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FABIANA MAYUMI KONDO SELEÇÃO DE PROVEDOR DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS TERCEIRIZADO: UMA ABORDAGEM MESCLANDO CONCEITOS DE GESTÃO DE PROJETOS E AHP Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção SÃO PAULO 2008

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FABIANA MAYUMI KONDO

SELEÇÃO DE PROVEDOR DE SERVIÇOS LOGÍSTICOSTERCEIRIZADO: UMA ABORDAGEM MESCLANDO CONCEITOS

DE GESTÃO DE PROJETOS E AHP

Trabalho de formatura apresentado àEscola Politécnica da Universidade deSão Paulo para obtenção do Diploma deEngenheiro de Produção

SÃO PAULO2008

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FABIANA MAYUMI KONDO

SELEÇÃO DE PROVEDOR DE SERVIÇOS LOGÍSTICOSTERCEIRIZADO: UMA ABORDAGEM MESCLANDO CONCEITOS

DE GESTÃO DE PROJETOS E AHP

Trabalho de formatura apresentado àEscola Politécnica da Universidade deSão Paulo para obtenção do Diploma deEngenheiro de Produção

Orientadora: Profa. Dra. Marly Monteirode Carvalho

SÃO PAULO2008

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DEDICATÓRIA

À minha família

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AGRADECIMENTOS

À professora Marly Monteiro de Carvalho, cujos conselhos valiosos possibilitaram o

desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus pais, Mario e Célia, pela educação exemplar que me proporcionaram, e pelo apoio

essencial em todas as etapas de minha vida.

Aos amigos da Escola Politécnica, em especial aqueles com os quais tive a felicidade de

conviver nestes anos de Engenharia de Produção, pelos grandes momentos de alegrias,

expectativas e, sobretudo, crescimento.

Aos queridos amigos do Colégio Etapa, companheiros para toda a vida.

Ao Alexandre, pelo apoio, carinho e enorme compreensão.

Aos meus irmãos e demais familiares, por estarem ao meu lado nos momentos mais difíceis,

me dando a força necessária para chegar até aqui.

Aos meus colegas de trabalho, por me proporcionarem uma transição tão agradável à vida

profissional.

E à Escola Politécnica da USP, pelo amadurecimento adquirido ao longo de todos esses anos.

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RESUMO

Este trabalho trata do problema de seleção de provedores terceirizados na área de

logística. A abordagem metodológica utilizada baseia-se no AHP (Analytic Hierarchy Process)

como forma de classificar os fornecedores potenciais segundo critérios quantitativos e

qualitativos previamente estabelecidos pelos tomadores de decisão. O método desenvolvido

considera conceitos de Gestão de Projetos nas etapas iniciais do processo de seleção,

apresentando o procedimento necessário para que a empresa contratante possa abordar os

possíveis candidatos e coletar as informações necessárias. Por fim, um Estudo de Caso

apresenta a aplicação prática da metodologia em um setor bastante dependente de eficiência

logística, a mineração, obtendo-se como resultado a determinação do candidato mais indicado

para formação de uma parceria de longo prazo.

Palavras-chave: Terceirização. Seleção de Fornecedores. Analytic Hierarchy Process.

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ABSTRACT

This paper contemplates the problem of selecting third-party logistics providers. The

methodology is based on the Analytic Hierarchy Process (AHP) as a way to classify potential

suppliers according to quantitative and qualitative criteria previously established by decision

makers. Project Management concepts are applied in the initial steps of the selection process

in order to present the procedure that must be followed by the contractor to correctly approach

possible candidates and collect all the necessary information. Finally, a Case Study presents

the practical employment of the method in a segment which is extremely dependent on

logistic efficiency, the mining industry, and the result points to the most suited candidate to

establish a long term partnership.

Keywords: Outsourcing. Supplier Selection. Analytic Hierarchy Process.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 –Foco do Trabalho ................................................................................................. 15

Figura 2- As 5 Forças Competitivas ..................................................................................... 18

Figura 3 – Modelo estratégico da Cadeia de Valor ............................................................... 30

Figura 4 – Os componentes-chave da Estratégica Logística.................................................. 31

Figura 5 – Matriz de Importância x Desempenho na Logística ............................................. 33

Figura 6 – Tipos de Alianças na Logística............................................................................ 33

Figura 7 – Modelo esquemático do processo hierárquico de decisão no AHP ....................... 42

Figura 8 – Fluxo de obtenção de Informações e Seleção de Alternativas .............................. 46

Figura 9 – Etapas do processo de seleção de fornecedores.................................................... 53

Figura 10 – Visão geral das etapas do trabalho de formatura ................................................ 56

Figura 11 – Etapas do Método.............................................................................................. 57

Figura 12 – Evolução da produção mundial de minério de ferro........................................... 62

Figura 13 - Evolução do Mercado global e transoceânico de minério de ferro ...................... 63

Figura 14 - Cadeia Produtiva da Produção Mineral Brasileira ............................................. 64

Figura 15 - Market-Share do mercado transoceânico de minério de ferro ............................. 65

Figura 16 - Principais concorrentes no mercado brasileiro de minério de ferro ..................... 66

Figura 17 - Localização das principais reservas brasileiras ................................................... 69

Figura 18 - Distribuição do Mercado consumidor brasileiro de minério de ferro................... 71

Figura 19 - Grau de concentração da siderurgia mundial ...................................................... 73

Figura 20 - Avaliação das forças competitivas no Mercado de minério de ferro.................... 76

Figura 21 – Atividades logísticas envolvidas na operação .................................................... 79

Figura 22 – Matriz Importância x Desempenho das operações logísticas da empresa............ 81

Figura 23 – Processo de afunilamento dos participantes ....................................................... 90

Figura 24 – Hierarquia para escolha do fornecedor............................................................... 97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Atividades genéricas da cadeia de valor ............................................................... 26

Tabela 2 – Escala de preferência desenvolvida por SAATY ................................................. 43

Tabela 3 – Matriz genérica de comparação paritária ............................................................. 43

Tabela 4 – Matriz normalizada de comparação paritária ....................................................... 44

Tabela 5 – Valores de referência do Índice de Consistência (IC) .......................................... 44

Tabela 6 – Critérios para avaliação de fornecedores segundo Kannan e Tan (2002).............. 48

Tabela 7 – Critérios para Avaliação de Fornecedores na Literatura ...................................... 49

Tabela 8 - Evolução da participação do mercado transoceânico de minério de ferro ............. 63

Tabela 9 - Previsão de produção de minério de ferro por companhia .................................... 66

Tabela 10 - Participação relativa na produção nacional de minério de ferro.......................... 67

Tabela 11 – Capacidade da empresa em operações logísticas ............................................... 80

Tabela 12 – Critérios e sub-critérios de avaliação................................................................. 98

Tabela 13 – Matriz de Comparação Paritária referente aos critérios de avaliação.................. 99

Tabela 14 – Matriz de Comparação Paritária normalizada.................................................... 99

Tabela 15 – Ponderação dos critérios de avaliação ............................................................. 100

Tabela 16 – Ponderação dos subcritérios do critério “Experiência” .................................... 101

Tabela 17 – Ponderação dos subcritérios do critério “Estabilidade Financeira” .................. 101

Tabela 18 – Ponderação dos subcritérios do critério “Gestão de Recursos Humanos”......... 101

Tabela 19 – Ponderação dos subcritérios do critério “Comprometimento com a Parceria”.. 101

Tabela 20 – Ponderação dos subcritérios do critério “Segurança, Saúde e Meio Ambiente” 102

Tabela 21 – Ponderação dos subcritérios do critério “Transferência de Conhecimento”...... 102

Tabela 22 – Ponderação dos subcritérios do critério “Solução Técnica” ............................. 102

Tabela 23 – Ponderação dos subcritérios do critério “Custos” ............................................ 102

Tabela 24 – Resultado final da ponderação ........................................................................ 103

Tabela 25 – MCP correspondente ao subcritério “Tempo de Atuação”............................... 104

Tabela 26 – Rank dos candidatos segundo o subcritério “Tempo de Atuação”.................... 104

Tabela 27 – Compilação das notas obtidas pelos candidatos segundo todos os critérios e

subcritérios de avaliação .................................................................................................... 105

Tabela 28 – Rank final dos fornecedores ............................................................................ 106

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHP Analytic Hierarchy Process

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAM Instituto Brasileiro de Mineração

IC Índice de Consistência

ICmax Índice de Consistência Máximo

FMI Fundo Monetário Internacional

MCP Matriz de Comparação Paritária

PMBoK Project Management Body of Knowledge

RFI Requisitos de Informação (Requesto for Information)

RFP Requisitos de Proposta (Request for Proposal)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13

1.1 O Estágio ............................................................................................................. 13

1.2 Escopo e Objetivos do Trabalho......................................................................... 14

1.3 Estrutura do Trabalho........................................................................................ 15

2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 17

2.1 Análise de Mercado na relação com fornecedores............................................. 17

2.1.1 Análise Estrutural da Indústria: As 5 forças competitivas............................... 18

2.2 Alianças Estratégicas .......................................................................................... 21

2.2.1 Relações com Fornecedores ........................................................................... 23

2.2.2 O Processo de Terceirização .......................................................................... 24

2.3 Cadeias Produtivas e Análise da Governança.................................................... 25

2.3.1 Tipos de Cadeias ............................................................................................ 26

2.3.2 Governança nas cadeias de valor ................................................................... 27

2.4 Logística e a Cadeia de Suprimentos.................................................................. 28

2.4.1 A Importância Estratégica da Logística.......................................................... 29

2.4.2 Alianças e Terceirização na Logística ............................................................ 32

2.5 A Tomada de Decisão no Processo de Seleção de Fornecedores ....................... 36

2.5.1 Métodos multiobjetivos de decisão e aplicação no processo de seleção defornecedores................................................................................................................ 39

2.5.2 Analytic Hierachy Process (AHP)................................................................... 41

2.6 O Fluxo de Obtenção de Informações e Seleção de Alternativas ...................... 45

2.6.1 Planejamento das Aquisições: Definição do Serviço Contratado .................... 47

2.6.2 Planejamento da Solicitação: Definição dos Requisitos e Identificação dasPossíveis Fontes .......................................................................................................... 47

2.6.3 Solicitação: Relacionamento com os candidatos e obtenção de cotações ........ 50

2.6.4 Seleção das fontes: escolha dos fornecedores ................................................. 52

2.6.5 Administração e Encerramento de Contratos.................................................. 53

3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ................................................................ 55

3.1 Análise Estrutural da Indústria.......................................................................... 57

3.2 Análise da Aliança Logística............................................................................... 57

3.3 Desenvolvimento das Alternativas...................................................................... 58

3.4 Avaliação das Alternativas e Seleção do Fornecedor......................................... 58

4 ESTUDO DE CASO ............................................................................... 61

4.1 Análise Ambiental da Indústria.......................................................................... 61

4.1.1 O mercado de exploração de minério de ferro ................................................ 61

4.1.2 Análise das Forças Competitivas .................................................................... 65

4.2 Análise da Aliança Logística............................................................................... 77

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4.2.1 Descrição da empresa .................................................................................... 77

4.2.2 Caracterização das Operações Logísticas ...................................................... 78

4.2.3 Contexto das operações .................................................................................. 82

4.3 Desenvolvimento das Alternativas e Levantamento dos Critérios de Avaliação83

4.3.1 Definição dos Critérios para Avaliação das Alternativas................................ 83

4.3.2 Identificação das possíveis alternativas e envio dos documentos de requisitos 86

4.4 Descrição dos Candidatos ................................................................................... 91

4.4.1 CANDIDATO 1............................................................................................... 91

4.4.2 CANDIDATO 2............................................................................................... 92

4.4.3 CANDIDATO 3............................................................................................... 93

4.4.4 CANDIDATO 4............................................................................................... 95

4.4.5 CANDIDATO 5............................................................................................... 96

4.5 Avaliação das Alternativas ................................................................................. 97

4.5.1 Construção da Hierarquia .............................................................................. 97

4.5.2 Atribuição de Pesos aos Critérios ................................................................... 99

4.5.3 Atribuição de Pesos aos Sub-critérios........................................................... 100

4.5.4 Comparação dos candidatos......................................................................... 103

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................... 107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 111

APÊNDICE A............................................................................................. 115

APÊNDICE B ............................................................................................. 119

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1 INTRODUÇÃO

As transformações advindas do processo de globalização que ocorreu no final do

século 20 alteraram significativamente a estrutura do mercado e a forma com que as

organizações passaram a competir. O ambiente competitivo em que as empresas atuam é

caracterizado por pressões cada vez mais fortes, exigindo níveis de eficiência extremamente

elevados em qualquer ponto da cadeia de suprimentos.

Neste contexto, uma das principais tendências observadas entre as empresas foi a de

focar esforços em suas atividades-fim, dando espaço à terceirização das demais atividades da

organização. Assim, estabelecer relacionamentos de longo prazo passou a fazer parte do

cotidiano das corporações, através da busca por benefício mútuo com a formação de parcerias

e alianças estratégicas.

Uma das principais áreas impactadas por estas transformações foi a logística, já que os

níveis de serviço e custos exigidos começaram a demandar um grau de especialização que

muitas vezes ia de encontro ao foco produtivo da organização. Assim, à medida que crescia a

complexidade das cadeias de suprimentos, tornava-se mais freqüente o processo de

terceirização destas operações nas empresas.

Em decorrência deste fenômeno, um aspecto passou a ganhar importância, impactando

significativamente a competitividade das organizações: o processo de seleção de fornecedores

e parceiros estratégicos. Isto porque, conforme assinalado por Soares (2002), os contratos

firmados tornaram-se cada vez maiores, potencializando ainda mais os efeitos negativos

proporcionados por uma má escolha de fornecedores.

No entanto, em muitos casos, a escolha de fornecedores ainda acaba sendo focada

apenas nos aspectos operacionais e de custos dos candidatos, promovendo uma abordagem

bastante limitada da questão. Através deste trabalho, procura-se adotar uma visão mais ampla,

englobando a análise do relacionamento entre fornecedores e clientes na indústria como um

todo e outros aspectos estratégicos dos potenciais fornecedores.

1.1 O Estágio

O estágio que originou o presente trabalho de formatura foi realizado durante o ano de

2008 em uma empresa de consultoria estratégica, presente no Brasil há 10 anos. A empresa

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possui um portfólio bastante diversificado de clientes, e desenvolve projetos relacionados a

temas variados, porém todos considerados de alta gestão.

Um dos projetos que a autora teve oportunidade de participar envolvia a análise e a

seleção de um provedor logístico terceirizado para uma empresa de mineração, originando o

tema desenvolvido neste trabalho de formatura. Trata-se de uma indústria que apresenta

clientes importantes para o mercado de consultoria, e um problema bastante recorrente em

termos de projeto, já que muitas empresas apresentam certa dificuldade para tomar decisões

que envolvem múltiplos critérios e alternativas.

Na ocasião do projeto, a autora pôde perceber que a metodologia AHP (Analytic

Hierarchy Process), apresentada na disciplina Gestão de Projetos como uma ferramenta

bastante utilizada neste tipo de procedimento, era desconhecida da equipe de projeto, que

acabou optando por utilizar outra abordagem, não mencionada neste trabalho por questão de

confidencialidade. Assim, a autora optou por verificar a aplicabilidade de uma metodologia

baseada no AHP, buscando disponibilizar uma forma alternativa para a empresa solucionar

este tipo de problema, de forma prática e eficiente.

1.2 Escopo e Objetivos do Trabalho

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um método de auxílio à tomada de

decisão que possa ser aplicado no processo de escolha de provedores logísticos em diversas

indústrias, com enfoque em setores que necessitam de movimentações de mercadoria em

grande escala, como no caso da indústria de commodities.

A idéia é analisar os candidatos de maneira abrangente, através da avaliação de

aspectos qualitativos e quantitativos que possam determinar o parceiro mais indicado para um

relacionamento de longo prazo, considerando também as principais tendências e forças

competitivas atuantes na indústria.

O método proposto é baseado na metodologia AHP (Analytic Hierarchy Process)

como forma de classificar os candidatos segundo os critérios previamente estabelecidos pelos

tomadores de decisão. Além disso, busca-se abordar as etapas iniciais do processo de seleção,

que são necessárias para viabilizar a análise completa dos candidatos. Para isso, são

empregados conceitos de Gestão de Projetos, através da estruturação de etapas que englobam

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a coleta de informações, o processo de definição dos critérios de avaliação e o procedimento

formal para entrar em contato com os fornecedores potenciais.

A Figura 1 ilustra todas as etapas envolvidas no processo de escolha de um provedor

terceirizado, destacando aquelas abordadas neste trabalho.

Figura 1 –Foco do Trabalho

1.3 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho é composto por 5 capítulos, organizados da seguinte maneira:

O Capítulo de Introdução apresenta uma visão geral do tema, descrevendo o escopo e

objetivos do trabalho assim como o estágio em que foi desenvolvido.

O Capítulo 2 é dedicado à Revisão da Bibliografia, com a apresentação de conceitos

teóricos relacionados ao tema. Aborda-se, inicialmente, a importância da análise de mercado

na avaliação do relacionamento entre clientes e fornecedores, passando em seguida a uma

A política de terceirização da logística: análise das necessidades e/ouineficiências internas que levam a empresa a optar pela terceirização

Análise do mercado e do relacionamento existente entre clientes efornecedores

Determinação dos critérios que devem ser analisados no processo decisório,de acordo com as necessidades da empresa e as características da indústria

Identificação das alternativas de provedores existentes no mercado

Coleta de informações sobre os candidatos

Classificação das alternativas e determinação da alternativa mais indicada, combase nos critérios previamente estabelecidos

Administração de contratos

Foco desteTrabalho

Avaliação do desempenho do fornecedor

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discussão sobre aspectos relacionados a Alianças Estratégicas, incluindo o processo de

Terceirização. O item que segue é dedicado ao estudo da logística, sua importância estratégica

e tipos de alianças existentes. O Capítulo 2 ainda discute diversos métodos multiobjetivos

utilizados para classificar fornecedores e apresenta razões que levam à adoção do AHP.

Finalmente, procura-se explorar questões relacionadas ao processo de obtenção de

informações e definição dos critérios de avaliação.

O Capítulo 3 apresenta o método proposto para solucionar o problema, com base nos

conceitos teóricos abordados no Capítulo 2.

A aplicação da metodologia proposta a um Estudo de Caso no setor de mineração é

apresentada no Capítulo 4. A primeira parte do Capítulo corresponde à análise do mercado e

das principais forças competitivas existentes na indústria. Em seguida, a aliança estratégica é

caracterizada através de uma avaliação das operações logísticas necessárias. Por fim, a

metodologia AHP é aplicada através de planilhas eletrônicas (Microsoft Excel) que realizam

os cálculos, definindo-se assim o parceiro ideal para efetuar a atividade proposta pela empresa

contratante.

Por fim, o Capítulo 5 traz as principais conclusões e recomendações deste trabalho.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo é dedicado à Revisão da Literatura disponível sobre o tema desenvolvido

neste trabalho. São discutidos diversos aspectos abordados ao longo do trabalho, dentre os

quais a importância da análise de mercado na avaliação de fornecedores, a questão da

formação de Alianças Estratégicas nas empresas, métodos multiobjetivos de seleção de

alternativas, e por fim conceitos de Gestão de Projetos no processo de coleta de informações.

2.1 Análise de Mercado na relação com fornecedores

Pollice (2006) afirma que conhecer a análise estrutural da indústria é um dos aspectos

críticos a serem avaliados no processo de seleção e segmentação dos fornecedores

estratégicos, já que a dinâmica de mercado pode alterar os padrões de oferta e demanda, e

conseqüentemente, alterar as estratégias de aquisição de materiais nas empresas. Ainda

segundo Pollice (2006), o modelo de análise estrutural das indústrias elaborado por Porter

(1991) permite avaliar em detalhes a estrutura de mercado de determinado grupo de

compradores, fornecedores e insumos, bem como as regras competitivas estabelecidas.

Da mesma forma, Kraljic (1983) apud Pollice (2006) destaca que a análise de mercado

é fundamental para que sejam estabelecidas as bases de comparação entre o poder de

barganha do fornecedor e do comprador. Neste contexto, diversos critérios devem ser

avaliados, como a capacidade de utilização (risco de gargalos), estabilidade financeira do

fornecedor, especificidade do produto, volume anual comprado, crescimento esperado da

demanda, histórico de variações de volume e capacidade, e custos potenciais de falta ou não-

qualidade. Segundo o autor, quando há um domínio da empresa compradora em relação ao

fornecedor ou ao mercado, uma estratégia de razoável agressividade é indicada, já que o risco

de fornecimento é baixo / médio e existe uma chance maior de obter contribuições favoráveis

em termos de preços e condições de fornecimento.

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2.1.1 Análise Estrutural da Indústria: As 5 forças competitivas

Segundo o modelo de análise do ambiente competitivo elaborado por Porter, as regras

da concorrência estão englobadas em cinco forças competitivas, cujas pressões são

determinantes estruturais da competição e da lucratividade de uma empresa em determinada

indústria: a entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder de negociação

dos fornecedores, o poder de negociação dos compradores e a rivalidade entre os concorrentes

existentes.

Estas cinco forças, esquematizadas na Figura 2, determinam a rentabilidade da

indústria porque influenciam os preços, os custos e os investimentos que a corporação deve

fazer. Assim, quanto maior a intensidade das forças competitivas, pior a perspectiva de

rentabilidade futura.

É necessário, portanto, que a empresa elabore sua estratégia com o intuito de se

defender ao máximo dessas forças, ou influenciá-las em seu favor.

Figura 2- As 5 Forças Competitivas(adaptado de PORTER, 1992)

Concorrentes naIndústria

Fornecedores Compradores

EntrantesPotenciais

Substitutos

Poder de Negociaçãodos Fornecedores

Poder de Negociaçãodos Compradores

Ameaça de NovosEntrantes

Ameaça de Serviços ouProdutos Substitutos

Rivalidade EntreEmpresas Existentes

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Descreve-se, a seguir, cada uma destas forças competitivas, assim como suas

conseqüências no ambiente competitivo de uma dada indústria.

1) Concorrentes existentes

A intensidade da rivalidade existente em determinada indústria influencia os preços

assim como os custos da concorrência, podendo limitar significativamente sua lucratividade.

Carvalho e Laurindo (2007) apresentam os principais aspectos a serem verificados no

que se refere à análise desta força competitiva. Sua intensidade será maior se a indústria

analisada caracterizar-se pelos seguintes fatores:

Concorrentes numerosos ou equilibrados

Crescimento lento da indústria

Custos fixos altos

Ausência de diferenciação

Capacidade aumentada em grandes incrementos

Concorrentes com estratégias divergentes

Barreiras de saída elevadas

2) Novos Entrantes

A ameaça de entrada de novos concorrentes coloca um limite nos preços e modula o

investimento exigido para deter potenciais entrantes, influenciando a rentabilidade da

indústria. A intensidade desta força competitiva varia de acordo com as barreiras de entrada

existentes e a retaliação promovida pelos concorrentes já estabelecidos. Assim, quanto

maiores as barreiras de entrada e as possíveis reações dos concorrentes, menor será a

quantidade de potenciais entrantes.

Dentre as principais barreiras de entrada que limitam a ação de novos entrantes,

encontram-se:

Economias de Escala

Diferenças de produtos patenteados

Identidade de marca

Custos de mudança

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Exigências de capital

Acesso a distribuição

Acesso a insumos necessários

Curva de aprendizagem

Políticas governamentais

3) Produtos substitutos

Trata-se de produtos capazes de desempenhar funções semelhantes aos produtos da

indústria analisada, mas que possuem características distintas e provêm de outra base

tecnológica (indústria distinta). Do ponto de vista do consumidor, quando o trade-off preço-

desempenho se torna favorável ao produto substituto, ele faz a troca e deixa de consumir o

produto da indústria. Assim, a existência de produtos substitutos influencia o potencial de

crescimento e lucratividade da indústria, já que pode impor um teto aos preços cobrados pelas

empresas.

