente ao Senhor, poder ser resgatado: ser morto(Levtico 27,29), mais o facto de Jeft, Juiz em Israel, ter oferecido sua filha emholocausto a Deus (Juzes 11, 29 e 39), somos levados a crer que Javaceitava sacrifcios humanos, mas ao mesmo tempo, a duvidar de que Elefosse Deus propriamente dito. Parece-nos que, na verdade, Jav no era Deusmesmo, mas era um esprito que se manifestava com esse nome como sendoDeus. E o prprio texto nos mostra que essas coisas erradas no podem ser de

    Deus.

    Os Evangelhos de Mateus e Marcos declaram que o bom e o mau ladrocrucificados Junto de Jesus insultavam Jesus (Mateus 27,44 e Marcos 15,32).J para Lucas, s o mau ladro insultava Jesus (Lucas 23,39). EstariamMateus e Marcos certos ou seria Lucas o que diz a verdade? Ademais, SoJoo que deveria ter mais coisas para falar, pois estava ao p da cruz,assistindo a que acontecia l, nada afirma a respeito desse assunto. Uma coisa certa, no obra de Deus o que contraditrio, duvidoso e incompleto.

    Marcos d-nos a entender que a Ascenso de Jesus se deu emJerusalm (Marcos 16,19), enquanto Lucas afirma que ela se deu em Betnia eno prprio dia da Ressurreio de Jesus (24,50). Mas o prprio Lucas queafirma, depois, que ela foi 40 dias aps a Ressurreio (Atos 1,3). Mais umtexto bblico que no da responsabilidade de Deus, pois Deus no inspiracoisas que se contradizem.

    Jav manda eliminar Amaleque e toda a populao amalequita, bemcomo todos os animais pertencentes a esse povo. E a ordem era matar todosos homens, mulheres, meninos e at crianas de peito (1 Samuel 15,3). Ser

    que essa ordem foi de Deus mesmo? No probe Deus matar, por que aqui

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    estaria mandando matar por atacado e com essa sede toda de sangue? Por siprprio o texto nos mostra que ele no pode ser de Deus.

    H um ensino de Moiss (no de Deus) em Deuteronmio que diz que,para cada homem que fosse encontrado morto no campo, sem que se

    soubesse quem o matou, deveria haver uma matana de novilhas(Deuteronmio 21,1 a 4). E continua a nossa perplexidade diante de certasafirmaes que dizem que tudo que est na Bblia inspirado por Deus, e que,portanto, no podemos deixar de acatar como sendo certo.

    Uma instruo em Deuteronmio manda que seja morto a pedradas umfilho que rebelde (Deuteronmio 21, 18 a 21). Qual o filho que, naadolescncia, no rebelde? que nessa fase da adolescncia, ele ficaconfuso, pois no mais criana, mas tambm no adulto. E ele acha queest tudo errado e, s vezes, at pensa que ele e sua gerao vo consertar omundo. Alis, a prpria palavra adolescncia vem do verbo latino adolescere(que entre outros significados, quer dizer adoecer). O adolescente seria, pois,um doente, tal a sua revolta ou rebeldia. Disso se pode concluir que, ento,praticamente, todos os filhos deveriam ser mortos na fase da adolescncia. Eisso no pode tambm ser uma determinao de Deus.

    Jesus diz ao bom ladro: Em verdade te digo que hoje estars comigono paraso (Lucas 23,43). Mas, materializando-se para Maria Madalena, diz-lhe: No me toques, porque ainda no subi ao meu Pai (Joo 20,17). Essas

    afirmaes s podem estar de acordo uma com a outra, se aceitarmos queJesus foi, em esprito para o mundo espiritual (1 Pedro 3,18), e materializava-se, quando se manifestava s pessoas no mundo fsico, como acontece comoutros espritos, fenmeno esse de que a Bblia tem vrios exemplos. Essaexplicao, apesar de ser a mais convincente, de um modo geral, no feitapelos lderes religiosos cristos tradicionais, porque ela est de acordo com oEspiritismo. Como se v, alm dos erros da Bblia, h muitos erros deinterpretao dela, pois querem adapt-la s doutrinas criadas pelos telogos,ao longo dos sculos.

