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Domingo l4 dc Junho de 1862.c

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Publica-se nos dias Io e 16 de cada mez na typographia de NicolaoLobo Vianna e"filhos, Rua da Ajuda n°. 79..

Preço da assignatura; 6$0í)0 por' anno, ou, 3&009 por semestre,pagos adiantados.-

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A COMP.LNHIA DE ENFERMEIROS.-. <L 't§0%::\

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A companhia de enfermeiros do corp3 de saude do exercito foi...pa das bellas instituições, que, para o regimen sanitário da for-

ca armaria, creou o regulamento que baixou com o decreto n. 1900à de 7 de Março de 1857. Ella devera ter sido coetanea desse re-

gimen ; não o foi infelizmente. Parabéns, portanto, ao nobre mi-nistro que concebeu a idéa de tal instituição, e mandou realisal-a.

Antesj4e 1832 os hospitaes geraes eram servidos por.enfer-l méiros paisanos, Estivemos, como praça de pret, doente nesses

v bospitaes, em Pernambuco, e no Rio de Janeiro, e fomos teste-^munha oculaive ao mesmo tempo victima, do modo porqi^erlm

r*;i|^ soldados por esses mercenários, arrebanhadosparada cabeceira do leito daquelles miseráveis pelo engodo do pe-

| queiío salário, das boas rações diárias, e dos pingos de cera.^'J:J""/- -:E^" ÍSSâ' transTormàram-sp os hospitaes geraes em Tegimen-taes. Nesses hospitaes o .soldado tinha segura garantia de bomtratamento. Os seus médicos eram todos militares; o vigilantesuperior de seu tratamento era militar —o seu commandante—;os fiscaes, os administradores desse tratamento eram militares

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180 INDICADOR MILITAR.

sabido. O certo é que d'ahi resultou um mistiforio de hospitaes,cuja administração, cuja fiscalisação, devera ter sido, para osadministradores e:fiscaes, uma charada de difficilima decifração.D'ahi resultou que os pobres soldados continuassem a ser trata-dos, pelo menos no hospital da corte, por médicos civis estipen-diados, mas com graduações militares, para salvar apparencias;e por enfermeiros paisanos engajados du permier abora pelas ruasda cidade. O que a esse respeito havia pelas províncias, em ge~ral, era um continuo afrontar á miséria do pobre soldado!! Eesse estado de cousas durou por mais de doze annos!! E durantemais de doze annos, na corte especialmente, os enfermeiros dopobre soldado foram mercenários engajados a bordo dos naviosde colonos ilheos, ou ilbéos já desembarcados nas nossas praias;masinhabeis até para administrarem a clássica carroça d'agoa;ou vagabundos, de que regorgila esta cidade, e que,po"r desfasüo,queriam prestar-se ao serviço de enfermeiro.

E esse estado de cousas durou por mais de doze annos IE durante mais de doze annos foram os nossos pobres soldados,

na phrase.de um poeta Pernambucano nosso camarada (1),Por-brutoscomo brutos'maltratados.Em 1886 o poder legislativo autorisou ao governo para reformar

o corpo de saúde do exercito, e os hospitaes militares. Estavaentão com a pasta dos negócios da guerra o Exm. Sr. GeneralMarquez de Caxias.

Dando-se por essa oceasião a vaga de cirurgião mór do exerci-to, foi por S. Ex. provido nesse importante cargo o illustradolente dè clinicada faculdade de medicina do Rio de Janeiro, onosso insigne Operador o Sr. conselheiro Di*. Manoel FelicianoPèrtirà de Carvalho.

O Sr. conselheiro Dr, Manoel Feliciano já havia servido algunsannos ho exercito como cirurgião ajudante; é na,qualidade dechefe, da repartirão militar de saude do corporações da província dò Rio Grinp do Sul, fez parte da guerraçoújra a, revolta da: ò1% provincial ^ ' ^

Dp accordo com o novo cirungião mór d»; exercito, organlsouS. Ex,, o Sr. ministro da guerra o regulamento de reforma docorpo de saude, e dos hospitaes militares, que foi approvado pelodecreto que já citámos, Esse regulamento instituio a companhiade enfermeiros.

S? %* o Sr. ministro nomeou- logo para comanaudar a dita

(i) O Tenente José Rodrigues Pimenlel e.MaiaK

ay

INDICADOR MILITAR. 481

companhia o Sr. Tenente cirurgião mór reformado do exercitoLeonrado Antônio Pinheiro. ., .

A escolha de S. Ex. não foi infeliz. O Sr. cirurgião mór Pinhei-ro conhece as pequenas minúcias da disciplina regimental, pro-que sempre servio, desde cirurgião ajudante, com praça cm corposarregimentados; e não só nos hospitaes regimentaes desses corpos,em eslado de paz; mas ainda nos provisórios fixos, e ambulamtes,em estado de guerra, no Rio Grande do Sul, em Minas Geraes eem S. Paulo; e, ainda depois de reformado, servio como coadju-vanle, durante muito tempo, no hospital geral da guarnição dacorte. Este concurso de circumstaucias depõe a favor do acer oda nomeação do Sr. Pinheiro para o commando da companhia de

• . . .

reformados*Dous mezes depois de promulgada a reforma do corpo de sau-

de, resignou o poder o ministério de que fazia parte o Sr» gene-ral marquez de Caxias. Esta emergência politica nao deu tempoa S. Ex. para elevar até a realidade todos as ideas contidas noregulamento de reforma que promulgou. Da companhia de enter-meiros apenas foi nomeado o commandante.

Depois disso, apezar dós bons desejos, e dos instantes eslorçosdo digno Sr. conselheiro chefe do corpo de saude, e da activa eincansável coadjuvacâo do Sr. ciruagião mór Pinheiro, nomeadocommandante d3 companhia de enfermeiros, a realisaçao destacompanhia não poude transpor os óbices que de ordinário encon-tram entre nós as novidades, por mais reconhecidamente úteisque seiam.

O art. ÍQh do regulamento de 7 de Março determina que as

praças da companhia de enfermeiros sejam escolhidas entre as doscorpos do exercito que souberem ler è escrever, e tiverem intelli-

gemia e aptidão parao serviço a que são destinadas. O primeiroobstáculo que se antepoz á realisação da companhia foi o deslal-que do exercito: entretanto a força total da companhia importa-va em menos da centésima parte de força existente então nasfileiras do exercito. Dò ventre desse obstáculo surgio a ordem

para se engajarem paisanos afim de assentarem praça na compa-nhia dá enfermeiros. .

G|Sr» conselheiro cirurgião mór do exercito, em virtude detal ordem, multiplicou por muito tempo, em todas as gazetas dia-rias da corte, o seu convite pára o engajamento, porem mlructi-feramente. , .

Quanto a nós; semelhante systema eqüivalia á continuação do an-tigo. Quem concorria ao engajamento ? Os mesmos valdevinos, osmesmos^ malandrins de outr?orá; pòrqúé viam nesse engajamentoum pallâdiõ contra os guei-apèm dos pedestres de policia.

¦182 INDICADOR MILITAR.

Pensacs que exageramos ? Pois sabei quc alé foi engajado paracnlermciro (indubitavelmente por que o Sr. conselheiro cirurgiãomordo exercito o não conhecia) um ex-cadete, que foi expulsoelo exercito por seu péssimo procedimento, o qual, manifestandologo suas habilidades no hospital, foi transferido para a fileira deum dos corpos do exercito do sul.Engajar enfermeiros para o exercito!! Pois ha necessidadenisso ? Nao. E demais um enfermeiro não se engaja como so en-

gaja um ilhéo para conduzir uma carroça d'agoa, ou um opera-no para trabalhar no calçamento das 'ruas,

no canal do man-gue da Cidade Nova.

