expectativas de aprendizagem em arte

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Expectativas de aprendizagem em Arte - 6º ao 9º ano Confira o que a turma deve aprender no Ensino Fundamental II O bom currículo de Arte para 6º a 9º ano deve contemplar quatro linguagens - artes visuais, música, teatro e dança - trabalhadas de forma integrada. Para tanto, é preciso basear o fazer pedagógico da disciplina em três eixos norteadores: reflexão, apreciação e produção; de modo que a turma vivencie a arte em todas as suas dimensões. Mais sobre Planejamento Expectativas de aprendizagem Ensino Fundamental II: Ciências Educação Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Tudo sobre planejamento Planejamento na rede Planejamento na escola Planejamento na sala de aula Plano de aula É grafite ou não é? Expectativas de aprendizagem ■ Perceber as pequenas variações dos elementos da linguagem visual, como tons e semitons das cores, diferenças de textura e forma etc. ■ Valorizar o(s) autor(es) dos objetos culturais, intérpretes das músicas e canções apreciadas, conhecendo sua biografia e suas principais obras.

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Page 1: Expectativas de Aprendizagem Em Arte

Expectativas de aprendizagem em Arte - 6º ao 9º ano

Confira o que a turma deve aprender no Ensino Fundamental II

O bom currículo de Arte para 6º a 9º ano deve contemplar quatro linguagens - artes visuais, música, teatro e dança - trabalhadas de forma integrada. Para tanto, é preciso basear o fazer pedagógico da disciplina em três eixos norteadores: reflexão, apreciação e produção; de modo que a turma vivencie a arte em todas as suas dimensões.

Mais sobre Planejamento

Expectativas de aprendizagem Ensino Fundamental II:

Ciências Educação Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática

Tudo sobre planejamento

Planejamento na rede Planejamento na escola Planejamento na sala de aula

Plano de aula

É grafite ou não é?

Expectativas de aprendizagem ■ Perceber as pequenas variações dos elementos da linguagem visual, como tons e semitons das cores, diferenças de textura e forma etc. ■ Valorizar o(s) autor(es) dos objetos culturais, intérpretes das músicas e canções apreciadas, conhecendo sua biografia e suas principais obras. ■ Produzir objetos culturais visuais, individualmente e em grupo, utilizando suportes, materiais e técnicas variados. ■ Reconhecer diferentes ritmos musicais. ■ Apreciar peças teatrais da comunidade e pertencentes ao contexto jovem. ■ Criar e construir cenas que contenham enredo/história/conflito dramático, personagens/diálogos, local e ação dramática definidos.

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Aula de Artes

Elaborado por Simone e Marcela, estudantes do último ano de Pedagogia do Mackenzie.

1ª Aula - Tons e cores.(Educação infantil)Objetivo: Proporcionar a descoberta de novas cores e tons

Sunflowers – Van Gogh

Iniciaremos a aula com uma conversa sobre as variedades das cores, dos tons e a diversidade de cores que podemos obter quando misturamos uma cor com a outra. Para ilustrar melhor, levaremos obras do Candido Portinari e Van Gogh, a fim de mostrar as cores e os tons utilizados nas pinturas.Com tinta guache e muita mistura, iniciaremos nosso trabalho na intenção de obter diferentes tons e cores.

Com essa mistura descobriremos tons de azuis, rosas, verdes, enfim criaremos uma variedade de cores.

2ª Aula – Cores Primárias(Educação Infantil)Objetivo: Explicar a origem das cores

A intenção desta aula é apresentar para as crianças as cores primárias. Mostraremos as cores primárias e explicaremos o porquê elas são chamadas desta forma.Explicaremos que o amarelo, o vermelho e o azul são chamadas de cores primárias, porque são com elas que formamos outras cores.AMARELOVERMELHOAZUL

Como por exemplo:

AMARELO+ VERMELHO = LARANJA ou VERDE ou também VIOLETA

Após a explicação faremos misturas de cores em copinhos plásticos e com pincéis pintaremos um desenho entregue pela professora.

3ª Aula – Arte com giz de ceraObjetivos: Propiciar momentos de descoberta(Educação Infantil)

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Para essa aula apresentaremos uma atividade diferente. Iniciaremos a aula com uma conversa sobre a arte e de que forma ela acontece e logo após começaremos a atividade.Primeiramente distribuiremos folhas de papel sulfite e giz de cera para os alunos.Logo após dobraremos a folha no meio e apontaremos o giz produzindo assim as raspas do giz de cera, usaremos diversas cores para que o trabalho fique bem colorido. Em seguida espalharemos as raspas do giz na folha de papel (dobrada) passamos o ferro de passar (quente) em cima, aquecendo e derretendo assim o giz de cera, proporcionando formas e cores diferentes.

4ª aula – Técnica Pintura com Terra e ColaObjetivos: Apresentar com um material não convencional uma diferente maneira de se fazer tinta(Educação Infantil)

Apresentaremos nesta aula a técnica de pintura com terra e cola branca.Pediremos para as crianças trazerem de suas casas um pouco de terra seca do jardim ou de um vaso.Pegaremos copos plásticos e misturaremos a terra com a cola, numa quantidade que fique numa textura nem muito líquida e nem muito espessa.Mostraremos para as crianças as diferentes tonalidades de marrom que surgiram devido à diferença da cor das diferentes terras trazidas por elas.A seguir entregaremos uma folha e um pincel para cada criança e pediremos para que elas desenhem livremente com aquela “tinta” formada pela mistura da terra e da cola.

