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iii ic Sabbado, 1 de Março de 1862. Anno 1. lulLl 1 AH «¦ ¦ ¦ ai m Publica-se'nos dias l°eJ6 de cada mez na typographia dc Nicolao Lobo Vianna e filhos, Rua da Ajuda n°. 79. Preço da assignatura; 6$ODO por anno, ou 3$000 por semestre, pagos adiantados. SYSTEMA MILITAR DO BRASIL. æ. í . . i (CONTINUAÇÃO DA PAGINA 45)' IV. Pio que se acha escripto deixámos entrever á importância das diversas fracções da força publica, e apontámos as bases consti- tucionaes da força militar permanente de mar e tcrra< Vamos agora tratar do exercito em particular. " ¦ Considerações geraes.—* ks guerras procedentes da revolução íranceza pondo em contado os exércitos dos diversos povos da Europa proporcionaram a cada um oceasião de apreciar o meca- nismo da organisação dos outros, e vêr o que se harmonisava com os usos e costumes da sua nação. Tambem a multiplicidade de communicações fáceis, rápidas e commodas, tornando de dia. para dia mais intimas as relações desses povos, favorecia cada vez mais a divulgação dos melhora- mentos que suecessivãmente introduziam nas respectivas institui- ções militares. Demais, a instrucçao theorica fortificada.durante a longa paz qüe se seguio á queda do gigante do século," diffundindo-se por todos os exércitos, concorreu para augmentar a analogia que se notava entre estes quahdo no tbrono fundado por Clovis de novo se assentou a dynastia dos Bourbons; Por ludo isto os exércitos europeus assemelham-se muito quanto á organisação elementar, activa, moral e intellectual, achando-se á frente de todos o que a França conserva, mesmo arruinando as suas finanças, porque presa sobre tudo a gloria militar, donde lira a sua preponderância na regulação dos negócios internacionaes. ¦*;;

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Sabbado, 1 de Março de 1862. Anno 1.

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ai m

Publica-se'nos dias l°eJ6 de cada mez na typographia dc NicolaoLobo Vianna e filhos, Rua da Ajuda n°. 79.

Preço da assignatura; 6$ODO por anno, ou 3$000 por semestre,pagos adiantados.

SYSTEMA MILITAR DO BRASIL.. í . .

i

(CONTINUAÇÃO DA PAGINA 45) '

IV.

Pio que se acha escripto deixámos entrever á importância dasdiversas fracções da força publica, e apontámos as bases consti-tucionaes da força militar permanente de mar e tcrra<

Vamos agora tratar do exercito em particular. " ¦

Considerações geraes.—* ks guerras procedentes da revoluçãoíranceza pondo em contado os exércitos dos diversos povos daEuropa proporcionaram a cada um oceasião de apreciar o meca-nismo da organisação dos outros, e vêr o que se harmonisava comos usos e costumes da sua nação.

Tambem a multiplicidade de communicações fáceis, rápidas ecommodas, tornando de dia. para dia mais intimas as relaçõesdesses povos, favorecia cada vez mais a divulgação dos melhora-mentos que suecessivãmente introduziam nas respectivas institui-ções militares.

Demais, a instrucçao theorica fortificada.durante a longa pazqüe se seguio á queda do gigante do século," diffundindo-se portodos os exércitos, concorreu para augmentar a analogia que já senotava entre estes quahdo no tbrono fundado por Clovis de novose assentou a dynastia dos Bourbons;

Por ludo isto os exércitos europeus assemelham-se muito quantoá organisação elementar, activa, moral e intellectual, achando-seá frente de todos o que a França conserva, mesmo arruinando assuas finanças, porque presa sobre tudo a gloria militar, donde liraa sua preponderância na regulação dos negócios internacionaes.

¦*;;

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68 INDICADOR MILITAR.

O vapor applicado á locomoção marilima, lançando por assimdizer a Europa na America, facilitou ao Brasil'a vantagem deobservar de perto o progresso dos estados do outro ladodo Atlan-tico. Imitando principalmente da Inglaterra, nação cmineíilemenleliberal, as praticas do systema político que felizmente adoplou, oda França, nação essencialmente militar, as instituições concer-nentes ao exercito, tem errado algumas vezes por não attenderbem á diffcrença das circumstanciâs, mas não tem parado nuncana estrada da civilisação: o seu progresso, se não marcha com adirecção e rapidez que se poderia desejai', todavia é seguro.

Examinando pois a organisação, armamento, equipamento,vestuário, instrucção, em summa, tudo o que diz respeito áformação do nosso exercito, ninguém estranhará se encontrarmuitos pontos de semelhança com a do da Franca, que todas asgrandes potências militares, mais ou menos, tambem imitam.

Estamos na verdade atrazados no que se refere ao systema mi-litar, mesmo em relação a alguns dos pequenos estados da Euro-pa; mas, quando se considera que durante o regimen colonial osmilitares brasileiros foram amesquinhados ao ponto de não pode-rem sequer aspirar a uma patente de official superior; quando seattende a que de um salto passámos do despotismo para o gozoda constituição mais liberal que jamais tenha regido os destinosde um povo; o que admira é que tenhamos progredido tanto.

A nova éra raiou no momento em que a corte portugueza veioasylar-seno Rio de Janeiro; e ao benemérito conde de Linharesdeve a classe militar relevantes serviços, especialmente quanto áparte instructiva.

