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Exposição solar e Câncer de Pele DRA PATRÍCIA FAGUNDES MÉDICA DERMATOLOGISTA H9J

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Exposição solar e

Câncer de Pele

DRA PATRÍCIA FAGUNDES

MÉDICA DERMATOLOGISTA

H9J

Um pouquinho de ciência…

• O espectro eletromagnético solar impediu a vida na superfície da Terra por milhões de anos;

• Início: algas/fundo do mar;

• Produção crescente de O2 para a superfície da Terra;

• Reação O2 + RUV = Ozônio (O3);

• Camada de Ozônio: 1. Permite passagem de raios ultravioleta A e B (UVA e UVB);

2. Impede a passagem dos raios UV tipo C, incompatíveis com a vida;

3. Atualmente, redução na camada de Ozônio: aumento da radiação;

Cuidados com a peleSociedade Brasileira de Dermatologia

•“ A incidência dos raios ultravioletas está cada vez mais maior em todo o planeta, portantopessoas de todos os fototipos devem estar atentas e se protegerem quando expostas ao sol.

•Os grupos de maior risco são os do fototipo I e II, ou seja: pele clara, sardas, cabelos clarosou ruivos e olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com históricoda doença, queimaduras solares, incapacidade para bronzear e pintas.

•A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que todas as medidas de proteção sejamadotadas na ocasião da exposição ao sol: uso de chapéus, camisetas e protetores solares.

•Também deve ser evitada a exposição entre 10 e 16h (horário de verão). É importanteressaltar que as barracas usadas na praia sejam feitas de algodão ou lona, que absorvem50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável:95% dos raios UV ultrapassam o material.•Para o uso de filtros solares, é sugerida a reaplicação a cada duas horas. O ideal é que o

Fator de Proteção Solar (FPS) seja de, no mínimo, 15. "

Radiação solar

- Molécula que absorve a radiação: cromóforo;

-DNA: principal cromóforo da pele;

-Efeitos da radiação na pele:

1.Formação de fotoprodutos: oxidação de fosfolipídeos de membrana;

2.Modificações bioquímicas: ex. : síntese de prostaglandinas;

3.Alterações celulares: Apoptose;

4.Alterações teciduais visíveis: bolha, eritema, pigmentação;

5.Indução de mutações celulares e neoplasias;

Radiação solar

A radiação ultravioleta (RUV) é o principal carcinógeno para a

pele e age de duas maneiras:

• Fase de iniciação: gerando dímeros de timina;

• Fase de promoção: causando depleção de células de Langerhans epidérmicas e estimulando o aparecimento de clones de linfócitos supressores, facilitando o crescimento tumoral.

Radiação solar

Tipos de raios ultravioletas:

A: 320-400nm

B: 290-320nm

C: 200-290nm – não atingem a ionosfera

1- Intensidade da radiação solar :-geografia/latitude-Exposição da pele : hábitos de vestimentas, cultura-Profissão

2- Cor da pele

Radiação solar

Fatores de influência:

•Horário: ao meio-dia, a radiação está na menor distância da Terra;

•Latitude: a radiação aumenta gradualmente dos pólos para o Equador;

•Estação do ano: o ângulo de incidência da radiação é maior no verão;

•Altitude: a radiação é mais intensa nas grandes altitudes pois há menos atmosfera para absorvê-la;

•Nuvens: diminuem a radiação entre 10 e 80%;

COR DA PELE:

CLASSIFICAÇÃO DE FITZPATRICK

TIPOS DE PELE(FOTOTIPO)

SENSIBILIDADE À LUZ SOLAR

I Queima-se sempre; nunca se bronzeia

II Queima-se sempre;Bronzeado mínimo

III Queima-se moderadamente;Bronzeado progressivo

IV Queima-se eventualmente;Bronzeia-se sempre

V Dificilmente se queima;Bronzeado difícil

VI Nunca se queima;Pele muito pigmentada

Tipos mais vulneráveis: I e II

A observação clínica e estatística comprovam a relevância destes fatores...

• 90% cânceres de pele, incluindo carcinomas e melanomas, têm localização em áreas expostas ao sol;

• Suécia, Dinamarca (Lat >60º): incidência < 5-19/100.000 habitantes;

• Sidney e Cidade do Cabo (Lat 20-35º): incidência 800/100.000 habitantes;

• Independente da latitude, a incidência de câncer de pele na raça negra é muito menor que na raça branca em áreas de pele expostas ao sol;

• Causa: genética (racial) x pigmento ?