4) Poder de negociação dos fornecedores

O poder de barganha dos fornecedores é elemento decisivo e pode exercer grande

impacto na rentabilidade de uma indústria. Seu poder de negociação depende de uma série de

fatores de mercado, e aumenta significativamente caso se encaixe em algum dos seguintes

cenários (CARVALHO; LAURINDO, 2007):

O produto dos fornecedores é um insumo crítico

O grupo de fornecedores é constituído por poucas companhias e é mais

concentrado do que a indústria em análise

A indústria não é um cliente importante para o grupo de fornecedores

Os produtos dos fornecedores são diferenciados e não concorrem com produtos

substitutos

Os fornecedores são uma ameaça concreta de integração para frente

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5) Poder de negociação dos compradores

Assim como no caso dos fornecedores, o poder de barganha dos consumidores pode

limitar a lucratividade e atratividade da indústria, influenciando os preços que as empresas

podem cobrar por determinado produto ou serviço. A intensidade desta força competitiva

pode ser aumentada de acordo com alguns fatores:

Inexistência de diferenciação entre os concorrentes do segmento, facilitando a

possibilidade de troca para o comprador

Grande participação do comprador no total de vendas da indústria

Custos de mudança do comprador menores que os custos de mudança da indústria

Ameaça de integração para trás

2.2 Alianças Estratégicas

Gulati (1998) define Aliança Estratégica como acordos voluntários entre empresas

envolvendo trocas, compartilhamento e desenvolvimento conjunto de produtos, tecnologias

ou serviços, que podem ocorrer como resultado de uma grande variedade de razões e

objetivos. As alianças podem assumir diversas formas, e ocorrem ao longo das fronteiras

horizontais e verticais da cadeia de valor.

Uma das grandes questões abordadas pelos estudiosos de Alianças Estratégicas é o

perfil das empresas que costumam formar parcerias. Neste caso, é possível estabelecer

relações entre o comportamento das empresas e o ambiente competitivo em que a organização

está inserida. Segundo Gulati (1998), no caso de indústrias em que o nível de competição é

mais acirrado, as empresas enfrentam grau elevado de incertezas, e procuram mitigar os riscos

através da formação de alianças com outros atores do mercado. A questão do perfil das

empresas formadoras de alianças estratégicas está, segundo Gulati (1998), entre as 5 grandes

perguntas a serem respondidas quando tais parcerias são avaliadas. São elas:

Quais são as empresas que formam Alianças e quem elas procuram como parceiras?

Quais os tipos de contratos utilizados para formalizar as alianças?

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Como a aliança e a participação dos parceiros evoluem com o tempo?

Quais fatores influenciam o sucesso da aliança?

Qual o efeito da formação de parcerias para o desempenho das empresas?

Para responder tais questões, é importante considerar as circunstâncias envolvidas em

ambientes de parceria na indústria. Organizações que decidem ingressar em novas alianças

acabam por encarar riscos significativos devido ao comportamento imprevisível das empresas

parceiras. Mudanças rápidas no mercado podem levar novas necessidades e orientações às

empresas, afetando invariavelmente suas parcerias e alianças. Assim, para que seja possível

construir um relacionamento confiável, as empresas devem estar cientes das necessidades e

objetivos estratégicos de suas parceiras, assim como é essencial obter informações sobre o

grau de confiabilidade que pode ser depositado, uma vez que a continuidade da atividade

depende muito do comportamento do parceiro.

Kanter (1994) afirma que o processo de escolha dos melhores parceiros será bem

sucedido se as organizações considerarem três critérios:

Auto-análise: As relações tendem a ter um bom início quando as empresas

parceiras se conhecem e têm um bom conhecimento de suas indústrias e tendências.

Química: Destacar o lado pessoal nas relações de negócios não significa negar a

importância das análises financeiras e estratégicas. Mas, segundo a autora, as

negociações muitas vezes resultam do relacionamento existente entre os

executivos das organizações.

Compatibilidade: Os parceiros devem estar alinhados no que concerne às

dimensões históricas, filosóficas e estratégicas: trata-se de dividir experiências,

valores, princípios e expectativas para o futuro.

Para Yoshino e Rangan (1995) apud Furtado (2005), a principal motivação para a

formação de alianças é a necessidade do rápido desenvolvimento de novas competências em

um grande número de áreas diferentes (tecnologia, desenvolvimento, manufatura, economia,

marketing).

Já segundo Lambert et al (1998), apesar de o acesso a novos mercados e tecnologias

também induzir à construção de parcerias, o principal fator direcionador é o aumento

esperado na lucratividade de ambas as empresas quando há o compartilhamento de ativos,

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compromissos de volumes no longo prazo e redução das variabilidades dos processos

adquirida através do intercâmbio de informações.

Com relação aos fatores que levam ao sucesso de uma aliança estratégica, Kanter

(1994) apresenta os oito fatores (oito “I’s”) responsáveis pelo sucesso de uma parceria:

Excelência Individual (Individual Excellence): ambos os parceiros devem ser

fortes e possuir conhecimento que agregue valor à relação. As razões que levam à

procura de uma parceria devem ser positivas (criar oportunidades futuras), não

negativas (esconder alguma dificuldade ou sair de uma situação difícil).

Importância (Importance): O relacionamento apresenta grande importância

estratégica para os parceiros dentro de seus objetivos de longo prazo.

Interdependência (Interdependence): Nenhum dos parceiros consegue fazer

sozinho o que fazem juntos.

Investimento (Investment): Os parceiros mostram sinais tangíveis de compromisso

no longo prazo, investindo recursos significativos na relação.

Informação (Information): A comunicação deve ser aberta e deve haver constante

troca de informação.

Integração (Integration): Os parceiros constroem conexões entre profissionais de

todos os níveis das organizações, tornando-se ao mesmo tempo professores e

alunos.

Institucionalização (Institutionalization): O relacionamento apresenta um status

formal, com responsabilidades claras e processos decisórios bem definidos.

Integridade (Integrity): O tratamento entre parceiros se dá de forma honesta, sem

que possa haver qualquer tipo de abuso entre as partes.

2.2.1 Relações com Fornecedores

No ambiente competitivo atual, dentro da esfera de análise das alianças estratégicas, é

importante compreender as relações existentes entre clientes e fornecedores. Kanter (1994)

afirma que, em uma economia global, a habilidade de criar e sustentar colaborações que sejam

frutíferas darão às companhias uma vantagem competitiva significativa. Da mesma forma,

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Trent (2005) afirma que, à medida que a competição global avança e os mercados

fornecedores tornam-se mais restritos, a única solução para que as empresas sobrevivam e

prosperem neste ambiente extremamente competitivo é colaborar com seus fornecedores. O

autor apresenta um modelo que caracteriza os tipos de relações comprador-fornecedor, tendo

como base o comportamento dos diversos agentes:

Relações contraprodutivas: também conhecidas como antagônicas, as partes

trabalham uma contra os interesses da outra. Trata-se de um cenário de destruição

de valor.

Relações competitivas: ocorre quando os membros da cadeia atuam em interesse

próprio, buscando capturar o maior valor possível da relação. Atividades como

biddings competitivos, comparações de preços, contratos de curto prazo ou leilões

reversos caracterizam este tipo de relação.

Relações cooperativas: os atores da cadeia reconhecem o valor potencial de uma

interação mais próxima e troca de informações entre parceiros. Tais casos são

caracterizados por contratos de longo prazo, e buscam-se melhorias em relação a

custo, qualidade, entregas e serviços, com envolvimento antecipado dos

fornecedores nos projetos novos.

Relações colaborativas: representam a mais sofisticada e intensa relação possível

entre compradores e vendedores. Neste caso, ocorrem interações entre executivos,

desenvolvimento de estratégias conjuntas, e compartilhamento intenso de recursos,

gerando imenso valor para todos os envolvidos.

2.2.2 O Processo de Terceirização

Lambert e Peppard (2003) apud Perez (2003) afirmam que existe uma forte

argumentação de que as organizações devem concentrar-se em suas competências centrais e

buscar terceiros junto ao mercado para a execução de todas as outras atividades. Defendem,

assim, a contratação de serviços terceirizados, que nas palavras de Serra (2001) apud

Camargo (2007) significa a “transferência de atividades ligadas à produção para pessoas

físicas ou jurídicas contratadas para a execução de partes, etapas ou sistemas da operação”.

Ainda segundo o autor, tais atividades são realizadas com autonomia e os riscos e garantias

são de responsabilidade do contratado.

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Da mesma forma, Chesnais (1996) apud Carvalho e Laurindo (2007) afirma que as

grandes empresas que operam em bases globais passaram a priorizar algumas funções que

consideram estratégicas, caracterizando o processo de descentralização das atividades

produtivas, marcado pela subcontratação (outsourcing) muitas vezes em bases globais e pelo

enxugamento das grandes estruturas corporativas. Assim, tais organizações passaram a

comandar uma cadeia global de fornecedores e distribuidores, responsáveis por executar

atividades antes executadas pelas empresas verticalizadas.

Tal processo de descentralização pode promover alguns riscos às organizações, como

o perigo de dependência com relação à outra empresa, em se tratando de habilidades

essenciais a longo prazo (COSTA NETO, 2007). Por outro lado, pode ser extremamente

proveitoso às empresas que conseguem se apropriar das atividades que agregam valor, já que

em muitos casos é possível impor seus interesses aos outros elos da cadeia, se conseguirem se

valer do poder econômico (CARVALHO; LAURINDO, 2007).

Enquanto isso, para as pequenas empresas que fazem parte destas grandes cadeias, a

compreensão das dinâmicas e relações de poder será decisiva para a sua sobrevivência e

desenvolvimento, pois permite traçar estratégias defensivas que aumentam seu poder relativo

na cadeia, sobretudo através de parcerias e redes de cooperação.

2.3 Cadeias Produtivas e Análise da Governança

Como afirmado anteriormente, o cenário competitivo atual é caracterizado pelo ritmo

acelerado das mudanças tecnológicas e pela liberalização dos mercados globais, o que exige o

entendimento completo das relações nas cadeias produtivas para a formulação de uma

estratégia competitiva bem sucedida. (CARVALHO; LAURINDO, 2007). Entretanto, é

necessário antes de tudo esclarecer o significado dos diferentes termos empregados pelos

estudiosos que abordam este tema.

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2.3.1 Tipos de Cadeias

Cadeias de valor

Porter e Millar apud Carvalho e Laurindo (2007) definem a cadeia de valor como o

conjunto das atividades tecnológicas e economicamente distintas que a empresa utiliza para

realizar seus negócios. Para realizar a análise da cadeia de valor, 9 atividades genéricas

divididas em dois grupos (atividades-meio e atividades-fim) devem ser consideradas (Tabela

1) e, para serem realizadas, cada uma destas atividades possui um componente físico e outro

de processamento de informações.

Tabela 1– Atividades genéricas da cadeia de valor

Atividades-Meio Atividades-Fim

Infra-estrutura empresarial

Gerenciamento de recursoshumanos

Desenvolvimento de tecnologias

Aquisições de insumos

Logística interna

Operações

Logística Externa

Marketing e Vendas

Prestação de serviços

(adaptado de CARVALHO; LAURINDO, 2007)

Assim, agregar valor a cada uma destas atividades de maneira mais significativa que

os concorrentes torna a empresa certamente mais competitiva que as demais.

Cadeia de suprimento

Nas palavras de Bowersox e Closs (2001), apud Carvalho e Laurindo (2007), o termo

“Cadeia de Suprimento” pode ser traduzido como sendo o “conjunto de todas as atividades

relativas ao fluxo físico e processo de transformação de produtos, desde o estágio original de

matéria-prima até o usuário final (consumidor), assim como o fluxo de informações

relativas”.

A principal diferença com relação à cadeia de valor está na ênfase maior dada aos

processos logísticos. Além disso, neste caso não há preocupação em diferenciar atividades-

meio e atividades-fim.

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Cadeias produtivas globais

As cadeias produtivas globais são caracterizadas pela produção e comercialização de

mercadorias que envolvem tomada de decisões estratégicas e a formação de cadeias

internacionais de suprimentos (GEREFFI, 1994 apud CARVALHO; LAURINDO, 2007).

Tais cadeias podem apresentar-se sob dois formatos distintos: cadeias dirigidas pelo produtor

(producer-driven chain), onde os ativos-chave são produtivos e as grandes manufaturas

coordenam redes inter-organizacionais; e as cadeias dirigidas pelo comprador (buyer-driven

chain), onde os ativos-chave são os comerciais e os varejistas apresentam-se como

coordenadores da cadeia.

2.3.2 Governança nas cadeias de valor

Outra questão importante no que diz respeito à análise das relações entre organizações

é a análise da governança, que pode fornecer insumos importantes para a identificação de

ameaças e oportunidades a serem equacionadas em uma estratégia de sucesso (CARVALHO;

LAURINDO, 2007). Trata-se de uma questão de extrema importância e Pollice (2006) já

definia uma cadeia sem governança como “apenas um emaranhado de relações de mercado.”

Segundo Carvalho e Laurindo (2007), o termo governança corresponde ao processo de

coordenação dos atores econômicos, nas esferas pública e privada e nos níveis local e global.

A idéia central, de acordo com Fleury e Fleury (2000), é identificar as estruturas de poder em

que uma ou mais empresas controlam atividades econômicas geograficamente dispersas. Em

outras palavras, segundo Humphrey e Schmitz (2001) apud Pollice (2006), o termo

governança pode ser utilizado para expressar que em uma cadeia de valor algumas empresas

definem os parâmetros-chave sob os quais as outras componentes da cadeia operam.

Para a empresa-líder, este posicionamento de liderança proporciona vantagens

importantes, pois facilita a identificação de melhores oportunidades de retorno em setores

com barreiras de entrada mais elevadas.

Carvalho e Laurindo (2007) afirmam que a análise dos diversos tipos de governança é

necessária pois as diferenças nos padrões de coordenação das empresas influenciam

fortemente a possibilidade de desenvolvimento dos atores ao longo da cadeia, bem como

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podem determinar a rapidez na resposta a situações de mudanças aceleradas, como as

verificadas no contexto econômico atual.

Pollice (2006) afirma ainda que o poder em uma rede de suprimentos está diretamente

relacionado à dependência dos diversos membros da rede a um parceiro específico. Segundo o

autor, quanto maior a dependência (comercial, técnica, estratégica, acionária, etc.), maior a

influência e o poder deste componente da rede sobre os demais.

Ainda de acordo com Pollice (2006), é importante observar que o posicionamento de

liderança acaba acarretando custos à empresa-líder, uma vez que requer freqüentemente

investimentos em ativos específicos junto a determinados fornecedores, aumentando a rigidez

nas cadeias de suprimento devido ao aumento do custo de troca de fornecedores.

Humphrey e Schmitz (2001) apud Pollice (2006), ao analisarem as principais

tendências que influenciarão os movimentos nas cadeias de valor, citam o risco da falha de

abastecimento como o principal direcionador da governança, já que os fornecedores trazem o

risco de não estarem aptos a produzir de acordo com as especificações, requerendo maior

controle por parte da empresa compradora.

Em termos de classificação, Humphrey e Schmitz (2001) apud Carvalho e Laurindo

(2007) identifica três tipos de governança: mercado, redes e integração vertical (ou hierarquia).

2.4 Logística e a Cadeia de Suprimentos

Segundo Ballou (2006), a logística vem se transformando num processo cada vez mais

importante de agregação de valor, por incontáveis razões:

1) Os custos são significativos

Para se ter uma idéia, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), os

custos logísticos representam em média 12% do produto interno bruto mundial. Ficam, assim,

em segundo lugar na avaliação dos principais custos das empresas, perdendo apenas para o

custo das mercadorias vendidas.

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2) As expectativas do serviço logístico para o cliente estão aumentando

A Internet, procedimentos operacionais just-in-time e continuada reposição de

estoques são, todos, fatores que levam os clientes a esperar um processamento cada vez mais

ágil de seus pedidos, entrega imediata e um alto índice de disponibilidade do produto.

3) As linhas de suprimento e distribuição vão se estendendo com maior

complexidade

Como já visto anteriormente, verifica-se a tendência de uma economia mundial cada

vez mais integrada. Diante deste contexto, as empresas buscam desenvolver estratégias

globais, projetando seus produtos para um mercado mundial e procurando matérias-primas,

componentes e mão-de-obra de menor custo. Assim, as organizações ficam cada vez mais

dependentes de desempenho e custos logísticos, uma vez que estes custos, especialmente de

transportes, vão crescendo de proporção na estrutura total de custos da empresa.

2.4.1 A Importância Estratégica da Logística

O primeiro passo para que uma empresa seja bem sucedida no que concerne o

desempenho de suas atividades logísticas é o reconhecimento de que estas atividades têm

importância significativa na estratégia geral da organização.

De acordo com Bowersox (1990), considerando suas pesquisas com mais de 1000

empresas de diversos setores, ficou claro que alguns competidores eram muito superiores que

seus concorrentes em termos logísticos, e que esta superioridade era um fator decisivo para

que conseguissem ganhar e reter a lealdade dos clientes.

Almeida (2006) afirma que a literatura apresenta um grande número de modelos para a

logística e sua abordagem estratégica. Porter (1992) considerava a logística interna (de

suprimentos e processamento) e a logística externa (de distribuição) como atividades

fundamentalmente primárias para a obtenção dos objetivos estratégicos, como pode ser

observado na Figura 3, que representa o modelo estratégico da cadeia de valor desenvolvido

por Porter.

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Figura 3 – Modelo estratégico da Cadeia de Valor(adaptado de PORTER, 1992)

Da mesma forma, Porter (1992), ao apresentar as características da vantagem

competitiva nacional, posiciona a logística como um elemento preponderante de diferenciação

na indústria de uma nação, identificando o aumento dos custos dos fatores de produção como

uma ameaça contínua à vantagem competitiva nacional.

Harrison e van Hoek (2003), apud Almeida (2006), afirmam que existem cinco

maneiras de tornar-se mais competitivo por meio da logística:

Qualidade: Neste caso, o objetivo é realizar todos os processos da cadeia de

suprimentos de modo que o produto final faça o que deve fazer, minimizando a

quantidade de “não conformidades”.

Velocidade: O tempo que o cliente deve esperar a partir do momento em que faz o

pedido até a entrega do produto deve ser minimizado.

Tempestividade: Fator que mede o cumprimento daquilo que foi prometido,

caracterizando-se, por exemplo, pelo controle rigoroso dos horários de transporte.

Flexibilidade: Uma cadeia de suprimentos deve ser flexível aos novos produtos e

mercados, assim como à variação da demanda do cliente, sendo capaz de modificar

rapidamente o que está sendo feito.

Custo: A cadeia de suprimentos influencia significativamente o posicionamento

em custos de uma empresa, já que está relacionada aos processos de fabricação,

distribuição e atendimento, entre outros.

Infra estrutura

Administração de Recursos Humanos

Desenvolvimento de tecnologia

Aquisição

M

A

R

G

E

M

AtividadesPrimárias

Atividadesde apoio

LogísticaInterna

Operação Logísticaexterna

Marketing &Vendas

Serviços

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Ainda considerando a relação entre logística e estratégia, Almeida (2006) apresenta a

estrutura piramidal do modelo de estratégia logística, desenvolvida pela Andersen Consulting,

que apóia a gestão da estratégia logística em 4 níveis de gestão (estratégico, estrutural,

funcional e de implementação), como observado na Figura 4. Todos os níveis devem ser

administrados de maneira eficiente para que uma empresa tenha bom desempenho em termos

logísticos.

Figura 4 – Os componentes-chave da Estratégica Logística(adaptado de ALMEIDA, 2006, p. 89)

Nível Estratégico

Segundo Christopher (1997), o serviço ao cliente é a principal fonte de vantagem

competitiva. Desta forma, o principal objetivo da logística é desenvolver estratégias que

possibilitem a realização de um serviço de baixo custo com qualidade superior.

Nível Estrutural

No nível estrutural, o design de canal determina a extensão e o grau de participação de

cada membro da cadeia na distribuição, enquanto a estratégia de rede está relacionada à

definição das instalações necessárias, seus objetivos e localizações.

Nível Funcional

Corresponde às atividades fundamentais sem as quais a logística não pode funcionar:

gestão de transportes, materiais e design de operações e armazenagem.

ESTRATÉGICO

ESTRUTURAL

FUNCIONAL

IMPLEMENTAÇÃO

Serviço aoconsumidor

Design decanal

Estratégiade rede

Design deoperações de

armazém

Gestão deTransportes

Gestão demateriais

Sistemas deInformação

Políticas eprocedimentos

Equipamentose instalações

Organização egerenciamentodas mudanças

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Implementação

Trata-se das atividades de suporte e apoio, que funcionam como instalações e/ou

instrumentos para se executar as tarefas que suprirão as operações logísticas.

2.4.2 Alianças e Terceirização na Logística

De acordo com Ballou (2006), muitas empresas preferem contratar atividades

logísticas de empresas especializadas pois reconhecem a existência de vantagens estratégicas

e operacionais importantes na terceirização de suas atividades e na formação de alianças

logísticas. Dentre estes benefícios, destacam-se:

Custos reduzidos e menores investimentos de capital;

Acesso a tecnologias novas e a habilidades gerenciais;

Vantagens competitivas importantes, como a crescente penetração no mercado;

Acesso incrementado à informação útil para o planejamento;

Redução dos riscos e incertezas.

Para Bowersox (1990), essas alianças podem oferecer oportunidades de melhorar

significativamente a qualidade do serviço oferecido aos clientes, e de quase inexistentes na

década de 80, passaram por uma grande disseminação na década seguinte, quando as

empresas tinham que reduzir custos de transporte e armazenamento para se manterem

competitivas no mercado.

Entretanto, o autor afirma que a redução de custos, apesar de desejável, não é o

principal objetivo da formação de alianças. Segundo ele, o grande motivador da formação de

parcerias na logística é a criação de vantagens competitivas e o seu impacto no mercado.

Para Ballou (2006), decidir se é melhor realizar a função logística internamente ou

optar pela terceirização depende de um equilíbrio entre dois fatores: a importância da logística

para o sucesso da firma e quão competente é essa empresa no gerenciamento da função

logística (ver Figura 5).

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Figura 5 – Matriz de Importância x Desempenho na Logística(adaptado de BALLOU, 2006)

Ainda segundo Ballou (2006), o relacionamento das empresas com parceiros externos

pode variar em termos de intensidade, abrangendo desde eventos isolados até contratos de

longo prazo para sistemas compartilhados de uma aliança estratégica, como pode ser

verificado na Figura 6:

Figura 6 – Tipos de Alianças na Logística(adaptado de BALLOU, 2006)

Aliança EstratégicaA relação planejada em que cada uma daspartes tem necessidades que a outra podesuprir, e em que ambas as empresascompartilham valores, metas e estratégiascorporativas de benefícios mútuos

Contratos LogísticosUma relação especificamente definida,orientada por contrato e dependente documprimento, pelo fornecedor, das metas dedesempenho definidas pelo embarcador

Transações LogísticasUm relacionamento decorrente de um eventoisolado, ou de uma série de enventos isolados

TRANSAÇÕES LOGÍSTICAS

CONTRATOS LOGÍSTICOS

ALIANÇA ESTRATÉGICA

Au

men

toda

com

ple

xid

ade,

redu

ção

da

con

corr

ênci

a

Encontrar um sóciocompetente

Desempenhar asatividades logísticas

internamente

TerceirizarSer um parceiro

líder

BAIXA ALTA

BAIXA

ALTA

Imp

ort

ân

cia

da

log

ística

pa

rao

suce

sso

da

em

pre

sa

Competência da empresa no desempenho da logística

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Alianças Logísticas

Quando a organização tem consciência dos altos custos da logística, ela pode tentar

associar-se com outra que tenha, e esteja disposta a compartilhar, capacidade logística

excedente, localizações estratégicas de instalações, tecnologia desejável e habilidades

administrativas superiores. Cria-se, assim, uma aliança logística, que pode beneficiar ambas

as partes.

Segundo Lamber et al (1998) apud Camargo (2006), a aliança pode ser definida como

“um relacionamento de negócios, baseado em confiança mútua, compartilhamento de riscos e

recompensas que rendem vantagem competitiva resultando num desempenho maior do que

seria alcançado se as empresas estivessem trabalhando de forma individual”. Além disso, tal

parceria pode ser estabelecida de maneiras distintas:

Uma empresa reconhece a outra como parceira, mas há limitação de atividades

conjuntas de planejamento e coordenação, num horizonte de tempo de curto prazo.