    Aps a ressurreio de Jesus, Ele se apresenta, primeiramente, a doisdiscpulos a caminho de Emas (Lucas 24,15). Mas, para Mateus, Jesusapareceu primeiro para Maria Madalena e outra Maria (Mateus 28, 1 a 9). JMarcos e Joo afirmam que a primeira apario de Jesus, depois de suaRessurreio, foi a Maria Madalena (Marcos 16,9 e Joo 20,14).

    Jav ordenou ao profeta Ezequiel que comesse po cozido em fezeshumanas (Ezequiel 4,12). No podemos aceitar que foi Deus mesmo que deuessa instruo ao profeta Ezequiel.

    Um ensino da Lei Mosaica determina que o homem e a mulher quefossem pegos em adultrio devem ser mortos (Deuteronmio 22,22). No pode

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    Adaptaes da Bblia

    J vimos que a histria da formao da Bblia foi muito complexa,

    durando sua era cerca de 1.600 anos, aproximadamente, o que, sem dvida,deve ter colaborado para o aparecimento de muitas irregularidades nela,irregularidades essas involuntrias, mas s vezes, propositais, ou seja, paraque a Bblia se adaptasse ao modo de pensar dos copistas, telogos, exegetase hermeneutas.

    No final do Apocalipse lemos: E se algum tirar qua lquer coisa daspalavras do livro desta profecia, Deus tirar a sua parte da rvore da vida, dacidade santa, e das coisas que se acham escritas neste livro. Aquele que dtestemunho destas coisas diz: Certamente venho sem demora. Amm. Vem,

    Senhor Jesus (Apocalipse 22, 19 e 20).

    Trata-se de uma advertncia que demonstra que j havia no autor umreceio de que seu livro fosse um dia adulterado.

    E So Joo tinha l as suas razes por esse receio, pois um outro livroseu, ou seja, o Quarto Evangelho, segundo os pesquisadores de mente abertae no comprometidas com algum sistema religioso, mas somente com averdade, o citado Evangelho tem nada menos do que o acrscimo de umcaptulo inteiro, isto , o captulo 21, que o ltimo desse Evangelho. Pode-se

    ver isso com muita facilidade e clareza, pois com o captulo anterior oEvangelho encerrado, como se poder ver pelo seu texto, que transcrevemosaqui: Na verdade fez Jesus diante dos discpulos muitos outros sinais que noesto escritos neste livro. Estes, porm, foram registrados para que creiais queJesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seunome (Joo 20, 30 e 31).

    O Evangelho de So Joo , pois recomeado com o Captulo 21. O usoda terceira pessoa demonstra que no Joo o seu autor, o que mais umcomprovante de que esse captulo 21 um acrscimo ao Evangelho original:

    Aquele discpulo a quem Jesus amava disse a Pedro... (Joo 21,7). Se fosseJoo o autor, ele teria dito: Eu, o discpulo a quem Jesus amava, disse aPedro... Outros fatores existem para demonstrarem que no foi Joo o autor docaptulo 21 do seu Evangelho, mas cremos que o exemplo dado o suficientepara esclarecer o assunto.

    So Jernimo, que viveu entre os anos de 342 e 420, como j vimos, eraum grande sbio e padre de Belm e Cesareia, conhecedor profundo do Latim,Grego e Hebraico. Seu trabalho foi gigantesco, pois eram tantos osdocumentos, fragmentos e cpias espalhados por todo o mundo dos livrosbblicos, que nos prefcios transformados em um importante livro,

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    encaminhado ao Papa Dmaso, e encabeando a Vulgata (texto extrado dolivro Cristianismo e Espiritismo, de Leon Dnis, pginas 31 e 32, FEB, 1919,Rio de Janeiro, RJ):

    De velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma

    sorte, me coloque como rbitro entre os exemplares das Escrituras, que estodispersos por todo o mundo, e, como diferem entre si, que eu distinga os queesto de acordo com o verdadeiro texto grego. um piedoso trabalho, mas tambm um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado,julgar ele mesmo os outros, querer mudar a lngua de um velho e conduzir infncia o mundo j envelhecido.

