exposição meditações extravagantes nenna parte ii

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Nestas suas Meditações Extravagantes, o artista faz uso de vários materiais e suportes, buscando ampliar as fronteiras do Museu e dialogar com seu entorno, tornando-o também um espaço de exposição. Nas oito partes que a compõem, que podem ser entendi-das como microinstalações, o artista busca surpreen-der o público possibilitando-lhe várias leituras e refle-xões acerca das ambiências criadas por suas obras.

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Page 1: Exposição Meditações Extravagantes NENNA parte II
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Nenna. Meditação Diálogo. Dimensões Variáveis. 2012. (Esta instalação compôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espírito Santo

- Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

“A pintura é uma coisa mental”.Leonardo da Vinci

Palavras-chave: site-specific, intervenção, cidade, memória, museu

Como nos relacionamos com a cidade? Como ela se relaciona com cada sujeito que ali se coloca? Somos atuantes nas modificações e interferências da nossa rua, bair-ro, comunidade ou simplesmente observamos tudo como uma paisagem da janela?

Nenna nos coloca esse tipo de reflexão. Diálogo poderia ser talvez um triálogo por-que pretende fazer falar o Museu, a Rua e o Sujeito. Procura dar visibilidade física ao prédio do MAES, invisível em meio a tantos fios e outros prédios. A Rua é também convidada a se manifestar já que diante de sua imobilidade veloz é responsável por nos acolher ou repelir. Enfim, o Sujeito, que passa e não vê. Ou vê e não entra. Ou entra e não vê. Nenna nos indaga sobre a história, a memória e o presente.

Para provocar todas essas reflexões Nenna realiza uma intervenção na estrutura da cidade. Agora imagine, a ação que Nenna executa é em si pintura. Mas ele conduz a reflexão para uma situação de site-specific, que se utiliza da pintura mas não dis-cute pintura. Essa é uma característica muito recorrente na arte contemporânea,

especialmente a multiplicidade de meios e a não necessidade de se vincular estri-tamente a um deles.

Propostas para Sala de Aula

Professor, pesquise outros artistas que lidam com a relação entre a escultura e o site-specific – um artista que pode nortear sua busca é o norte-americano Robert Smithson. O próprio Nenna produz, na década de 1970, a obra Estilingue, que é tam-bém uma obra site-specific.

É importante compreender que Diálogo já se encaixa em outra definição de site-spe-cific, com artistas que lidam não mais (ou não só) com as características físicas do local mas com características sociais, culturais. Essa mudança gera também uma nova nomenclatura site-specificity ou, da especificidade do lugar.

Reflita com seus alunos sobre o processo que fez com que Nenna escolhesse rea-lizar esse trabalho. Ao identificar o museu como um lugar de importância mas que fica invisível/esquecido pela população que passa pelo Centro de Vitória, ele resolve destacá-lo.

Proponha a seus alunos que observem seu lugar. A escola, a rua, o bairro, a cidade e que pensem em algum espaço ou situação que está subutilizada. Incentive seus alunos a discutir como este espaço pode ganhar visibilidade. Peça façam um projeto levando em consideração as características do lugar e o que eles gostariam de ali discutir.

O projeto pode ser um ação direta no lugar. Um registro fotográfico. Um vídeo. O im-portante é que eles pensem nessa ação como deflagradora dessa reflexão sobre outras pessoas.

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Nenna. Meditação Memória. Dimensões Variáveis. 2012.(Esta instalação compôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espírito Santo

- Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: escultura, história, reino vegetal, reino animal, minimalismo, arte conceitual.

A palavra escultura tem seus contornos definidos, como lembra Rosalind Krauss, por uma série de contextos histórico-culturais. Se lembramos bem a escultura so-freu poucas alterações ao longo dos anos, mas sofreu. Ela praticamente permane-ceu imóvel até Rodin (mudam-se os materiais, a finalidade e a localização), mas sua virada drástica mesmo vai acontecer na década 1960 com um grupo de norte-americanos que foram chamados: Minimalistas.