As parceiras sentem um progresso na integração das atividades, com um maior

número de departamentos envolvidos, sendo o horizonte de longo prazo.

As empresas possuem uma grande integração das atividades, tratando-se como

uma extensão do próprio negócio. Há a idéia de que a relação perdurará por um

longo tempo.

Bowersox (1990) afirma que as empresas que procuram alianças logísticas devem

procurar mais do que apenas a eficiência em servir o cliente no momento combinado. Trata-se

de oferecer serviços com maior valor agregado, fazendo com que a logística se torne um fator

que garanta a lealdade dos consumidores.

O compartilhamento de riscos é outro fator importante para a atratividade deste tipo de

relação. Além da chance de erro ser muito reduzida já que cada participante tem foco na

atividade em que é especialista, pode-se também compartilhar as conseqüências de eventuais

falhas.

Contratos Logísticos

Recentemente, as empresas têm recorrido cada vez mais a serviços de outras

companhias para dar suporte às suas próprias atividades logísticas. Diferentemente das

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35

alianças, as chamadas empresas de contratos logísticos são vistas como vendedoras de

serviços, e não como participantes de sociedades que se beneficiam da sinergia entre os

membros da aliança.

A relação entre a empresa e o provedor de contratos logísticos apresenta diversos

benefícios potenciais, mas de acordo com Ballou (2006), pode trazer eventuais desvantagens.

De acordo com pesquisa realizada pela J.P.Morgan Securities, Inc., os problemas mais citados

em relação à utilização de um provedor logístico terceirizado foram o escasso entendimento

do ramo de negócios do cliente e as capacidades de serviço inferiores ao prometido.

Assim, Ballou (2006) apresenta sugestões importantes para levar a organização a ter

uma relação de longo prazo e sucesso com o operador terceirizado, dentre os quais se

destacam:

Desenvolver indicadores de desempenho necessários e investir em tecnologia

adequada para aceitar e avaliar a informação recebida pelo terceiro.

Investir o tempo necessário para garantir que a empresa e o terceiro estejam em

alinhamento estratégico.

Desenvolver capacidades de gestão de relacionamentos, especialmente habilidades

estratégicas e de gerenciamento de mudança organizacional.

Comunicar-se aberta e honestamente.

Compartilhar tanto o risco quanto a recompensa.

Explorar os limites do aperfeiçoamento do desempenho à medida que o

relacionamento amadurece.

Cooper e Gardner (1993) apud Furtado (2005) abordam os mesmos fatores como

forma de garantir o bom relacionamento entre as empresas parceiras, além de adicionarem a

questão do prolongamento da parceria no longo prazo como fator fundamental. Para estes

autores, as questões essenciais, além das citadas acima, são:

Intercâmbio sistemático de informações operacionais;

Buscar o prolongamento da parceria, visando um relacionamento que continuará

no futuro.

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36

Transações Logísticas

No caso das chamadas transações logísticas, o relacionamento entre as empresas

decorre de eventos isolados, ou de uma série de eventos isolados, traduzindo-se por relações

normalmente de curto prazo e menos complexas.

No entanto, independentemente do tipo de relação existente entre as empresas

parceiras, a escolha correta do operador logístico é de extrema importância para as

organizações, visto que uma escolha ruim pode acarretar impactos negativos a diversos outros

serviços relacionados àquela atividade, prejudicando diretamente a lucratividade da empresa.

Além disso, a necessidade de substituição de fornecedores inadequados acarreta custos

significativos de mudança, citados por Aymard e Brito (2003) através da divisão em algumas

categorias:

Recursos humanos: custos de treinamentos para os empregados, desgaste com o

pessoal da empresa, gerenciamento da mudança, etc.

Recursos físicos, econômicos e tecnológicos: custos de equipamentos e plantas

especializados, estabelecimento de novos arranjos logísticos, perda de sinergias,

custo de transação, etc.

Percepção de risco: familiaridade de marca, necessidade de assistência técnica em

decorrência da (falta de) confiança depositada no vendedor, etc.

Garantias contratuais e perdas de clientes.

Desta forma, tendo em vista a expansão das alianças logísticas no contexto

empresarial, é necessário avaliar as metodologias existentes para que se possa selecionar

corretamente os eventuais parceiros, conforme será apresentado no item a seguir.

2.5 A Tomada de Decisão no Processo de Seleção de Fornecedores

Segundo Murakami (2003), o processo de tomada de decisão tem se transformado

rapidamente nos últimos anos, sobretudo devido à velocidade do avanço da tecnologia da

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informação e de comunicações, aumentando a pressão para que as decisões sejam cada vez

mais rápidas e acuradas.

No entanto, a tomada de decisão deve ser feita de forma estruturada e rigorosa, pois de

acordo com Janis (1989), apud Costa Neto (2007), “um processo de tomada de decisão que

utiliza estratégias simplistas (regras afiliativas, regras emotivas, falta de estrutura

organizacional no agrupamento das informações, etc.) tem maior probabilidade de conduzir

a resultados indesejáveis”.

De acordo com Soares (2002), o processo decisório com relação aos fornecedores

estratégicos é considerado como tipicamente multi-objetivo. Isto porque o escopo da análise

vai além da simples comparação de custos, envolvendo requisitos mínimos e diversos

critérios de escolha que avaliam a capacitação do prestador de serviço para realizar a

atividade desejada. Ainda segundo o autor, este aspecto é particularmente evidente quando se

pretende confiar a um terceiro uma atividade que, embora não esteja associada à atividade-fim,

seja fundamental para a sobrevivência de uma indústria no mercado. Neste caso, o prestador

de serviço escolhido é considerado estratégico, pois a indústria investirá tempo e dinheiro em

seu desenvolvimento.

As decisões em torno da seleção de fornecedores de serviços logísticos têm impacto

significativo na capacidade das empresas em competir no mercado, visto que o custo de

abastecimento de matérias primas ou distribuição de produtos acabados é significativo para a

maioria das empresas (SINK; LANGLEY, 1997, apud SOARES, 2002). No entanto, o

processo de seleção de fornecedores pode tornar-se bastante complexo devido ao fato de,

freqüentemente, os fornecedores potenciais terem diferentes níveis de desempenho em

critérios de escolha distintos, como por exemplo, o custo unitário e a rapidez de entregas

(WEBER et al, 1998 apud SOARES, 2002).

Neste contexto, Clemen (1991) apud Morita (1998), afirma que a complexidade dos

processos decisórios está relacionada a quatro fatores:

1) Complexidade do problema;

2) Busca de vários objetivos em um mesmo problema;

3) Diferentes pontos de vista que conduzem para conclusões adversas;

4) Incertezas envolvendo as circunstâncias.

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Assim, o autor considera que o propósito da análise de decisão é auxiliar o tomador de

decisão a pensar sistematicamente a respeito de grandes problemas, melhorando a qualidade

de suas decisões.

No caso específico da seleção de um provedor de serviços logísticos, as quatro fontes

de fatores que aumentam a complexidade do processo decisório podem ser claramente

observadas, conforme apresentado por Iañez (2002):

1) Complexidade do problema: múltiplos atributos

Conforme citado anteriormente, diferentes atributos podem influenciar este processo

decisório, tais como: estabilidade financeira do prestador, credibilidade no mercado,

experiência, custo do serviço, entre outros.

Além disso, o fato de se tratar de atributos de natureza ora quantitativa (estabilidade

financeira, custos) e ora qualitativa (credibilidade, experiência, etc.) contribui para o aumento

da complexidade do problema.

2) Vários objetivos no mesmo problema

Os diversos atributos vistos anteriormente são dificilmente encontrados em um mesmo

provedor, fazendo com que a empresa tenha que encontrar aquele que apresenta a melhor

relação entre os diversos atributos necessários.

3) Diferentes pontos de vista que conduzem a conclusões adversas

Em geral, no caso da seleção de provedores de serviços logísticos, muitos

departamentos e pessoas estão envolvidos no processo. Freqüentemente, os diversos grupos

de pessoas possuem objetivos distintos, fazendo com que seja necessário chegar a um

consenso de grupo para a tomada da decisão.

4) Incertezas que envolvem circunstâncias

Incertezas com relação aos níveis de desempenho do provedor e à manutenção da

qualidade dos serviços, assim como o medo da perda do controle operacional são fatores que

contribuem para aumentar a complexidade deste processo decisório.

Assim, faz-se necessário o desenvolvimento de uma metodologia para abordar tal

problema, de forma a levar em consideração os diversos aspectos que influenciam este tipo de

tomada de decisão.

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2.5.1 Métodos multiobjetivos de decisão e aplicação no processo de seleção de

fornecedores

As metodologias de análise multicritério permitem a comparação simultânea dos

atributos de diversas alternativas, sejam eles tangíveis, intangíveis, subjetivos ou objetivos.

Este tipo de análise facilita a compreensão dos aspectos que conduzem à escolha de

determinada alternativa, permitindo ao gestor explicar o processo que o levou a tal decisão

(COSTA NETO, 2007).

Em sua revisão bibliográfica sobre o assunto, Iañez (2002) aborda diversos métodos

multiobjetivos para auxílio à tomada de decisão, dividindo-os inicialmente em três grandes

famílias:

1) Teoria da utilidade de múltiplos atributos – MAUT

Os métodos pertencentes a esta família são caracterizados pela agregação de diferentes

pontos de vista e atributos em uma única função, que deverá ser otimizada. Os trabalhos

relacionados a esta família estudam as condições matemáticas de agregação e a construção de

modelos.

Tais métodos não se aplicam à tomada de decisão de terceirização das atividades

logísticas pois permitem considerar apenas variáveis quantitativas, não aceitam a utilização de

atributos incomparáveis e objetivam uma solução maximizada entre as alternativas propostas.

2) Métodos de ranqueamento

Os métodos pertencentes a esta família objetivam, primeiramente, a construção de

uma relação de classificação que represente as preferências estabelecidas pelo tomador de

decisão. O segundo passo consiste na análise desta relação, de forma a auxiliar o tomador de

decisão na solução de seu problema. A principal diferença com relação à família anterior é a

possibilidade de comparar atributos qualitativos e quantitativos, mostrando-se mais adequados

ao problema de seleção de provedores de serviços terceirizados.

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3) Métodos interativos

Nesta família de métodos, são alternados passos de cálculo (produzindo soluções

sucessivas) e passos de diálogo (fontes de informações extra relativas às preferências dos

tomadores de decisão). Permite que as preferências de diversos tomadores de decisão sejam

consideradas individualmente e depois consolidadas na análise de decisão.

Para a aplicação no processo de seleção de fornecedores, uma desvantagem deste

método é a não convergência do resultado final para um consenso de opiniões, uma vez que a

solução é obtida a partir de interações sucessivas das preferências individuais de diversos

tomadores de decisão.

Desta forma, Iañez (2002) identifica os métodos de ranqueamento como os mais

adequados para auxílio à tomada de decisão de terceirização das atividades logísticas e

seleção de um fornecedor. Dentre estes métodos, vários são abordados na literatura

especializada. Os principais são:

- Método Electre: Considera preferências e indiferenças entre atributos, associando

pesos a cada um. Em seguida, são realizadas comparações entre pares de atributos a fim de

determinar a importância relativa de um frente ao outro. A principal desvantagem, segundo

Vincke (1992) apud Iañez (2002), é que muitos pesquisadores o consideram excessivamente

complexo e de difícil interpretação numérica.

- Método Promethee: Para cada atributo, determina-se um peso que aumenta

conforme sua importância relativa. Assim como no método Electre, são realizadas

comparações entre pares de atributos a fim de determinar o grau de ranqueamento entre os

mesmos. Este método foi desenvolvido para corrigir algumas dificuldades e limitações do

método Electre, desenvolvendo critérios e parâmetros que permitam uma interpretação

numérica de fácil entendimento para o tomador de decisão.

- Método Topsis: A principal diferença com relação aos outros métodos está na

abordagem utilizada para a atribuição da importância relativa dos diferentes critérios

analisados. Segundo este método, pesos maiores são alocados quando as diferenças dos

desempenhos das alternativas em um atributo são maiores, e conseqüentemente, pesos

menores quando os desempenhos são mais próximos.

- Método Todim: Tal método introduz o conceito de “Fator de Contingência”, que

permite a análise das alternativas quando elas não são totalmente independentes. Trata-se, no

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entanto, de um método recente, e não houve tempo suficiente para que o método pudesse

alcançar um nível de consolidação satisfatório.

- Método de Análise Hierárquica (ou Analytic Hierarchy Process, AHP): A

característica principal que distingue o AHP das outras abordagens diz respeito à forma com

que a técnica define o problema a ser analisado. A premissa básica é que o sistema decisório

complexo deve ser definido segundo uma estrutura hierárquica composta de vários níveis, que

compreendam os elementos cujas características podem ser consideradas similares.

Na visão dos principais autores estudados, o AHP é um dos métodos mais difundidos

no mundo, e o mais recomendado para problemas de seleção de fornecedores de serviços /

produtos. Para a melhor compreensão da aplicação deste método no presente trabalho, a

utilização do método AHP será detalhada a seguir.

2.5.2 Analytic Hierachy Process (AHP)

O AHP é um método de apoio à decisão criado por Thomas Saaty na década de 70,

com aplicações variadas e bem-sucedidas. Segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2006), o

problema de tomada de decisão é estruturado com base em três princípios: da estruturação das

hierarquias, do estabelecimento de prioridades e da consistência lógica.

Neste contexto, Costa Neto (2007) define hierarquia como “um sistema de níveis

estratificados, cada um constituído de diversos elementos ou fatores”, e apresenta na Figura 7

a estrutura básica de um processo hierárquico de decisão.

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Figura 7 – Modelo esquemático do processo hierárquico de decisão no AHP(adaptado de COSTA NETO, 2007)

Esta estrutura apresenta um objetivo ou meta que pode ser alcançado através da

adoção de distintas alternativas. Segundo Murakami (2003), a questão central relativa à

hierarquia é a seguinte: com que peso os fatores individuais do nível mais baixo da hierarquia

influenciam o seu fator máximo, o objetivo geral? Como esta influência não é

necessariamente uniforme em relação aos fatores, o método permite explicitar suas

intensidades ou prioridades.

Assim, de acordo com Costa Neto (2007), o processo de análise hierárquica auxilia o

tomador de decisão em dois processos básicos e importantes: o entendimento de suas

preferências e como estas levaram a uma determinada escolha; e a documentação do processo

de escolha, facilitando a justificativa da seleção de determinada alternativa.

Para a aplicação do método, a atribuição de valores se dá por julgamentos relativos,

através de comparações de elementos dois a dois. Para efetuar tal julgamento, utiliza-se uma

escala desenvolvida por Saaty, que representa a intensidade da preferência ao se julgar

alternativas e a intensidade da importância ao se julgar critérios e subcritérios (ver Tabela 2).

Obj. Principal

Atributo 1 Atributo 2 Atributo 3

SubAtributo 1

Alternativas

SubAtributo 2

SubAtributo 3

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Tabela 2 – Escala de preferência desenvolvida por SAATY

Escala Numérica Escala Verbal Explicação

1 Mesma importânciaOs dois atributos contribuem igualmente para o

objetivo

3Importância moderada de

um sobre o outroA experiência e o julgamento favorecem levemente

um atributo em relação ao outro

5Importância essencial ou

forteA experiência e o julgamento favorecem fortemente

um atributo em relação ao outro

7 Importância muito forteUm atributo é fortemente favorecido em relação aooutro; sua dominação de importância é demonstrada

na prática

9 Importância extremaA evidência favorece um atributo em relação ao

outro com o mais alto grau de certeza

2, 4, 6, 8 Valores intermediáriosQuando se procura uma condição de compromisso

entre duas definições

(adaptado de COSTA NETO, 2007)

Com a escala verbal, é possível comparar dois a dois os subcritérios de um

determinado critério e, a partir desse julgamento verbal, pode-se transformar as intensidades

verbais em uma escala numérica, criando uma matriz de comparação paritária (MCP) que é a

base para o cálculo de priorização pelo método AHP.

Para o preenchimento da matriz, é importante notar que:

- Um elemento é igualmente importante quando comparados com ele mesmo, portanto

a diagonal da matriz será sempre preenchida pelo número 1.

- Ao compararmos um elemento A com o elemento B e em seguida o elemento B com

o A, os fatores comparativos são inversos entre si.

Assim, uma matriz de comparação paritária possui a configuração genérica

apresentada na Tabela 3:

Tabela 3 – Matriz genérica de comparação paritária

A B C D

A 1 aAB aAC aAD

B 1/aAB 1 aBC aBC

C 1/aAC 1/aBC 1 aCD

D 1/aAD 1/aBD 1/aCD 1

(adaptado de COSTA NETO, 2007)

Em seguida, para estabelecer as prioridades relativas, Morita (1998) propõe uma

metodologia baseada em três etapas:

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1) Somar o total de cada coluna da MCP;

2) Normalizar a matriz, dividindo cada elemento pelo total de sua respectiva coluna;

3) Calcular a média aritmética de cada linha da matriz normalizada.

A matriz apresentará a forma da Tabela 4:

Tabela 4 – Matriz normalizada de comparação paritária

A B C D Média (Pesos)

A XAA XAB XAC XAD PA (%)

B XBA XBB XBC XBD PB (%)

C XCA XCB XCC XCC PC(%)

D XDA XDB XDC XDD PD (%)

Total 1 1 1 1 100%

(adaptado de COSTA NETO, 2007)

Em seguida, é necessário verificar a consistência do resultado obtido através do índice

de consistência (IC), que indica se há ou não necessidade de revisão dos julgamentos para a

MCP. Tal índice é calculado através da seguinte expressão:

IC = (λmax – n) / (n-1), onde λmax é o autovalor principal da matriz.

O valor de IC obtido deve ser comparado ao IC máximo estabelecido por Saaty,

conforme apresentado pela Tabela 5:

Tabela 5 – Valores de referência do Índice de Consistência (IC)

N 3 4 5 ou mais

IC max 5% 8% 10%

(adaptado de COSTA NETO, 2007)

Caso o valor obtido ultrapasse ICmax, a MCP deve ser revista, pois a inconsistência é

excessiva.

Após o processo de atribuição das importâncias relativas dos critérios de escolha,

passa-se à etapa seguinte, que consiste na avaliação de quanto cada uma das alternativas

atende aos critérios considerados. Para isto, é necessário seguir um procedimento formal para

coletar as informações necessárias, conforme apresentado no item que segue.

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2.6 O Fluxo de Obtenção de Informações e Seleção de Alternativas

Para que o processo de tomada de decisão de provedores logísticos seja bem sucedido,

a empresa deve passar por etapas que possibilitem a obtenção das informações necessárias.

Carvalho e Rabechini Jr (2006) apresentam os processos considerados pelo PMBoK®

(Project Management Body of Knowledge) no gerenciamento das aquisições ou contratos em

projetos (ver Figura 8):

a) Planejamento das aquisições: determina o que adquirir e quando.

b) Planejamento da solicitação: documenta os requisitos do produto e identificação

das possíveis fontes.

c) Solicitação: obtêm cotações, propostas conforme solicitado

d) Seleção das fontes: escolha dos fornecedores

e) Administração de contratos: gerencia o relacionamento com fornecedores

f) Encerramento do contrato: conclui contratos e eventuais itens em aberto.

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Planejamentodas Aquisições

Planejamentodas

Solicitações

Solicitação

Seleção

Administraçãodos Contratos

Encerramentodos Contratos

Plano de AquisiçõesDeclaração do trabalhocontratadoDecisões fazer-ou-comprar

Documentos de ContratoCritérios de AvaliaçãoDeclaração de trabalhocontratado (atualização)

Lista de fornecedoresqualificadosDocumentos de ContratoPropostas

Fornecedores selecionadosContratosPlano de AquisiçõesDisponibilidade de recursos

Documentação de Contrato

Planejamentodas Aquisições

Planejamentodas

Solicitações

Solicitação

Seleção

Administraçãodos Contratos

Encerramentodos Contratos

Plano de AquisiçõesDeclaração do trabalhocontratadoDecisões fazer-ou-comprar

Documentos de ContratoCritérios de AvaliaçãoDeclaração de trabalhocontratado (atualização)

Lista de fornecedoresqualificadosDocumentos de ContratoPropostas

Fornecedores selecionadosContratosPlano de AquisiçõesDisponibilidade de recursos

Documentação de Contrato

Figura 8 – Fluxo de obtenção de Informações e Seleção de Alternativas(adaptado de CARVALHO; RABECHINI JR, 2006)

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2.6.1 Planejamento das Aquisições: Definição do Serviço Contratado

Segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2006), a fase inicial do processo de seleção de

fornecedores deve contemplar tanto a identificação das necessidades quanto a certeza de que

tais necessidades serão, seguramente, bem atendidas. Esse processo envolve a consideração

de como, o que, quanto e quando adquirir.

Inicialmente, é necessário que o decisor avalie se o serviço poderá ser desenvolvido

internamente ou se haverá contratação de terceiros.

Nesta etapa, além da definição do escopo do serviço, é necessário desmembrar

questões de contorno do projeto, compreendendo fatores sociais (formação de mão-de-obra e

emprego local, reflexos na comunidade, etc.), além de políticos, econômicos e financeiros

(entendimento da situação de crescimento da indústria em que atua o contratado, políticas

governamentais que produzam efeitos nos fornecedores, etc.).

2.6.2 Planejamento da Solicitação: Definição dos Requisitos e Identificação das

Possíveis Fontes

Carvalho e Rabechini Jr. (2006) afirmam que talvez a tarefa mais criativa do modelo

AHP, utilizado no processo de seleção de fornecedores, seja a definição dos fatores que

comporão a hierarquia. Tais critérios variam muito dependendo do contrato a ser firmado.

Byun (2000), por exemplo, ao aplicar o AHP no processo de escolha de um novo

veículo, definiu como principais critérios os seguintes fatores: design exterior, conveniência,

performance, segurança, aspectos econômicos, marca e garantia. Estes critérios foram em

seguida decompostos em subcritérios relevantes.

Galli (2007), por sua vez, utilizou o AHP como ferramenta de auxílio à determinação

do portfólio de projetos ideal em uma empresa do setor de alimentos, higiene e beleza, e os

critérios utilizados para a construção da hierarquia seguiam três grandes linhas de avaliação:

valores financeiros, alinhamento estratégico e risco de projeto e de mercado.

Considerando especificamente os critérios utilizados na seleção de fornecedores,

Kannan e Tan (2002) afirmam que, apesar de as empresas diferirem na maneira de gerenciar

suas relações, algumas tendências puderam ser observadas nos últimos anos. Segundo os

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autores, critérios quantitativos (“hard factors”) como preço, entrega, qualidade e serviço são

usualmente aplicados na seleção e avaliação de fornecedores. Da mesma forma, os critérios

qualitativos (“soft factors”), dificilmente quantificáveis, têm apresentado importância

crescente neste contexto. Como exemplos de critérios qualitativos, podemos citar

compatibilidade gerencial e alinhamento estratégico.

Assim, através de uma survey, os autores chegaram a uma lista extensa de critérios,

agrupados por Furtado (2005) em cinco grandes categorias: comprometimento estratégico do

fornecedor, atendimento das necessidades do comprador, competência, compatibilidade entre

as empresas e integridade e honestidade. A Tabela 6 apresenta alguns dos critérios abordados:

Tabela 6 – Critérios para avaliação de fornecedores segundo Kannan e Tan (2002)

Grupo Critérios

Comprometimento estratégico dofornecedor

Importância estratégica para o compradorDisposição para integrar a gestão da cadeia desuprimentosEtc.

Atendimento das necessidades docomprador

Habilidade de atender prazos de entregaCompromisso com a qualidadeEtc.

Competência

Especialização técnicaConhecimento da indústriaEscopo de recursosEtc.

Compatibilidade entre asempresas

Relacionamento passado e atual com o compradorCompatibilidade geográficaEtc.

Integridade e honestidadeHistórico de processos legaisEsforço para eliminação de desperdíciosEtc.

Furtado (2005) faz uma revisão bastante abrangente da literatura existente,

apresentando os critérios definidos por autores diversos ao longo dos anos, conforme

sintetizado na Tabela 7.