Colloeado então sobre mais ampla estrada, o exercito brasileirofoi-se suecessivamente constituindo com elementos taes, que, naconjunetura a mais solemne da pátria, soube corresponder á con-fiança do povo, e obedecer ao impulso de uai principe magnânimo*que não hesitou empunhar a espada para conquistar as isenções devastos territórios. Correndo do Prata ao Amazonas, encheu-sede gloria nos campos de Pirájá ; tornou memorável o dia 2 deJulho de 1823, etn que denodadamente afastou para sempre doeólio da pátria a mão estranha que a suffocava.

Desde então nos dias do phrenesi das paixões políticas que des-graçadamente dividiram por tão longo tempo o paiz, ou quandochamado era face do estrangeiro para fazer respeitar os direitosda nação, tem sempre sustentado dignamente a divisa—abnegação,honra e valor.

« O exercito, disse Lamartine no parlamento francez, é hoje aultima razão da própria liberdade. File garante corajosamente a

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INDICADOR MILITAR. 69

ordem social, o lera ainda do pcrscvorar ncsla tarefa : é pois no-cessario forlifical-o. »Ora, a civilisação do século, fundada na scieneia, consiste em

desenvolver interesses oppostos á guerra; a sociedade moderna,ao contrario da antiga, repousa sobre o trabalho, sobre a industria,que, mormente a agricultura, de modo algum se concilia com aguerra.

Mas, em quanto as sciencias, por suas applicacões, assim comoja asseguram a promptidão das communicacões, a transmissãodo pensamento cora a rapidezda sensação, não estabelecem a com-pleta alliança da industria universal, não resolvem a contento detodos as questões sociaes que agitam o mundo; cumpre que asnaçaes fortifiquem os seus exércitos.

E o Brasil, que eslá cercado de republicas sempre dispostas amanifestar-lhe a antipalhia que lhe votam, desconhecendo a mag-nanimidade da sua política, os assignalados benefícios que lhes lemfeito, necessita, mais por este motivo do que por qualquer outracircumstancia, fortificar o seu exercito.A carta de lei do 1° de Dezembro de 18àl, que organisou o

quadro do exercito, augmentou o soldo dos officiaes, e estabeleceuum conselho de inquirição para conhecer daquelles que tenhammao comportamento habitual, e devam por isso ser reformadosmarca a época da regeneração do mesmo exercito.

Não obstante os esforços de quasi todos os ministros que teo ,>dirigido os negócios da guerra, depois da maioridade, ainda aclasse militar está longe de ter adquirido a importância a queattingio no primeiro periodo do Império, tão curto quanto glorioso.As causas que se oppõem á formação de um exercito que possuaas qualidades desejáveis, são deduas especeis: umas actuam espe-cialmente sobre os militares, outras sobre os jovens que, na es-colha de uma carreira, não seguem a das armas senão quandolhes e muito difficil, ou mesmo impossível alcançar outra das quemais directamente se relacionam cora a governação do estado.A mais efücaz de todas essas causas.que tornam pouco ambicionada a profissão das armas, é o desgosto que inspira aos nobrescaracteres a falta de consideração e estima para cornos individuosque a ella se dedicara, mesmo quando oecupam elevados postosAs insígnias e honras militares, as condecorações, tpom sidoprodigahsadas a individuos menos dignos, que assim ataviadoslazem recordar o seguinte dito de Juvenal: —His crucem scelerispretium tulit.

O decreto n. 2.75H de 7 de Dezembro ultimo estabelecendoregras para a concessão de condecorações das ordens honoríficasdo império; osdens.2,777 e 2,779 de 20 de Abril firmando o di-

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70 INDICADOR MILITAR.

leito dos officiaes superiores e generaes do exercito e da armada,que contarem certo tempo de serviço effeclivo, a commenda egrã-cruz da ordem de S. Bento de Aviz, e regulando o tratamentode que devam entre si usar os mesmos officiaes, parecem annun-ciar a remissão e talvez a aniquilação daquelle mal.

( Continua)Dr. J. C. de Carvalho. Major honorário de engenheiros.

COLÔNIAS MILITARES—ALDEAMENTO.

(Continuação da pagina 62.)

VIL

Vê-se pois que essa colônia militar de Gurupy foi creada paraevitar a reunião de escravos fugidos a algumas fazendas!! Pareceincrível, mas é uma verdade.

Onde está a grandeza e amplitude do pensamento do governo?Não será tempo de reconhecer-se que o paiz deve tudo esperardesses estabelecimentos que devem constituir um travamento inva-riavel entre as províncias, intimamente ligado aos aldeamentosdos quaes com acerto, verdade e religião da palavra e dos factosdevem resultar o augmento da população livre, boa e natural, e asegurança interna do Estado ?

Quando temos tantos dos nossos irmãos errantes e desconfiados(1) pelas atrocidades que teem soffrido, iremos pedir ao estrangei-ro os braços que carecemos ?

Em lide Junho de 1855 o capitão José Gomes de Almeida to-mando conta do commando da colônia militar de Pimenteiras co-mecou as obras do quartel e casa para officinas conseguindo nofimde 10 mezes a construcção de 9 casas de tijolo, cobertas detelha, envidraçadas e pintadas, que serviram desde logo de resi-dencia ao director e mais empregados,sendo duas dessas casas sof-frivelmente mobiliadas.