A transição da escultura do moderno ao contemporâneo se dá por uma situação-chave: a transposição do objeto para o espaço. É agora o espaço como um todo que preocupa os escultores e não somente o objeto tridimensional. Nenna, em suas Me-ditações recorre todo o tempo a essa mesma relação entre espaço e objeto. Ainda mais! Problematiza essa relação da escultura (será que ainda podemos chamá-la assim?) ao situá-la-la como memória.

A pedra de mármore traz consigo diferentes memórias. A do próprio conceito de es-cultura ao tratá-la como matéria-prima para os mais diferentes escultores. Uma memória local se pensarmos que o Espírito Santo tornou-se um grande produtor de mármore nos últimos 50 anos. A memória do corpo, dos elementos, ao intercambiar

valores de diferentes reinos (o vegetal e o mineral). Nenna lida com a transposição entre objeto e palavra, remetendo ainda às lições aprendidas com Marcel Duchamp e com a Arte Conceitual.

Propostas para Sala de Aula

Muitas são as possibilidades para se trabalhar com esta obra. Escolhemos aqui uma que trata da relação entre palavra e imagem.

Existe uma relação entre a palavra gravada no mármore e o mármore em si? Apre-sente para seus alunos, além da obra de Nenna, a obra “Isto não é um cachimbo” de René Magritte. Discuta com eles a potência que as imagens têm no mundo contem-porâneo e como ela era utilizada por exemplo antes da invenção da TV ou da internet.

Solicite a seus alunos que pesquisem outras obras que tenham a palavra como ele-mento chave. Alguns artistas como Leonilson, Hélio Oiticica, Léon Ferrari. A relação destes trabalhos, assim como em Nenna, está - na maioria das vezes – associada à ironia ou a contestação. Lebremos que Nenna confronta três materiais, a rocha, o metal e a árvore [ainda que através da semântica].

Proponha com seus alunos um jogo que relacione palavra e imagem. Vocês precisa-rão de uma coleção de imagens e um dicionário da língua portuguesa. Divididos em dois grupos, um grupo de alunos escolherá imagens diversas [o flickr, o pinterest e o googleimages são boas ferramentas para encontrar imagens interessantes. Re-vistas antigas também são boas fontes]. O segundo grupo escolherá palavras no dicionário, por sua sonoridade ou significado. Os grupos entrecruzam uma imagem para uma palavra, tentando construir um contexto, uma narrativa ou um argumento para aquele conjunto palavra-imagem.

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Maurício Salgueiro. Polivisão XLIVX4(Parte 01 de uma composição de 03 quadros. 1994. 85,4 x 85,4 cm. Acervo do Governo do Estado do

Espírito Santo).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: colagem, fotografia, assemblage.

A pintura e o desenho, desde o final da Idade Média, utilizam-se da perspectiva, uma técnica para reproduzir a realidade, composto, a princípio, de três dimensões – altu-ra x largura x profundidade.

Deste modo projetava-se para dentro da tela o espaço real. A arte moderna caminha para diminuir cada vez mais a profundidade, até que os planos coincidam, numa total ausência de profundidae. Pensamos neste estágio, nos driptings de Jackson Pollock e nos blocos de cor de Mark Rothko.

Desde as colagens cubistas este plano já era encarado sem sua profundidade. Ro-bert Rauschenberg, já na década de 1960, utilizará não a profundidade, ou o papel colado sobre a tela, mas os objetos reais, como a vassoura de Fool’s House ou a colcha de cama, em Bed.

Maurício Salgueiro, em suas Polivisões utiliza do mesmo um procedimento seme-lhante. Salgueiro utiliza parte do próprio objeto que gerou a fotografia como inte-grante real do trabalho. Salta do plano da fotografia para o espaço do espectador.

Proposição para sala de aula

Reflita com seus alunos sobre as possibilidades projetadas por Salgueiro para dis-cutir a fotografia.

A realização de fotografias está hoje ao acesso de todos, com câmeras espalhadas em celulares e câmeras digitais acessíveis. Proponha a seus alunos o uso da foto-grafia mas discutindo a proposta de Salgueiro.