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Tabela 7 – Critérios para Avaliação de Fornecedores na Literatura

Artigo Categorias de critérios

NARASIMHAN, 1983 Estrutura de preço, qualidade, serviço e entrega

ELLRAM, 1990Assuntos financeiros, estratégia e culturaorganizacional, tecnologia e outros

SWIFT, 1995Produto, disponibilidade, dependência, experiência epreço

CHOI; HARTLEY, 1996Finanças, consistência, relacionamento, flexibilidade,competência técnica, serviço, confiabilidade e preço

BARBAROSOGLU; YAZGAÇ,1997

Desempenho, competência em manufatura e sistema daqualidade

PETRONI; BRAGLIA, 2000Competência gerencial, capacidade produtiva,competência tecnológica, preço, qualidade e adequaçãode entregas

SARKIS; TALLURI, 2000Cultura, tecnologia, relacionamento, custo, qualidade,prazo e flexibilidade

MURALIDHARAN et al, 2002Qualidade, entrega, preço, competência técnica,finanças, desempenhos passados, infraestrutura,flexibilidade e serviço

(adaptado de FURTADO, 2005)

El-Sawalhi et al (2007) fornecem uma visão consolidada dos atributos analisados na

literatura quando se trata da classificação de fornecedores. Segundo os autores, as

informações utilizadas na avaliação dos candidatos compreendem os seguintes tópicos:

Informações gerais

Informações financeiras

Informações técnicas

Informações sobre formas de gestão

Grau de experiência

Nível de performance

Informações relacionadas à segurança

Questões ambientais

Vale ressaltar, no entanto, que os critérios para análise hierárquica são específicos e

variam de acordo com a situação, devendo ser avaliados cuidadosamente pela equipe

responsável.

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Com os critérios definidos, passa-se à identificação das possíveis fontes de

fornecimento. Trata-se de um processo de pesquisa de mercado onde o responsável pela

atividade busca informações sobre as empresas que têm potencial de comercialização do item

a ser adquirido (FURTADO, 2005).

O autor cita diversas fontes de informação que podem ser utilizadas na identificação

de possíveis parceiros, como catálogos, organizações de comércio, jornais de comércio e

revistas especializadas, páginas amarelas, representantes de vendas, feiras e exposições,

internet e profissionais de outros departamentos.

Ainda segundo Furtado (2005), após a identificação das possíveis fontes de

suprimento, a lista com os potenciais fornecedores precisa, em muitos casos, passar por uma

avaliação prévia com o intuito de torná-la prática para a continuidade do processo. O

resultado esperado desta atividade é uma lista mais enxuta com a identificação dos

fornecedores que estejam aptos a atender os requisitos mínimos exigidos pela empresa

contratante, como o porte do fornecedor, faturamento, localização, entre outros. Parte-se em

seguida à etapa de solicitação.

2.6.3 Solicitação: Relacionamento com os candidatos e obtenção de cotações

Para a seqüência do processo de seleção, é necessário obter informações mais

específicas sobre as empresas candidatas. Desta forma, deve-se passar por uma etapa de

elaboração da estratégia de abordagem dos possíveis fornecedores, já que as informações

obtidas indiretamente passam a ser insuficientes.

É necessário, então, entrar em contato com os potenciais fornecedores de maneira

formal, tendo em vista iguais oportunidades de participação e maior clareza na troca de

informações.

Neste contexto, existem dois documentos que passam a ser chave na interação com os

candidatos: RFI (Request for Information) e RFP (Request for Proposal).

O primeiro documento, denominado Request for Information (RFI), consiste na

simples requisição de informações genéricas, em que a empresa não identifica

necessariamente o teor de sua estratégia. Segundo Carvalho e Rabechini Jr (2006), os RFI’s

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51

em geral são constituídos para conter informações sobre as empresas e sua idoneidade. Os

autores apresentam as informações que normalmente compõem este documento:

a) Nome da empresa;

b) Endereço;

c) Contato;

d) Relação dos sócios;

e) Capital;

f) Dados do balanço;

g) Referências;

h) Condições de entregas;

i) Entre outras.

Soares (2002) argumenta que, embora o objetivo do RFI seja o levantamento de

informações, busca-se dar uma oportunidade para que eventuais candidatos manifestem seu

interesse em participar do processo de seleção ou não. A abstenção de resposta, mesmo sob

cobrança dos emitentes, é considerada desinteresse, ainda que não explícita, tornando os

operadores passíveis de desclassificação do processo.

O segundo documento-chave no processo de solicitação de informações é mais

conhecido, chamado de RFP (Request for Proposal ou Requisição de Proposta). Este

documento corresponde a um contato mais próximo, no qual a empresa revela o escopo

completo do serviço a ser realizado, solicitando uma proposta comercial que contenha a

cotação dos serviços e detalhes da solução técnica.

A empresa pode optar por não revelar aos candidatos quem são as outras empresas que

estão concorrendo, pois a troca de informações entre os candidatos pode influenciar o

andamento do processo, particularmente no delineamento das propostas comerciais (SOARES,

2002).

Com relação ao tipo de perguntas contidas no RFP, Soares (2002) afirma que as

perguntas de múltipla escolha devem ser evitadas ao máximo, dando lugar a respostas

descritivas. Desta forma, o fornecedor terá oportunidade de incrementar a proposta com

informações adicionais importantes.

Como o RFP é constituído de informações sobre o atendimento do serviço a ser

entregue, as configurações são bastante específicas para cada caso. Como forma de ilustração,

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52

Carvalho e Rabechini Jr (2006) apresentam os principais elementos de um RFP para

desenvolvimento de software:

a) Nome do produto;

b) Informações Técnicas

c) Funcionalidades;

d) Descrição das atividades;

e) Principais entradas / saídas;

f) Formas de processamento;

g) Interfaces;

h) Características do sistema;

i) Módulos do sistema;

j) Entregas parciais;

k) Dados sobre qualidade;

l) Dados sobre rotinas

m) Dados sobre memória;

n) Dados sobre rapidez de acesso;

o) Entre outras.

Uma vez obtidas as informações e propostas comerciais provenientes de cada

candidato, pode-se partir para a implementação do modelo de decisão.

2.6.4 Seleção das fontes: escolha dos fornecedores

Esta etapa do processo consiste na aplicação do modelo de decisão (AHP) que

auxiliará na escolha do candidato mais apto à prestação do serviço. Para isto, as informações e

propostas obtidas na etapa anterior devem ser analisadas, permitindo a extração do

desempenho de cada candidato segundo os critérios definidos na etapa de determinação dos

requisitos.

Uma questão importante nesta etapa é a equalização das propostas dos candidatos.

Como os RFP’s são respondidos por pessoas diferentes de empresas distintas, é comum haver

distorções em termos de parâmetros considerados e formatos de respostas, o que dificulta a

comparação direta entre os candidatos.

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53

Feita a equalização das propostas, pode-se passar à etapa de comparação dos atributos

quantitativos e qualitativos através da aplicação do AHP para finalmente identificar a melhor

alternativa dentre as empresas candidatas.

De maneira simplificada, esta etapa do processo pode ser subdividida conforme

ilustrado na Figura 9:

Equalização dasPropostas

Aplicação do AHP eclassificação dos

candidatos

Avaliação eNegociação com os

provedores finalistas

Decisão Final

Identificação damelhor alternativa

Recepção dasPropostas

Equalização dasPropostas

Aplicação do AHP eclassificação dos

candidatos

Avaliação eNegociação com os

provedores finalistas

Decisão Final

Identificação damelhor alternativa

Recepção dasPropostas

Figura 9 – Etapas do processo de seleção de fornecedores(elaborado pela autora)

2.6.5 Administração e Encerramento de Contratos

As etapas seguintes, não abordadas neste trabalho, estão relacionadas à elaboração de

contratos com o fornecedor selecionado. Nesta fase do processo, é essencial que a empresa

tenha todo o suporte jurídico adequado.

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54

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55

3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Este capítulo tem como objetivo apresentar a abordagem metodológica proposta para

este trabalho de formatura. Ele é constituído de 3 grandes etapas: revisão da bibliografia,

desenvolvimento do método e aplicação da metodologia em um estudo de caso no setor de

mineração.

A revisão bibliográfica foi realizada visando cobrir os principais tópicos abordados

neste trabalho de formatura. O primeiro tema discutido diz respeito à análise estrutural da

indústria, pois através deste trabalho busca-se apresentar uma visão abrangente do processo de

seleção de fornecedores, desvencilhando-se da visão limitada de processos típicos em que a

simples comparação de fatores operacionais é suficiente para a indicação do parceiro ideal.

Assim, considera-se necessário o total compreendimento do contexto de negócios em que

ocorre a atividade terceirizada, através de ferramentas conhecidas, como as 5 forças de Porter.

Outro tema abordado na pesquisa da literatura foi a questão da formação de alianças

estratégicas na logística. Como visto anteriormente, as modificações sofridas pelos setores

industriais em termos de pressões competitivas fizeram com que as empresas tivessem de

focar cada vez mais em suas atividades-fim, multiplicando as alianças existentes entre as

grandes corporações e operadores logísticos externos. Desta forma, é importante avaliar os

tipos de alianças existentes para que tais características sejam levadas em consideração no

momento de negociar com os potenciais fornecedores. Neste sentido, foi possível consultar

uma gama bastante ampla de obras literárias disponíveis, desde livros especializados até

artigos de periódicos internacionais.

Para finalizar a revisão da bibliografia, abordou-se o tema da tomada de decisão na

seleção de fornecedores. Para isto, foi necessário considerar dois aspectos distintos do

processo de seleção: o procedimento necessário para coleta de informações e interação com os

candidatos, em que foram utilizados conceitos de gestão de projetos, e a metodologia de

comparação paritária que apresenta como resultado final a indicação do candidato mais

apropriado à formação da parceria (AHP).

A Figura 10 apresenta uma visão geral da metodologia empregada neste trabalho, com

ênfase na etapa de revisão bibliográfica.

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56

Trabalho deFormatura

Revisão daBibliografia

Desenvolvimento doMétodo

Estudo de Caso

Alianças Estratégicasna Logística

Análise Estrutural daIndústria

Metodologia deSeleção de

Fornecedores

5 Forças de Porter

Conceitos de Gestãode Projetos

Aplicação do AHPpara auxílio à tomada

de decisão

Trabalho deFormatura

Revisão daBibliografia

Desenvolvimento doMétodo

Estudo de Caso

Alianças Estratégicasna Logística

Análise Estrutural daIndústria

Metodologia deSeleção de

Fornecedores

5 Forças de Porter

Conceitos de Gestãode Projetos

Aplicação do AHPpara auxílio à tomada

de decisão

Figura 10 – Visão geral das etapas do trabalho de formatura(elaborado pela autora)

O desenvolvimento do método foi feito com base na Revisão Bibliográfica

apresentada no Capítulo 2. Para garantir uma análise completa do problema proposto, é

necessário antes de tudo estar familiarizado com o mercado em questão e com as

características das relações existentes entre os diversos atores da indústria. Em seguida, deve-

se compreender as características da aliança estratégica que se procura estabelecer, para que

se possa enfim chegar ao processo de seleção do fornecedor mais adequado. De forma geral, o

método pode ser dividido em quatro grandes etapas (ver Figura 11), detalhadas na seqüência.

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57

o Entender o ambiente competitivo e asnecessidades da cadeia de valor

o Entender o relacionamento existente entreos diversos atores da indústria

Etapa 1

Análise da Indústria

Etapa 2

Análise da Aliança

o Identificar a necessidade de terceirização

o Entender o tipo de relacionamentonecessário

o Definir os objetivos da aliança

Etapa 3

Desenvolvimento dasAlternativas

o Identificar possíveis alternativas defornecedores

o Definir os critérios de avaliação

o Elaborar os documentos de requisitos

o Comparação paritária dos critérios paradefinição das ponderações

o Avaliar os candidatos com base noscritérios, definindo o fornecedor ideal

Etapa 4

Avaliação dasAlternativas

Objetivos PrincipaisEtapas do Método

AHP

Conceitos de Gestão deProjetos

Matriz Importância xDesempenho

5 Forças Competitivasde Porter

Ferramentas deAnálise

o Entender o ambiente competitivo e asnecessidades da cadeia de valor

o Entender o relacionamento existente entreos diversos atores da indústria

Etapa 1

Análise da Indústria

Etapa 2

Análise da Aliança

o Identificar a necessidade de terceirização

o Entender o tipo de relacionamentonecessário

o Definir os objetivos da aliança

Etapa 3

Desenvolvimento dasAlternativas

o Identificar possíveis alternativas defornecedores

o Definir os critérios de avaliação

o Elaborar os documentos de requisitos

o Comparação paritária dos critérios paradefinição das ponderações

o Avaliar os candidatos com base noscritérios, definindo o fornecedor ideal

Etapa 4

Avaliação dasAlternativas

Objetivos PrincipaisEtapas do Método

AHP

Conceitos de Gestão deProjetos

Matriz Importância xDesempenho

5 Forças Competitivasde Porter

Ferramentas deAnálise

Figura 11 – Etapas do Método(elaborado pela autora)

3.1 Análise Estrutural da Indústria

Como visto anteriormente, trata-se de uma etapa essencial no que diz respeito à

seleção de fornecedores estratégicos. Através desta etapa, a empresa tem a oportunidade de

entender o ambiente de negócios em que está inserida, compreendendo o relacionamento

existente entre os diversos atores que influenciam a lucratividade da indústria.

3.2 Análise da Aliança Logística

Para que se possa iniciar o processo de negociação com os fornecedores potenciais, é

essencial que a empresa contratante tenha uma visão clara dos objetivos a serem alcançados

com a parceria, assim como as condições gerais que caracterizam a aliança que ela pretende

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58

formar. Desta forma, a etapa de análise da Aliança Logística é importante no sentido de

orientar a empresa contratante no que concerne a maneira com que ela deve se relacionar com

os potenciais parceiros, visando o estabelecimento de um relacionamento duradouro e bem

sucedido.

3.3 Desenvolvimento das Alternativas

Após a definição dos objetivos a serem alcançados com a terceirização e a

caracterização do tipo de aliança estabelecida, parte-se para a etapa de definição dos critérios

que irão compor a hierarquia. Nesta fase, os atributos avaliados são definidos e a lista das

possíveis alternativas de fornecedores é elaborada, através de catálogos, profissionais

especializados, etc. Em seguida, os documentos de requisitos (RFI e RFP) são elaborados e

enviados aos possíveis candidatos, com uma etapa de pré-seleção ocorrendo entre os seus

respectivos envios.

3.4 Avaliação das Alternativas e Seleção do Fornecedor

A última etapa ocorre após a entrega das propostas escritas por parte de cada candidato.

Ela corresponde à avaliação propriamente dita dos potenciais fornecedores, classificando-os

de acordo com os critérios definidos na fase anterior.

Inicialmente, os critérios são comparados par-a-par e, através da aplicação do AHP,

chega-se à estrutura de ponderações utilizada na avaliação dos fornecedores.Em seguida,

parte-se para a comparação dos candidatos dois-a-dois, de forma análoga à comparação dos

critérios. A partir da combinação dos critérios e fornecedores, chega-se à indicação do

candidato ideal para formação da parceria.

Na seqüência deste trabalho, a aplicabilidade do método estabelecido será testada

através da apresentação de Estudo de Caso em uma empresa que atua no setor de exploração

de minério de ferro.

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59

Para efetuar uma análise abrangente do mercado em questão, foram coletados

diversos dados secundários sobre a indústria de mineração. Dentre as principais fontes

utilizadas, destacam-se o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) e o DNPM

(Departamento Nacional de Produção Mineral), órgãos governamentais que analisam e

divulgam relatórios sobre a produtividade do setor. A análise dos dados coletados

proporcionou um bom entendimento do mercado e da dinâmica das relações existentes no

mesmo.

Em seguida, a Aliança Logística que será estabelecida deve ser caracterizada. Para

isto, é necessário contrastar informações relacionadas à capacidade logística da empresa com

o nível de eficiência necessário para a realização de suas atividades. A partir daí, será possível

estabelecer os principais objetivos da operação, direcionando a maneira com a qual a empresa

deverá se relacionar com os parceiros potenciais.

Por fim, as etapas finais do Estudo de Caso correspondem ao processo de tomada de

decisão propriamente dito, em que os possíveis candidatos são contactados, analisados e

avaliados com base nos critérios estabelecidos pelos tomadores de decisão.Com relação aos

cálculos efetuados durante a fase de aplicação do AHP, pretende-se fazer uso de uma planilha

em Microsoft Excel, que apresentará a determinação dos pesos atribuídos aos critérios e a

comparação entre alternativas, definindo assim o candidato mais adequado à formação de uma

parceria.

Espera-se, assim, chegar à classificação final dos candidatos, auxiliando os tomadores

de decisão em seu processo de escolha de parceiro estratégico.

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61

4 ESTUDO DE CASO

Neste capítulo, descreve-se um Estudo de Caso em que a metodologia proposta foi

aplicada ao processo de terceirização das atividades logísticas de uma mineradora de grande

porte que atua no setor de exploração de minério de ferro. Ele é iniciado por uma análise do

mercado de mineração e suas principais tendências. Em seguida, apresenta-se uma descrição

geral das atividades da empresa para que então sejam desenvolvidas as etapas de avaliação

dos candidatos, chegando-se assim, aos resultados finais.

4.1 Análise Ambiental da Indústria

4.1.1 O mercado de exploração de minério de ferro1

A atividade mineral vem apresentando cada vez mais destaque no cenário econômico

nacional. Dentro deste contexto, a extração de minério de ferro possui papel importante, e

apesar do temor causado pelo desaquecimento da economia norte-americana e suas eventuais

conseqüências para o mercado de commodities, diversos fatores têm mantido os preços acima

das médias históricas. Dentre estes fatores, destacam-se a elevação do consumo e o ritmo

lento de crescimento da oferta, assim como a continuidade do crescimento acentuado da

economia chinesa, entre outros.

Favorecida pela manutenção dos preços das commodities em patamares elevados e

pelo cenário de crescimento da demanda mundial nos últimos anos, a indústria Extrativa

Mineral brasileira apresentou, em 2006, segundo dados do IBGE, o maior crescimento dentre

os subsetores da indústria nacional: 6%. A extração de minério de ferro, com crescimento de

10,9% foi o destaque neste subsetor, embora a extração de petróleo e gás também tenha

crescido 5,1% no ano.

1 A análise da indústria de minério de ferro foi efetuada durante o primeiro semestre de 2008, não

levando em consideração os efeitos da crise econômica que se agravou durante o segundo semestre de 2008.

Diante das incertezas ocasionadas pela situação completamente instável da economia mundial, não foi possível

dimensionar os efeitos da crise no mercado de minério de ferro até a finalização deste trabalho.

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62

Assim, o minério de ferro, com 317,8 milhões de toneladas produzidas em 2006 e 350

milhões em 2007, concentra a maior parte da produção mineral brasileira, favorecido pela

situação de desequilíbrio entre oferta e demanda mundial, assim como pela baixa qualidade

do minério de ferro produzido em países como a China, que se posiciona atualmente como

maior consumidor do minério brasileiro.

As taxas de crescimento expressivas dos últimos anos podem ser verificadas através

dos dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), conforme ilustra a

Figura 12:

Fonte: IBRAM (2007)Figura 12 – Evolução da produção mundial de minério de ferro

(adaptado de IBRAM, 2007).

O Mercado Transoceânico de Exportação de Minério de Ferro

Castro Neto (2006) destaca a importância do mercado transoceânico para a indústria

extrativista de minério de ferro. É importante notar que em torno de 43% da produção total de

minério de ferro e aproximadamente 91% das exportações e importações são comercializadas

no mercado transoceânico, como pode ser observado na Tabela 8, que apresenta a

350317278262264

215237213

1,900

1,712

1,540

1,340

1,1601,0801,0601,060

0

500

1,000

1,500

2,000

2003 2004 2005 2006 2007200220012000

Produção brasileira

Produção mundial

Produção mundial e brasileira de minério de ferro(milhões de toneladas)

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63

participação do mercado transoceânico frente à produção e à exportação total de minério de

ferro nos últimos anos (em milhões de toneladas).

Tabela 8 - Evolução da participação do mercado transoceânico de minério de ferro

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Produção Total Global 1044 1144 1207 1343 1440 1524 1600

Exportação Total Global 495,07 525,89 571,44 635,81 681,86 712,6 753,78

Mercado Transoceânico 439,6 474 521,2 585 628 661,2 702,4

Participação doMercado Transoceânicono Total Produzido

42% 43% 43% 44% 44% 43% 44%

Participação doMercado Transoceânicona Exportação

89% 90% 91% 92% 92% 93% 93%

Fonte: IOO (2004) apud Castro Neto (2006)

Neste contexto, de acordo com Ceciliano (2007), a tendência para os próximos anos é

que haja um descasamento ainda maior, pois a expectativa é que o mercado transoceânico

cresça a taxas mais elevadas do que a demanda do mercado global, devido ao distanciamento

entre os principais produtores (Brasil, Austrália, etc.) e consumidores (China, Japão, entre

outros), conforme ilustra a Figura 15.

Fonte: IOO (2005) apud Ceciliano (2007)Figura 13 - Evolução do Mercado global e transoceânico de minério de ferro

979945911

849794

739699642

585512512478485

1.9521.908

1.8301.750

1.0691.039 1.075

1.183

Mercado Mundial

1.5681.657

1.434

Transoceânico

1.995

2009E2008E2007E2006 2011E

1.500

2004

500

2003

2.000

2012E

1.000

2002 20052001

0

1.308

2000 2010E

CAGR 05 – 124,8%

CAGR 05 – 126,2%

Milhões de toneladas

Evolução do mercado global e transoceânico(milhões de toneladas)

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64

Assim, os custos de frete vêm apresentando importância crescente no setor. Segundo o

Informe Mineral do 2º semestre de 2007 publicado pelo Departamento Nacional de Produção

Mineral (DNPM), em conseqüência do aquecimento do comércio mundial, o valor do frete

entre Brasil e China elevou-se bastante nos últimos anos, passando de US$ 33 por tonelada

em 2006 a cerca de US$ 52 por tonelada em abril de 2007, um aumento de cerca de 57%.

Da mesma forma, pode-se concluir que a tendência é que haja um forte aumento do

volume global no tráfego marítimo, acarretando problemas como a elevação do tempo de

espera dos navios para atracação nos portos e, conseqüentemente, aumento significativo dos

custos de sobreestadia na cadeia produtiva do minério de ferro, caso não haja aumento da

capacidade de embarque e desembarque e a otimização dos processos logísticos nos portos

(CASTRO NETO, 2006).

A redução dos custos envolvidos no sistema de transporte marítimo de carga mostra-se,

portanto, como uma questão-chave e um dos principais desafios no que concerne a

competitividade das companhias que produzem e comercializam o minério de ferro através do

mercado transoceânico.

A Cadeia Produtiva do Minério de Ferro

Segundo dados da Vale, 99% dos minérios de ferro produzidos são utilizados na

produção de aço e de ferro fundido. Dentre as principais aplicações, encontram-se a

construção civil, a indústria automotiva e a produção de bens de capital. Assim, de um ponto

de vista macro, a cadeia produtiva do minério de ferro pode ser representada pela Figura 14:

MercadoMercadoIndústria – Transformação

Intermediária & Final

Indústria – Transformação

Intermediária & Final

Indústria – Transformação

Intermediária & FinalMineraçãoMineração

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

JazidaBeneficia-mento

Siderurgia

ConstruçãoCivil

IndústriaAutomotiva

Bens deCapital

PMB PIB

Reciclagem

Lavra

Transporte

R$ 58,7 Bi

US$ 26,9 Bi

Outros

R$ 2,3 Tri

US$ 26,9 Tri

MercadoMercadoIndústria – Transformação

Intermediária & Final

Indústria – Transformação

Intermediária & Final

Indústria – Transformação

Intermediária & FinalMineraçãoMineração

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

JazidaBeneficia-mento

Siderurgia

ConstruçãoCivil

IndústriaAutomotiva

Bens deCapital

PMB PIB

Reciclagem

Lavra

Transporte

R$ 58,7 Bi

US$ 26,9 Bi

Outros

R$ 2,3 Tri

US$ 26,9 Tri

Fonte: DNPM (2007a)Figura 14 - Cadeia Produtiva da Produção Mineral Brasileira

2

2 Dados de PMB e PIB referentes a 2006PMB: Produto Mineral Bruto

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65

4.1.2 Análise das Forças Competitivas

1. Concorrentes Existentes

Trata-se de um mercado extremamente concentrado, tanto em termos nacionais como

mundiais. O mercado global de extração e comercialização de minério de ferro é dominado

por quatro grandes corporações, conforme ilustra a Figura 15: a Vale (antiga Companhia Vale

do Rio Doce), a Rio Tinto e a BHP Billiton (BHPB), conforme apresentado por Ceciliano

(2007, p.20).