Construio-se outra com 95 palmos de comprimento para servirprovisoriamente de capella e teve desde logo os paramentos ne-cessarios ea imagem deN. S. da Conceição.

Nesse lugar ha tambem um cemitério.

(1) Quando escrevíamos este trecho já vinha em viagem a repre-sentação dos Índios da aldea da Escada, em Pernanbuco, na qual sepede providencias contra o modo anormal e arbitrário com que seprocede contra os índios. (Diário do Rio dc Janeiro, de 18 de Feve-reirq do anno corrente.) '

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INDICADOR MILITAR. 71

Existiam ahi em 1856 duas colônias dando trabalho a 3 colonose um forno onde se podiam cozer 16 a 17 milhares de tijolos !

De combinação com a provincia das Alagoas procedeu-se á de-marção de uma legoa quadrada do terreno.

No dia 5 de Abril de 1855 foi posta a primeira pedra para edi-ficação da capella em acto solemne.

Tudo islo posto, qual o pensamento dessa creação denominadacolônia militar de Pimenteiras ?

Essa mobília para os empregados ?Essa olaria em que trabalham 3 colonos ?Esse ponto ligado á provincia das Alagoas que importância tem

em relação á communhão nacional, e ás províncias que liga ?Houve ahi um decreto com data de 24 de Julho de 1845, pelo

qual se creou a directoria dos índios, e pois quaes teem sido osresultados provenientes dessa creação ?

Que estudo se tem feito a respeito ?Legislaremos sempre e sempre com vistas nas eircumstancias do

dia, do logar, e de um pensamento exclusivo, ou terá chegado otempo de resolver as grandes necessidades nacionaes em referenciaá nação e não aos escravos fugidos de alguns fazendeiros ?

Esses pontos militares e políticos, e, calculadamente dispostos,nüo são pontos de localidades, são pontos do Brasil !j

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Basta de decepções.Cumpre aproveitar as forças vivas do paiz.Cumpre trazer á civilisaçâo as hordas errantes, de cujos seios

se tem tirado os filhos para serem reduzidos á escravidão !Os bárbaros civilisados são dobradamente mais ferozes que os

bárbaros das selvas.A essas bandeiras devastadoras qne se tem desenrolado para

dar o signal da mortandade:A essas bandeiras que a religião condemna, que a politiea deve

fulminar, substituam-se as bandeiras da paz, aoram-se os braçosaos ignaros desvairados, que não sabem o que fazem.

Objecta-secomadifficuldade e mesmo impossibilidade de cha-mar ás condições sociaes esses homens de hábitos errantes !... Nãose quer aprender nos passados triumphos desses padreaindefesos efracos; pois bem, vamos servirmos das próprias palavras de umanotabilidade, que já foi governo.

Ouvi-a, ouvindo-nos:— Na provincia do Pará os únicos esforços, que vão dando re-

sul tado sao os dos negociantes de boa fé, que adiantando fazendas,instrumentos e viveres ás tribus, ou indivíduos, os animam á cala

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72 INDICADOR MILITAR.*

dc productos, quo elles recebem em paga destes gêneros adían-tados. Destas relações passam os índios a contratos de serviços,que de ordinário são exercidos em a navegação das canoas, queos índios remam e conduzem com muita vontade o aílinco. Muitosdestes vão ficando no serviço, e nas povoações, e a sociedade rc-cru Ia nelles numero que não é sem importância annualmente.—-

Foram os Tamoyos que melhor serviram aos interesses de W~legaignon, e porque ?

Leia-se a carta de Mem de Sá á regência de Portugal na mino-) idade de el-rei D. Sebastião (1);

Mem de Sá sabia apreciar as difficuldades que tinha a vencerpara expellir Villegaignon e por isso chegando ao Rio de Janeiroem 21 de Fevereiro de 1560 procurou estudar a situação.

Villegaignon tinha partido para França em busca de meios desubtrahir o Brasil á coroa Portugueza.

O ataque foi dado aos francezes, defenderam-se com bravurainaudita, e os seus alliados os Tamoyos bateram-se como leões.

A Mem de Sá foi necessário um indígena— Martim Affonso,para levar de vencida o soberbo inimigo.

E estes Índios não prestam ? E não são elles dedicados ? E nãodeixam matas por aquelles, em quem confiam ?.....

O que elles precisam é ter fé E, se nós não temos, comoqueremos que elles a tenham ?

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* .

E essas margens do Tocantins e Araguaya ?.....Houve tempo em que estiveram abandonados os presídios mili-

tares nas margens do Tocantins e Araguaya, por não se acharemao alcance de soccorros promptos da acção governativa das pro-vincias do Pará e Goyaz!..

De sorte que, uma das grandes razões por que esses presídios de-veriam ser multiplicados e conservados, era a que servia para o seuabandono!

Teve lugar a nova linha de limites estabelecida pela lei n.° 776de 23 de Agosto de 1854. Por aviso da repartição do Império de19 de Dezembro do mesmo anno, se ordenou o presidio militarabaixo da cachoeira de Santo Antônio do rio Tocantins, para servir

¦'•

(1) Elle ( Villegaignon ) leva muito dífíerenle ordem com ogentio,do que hos levamos: é liberal em extremo e faz-lhe justiça: enforcaos irancezes por culpas e sem processo: com isto é muito respeitadodos seus e amado do gentio: manda-o ensinar a todo gênero dé offi-gíos e cie armas, ajuda-o nas suas guerras.

