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Experiências Compartilhadas: Saúde Materno-Infantil, Internet, Empoderamento Seminário Preparatório da Semana Mundial de Aleitamento Materno - SMAM 2011 Amamentação: uma experiência em 3D Ana Carolina A Franzon http://partonobrasil.blogspot.com GEMAS Gênero, Evidências, Maternidade, Saúde (Faculdade de Saúde Pública/USP) São Paulo Maio 2011

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Experiências Compartilhadas:Saúde Materno-Infantil, Internet, Empoderamento

Seminário Preparatório da Semana Mundial de Aleitamento Materno - SMAM 2011

Amamentação: uma experiência em 3D

Ana Carolina A Franzonhttp://partonobrasil.blogspot.com

GEMAS – Gênero, Evidências, Maternidade, Saúde (Faculdade de Saúde Pública/USP)

São PauloMaio 2011

Este ano estamos pedindo a cada um de vocês que amplie seus horizontes, através de todo e qualquer meio de comunicação ao qual tenha

acesso, e compartilhe as mensagens necessárias para empoderar toda mulher e

toda comunidade, para que tenham sucesso no ideal de amamentação.

Com tantas formas de comunicação acessíveis pela ponta dos dedos, agora é o momento perfeito para

compartilhar e empoderar.

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

(WABA 2011)

SMAM 2011- Amamentação Um experiência 3D

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Sumário da Apresentação

1. Sociedade da Informação

2. Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

3. www.partonobrasil.com: Obstetrícia, Internet e Empoderamento

4. Considerações Finais

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Conhecimento

É um processo dinâmico, socialmente construído.

Tod@s somos co-criadores de conhecimentos.

Há diferentes fontes: professores, livros, sociedade, família, veículos de comunicação, experiência prática vivenciada.

Sociedade da Informação

Informação

Conjunto de dados, organizados e referenciados de tal forma queadquirem sentido ou utilidade para alguém.

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Qual o poder da informação em saúde?

Na prática clínica, há troca de dados, informações ou conhecimentos?

A mídia publica dados, informações ou conhecimentos?

E a Internet?

Sociedade da Informação

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Aos poucos, variadas tecnologias permitiram a comunicação de um emissor para muitos

receptores

Registros iconográficos, pinturas, esculturas, e linguagem escrita

1 se comunica com muitos

Originalmente, a comunicação dá-se entre um emissor e um receptor

Oralidade

1 se comunica com 1 (ou poucos)

Socedade da InformaçãoSociedade da Informação

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

A Internet provoca uma transformação

inovadora nos modos de comunicar

“Dilúvio de informações” Pierre Levy, Cibercultura (Editora 34)

Sociedade da Informação

Blogs, sites e comunidades virtuais organizadas

por usuárias e suas características específicas:

Saber compartilhadoRelato de experiências

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Qualidade da Informação sobre Saúde na Internet

A Internet tem uma grande vantagem que é seu maior problema:

tod@s podem produzir informação

Sociedade da Informação

(LAISS/FIOCRUZ/RJ: conteúdo, design, legibilidade)

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

No Brasil, o acesso a Internet cresce*

Domicílios brasileiros: 34% possuem computador;

27% com Internet

População brasileira (acima de 10 anos): 53% já utilizou alguma

vez um computador; 49% já acessou a Internet

Nos últimos 10 anos: ocorreu crescimento de 289% na quantidade de pessoas que

acessam a Internet em suas residências267 mil novas pessoas/ mês.

* Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI, 2010).

Sociedade da Informação

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Como os Documentos sobre Promoção da Saúde mencionam a informação?

Qual o papel da informação na Promoção da Saúde?

(André PEREIRA NETO, 2011.)

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Eventos e publicações

Conferência de Ottawa (Canadá, 1986);

Declaração de Adelaide (Austrália, 1988);

Declaração de Sundsvall (Suécia, 1991);

Declaração de Bogotá (Colômbia, 1992);

Declaração de Jacarta (Indonésia, 1997);

Conferência do México (2000);

Carta de Bangkok (Tailândia, 2005).

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Carta de Ottawa, 1986

“Alcançar a eqüidade em saúde é um dos focos da promoção da

saúde. (...) Isto inclui uma base sólida: ambientes favoráveis,

acesso à informação” (...).