Vale, 33%

Rio Tinto, 25%

BHPB, 18%

Kumba, 3%

Outros, 21%

Fonte: IBRAM (2007)Figura 15 - Market-Share do mercado transoceânico de minério de ferro

(adaptado de IBRAM, 2007)

Este processo de concentração do mercado pôde ser visto de forma geral não apenas

no que concerne o minério de ferro, mas em todos os setores da mineração. A globalização e a

necessidade de escalas de produção cada vez maiores acarretaram a necessidade constante de

inovação e integração tecnológica, fazendo com que as corporações se movimentassem no

sentido de formar grandes conglomerados, através de processos de fusão, aquisição ou

formação de joint ventures.

Considerando-se apenas o mercado nacional, a concentração no mercado de minério

de ferro é ainda mais evidente. Segundo dados do IBRAM, somente a Vale é responsável por

84% da produção nacional, seguida de longe pela CSN, MMX e MCR, como verificado na

Figura 16:

Market – Share do Mercado Transoceânico de Minério de Ferro(% da produção mundial)

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66

Vale, 84.0%

MMX, 1.0%

CSN, 5.8%

MCR, 0.6%

Outros, 8.6%

Fonte: IBRAM (2007)Figura 16 - Principais concorrentes no mercado brasileiro de minério de ferro

(elaborado pela autora)

O IBRAM apresenta ainda, na Tabela 9, as previsões de produção de minério de ferro

no Brasil até o ano 2012, a partir dos investimentos previstos por companhia (em mil

toneladas):

Tabela 9 - Previsão de produção de minério de ferro por companhia

EMPRESA / ANO 2008 2009 2010 2011 2012

Mhag 600 3.600 10.000 10.000 30.000

London Mining 1.000 3.000 3.000 3.000 5.000

Rio Tinto 2.000 5.000 7.500 8.000 9.000

J Mendes 2.000 2.000 2.000 2.000 6.000

V&M Mineração 3.000 4.000 4.000 4.000 4.000

MMX 11.700 21.900 39.200 45.700 45.700

CSN 29.000 50.000 65.000 65.000 82.000

CVRD 325.000 360.000 400.000 422.000 450.000

Total 374.300 449.500 530.700 559.700 631.700

Fonte: IBRAM (2007)

Analisando-se os dados da Tabela 10, verifica-se que a tendência de concentração no

setor permanece, apesar de uma leve diminuição da participação relativa da Vale na produção

nacional:

Participação no Mercado Brasileiro de Minério de Ferro(% da produção nacional)

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Tabela 10 - Participação relativa na produção nacional de minério de ferro(elaborado pela autora)

EMPRESA / ANO 2008 2009 2010 2011 2012

Mhag 0.2% 0.8% 1.9% 1.8% 4.7%

London Mining 0.3% 0.7% 0.6% 0.5% 0.8%

Rio Tinto 0.5% 1.1% 1.4% 1.4% 1.4%

Mineração J Mendes 0.5% 0.4% 0.4% 0.4% 0.9%

V&M Mineração 0.8% 0.9% 0.8% 0.7% 0.6%

MMX 3.1% 4.9% 7.4% 8.2% 7.2%

CSN 7.7% 11.1% 12.2% 11.6% 13.0%

CVRD 86.8% 80.1% 75.4% 75.4% 71.2%

Fonte: IBRAM (2007)

Assim, os dados apresentados originam algumas conclusões com relação à estrutura do

setor no que concerne os principais aspectos que devem ser levados em consideração na

avaliação da concorrência:

- Os concorrentes do setor de extração de minério de ferro são pouco numerosos, e

pouco equilibrados;

- A indústria vem apresentando índices de crescimento bastante expressivos se

comparados aos demais setores da economia, impulsionados principalmente pelo mercado em

países emergentes como China e Índia. Assim, os concorrentes do setor podem crescer sem

precisar roubar parcelas de mercado de outros players estabelecidos.

- Por se tratar de uma commodity, a ausência de diferenciação dos produtos é uma

característica inerente ao setor;

- As capacidades de produção podem ser aumentadas em grandes incrementos (ordem

de milhões de toneladas / ano), mas o tempo de implementação é longo;

Levando-se estes fatores em consideração, pode-se avaliar a força competitiva

relacionada aos concorrentes como uma força competitiva moderada na indústria de minério

de ferro.

No entanto, de acordo com Ceciliano (2007), o aumento de capacidade prevista para

os próximos anos poderá levar os produtores a reduzirem preços e margens, criando um

ambiente mais competitivo que tornará necessário que as empresas se mantenham como

competidores de baixo custo para continuar atuando de forma eficaz frente a seus

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concorrentes, sendo que neste contexto a redução de custos relativos ao transporte

desempenha papel fundamental.

2. Ameaça de novos entrantes

Uma empresa que deseja ingressar no mercado de extração de minério de ferro deve

transpor barreiras de entrada extremamente importantes e significativas. Dentre estas barreiras,

destacam-se:

Necessidade de Capital

Trata-se da principal barreira de entrada existente na indústria mineral. Para que uma

empresa se torne um concorrente competitivo no setor, deve possuir um porte considerável.

De maneira geral, devido ao baixo valor unitário da tonelada de minério, as operações

relacionadas à extração e beneficiamento do produto só se tornam economicamente viáveis

quando realizadas em grande escala (da ordem de milhões de toneladas por ano), o que requer

equipamentos de grande porte e elevada capacidade instalada, além de grande investimento

em infra-estrutura.

Acesso à matéria-prima

Considerando a limitação das jazidas existentes, o acesso à matéria-prima mineral é

cada vez mais concentrados nas mãos das grandes mineradoras já estabelecidas, fato que

origina esta importante barreira de entrada, como se pode comprovar na lista das 40 maiores

minas de ferro existentes no país publicada pela revista “Minérios e Minerales” de agosto de

2007. Segundo a reportagem, dentre as 40 maiores jazidas do país, apenas 4 não são

controladas pela Vale.

Além disso, de acordo com o DNPM, as reservas brasileiras estão localizadas, em sua

quase totalidade, nos estados de Minas Gerais, Pará e Mato Grosso do Sul, como demonstra a

Figura 17.

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69

63.10%18.00%

17.20%1.70%

Minas Gerais

Pará

Mato Grosso do Sul

Outros

Fonte: DNPM (2007)

Figura 17 - Localização das principais reservas brasileiras(elaborado pela autora)

Acesso aos canais logísticos

Outra importante barreira de entrada verificada no setor diz respeito aos canais

logísticos utilizados na distribuição do minério. No Brasil, os principais canais de distribuição

pertencem à Vale, o que dificulta o acesso das outras empresas, apesar de os sistemas de

transporte serem tratados como um negócio a mais na companhia e não serem completamente

restritos à utilização dos concorrentes.

Políticas Governamentais

Ao longo dos últimos anos, novas leis foram criadas no sentido de regulamentar o

setor mineral brasileiro, fazendo com que a legislação se torne cada vez mais rigorosa com

relação à exploração dos recursos naturais no país.

A Constituição Brasileira estabelece que todos os recursos minerais do Brasil

pertencem ao Governo Federal e impõe diversas restrições legais às mineradoras, dentre as

quais destacam-se, conforme apresentado por Kubota (2006):

A maneira através da qual os depósitos minerais são explorados;

A saúde e segurança dos funcionários;

A proteção e recuperação do meio ambiente;

A prevenção de poluição;

O apoio às comunidades locais onde estão localizadas as minas.

Localização das reservas brasileiras de minério de ferro

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Assim, as mineradoras só podem explorar recursos minerais de acordo com as licenças

ou concessões de lavra estabelecidas pelo DNPM, órgão do Ministério das Minas e Energia

do Governo Federal. Tais licenças estão sujeitas a diversas particularidades, como a

necessidade de constantes renovações, fato que pode dificultar consideravelmente a atividade

das mineradoras.

Conclui-se, portanto, que são muitas as barreiras de entrada que devem ser transpostas

por uma empresa que deseja ingressar no setor, enfraquecendo significativamente a

intensidade da força competitiva relacionada à ameaça de novos entrantes.

No entanto, vale ressaltar que ao longo dos últimos anos verificou-se uma tendência

importante de ameaça de novos entrantes: as siderúrgicas que procuram verticalizar a cadeia

de valor através da integração para trás.

Em 2007, por exemplo, a CSN adquiriu a Companhia de Fomento Mineral (CFM)

como estratégia para fortalecer ainda mais sua área de mineração. Em seguida, a Usiminas

comprou a J.Mendes, outra mineradora da região de Minas Gerais. Para as siderúrgicas, a

idéia é tentar se proteger dos aumentos no preço do minério, e em alguns casos até aproveitar

o bom cenário para lucrar com a venda do insumo, como é o caso da CSN.

Assim, por possuírem maior porte e capacidade financeira, as usinas siderúrgicas se

mostram como principal ameaça de novos entrantes no mercado de exploração de minério de

ferro no país.

3. Produtos Substitutos

O efeito de produtos substitutos é considerado fraco na indústria mineral, já que se

trata de um produto básico essencial para as atividades da indústria siderúrgica.

Principalmente nos anos 80, considerado por muitos uma fase depressiva para o setor, a

demanda mundial por minério de ferro foi influenciada pelo surgimento de alguns produtos

substitutos do aço, como cerâmicas, alumínios e plásticos, reduzindo a intensidade do uso do

aço por unidade de produtos nos principais setores-alvo. No entanto, não se trata de uma

ameaça significativa ou eminente no contexto econômico atual, pois o aço continua

apresentando características únicas e essenciais em indústrias como a automotiva ou a

construção civil.

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4. Poder de negociação dos compradores

O poder de negociação dos compradores pode ser considerado uma força importante

na análise do ambiente competitivo do mercado de extração de minério de ferro, devido aos

seguintes fatores:

- Grande participação do comprador no total de vendas da indústria

A indústria siderúrgica representa de longe o principal mercado consumidor de

minério de ferro, consumindo cerca de 77% da produção total (ver Figura 18), segundo dados

apresentados pelo DNPM.

77%

3%1%

19%

Siderurgia

Benef. de Materiais

Fundição

Outros

Fonte: DNPM (2007)

Figura 18 - Distribuição do Mercado consumidor brasileiro de minério de ferro(adaptado de DNPM, 2007)

Isto faz com que a indústria siderúrgica tenha papel importantíssimo nos resultados da

mineração, e aumenta o poder de barganha da siderurgia na negociação dos preços de minério

de ferro junto às mineradoras.

- Os gastos com minério de ferro representam uma fração significativa dos custos da

indústria siderúrgica

Ao lado do carvão mineral, o minério de ferro caracteriza-se como um dos principais

insumos da fabricação do aço, fazendo com que os gastos com esta matéria prima sejam um

Distribuição do mercado consumidor de minério de ferro –Brasil

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dos mais significativos no setor. Assim sendo, os compradores estão inclinados a gastar os

recursos necessários para comprar a um preço favorável e a fazê-lo mais seletivamente.

- Pouca diferenciação no produto

Lamoso (2001) destaca a natureza pouco heterogênea dos produtos do setor de minério

de ferro. A diferenciação ocorre sobretudo no que concerne o teor de ferro encontrado no

minério, sendo que as jazidas brasileiras ao lado das australianas encontram-se em posição de

destaque frente a outros concorrentes internacionais como a Rússia ou a Ucrânia.

- Compradores que são uma ameaça concreta de integração para trás

Como visto anteriormente, as usinas siderúrgicas se apresentam como a principal

ameaça de novos entrantes na atividade mineradora, e a ameaça de verticalização da cadeia é

cada vez mais concreta e freqüente, aumentando a intensidade desta força competitiva.

- Aumento da concentração dos compradores

Outro aspecto que pode aumentar consideravelmente o poder de barganha da indústria

siderúrgica frente às mineradoras é a tendência de concentração verificada ao longo dos

últimos anos. Marcus e Kirsis (2005) apud Alves (2006, p.107) destacam o movimento de

mudanças na estrutura de mercado do setor siderúrgico recente e suas implicações para os

fornecedores de matéria-prima:

Há uma aceleração da atividade de fusões e aquisições na indústria siderúrgicamundial.- A urgência em fundir está na mente de todos os siderurgistas.- Espera-se que sejam criadas meia dúzia de grandes siderúrgicas com capacidadeentre 50 e 100 milhões de toneladas anuais até o ano de 2015.- As siderúrgicas estão com grandes fluxos de caixa – mais de 40 bilhões de dólaresfora da China, em 2004.- É mais barato adquirir do que construir uma nova planta.- A consolidação da indústria siderúrgica vai elevar seu poder sobre o preço dovendedor.

Alves (2006) comprova tal tendência através da análise da evolução do grau de

concentração da siderurgia mundial ao longo dos últimos anos (ver Figura 19). Segundo o

autor, em 1981, o grupo das 8 maiores empresas do setor a nível mundial (G8) era

responsável por 18,2% da produção global de aço bruto, passando a representar 24,7% em

2004.

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Fonte: IISI (2004) apud Alves (2006, p. 108)

Figura 19 - Grau de concentração da siderurgia mundial

Assim, considerando-se os fatos anteriormente citados, pode-se constatar que o poder

de barganha dos compradores representa uma das principais forças competitivas que atuam na

indústria mineral.

5. Poder de negociação dos fornecedores

Com relação aos principais insumos utilizados pelas mineradoras, destacam-se

materiais como o calcário, carvão, bentonita, óleo combustível, entre outros. Além disso, as

mineradoras são grandes consumidoras de energia elétrica, o que explica os investimentos

elevados em usinas hidrelétricas.

Também são fatores de produção fundamentais na extração de minério de ferro os

bens de capital, tais como os equipamentos e as instalações industriais. Segundo Kubota

(2006), embora os fabricantes de equipamentos de mineração e perfuração tenham aumentado

suas capacidades nos últimos anos, tais aumentos não foram suficientes para compensar o

crescimento da demanda por equipamentos de mineração. O autor afirma que as previsões de

aumento do tempo necessário para a entrega podem resultar em custos mais elevados e atrasos

na produção.

Além disso, no atual contexto de expansão das atividades, as grandes empresas

movimentam maior quantidade de minério, o que acarreta uma maior demanda por serviços

para atender suas necessidades. Tais necessidades estão relacionadas principalmente à

0

5

10

15

20

25

30

19,1%

20041981

18,5%18,2%

24,7%

19981994

Grau de concentração da Siderurgia Mundial – Percentual da produçãomundial das 8 maiores empresas do setor

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otimização dos operadores logísticos, através da construção de ferrovias mais retilíneas,

portos com pátios amplos para armazenagem e movimentação, navios com maior capacidade

de carga.

Assim, outro componente importante nos custos das mineradoras, principalmente no

atual período de expansão da capacidade, está relacionado à contratação de companhias

especializadas no transporte de carga, excetuando-se os casos em que a corporação tem

expertise própria em termos de logística, como é o caso da Vale.

Logo, a análise da estrutura das indústrias fornecedoras indica que se trata de uma

força competitiva de impacto moderado. Isto porque, em termos de tamanho, as empresas

mineradoras são muito maiores e mais concentradas, e os custos de mudança são em geral

pouco significativos. No entanto, diante da grande necessidade de expansão da capacidade das

empresas mineradoras, o atual cenário indica uma tendência de aumento da importância dos

fornecedores de máquinas e equipamentos, tendência esta que deve ser reduzida a médio

prazo, com a maturação dos grandes investimentos feitos pelas mineradoras no período

recente.

Vale ressaltar, ainda, a importância da negociação com os fornecedores relacionados

às operações logísticas existentes na cadeia produtiva do minério de ferro. Atualmente, a

competição no setor mineral é pautada sobretudo na redução de custos, principalmente no que

concerne o transporte do minério. Segundo Castro Neto (2006), reduzir os custos relacionados

a estes sistemas representa um dos principais desafios enfrentados pelas companhias que

produzem e comercializam o minério de ferro, tanto no mercado transoceânico quanto no

mercado interno.

Resultado da Análise Estrutural

A partir da análise das forças competitivas existentes e das principais tendências

verificadas no mercado de extração de minério de ferro, alguns fatos podem ser ressaltados e

apresentam grande influência na formulação da estratégia competitiva das empresas que

desejam atuar no setor.

O cenário favorável da economia mundial verificado nos últimos anos vem mantendo

o preço das principais commodities em patamares elevados, e a indústria extrativa mineral tem

tirado proveito desta situação, apresentando índices de crescimento superiores a diversos

outros setores da economia. No Brasil, o minério de ferro apresenta-se como grande destaque

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do setor mineral, favorecido principalmente pela situação de desequilíbrio entre a oferta e a

demanda mundial.

Trata-se de um mercado extremamente concentrando, tanto em termos internacionais

quanto nacionais, e concorrentes pouco numerosos apresentam uma situação bastante

desequilibrada em termos de parcela de mercado.

Com relação às barreiras de entrada, são bastante elevadas as barreiras que devem ser

ultrapassadas pelos entrantes potenciais, ligadas principalmente à grande necessidade de

capital e à dificuldade de acesso à matéria-prima e aos canais de distribuição. No entanto,

deve-se estar atento à ameaça de verticalização da cadeia, com as grandes indústrias

siderúrgicas investindo cada vez mais em processos de integração para trás.

Tal fato se reflete também no poder de negociação dos compradores. Apesar de as

empresas siderúrgicas representarem um mercado menos concentrado que as mineradoras, a

tendência de consolidação no setor e a forte relação entre a demanda de minério de ferro e o

consumo de aço proporcionam um poder de negociação considerável à indústria siderúrgica.

Finalmente, deve-se destacar a importância da relação com os principais fornecedores

de máquinas, equipamentos e serviços logísticos. Considerando o atual contexto de

necessidade de aumento na capacidade das mineradoras, tais fornecedores apresentam papel

importante no que concerne a manutenção da competitividade das empresas de mineração,

principalmente com relação aos prazos de implementação e redução de custos de transporte.

Trata-se de uma indústria em que a concorrência é pautada na redução de custos, e o poder de

negociação para reduzir os gastos com transporte torna-se cada vez mais essencial.

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Assim, as forças competitivas atuantes na indústria podem ser classificadas de acordo

com a Figura 20:

Figura 20 - Avaliação das forças competitivas no Mercado de minério de ferro(elaborado pela autora)

A força competitiva mais intensa está relacionada ao poder de barganha dos

consumidores, enquanto o relacionamento com fornecedores mostra-se bastante favorável às

mineradoras. Diante deste contexto, a mineradora deve buscar uma postura relativamente

agressiva nas negociações com fornecedores, procurando reduzir seus custos ao máximo para

que se possa tirar proveito desta posição privilegiada em termos de poder de barganha.

Assim, tendo uma idéia clara do contexto da indústria, pode-se passar à análise da

empresa em si, conforme apresentado no item a seguir.

Fornecedores

EntrantesPotenciais

Substitutos

Poder de negociação doscompradores

Ameaça de novosentrantes

Ameaça de serviços ouprodutos substitutos

Rivalidade entreempresas existentes

Compradores

Concorrentes

FRACA

MÉDIA

FORTE

Legenda:

Poder de negociação dosfornecedores

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77

4.2 Análise da Aliança Logística

4.2.1 Descrição da empresa

A empresa estudada é uma das empresas líderes mundiais no mercado de mineração e

exploração, englobando uma gama bastante diversificada de metais e minérios. Dentre seus

principais produtos, destacam-se: alumínio, cobre, ouro, minerais industriais, energia (como

carvão e urânio) e minério de ferro.

As operações com minério de ferro, ênfase deste trabalho, representam a segunda

maior fonte de receita da empresa, com atuação em países como Brasil, Canadá e Índia, entre

outros.

Apesar de ser uma das empresas líderes no mercado global de extração de minério de

ferro, as operações do grupo no Brasil ainda são bastante incipientes, operando apenas uma

mina que representa menos de 10% de sua produção global. No entanto, o país é visto como

uma região de grande importância estratégica, devido à qualidade elevada do minério

produzido e ao grande potencial de crescimento da produção.

A idéia de expandir a atuação no país gerou a elaboração de um plano de expansão

com objetivos bastante agressivos. Ao longo dos próximos anos, a empresa pretende ampliar a

capacidade de produção de sua mina no país em cerca de 10 vezes, o que exigirá um plano de

expansão bem estruturado e com ênfase especial no planejamento logístico, que deverá passar

por grandes transformações para que seja possível abastecer adequadamente o mercado

consumidor do novo minério produzido, mercado este que estará concentrado principalmente

em países da Europa e Oriente Médio.

Desta forma, o minério produzido será exportado através do mercado transoceânico,

gerando a necessidade de grandes adaptações no sistema logístico. Verifica-se, assim, que a

terceirização de certas atividades e a constituição de parcerias de negócio são passos

fundamentais para a manutenção de um patamar competitivo das operações no âmbito do

abastecimento e da distribuição do minério aos clientes.

Diante deste contexto, a empresa passou a procurar parceiros para o desenvolvimento

de atividades logísticas que garantissem o abastecimento adequado do mercado consumidor.

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4.2.2 Caracterização das Operações Logísticas

Até atingir o mercado consumidor em países da Europa e Oriente Médio, o minério de

ferro produzido pela empresa deverá passar por diversas etapas de transporte e estocagem.

Inicialmente, o minério produzido no Brasil será transportado por embarcações

fluviais até outros países da América do Sul (Argentina e Uruguai, principalmente), onde

parte da produção será distribuída no mercado interno enquanto o restante será destinado à

exportação por meio de navios transoceânicos.

Para que tais operações sejam possíveis, o plano de expansão prevê a construção de

um terminal portuário no Uruguai, que servirá para recebimento, estocagem, manuseio e

transbordo do minério a partir das embarcações fluviais para navios transoceânicos.

A construção do terminal é necessária pois há restrições de profundidade no canal

através do qual o minério chega ao país, impossibilitando o acesso de navios maiores.

Atualmente, o calado disponível na região é de apenas 30 pés, enquanto navios de grande

porte necessitam de no mínimo 70 pés para serem abastecidos por completo.

Assim, o novo porto será utilizado para estocar a mercadoria e carregar navios

oceânicos de menor porte (chamados navios “Panamax”). Esses navios seguirão pela costa

uruguaia até zonas pré-estabelecidas, onde efetuarão o transbordo do minério para navios de

grande porte, chamados de “Capesize”, que por fim seguirão para os mercados consumidores

finais na Europa e Oriente Médio.

A Figura 21 apresenta o esquema geral das atividades logísticas previstas após a

expansão, partindo da produção até atingir o mercado estrangeiro.

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79

Mina (Brasil)

Terminal Portuário(Brasil)

Terminal Portuário(Uruguai)

Zona deTransbordo (Costa

uruguaia)

Zona deTransbordo (Costa

uruguaia)

I ) Trasporte em caminhões

II ) Trasporte em embarcações fluviais

III) Trasporte em navios “Panamax”

IV ) Transbordo marítimo(“Panamax” > “Capesize”)

Mercado Externo(Europa e Oriente

Médio)

V ) Transporte transoceânico emnavios “Capesize”

Mina (Brasil)

Terminal Portuário(Brasil)

Terminal Portuário(Uruguai)

Zona deTransbordo (Costa

uruguaia)

Zona deTransbordo (Costa

uruguaia)

I ) Trasporte em caminhões

II ) Trasporte em embarcações fluviais

III) Trasporte em navios “Panamax”

IV ) Transbordo marítimo(“Panamax” > “Capesize”)

Mercado Externo(Europa e Oriente

Médio)

V ) Transporte transoceânico emnavios “Capesize”

Figura 21 – Atividades logísticas envolvidas na operação(elaborado pela autora)

Para efetuar suas principais operações logísticas no continente, o grupo possui uma

empresa própria, especializada em gerenciar o transporte fluvial do minério de ferro até os

demais países do Mercosul. No entanto, o início das exportações por meio de navios

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80

transoceânicos exigirá a realização de operações diferenciadas, e para estas operações a

empresa ainda não detém a expertise necessária. Dentre estas operações diferenciadas,

encontra-se a operação de transbordo do minério, que é transferido de navios de menor porte

(“Panamax”) para navios oceânicos de grande porte (“Capesize”), para em seguida partir em

direção ao mercado consumidor externo. Para realizar o transporte do minério em alto-mar, a

mineradora conta com expertise própria, através de suas unidades logísticas espalhadas pelo

mundo.