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INDICADOR MILITAR. 7'i

de ponto de escalla ás embarcações que navegassem da Carolinapara os presídios do rio Araguaya.

Eis ahi o restabelecimento dos presídios militares referidosacima, cm virtude dessa linha do limites, era distribuição de encar-gos pelas províncias de Goyaz e Maranhão, e o estabelecimento deum oulro como ponto dc escalla !

Uma necessidade que nasceu de si e por si, restabeleceu umpresidio ! uma outra necessidade extreme de complexidade depensamentos grandes em referencia ao todo nacional creou esseponlo de escalla !

Para que esses presídios ?Para que essas creações?...Onde está o pensamento grande, fecundo e amplamente lumi-

noso de que se derivam esses presídios aliás excellentemente col-locados para preencher fins immensamente maiores do que a muitosse antolha ?

Onde é que se vê que destinaes esses pontos para centro de acçãocivilisadora e attrahente de massas proveitosíssimas de irmãos êr-ranles e temíveis em quanto aberrados do nexo de amor e derecíprocos interesses?

Calculai a immensa vantagem da fuzão dessas massas errantesem torno dá união e communhão pátria, pela auzencia dessasvantagens no estado actual que é o da auzencia de todo o systema)ara conseguir taes fins, e quem sabe? no emprego de meios vio-entos para eternisar ódios e desconfianças sempre fundadas em

factos ignóbeis, depravados.... ehorrorosos ?Não pretendemos desenrolar o véo que mal encobre scenas de

horrorosas violências, de sangue e devastação míseros! sóelles são considerados criminosos pelos muitos bárbaros cia eivili-sação que se abrigam com as bandeiras do arcabuz!

Não pretendemos, não queremos levantar o apparelho que tapaa chaga horrível que entorpece, tolhe o retrograda as forças danação, privando-a de muitos de seus membros adequados aos labo-res das armas e do campo !

Não é nosso fim mostrar a gangrena....Condemnamos a negligencia, o abandono, o esquecimento.Coridemnamos o que lemos pela falta do que não temos.Temos em nossas rochas agoa pura que nos saciará, e ferlilisará

os campos: basta-nos tocar-lhe com a vara de Moisés que a pro-videncia nos doara.... e vamos supplicar alympha que fermentanas poçascxtranhas para transplantarmazellas que nao temos...,,e a preço dos suores da nação!...

logralos que somos!../O flheno limita a Franca e a Suissa . ambas estás nações se

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7á INDICADOR MILITAR.

forlificain e ameaçam no scguiraento dessa artéria d'agoa, tantasvezes linta de sangue! suas fortificaçõcs quo bordam essas margenso seolhani com respeito, o que são" ?...

São o resultado de um pensamento de nacionalidade quo so nãoocculta, que senão disfarça, de um pensamento metalificado nessaartilhéria que bem alto e* estrondosamente exclama:— Respei-temo-nos, contenhamo-nos ! E a Suissa o que é em presença daFrança?..

Mas alli está a eloqüência do pensamento convencendo a Europa!Essas colônias militares, esses presídios serão os postos pátrio-ticos da accumulação de homens uteis, como serão as nossas for-

tillcações no coslão immenso e nos limites com lantos povos, so-berbos uns pelo que valem, inquietos outros pelo que não valem I

Aprendamos, senhores, já é tempo.

Não sabemos porque o nosso espirito se desvia do ponto a quoatlinge... perdoe-nos o leitor, e digne-se acompanhar-nos nestelabyrintho.

Continuemos»Não se deve legislar para pontos do Brasil como se independen-

tes e isolados fossem: não ha um recanto que deixe de pertencerao grande todo nacional. Medidas casuisticas são íataes pela in-stabilidade que acarretam, multiplicidade que as confundem, tergi-versação que as enrama e morte prematura que as sorprende.

Os homens pela nação.As resoluções pela nação.A^ nação pela nação.E' assim que à pequena Hollanda pôde ser a grande Hollanda.Que a pequena Veneza pôde ser a rainha do Adriático.jb assim que o Brasil grande será o grande Brasil.Temos tudo desde o throno até a choupana, falta-nos apreciar o

que lemos, dar valor ao que temos, consequenciar o que temos,para termos o que náo temos.

A' semelhança da crisalida inerte que por si mesma estala dandosahida a linda borboleta que sem fim e sem norte pousa nas florese paira nos ares para morrer, nasceu a idéa da fundação de outropresidio na proximidade da confluência do rio Tocantis'com o Ara-guaya, em uma das primeiras cachoeiras grandes, outro no pontodos Marlyrios, e a do restabelecimento do da Januaria no mesmorio, e tambem o de Santa Isabel; e isto eonjunctamente com a rea-bertura da entrada, que do ponto fronteiro á villa Carolina ia terao rio Araguaya no local do presidio Januaria próximo ao de SantaMaria, estrada que fora aberta por Ladislau Pereira de Miranda»

»or ordem do governo de Goyaz.