    Qual, de facto, o sbio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nasmos um exemplar (novo), depois de o haver percorrido apenas uma vez,vendo que se acha em desacordo com o que est habituado a ler, no seponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrlego, um falsrio, porqueterei tido a audcia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigoslivros? (Meclamitans esse sacrilegum Qui audeam aliquid in veteribus librisaddere, mutare corrigere) *

    Um duplo motivo me consola desta acusao. O primeiro que vs,que sois o soberano pontfice, me ordenais que o faa: o segundo que averdade no poderia existir em coisas que divergem mesmo quando tivessemelas por si a aprovao dos maus.

    E So Jernimo assim termina:

    Este curto prefcio to somente se aplica aos quatro Evangelhos, cujaordem a seguinte: Mateus, Marcos, Lucas e Joo.

    _______________________________________________________

    * Nota de Leon Dnis: A obra de So Jernimo foi, efetivamente, mesmo emsua vida, objeto das mais vivas crticas: polmicas injuriosas se travaram entreele e seus detratores.

    Depois de haver comparado certo nmero de exemplares gregos, masdos antigos, que se no afastam muito da verso itlica, combinamo-los de talmodo (ita calamo temperavimus) que, corrigindo unicamente o que nos pareciaalterar o sentido, conservamos o resto tal qual estava (Obras de SoJernimo, 1693).

    Nesta pequena amostragem, temos uma ideia de uma parte do que,desde o incio do cristianismo, comeou a ser a Bblia. Digo de uma parte,porque no estamos nos referindo ao seu perodo de 1.700 anos a. C, quando

    durante vrios sculos, no Velho Testamento, ela s existiu oralmente, de bocaem boca, como j vimos.

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    O que de Cristo se mistura com o que de Csar

    As polmicas depois da seleo dos Livros Cannicos, ou seja, os

    livros que passaram a formar a Bblia oficial, que a Vulgata compilada erevisada por So Jernimo, e agora mais acirradas com a interveno do podercivil ou temporal. De facto, os imperadores romanos, usando de seu grandepoder, imiscuram-se nas questes teolgicas da Igreja, sobre o que j falamosneste livro.

    Outros fatores que incrementaram as polmicas foram as novasdoutrinas que comearam a surgir, tanto do lado das heresias, de que tambmj falamos, quanto do lado da prpria ortodoxia catlica.

    Um exemplo disso foi a divinizao de Jesus, que se transformou emdogma, levando criao posterior de outro dogma, o da Santssima Trindade.No somos contra esse dogma, mas apenas temos dificuldades em aceit-lotal qual os telogos o imaginaram e o ensinam. Eles fizeram uma confuso talque esse dogma, que eles mesmos no o entenderam e no o entendem athoje. E no porque essa doutrina seja um mistrio de Deus, como eles gostamde falar, pois, na verdade, se trata de um mistrio de telogos, que nementendiam bem a Bblia, quando o instituram. Por isso esse dogma no foiexposto inteligncia de modo racional e livre, mas imposto fora ao longodos sculos, e nunca aceito racionalmente por filsofos e telogos, embora se

    tenham mantido em sua maioria em silncio, para no prejudicarem o seusistema religioso ao qual consagram, de modo profissional, a sua vida, e doqual vivem. Alis, toda doutrina que se transformou em dogma foi justamenteporque era polmica. E, muitas vezes, nas reunies dos conclios, os telogose bispos no eram homens inspirados, como eles dizem, mas irritados earrogantes como quaisquer outros seres humanos como ns.

    De alguns conclios nem participaram os papas, talvez porque os bisposde Roma ainda no gozassem de muito prestgio, ou no se tivessem

    transformado, ainda, em papas propriamente ditos. Assim foi o caso doprimeiro conclio ecumnico, ou seja, o de Niceia (325), que no foi convocadopelo bispo de Roma da poca, Silvestre, mas pelo Imperador Constantino.sio, bispo de Crdova, Espanha, muito ligado a Constantino, segundo algunshistoriadores, foi quem incentivou Constantino a convocar o citado conclio, emque ele foi o representante do Papa Silvestre, sendo Constantino oPresidente de Honra do Conclio.