Assim, em termos de capacidade logística da empresa, as atividades envolvidas no

processo podem ser classificadas como mostra a Tabela 11.

Tabela 11 – Capacidade da empresa em operações logísticas

Capacidade própria Falta de expertise própria

I ) Transporte em caminhões

II ) Transporte em embarcaçõesfluviais

V ) Transporte transoceânico emnavios “Capesize”

III ) Transporte em navios“Panamax”

IV ) Transbordo marítimo(“Panamax” > “Capesize”)

(elaborado pela autora)

Desta forma, ao classificarmos as operações logísticas da mineradora na Matriz de

Importância x Desempenho apresentada por Ballou (2006), verificamos que suas capacidades

logísticas são globalmente bem desenvolvidas. No entanto, considerando-se atividades mais

específicas como a atividade de transbordo, verifica-se que o conhecimento interno ainda é

deficitário, originando a necessidade da formação de parcerias, conforme ilustra a Figura 22.

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81

Competência da empresa no desenvolvimentoda logística

Imp

ort

ân

cia

da

logí

stic

ap

ara

osu

cess

od

aem

pre

sa

Desempenhar asatividades internamente

Encontrar um sóciocompetente

Ser um parceiro líderTerceirizar

Atividadeslogísticas gerais

Atividades III e IV

Competência da empresa no desenvolvimentoda logística

Imp

ort

ân

cia

da

logí

stic

ap

ara

osu

cess

od

aem

pre

sa

Desempenhar asatividades internamente

Encontrar um sóciocompetente

Ser um parceiro líderTerceirizar

Atividadeslogísticas gerais

Atividades III e IV

Figura 22 – Matriz Importância x Desempenho das operações logísticas da empresa(elaborado pela autora)

Neste contexto, o presente trabalho apresenta como Estudo de Caso o processo de

seleção de um provedor de serviços de transbordo, através da aplicação da metodologia

descrita no Capítulo 3.

Trata-se de uma relação de longo prazo, que na escala apresentada por Ballou (2006),

pode ser classificada como um Contrato Logístico, já que representará uma atividade de

suporte ao grupo de atividades logísticas da empresa. Assim, deve-se atentar às

recomendações necessárias para garantir um bom relacionamento com o parceiro logístico,

conforme descrito por Ballou (2006):

Investir o tempo necessário para garantir o alinhamento estratégico com o

operador terceirizado.

Comunicar-se aberta e honestamente com o provedor.

Compartilhar tanto o risco quanto a recompensa.

Desenvolver um relacionamento de longo prazo.

Etc.

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82

4.2.3 Contexto das operações

Antes de iniciar o processo de seleção dos fornecedores, é necessário contextualizar as

principais etapas da operação. O operador contratado será responsável por:

1) Enviar os navios do tipo “Panamax” (capacidade 70.000 toneladas) até o terminal

portuário, onde eles serão abastecidos em até 40.000 toneladas e seguirão pelo canal até

chegar à costa uruguaia em uma área determinada (Área 1);

2) Ao chegar à Área 1, o “Panamax” poderá efetuar uma dentre duas opções de

atividades: ser completamente abastecido por um outro navio “Panamax” (atingindo 70,000

toneladas) e partir para exportação em alto mar; ou abastecer os navios “Capesize”

(capacidade 170,000 toneladas), utilizados exclusivamente para exportação em alto mar. Ou

seja, a frota de navios oceânicos utilizados para mandar o minério ao mercado exterior será

formada por navios menores do tipo “Panamax” e navios maiores do tipo “Capesize”.

O contexto destas atividades apresenta algumas características específicas, que devem

ser levadas em consideração durante o processo de escolha do parceiro ideal:

- Anualmente, a quantidade exportada de minério de ferro deverá atingir cerca de 15

milhões de toneladas;

- Leis de trabalho específicas do Uruguai exigem a contratação de equipes locais para

tripular os navios;

- Em alguns períodos do ano, existem restrições climáticas no local (ventos e ondas)

que impedem a realização normal das operações;

- Após alguns anos de operação, há perspectivas de aumentar ainda mais a capacidade

da mina, alcançando cerca de 30 milhões de toneladas.

Após o levantamento das características e objetivos da operação, a equipe responsável

pela seleção do operador é formada, e inicia-se a etapa de levantamento dos critérios e

desenvolvimento das alternativas.

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83

4.3 Desenvolvimento das Alternativas e Levantamento dos Critérios de

Avaliação

4.3.1 Definição dos Critérios para Avaliação das Alternativas

Para a avaliação das alternativas de provedores participantes do processo, foram

considerados atributos quantitativos e qualitativos, classificados em dois grupos: Critérios

Qualificadores e Critérios de Avaliação.

Critérios Qualificadores

Antes de iniciar o processo de avaliação dos candidatos, é necessário estabelecer uma

lista de requisitos mínimos que devem ser atendidos pelos operadores. Caso a empresa não

atenda algum destes requisitos, acredita-se que ela não estará apta a realizar a operação nos

padrões mínimos exigidos. No caso desta operação, tais requisitos estão sobretudo ligados às

informações financeiras do candidato, já que para ser responsável pela movimentação de 15

milhões de toneladas de minério de ferro por ano, a empresa não pode ser pequena. É preciso

que ela possa fornecer garantias suficientes para alavancar o capital necessário para

empreender uma operação deste porte. Neste sentido, deve-se analisar alguns indicadores

financeiros importantes, como tamanho do balanço, fluxo de caixa operacional, ativos e

dívidas.

Levantamento dos critérios

Considerando as características gerais e peculiaridades deste tipo de operação, a

equipe tomadora de decisão chegou a 8 grandes critérios de avaliação, que por sua vez foram

divididos em subcritérios.

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1) Experiência com operações de Transbordo

Para a avaliação da experiência do candidato, foram analisados o tempo de atuação do

provedor no mercado, experiência em operações de grande porte e experiência em atividades

na região. Esses atributos visavam identificar a capacidade do provedor em executar as

operações propostas com maior facilidade e segurança devido a experiências anteriores.

Segundo Soares (2002), um fator que evidencia a importância da análise deste critério

na seleção de operadores logístico é a pressão por eficácia e eficiência operacional existente

quando se trata da movimentação de materiais de baixo valor agregado. Isto porque o impacto

existente no valor final do produto é consideravelmente maior.

2) Estabilidade Financeira

Apesar de haver um patamar mínimo exigido com relação a este critério, a questão

financeira deve ser considerada também na avaliação dos candidatos. O planejamento do

fluxo de caixa deve ser condizente com o faturamento e necessidade de recursos da empresa.

Os operadores que possuírem histórico de endividamento excessivo e/ou registros de atrasos

no pagamento de mão de obra devem ser devidamente penalizados neste critério. Avalia-se,

de modo geral, a capacidade do provedor em financiar os ativos através de um custo de capital

razoável, além de manter os custos dentro do programado.

3) Gestão de Recursos Humanos

No contexto da operação descrita neste trabalho, a questão dos recursos humanos é um

critério importantíssimo para avaliação dos candidatos. Como já mencionado anteriormente, a

legislação uruguaia exige que as embarcações que navegam pela costa do país sejam

tripuladas por equipes locais, ou seja, os profissionais contratados devem ser uruguaios. Isto

provoca dificuldades significativas, já que o país não apresenta histórico de operações

similares, originando a escassez de recursos humanos especializados. Desta forma, era

essencial analisar o desempenho dos candidatos segundo uma série de fatores que

determinavam a capacidade que a empresa teria em gerenciar os profissionais contratados. Os

fatores analisados foram:

Programas de treinamento

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Facilidade de acesso a profissionais uruguaios

Acesso a equipe internacional especializada, capaz de treinar os profissionais

locais

Conhecimento da legislação trabalhista uruguaia

4) Comprometimento com a Parceria

O critério de comprometimento com a parceria está relacionado à flexibilidade do

parceiro, através da análise de sua capacidade de adaptação e otimização, além de englobar o

alinhamento de valores entre as empresas, a busca por um boa interação e relacionamento a

longo prazo.

5) Gestão da Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente

Este critério visa avaliar os principais riscos decorrentes da parceria. Deve-se analisar

as políticas de gestão de risco, histórico de acidentes, políticas ambientais e de segurança,

além da capacidade em lidar com aspectos relacionados à comunidade local.

6) Capacidade de Transferência de Conhecimento

Ao estabelecer a parceria com um provedor terceirizado, a empresa considerava a

possibilidade de eventualmente assumir tais operações logísticas no futuro. Assim, um dos

critérios analisados deveria ser a capacidade do candidato em transferir a expertise necessária.

Para tanto, foram analisados 3 aspectos:

Experiências prévias em que o conhecimento foi transferido de forma bem

sucedida;

Vontade e disposição para transferir o conhecimento;

Complexidade da solução técnica; já que quanto mais complexa a solução, mais

difícil se torna o processo de transferência de know-how.

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7) Solução Técnica

Para análise da solução técnica apresentada por cada participante, uma equipe

especializada foi integrada à equipe tomadora de decisão para avaliar aspectos como:

Capacidade máxima do sistema proposto

Confiabilidade do equipamento utilizado

Complexidade da solução

Plano de implementação

8) Custos

Por fim, deve-se analisar os custos envolvidos na operação. Neste caso, levou-se em

consideração o custo unitário da operação (US$ / ton de minério transportada).

4.3.2 Identificação das possíveis alternativas e envio dos documentos de requisitos

Determinados os critérios de avaliação que irão compor a hierarquia, passou-se à etapa

de identificação das possíveis alternativas e foi estabelecida a estratégia de relação com os

potenciais candidatos.

Identificação das Alternativas

No caso de operações de transbordo, por se tratar de uma atividade extremamente

específica, o número de concorrentes existentes é bastante restrito. Por este motivo, o

levantamento das possíveis fontes de abastecimento não se deu através de catálogos ou

páginas amarelas, mas sim por informações obtidas junto ao pessoal interno especializado,

consultas a outros profissionais do setor e consultas a empresas que já haviam estabelecido a

terceirização deste tipo de atividade.

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Assim, levando em consideração os requisitos mínimos de caixa exigidos, chegou-se a

uma lista preliminar já enxuta de empresas às quais seriam enviados os documentos de

Requisitos de Informação (RFI) e Requisitos de Proposta (RFP).

Documentos de Requisitos

O processo de identificação das alternativas e pré-qualificação dos candidatos resultou

na indicação de 8 provedores de serviços logísticos selecionados como alternativas viáveis

para a formação de uma parceria.

Assim, foram elaborados os documentos de requisitos (RFI e RFP) que seriam

enviados a cada um dos candidatos para iniciar o processo de avaliação dos possíveis

parceiros.

Request For Information (RFI)

Com base nos critérios de avaliação pré-estabelecidos, elaborou-se o documento de

Requisitos de Informação, que representava o primeiro contato formal da mineradora com os

possíveis candidatos e continha questões relacionadas a informações genéricas sobre as

empresas, assim como informações preliminares que seriam utilizadas no processo de

avaliação.

São apresentados a seguir os principais itens contidos no documento:

1. Descrição dos objetivos do documento: os candidatos devem descrever suas

habilidades, experiências e competências.

2. Informações Gerais:

- Nome da Empresa

- Contatos (endereço, telefone, e-mail, website, etc.)

- Datas relevantes (fundação, início da atual administração)

3. Informações sobre a Direção / Parceiros

- Nome e cargo dos principais executivos

- Nome e contato de outras empresas que participariam da operação

- Grau de participação da empresa gestora

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4. Estratégia da Companhia

- Quantidade de navios em construção

- Fusões e Aquisições

5. Serviços oferecidos

- Descrição dos serviços oferecidos

6. Experiência

- Anos de experiência (no país sede x internacional)

- Projetos em atividade

- Projetos concluídos nos últimos 3 anos

- Experiências em operações de transbordo

- Melhoria de eficiência

- Habilidade comprovada em formar parcerias (referências de outros clientes,

atributos que a empresa procura em seus clientes)

- Experiência na região (relação com organizações trabalhistas do Uruguai,

relacionamento com o governo local)

7. Informações Financeiras

- Referências bancárias

- Títulos de dívida

- Demonstrativo de resultado dos últimos 3 anos

- Seguros

- Processos

8. Recursos

- Recursos humanos (número de profissionais)

- Facilidade de acesso para recrutar profissionais uruguaios

- Habilidade para recrutar profissionais especializados em operações de

transbordo

- Principais fornecedores

- Frota de navios

9. Informações relacionadas à Saúde, Segurança e Meio Ambiente

- Manuais e Políticas de Saúde, Segurança e Meio Ambiente

- Histórico de acidentes

- Programa de proteção ambiental

10. Garantia de Qualidade

- Certificados e sistema de qualidade

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- Manual de Qualidade

- Garantias de performance

- Programas de Pesquisa e Desenvolvimento

11. Outras informações relevantes

Request For Proposal (RFP)

Das 8 empresas contatadas através do RFI, 7 demonstraram interesse em participar do

processo de seleção estabelecido. No entanto, algumas reconheceram que não estavam aptas a

realizar sozinhas as operações de transbordo e decidiram, assim, formar parcerias, totalizando

6 propostas.

A elaboração do RFP visou a aproximação entre a empresa e os candidatos, com a

descrição completa do escopo do projeto e questões específicas sobre o serviço oferecido. A

resposta a este documento deveria ser dividida em duas partes: uma proposta comercial

contendo a cotação do serviço; e uma proposta técnica, com detalhes da solução técnica

prevista.

Os itens contidos em cada uma destas partes são descritos a seguir:

1. Proposta Técnica

1.1. Sumário Executivo (visão geral da solução proposta e razões pelas quais ela

pode ser considerada superior)

1.2. Descrição da Metodologia

1.3. Descrição das embarcações utilizadas

1.4. Flexibilidade do Sistema

1.5. Limitações do sistema em caso de condições climáticas desfavoráveis

1.6. Plano de Implementação

1.7. Especificidades Técnicas (velocidade, consumo de combustível, etc.)

2. Proposta Comercial

2.1. Sumário Executivo (visão geral da estrutura de custos e razões pelas quais ela

pode ser considerada superior)

2.2. Premissas utilizadas

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2.3. Impostos

2.4. Descrição da estrutura de governança / parcerias

Das 6 propostas esperadas, 5 respostas foram enviadas e houve uma desistência.

Iniciou-se, assim, a última etapa do processo, que consistia na avaliação das alternativas e

seleção do fornecedor ideal.

A Figura 23 apresenta o processo de afunilamento dos participantes, com a redução do

número de alternativas a cada etapa do processo.

Candidato IndicadoCandidato Indicado

Filtro Inicial

CritériosQualificadores

RFI

RFP

Processode

Avaliação(AHP)

8 candidatos

6 candidatos

5 candidatos

Candidato IndicadoCandidato Indicado

Filtro Inicial

CritériosQualificadores

RFI

RFP

Processode

Avaliação(AHP)

8 candidatos

6 candidatos

5 candidatos

Filtro Inicial

CritériosQualificadores

RFI

RFP

Processode

Avaliação(AHP)

8 candidatos

6 candidatos

5 candidatos

Filtro Inicial

CritériosQualificadores

RFI

RFP

Processode

Avaliação(AHP)

8 candidatos

6 candidatos

5 candidatos

Figura 23 – Processo de afunilamento dos participantes(elaborado pela autora)

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91

4.4 Descrição dos Candidatos

Descrevem-se, neste item, as características e propostas dos 5 candidatos que

continuaram no processo de seleção. Vale ressaltar que os nomes e dados apresentados neste

item têm caráter ilustrativos, uma vez que tais informações são consideradas confidenciais

pela empresa contratante. Para tornar a avaliação dos candidatos mais confiável e completa,

além das informações obtidas através das respostas aos documentos de Requisitos enviados

(RFI e RFP), a consulta a fontes externas também pode ser bastante útil. Pode-se, neste caso,

consultar clientes anteriores, jornais e revistas especializados, entre outros.

4.4.1 CANDIDATO 1

Informações Gerais (RFI e Fontes Externas)

O Candidato 1 é uma empresa familiar com sede no Paraguai. Trata-se de uma

empresa nova, de pequeno porte e com pouca experiência no setor. No entanto, apresenta

grande disposição para adaptar sua proposta às necessidades do contratante, assim como não

demonstra nenhuma resistência no que concerne uma eventual transferência de know-how.

Apesar dos poucos anos de experiência, o ponto forte da empresa é o elevado

conhecimento que possui sobre as condições locais. Seus diretores tiveram atuação importante

nas primeiras operações de transbordo realizadas na região, durante a década de 80. Além

disso, a proposta do Candidato 1 prevê a formação de parceria com uma empresa uruguaia

especializada que auxiliará no processo de recrutamento de profissionais locais. Sua política

de treinamentos aparenta ser bem estruturada, e inclui ainda a intervenção dos principais

fornecedores de equipamentos.

Com relação aos aspectos que envolvem Segurança, Saúde e Meio Ambiente, o

Candidato 1 apresenta bom histórico e procedimentos formais que indicam baixo risco de

acidentes. Medidas preventivas de segurança extremamente detalhadas são aplicadas em todas

as operações e não há registro de incidentes indesejáveis com comunidades locais. No entanto,

ainda se sente a falta de uma certificação reconhecida como a ISO 14001.

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Características da Proposta Técnica / Custos do Serviço (RFP)

A solução técnica apresentada pelo Candidato 1 é composta por três embarcações:

duas pequenas e uma grande e complexa. Trata-se de navios com aproximadamente 10 anos

que não se destinavam originalmente a executar operações de transbordo. A idéia é comprar

as embarcações antigas a um preço menor para reformá-las e adaptá-las ao novo processo.

Adquirir uma embarcação já existente apresenta algumas vantagens em termos de

custos e de tempo necessário para iniciar as operações. Como a adaptação dos navios é feita a

um custo inferior à construção de navios novos, o preço do serviço cobrado pelo Candidato 1

é sensivelmente inferior aos demais.

Entretanto, a solução acaba perdendo bastante em termos de facilidade e

confiabilidade do equipamento, ao mesmo tempo em que prolonga a previsão do período de

manutenção esperado nos próximos anos.

Com relação aos aspectos quantitativos, os principais valores envolvidos são:

Preço cobrado: US$ 10,09 / tonelada de minério transportada

Capacidade máxima do sistema: 23,52 milhões de toneladas / ano

Tempo para implementação: 18 meses

4.4.2 CANDIDATO 2

Informações Gerais (RFI e Fontes Externas)

O Candidato 2 apresentou uma proposta menos detalhada que a do Candidato 1. A

empresa foi fundada em 1985 e possui sede na região das Bahamas, local com muita tradição

em atividades marítimas.

Possui forte atuação na América do Sul, porém não em atividades de transbordo de

carga. Para auxiliar o recrutamento de profissionais uruguaios, o Candidato 2 não tem

intenção de formar parcerias, mas afirma estar apto a contratar funcionários qualificados

através de seus demais projetos na região. Com relação ao treinamento e preparação de seus

funcionários, não há procedimentos formais estabelecidos, e a proposta tampouco faz menção

à utilização de equipes estrangeiras especializadas para preparar os trabalhadores locais.

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O Candidato 2 não apresenta planos concretos para adaptar sua solução em caso de

aumentos significativos da demanda, e a falta de detalhes da proposta parece indicar certo

desinteresse no processo seletivo.

No que concerne as questões de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, o histórico do

Candidato 2 registra cinco acidentes nos últimos 3 anos, índice considerado alto, e seguindo a

característica da proposta, não há detalhes sobre procedimentos formais de prevenção contra

riscos.

Características da Proposta Técnica / Custos do Serviço (RFP)

O ponto forte da proposta desenvolvida pelo Candidato 2 é a simplicidade da solução.

A idéia é utilizar três embarcações simples, especialmente construídas para a operação, que

não precisariam de equipamentos muito sofisticados. Tais características contribuem para

aumentar a confiabilidade da solução, assim como facilita significativamente o processo de

uma eventual transferência de conhecimento para o contratante.

Com relação aos aspectos quantitativos, os principais valores envolvidos são:

Preço: US$ 15,99 / tonelada de minério

Capacidade máxima do Sistema: 15,75 milhões de toneladas / ano

Tempo para implementação: 25 meses

4.4.3 CANDIDATO 3

Informações Gerais (RFI e Fontes Externas)

O Candidato 3 é uma empresa de destaque no mercado internacional de operações

logísticas. Com sede no Canadá, possui uma extensa lista de projetos de transbordo em

diversas regiões do mundo.

Para realizar as operações, a empresa pretende se associar a um parceiro uruguaio, que

ficará responsável principalmente pela gestão da tripulação dos navios. Além disso, a empresa

possui grande experiência em atividades de transbordo em outros países, o que facilita o

acesso a profissionais especializados que poderiam trazer contribuições às atividades de

treinamento da equipe local.

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Com relação à avaliação dos riscos, pode-se considerar que o Candidato 3 possui

políticas consolidadas de prevenção, com a aplicação de checklists durante todas as atividades

de rotina. Além disso, o histórico de acidentes envolvendo problemas de Saúde, Segurança ou

Meio Ambiente não apresenta nenhum incidente grave nos últimos anos e todo o seu

programa de proteção ambiental é desenvolvido por uma empresa especializada.

Um ponto que chama atenção na proposta enviada pelo Candidato 3 é a aparente falta

de interesse em uma eventual transferência de know-how para a empresa contratante. O

candidato apresenta-se de certa forma contrariado com relação a esta questão.

Características da Proposta Técnica / Custos do Serviço (RFP)

A proposta técnica desenvolvida pelo Candidato 3 mostra-se incompleta, com poucos

detalhes fornecidos. O sistema desenvolvido é relativamente simples, utilizando apenas 2

embarcações, e assim como o Candidato 1, pretende-se adquirir navios antigos que serão

adaptados. O prazo para implementação é considerado otimista demais (apenas 17 meses),

mas o argumento utilizado é o fato de a empresa ter acabado de efetuar conversões parecidas

em outros projetos.

O ponto fraco da proposta é o aparente desinteresse demonstrado, com respostas

incompletas ou superficiais a grande parte das perguntas. Além disso, o preço cobrado pelo

serviço é significativamente superior àqueles cobrados pelos demais candidatos. Como ponto

forte, destaca-se principalmente a forte atuação global da empresa e sua boa reputação no

mercado.

Os principais valores envolvidos na proposta são:

Preço: US$ 14,29 / tonelada de minério

Capacidade Máxima do Sistema: 15,75 milhões de toneladas / ano

Tempo para implementação: 17 meses

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4.4.4 CANDIDATO 4

O Candidato 4 destaca-se tanto pelo grau de experiência em operações similares

quanto pelo interesse demonstrado em efetuar a parceria. Para isto, já havia entrado em

contato com uma empresa local para a formação de uma Joint Venture que seria responsável

pelas operações.

Através do contato com a empresa local e a vasta experiência com operações similares,

o Candidato 4 apresenta-se em posição de destaque no que concerne as atividades de

gerenciamento de recursos humanos. A empresa se mostra inclusive adiantada, entrando em

contato com autoridades uruguaias para agilizar o processo de recrutamento. Além disso, os

treinamentos são bem estruturados, prevendo a ida de funcionários ao exterior para serem

treinados por equipes especializadas.