üm enfermeiro é um sacerdote da caridade: confiar o desem-penho de sua árdua e melindrosa tarefa nos hospitaes ao primeiroganha-pao quo se apresenta, é profanar a sublime religião da me-dicina nesses hospitaes, nessas dolorosas estacadas onde a vidae a morte se encontram em luta perenne. 'O previdente rugulamento do corpo de saúde especificou bemas qualidades que devem concorrer na pessoa d'um enfermeiro •

e no vocábulo aptidão implicitamente comprehendeu os bons cos-lumes a humanidade, a caridade, a paciência, a resignação, acordialidade, e todos os outros predicados, humanamente exigi-veis de um irmão para outro no leito de dôr, e na ante-salla daeternidade. O governo prévio cora razão que facilmente encontra-na entes taes,procuran_o-os entre os irmãosd'armas do enfermoe seus sócios nos trabalhos, nos perigos, nas privações, e na mi-seria ; e por isso muito especialmente determinou "que

os enfer-metros fossem escolhidos entre as praças do exercito. Para queentão tocar rebate de engajamento, a que só podem compare-eer homens do refugo da população, freguezes dos public-houses,Dam tantos dos cortiços, e freqüentadores dos escondrijos da ócio-sidade, da preguiça, e da depravação ?Se os soldados conlassem com seus camaradas escolhidos á ca-beceira de seu leito nos hospitaes,na qualidade de enfermeiros

p certo nao procederiam como grande numero delles actualtnen-te procede, declarando-se doentes, e apresentando-se afundeserem recolhidos ao hospital, só depois de supplantados pela dor •

so depois que a potência do espirito não pôde vencer a resisíen-cia da matéria. *O corpo de saúde do exercito está na actualidàde composto deum pessoal instruído, e zeloso pelo bom estado sanitário do exer-cito: o que lhe falta agora é o seu complemento indispensável—uma boa cooperação de enfermeiros.—

; De que serve escolherem-se para o serviço dos hospitaes osururgioes militares mais proficientes, se as prescripeões de seu§

¦;

. -

INDICADOR MILITAR. 183

saber, so os preceitos de seu zelo e dedicação teem de ir baterde encontro ás cabeças asphaltadas de homens que poderão sermuita cousa na limpa plana social cm que foram pescados; masque nunca serão enfermeiros ?

O illustre ministro instituidor da companhia de enfermeiros,logo que pela 2a vez entrou para o ministério da guerra,tratou de providenciar para que fosse uma realidade a suabella instituição ; e effectivamente determinou que dos corposda Corte se tirassem praças para a companhia de enfermeiros.

A execução dessa ordem, porém, tinha de tropeçar em prejui-zos inveterados, prejuízos que, no caso em questão, nâo podemdeixar de ser altamente reprovados.

Entretanto essa ordem foi cumprida: eactualmente nâo ha maisno hospital da Corte nenhum ganha-pao arvorado em enfermeiro.

Mas os soldados que foram mandados para a companhia deenfermeiros correspondem todos ás vistas benéficas do governo, epreenchem as condições do art. 164 do regulamento ? Infelizmentenão.

Alguns teem provado mal no desempenho da tarefa de cnfer-meiros; outros não teem as habilitações do regulamento ; e poucosvão desempenhando com algum aproveitamento seus devores.

Provém isso de que a escolha uão foi feita como devera ser.O mister de enfermeiro é um mister que exige muita dedicação

c plena voluntariedade. Parece-nos que na escolha não se atlendeua estas circumstancias.

Os nossos dignos camaradas os Srs. chefes de corpos, porzelo da disciplina, da ordem, eda reputação desses corpos,difficilmente se desfazem das praças morigeradas, intelligentes,e caprichosas. Tolerem elles porém que lhes digamos que quandoaquelle louvável zelo actúa por occasiào de tratar-se da escolhade praças para enfermeiros, converte-se em culpa de lesa-huma-nidade; porque os enfermeiros são destinados nos hospitaes atratarem de seus ofíiciaes, e soldados, que sâo seus camaradas,seus amigos, seus filhos, para cujo bom tratamento devem con-correr com zelo, e vigilância ; e nesse tratamentos falta de bonsenfermeiros neutralisa, e ás vezes nullifica a acção dos preceitossalutares do medico assistente. Por estas razões os Srs. chefes decorpos devem ser os mais interessados em facilitar a escolha,entre as praças de seu commando, das que devem ser destinadas,e quizerem dedicar-se! voluntariamente ao oneroso e carilativomister de enfermeiro de seus camaradas.

Com quanto nos pareça que meltemos a fouce em seara alheia,todavia o interesse de ver em acção eíTectiva uma instituição quetão bellos resultados deve produzir, nos leva a aventurar alguns

1841 INDICADOR MILITAR.

apontamentos, cuja execução concorrerá de certo modo para com-pletar a companhia de enfermeiros, e para habililal-a a prestaros úteis serviços que sua instituição deu direito a esperar.

A primeira necessidade dos hospitaes, em relação aquellacompanhia, é o ser ella levada ao seu estado completo. Para issoentendemos qne fora conveniente recommendar-se em ordem doDia aos Srs. commandanles de corpos arregimentados que esco-lham em cada um quatro soldados, pouco mais ou menos, dosque quizerem mui voluntariamente entrar para a companhia doenfermeiros ; e que elles commandantes, com a mão na conscien-cia, e a vista na caridade, julgarem com todos os quesitos doregulamento para aquelle fim. Esta providencia completará acompanhia, a qual ficará bem barata para os Srs. commandantesdos corpos arregimentados.

Escolhidas as praças que tiverem de servir na companhia deenfermeiros, serão para essa companhia transferidas, e remettidaspara a corte, afim de aqui adquirirem a instrucção pratica quedevem ter.

A companhia de enfermeiros deve ser aquartelada próxima dohospital militar da guarnição, onde será empregada por turmas,e por prasos convenientes, para aprender praticamente seusdeveres junto ao leito dos enfermos. A instrucção deve-lhesser dada pelo immediato do commandante da companhia, sob ainspecçâo deste commandante.

Logo que estiverem bem instruídas no respectivo serviço pra-ças em numero sufficiente? serão destacadas para as Provincias,conforme as necessidades dos respectivos hospitaes.

Assim, julgamos que em menos de um anno a companhia deenfermeiros estará completa, eprômpta para o respectivo serviço;e os Hospitaes servidos por bons enfermeiros militares.

O que porém muito convém da parte do Sr. conselheiro cirur-gião mor do exercito, é toda a vigilância e fiscatisação, para quea promoção dos enfermeiros-ajudantes a enfermeiros, e destes aenfermeiros-móres, seja feita como determina o art. 167 do regu-lamento: da falta de execução deste artigo provirá necessária-mente dispendio illegal da fasenda republica.

Estamos bem certos que o Sr. conselheiro cirurgião-môr doexercito não terá deixado de velar sobre que os enfermeiros sejamsomente enfermeiros, e não serventes de botica, e de rouparia, eempregados em outros misteres alheios ao mister de enfermeiros:para esses outros misteres devem haver os necessários servente**como determina o art. 20á do regulamento.