    Constantino, que se autoproclamou Bispo Universal, um ttuloequivalente ao de papa - o que a Igreja aceitou, apesar de ele ser ainda na

    poca um pago, pois s se deixou batizar pouco antes de morrer, disse aosbispos presentes ao Conclio: Estais encarregados dos negcios internos da

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    Igreja. Eu sou designado por Deus para ser o bispo de suas relaes com omundo em geral (Van Der Leew, 1995: 107). E diante de tudo isso, Silvestre,bispo de Roma, que, segundo alguns documentos da Igreja, comandava-acomo papa, na realidade era uma figura apenas decorativa, como se v peloque est sendo exposto. E to prestigiado foi Constantino, que foi atcanonizado pelas Igrejas Crists Armnia, Russa e Grega, que so chamadastambm de Igreja Ortodoxa Oriental.

    E, enquanto tudo isso aconteceu com a Investidura Leiga deConstantino, foi realizado o 2 Conclio Ecumnico de Constantinopla (381),convocado pelo Imperador Teodsio 1, responsvel pela morte de vriaspessoas, indigno, pois, do nome de cristo. E foi, ento, nesse conclio, que seproclamou o Dogma da Santssima Trindade. E, igualmente, o 3 ConclioEcumnico de feso (431) foi convocado pelo poder civil, ou seja, os

    Imperadores Teodsio 2 (Constantinopla) e Valentiniano 3 (Roma). E,encerrando esses primeiros conclios ecumnicos, o Imperador Marcianoconvocou o 4 Conclio Ecumnico de Calcednia (451), de que j falamos.

    Como foi dito, no 1 Conclio Ecumnico de Niceia (325), comeou anascer o Dogma da Trindade. A proposta de Constantino de que Jesus Cristoera da mesma substncia de Deus Pai, a qual tinha o apoio do bispo sio, seuassessor e amigo, ficou conhecida pelo termo HOMOOUSIOS (de mesmasubstncia). E do outro lado dos bispos estava rio, com sua propostaANOMOIOS (de substncia diferente), apoiado por Eusbio de Nicomdia. E

    havia um terceiro bloco, a maioria, liderado por Eusbio de Cesareia,Alexandre e Atansio, cuja palavra oficial era HOMOIOUSIOS (de substnciasemelhante). Note-se que esta palavra tem um i a mais do que a que significade mesma substncia, o que quer dizer que, de certo modo, os bispos etelogos polemizavam por causa de um i a mais ou a menos numa palavra!

    Mas, no fim no deu outra. A proposta de Constantino, ou seja, a deHOMOOUSIOS, foi aprovada, e com a qual se criou tambm o Credo deNiceia, que foi assinado pelos participantes do Conclio, com exceo de rio,Teonas e Secundus. Eusbio de Cesareia, igualmente, no quis assinar esse

    Credo, mas depois mudou de ideia, e assinou-o.

    Um fausto e esplndido banquete foi oferecido a todos os bispos,telogos, padres e demais autoridades presentes no encerramento do ConclioEcumnico de Niceia, o qual marcou a interveno oficial dos imperadores naadministrao da Igreja, apesar de ter sido o primeiro conclio ecumnico daIgreja.

    Enquanto isso, rio, Teonas e Secundus foram exilados na Ilria.

    Mas as controvrsias continuaram. E, como j afirmamos em outra partedeste livro, continuam at hoje, apesar de os telogos gostarem de dizer que

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    que se separou da Igreja Romana. O Papa Leo 9 excomungou Cerulrio,que, por sua vez, excomungou tambm o Papa Leo 9.

    E cerca de mil anos depois que essas polmicas comearam a assolar ocristianismo, aconteceu o Conclio Ecumnico de Lion (1274), o qual tentou

    trazer mais luz sobre as polmicas doutrinrias e teolgicas dos concliosanteriores, mas acabou complicando mais ainda as coisas.