Com relação aos aspectos de Segurança, Saúde e Meio Ambiente, o Candidato 4

apresenta histórico exemplar, sem registros de acidentes nos últimos anos. Além disso,

disponibiliza aos funcionários um Manual detalhado contendo instruções sobre todos os

procedimentos a serem realizados, além de disponibilizar seguros contra doenças ou qualquer

tipo de acidente para a tripulação.

Características da Proposta Técnica / Custos do Serviço

A proposta apresentada é extremamente detalhada, mas seu ponto fraco parece estar na

complexidade da solução. Pretende-se disponibilizar 3 embarcações, duas menores e uma

grande e complexa, que funcionará como um pequeno terminal flutuante. Para tanto, faz-se

uso de uma tecnologia diferenciada, dificultando muito o processo de uma eventual

transferência de conhecimento à empresa contratante.

O projeto prevê a construção de navios novos, especialmente desenvolvidos para esta

operação. Esta decisão, apesar de aumentar a confiabilidade do sistema, acaba prolongando

significativamente o prazo de implementação e elevando os custos envolvidos.

Assim, os principais valores da proposta são:

Preço: US$ 11,47 / tonelada de minério

Capacidade Máxima do Sistema: 28,35 milhões de toneladas / ano

Prazo de implementação: 28 meses

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4.4.5 CANDIDATO 5

O último candidato é uma empresa espanhola de médio porte, com forte atuação no

mercado europeu de operações de transbordo. Dentre todos os candidatos, aparenta ser aquele

que mais cresceu nos últimos anos, dando início a um grande número de projetos, tanto em

operações de transbordo quanto em outras áreas relacionadas ao transporte marítimo de carga.

Sua atuação concentrava-se principalmente no mercado europeu, mas o destaque obtido nos

últimos anos fez com que a empresa começasse a explorar também mercados emergentes.

Com relação ao aspecto de gerenciamento de recursos humanos, a empresa não

aparenta estar preocupada com as especificidades existentes no Uruguai. Apesar da pouca

experiência na região, em sua proposta não há menção à procura de eventuais parceiros locais.

A empresa acredita que sua vasta experiência em outros países será suficiente para resolver a

questão de treinamentos e preparação das equipes locais.

No que concerne os aspectos Segurança, Saúde e Meio Ambiente, o Candidato 5 não

apresenta políticas bem definidas. Segundo sua proposta, os treinamentos oferecidos são

acordados com cada cliente. Da mesma forma, a utilização de procedimentos formais de

prevenção contra riscos é efetuada apenas durante as principais atividades, sem apresentar

grandes detalhes. Entretanto, o histórico de acidentes da empresa é considerado bom, sem

incidentes graves ocorridos nos últimos anos.

Um ponto negativo da proposta é a aparente falta de interesse em adaptar a solução às

necessidades do contratante. De maneira geral, o Candidato 5 demonstra pouca disposição em

transferir o know-how das operações, o que dificultaria o desejo do contratante de assumir o

controle das atividades no futuro.

Características da Proposta Técnica / Custos do Serviço

A solução desenvolvida pelo Candidato 5 também é bastante complexa, prevendo a

utilização de um terminal flutuante e 3 embarcações simples. A tecnologia empregada é

segura e de fácil implementação, mas as atividades rotineiras requerem profissionais

experientes.

Para realizar as atividades, o projeto prevê a construção de navios novos, já

construídos e adaptados às operações do contratante. Como no caso de outros candidatos, esta

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97

decisão aumenta a confiabilidade do sistema, mas acaba atrasando o prazo de implementação,

característica crítica já que a empresa pretende iniciar suas exportações em menos de 2 anos.

Os principais valores envolvidos na proposta são:

Preço: US$ 12,69 / tonelada de minério

Capacidade máxima do sistema: 17,85 milhões de toneladas / ano

Prazo de implementação: 23 meses

4.5 Avaliação das Alternativas

4.5.1 Construção da Hierarquia

A atribuição dos pesos aos diversos critérios de avaliação pelo método AHP inicia-se a

partir da construção da estrutura hierárquica que compõe o problema. No caso do problema

proposto, chega-se à Figura 24, em que a hierarquia é decomposta em 4 níveis:

Figura 24 – Hierarquia para escolha do fornecedor(elaborado pela autora)

Selecionar provedor logísticoterceirizado

Experiência

Comprometimento com a

parceria

Gestão deRecursosHumanos

Segurança,Saúde e Meio

Ambiente

Transferênciade

conhecimento

SoluçãoTécnica

Subcritérios SubcritériosSubcritérios Subcritérios Subcritérios Subcritérios

Candidato 2Candidato 1 Candidato 4Candidato 3 Candidato 5

Nível 1

Nível 2

Nível 3

Nível 4

CustosEstabilidadeFinanceira

Selecionar provedor logísticoterceirizado

Experiência

Comprometimento com a

parceria

Gestão deRecursosHumanos

Segurança,Saúde e Meio

Ambiente

Transferênciade

conhecimento

SoluçãoTécnica

Subcritérios SubcritériosSubcritérios Subcritérios Subcritérios Subcritérios

Candidato 2Candidato 1 Candidato 4Candidato 3 Candidato 5

Nível 1

Nível 2

Nível 3

Nível 4

CustosEstabilidadeFinanceira

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Excetuando-se os critérios de estabilidade financeira e custo, todos os demais critérios

são desdobrados em subcritérios, conforme ilustra a Tabela 12. Onde os subcritérios

relacionados a cada critério são:

Tabela 12 – Critérios e sub-critérios de avaliação

Critério Sub-critérios

1. Experiência- Tempo de atuação- Experiência em operações de grande porte- Experiência na região

2. Estabilidade Financeira - Estabilidade Financeira

3. Gestão de Recursos Humanos

- Programa de treinamentos- Facilidade de acesso a profissionaisuruguaios- Acesso a equipe internacional especializada

4. Comprometimento com a parceria- Flexibilidade da proposta- Alinhamento de valores

5. Gestão da Qualidade, Segurança, Saúdee Meio Ambiente

- Políticas de gestão de riscos- Histórico de acidentes- Relacionamento com a comunidade

6. Transferência de conhecimento

- Experiências anteriores- Vontade e disposição em transferir oconhecimento- Complexidade da solução técnica

7. Solução Técnica

- Capacidade máxima do sistema- Confiabilidade do equipamento- Complexidade da solução- Plano de implementação

8. Custos - Custo unitário da operação

(elaborado pela autora)

De acordo com Morita (1998), após a definição dos objetivos, critérios e alternativas, a

aplicação do AHP segue através dos julgamentos comparativos de cada par de critérios, em

cada um dos níveis da hierarquia.

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99

4.5.2 Atribuição de Pesos aos Critérios

Com base na escala desenvolvida por Saaty, os tomadores de decisão foram

convidados a efetuar a comparação paritária dos atributos. A estrutura do problema foi

montada em uma planilha Excel, e o processo foi iniciado pela comparação dos critérios do

nível 2.

Como resultado, obteve-se a seguinte Matriz de Comparação Paritária (MCP),

apresentada na Tabela 13.

Tabela 13 – Matriz de Comparação Paritária referente aos critérios de avaliação

1 2 3 4 5 6 7 8

1 Experiência 1.0 5.0 3.0 5.0 5.0 5.0 1.0 1/3

2 Estabilidade Financeira 1/5 1.0 1/3 1.0 1.0 3.0 1/7 1/7

3Gestão de RecursosHumanos 1/3 3.0 1.0 3.0 3.0 5.0 1/5 1/5

4Comprometimento com aParceria 1/5 1.0 1/3 1.0 1.0 1.0 1/5 1/5

5Seg., Saúde e MeioAmbiente 1/5 1.0 1/3 1.0 1.0 1.0 1/5 1/5

6Transferência deConhecimento 1/5 1/3 1/5 1.0 1.0 1.0 1/7 1/7

7 Solução Técnica 1.0 7.0 5.0 5.0 5.0 7.0 1.0 1.0

8 Custos 3.0 7.0 5.0 5.0 5.0 7.0 1.0 1.0

A MCP originou em seguida a Matriz normalizada, da Tabela 14.

Tabela 14 – Matriz de Comparação Paritária normalizada

1 2 3 4 5 6 7 8

1 Experiência 0.16 0.20 0.20 0.23 0.23 0.17 0.26 0.10

2 Estabilidade Financeira 0.03 0.04 0.02 0.05 0.05 0.10 0.04 0.04

3Gestão de RecursosHumanos 0.05 0.12 0.07 0.14 0.14 0.17 0.05 0.06

4Comprometimento com aParceria 0.03 0.04 0.02 0.05 0.05 0.03 0.05 0.06

5Seg., Saúde e MeioAmbiente 0.03 0.04 0.02 0.05 0.05 0.03 0.05 0.06

6Transferência deConhecimento 0.03 0.01 0.01 0.05 0.05 0.03 0.04 0.04

7 Solução Técnica 0.16 0.28 0.33 0.23 0.23 0.23 0.26 0.31

8 Custos 0.49 0.28 0.33 0.23 0.23 0.23 0.26 0.31

Finalmente, obteve-se o vetor de prioridades, que apresenta as ponderações de cada

critério (ver Tabela 15):

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100

Tabela 15 – Ponderação dos critérios de avaliação

Vetor

Experiência 19%

Estabilidade Financeira 5%

Gestão de Recursos Humanos 10%

Comprometimento com a Parceria 4%

Segurança, Saúde e Meio Ambiente 4%

Transferência de Conhecimento 3%

Solução Técnica 25%

Custos 29%

Parte-se então ao cálculo do Índice de Consistência (IC), que indica se há ou não

necessidade de revisão dos julgamentos para a MCP:

IC = (λmax – n) / (n-1), onde λmax é o autovalor principal da matriz.

Assim, temos:

λmax = 8,407

=> IC = (8,407 – 8)/7 = 5,8%

No caso dos problemas com mais de 5 critérios, Saaty estabeleceu ICmáximo = 10%.

Portanto, pode-se considerar que o nível de inconsistência na comparação dos critérios do

nível 2 está dentro do limite tolerável.

4.5.3 Atribuição de Pesos aos Sub-critérios

Como visto anteriormente, os critérios de avaliação eram formados por subcritérios,

que também deveriam ser ponderados. Assim, para cada grupo de subcritérios, foi possível

efetuar as ponderações através dos mesmos conceitos de comparação paritária empregados

anteriormente.

Os resultados obtidos para os subcritérios são apresentados nas Tabelas 16 a 23 (as

Matrizes de Comparação Paritária podem ser observadas no Apêndice A deste trabalho):

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101

1) EXPERIÊNCIA

Tabela 16 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Experiência”

Vetor

Tempo de atuação 33%

Experiência em operações de grandeporte

33%

Experiência na região 33%

2) ESTABILIDADE FINANCEIRA

Tabela 17 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Estabilidade Financeira”

Vetor

- -

3) GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

Tabela 18 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Gestão de Recursos Humanos”

Vetor

Programa de treinamentos 24%

Facilidade de acesso a profissionaisuruguaios

67%

Acesso a equipe internacionalespecializada

9%

4) COMPROMETIMENTO COM A PARCERIA

Tabela 19 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Comprometimento com a Parceria”

Vetor

Flexibilidade da proposta 75%

Alinhamento de valores 25%

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102

5) SEGURANÇA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Tabela 20 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Segurança, Saúde e Meio Ambiente”

Vetor

Políticas de Gestão de Riscos 44%

Histórico de Acidentes 49%

Relacionamento com a comunidade 8%

6) TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO

Tabela 21 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Transferência de Conhecimento”

Vetor

Experiências anteriores 11%

Vontade e disposição em transferirconhecimento 48%

Complexidade da solução técnica 41%

7) SOLUÇÃO TÉCNICA

Tabela 22 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Solução Técnica”

Vetor

Capacidade máxima do sistema 58%

Confiabilidade do equipamento 14%

Complexidade da solução 5%

Plano de implementação 22%

8) CUSTOS

Tabela 23 – Ponderação dos subcritériosdo critério “Custos”

Vetor

- -

Definidas as ponderações de critérios e subcritérios, obtemos o resultado geral da

ponderação, apresentado na Tabela 24.

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103

Tabela 24 – Resultado final da ponderação

CRITÉRIOS Pesos

1. Experiência 19.2%

- Tempo de atuação 6.4%

- Experiência em operações de grande porte 6.4%

- Experiência na região 6.4%

2. Estabilidade Financeira 4.6%

3. Gestão de Recursos Humanos 9.9%

- Programa de treinamentos 2.4%

- Facilidade de acesso a profissionais uruguaios 6.6%

- Acesso a equipe internacional especializada 0.9%

4. Comprometimento com a Parceria 4.1%

- Flexibilidade da proposta 3.1%

- Alinhamento de valores 1.0%

5. Segurança, Saúde e Meio Ambiente 4.1%

- Políticas de Gestão de Riscos 1.8%

- Histórico de Acidentes 2.0%

- Relacionamento com a comunidade 0.3%

6. Transferência de Conhecimento 3.3%

- Experiências anteriores 0.4%

- Vontade e disposição em transferir conhecimento 1.6%

- Complexidade da solução técnica 1.3%

7. Solução Técnica 25.3%

- Capacidade máxima do sistema 14.8%

- Confiabilidade do equipamento 3.5%

- Complexidade da solução 1.3%

- Plano de implementação 5.7%

8. Custos 29.4%

Ao analisar o resultado final, observamos que os critérios “Custos” e “Solução

Técnica” são os que apresentam maior importância para os tomadores de decisão. Neste

último, deve-se considerar principalmente a Capacidade Máxima do sistema desenvolvido, já

que o contratante espera garantir a meta de 15 milhões de toneladas de minério transportado

em cada ano, além de considerar a hipótese de aumentar a produção no futuro.

4.5.4 Comparação dos candidatos

A última etapa do processo de aplicação da metodologia AHP consiste na comparação

paritária dos candidatos em relação a cada um dos critérios / subcritérios de avaliação.

Através desta etapa, chega-se à indicação da melhor alternativa para a empresa contratante.

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104

Assim, com base nas propostas enviadas por cada candidato e em informações obtidas

através de fontes externas (jornais e revistas especializadas, outras mineradoras, etc.), pôde-se

construir as matrizes de comparação associadas a cada subcritério.

A título de exemplo, a MCP correspondente ao subcritério “Tempo de Atuação” é

apresentada na Tabela 25.

Tabela 25 – MCP correspondente ao subcritério “Tempo de Atuação”

Candidato 1 Candidato 2 Candidato 3 Candidato 4 Candidato 5

Candidato 1 1.00 1/3 1/9 1/5 1/7

Candidato 2 3.00 1.00 1/7 1/3 1/5

Candidato 3 9.00 7.00 1.00 5.00 3.00

Candidato 4 5.00 3.00 1/5 1.00 1/5

Candidato 5 7.00 5.00 1/3 5.00 1.00

A partir da MCP, pode-se determinar as ponderações associadas a cada candidato no

que se refere ao subcritério “Tempo de Atuação”, assim como o índice de consistência (IC)

correspondente (ver Tabela 26).

Tabela 26 – Rank dos candidatos segundoo subcritério “Tempo de Atuação”

Vetor

Candidato 1 3%

Candidato 2 7%

Candidato 3 49%

Candidato 4 13%

Candidato 5 29%

λmax = 5,364

=> IC = (5,364–5)/4 = 9%

Da mesma maneira, os tomadores de decisão foram convidados a comparar os

fornecedores sob a ótica de todos os demais subcritérios envolvidos na decisão. As matrizes

completas podem ser verificadas no Apêndice B.

Chega-se, enfim, à compilação das notas obtidas pelos candidatos em cada critério

analisado, conforme apresentado na Tabela 27:

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105

Tabela 27 – Compilação das notas obtidas pelos candidatos segundo todos os critérios e subcritérios deavaliação

CRITÉRIOS Candidato 1 Candidato 2 Candidato 3 Candidato 4 Candidato 5

Tempo de atuação 3 % 7 % 49 % 13 % 29 %Experiência em

operações de grandeporte

6 % 3 % 50 % 19 % 22 %

Exp

eriên-

cia

Experiência na região 54 % 6 % 19 % 15 % 6 %

Estab

.F

inan

.

Estabilidade Financeira 7 % 7 % 46 % 20 % 20 %

Programa detreinamentos

24 % 5 % 24 % 24 % 24 %

Facilidade de acesso aprofissionais uruguaios

25 % 5 % 14 % 50 % 5 %

Gestão

de

RH

Acesso a equipeinternacionalespecializada

12 % 4 % 32 % 34 % 18 %

Flexibilidade daproposta

39 % 5 % 5% 39 % 11 %

Com

prom

enti-

men

to

Alinhamento de valores 32 % 9 % 10 % 35 % 14 %

Políticas de gestão deriscos

28 % 5 % 11 % 28 % 28 %

Histórico de acidentes 36 % 5 % 13 % 34 % 13 %

Segu

rança,S

aúd

ee

Meio

Am

bien

te

Relacionamento com acomunidade

27 % 27 % 9 % 27 % 9 %

Experiências anteriores 8 % 19 % 4 % 52 % 17 %Vontade e disposição

em transferirconhecimento

32 % 5 % 11 % 40 % 11 %

Tra

nsf.d

econ

hec.

Complexidade dasolução técnica

13 % 45 % 30 % 6 % 6 %

Capacidade máxima dosistema

29 % 4 % 4 % 53 % 10 %

Confiabilidade doequipamento

5 % 28 % 28 % 11 % 28 %

Complexidade dasolução técnica

13 % 45 % 30 % 6 % 6 %

Solu

çãotécn

ica Plano deimplementação

38 % 7 % 37 % 4 % 14 %

Cu

stos

Custo unitário daoperação

46% 4 % 8% 27 % 16%

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106

A consolidação entre os julgamentos de todos os critérios e sub-critérios considerados

no processo decisório e as comparações paritárias das alternativas são sintetizados na Tabela

28, possibilitando a indicação do fornecedor mais adequado para a empresa contratante:

Tabela 28 – Rank final dos fornecedores

Rank dos Fornecedores

Candidato 1 30,21%

Candidato 2 7,09%

Candidato 3 19,18%

Candidato 4 28,02%

Candidato 5 15,50%

Assim, os resultados finais apontam o Candidato 1 como aquele que apresenta a

proposta mais adequada às necessidades da empresa contratante, segundo uma série de

critérios avaliados. Ele é seguido de perto pelo Candidato 4, indicando que seria interessante

efetuar uma nova rodada de análise que considerasse apenas os dois candidatos, até que a

empresa contratante pudesse chegar a uma decisão segura quanto ao parceiro ideal. Sugere-se

que esta nova etapa inclua negociações comerciais com os candidatos finalistas, fato que pode

levar à modificação dos preços e condições inicialmente propostos, alterando ou ratificando a

classificação obtida.

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107

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo, são analisadas as conclusões e recomendações geradas ao longo do

trabalho, considerando os principais pontos abordados em cada etapa do seu desenvolvimento.

Primeiramente, deve-se destacar a relevância do tema desenvolvido. Com o aumento

da competitividade existente entre os concorrentes dos mais diversos setores da economia,

níveis elevados de eficiência passaram a ser exigidos em todas as áreas das organizações. A

partir daí, houve uma grande disseminação da prática de terceirização entre as empresas, e um

dos campos mais afetados foi exatamente a logística. Assim, os operadores logísticos

terceirizados apresentam responsabilidades cada vez maiores, e os métodos de seleção que

consideram apenas critérios operacionais passaram a ser vistos como insuficientes. Desta

forma, este trabalho buscou apresentar uma abordagem mais abrangente do assunto,

analisando também os aspectos estratégicos envolvidos no processo de seleção de operadores

terceirizados.

Para que se possa ter uma compreensão ampla e segura do problema, é essencial

conhecer o mercado tratado e a dinâmica das relações existentes entre os diversos atores

presentes na indústria. Por este motivo, o primeiro passo do método apresentado consistiu na

análise estrutural da indústria, através da avaliação das forças competitivas existentes. No

Estudo de Caso apresentado, esta análise possibilitou a compreensão das principais

características e tendências do setor mineral, dentre eles a importância do relacionamento com

provedores de serviços logísticos. Trata-se de um setor em que a concorrência é pautada na

redução de custos, e o poder de negociação para reduzir os gastos com transporte é essencial.

Em seguida, cabe ressaltar a importância de estudos relacionados às Alianças

Estratégicas na Logística. Para uma empresa cujo foco de negócio não está ligado a processos

logísticos, associar-se a um parceiro especializado pode trazer diversos benefícios, como a

redução de custos, o acesso a tecnologias novas e a redução de riscos, entre outros (BALLOU,

2006). No contexto do Estudo de Caso efetuado, estes aspectos ficaram bastante claros, dado

que eficiência logística é uma das características-chave no setor de mineração, fazendo com

que as parcerias sejam cada vez mais comuns. Para a mineradora estudada, o acesso a uma

tecnologia atualmente desconhecida pode render diversos benefícios no futuro, considerando

a dimensão global e diversificada de suas operações logísticas. Trata-se, no entanto, de

acordos que devem visar benefício mútuo, e o real comprometimento de ambas as partes é

fundamental para que se possa estabelecer um relacionamento duradouro e bem sucedido.

Neste sentido, é necessário ter em mente que formar uma aliança significa mais do que apenas

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108

servir o cliente no momento combinado (BOWERSOX, 1990). Para que o relacionamento

possa render vantagens competitivas a todos os envolvidos, é necessário antes de tudo

planejamento conjunto, comunicação aberta e sincera, e compartilhamento de riscos e

recompensas.

Com relação à metodologia de hierarquização proposta pelo AHP, foi possível

perceber que se trata de um método de fácil aplicação a problemas que consideram múltiplos

critérios, sendo bastante recomendado em situações de seleção de fornecedores. É necessário

salientar a importância de uma equipe diversificada entre os tomadores de decisão, visando

uma atribuição justa dos pesos a partir da comparação paritária dos atributos. Pode-se obter,

assim, uma ferramenta de análise que não se restringe apenas à comparação de critérios

operacionais e de custos, como ocorre em muitos casos. Através da aplicação do AHP, foi

possível avaliar os fornecedores com relação a outros critérios estratégicos que são essenciais

para a formação de uma parceria de longo prazo.

Deve-se ressaltar, também, a facilidade de aplicação do método através de planilhas

eletrônicas. Apesar de atualmente já existirem softwares específicos para aplicação do AHP

(ex: Expert Choice e Decision Lens), os cálculos necessários podem ser facilmente realizados

em planilhas do Microsoft Excel mesmo em problemas que apresentam diversos critérios e

alternativas, como ocorreu no Estudo de Caso apresentado neste trabalho.

Não se pode deixar de mencionar, no entanto, algumas limitações existentes no

método proposto. A primeira diz respeito à coleta de informações que originará a

classificação dos fornecedores, já que, no caso analisado, a documentação apresentada pelos

candidatos era bastante heterogênea, gerando diferenças no que concerne o nível de

informação disponibilizado por cada um. Assim, para que não haja distorções durante a

comparação entre os candidatos, é necessário antes de tudo garantir a máxima padronização

das propostas submetidas. Para que se possa obter tal padronização, é necessário estar atento à

elaboração dos documentos de requisitos (RFP e RFI), que devem ser escritos de tal forma

que não haja espaço para interpretações dúbias ou subjetivas por parte dos candidatos

contactados. Além disso, é necessário que se possa ter confiança nas informações fornecidas

pelos potenciais fornecedores, acreditando-se que não haverá fatos relevantes omitidos ou

dados distorcidos.

Outro fator de limitação importante diz respeito à quantidade de cenários analisados.

Quando da aplicação do AHP, a ponderação dos candidatos limita-se à análise de um único

cenário, em termos de premissas e tendências de mercado. Caso haja a necessidade de avaliar

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109

o melhor fornecedor em múltiplos cenários, caso de indústrias muito voláteis, recomenda-se a

utilização de outros métodos de avaliação.

Finalmente, é importante novamente ressaltar que o AHP visa apenas auxiliar os

tomadores de decisão no processo de escolha, e não substitui etapas importantes da

negociação. Desta forma, é necessário que haja rodadas de negociação comercial entre a

empresa contratante e os candidatos, visando a redução de valores e a alteração de condições

desfavoráveis, o que pode modificar a classificação final dos candidatos.