Respeitosamente pedimos desculpa ao Sr. conselheiro Dr.Mauoel Feliciano pela ousadia que tomamos de invocar sua solli-

INDICADOR MILITAR. 185

Mm mm m essas pequenas particularidades. |J«S.ÍKderacão, e esttmavel amizade oom qoe •

fr. «i«ltoro indimda-

mente nos Honra, desejamos corresponder (ja que do outro modonão podemos fazel-o) zelando sua reputação adm mstrativa, osubido conceito que mereceu do nobre minis ro

^J^ ooofiou

n hnnrn«í. eiran uue exerce. O jl ustrado Sr. consemeiro, no"o

SLTdeTeros. de «ae o sobreearref m o,se»afanosos encargos sociaes, terá sem duvida sempremmfo tovontade mas muitas vezes faltar-lhe-ha o tempo para attenderl&tZJEáSSmi especialmente aquelles «"MV^Eg*das minudencias. Portanto esperamos que f^m^S.partindo de amigo qualquer indicação Tela Uva.1pequenas part^cularídades militares mm^m^i^^S^^gazeta apparecer, especialmente a que partir de nossa acanhadaÍn

AlK^rà finaüsar, duas palavras sobre a companhia do¦"SSSSSa

eonvenienle qne.a illqstrada J!«#|*|da corte organise com ü^enciawstrujoe|f^nj^os enfermeiros no serviço das enfermarias, e uoto ao leiloadosdoentes, mim^mmfmm^^j!^^meiro fará o que se lhe . mandar -.fl«or.;

^«^Í^^Síi^ímandarem. Pois é para evitar isso mesmo ggggrias as jnstrucções. Os enfermeiros devem sempre terror munosabido udo quanto lhes cumpre fazer, quando, ejom|^jejrprecisi^b mais insignificante serviço dosm^m&^LW^^muniformemente por todos, e ei* todos os hospitaes, e para issosão indispensáveis regras fixas, o invariáveis. flnnrovado

Temos presente o-Manual do enfermeiro gfeg|l|^pelo ministro da cortada frança, ^}£2Sserviço dos enfermeiros nos hospitaes militares. Essas ms^parecera á primeira vista de uma minueiosidade^mortifica^ masSSples reflexão convence que, em ^Ç*0^™,^|3J nao ultrapassam as raias da necessidade e da con-

AiSada janela «atilar desande tem <^«*"*£v£em outras melhores i dé que deve; m^mS^^^Bipara a orMuisacão das quéconvcm mmm ^Slgg&áem ultimo caso pôdeíázet-as traduzir, adaptando-as a especiali-dade de nosso regimen hospitalario. |

¦-, . . rflaula-A companhia do enfermeiros tíecessitajtamtefe^m

mento pai» sua administração, instrucção, disciplma^wv^o,mm Hdspitaesi isl companhia è um corpo |M|mas

. i' .¦ ¦ - , ', -.¦¦¦.¦¦' ¦

I

IS-3 INDICADOR MILITAR.corpo muito especial. Sua administração, instrucção, disciplina,e sorviço do quartel, lem muilos pontos de contado com os dosoutros corpos, mas em outros muitos lem notáveis differencas.Iara determinar os pontos communs, e ..evidenciar sobre osciiílerentes, é que um regulamento faz-se indispensável.

Aquellas instrucções, o este regulamento, serão os dous carrispor sobre os quaos rodará desassombrada e correntemente a com-panhia de enfermeiros na estrada de seus deveres especiaes.Suo estes os apontamentos do que julgamos mais essencial.Concluiremos indicando duas medidas que também nos parecemmerecedoras de attencão.E.

• a primeira, a suspensão do engajamento de paizanos paraassentarem praça na companhia de enfermeiros.E' a segunda o aquarlelarem-se já as praças daquella compa-nina, que estiverem disponíveis, na casa que servia de laborato-no pyroteclmico no morro do Caslello, ponto muilo perlo doHospital, poslo esteja a dita casa destinada para enfermaria deconvalescentes, apesar de que nunca para lá foi, e é provávelque nunca vá, praça nenhuma convalescer; ou então no pequenoquartel da Praça d' Acclamacão, sendo convenientemente prepa-rado para tal fim. Mi, fica longe do Hospital, é verdade \ massob as ímmediatas vistas do Sr. conselheiro cirurgião-mór doexercito, que ja lá tem a secretaria do corpo de saúde, e váriosutensílios que „do arsenal de guerra se tem recebido para acompanhia. ¦

O conselheiro V. F. da C. Piragibe.Coronel do estado maior de Ia classe.

..

ALGUMAS LINHAS SOBRE O MONTE-PIO MILITAR.Ninguém ha que desconheça a conveniência da instituiçãode um monte-pio militar no exercito que acoberte da mizeria*aslamilias que sobreviverem aos membros dessa classe de prestimo-sos servidores do Estado, beneficio que de longo tempo gozam asde seus nobres camaradas da marinha de guerra — Tal instituiçãoofferece cinco vantagens reaes, e palpáveis até aos de menos apura-cio tacto: . ,a A que levo dita a respeito dos futuros recursos dessesiamilias.--_.a O alivio do peço que actua sobre os cofres públicospela suppressao dos meios soldos despendidos com as viuvas e fi-lh,mdosque_finaram no praso marcado na lei para as reformas,---á t-eneralisar-se esse recurso, que era limitado a circumstan-cias de tempo de serviço, deixando assim abandonado grande

INDICADOR MIL1SAR. 187

numero de viuvas, o orphãos.— 4a Converter em propriedade daclasse uma graça do governo, que poderia suspenc er quando lheaprouvesse, ou a julgasse impraticável por deficiência dos cofrespúblicos.—5a Finalmente, desvanecer a menor sombra de rivali-dade, ou ciúme que possa dar-se por esta preferencia de favorconcedida ao exercito sobre a armada, tão digna da consideraçãodo governo por seus relevantes serviços.

Pouco se poderá melhorar esta instituição á vista do que a res-peito se acha estabelecido na mesma armada, que por isso pôdeservir de base, com pequenas modificações, e addilamenlos, dan-do-se mais alguma laclidão ás suecessões, mas sempre nos círculosdas famílias, e nos mais próximos parentescos. Eis a ordem queem tal suecessão julgo razoável: viuvas; filhas solteiras, e filhosmenores incapacitados de grangearem a subsistência por impedi-mentos physicos, ou moraes: filhas viuvas em necessidade; mais,e avós; irmãas solteiras; devendo as mais. e filhas naturaes, dehonesta condueta, serem consideradas legitimas, e quando hajamais de um herdeiro cm idênticas circumstancias, e gráo de pa-rentesco, dividir-se por todos igualmente.

O meio mais suave de obter-se o fundo desla bella instituiçãoé o desconto moderado das jóias, com que devem concorrer* oscontribuintes, em relação ás'palenles, feito em prasos razoáveis eque os não prive de oceorrerem ás outras necessárias e obrigativastespezas. O governo, por sua parte, poderá facilital-o por con-cessões de loterias, e outros meios a seu alcance ; vigorando comtudo as leis em vigor a respeito, até que esse fundo possa comsegurança fazer face a todas as despezas do estabelecimento. Sendoesse fundo propriedade militar; as pensões que delle emanaremde seus herdeiros, e devendo respeitar-se direitos adquiridos, éde incontestável equidade que aquelles que já fruirem, ou no fu-turo hajam de*fruir quaesquer estípendios dos cofres públicos porserviços feitos, ou herdados,deverão accumuíar ambos os venci-mentos; em primeiro lugar pôr terem distineta origem; em se-gundo, porque tendo-os gOsádo quando a despeza do meio soldopesava sobre esses cofres, seria clamorosa injustiça se as privas-sem de tal regalia depois delles aliviados. Deve igualmente per-mittir-se aquelles quo, tendo pertencido á armada, ali fizeramraonte-pio, o realisem, querendo-o, também no exercito, vislo co-mo.por essa medida, a nação de modo algum se prejudica.Em umpaiz cavalheiroso, como o nosso, a moralidade é a base da civili-sação, o o governo deve envidar os maiores esforços para que semantenham Mesas, sendo o principal prevenir por leis sábias, eadequadas que o pão não falte ás famílias dos servidores do Es-

188 INDICADOR MILITAR.

tado, obrigando-as» por necessidade, a lançarem-se na senda doopprobrio e da ignomínia.