Realizem montagens de fotografias, inserindo não o objeto na superfície como em Salgueiro, mas outra imagem na fotografia. Por exemplo, uma foto de um poste de luz pode ter em primeiro plano a fotografia [impressa] ou desenho de um poste diferente, mas que complete a imagem do poste a ser fotografado.

Alguns artistas como Felipe Dulzaides, se utilizam dessa discussão. Apresente seus trabalhos a eles também.

Peça que eles reflitam sobre a ideia dentro da ideia, uma discussão que pode render bons frutos.

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Nenna. Meditação Tradição. Dimensões Variáveis. 2012. (Esta instalação compôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espí-

rito Santo – Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: tradição, instalação, memória, congo, catedral.

O homem é feito de tradições, de repetições, de cultura. Nossos hábitos e costumes tem uma certa homogeneidade mas em geral, as principais características são indi-vidualizadas ou melhor, agrupadas. Os modos de fazer e comer, por exemplo, variam de acordo com a história e os costumes daquele grupo.

A recorrência à história dos lugares e das pessoas é também uma prática associada à arte contemporânea e pode se materializar das mais diferentes formas. Desde a elaboração de fotografias de família acompanhando toda uma geração, como no Projeto Irmãs Brown, de Nicholas Nixon em que acompanha três irmãs por mais de 30 anos. Ou ainda em projetos como da brasileira Ana Tavares, onde pesquisa os canais de água na Holanda e produz, junto com partes da população, uma procis-são [como as brasileiras]. Será possível identificar esse tom também em Nelson Leirner, em seus trabalhos dos cortejos que agrupam ícones de diferentes crenças e ideologias.

Convide seus alunos a observarem a obra. De que Tradição nos fala Nenna? Que elementos são inseridos nesta instalção que nos conecte ao nome da obra? Nenna relaciona essa meditação a uma catedral, um espaço propício à meditar. Somos con-vidados, então, a meditar sobre o termo tradição?

Propostas para Sala de Aula

Após refletir com seus alunos sobre os conceitos de meditação e tradição, propo-nha que conversem com a pessoa mais velha que conheçam. Pode ser a avó(ô), um vizinho, a cozinheira da escola.

Trabalhe com eles a cultura oral e a tradição passada de geração em geração (algo que perdemos um pouco com a comunicação escrita).

Incentive-os a realizar perguntas sobre as tradições daquele bairro ou região, in-dagando sobre as mudanças de comportamento. Ao retornarem a sala cada aluno deverá transmitir também oralmente as experiências adquiridas, as tradições que aprenderam. Aproveite para propor conversas que lidem com a valorização do idoso, das tradições e da cultura popular como instrumento para a criação e valorização da nossa identidade.

Aproveite a conversa para introduzir a preservação como pauta. Reflita com eles sobre o escalonamento da preservação, desde a limpeza dos corredores até uma obra de arte de grande valor histórico. É importante aproximá-los cada vez mais do objeto: seja do institucionalizado, seja da tradição, seja da cultura popular.

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Nenna. Meditação Deus. Dimensões Variáveis. 2012. (Esta instalação compôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espírito Santo

– Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: instalação, imagem, simulação, realidade.

As indagações propostas pela arte, ao longo do tempo, refletem os modos de ser e pensar do homem. Se observarmos o desenrolar da história da arte é possível perceber como o homem de cada período lidou com questões que são universais.

Em diferentes momentos podemos notar a relação estabelecida entre a arte e a vida. Seja nas imagens realizadas em Lascaux na pré-história, seja no Êxtase de Santa Tereza D´Avilla, de Bernini durante o Barroco. Ainda que durante o modernis-mo “a arte” tenha proclamado uma auto-suficiência em relação à Igreja ou ao Estado e tornado presente a realidade da abstração ou da exaltação da sua própria condi-ção como arte. De todo modo, a produção artística tem nos proposto a questionar as diferentes instâncias da vida.

Em Deus, Nenna nos convida a refletir sobre o estatuto da imagem [instigada pela obra Etant Donné, de Marcel Duchamp]. Sobre os instrumentos ópticos e a veraci-dade das imagens produzidas.