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INDICADOR MILITAR. 7o

Ai!... Senhores o que é feito deste bello pensamento?... • . * • > . . . . • . • . . . .

Paremos aqui: proseguiremos.Dr. A. J. de Araujo.—Tenente-coronel de engenheiros.

ANTIGÜIDADE MILITAR PROVENIENTE DE TEMPODE ESTUDOS.

Com quanto era matéria de legislação militar muito respeitemosa opinião do nosso amigo c camarada autor do artigo, publicadono Indicador Militam. S, sob a epigraphe—Antigüidade militarproveniente de tempo de estudos;—todavia as razões que temos,para divergir da opinião emittida naquelle artigo, sao taes que nosobrigam a aventurar algumas linhas, ainda que com bastante aca-nhamento por conhecermos a nossa insufficiencia.

O objecto principal desse artigo consiste na seguinte questão:—se para a organisação das escalas de promoções e çollocação dosofficiaes no Almanak Militar, o tempo de estudos com aproveita-mento nas escolas superiores do exercito deve, ou não, ser consi-derado na computação d'antiguidade relativa dos officiaes ?

O aulhor do artigo, a que nos referimos, é de parecer qqe deve ;e, para isso, firma-se nos artigos 6* e 18° do regulamento de 31 deMarço de 1851, nas provisões do Conselho Supremo Militar de 24de Abril de 1844 e do 18 de Agosto de 1849, na imperial resolu-ção de 24 de Abril de 1850, tomada sobre consulta daquelle tribu-nal, e em vários argumentos tirados dessa legislaçSo.

Examinaremos primeiramente a legislaçSo, e depois passaremosaos argumentos nella firmados.

As duas provisões e a imperial resolução sao as que mandam con-tar eomo tempo de serviço militar o de estudos com aproveitamentonas escolas superiores do exercito; e, nada estabelecendo a res-peito da questão, isto é, se deve, ou não SQr attendido o tempo deestudos na computação da antigüidade relativa dos officiaes, nadatemos por tanto com essas provisões.

O arligo 6° do regulamento de 31 de Março de 1851 é inteira-mente favorável á opinião contraria á do nosso camarada, porqueahi mui claramente se estabelece que—entender-se-ha por praçaeffectiva, para o fim de ser promovido, o tempo que realmentedecorrer do assentamento da praça em diante, e não o que em vir-tude de quaésquer disposições se mandar contar aos alumnos, quetiverem estudado nas escolas militares do exercito e da armada, ouem quaésquer outras» na qualidade de paisanos.

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76 INDICADOR MILITAR.

Não argumentemos, porém, com esse artigo, visto dizer o nossocamarada que elle deve referir-se somente á promoção dos inferiorese cadetes ao posto de alferes, e vamos ao artigo 18° em que maisse estriba sua opinião.Esse artigo, com effeito, marcando por ordem os pontos de re-curso para a computação das antigüidades, menciona em primeirolugar o tempo de serviço, e depois o de assentamento de praça.Esse tempo de serviço, porém, já mais se poderá entender aquelle

proveniente de estudos, e nem outros que a lei prohibe, e sim o deserviço que na realidade tiver prestado o oflieial depois de suapraça.

O pensamento do legislador, em todos os artigos desse regula-mento, se conhece bem claramente ser o de afastar da promoçãoos o-ficiacs que se acham fora do serviço activo do exercito; e porisso antepoz o tempo de serviço real e effectivo de praça ao desteassentamento, e de nenhum modo se poderá entender que o citadoartigo se refere ao tempo em que os oíliciaes estudam como pai-sanos. rAssim, pois, admíttir-se que pelo artigo f _• se deve computar otempo de estudos como de serviço effectivo nas fileiras do exercito,sena suppor esse artigo em contradiecão com o espirito do regula-mento de que faz parte, e com a letír. da carta de lei n. 585 de 6de Setembro de 1850, para cuja execução foi promulgado aquelleregulamento; por quanto diz o artigo 8» da lei—a antigüidade paraos accems será contada da data do decreto que conferir oposto ;e em igualdade destas, da dos postos anteriores a quando aindasejam tguaes, da do assentamento de praça— e nada trata dotempo de serviço anterior á praça.

^ Diz o nosso camarada que, soecorrendo-se da jurisprudência doConselho Supremo Militar, não se pode deduzir outra conseqüênciase nao o principio inconcusso, de que o tempo de estudos, man-dado contar como de serviço militar, éuma parle integrante deantigüidade para todos os effeitos etc., etc.A isto respondemos: não lemos conhecimento de que esse tribu-nal tenha resolvido que o tempo de estudos deva ser computado naantigüidade relativa dos officiaes.Feio contrario sabemos que o Conselho Supremo Militar, erauma questão análoga, decidio a favor da antigüidade de praça, como

passamos a expor:Os officiaes, que serviam nas provincias de Matto Grosso e Ama-sonas, contavam, em conseqüência do disposto no artigo 8o da lein. 6.J8 de 18 de Agosto de 1852, mais uma quarta parte do tempo

que ali serviam, e, requerendo para que fossem collocados no Al»manai, acima daquelles officiaes que, sendo mais antigos do que

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INDICADOR MILITA.R. 77

elles em postos e na data da praça, tinham em virtude do citadoartigo 8o menos tempo de serviço, baixou a immediata e imperialresolução de 11 de Julho de 1855 mandando conserval-os nosmesmos lugares do Almanak, n3o obstante contarem mais tempode serviço.