Confeccionando este resumido artigo só tivemos em vista fazerreviver uma idéa sublime, geralmente esposada, e que, a nossoveré de grande conveniência ao exercito, e governo; a estealiviando-ü da despeza que ora pesa sobre seus cofres, aquelle ga-rantindo os futuros recursos de subsistência as suas famílias. Te-mos certeza que esse governo escutará nossas vozes; que ellasechoarão no seio da representação nacional, e que estas toscas, emal alinhavadas phrazes serão attendidas *, e, ao depol-as no sup-pedaneo do solio augusto, invocamos as mais illustradas pennasdos nossos camaradas a d*rem-lhe o preciso desenvolvimento, aque, máo grado nosso se Mo prestam nossas forças; não por nós,que nada valemos, mas pela honra, e amor de suas famílias.

P. A. de Sepülveda Everard.Brigadeiro graduado d'engenheiros.

ANTIGÜIDADE MILITAR PROVENIENTE DE TEMPO DEESTUDOS.

Ao lermos no Indicador Militar n. 9 a resposla ás observaçõesque havíamos feito no n. 5 ao artigo publicado no n. 3, sôb aepigraphe—antigüidade militar proveniente de tempo de estudos—ficámos maravilhados nos assaltaram as seguintes considerações

Será possivel que a Ia commissão de promoções, composta*closExms. Srs. Generaes Barão de Cacapava, Francisco de PaulaVasconcèllos, e João Paulo dos Santos Barreto, não desse o ver-dadeiro sentido ao art 6o do regulamento expedido para execu-ção da lei de promoções, logo no seu Io Almanak. como diz onosso distineto camarada e amigo, autor do artigo supracitado ?

Será possível que, resultando de tal interpretação grave preiui-zo a direitos adquiridos de antigüidade, o próprio Exm. Sr. mi-nistro da guerra, que confeccionou o regulamento, achando-seainda no ministério quando se publicou o dito Almanak, deixasseque as escalas de promoções e o Almanak militar se fizessemsegundo essa interpretação errônea?

Será possivel que todos os Exms. Srs. generaes que depois fi-zeram parte da referida commissão, e os que teem oecupadoocai^go de ajudante General, em cuja repartição são feitos, desde oanno de 1857 os Almanaks, tenham errado, entendendo mal o art.6° do regulamento de 31 de Marco de 1851 ?

r*

INDICADOR MILITAR. 189

Será possivel que, resultando dessa má interpretação gravoprejuizo de antigüidades, no decurso de onze annos, só appareces-se uma reclamação em 1855?

Será possivel que a mesma commissão de promoções, a que foisubmetlida essa reclamação, depois de ter estudado a matéria,fundamentasse seu parecer, interpretando ainda mal o dito art. 6o ?

Será possivel que o Exm. Sr ministro da guerra, ern objectode tanta ponderação, qual o sagrado direito de antigüidade, resol-vesso contra sua consciência, para, pelo seu reconhecido juizoprudencial, etc, como diz o nosso distineto camarada e amigo,sustentar o parecer errôneo da commissão de promoções ?

Será possivel que todos os Exms. Srs. ministros da guerra, des-de 1851, tenham consentido que se façam as escalas de promoçõese os Almanaks militares de conformidade com a má interpretaçãodo art. 6"?

Tudo isso será possivel, mas não provável: estudemos poisainda a opinião do nosso dislineto camarada e amigo, e, antes desermos julgado, seja-nos permittido que, firmado no trivial axio-ma de hermenêutica jurídica.—Ubi lex non distinguit, nec inter-)res distinguere poíest,—e mais nos seguintes: incivile est, nisi;ota lege perspecta, una aliqua partícula ejus proposita, judicare,vel respondere— Oplima est legum inüerpr6s consuetudo.— Nonest novum, ut priores leges ad posteriores trabantur, façamos ai-gumas reflexões tendentes a sustentar a interpretação dada portantos e tão sábios generaes, sendo esse o motivo único que pelaIa vez nos obriga a afastar da opinião, que muito respeitamos, donosso distineto camarada e amigo.

Quando em 24 de Abril de 1844 baixou a provisão, mandandoque as praças do exercito juntassem áo tempo de serviço aquelleque, como paisanos, tivessem estudado com aproveitamento na es-chola militar, ainda estava em vigor o decreto de 4 de Dezembrode 1822, que regulava as promoções no exercito. Segundo asdisposições desse decreto, as promoções eram feitas: no corpo deengenheiros, unicamente por merecimento scienlifico e perfeitodesempenho de commissões; na arma de artilharia, por opposiçãoaté o posto de major inclusive, e dahi em diante por antigüidade ;e nas armas de infanteria e cavallaria, por boas informações dosrespetivos chefes, tendo em attenção o direito de antigüidade.

A antigüidade no exercito se regulava então pelo alvará de48 de Fevereiro de 1805, que no § 2o assim se exprime,

Que todos aquellesquepor qualquer dos referidos modos, forem,ou tiverem sido elevados a iguaespostos nas mesmas promoções, ouno mesmo dia, fiquem entre si conservando as mesmas antigüidadesrespectivas, que antecedentemente devessem tery regiilando-se pe-

190 INDICADOR MILITAR.

Ias dalas dos decrctos,ou resoluções dos seus mais próximos prece-dentes despachos, que não forem no mesmo dia, e pelas suas primei-ras praças; no caso de haverem sempre sido despachados pordiplomas da mesma dala.Jà vê, pois, o nosso dislineto camarada e amigo que a legislaçãosó considerava o tempo ou antigüidade de praça para a compu-tação das antigüidades relativas dos officiaes do exercito.Ora, não estabelecendo o alvará de 18 de Fevereiro 1805, odecreto do Ide Dezembro do 1822, leis que eslavam em vigor

quando baixou a provisão de 24 de Abril de 1844, que o tempode serviço fosse ponto de recurso para resolver-se questões deantigüidade, e determinando unicamente essa provisão que sejunte ao tempo de serviço o de estudos com aproveitamento, comoo nosso dislineto camarada e amigo, baseando-se no axioma dehermenêutica juridica-übi lex elc.,pretende que o tempo de serviçoanterior á praça seja considerado na computação das antigüidadesrelativas dos officiaes ? O nosso distineto camarada e amigo eslána realidade convencido que o tribunal do conselho supremo mili-tar quando, sciente da legislação então em vigor, mandou juntar otempo de estudos com aproveitamento antes da praça, quiz queesse tempo entrasse na computação, de antigüidades relativas ?Então para que esse tribunal não usou da phrase—antigüidade depraça-, ou não so exprimio por alguma outra fôrma, como, porexemplo, nessa mesma provisão acerca dos alferes alumnos,mandando-lhes contar antigüidade do posto de alferes da datade suas nomeações de alferes alumno ?

_Parece-nos, portanto, que, em face da legislação então em vigor,o tribunal do conselho supremo militar, mandando juntar ao tem-pode serviço o de estudos com aproveitamento antes da praçaapenas quiz conceder essa graça para a condecoração de Avlz,vantagens de reforma, e outras em relação só ao agraciado, oque ja não nos parece pequeno favor, e não para que individuõsque se achavam nesta corte estudando na eschola militar comopaisanos, e portanto gosando de toda liberdade, se collocassema direita daquellas praças do exercito que eslavam privadas deesludar, por so acharem, não em simples serviço militar de paci-nca guarnição, como, talvez por equivoco, nos disse o nossodistineto camarada e; amigo, porém sim no pesadíssimo e arris-cado serviço de campanha, sustentando a integridade do impériona província do Rio Grande do Sul: as quaes. por não terem podidopor aquelle motivo, habilitarem-se com o curso de suas respetivasarmas, acham-se tão atrazadas na carreira militar!