“Desenvolvimento das Comunidades (...) requer um total e

contínuo acesso à informação” (...) .

“A promoção da saúde apoia o desenvolvimento pessoal e social

através da divulgação de informação, educação para a saúde e

intensificação das habilidades vitais”.

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Declaração de Adelaide, 1988

“Por sua participação efetiva na promoção dasaúde, as mulheres deveriam ter mais acesso àinformação e aos recursos do setor”.

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Declaração de Santa Fé, 1992

“O repasse de informação e a promoção doconhecimento constituem valiosos instrumentos para aparticipação e as mudanças dos estilos de vida nascomunidades.”

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Declaração de Jacarta, 1997

“Aprender sobre saúde fomenta a participação. O acesso àinstrução e à informação é essencial para alcançar a participaçãoeficaz e o direito de voz das pessoas e das comunidades”.

“A promoção da saúde efetua-se pelo e com o povo, e não sobre e para o povo. Ela melhora tanto a habilidade das pessoas para agir como a capacidade de grupos, organizações ou comunidades para influenciar os determinantes da saúde.”

Tanto a comunicação tradicional como os novos meios de informação apoiam esse processo. É necessário utilizar os recursos sociais, culturais e espirituais de formas inovadoras”.

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Carta de Bangkok, 2005

“A promoção da saúde é o processo que permite aspessoas aumentar o controle sobre sua saúde e seusdeterminantes, mobilizando-se (individual ecoletivamente) para melhorar a sua saúde. É umafunção central da saúde pública e contribui para otrabalho de enfrentar as doenças transmissíveis e nãotransmissíveis, além de outras ameaças à saúde”.

Que papel desempenha a informação?

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Comunicação Estratégica: Informação e Promoção da Saúde

Comunicação interessada: similaridade de contextos

Em comunidades virtuais, seus participantes:

Ocupam e constroem espaços coletivosReconhecem e são reconhecidos por seus gruposCriam relacionamentos de diferentes intensidades e qualidadesRealizam construções coletivas de conteúdos e de compreensão da realidade

(Wilma Madeira da SILVA, 2011.)

Apoio e Orientação

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Porque pessoas se tornam integrantes de comunidadeBuscam relacionamentos, motivados pela necessidade de receber

informações sobre saúde e doenças; buscam mudança de suassituações por meio da comunidade virtual

O que pessoas fazem nas comunidades virtuaisi. Solicitam, e esperam, que outros esclareçam dúvidas, baseados

nas experiências vivenciadasii. Compartilham informações e experiências sobre:

– Riscos, sintomas e resultados de exames e de tratamentos– Referências e orientações técnicas e bibliográficas– Hipóteses diagnósticas possíveis de determinados casos

discutidos– Sentimentos e apoios; criam vínculo afetivo– Como manter a saúde física e o bem-estar social e

psicológico

iii. Questionam postura, formação e qualidade de atendimentosprestados por profissionais médicos

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Roteiro de transformação reconhecido

i. Indivíduo vai ao médico em busca de solução para a sua queixa

ii. Médico atende e formula hipóteses, diagnósticos e procedimentos(ocorre em diferentes níveis de diálogo; quantidade e qualidade)

iii. Paciente busca informações na Internet com motivações diversas

iv. Paciente se torna integrante de alguma CV temática (queixa se torna hipótese

diagnóstica e oferece a ponte de acesso)

v. Integrante se apresenta à CV (apresenta seu possível diagnóstico, questões e espera respostas)

vi. Inicia-se relação de compartilhamento de informações e experiências

vii. Integrante volta ao consultório formulando novos questionamentos (o

diálogo é mais questionador)

viii. Médico interage mais (esclarece dúvidas, diagnósticos e opções de tratamento)

ix. Médico e paciente dialogam e a autonomia do paciente prevalece (soma-

se competências técnicas e informações e sensações do paciente)

x. Paciente retorna à CV colaborando (com a ‘rede de apoios’ a construção de conteúdos)

xi. Paciente apresenta-se mais participativo na manutenção de sua saúde(adquire competências específicas e autonomia)