Temos mais oppondo-se á opinião do nosso camarada o avisode 6 de Agosto de 1855, expedido pelo actual Exm. Sr. ministroda guerra, conselheiro de guerra, e baseado no parecer da cora-missão de promoções, então composta dos Exms. Srs. conselheirosde guerra Francisco de Paula Vaseoncellos, João Paulo dos SantosBarreto e Francisco Xavier Calmon da Silva Cabral, sobre umaquestão de antigüidade entre os Srs. capitães Carlos Felippe da SilvaMuniz e Abreu e Antônio de Castro Vianna, na qual este allegavater raais tempo de serviço por contar o de estudos na Escola Mili*-tar, e aquelle mais tempo de praça, caso inteiramente idêntico ánossa questão; esse parecer, concebido nos termos os mais clarospossíveis a favor da opinião contraria á do nosso camarada, muipositivamente declara « que o capitão Abreu eátava muito bemcoilocado no Almanak acima do capitão Castro Vianna, porque seeste ultimo capitão tinha mais tempo de serviço, contando-se4heo da Escola Militar, o capitão Abreu tinha praça effectiva mais re*mota, e esta segundo a legislação é que serve para a promoção* »

Define o nosso collega o tempo de serviço « aquelle durante oqual o individuo serve effeclivamente como praça no exercito, ouaquelle em cujo correr o individuo, não compromettido pelo jura-mento de bandeiras, presta serviço privativo de força armada regu-lar ou assimilado a este pelas leis do paiz. »

Perguntaremos nós: o serviço prestado nos corpos policiaes ul-*timamente mandado contar para a reforma e para o habito de Avixnão é mais assimilado ao dá força armada regular» do que o deestudos como paisano nas diversas escolas ?

Influo por ventura na antigüidade relativa dos officiaes? Entãocomo hade influir nessa antigüidade o tempo de estudos mandadocontar sem duvida para animar a instrucção theorica do exereito,quando nenhuma lei isso determina positivamente? Pois não serábastante contar-se esse tempo para todos os outros effeitos, e apre-ferencia que se dá nas promoções aos officiaes com estudos ?

Faz o nosso camarada um outro argumento que vem a ser; assimcomo se conta, para a promoção, o tempo que os officiaes e praçasde pret estudam na Escola Militar, assim também se deve contarpara o mesmo fim o em que estudam como paisanos e depois écontado como de serviço militar.

A esse argumento responderemos que os officiaes empregadosna guarda nacional, missões diplomáticas, presidências de pronta-

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cias etc, ect., n3o perdem para a promoção o tempo em que servemnessas commissões, por ser considerado como de serviço activo, eno entretanto si olles tivessem sido empregados como paisanos,nessas mesmas commissões, não contariam como de serviço militar;porém, era todo o caso, nâo é essa a nossa questão, e sim somentede computação da antigüidade relativa dos officiaes.

A' vista por tanto do exposto, entendemos que os Almanaks pu-blicados depois do regulamento de 31 de Março de 1851 teem sidoconfeccionados segundo a doutrina desse regulamento, vislo que aantigüidade militar proveniente de estudos não pôde, segundo a le-gislação vigente, ser attendida na computação d'antiguidade relativados officiaes.

João de Souza da Fonseca CostaTenente coronel do corpo do estado maior de Ia classe.

INSTRUCÇÃO DO EXERCITO.O empenho, com que sempre dediquei-rne á nobre classe militar

da qual faço parte, reconhecida em todos os tempos e por todas asnações civilisadas como o sustentaculo das outras e do Estado; bemcomo alguns conhecimentos theoricos e práticos adquiridos no meuainda curto tempo de serviço militar, induziram-me, posto que re-ceioso pela deficiência de recursos, a escrever algumas linhas respeitoá instrucção geral das armas do exercito.

Sendo o nosso paiz tão extenso e tão pouco povoado, onde quasitudo está por criar, e o pouco já existente reclama ainda grandesdesenvolvimentos, é incontestável que não pode ter um exercitonumeroso, visto que as rendas do Estado são insufficientes para fa-zerem face a milhares de necessidades urgentes.

Porém o que se acaba de expender obstará a que tenhamos umexercito, ainda que pequeno, convenientemente disciplinado?

* Não, porque nenhum estado pode manter-se, nem tão poucogarantir a segurança individual de seus habitantes, sem o recursoda força da armada.

Poderemos prescindir d'um exercito, apto para oppôr-se a qual-quer occurrencia que possa dar-se, tanto nas espessas e extensasmatas do Norte, como nos imraensos campos do Sul, e dispensando-nos do engajamento de estrangeiros?

Não, porque talvez em todo o mundo não exista um exercito tãoapropriado para as campanhas do vasto e variado território brasi-leiro como o nosso, e além disso, por mais d'uma vez, tem provadomal o engajameuto de estrangeiros para o serviço das armas, não só

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pelo seu estraordinario custo, como lambem por passarem incom-modos superiores aos que encontram nas campanhas da Europa.

Somos forçados entretanto a reconhecer rarissimas, mas muitohonrosas excepçSes.