• Resposta: elevada incidência de câncer cutâneo em Albinos;

• Diferença de incidência entre os sexos: atividade laboral;

• Explicação da alta incidência de câncer de pele nas últimas décadas da vida: o efeito cancerígeno da radiação solar é cumulativo;

Tumores malignos da pele

• Fatores carcinogênicos:

- Físicos: RUV (290-320nm)

- Raios ionizantes (raios X, raios Grenz)

- Calor

- Traumatismos

- Químicos: alcatrão, arsênico

- Biológicos: vírus e hormônios

Epidemiologia

Carcinoma Basocelular :70% ( 90% Cabeça )

Pele: 50% Carcinoma Espinocelular: 20%

Tumores

malignos Melanoma: 10%

Demais sistemas juntos: 50%

Carcinoma Basocelular

• Conceito: Tumor constituído por células morfologicamente semelhantes às células basais da epiderme, de crescimento muito lento, com capacidade invasiva/destrutiva localizada, sem, entretanto, originar metástases.

Carcinoma Basocelular

• Clínica: a lesão mais característica do CBC é a pérola: pápula translúcida e brilhante, de cor rósea, presente em quase todas as formas, única ou localizada na borda da lesão;

• Rodeada por pele sã: o CBC não causa inflamação ao seu redor;

• Ausência de comprometimento ganglionar ou sistêmico;

Carcinoma Basocelular

• Formas clínicas:

• Nodulocística

• Ulcerada

• Terebrante

• Plano-cicatricial

• Superficial, eritematosa ou pagetóide

• Esclerodermiforme

• Pigmentada

• Vegetante

• Fibroepitelial

Carcinoma Basocelular

Diagnóstico: A suspeita da lesão é clínica e deve ser confirmada sempre por biópsia.

Lesão papulosa ou com crostas localizada geralmente em áreas fotoexpostas de crescimento indolente que sangra espontaneamente e que ”nunca cicatriza”.

BIÓPSIA DE PELE

Carcinoma Basocelular

Evolução e Prognóstico:

• A evolução é lenta e o prognóstico só passa a ser sério dependendo da localização e da forma clínica:

• Ex:

- Destruição da órbita ou do maciço central da face nas formas terebrantes;

- Maiores chances de recidiva: Tumores localizados nos planos de fusão da pele: sulco nasogeniano, nasolabial e prega pré-auricular;

Carcinoma Basocelular

Terapêutica:

• Padrão ouro: exérese completa da lesão com margens;

• Rotação de retalho e enxertia: lesões grandes;

• Cirurgia Micrográfica de Mohs: Casos recidivantes, localizados em planos de sutura e CBC esclerodermiforme;

• Terapia Fotodinâmica: CBC superficial

• Outros: radioterapia, quimioterapia, Laser, Citostáticos localizados: 5- Fluoracil, Imiquimod.

Carcinoma Espinocelular (CEC)

Conceito: neoplasia maligna originária das células epiteliais do tegumento (pele e mucosa) com capacidade de invasão local e à distância ( metástases);

Epidemiologia:•Ocorre em todas as raças;•Acomete mais sexo masculino (54%);•Ocorre após a 6ª década de vida;

Etiopatogenia: relaciona-se diretamente com a exposição solar e é o mais frequente dos tumores relacionados à imunossupressão.

Carcinoma Espinocelular (CEC)

Clínica: • Mais comum: início da lesão sobre pele lesada: ceratose actínica,

radiodermite, úlcera crônica, dças cutâneas crônicas, cicatrizes antigas, cicatrizes de queimadura (Úlcera de Marjolin) e genodermatoses;

• Pode surgir em pele sã;

• Lesão inicial: pequena pápula com certo grau de ceratose com crescimento mais rápido que os CBC, longitudinal;

• Preferencialmente em face e MMSS;

• Acometem mais mucosas que os CBC;

• Queilite actínica : superfície labial erosiva, sangrante porém com infiltração à palpação CEC;

• Leucoplasias: placas esbranquiçadas decorrentes de fumo ulceradas e sangrantes CEC.