Desde a invenção da perspectiva que os artistas tentam reproduzir a realidade. Há a anedota da disputa entre dois pintores gregos, o primeiro pinta uvas tão perfeitas que um passarinho bica o quadro; o segundo ao pintar uma cortina em frente ao

quadro engana o primeiro pintor que tenta retirá-la para ver a verdadeira pintura.

O Diorama, técnica utilizada por Nenna coloca em escala objetos tridimensionais que são visualizados por um orifício. A lógica da sua construção assemelha-se à do cenário ou da disposição dos atores no palco do teatro.

Diante da obra Deus, reflita com seus alunos sobre o que torna ou não uma imagem mais próxima do “real”. É a técnica? É a história ali contada?

Propostas para Sala de Aula

Trabalhe com seus alunos a percepção sobre os diferentes tipos de construção de imagens e sua reprodução existentes hoje.

Desde as tradicionais pinturas e desenho, passando pela câmara obscura, fotogra-fia, televisão e cinema. Todos modos de reproduzir aquilo que os olhos captam. A técnica de filmes em terceira dimensão que nos passam a sensação de que a ação acontece à nossa volta.

Problematize os meios analógicos ou digitais para se construir essas imagens. Des-de a ilusão proposta por Duchamp, em Nu Descendo a Escada e, por Giacomo Balla, Cão na Coleira ainda no começo do século XX. Apresente os mecanismos dos pri-mórdios do cinema como o cinetoscópio, onde existe a ilusão do movimento e con-fronte com as atuais técnicas de vídeo pelo celular ou mesmo as projeções em 3D.

Diante dos diferentes métodos de reprodução do real proponha com seus alunos a eleição do que melhor se encaixe nas suas ferramentas.

Agora que tal discutir com eles a verdade e a ilusão projetadas nas imagens?

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Nenna. Meditação Precipício. Dimensões Variáveis. 2012. (Esta instalação compôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espírito Santo

– Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

Nenna. Meditação Tranquilidade. Dimensões Variáveis. 2012. (Esta instalação com-pôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espírito Santo – Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: dualidade, opostos, diferenças, encontros, meditação.

A arte é repleta de encontros. Entre o artista e a ideia. Entre o espectador e a obra. Entre artista e artista. Aqui propomos o encontro de duas obras da exposição Medi-tações Extravagantes: a meditação Precipício e a meditação Tranquilidade.

A palavra meditação vem do latim meditare que significa esquecer o mundo exterior, voltar-se para o centro, para dentro de si. Está dada a primeira oposição, já que na exposição as meditações extravasam. Elas refletem não para o centro, mas para o exterior. As meditações, aqui, irradiam. Este é nosso ponto de partida para tratar questões que lidam com as possibilidades das diferenças, dos encontros e dos dis-sensos. Nenna nos traz duas obras que se aproximam e distanciam todo o tempo.

Observe Precipício, que sugestões sua configuração espacial nos coloca? A imi-nência de uma ação? A reflexão posta no último instante? A adrenalina instaurada pela ação – mesmo que imaginada – de se aproximar da beirada de uma fenda, nos remete ao colocar-se em movimento, ao deslocar-se? O que vemos no fundo deste precipício?

Em Tranquilidade temos o encontro das diferenças, do antagônico. Nenna propõe a aproximação de duas imagens religiosas de origem distinta. Buda, da religiosidade oriental e Iemanjá, do sincretismo religioso afro-brasileiro. Este encontro é, contu-do, harmoniso, onde as diferenças são convertidas em aproximação. Indague seus alunos sobre as sensações provocadas pelas duas instalações. Que diferenças existem entre elas?

O confronto entre as duas instalações nos remete também ao individual e ao coleti-vo. É no encontro que também nossa individualidade aparece, quando nos diferen-ciamos do outro.

Propostas para Sala de Aula

Professor, aproveite as diferenças propostas pela meditação Tranquilidadee sua re-lação com Precipício e convide seus alunos para discutir sobre a diversidade cultu-ral.

Nossa realidade cultural no Brasil – em especial nos centros urbanos – aproxima-se muito da europeia e norte-americana. Muitas vezes negligenciamos nossos vizi-nhos sul americanos, nossa proximidade com eles e sua cultura.