As outras duas columnas, a que o nosso distineto camarada eamigo diz que se encosta, são .a provisão de 18 de Agosto de

INDICADOR MILITAR. f91

18&J> fazendo estensivas as mesmas dlsposiçõos da provisão de24 de Abril de 1844 aos offieiaes da armada, e a imperial reso-ção de 24 de Agosto de 1850, tambem fazendo extensivas asmesmas disposições aos que haviam estudado na eschola militarpor diversos extatutos.

Com o que dissemos acerca da provisão de 24 de Abril ficamrespondidos os argumentos: fundados na provisão de 18 deAgosto e imperial resolução de 24 do mesmo mez já citadas.A serie de pareceres do conselho supremo militar sobre omesmo objecto e no mesmo sentido, reduzidos a actos adminis-

tralivos, que fôrma a jurisprudência daquelle tribunal, étodabaseada na provisão de 24 de Abril de 1844, que não contém amenor condição extensiva no sentido de mandar Considerar olempo de estudos antes da praça como ponto de recurso; logoessa jurisprudência não estabelece que esso tempo entre comoelemento na computação de antigüidades relativas: isto e lógico.

Parece-nos ter provado que, antes da ultima lei de promoções,isto e, antes do decreto de 6 de Setembro de 1850, o tempo dèestudos antes da praça, mandado contar como de serviço militar,não podia entrar na computação de antigüidades relativas. Vamosagora estudar a lei e o regulamento de promoções, e examinar seda letra ou do espirito de seus artigos póde-seentender o contrario.

Permitta-nos o nosso distineto camarada e amigo, para livrar-mo-nos de estar com a legislação aberta, que transcrevamosaqui todos os artigos que por ventura tenhão a menor relaçãocom a questão, e pedimos que, se nos escapar algum, nos apontequal elle seja.

Da lei e regulamento ver-se-k que para computação deanti-guidades relativas só entra o tempo Ou antigüidade'de praça etempo de serviço prestado depois da praça, e não antes da praça,como opina o nosso distineto camarada e amigo.

^aM

VAMOS AWll \Art. 3e Nenhum »»7itúr poderá ser promovido ao posto dealferes, ou 2o tenente, sem fer completado 18 annos de idade, e

dous pelo menos de praça effectiva no exercito.Art. 4o Nenhum official poderá ser promovido até o posto de

capitão, inclusive, sem ter as habilitações marcadas nos regula-mentos do governo, e dous annos de serviço em cada posto1; nemterá accesso aos postos superiores, sem ter completado tres níquel-lêem que se achar.

Esses dous annos de serviço para os offieiaes subalternos a 3para os offieiaes superiores, serão antes da praça 2

Art. 5o O tempo de serviço marcado no artigo antecedente será

192 1NDICAL0R MILITAR.

reduzido á metade para os ofíiciaes que se acharem em operaçõesactivas de guerra.

Esse tempo de serviço será o que se estuda como paisano nasescholas?

Art. 7o § Io Por serviços relevantes; e acções de bramrayeintelligencia devidamente justificadas e publicadas em ordem dodia do eommandante em chefe das forças em operações.

Art.8o A antigüidade para os accessos será contada da data dodecreto que conferir o posto: em igualdade destas, da dos postosanteriores; e quando ainda sejam iguaes da do assentamento depraça. A maior idade, e por fim a sorte, determinará a prioridadequando iodas as circunstancias forem idênticas.

Estas disposições estão em harmonia com as do alvará já cita-do de 18 Fevereiro de 4805, que fazia parte da legislação antiga.

Art. 9o Nâo será contado para a antigüidade militar o tempopassado em serviço estranho á repartição da guerra. Exceptua-sedesta disposição o tempo de serviço na guarda nacional, noscorpos polieiaes, na marinha, missões diplomáticas, presidênciasde províncias, ministérios, corpo legislativo, e o que dentro oufora do império fôr empregado em estudos militares, ou industriaescom permissão do ministério da guerra.

Referirnse-ha por ventura esse artigo ao tempo de serviço ante-rior á praça ? Referir-se-ha a tempo de estudos anterior á praça,mandado contar como do serviço militar ?

Art. 14° O governo é autorisado a expedir os regulamentosnecessários para execução da presente lei, ficando porém depen-dente da approvação do poder legislativo.

Art. 15° Ficam revogadas as disposições em contrario.São estes os artigos da lei de promoções que teem relação com

a nossa questão, e algum delles manda considerar para cousaalguma o tempo de estudos anterior i praça, que é contado comode serviço militar?

Como pois o nosso distineto camarada e amigo, esquecendo-sedo axioma-ZJ/u lex etc, quer que entre nessa computação o tempoanterior á praça, isto é, aquelle que a lei não considera ?

Vamos agora ao regulamento de 31 de Março do 1851, que estáem perfeita harmonia com as disposições da lei respectiva, sem oque não preencheria as condiçõesde'regulamento.

O art. 3° é o mesmo que o art, 3o da lei, e por isso não o re-produzimos.

Art. 4.°0 menor tempo para qualquer alferes, ou 2° tenente,ser promovido a tenente, ou Io tenente, é dous annos: o mesmose observará a respeito dos tenentes ou 18S tenentes, para serempromovidos ao posto de capitão.

INDICADOR MILITAR. -193

Do posto de capitão em diante o menor intervallo de tempo éde 3 annos.

Art. 5.° O tempo de serviço marcado no artigo antecedente,será reduzido á metade para os ofliciaes,que se acharem emprega'-das em operações aclivas de guerra*

Será tempo anterior a praça?Art. 6.° Os postos de alteres, ou T* tenentes, serão preenchi-

dos pelos alferes alumnos, na conformidade do art. 15 do decreton. 40A de Io de Março de 1845, pelos cadetes que tiverem servidode inferiores por tempo de 6 mezes ao menos,e pelos sargentos, ten-do todos elles 18 annos completos de idade, conveniente robustez,boa condueta civil, e militar, e além disso, tres annos pelo menosde praça effecliva. Entender-se-hapor praça effectiva, para o fimde ser promovido, o tempo que realmente decorrer do assentamentode praça em diante* enâo o que em virtude de quaesquer dispo-sições se mandar contar aos alumnos, que tiverem estudado nasescholas militares do exercito e da armada, ou em quaesquer ou-trás, na qualidade de paisanos. Não será igualmente contadocomo tempo de praça aos voluntários, o decorrido antes da idadede là annos, nem o de licença registrada, e o de cumprimento desentença condemnatoria.

Considera por ventura esse artigo o tempo de serviço anteriorá praça ?

Art. 7.° Serão promovidos ao posto de tenente, ou V tenente,havendo vagas, os alferes ou 2°' tenentes mais antigos, que tive-rem concluído o curso de seu respectivo corpo ou arma, e quealém disso, contarem, pelo menos; dous annos de serviço nesteposto.

Será tempo de serviço anterior á praça ?Art. 8.° Serão promovidos ao poslo de capitão, havendo vagas,

os tenentes, ou los tenentes mais antigos, que além de terem ocurso completo, de estudos do seu respectivo corpo, ou arma, econtarem dous annos de serviço effeciivo neste posto, tiverem asseguintes habilitações: etc, etc, etc.

Será tempo de serviço anterior a praça AArt. 9.° Os postos de major serão preenchidos pelos capitães,

que ao curso completo de estudos, de seu respectivo corpo, ou ar-ma, e tres annos de serviço eSectUo neste posto, reunirem as ha-bilitações seguintes: etc, etc.

Art. 10.° O preenchimento das vagas dos postos de tenentecoronel.ou coronel será feito por modo análogo ao que fica estabe-lecido no artigo antecedente, para o posto de major, etc.