Ao soldado brasileiro não falta coragem ; não falta subordinação,nem tão pouco soffrimento resignado para arrostar, sempre alegre,as privações de todos os gêneros que encontram nos duros traba-lhos da guerra, com tanto que tenha á sua frente officiaes hábeispara dirigil-o.

Passemos agora em resenha o que occorrenas diversas armas donosso exercito, e tratemos de indicar alguns defeitos que nos pa-rece nellas existirem.

A artilheria, arma inteiramente indispensável nas batalhas, nosataques e defensas das praças, não esta convenientemente instrui-da. E' verdade que os defeitos da arma e de suas munições, napratica, dão lugar a milhares de erros em contradicção aos melhorescálculos; porém isso não obsta a que tenhamos repetidos exerciciosd'alvo com foguetes de guerra, com peças eobuzes de differentes ca-libres, e com os canhões obuzes que gozam das propriedades destaduas ultimas machinas, onde os officiaes e inferiores aprendam afazer tiros directos, por elevação e de ricochete, habituando-os aomesmo tempo a calcularem approxiraativamente as distancias a umsimples olhar, bem como as diversas cargas, e ângulos de elevaçãoou abaixamento, para obterem os vários e convenientes resultados.

A infanteria tem andado constantemente em mudanças de ins-trucções, e d'ahi tem-se originado confusão tal no desenvolvi-mento das evoluções e manobras, que ainda hoje muitos officiaes,com longa pratica de serviço, vacillam nos movimentos a seguir.Seria de summa conveniência que a infanteria tivesse uma instruc-

ção commum e especial, que a tornasse própria a operar em qual-quer lugar; uma instrucção tal que comprehendesse a agilidade exi-gida para a infanteria ligeira e a firmeza da infanteria pesada, nãoesquecendo o jogo da baioneta tão conveniente, não só nas cargasem massa, como no serviço das linhas de atiradores. As vantagensdo emprego das armas de fogo como armas brancas, estão reco-nhecidas desde longo tempo: nas campanhas do grande exercitofrancez, ao mando de Napoleao, qnasi sempre os grandes resulta-dos eram precedidos d'uma forte carga dessa arma, habilmenteajustada, e nas recentes façanhas de Garibaldi vimos constante-mente serem empregadas.

A nossa cavallaria, com especialidade a do Rio Grande do Sul,geralmente composta de indivíduos que, desde a infância, julgaramabsurdç? percorrerem duas quadras a pé, quando perto existia ümcavallo, nada tem á invejar das melhores cavallarias até hoje orga-

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nisadas, a não ser a falia de ensino do cavallo, sua arma principal,medida esta tão habilmente tomada por Frederico lf, a qual deveugrande parte de suas importantes victorias. E' pois convenienteque tenhamos cavalhadas em campos espeeiaes, ou mesmo, camposde criação, onde esses animaes em idades e tempos próprios e cie-signados, adquiram o ensino e com esse, a agilidade, e firmeza emseos movimentos.

Temos no nosso exercito grande numero de officiaes, desde osubalterno até o general, cujos, conhecimentos incontestáveis nasdiversas armas podem ser aproveitados para o exercito, tomandopor base o que se tem escripto até hoje a tal respeito, e aindamais o que a pratica e experiência teem demonstrado ; lance mãoo nosso íllustrado governo dos officiaes habilitados nas diversas es-pecialidades, orgaoisando commissões que tratem do melhoramen-to das differentes armas: assim obteremos instrucções geraes paraos exercícios, e manobras das differentes armas d'accordo com ascircunstancias, conveniências e clima deste abençoado solo a quedevemos a existência.

Raymundo Máximo de Sepulveda EverardCapitão graduado do estado maior de Ia classe.

AS REFORMAS.A* obsequiosidade de um amigo veího e camarada devemos a

leitura do programma dn Indicador Militar : a instância delle ede mais outro cedemos escrevendo este artigo. A consciência nosaceusa de ousadia, a intelligencia nos nega o que os bons desejosde nós exigem, supprarn pois estes a fraqueza daquella.

Não. nos exorta a fatuidade; move-nos, sim, o desejo de contri-buir com o nosso pequeno contingente para a sustentação de umjornal, de tantas esperanças para o exercito.

Trataremos das reformas militares, tendo em vista dois fins : í°firmar bem o futuro do soldado brasileiro ; 2o acabar com as con-fusões sempre inconvenientes e prejudiciaes,

E'santo, é salutar o preceito da lei que instituio a reforma paraos oífieiaes militares que, gastos no pesado serviço das armas, pro-curam na velhice o descanço indispensável ao corpo, o pão ganhoua mocidáde; é porém lamentável que aquillo, que serve de prêmioao trabalho, sirva também de punição ao crime. Sentimos de co-ração quando vemos um veterano carregado de serviços, cobertod$ honrosas cicatrizes, confundido com aquelle que é posto á mar-gem por má conduetahabilml* Se, por infelicidade nossa, se deremno exercito do Brasil algumas tristes excepções da honra, da ho--nesUdâde e do valor, sejam delle expellidas, como um membro