Peça que seus alunos façam uma pesquisa sobre a cultura dos países sul america-nos. Divida por países ou regiões. Promova uma discussão elencando as aproxima-ções entra essas diferentes culturas e a nossa.

Questione com seus alunos sobre o que absorvemos da cultura trazida pelos portu-gueses [europeus], da cultura local [índios], da que veio com os escravos [africa-nos] e a cultura das outras regiões próximas da América do Sul.

Será que no próprio Brasil temos uma cultura única? Algum elemento que seja ca-paz de identificar o brasileiro do Acre e o do Rio Grande do Sul? Discuta com eles a condição de

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Nenna. Meditação Mundo. Dimensões Variáveis. 2012. (Esta instalação compôs a exposição Meditações Extravagantes, no Museu de Arte do Espírito Santo

– Dionísio Del Santo de 19 de Abril a 22 de Julho de 2012).

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: geografia, fronteira, território e cultura.

A relação do sujeito no espaço está pautada em práticas de identificação, localiza-ção e deslocamentos. A natureza, a geografia sempre vigoraram como elementos de reconhecimento da modificação entre um espaço e outro.

A ampliação e o conhecimento das porções de terra habitadas e dominada por dife-rentes grupos é imperativo para a construção de linhas imaginárias que separam não só as áreas físicas do território mas que também diferenciam, muitas vezes, costumes, riquezas, línguas.

Com seu Mundo, em azul, Nenna nos convoca a refletir sobre as fronteiras, sua di-luição ou adensamento.

Reflita com seus alunos quais os parâmetros para o estabelecimento de fornteiras? Sabemos que em várias situações são as condições geográficas e/ou a exploração da terra que delimitam essas fronteiras de território, sem considerar as diferentes culturas que são separadas por essas divisões.

Indague seus alunos sobre os prós e contras das fronteiras. É viável pensarmos nesse mundo sem fronteiras, que nos interroga Nenna? A diluição das fronteiras

culturais não leva a uma pasteurização e um enfraquecimento das culturas locais?Nelson Leirner também lida com esse apagamento das fronteiras em seus Mapas, ressaltando a dominação cultural americana, por exemplo.

Propostas para Sala de Aula

Proponha a seus alunos que estabelaçam uma relação com a rua, a cidade ou o bair-ro em que vivem (dependendo do tipo de abrangência possível).

Utilize um mapa físico do bairro ou cidade (existem alguns encartados nas listas telefônicas) como guia. Divida a turma em grupos para que façam uma pesquisa sobre as manifestações culturais que acontecem.

Apresente a seus alunos como proposta que após a pesquisa eles reconfigurem o mapa da cidade a partir de outros conceitos, como o das manifestações culturais pesquisadas.

Outra proposta é a construção de mapas/percursos poéticos, utilizando diferentes parâmetros para a construção, seja uma coleção de memórias, seja instruções da-dos por outrem.

Que tal apresentar a seus alunos também a exposição Mapas Invisíveis (http://mapasinvisiveis.wordpress.com/), curadoria de Daniela Name que ocupou a Caixa Cultural em São Paulo em 2011, outras proposições de articulações entre mapas, cidades e memórias é possível a partir dela.

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Raphael Samú. Ponte Seca. Desenho - nanquim e ecoline sobre papel. 1963. 46 x 63 cm.

Acervo do Governo do Estado do Espírito Santo.

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave: cidade, memória, monumento,

Raphael Samú trabalha com a cidade como elemento principal de sua obra, seja na gravura, na serigrafia ou no mosaico.

Os moradores de Vitória são capazes de identificar os pontos da cidade retrtados por Samú, muitas vezes sem fazer referência aos títulos.

A cidade, contudo, está em constante mutação e cada vez mais veloz gerando ruí-nas, detritos e memórias.