De forma geral, tendo em vista os resultados alcançados, pode-se considerar que o

presente trabalho desenvolveu-se de forma bem sucedida, atingindo as expectativas e

objetivos inicialmente propostos. Apesar de basear-se em um único estudo de caso, o trabalho

apresentou resultados que indicam uma boa aplicabilidade da metodologia proposta a

problemas de seleção de provedores terceirizados. Espera-se, assim, validá-la de forma geral

em estudos futuros, e a freqüente ocorrência de casos semelhantes entre empresas dos mais

diversos setores gera boas expectativas de oportunidades de aplicação e aprimoramento da

metodologia.

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Concorrência. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1986.

SERRA, S. M. B. Diretrizes para gestão de subempreiteiros. São Paulo, 2001. Tese

(Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

SOARES, M. G. Classificação de Operadores Terceirizados, visando o estabelecimento

de parcerias de negócio no contexto logístico empresarial. 2002. 165 p. Dissertação

(Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

TRENT, R. J. Why relationships matter. Supply Chain Management Review, v.9, issue 8,

2005, p. 53 – 59.

VALE. Vale Day at NYSE (Apresentação). Nova Iorque, 2007. Disponível em

<www.vale.com>. Acesso em 21 jun. 2008.

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115

APÊNDICE A: COMPARAÇÕES PARITÁRIAS DOS SUBCRITÉRIOS

AVALIADOS

1) EXPERIÊNCIA

MCP

1 2 3

1 Tempo de atuação 1.000 1.000 1.000

2Experiência em operações de grandeporte 1.000 1.000 1.000

3 Experiência na região 1.000 1.000 1.000

MCP normalizada

1 2 3

1 Tempo de atuação 0.333 0.333 0.333

2Experiência em operações de grandeporte 0.333 0.333 0.333

3 Experiência na região 0.333 0.333 0.333

Ponderações

Vetor

Tempo de atuação 33%Experiência em operações de grandeporte 33%

Experiência na região 33%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 3,0 => IC = (3,0–3)/2 = 0%

2) ESTABILIDADE FINANCEIRA

-

3) GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

MCP

1 2 3

1 Programa de treinamentos 1.000 0.333 3.000

2Facilidade de acesso a profissionaisuruguaios 3.000 1.000 7.000

3Acesso a equipe internacionalespecializada 0.333 0.143 1.000

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116

MCP normalizada

1 2 3

1 Programa de treinamentos 0.231 0.226 0.273

2Facilidade de acesso a profissionaisuruguaios 0.692 0.677 0.636

3Acesso a equipe internacionalespecializada 0.077 0.097 0.091

Ponderações

Vetor

Programa de treinamentos 24%Facilidade de acesso a profissionaisuruguaios 67%Acesso a equipe internacionalespecializada 9%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 3,0 => IC = (3,0–3)/2 = 0%

4) COMPROMETIMENTO COM A PARCERIA

MCP

1 2

1 Flexibilidade da proposta 1.000 3.000

2 Alinhamento de valores 0.333 1.000

MCP normalizada

1 2

1 Flexibilidade da proposta 0.750 0.750

2 Alinhamento de valores 0.250 0.250

Ponderações

Vetor

Flexibilidade da proposta 75%

Alinhamento de valores 25%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 2,0 => IC = (2,0–2)/1 = 0%

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117

5) GESTÃO DA QUALIDADE, SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE

MCP

1 2 3

1 Políticas de Gestão de Riscos 1.000 1.000 5.000

2 Histórico de Acidentes 1.000 1.000 7.000

3 Relacionamento com a comunidade 0.200 0.143 1.000

MCP normalizada

1 2 3

1 Políticas de Gestão de Riscos 0.455 0.467 0.385

2 Histórico de Acidentes 0.455 0.467 0.538

3 Relacionamento com a comunidade 0.091 0.067 0.077

Ponderações

Vetor

Políticas de Gestão de Riscos 44%

Histórico de Acidentes 49%

Relacionamento com a comunidade 8%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 3,013 => IC = (3,013–3)/2 = 1%

6) TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO

MCP

1 2 3

1 Experiências anteriores 1.000 0.200 0.333

2Vontade e disposição em transferirconhecimento 5.000 1.000 1.000

3 Complexidade da solução técnica 3.000 1.000 1.000

MCP normalizada

1 2 3

1 Experiências anteriores 0.111 0.091 0.143

2Vontade e disposição em transferirconhecimento 0.556 0.455 0.429

3 Complexidade da solução técnica 0.333 0.455 0.429

Ponderações

Vetor

Experiências anteriores 11%Vontade e disposição em transferirconhecimento 48%

Complexidade da solução técnica 41%

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118

Índice de Consistência (IC)

λmax = 3,029 => IC = (3,029–3)/2 = 1%

7) SOLUÇÃO TÉCNICA

MCP

1 2 3 4

1 Capacidade máxima do sistema 1.000 7.000 7.000 3.000

2 Confiabilidade do equipamento 0.143 1.000 3.000 1.000

3 Complexidade da solução 0.143 0.333 1.000 0.143

4 Plano de implementação 0.333 1.000 7.000 1.000

MCP normalizada

1 2 3 4

1 Capacidade máxima do sistema 0.618 0.750 0.389 0.583

2 Confiabilidade do equipamento 0.088 0.107 0.167 0.194

3 Complexidade da solução 0.088 0.036 0.056 0.028

4 Plano de implementação 0.206 0.107 0.389 0.194

Ponderações

Vetor

Experiências anteriores 58%Vontade e disposição em transferirconhecimento 14%

Complexidade da solução técnica 5%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 4,250 => IC = (4,250–4)/3 = 8%

8) CUSTOS

-

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119

APÊNDICE B: COMPARAÇÕES PARITÁRIAS ENTRE OS

CANDIDATOS COM RELAÇÃO AOS SUBCRITÉRIOS AVALIADOS

1) TEMPO DE ATUAÇÃO

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 0.33 0.11 0.20 0.14

2 Candidato 2 3.00 1.00 0.14 0.33 0.20

3 Candidato 3 9.00 7.00 1.00 5.00 3.00

4 Candidato 4 5.00 3.00 0.20 1.00 0.20

5 Candidato 5 7.00 5.00 0.33 5.00 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.040 0.020 0.062 0.017 0.031

2 Candidato 2 0.120 0.061 0.080 0.029 0.044

3 Candidato 3 0.360 0.429 0.560 0.434 0.660

4 Candidato 4 0.200 0.184 0.112 0.087 0.044

5 Candidato 5 0.280 0.306 0.187 0.434 0.220

Ponderações

Vetor

Candidato 1 3%

Candidato 2 7%

Candidato 3 49%

Candidato 4 13%

Candidato 5 29%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,364 => IC = (5,364 –5)/4 = 9%

2) EXPERIÊNCIA EM OPERAÇÕES DE GRANDE PORTE

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 3.00 0.14 0.20 0.14

2 Candidato 2 0.33 1.00 0.11 0.14 0.14

3 Candidato 3 7.00 9.00 1.00 5.00 3.00

4 Candidato 4 5.00 7.00 0.20 1.00 1.00

5 Candidato 5 7.00 7.00 0.33 1.00 1.00

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120

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.049 0.111 0.080 0.027 0.027

2 Candidato 2 0.016 0.037 0.062 0.019 0.027

3 Candidato 3 0.344 0.333 0.560 0.681 0.568

4 Candidato 4 0.246 0.259 0.112 0.136 0.189

5 Candidato 5 0.344 0.259 0.187 0.136 0.189

Ponderações

Vetor

Candidato 1 6%

Candidato 2 3%

Candidato 3 50%

Candidato 4 19%

Candidato 5 22%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,350 => IC = (5,350 –5)/4 = 9%

3) EXPERIÊNCIA NA REGIÃO

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 7.00 5.00 5.00 7.00

2 Candidato 2 0.14 1.00 0.33 0.20 1.00

3 Candidato 3 0.20 3.00 1.00 3.00 3.00

4 Candidato 4 0.20 5.00 0.33 1.00 3.00

5 Candidato 5 0.14 1.00 0.33 0.33 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.593 0.412 0.714 0.524 0.467

2 Candidato 2 0.085 0.059 0.048 0.021 0.067

3 Candidato 3 0.119 0.176 0.143 0.315 0.200

4 Candidato 4 0.119 0.294 0.048 0.105 0.200

5 Candidato 5 0.085 0.059 0.048 0.035 0.067

Ponderações

Vetor

Candidato 1 54%

Candidato 2 6%

Candidato 3 19%

Candidato 4 15%

Candidato 5 6%

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121

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,375 => IC = (5,375–5)/4 = 9%

4) ESTABILIDADE FINANCEIRA

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 1.00 0.20 0.33 0.33

2 Candidato 2 1.00 1.00 0.20 0.33 0.33

3 Candidato 3 5.00 5.00 1.00 3.00 3.00

4 Candidato 4 3.00 3.00 0.33 1.00 1.00

5 Candidato 5 3.00 3.00 0.33 1.00 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.077 0.077 0.097 0.059 0.059

2 Candidato 2 0.077 0.077 0.097 0.059 0.059

3 Candidato 3 0.385 0.385 0.484 0.529 0.529

4 Candidato 4 0.231 0.231 0.161 0.176 0.176

5 Candidato 5 0.231 0.231 0.161 0.176 0.176

Ponderações

Vetor

Candidato 1 7%

Candidato 2 7%

Candidato 3 46%

Candidato 4 20%

Candidato 5 20%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,056 => IC = (5,056–5)/4 = 1%

5) PROGRAMA DE TREINAMENTOS

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 5.00 1.00 1.00 1.00

2 Candidato 2 0.20 1.00 0.20 0.20 0.20

3 Candidato 3 1.00 5.00 1.00 1.00 1.00

4 Candidato 4 1.00 5.00 1.00 1.00 1.00

5 Candidato 5 1.00 5.00 1.00 1.00 1.00

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122

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.238 0.238 0.238 0.238 0.238

2 Candidato 2 0.048 0.048 0.048 0.048 0.048

3 Candidato 3 0.238 0.238 0.238 0.238 0.238

4 Candidato 4 0.238 0.238 0.238 0.238 0.238

5 Candidato 5 0.238 0.238 0.238 0.238 0.238

Ponderações

Vetor

Candidato 1 24%

Candidato 2 5%

Candidato 3 24%

Candidato 4 24%

Candidato 5 24%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,000 => IC = (5,000–5)/4 = 0%

6) FACILIDADE DE ACESSO A PROFISSIONAIS URUGUAIOS

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 5.00 3.00 0.33 5.00

2 Candidato 2 0.20 1.00 0.33 0.14 1.00

3 Candidato 3 0.33 3.00 1.00 0.20 5.00

4 Candidato 4 3.00 7.00 5.00 1.00 7.00

5 Candidato 5 0.20 1.00 0.20 0.14 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.211 0.294 0.315 0.183 0.263

2 Candidato 2 0.042 0.059 0.035 0.079 0.053

3 Candidato 3 0.070 0.176 0.105 0.110 0.263

4 Candidato 4 0.634 0.412 0.524 0.550 0.368

5 Candidato 5 0.042 0.059 0.021 0.079 0.053

Ponderações

Vetor

Candidato 1 25%

Candidato 2 5%

Candidato 3 14%

Candidato 4 50%

Candidato 5 5%

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123

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,232 => IC = (5,232–5)/4 = 6%

7) ACESSO A EQUIPE INTERNACIONAL ESPECIALIZADA

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 5.00 0.33 0.33 0.33

2 Candidato 2 0.20 1.00 0.20 0.14 0.20

3 Candidato 3 3.00 5.00 1.00 1.00 3.00

4 Candidato 4 3.00 7.00 1.00 1.00 3.00

5 Candidato 5 3.00 5.00 0.33 0.33 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.098 0.217 0.116 0.119 0.044

2 Candidato 2 0.020 0.043 0.070 0.051 0.027

3 Candidato 3 0.294 0.217 0.349 0.356 0.398

4 Candidato 4 0.294 0.304 0.349 0.356 0.398

5 Candidato 5 0.294 0.217 0.116 0.119 0.133

Ponderações

Vetor

Candidato 1 12%

Candidato 2 4%

Candidato 3 32%

Candidato 4 34%

Candidato 5 18%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,184 => IC = (5,184-5)/4 = 8%

8) FLEXIBILIDADE DA PROPOSTA

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 7.00 7.00 1.00 5.00

2 Candidato 2 0.14 1.00 1.00 0.14 0.33

3 Candidato 3 0.14 1.00 1.00 0.14 0.33

4 Candidato 4 1.00 7.00 7.00 1.00 5.00

5 Candidato 5 0.20 3.00 3.00 0.20 1.00

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124

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.402 0.368 0.368 0.402 0.429

2 Candidato 2 0.057 0.053 0.053 0.057 0.029

3 Candidato 3 0.057 0.053 0.053 0.057 0.029

4 Candidato 4 0.402 0.368 0.368 0.402 0.429

5 Candidato 5 0.080 0.158 0.158 0.080 0.086

Ponderações

Vetor

Candidato 1 39%

Candidato 2 5%

Candidato 3 5%

Candidato 4 39%

Candidato 5 11%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,096 => IC = (5,096 -5)/4 = 2%

9) ALINHAMENTO DE VALORES

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 3.00 3.00 1.00 3.00

2 Candidato 2 0.33 1.00 1.00 0.33 0.33

3 Candidato 3 0.33 1.00 1.00 0.20 1.00

4 Candidato 4 1.00 3.00 5.00 1.00 3.00

5 Candidato 5 0.33 3.00 1.00 0.33 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.333 0.273 0.273 0.349 0.360

2 Candidato 2 0.111 0.091 0.091 0.116 0.040

3 Candidato 3 0.111 0.091 0.091 0.070 0.120

4 Candidato 4 0.333 0.273 0.455 0.349 0.360

5 Candidato 5 0.111 0.273 0.091 0.116 0.120

Ponderações

Vetor

Candidato 1 32%

Candidato 2 9%

Candidato 3 10%

Candidato 4 35%

Candidato 5 14%

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125

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,184 => IC = (5,184 -5)/4 = 5%

10) POLÍTICAS DE GESTÃO DE RISCOS

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 5.00 3.00 1.00 1.00

2 Candidato 2 0.20 1.00 0.33 0.20 0.20

3 Candidato 3 0.33 3.00 1.00 0.33 0.33

4 Candidato 4 1.00 5.00 3.00 1.00 1.00

5 Candidato 5 1.00 5.00 3.00 1.00 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.283 0.263 0.290 0.283 0.283

2 Candidato 2 0.057 0.053 0.032 0.057 0.057

3 Candidato 3 0.094 0.158 0.097 0.094 0.094

4 Candidato 4 0.283 0.263 0.290 0.283 0.283

5 Candidato 5 0.283 0.263 0.290 0.283 0.283

Ponderações

Vetor

Candidato 1 28%

Candidato 2 5%

Candidato 3 11%

Candidato 4 28%

Candidato 5 28%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,042 => IC = (5,042 -5)/4 = 1%

11) HISTÓRICO DE ACIDENTES

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 7.00 3.00 1.00 3.00

2 Candidato 2 0.14 1.00 0.33 0.20 0.33

3 Candidato 3 0.33 3.00 1.00 0.33 1.00

4 Candidato 4 1.00 5.00 3.00 1.00 3.00

5 Candidato 5 0.33 3.00 1.00 0.33 1.00

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126

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.356 0.368 0.360 0.349 0.360

2 Candidato 2 0.051 0.053 0.040 0.070 0.040

3 Candidato 3 0.119 0.158 0.120 0.116 0.120

4 Candidato 4 0.356 0.263 0.360 0.349 0.360

5 Candidato 5 0.119 0.158 0.120 0.116 0.120

Ponderações

Vetor

Candidato 1 36%

Candidato 2 5%

Candidato 3 13%

Candidato 4 34%

Candidato 5 13%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,038 => IC = (5,038 -5)/4 = 1%

12) RELACIONAMENTO COM A COMUNIDADE

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 1.00 3.00 1.00 3.00

2 Candidato 2 1.00 1.00 3.00 1.00 3.00

3 Candidato 3 0.33 0.33 1.00 0.33 1.00

4 Candidato 4 1.00 1.00 3.00 1.00 3.00

5 Candidato 5 0.33 0.33 1.00 0.33 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.273 0.273 0.273 0.273 0.273

2 Candidato 2 0.273 0.273 0.273 0.273 0.273

3 Candidato 3 0.091 0.091 0.091 0.091 0.091

4 Candidato 4 0.273 0.273 0.273 0.273 0.273

5 Candidato 5 0.091 0.091 0.091 0.091 0.091

Ponderações

Vetor

Candidato 1 27%

Candidato 2 27%

Candidato 3 9%

Candidato 4 27%

Candidato 5 9%

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127

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,000 => IC = (5,000 -5)/4 = 0%

13) EXPERIÊNCIAS ANTERIORES EM TRANSFERÊNCIA DE KNOW-HOW

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 0.33 3.00 0.14 0.33

2 Candidato 2 3.00 1.00 5.00 0.33 1.00

3 Candidato 3 0.33 0.20 1.00 0.14 0.20

4 Candidato 4 7.00 3.00 7.00 1.00 5.00

5 Candidato 5 3.00 1.00 5.00 0.20 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.070 0.060 0.143 0.079 0.044

2 Candidato 2 0.209 0.181 0.238 0.183 0.133

3 Candidato 3 0.023 0.036 0.048 0.079 0.027

4 Candidato 4 0.488 0.542 0.333 0.550 0.664

5 Candidato 5 0.209 0.181 0.238 0.110 0.133

Ponderações

Vetor

Candidato 1 8%

Candidato 2 19%

Candidato 3 4%

Candidato 4 52%

Candidato 5 17%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,209 => IC = (5,209 -5)/4 = 5%

14) VONTADE E DISPOSIÇÃO EM TRANSFERIR CONHECIMENTO

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 5.00 3.00 1.00 3.00

2 Candidato 2 0.20 1.00 0.33 0.20 0.33

3 Candidato 3 0.33 3.00 1.00 0.20 1.00

4 Candidato 4 1.00 5.00 5.00 1.00 5.00

5 Candidato 5 0.33 3.00 1.00 0.20 1.00

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128

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.349 0.294 0.290 0.385 0.290

2 Candidato 2 0.070 0.059 0.032 0.077 0.032

3 Candidato 3 0.116 0.176 0.097 0.077 0.097

4 Candidato 4 0.349 0.294 0.484 0.385 0.484

5 Candidato 5 0.116 0.176 0.097 0.077 0.097

Ponderações

Vetor

Candidato 1 32%

Candidato 2 5%

Candidato 3 11%

Candidato 4 40%

Candidato 5 11%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,149 => IC = (5,149 -5)/4 = 4%

15) COMPLEXIDADE DA SOLUÇÃO TÉCNICA

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 0.20 0.20 3.00 3.00

2 Candidato 2 5.00 1.00 3.00 5.00 5.00

3 Candidato 3 5.00 0.33 1.00 5.00 5.00

4 Candidato 4 0.33 0.20 0.20 1.00 1.00

5 Candidato 5 0.33 0.20 0.20 1.00 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.086 0.103 0.043 0.200 0.200

2 Candidato 2 0.429 0.517 0.652 0.333 0.333

3 Candidato 3 0.429 0.172 0.217 0.333 0.333

4 Candidato 4 0.029 0.103 0.043 0.067 0.067

5 Candidato 5 0.029 0.103 0.043 0.067 0.067

Ponderações

Vetor

Candidato 1 13%

Candidato 2 45%

Candidato 3 30%

Candidato 4 6%

Candidato 5 6%

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129

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,356 => IC = (5,356 -5)/4 = 9%

16) CAPACIDADE MÁXIMA DO SISTEMA

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 7.00 7.00 0.33 5.00

2 Candidato 2 0.14 1.00 1.00 0.11 0.33

3 Candidato 3 0.14 1.00 1.00 0.11 0.33

4 Candidato 4 3.00 9.00 9.00 1.00 7.00

5 Candidato 5 0.20 3.00 3.00 0.14 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.223 0.333 0.333 0.196 0.366

2 Candidato 2 0.032 0.048 0.048 0.065 0.024

3 Candidato 3 0.032 0.048 0.048 0.065 0.024

4 Candidato 4 0.669 0.429 0.429 0.589 0.512

5 Candidato 5 0.045 0.143 0.143 0.084 0.073

Ponderações

Vetor

Candidato 1 29%

Candidato 2 4%

Candidato 3 4%

Candidato 4 53%

Candidato 5 10%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,191 => IC = (5,191 -5)/4 = 5%

17) CONFIABILIDADE DO EQUIPAMENTO

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 0.20 0.20 0.33 0.20

2 Candidato 2 5.00 1.00 1.00 3.00 1.00

3 Candidato 3 5.00 1.00 1.00 3.00 1.00

4 Candidato 4 3.00 0.33 0.33 1.00 0.33

5 Candidato 5 5.00 1.00 1.00 3.00 1.00

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130

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.053 0.057 0.057 0.032 0.057

2 Candidato 2 0.263 0.283 0.283 0.290 0.283

3 Candidato 3 0.263 0.283 0.283 0.290 0.283

4 Candidato 4 0.158 0.094 0.094 0.097 0.094

5 Candidato 5 0.263 0.283 0.283 0.290 0.283

Ponderações

Vetor

Candidato 1 5%

Candidato 2 28%

Candidato 3 28%

Candidato 4 11%

Candidato 5 28%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,042 => IC = (5,042 -5)/4 = 1%

18) COMPLEXIDADE DA SOLUÇÃO TÉCNICA

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 0.20 0.20 3.00 3.00

2 Candidato 2 5.00 1.00 3.00 5.00 5.00

3 Candidato 3 5.00 0.33 1.00 5.00 5.00

4 Candidato 4 0.33 0.20 0.20 1.00 1.00

5 Candidato 5 0.33 0.20 0.20 1.00 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.086 0.103 0.043 0.200 0.200

2 Candidato 2 0.429 0.517 0.652 0.333 0.333

3 Candidato 3 0.429 0.172 0.217 0.333 0.333

4 Candidato 4 0.029 0.103 0.043 0.067 0.067

5 Candidato 5 0.029 0.103 0.043 0.067 0.067

Ponderações

Vetor

Candidato 1 13%

Candidato 2 45%

Candidato 3 30%

Candidato 4 6%

Candidato 5 6%

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131

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,356 => IC = (5,356 -5)/4 = 9%

19) PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 5.00 1.00 7.00 5.00

2 Candidato 2 0.20 1.00 0.17 3.00 0.33

3 Candidato 3 1.00 6.00 1.00 7.00 4.00

4 Candidato 4 0.14 0.33 0.14 1.00 0.20

5 Candidato 5 0.20 3.00 0.25 5.00 1.00

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.393 0.326 0.391 0.304 0.475

2 Candidato 2 0.079 0.065 0.065 0.130 0.032

3 Candidato 3 0.393 0.391 0.391 0.304 0.380

4 Candidato 4 0.056 0.022 0.056 0.043 0.019

5 Candidato 5 0.079 0.196 0.098 0.217 0.095

Ponderações

Vetor

Candidato 1 38%

Candidato 2 7%

Candidato 3 37%

Candidato 4 4%

Candidato 5 14%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,266 => IC = (5,266 -5)/4 = 7%

20) CUSTOS

MCP

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 1.00 7.00 5.00 3.00 4.00

2 Candidato 2 0.14 1.00 0.33 0.17 0.20

3 Candidato 3 0.20 3.00 1.00 0.20 0.25

4 Candidato 4 0.33 6.00 5.00 1.00 3.00

5 Candidato 5 0.25 5.00 4.00 0.33 1.00

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132

MCP normalizada

1 2 3 4 5

1 Candidato 1 0.519 0.318 0.326 0.638 0.473

2 Candidato 2 0.074 0.045 0.022 0.035 0.024

3 Candidato 3 0.104 0.136 0.065 0.043 0.030

4 Candidato 4 0.173 0.273 0.326 0.213 0.355

5 Candidato 5 0.130 0.227 0.261 0.071 0.118

Ponderações

Vetor

Candidato 1 46%

Candidato 2 4%

Candidato 3 8%

Candidato 4 27%

Candidato 5 16%

Índice de Consistência (IC)

λmax = 5,379 => IC = (5,379 -5)/4 = 9%