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pútrido, gangrenado, que se amputa para salvar o corpo, mas nSose conceda aos máos aquillo, a que só os bons teem direito. A re-forma é um prêmio que se adquire á custa de muitos sacrifícios,muilas privações e quiçá de muito sangue derramado; não se equi**pare, pois, o vicio á virtude, dando-se também, como pena, o quesó deve ser conferido como distincçSo, como prêmio.A nossa legislação encerra em si penas severas para os que seapartarem do justo e do honesto; sejam os nossos juizes rectos, ogoverno inexhoravel, e desse modo não só moralisaremos o exer-cito como também distinguiremos o benemérito da pátria, não oconfundindo, no ultimo quarièTdã~vidã7 perante o paiz, com osmalmorigerados; evitando da parte daquelle explicações desairosase da parle destes desculpas mentirosas, fugindo um a juizos duvi-dosos, não sendo o governo inculpado de perseguições ou parciali-dade para com os outros. E se a vida militar não tem altractivos,se por sua natureza é uma vida de incommodos e fadigas,attenuemos-lhe o que tem de feio, mantenhamos illeso o principio da reformapor que ao rnenos se dirá— alli paga-se (índa que parcamente) otrabalho da mocidade; distingue-se, premeia-se o mérito.

Uma revisão na nossa lei de reformas é uma necessidade palpi*-tante; o governo que conferisse um tal trabalho a uma commissaode officiaes habilitados prestaria um relevante serviço á classe mili-tar, attrahirido para ella os nossos jovens patrícios, coma desappa-nção de um dos mais justos motivos de aversão que ella inspira.

Para um novo ponto ainda pedimos a attenção dos poderes doEstado : é sabido que pela legislação, que nos rege, o militar, queem tempo de paz se invalida no serviço esó conta 9 annos 11 me-zes e 29 dias de praça, tem direito a'reforma, não o tendo porémaos vencimentos correspondentes. Parece que nesta disposiçãohouve mais economia que justiça. Senão, vejamos; o alferes outenente f porque só nestes postos se pôde contar menos de 10 annosde serviço) que passa 9 annos de sua vida no Forte de Macapá noPará, ou no de Coimbra em Matto-Grosso, lugares insalubres e sujei-tosa febres de máo caracter, baldos de recursos, adquire moléstiasgraves e chronicas, que o invalidam do serviço militar, faz jus a umareforma pelo seu estado physico no entantoque é esta desacompa-nhada dos indispensáveis meios de viver; vê-se assim reduzido a sõ-licitar um emprego quasi sempre de cathegoria inferior aquella, quelhe confere a sua patente ; se porém tem esse official a infelicidadede perecer, a viuva e o orphão estorcem-se nas dores da fome e danudez e, victimas da miséria, quasi sempre o são também do vicio,.

Nem se diga que queremos acorôçoar a falta de serviços, seja a re(*forma conferida a quem justamente a merecer, seja o pretendentesubmettido a um exame serio em seu physico; com pulse-se a sua

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vida militar e só depois de conhecida a justiça do sua causa seja elle

galardoado com um tal premio— a reforma.Não pôde proceder o exemplo dos demais empregados públicos,

porque estes vivem nas capitães, nos centros das populações ondesempre se encontram recursos, onde a salubridade publica é atten-dida com interesse, no entanto que os nossos companheiros disse-minados por um vasto território, quasi despovoado, faltando tudo-até mesmo o necessa^oá_vida,jsão obrigados a distrahirem do ser--^ço-güWadüSTrafrTpe^a ou caça, a fazerem uso. como gênero ali-menticio, de raizes ás vezes alé venenosas, a procurarem nas plantase hervas selvagens medicamentos para suas enfermidades.

Não ha comparação possível entre estas duas classes de servidoresdo Estado. O serviço militar, ainda mesmo em plena paz, é penoso,se não pesa materialmente, pesa moralmente porque a responsabi-lidade immensa que o acompanha, nega-nos o somno. E' poispara este outro ponto da nossa legislação que convidamos os nossosdistinetos camaradas a voltarem suas vistas, é para elle tambémque pedimos a attenção do governo.

Se estas idéas forem acolhidas e merecerem a indulgência dosconspicuos redactores do Indicador Militar, promettemos oceu-par-nos de novos assumptos.

Felicio Paes Ribeiro. Capitão de artilheria.

MÁXIMAS E PENSAMENTOS.(continuação)

III.—O que tratar os subditos com,benevolencia, osiguaescomcivilidade, os superiores com respeito, que desculpar as leves fal-tas dos primeiros, auxiliar no serviço os segundos, e cumprirexaclamente as ordens dos terceiros; se a desgraça lhe entorpecera carreira, não deve queixar-se senão da fatalidade.

Iv.—Oual seria a sorte do exercito, especialmente de sua omcia-lidade. se deixasse de existir esse tribunal presidido pelo Soberano,e composto de provectos e encanecidos generaes, a quem são con-fiados seu destino, seus interesses, e seu julgamento; desses cons-

picuos anciões que, imparciaes, e calmos, guiam seus actos, edecisões pelos principios da equidade, e justiça ?

Conserve-se esse palladio da innoeencia, e tenha, ao menos, o

pobre militar um appello para a independência, sabedoria, e hon-radez desses respeitáveis veteranos do exercito.

{Continua.)P. A. de S. Sepulveda, Brigadeiro graduado d'engenheiros.

TYP. dé N. L. VIANNA e FILHOS. Rua d'Ajuda n. 79.