Outro artista, o americano Robert Smithson, utilizava os próprios elementos da pai-sagem para construir suas obras, como o famoso Spiral Jetty, em que cria um pier em forma de espiral em um lago salgado nos Estados Unidos. Este tipo de trabalho ficou conhecido como Land Art ou Arte da Terra. Smithson realiza um trabalho cha-mado “Monumento à Paisac”, onde elege e fotografa os “anti-monumentos” de sua cidade natal. Galpões abandonados, manilhas de esgoto. Tudo o que não se veria nos cartões postais de Paissac. Smithson, ao contrário de Samú escolhe os pontos que não seriam vistos, ou não queriam ser vistos pelos cidadãos ou turistas de Paissac.As duas propostas, de valorização e denúncia/reflexão, são importantes mecanis-mos para pensarmos na cidade como um organismo vivo e passível de interferência.

Proposição para sala de aula

A possibilidade de pensar a cidade é importante na criação de referências espaciais e sociais.

Convide a turma a pensar sobre o seu bairro ou cidade. Quais são os elementos co-nhecidos? Quais são as zonas problemáticas, esquecidas, invisíveis?

Divida a turma em dois grupos. O primeiro, deverá fotografar no bairro ou cidade os pontos que não são tão visitados como pontos turísticos mas que poderiam cumprir tal papel perfeitamente.

O segundo grupo deverá buscar os anti-monumentos, como na proposta de Smith-son. Os lugares problemáticos, desestetizados. Peça aos alunos para anotarem as coordenadas (rua, bairro, número) de cada foto-grafia.

De volta à escola peça que cada grupo apresente a turma suas escolhas. Se a sua escola dispuser de computadores com internet, acesse o Google Mapas e insira as fotografias dos lugares escolhidos, marcando na internet uma nova configuração para sua cidade.

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Dionísio del Santo. A fera e a vítima. Desenho - grafite e nanquim sobre papel. 1959. 47,5 x 64,3 cm. Acervo do Governo do Estado do

Espírito Santo.

A seleção desta imagem para compor o material educativo destinado ao professor parte das possibilidades de associação do tema por ela tratado com questões re-lativas à arte contemporânea e seus múltiplos diálogos. Lembramos que as infor-mações contidas nesse encarte são destinadas aos professores, por isso deve-se evitar expô-las aos alunos para que os mesmos apreciem a imagem e estabeleçam uma relação direta com ela e possam interpretá-la sem interferências prévias.

Palavras-chave:desenho, linha

Dionísio Del Santo artista nascido em Colatina/ES trabou com diferentes meios e suportes: desenho, pintura e gravura.

Grande parte de usa obra é caracterizada pela presença marcante da linha.

A linha, que segundo Houaiss é um “traço contínuo, alongado, real ou imaginário, representativo de uma extensão que se considera hipoteticamente como não ten-do largura nem altura, apenas comprimento”, é muitas vezes o único elemento que ocupa o papel. Reta, sem curvas, somente dobras.

As linhas de Dionísio definem o plano do suporte. Criam novas dimensões. Na his-tória da arte ela, a linha, sempre foi elemento de importância: no Renascimento e no Neoclássico mais evidente, no Barroco e no Romatismo menos definida. Em Dio-nísio essa linha é ao mesmo tempo contorno e preenchimento. É, portanto, uma condição diferenciada do desenho.

Analise com seus alunos a obra de Dionísio. Que relação esta linha estabelece com o suporte? Podemos idzer que essa linha é orgânica? Ou é reta ?

O trabalho de Dionísio nos leva a refletir sobre uma outra definição para o termo Desenho?

Compreendendo que a essência do desenho se apresenta na linha, apresente a seus alunos as obras de Frank Stella e de Jesús Rafael Soto.

Estabeleçam as aproximações e diferenças entre os três artistas.

Podemos dizer que pode existir aí uma outra difinição para Desenho? A ocupação do espaço pela linha é também desenho?

Proposição para sala de aula

Converse com seus alunos sobre o desenho 3D. Discuta com eles o termo, por que 3D? O que siginfica 3D?

O desenho de Dionísio é realizado em duas dimensões (altura x largura), o desenho em 3D (como em Sotto), tem ainda a profundidade.

Proponha a seus alunos que escolham um determinado espaço, quem sabe a sala de aula ou o pátio. Utilizem fios de barbante (crus ou coloridos) e amarrando os fios no espaço construam o desenho em 3D.