Carcinoma Espinocelular (CEC)

Metástases de CEC:

Local de origem: Mucosas > semimucosas > pele

Lesão de origem:

• Ceratose actínica: 0,5%

• Cicatriz de queimadura: 17%

• Radiodermite crônica: 20%

• Fístula de Osteomielite crônica: 31%

Carcinoma Espinocelular (CEC)

• Diagnóstico:

Lesão ceratósica de crescimento progressivo,que se instala em pele sã e/ou, preferencialmente em pele já comprometida, em pessoas adultas

BIÓPSIA DE PELE

Carcinoma Espinocelular (CEC)

Terapêutica:

•Tratamento de escolha: remoção cirúrgica;

•Quimioterapia e radioterapia podem ser utilizados no tratamento de lesões maiores;

•Esvaziamento ganglionar: indicado apenas quando houver comprometimento ganglionar e possibilidade de cura;

Melanoma

Conceito:

•Tumor maligno originário dos melanócitos, em geral de sítio primário cutâneo, porém podendo, eventualmente, surgir em outras áreas: mucosas, olho, dentre outras;

•Elevado potencial metastático e consequente letalidade;

•Número razoável origina-se de nevo pré-existente.

Melanoma

Epidemiologia:• Ocorre em todas as raças porém raro na raça negra;

• Mais comum quanto mais branca a pele, mais claros os olhos e cabelos e maior a quantidade de efélides (sardas);

• Maior incidência em áreas próximas ao Equador, sugerindo forte correlação com maior incidência dos RUV;

• Austrália: maior índice de Melanoma do mundo: 150 por milhão para homens e 190 por milhão para mulheres;

• Inglaterra: 18 e 26, respectivamente;

• A incidência do Melanoma vem aumentando mais que qualquer outro tipo de câncer em indivíduos da raça branca e a a mortalidade perde apenas para o Câncer de pulmão;

• 90% das mortes por câncer de pele em indivíduos da raça branca entre 15-50anos de idade são causados por Melanoma.

Melanoma

Etiopatogenia:

• Não está totalmente esclarecida;

• Principais: genética, exposição solar exagerada pp//com queimadura, pequenos e repetidos traumatismos;

• A idade de início de exposição solar tem participação fundamental na determinação da chance de desenvolver Melanoma: quanto mais cedo, maior a chance de desenvolver um Melanoma na idade adulta

• Difícil precisar a frequência de transformação névica pré-existente em Melanoma, pois nem sempre é possível saber se a lesão inicial era ou não um melanoma desde o início;

• A histologia mostra que em cerca de 30% dos Melanomas há características névicas remanescentes;

• Genética: 5-12% dos Melanomas ocorrem em indivíduos com HF+ para Melanoma.

Melanoma

Imunidade:

• Tanto a imunidade humoral como a celular manifestam-se nos casos iniciais de Melanoma mas vão se tornando ausentes à medida que o tumor evolui (anergia);

• Fenômeno haloimune, vitiligo, regressão parcial e total do Melanoma (Melanoma de sítio primário desconhecido) e o infiltrado de lesões na derme: indicativos de um esforço imunológico contra a agressão tumoral

Melanoma

Formas clínicas:

1- Lentigo Maligno Melanoma:

• Incidência entre os melanomas: 5%

• Idade média: 70 anos

• 2F/1M

• Duração média: 5-20 anos

• Cabeça, pescoço, dorso e mãos

• Lesão: mácula irregular, grandes diâmetros

• Cor: Vários tons, do castanho ao preto, hiperpigmentação frequente.

Melanoma

Formas clínicas:

1- Melanoma Extensivo Superficial:

• Incidência entre os melanomas: 60-70%

• Idade média: 45-55anos

• F=M

• Duração média: 1-5 anos

• Dorso em homens e MMII em mulheres

• Lesão: mácula ou pápula menor que 2,5cm

• Cor: Vários tons, do castanho ao preto, hipopigmentação frequente.

Melanoma

Formas clínicas:

1- Melanoma Nodular:

• Incidência entre os melanomas: 15%

• Idade média: 45 anos

• 2F/1M

• Duração média: meses

• Cabeça, pescoço, dorso

• Lesão: nódulo ou lesão ulcerovegetante

• Cor: Negra.