Ate aqui considera o regulamento por alguma fôrma o tempo

194 INDICADOR MILITAR.

de estudos anterior á praça, mandado contar como lempo de ser-viço militar ?

Considera qualquer tempo de serviço anterior á praça ?Art. Í8.° A antigüidade para o accesso, deverá ser contada do

decrelo, que conferir o posto. Em igualda Je de datas preferirá ados postos anteriores; se estes forem iguaes, recorror-so-ha aotempo de serviço, ao assentamento de praça, a maior idade ; e fi-nalmenle á sorte, quando todas as outras circumstancias foremiguaes.

Ora, não tratando o regulamento de outro tempo de serviço senão o prestado depois do assentamento de praça, como poderemosentender que o lempo de serviço, mencionado* no artigo antece-dente, é o de estudos anterior á praça, mandado contar como doserviço, sem peccarmos contra o axioma — ubi lex, ele, ele—

E para provar ainda com mais clareza que o tempo, ou antigui-dade de serviço.deque falia o artigo antecedente,é somente aquelleprestado depois da praça, deduzindo-se delle o lempo de licençasregistradas, sentenças condemnalorias, e serviço estranho árepar-tiçãoda guerra, etc, etc, vamos ler o art. 19o*.

Art. 19.° Nao será contado para antigüidade do serviço militar:Io o tempo passado om serviço estranho árepalição da guerra ; 2°o de licença registrada; 3° o de cumprimento de sentença condem-natoria.

Refere-se por ventura esse artigo a tempo de serviço anterior ápraça? Não está em perfeita harmonia com o que* dissemos arespeito do tempo de serviço de que trata o artigo 48° ?

Art, 20." São exceptuados, e eomo taes contarão como tempode serviço, os officiaes empregados na guarda nacional, corpos po-liciaes, na marinha de guerra, em missões diplomáticas, em presi-dencias de provincias,em ministerios,no corpo legislativo, e os quepor nomeação, ou permissão do ministério da guerra, forem em-pregados dentro, ou fora do império em escholas militares, ou In-dustriaes e trabalhos de qualquer dos ramos de engenharia.

Esse tempo que a lei não quer que/ os oííiciaes percam paraa sua promoção, e por isso não manda deduzir de sua antigüidadede serviço militar de que trata o artigo antecedente (19o), será poracaso tempo anterior á praça T

Temos transcripto todos os artigos da lei e do regulamento quetem relação com a matéria e em nenhum vemos considerado otempo de estudos anterior á praça, e por tanto não o podemosconsiderar como ura dos pontos de recurso para a computação dasantiguidaáes relativas, de que trata o referido art. 18*.

Com a transerifcão apenas da legislação relativa á nossa quês-tão, parece-nos que ficou refutada a argumentação do nosso dis-

INDICADOR MILITAR. 195

tincto camarada o amigo. Não obstante, julgamos do nosso deverresponder aos principaes pontos delia, deixando com pesar osoutros, para não abuzarmos de mais da benevola paciência dosnossos camaradas.

Io PONTO.Que na lechnologia jurídica militar ha phrases que comprehen-

dem uma idéa complexa, e assim quando dizemos—tempo de ser-viço militar— esse tempo garante baixa do serviço no íim de de-terminado praso, reforma cora taes e taes vantagens elc.,ect.,etc.

RESPOSTA.Sim, senhor; porém o tempo de serviço que garante todos esses

direitos é aquelle de que trata a lei e o regulamento de promoções,islo é, o prestado depois do assentamento de praça.A lei e o regulamento não ampliando os effeitos da provisão do24 de Abril de 1844 segundo a qual se conta o tempo de estudosanterior á praça, nem faltando nesse tempo, nâo pôde ser ellecomputado em questões de antigüidades relativas, porque antesda lei também nâo o podia ser como já demonstrámos.

Depois dessa lei e regulamento sempre que o legislador mandaconlar algum tempo anterior á praça, explica para que fim. E'assim que o tempo de serviço prestado nas províncias de MattoGrosso e Amazonas éra contado aos ofliciaes somente para reformae para o accesso na fôrma do art. 4o da lei n. 585 de 6 de Se-tembro de i850 (art. 8o da lei n. 6.8 de 18 de Agosto de 1852).E' assim que o tempo de serviço nos corpos policiaes, mandadocontar aos ofliciaes como de serviço militar, só serve para as van-tagens de reforma e do habito de Âviz (art. Io do decreto n. 1021de 6 de Julho de 1859).

2.° PONTO.Que os veneraveis anciões, membros do conselho supremo

militar, se não conhecessem que o tempo de estudos também écheio de trabalhos, de vigílias e muitas vezes de privações e maisoneroso do que o simples serviço militar de pacifica guarniçào ; etivessem sido de opinião que não se computasse esse tempo nasantigüidades relativas, te -o-hiam manifestado nos judiciosos pa-receres, sobre que se fundaram as provisões e imperial resoluçãocitadas. • ^

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Esses veneraveis anciões, quando der?m os pareceres sobre osquaes se fundaram as ditas provisões e resolução, sabiam e aindasabem que o tempo de serviço anterior á praça não entra na com- 'putação de antigüidades relaiivas,e por tanto, se quizessem issodispor, declarariam nessa provisão, l^lilIlÉí

Sabiam também, quando baixou a provisão de 24 de Abril de

a96 INDICADOR MILITAR.

18AA, na qual se fundamentam todas as outras, que a maior partedas praças do exercito se achava em serviço de campanha noRio Grande do Sul, e não em serviço de pacifica guarnição; o quoeram as outras as que estavam na pacifica guarnição desla corte,estudando o curso de suas respectivas armas, pelo que tanto setem adiantado em sua carreira!

3° ponto.Que o actual Exm. Sr. ministro da guerra, por um acto do seu

reconhecido juizo prudência!, e por presciencia das complicaçõesinexlrincaveis que se seguiriam naquella oceasião, (1855 quandoresolveu a questão de antigüidades entre os Srs. majores Abreue Castro Vianna), foi que sustentou o parecer da commissão dopromoções; e que esta seguio nesse parecer os arestos da 1" com-missão de promoções, que sem precedência de acto nenhum ex-plicativo da administração geral, e dando um sentido genérico a2a parte do art. 6o do regulamento de 1851, que só o tem res-trictivo como complementar dal- parte.excluio o tempo de estudosanterior á praça, contado como de serviço, da computação doantigüidades relativas. :

Parece-nos que é o que diz o nosso distinetò amigo e eamaraaa.fiESPOSTA.

O art. 6o se compõe de duas partes: na 1", marcando os que-sitos para o posto de alferes ou 2o tenente, estabelece comovo,delles dous annos de praçaeffectivme na 2":explicao que se deveentender por praça effectiw para o fira de ser promovido, e entãodiz: entender-se-ha por praça effèctiva para o fim de ser promovi-do o tempo que realmentesdeeorrer do assentamento de:praça;emdiante, e não o que om virtude de quaésquer disposições se; man-dar contar aos alumnos que tiverem estudado nas escholas miu-tares do exercito o armada, ou em quaisquer outras, na qualida-de de paisanos. ,. ....

O nosso disíinclo camarada o amigo, no seu 1° artigo^distin-guio tempo ou antigüidade de praça, e tempo ou an^uidade^ôserviço; como quer agora para-interpretação do art. 6° contunoiresses*dous teppos ? Não vê que oart; 6a âó' trata de mtpgmmeéepwaenãadetempodeurviço? .

È' por isso qúe sustentamos, que commissão de promçoes em1855 bem interpretou o art, 6« quando disse: que o Sr. majorAbreu estava muito bem eollocado* no Aimanak, acima do »r.major Castro Vianna, porque se o ultimo feha mais tempo de^er-Yioovcontando-se^lhe o da eschola militar, o Sr. major Abreu lianapriaça effecliva mais remota, «esía s^ttnítoa %*«te?«o è\%W8er~ve para a promoção. .