    O Esprito Santo, que, at ento, estava meio esquecido entre ostelogos, veio tona, tendo sido tambm objeto de anlise no ConclioEcumnico de Lion (1274), que proclamou o Dogma do FILIOQUE. Essaexpresso latina quer dizer e do Filho. A Igreja Ortodoxa ensinava que oEsprito Santo procede s do Pai, enquanto a Igreja Romana afirmava que oEsprito Santo procede do Pai, sim, mas tambm do Filho. Isso porque a IgrejaRomana estava reforando a tese de santo Atansio (agora santo da Igreja) deque Jesus Cristo tambm Deus. J a Igreja Ortodoxa Oriental, provavelmenteporque no quisesse dar tanto valor a Jesus Cristo, como o fazia a IgrejaRomana, defendia a tese de que o Esprito Santo procede s do Pai ou s deDeus propriamente dito. Ganhou a tese do FILIOQUE, ou seja, a do Doma deque o Esprito Santo procede do Pai e do Filho. Muitos morreram na fogueirapor no aceitarem esse dogma e outros dogmas da Igreja, mas as polmicas eas descrenas no terminaram e esto a pelo mundo afora entre os cristos.

    E a Bblia, bvio, com essas disputas teolgicas, sofreu vrias

    alteraes. Cortes, interpolaes, acrscimos de versculos, captulos e at delivros inteiros aconteceram com a Bblia no decorrer dos sculos.

    Leblois, pastor da cidade de Strasburgo (Frana), referindo-se s Bbliasconsultadas por ele em bibliotecas, afirma em sua obra As Bblias e osIniciadores Religiosos da Humanidade: Vi na Biblioteca Nacional, na de SantaGenoveva e na do Mosteiro de Saint-Gall, manuscritos em que o Dogma daTrindade est anotado como acrscimo apenas margem. S mais tarde foiintercalado no texto, onde se encontra ainda (citao de Lon Denis,Espiritismo e Cristianismo).

    Lutero tirou da Bblia 7 livros inteiros, que, para ele, tinham sidoacrescentados a mais Bblia pela Igreja, assunto esse de que j tratamos.

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    As tradues da Bblia

    Continuando esta parte sobre a Bblia, vamos ver agora algumas

    questes relacionadas com as tradues, principalmente as mais recentes.J tivemos oportunidade de falar que as tradues contm

    irregularidades involuntrias e propositais, o que tem desfigurado muito a Bbliaem todos os tempos. Um exemplo nos dar uma noo bem clara do queestamos dizendo. Joo de Almeida foi um pastor protestante portugus, dosculo 17, muito conhecido por todos os estudiosos da Bblia em LnguaPortuguesa, porque ele tido como um dos melhores tradutores da Bblia detodos os tempos. E, no entanto, ele confessou que a sua verso da Bblia parao Portugus tem cerca de 2.000 erros. E impressionante o que as editoras

    tm feito com a traduo de Joo de Almeida, principalmente de 1960 para c,quando, sob o pretexto de colocarem a Bblia numa linguagem moderna,alteraram tanto os textos, que no se pode mais dizer que seja uma traduode Joo de Almeida. E dissemos de 1960 para c, porque foi a partir da que oEspiritismo no Brasil comeou a incomodar as Igrejas Catlica e protestantes.E como as Bblias nossas so em Portugus, so as tradues para oPortugus que so mais adulteradas, com o objetivo justamente de ocultar asideias espritas e reencarnacionistas da Bblia.

    E essas modificaes so propositais em toda a aceo da palavra. Por

    exemplo, h umas palavras espritas que s foram criadas na segunda metadedo sculo 19 pro Allan Kardec, tais como Espiritismo, esprita e mdium.Essas palavras no podem, pois, aparecer na Bblia, se o mais novo livro dela,o Apocalipse tem cerca de 1.900 anos. E fazem isso, justamente, paraenganarem os no espritas, e injuriarem e desmoralizarem o Espiritismo e osespritas. Isso lamentvel, pois os textos bblicos no podem ser adulteradosnem para a prtica do bem, quanto mais para a prtica do mal, ou seja, ainteno de enganarem as pessoas, ou de caluni-las e difam-las, e o pior,por causa de sua religio, que deve merecer de todos ns todo o respeito,

    qualquer que seja essa religio diferente da nossa.

    Um outro exemplo, que um flagrante desrespeito ao texto latino daVulgata de So Jernimo, com o objetivo de esconder a ideia da reencarnao,refere-se ao texto do xodo 20,5, cujo original em Latim o seguinte: ...intertiam et in quartam generationem (na terceira e quarta gerao). Mesmopara quem no estudou nada de Latim, sabe que a palavra latina IN significa apreposio EM em Portugus. Por exemplo: nos convites de casamento ou deformatura comum encontr