MelanomaFormas clínicas:

1- Melanoma Acral:

• Incidência entre os melanomas: 10%

• Idade média: 50-60 anos

• F=M

• Duração média: 1-10 anos

• Extremidades digitais: polegar e 1o PD, peri ou subungueal e palmoplantar

• Lesão: mácula negra irregular que evolui para nódulo ou ulceração

• Cor: Negra

Melanoma- Considerações:

• Melanoma Amelanótico, Melanoma Primário de mucosas, Melanoma de órgõs internos e Melanoma Congênito;

• Fatores prognósticos relevantes: Presença de ulceração e o índice de Breslow;

• Índice de Breslow: medida com um micrômetro ocular do topo da camada granulosa ao ponto de maior profundidade do tumor ou até a base da úlcera, nos melanomas ulcerados;

• Quanto mais espesso ou se ulceração + : prognóstico pior;

• No Melanoma in situ, a sobrevida de 5 anos é de quase 100%;

• Lesões com < 1mm de espessura resultam em Metástases em apenas 5% casos;

Melanoma

Quando suspeitar:

- Aparecimento de mancha ou nódulo de crescimento rápido;

- Alteração na cor e tamanho de nevos pré existentes;

- Presença de sintomas: dor, ardência, sangramento espontâneo;

Regra do ABCD para pintas

• Assimetria: uma metade da pinta "não casa"com a outra;

• Bordas: a pinta apresenta uma borda irregular;

• Cor: pinta com mais de uma cor;

• Diâmetro: pinta > 0,5cm;

• Exame complementar eficaz e rápido;• Permite identificar de imediato a origem celular da

lesão;• Se lesão melanocítica, se benigna ou maligna;• Não substitui o exame anatomopatológico;

DERMATOSCOPIA

NEVO DISPLÁSICO

MelanomaBiópsia:

•Deve ser excisional;

•Se incisional (nas lesões grandes): parte mais elevada ou escura;

Imunohistoquímica:

•Proteína S-100 e o HMB-45;

•Identifica a natureza da linhagem celular;

•Tumores primários ou metastáticos pouco diferenciados;

•Linfonodo sentinela:

•Considerado a principal ferramenta de estadiamento do Melanoma

•Sua detecção e o esvaziamento não estão associados a aumento da sobrevida

•Indicações:

•Melanoma = ou > 0,76 mm espessura;

•Presença de ulceração na lesão;

•Fenômeno da regressão;

•Nível de Clark > IV ou V;

Melanoma

LOCALIZAÇÃO ESTÁGIO SOBREVIDA

PELE (< 1mm) IaIb

95%90%

PELE (1,01-2mm) IIaIIb

78%65%

LINFONODOS IIIa (micrometástases)IIIb (micrometástases ou tumor primário ulcerado)IIIc

63%50%25%

METÁSTASE À DISTANCIA IVa (pele e linfonodo dist.)IVb (pulmão)IVc (outras vísceras)

18,8%6,7%9,5%

MelanomaEstadiamento Tratamento Seguimento

In situ Ampliação de margem em 0,5cm EF 6/6m – 2 anos12/12m - em diante

I Breslow < 0,76mmBreslow > 0,76mm, ulceração, regressão, Clark = ou > IV

Ampliação de margem em 1 cmAmpliação de margem em 1 cm e LNS

EF, Rx tórax, LDH, FA3/3m – 2 anos6/6m – 2 anos12/12m- em diante

II Ampliação de margem em 2,0cm e LNS

Idem acima

III Excisão, infusão/perfusão, RT, clinical trial, tratamento sistêmico

EF, Rx tórax, USG abdome3/3m-2anos4/4m-1ano6/6m-2anos12/12m- em diante

IV Excisão, vacina, clinical trial, interferon

EF, Rx tórax, USG abdome3/3m- 3 anos4/4m-2anos6/6m-2anos12/12m- em diante

PREVENÇÃO

• Educar as populações para evitar superexposição solar desde o início da vida;

• Crianças com menos de 6 meses não devem fazer uso de filtros solares;

• Uso adequado de filtros solares: início da aplicação, quantidade adequada, frequencia de aplicação e de reaplicação;

• Evitar os horários de maior radiação solar;

• Não fazer uso de câmaras de autobronzeamento;

• Usar roupas e chapéus ao se expor ao sol;

• Auto-exame;

Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele

PRÓXIMA CAMPANHA: DIA 26 DE NOVEMBRO DE 2011

VEJA O POSTO DE ATENDIMENTO MAIS PRÓXIMO DA SUARESIDÊNCIAOs especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia(SBD) advertem: a exposição ao sol de forma inadequada pode trazerinúmeros prejuízos à pele, além de ser responsável pelo câncer de maiorincidência no Brasil - o da pele.

Preocupada com os números alarmantes da doença no país, a SBD criou,em 1999, o Programa Nacional de Controle do Câncer da Pele (PNCCP).

Há 13 anos a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele leva aos

GruPACFeridase Estomas

Obrigada!

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