Suponhamos por um momento qué o i tempo de praça ae qw

INDICADOR MILITAR. 197

trata o art. 6" é tempo de serviço, e também que a segunda partedo artigo, é restrictivo e complementar da l» parte.

A conseqüência é que o tempo de serviço em cada artigo do re-gulamento tem uma significação. Que o legislador sempre que fal-lasse em tempo de serviço devia explicar-se para poder ser enten-dido; o que não acontece nem se pôde admittir*

O nosso distincto amigo e camarada sabe, que, quando o legis-lador explica em um regulamento ou lei, uma palavra ou phrase,é da bôa hermenêutica que se entenda sempre pelo mesmo modo.

h.° PONTO.

Que os arestos da commissão de promoções vão de encontro aoprincipio do nosso direito privado militar, estabelecido pelo art.18s do regulamento de SI de Março de 1851, porque este na or-dem dos pontos de recurso colloca em 1° lugar o tempo de serviçoe depois de assentamento de praça.

RESPOSTA.Por que esse artigo collocá o tempo de serviço em 1*lugare

depois o assentamento de praça, e porque o regulamento não tra-ta de tempo de serviço anterior a praça, é que nós pensamoscomo a commissão de promoções, que o tempo de serviço, de queabi se falia, é o de serviço effectivo durante o assentamento depraça, e depois de se ter dedusído o de licenças [registradas, sen-tencas cóndèmnátoriãs etc.

Portanto é á opinião do nosso distincto camarada e amigo, enao os arestos da commissão de promoções, que vae de encontroao nosso direito privado militar, estabelecido não só por esse arti-gO, como por todos ós outros tanto desse regulamento cômodalei, querendo considerar nesse tempo de serviço o anterior a pra-ça de que o regulamento não trata.

5;° PONTO.O nosso distincto camarada e amigo, incluindo no tempo de

serviço, de que trata o citado art. Í8° do regulamento, o tempo deestiídos anterior á praça, muito embora o regulamento o não con-sídere, vè-se muito embaraçado para combinar esse artigo com oart. 8° da lei, que não reconhece antes da praça serviço algumcomo ponto de recurso; e então diz que nós sabemos bem que alei antorisou o governo pára expedir o respetivo regulamento;que os regulamentos são actòs do poder éxeculivo,cujas disposiçõessão mandadas executar por decreto imperial; que quando o poderlegislativo impõe áo governo a expedição de um regulamento^ edepois effectivamente o approva, como aconteceu com o dé 31 deMarco de 1851, o regulamento reveste-se do caracter de lei doeslado, e effectivamente o é.

198 INDICADOR MILITAR.. .. :- .

RESPOSTA.Se o regulamento e a lei podem-se considerar como dous circu-

los concentricos, sendo o regulamento a circumferencia exterior,como diz o nosso amigo, não sei para que o argumento acima.

Não julgamos necessário provar que o regulamento de 31 deMarço faça parte da nossa legislação, porque ha muito que comotal o respeitamos e defendemos.

Segundo o nosso pensar o regulamento de 31 de Março cxpri-me tanto o pensamento da lei, que o consideramos a própria lei,permitta-nos a figura, vista atravez de uma lente.

No regulamento só estão bem desenvolvidas todas as disposi-cões da lei.«

E' assftn que, marcando a lei os dous limites para a computaçãode antigüidades—data da patente do uliimo posto, e assentamên-to de praça—o regulamento marca também os mesmos limites.Se incluirmos no tempo de serviço, de que trata o art 18° do re-gulamento, o de estudos anterior a praça, conforme quer o nossodistineto camarada, além de ficar esse ponto de recurso fora doslimites marcados pela leie regulamento, nas duas circumferenciasdos círculos concentricos, os pontos desses dous limites não secorresponderiam, como deveriam.

6.° ponto.Que nós havíamos dito que já mais se poderia entender o tem-

po de serviço de que trata o art. 18a do regulamento aquelle pro-veniénte de estudos.

RESPOSTA.O nosso distineto camarada e amigo sabe perfeitamente quenós nos referimos ao tempo /ie estudos anterior á praça, que é o

de que se tratava, e não o que se estuda depois da praça, o qualbem sabemos só se perde quando não aproveitado.

Para que confundir o que está claro ?7.° PONTO.

Onde está a interpretação dada á doutrina do referido art. 18°para entender-se que o tempo de serviço de que alli se falia é oprestado depois da praça V

RESPOSTA.Nos arestos da commissao de promoções, no próprio regula-

mento e na lei que não considera em nenhum lugar tempo de ser-viço anterior á praça para computação de antigüidades relativas,na interpretação dada por todos os

"Srs. ministros desde 1851, e

finalmente na do actual Exm. Sr. ministro da guerra no seu avi-so de 6 de Agosto de 1855.

8.° PONTO. vQue havíamos dito que o pensamento do legislador em todos so

INDICADOR MILITAR. 199

artigos do regulamento tinha sido o de affastar da promoção osofficiaes que estudavam nas escholas superiores do exercito.*RESPOSTA.

Nós não dissemos nada que com isso se pareça. O que disse-mos foi, quo o pensamento do legislador linha sido o (e affastardas promoções os officiaes que estavam fora do serviço do exercito,isto é, os que se achavam cumprindo sentenças, com licenças re-gislradas, e em serviço estranho á repartição da guerra. Ó nossodistincto amigo, que quer restringir as disposições do art. 6o doregulamento somente a esse artigo, não sei como quiz combinar oque haviamos dito em dous paragraphos dislinctos para nos altri-buir uma proposição, que se tivéssemos avançado, provaríamosnada saber do regulamento.

Sabemos perfeitamente que o regulamento, assim como a lei,muito favorecem os officiaes com estudos, mas também sabemosque esse regulamento, feito no raeiado deste século, é tão justo,que não obstante essa protecção, no seu art. ,37o respeita os direi-tos de antigüidade adquiridos pçlos officiaes sem estudos.

Resumindo o que tomos dito, vê-se qiie pela provisão de 24 deAbril de 18M o tempo de serviço antes dá praça não entrava nacomputação de antigüidades relativas, e que pela lei e regula-mento de promoções também não pode entrar; e portanto estamosconvencido que os Almanaks militares publicados depois do regu-lamento de 31 de Março de 1851 teem sido confeccionados segun-doa doutrina desse regulamento; que a primeira commissão depromoções, composta de generaes tão illustrados, não interpreta-rão mal o art. 6o do regulamento de 31 de Março de 1851; e final-menle que os arestos da commissão de-promoções não vão de en-contro ao nosso direito privado militar estabelecido pela lei emvigor: e, por isso também appellamos para a esclarecida intelli-gencia do actual Exm. Sr. ministro da guerra perfeitamente beminformado pelos Exms. Srs. Francisco de Paula e Vasconsellos,João Paulo dos Santos Barreto e Francisco Xavier Calmou daSilva Cabral no parecer que deram em 1855.

Concluídas as nossas reflexões, dirigimo-nos ao nosso distinc-to camarada e amigo, afim de manifestar-lhe, que respeitamos de-mais a sisudeza do nosso distincto amigo para pensarmos quequizesse, lembranclo-so da jocosidade escholastica, desvirtuar umdos nossos argumentos attribuindo-o á jovialidacle de caracter, eafinal respondendo sob tal pretexto de forma a não satisfazel-o:esperamos que ora, tal vez melhor persuadido da razão que nosassiste, nos faça a justiça de crer que sabemos fallar serio, eguardar as conveniências de lugar e occasião.

Rio 23 de Maio de 1862. J. de S. da Fonceca. Costa.Tenente-coronel do corpo de estado maior de Ia classe.