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

Percepções da transformações em curso

O conhecimento adquirido e construído nas comunidades virtuais pode se estruturar como habilidade do paciente, com potencial de modificar seu papelna relação com o médico

A relação médico-paciente tem sofrido importantes interferências, no sentido do fortalecimento da autonomia do paciente*

A autonomia é de interesse da categoria médica, constatado em análise do Novo Código de Ética Médica

Compartilhamento de informações e experiências produz influência mútua naforma como pacientes lidam com a doença, o sofrimento, o cuidado e a relaçãocom o médico

Constatações gerais

Há um maior acesso às informações facilitado pela Internet

Há produção de novos conhecimentos

Há consciência de valores de direitos

Há noções de pertencimento, de solidariedade, de comunidade

Há resultados práticos desse processo, com mais intervenção, questionamentos e busca por alternativas

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www.partonobrasil.comObstetrícia Internet Empoderamento

Observamos propostas e conteúdos que correspondem aos conceitos de

promoção da saúde e prevenção quaternária em saúde.

A promoção da saúde compreende um conjunto de ações estratégicas para enfrentar os múltiplos problemas de saúde das populações, articulando saberes técnicos e populares.

A prevenção quaternária evita a iatrogenia associada às intervenções médicas inapropriadas, sugerindo alternativas eticamente aceitáveis.

Saúde Materno-Infantil, Internet, EmpoderamentoExperiências Compartilhadas

O objetivo é problematizar como as informações sobre parto e nascimento que

circulam na internet podem corresponder de modo eficiente à proposta de

empoderamento comunitário, por meio da informação em saúde.

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i) Mostrar os riscos à saúde, de mães e bebês, causados por práticas obstétricas inadequadas e intervencionistas;

ii) Resgatar o nascimento como evento existencial e sócio-cultural crítico, com profundas e amplas repercussões pessoais;

iii) Incentivar as mulheres a aumentar sua autonomia e poder de decisão sobre seus corpos e seus partos;

iv) Aliar conhecimento técnico e científico, sistematizado e comprovado, a práticas humanizadas do atendimento ao parto e nascimento.

Objetivos institucionais da ReHuNaRede pela Humanização do Parto e Nascimento

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Observação interativa diária durante os meses de agosto e

setembro de 2010

57 de 92 posts(63%)

compreendiam critérios da

ReHuNa

23 de 59 posts(39%)

compreendiam critérios da

ReHuNa

13 de 25 posts(52%)

compreendiam critérios da ReHuNa

Criada em 2006, reúne mulheres de todas as regiões do Paraná na condição de usuárias dos sistemas de saúde. São 119

associad@s, que circulam em média 122 mensagens/mês.

http://br.groups.yahoo.com/group/gestaparana/

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Em última instância, a análise evidencia narrativas de empoderamento feminino que

confirmam a importância estratégica da escolha informada para o respeito às

individualidades e o favorecimento das boas práticas na atenção ao parto vaginal.

Esta é uma nova postura que se coloca ante a obstetrícia brasileira – que não deve, no

entanto, ser considerada como atitude de confronto com o saber técnico especializado;

mas, sobretudo, como expressão contemporânea da disposição que os

pacientes têm para participar dos seus próprios processos de saúde/doença

Parto: Uma Dimensão do Gozo FemininoPaulo Batistuta (2006)

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http://partonobrasil.blogspot.comhttp://blogmamiferas.com.brhttp://whatmommyneeds.net

http://gestaparana.blogspot.comhttp://www.rehuna.org.br

http://maesdapatria.wordpress.com

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PEREIRA NETO, André. Informação, Internet e Promoção da Saúde. Cursode Curta Duração. V Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanasem Saúde. São Paulo. 2011.

SILVA, Wilma Madeira da. Transformar é Preciso: Transformações narelação de poder estabelecida entre médico e paciente (um estudo emcomunidades virtuais). Tese de Doutorado. Faculdade de Saúde Pública daUSP, 2011.

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Ana Carolina Arruda FranzonGEMAS – Gênero, Evidências, Maternidade, Saúde

Departamento de Saúde Materno-Infantil Faculdade de Saúde Pública FSP-USPhttp://partonobrasil.blogspot.com

[email protected]

Muito obrigada!