200 indicador militar.o meio soldo, que a lei dá ás famílias dos offi-

ciaes do exercito fallecidos.

Dos serviços prestados â "sociedade é o das armas um dos maisimportantes, e, sem duvida, o mais oneroso.

Sociedade* poder, força, são idéas que se ligam essencialmente,e formam como que partes integrantes de um mesmo todo.

Coca) estas ou aquellas restricções, com estas ou aquellas formu-Ias, tem-se sempre considerado a formação da sociedade comoum facto necessário da vida humana, sem o qual seria impossívela acqnisiçâo das vantagens-, que fazem a opulencia da civiiisação.

Sendo,* porém', um dos fins da sociedade conciliar e harmoni*sar qs< direitos individuaes, evitar que a actividade de um se exer-ça em detrimento das: faculdades legitimas de outrem, é mistercoastitoil-a de modo a facilitar o preenchimento deste, edosoutrosfins,á que ella se destina.

E'q que; se tem procurado resolw por meio de instituições ede leis.

Se* porém, a despeito da melhor organisação, e de leis sábiase previdentes^ se podesse violar impunemente o principio da jus-liça, e; postergar os preceitos da razão, que impõem o respeito de-vído ao direito, é manifesto que a sociedade seria apenas um si-mídacrodè protecção^

U'aqm resulta que o principio; da autoridade procede como umaoottsequencia necessária da existência social, e éo poder, que,com o exercicio de suas attribuições, e sua superioridade mantémos elementos de unia associação poitica em suas espheras respec-tlvas* e; promove o andamento regular de seus interesses.

Sé: o hoimemv entretanto, obedecesse sempre ás vozes de suaconsciência, illustrada pela noção de dever, e dirigisse seus pas-sos pela sondado justo, estaria completa a sua vida social.

Rezado, poiéort, muitas) vezes ou pela ignorância* ou pelas ten-dencias desordenadas do coração^ elle falta aos seus deveres, eatteita contra os direitos! de seu semelhante*

Er necessário, pois* que baja um meio de compéllir aquelle,<p© assim proceder, a nao prose^uirem sua carreira de violência.

WâM a força, que preençbe esta tarefe ; é ella que, auxiliando aobservância das determinações do poder, legitimamente consti-luidoífaz com que se roalisê o principio de ordem, sem; o qual óimpossível a; existência regular de uma associação;' Giim dá forca, pois, ó garantir, defender o direito» e ampararo sanctuario das leis, fazendo com que suas determinações sejamrespeitadas» Tal éa tarefa da soldado. AM

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INDICADOR MILITAR. 201

Sendo ella tão importante, como acabamos do enunciar, éaomesmo tempo summamente trabalhosa.

O soldado é a personificação do sacrifício e da abnegação.Em quanto o geral dos homens procura melhorar a sua sorte,

e a sua posição, elle se conserva firme em seu posto ou contri-huindo para manutenção da ordem e da tranquillidade publica, ouofferecendo o seu peito ás bailas do inimigo para sustentar a dig-nidade, a soberania e os direitos de sua pátria. Para o soldadocessam as vozes do coração quando se trata do árduo desempenhodo seus deveres.

O esposo, o pai, o filho apartam-se, e muitas vezes para sempre;dos caros penhores de sua alma, afim de obedecerem ao toque,que os chama para o campo de batalha.

Seria iniqüidade esquecer serviços tão distinctos.Com effeito na legislação encontram-se differentes disposições,

cujo fim é recompensar os serviços militares; entre outras noia-soa carta de lei de 6 dè Novembro de 1827, a qual concede o bem-ficio do meio soldo ás viuvas, filhos e mães dos officiaes do exer*cito, veriíicando-se as condições especificadas na mesma lei.

O fim desta disposição não é outro senão resguardar de algumamaneira dós horrores da mizeria o futuro das famílias dos militares,e dar-lhes com essa garantia o estimulo indispensável para quepossam supportar o pezo e as contrariedades do serviço das armas.

E\ pois, uma disposição profundamente equilativa ehumanita-ria, e ao mesmo tempo de alcance para o desempenho dos grandesfins, á que se destina o exercito.

Mas para que essa disposição de ler se torne sempre effectíva,para que as pessoas, que teem direito ao meio soldo, gozem dessebeneficio, conforme a intenção dò legislador, ê mister que possamrecebeM directamente dos cofres públicos, qualquer que seja oestado das mesmas.

E' verdade que pelos principios de direito a mulher casada nãogoza de representação própria, e não exerce por si outros direitos,que não sejam* aquelíes^ que a lei tem expressamente designado.

h Se o marido, porém, como cabeça de casal é que tem a admi--nistração e posse dos bens do mesmo casal, não é menos certoque sahem desta regra os bens, cuja propriedade pertence exclu-sivamente á mulher, como.sejam v. g. os bensdotaes.

O dote tem por fim garantir a sorte e o futuro da pessoa, emfavor de quem é constiluido, e por este motivo adquire o caracterde exclusivismo, que lhe dá o direito, o qual o subtrahe ás leisda communhão. . .

A sua razão fundamental, pois, é o proveito de uma só pessoa,cuja sorte se pretendo amparar por este meio legitimo.

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O meio soldo, que a lei manda abonar ás famílias dos officiaesdo exercito fallecidos é destinado para amparal-as da indigencia,e por tanto o seu característico de exclusivo torna-se ainda maissaliente, por isso que entra na ordem de alimentos, os quaes fo-ram sempre considerados como privilegiados.

Assim os ordenados ou vencimentos pagos pelo thesouro pu-blico, respeitados sempre como taes, não podem ser penhorados,por isso que são destinados para mantença dos funecionarios, queos percebera, e no mesmo caso estão os soldos dos officiaes, porquanto o alvará de 21 de Outubro de 1763, no § 3% prohibe a pe-nhora nos referidos soldos,

Do que temos estabelecido concluímos que é conforme a prin-cipios de direito que as viuvas, filhas, ou mais dos officiaes doexercito fallecidos tenham a faculdade, qualquer que seja o seuestado, de perceber por si mesmas dos cofres públicos o meiosoldo, monle-pio ou pensão, que lhes competir, por isso que,sendo elles destinados para alimentos, acham-se revestidos do ca-racterdeexclusivismo, que distingue aquillo, que só pertence a umindivíduo.

Sendo casadas poderão taes pessoas autorisar seus maridos parapor ellas receberem o que lhes competir a semelhante respeito, ese, por alguma dessas fatalidades, que se dão no correr da vida,a filha do official fallecido encontrar naquelle, que escolhera paramarido, não o seu protector e o seu arrimo, mas sim o seu verdu-go, não se dará a triste contingência de gozar do frueto das fadigase dos sacrifícios do pobre militar o oppressor de sua filha, o queé repuguante ás leis da razão, da justiça, e da humanidade.

Terminamos, pois, suscitando a idéa de, por uma resolução dopoder competente, firmar-se o principio de que o monte pio,pensão ou meio soldo ás viuvas, mais ou filhas dos officiaes doexercito fallecidos, deverão ser pagos ás próprias pessoas, á quemcompelirem, conservando ellas esse direito ainda depois de ca-sadas,

Francisco Manoel das Chagas.Bacharel formado em direito pela faculdade de S. Paulo, chefe de secção da

Ia directoria geral da secrelaria d'estado dos negócios da guerra.

Os asenhores assignantes do Indicador Militar, que quizerem continuar asua assignatura para o segundo semestre do corrente anno, poderão desde jáprevenil-o na typographia dos Srs. N. L. yianna e filhos, afim de que náohaja interrupção na entrega da gazeta.

Da redacção.

YP. de N. L. VIANNA e FILHOS. Rua d'Ajuda n.*.79.