5ª aula – Técnica Pintura com Pasta de Dente Colorida com AnilinaObjetivos: Explorar a criatividade usando material de higiene para fazer arte(Educação Infantil)

Solicitaremos para cada criança, que tragam de casa um tubo pequeno de pasta de dente (de preferência branca).Na sala de aula, colocaremos as pastas de dentes em copos plásticos e tingiremos com anilina de diferentes cores.Reuniremos as crianças de modo que possam usar as cores uns dos outros e entregaremos uma folha de papel canson, por se mais espessa e pela cola ser mais pesada em relação à outra tinta.Pediremos que façam desenhos usando o dedo e a tinta feita com a pasta de dente e observem a diferença na textura e no cheiro.

6ª aula – Técnica de Pintura com espumaObjetivos: Apresentar nova técnica de pintura substituindo o pincel pela espuma(Educação Infantil)

Explicaremos para as crianças a técnica de pintura usando uma espuma. Mostramos as possibilidades de criações feitas com este material. Cada maneira de usar a espuma cria um efeito diferente, por exemplo: dando breves batidinhas de tinta com a espuma no papel, arrastando a espuma com tinha e até criando uma textura diferente usando uma quantidade de tinha maior.Entregaremos para cada criança um pedaço de espuma, tinta guache de diferentes cores e uma folha de papel canson e pediremos que elas façam desenhos usando as diferentes formas de pintura com a espuma que foram apresentadas.

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7ª aula – Luz, Cor e FormaObjetivos: Apresentar como é feita uma obra de arte(Educação Fundamental)

O Gato - Aldemir Martins

Abaporu - Tarsila do Amaral

O intuito desta aula é explicar para as crianças como é feito um quadro.Começamos a aula mostrando várias imagens de quadros famosos, tais como: Gato de Aldemir Martins e a obra Abaporu de Tarsila do Amaral.Explicamos que geralmente o pintor faz vários rascunhos antes de espalhar as tintas sobre a tela. Para isso muitas vezes usa-se carvão. Mas é com as tintas e o pincel que a pintura vai se formar. E são as tintas que darão os três efeitos necessários para a pintura, são eles: luz, cor e forma.Usando um pincel com tinta, mostramos os efeitos que podemos formar de luz, cor e forma, como por exemplo: um pingo, um risco, uma curva, etc.Explicaremos a partir daí a importância da luz para a pintura e mostraremos exemplos nas obras apresentadas.Em seguida, entregaremos uma folha, pincel e tintas guache para as crianças fazerem suas obras, baseadas nas informações aprendidas.8ª Aula – Técnica de Pintura com Guache e Sabão em Pó

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Objetivos: Explorar a criatividade usando material de limpeza para fazer arte, explorando textura e cheiros(Ensino Fundamental)

Pediremos para as crianças que tragam uma pequena quantidade de sabão em pó de casa para fazermos uma atividade de pintura.Apresentaremos uma técnica de pintura que mistura guache e um pouco de sabão em pó, que pediremos que tragam uma pequena quantidade de casa.Nesta técnica, colocaremos várias cores de tinta guache em vários copos plásticos e em cada copo misturaremos um pouco de sabão em pó.Pediremos para as crianças colocarem variadas cores em uma folha de papel, pingando-as e espalhando-as aleatoriamente, após feito isto, orientaremos cada criança dobrar com cuidado sua folha ao meio para depois de aberta ver o desenho que se forma.Pediremos para as crianças que observem as criações uns dos outros, a textura e o cheio da tinha misturada com o sabão em pó.

9ª Aula – Traços e desenhos geométricos.Objetivo: Apresentar o uso de figuras geométricas na confecção de obras de artes(Ensino Fundamental)

Natureza morta – Ianelli

Menina com Bandolim - Picasso

Guitarra – Picasso

Nessa aula mostraremos como é possível usar figuras geométricas para confeccionar obras de arte. Observaremos o quadro de Ianelli (Natureza Morta) e obras de Picasso, como “Guitarra” e “Menina com bandolim”, uma pintura cubista que foge da forma tradicional de pintura. Na obra Guitarra, explicaremos que empregam-se colagens , papéis diversos, como jornais, papéis de paredes, etc. Há um interesse grande por texturas e materiais e as cores se tornam muito mais vivas.Nesta aula podemos utilizar jornais, revistas para tentar reproduzir de uma forma

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própria o quadro, se libertando de qualquer procedimento imitativo e sim interpretativo.

10ª Aula – Leveza / espontaneidade

Objetivo: Promover a criatividade sem o uso de uma técnica específica

(Ensino fundamental)

O intuito desta aula é propiciar algo que fosse relaxante e estimulasse a espontaneidade das crianças.Levaremos um aparelho que toca cd, e ouviremos CD da Enia, e deixaremos que trabalhem livremente de forma espontânea, desenhado e construindo algo que nunca antes tivessem pensado ou até mesmo feito. O intuito dessa aula era proporcionar leveza, descontração e espontaneidade para construir.

11ª aula – Técnica de Pintura com guache e colaObjetivos: Apresentar obras de arte de Candido Portinari e mostrar como a mistura de dois materiais já conhecidos pelas crianças, pode formar uma tinta diferente.(Educação Fundamental)

Meninos Brincando Pipas

Nesta aula apresentaremos uma técnica que mistura guache e cola branca. Numa proporção de 2 partes de guache para uma de cola branca. Esta mistura deixa a tinta formada mais espessa e com mais brilho em relação ao guache.Apresentaremos várias obras de Candido Portinari (acima), que mostram várias brincadeiras de crianças, falaremos brevemente sobre Candido Portinari e sua importância para a Arte do País.A seguir entregaremos uma folha e a mistura com guache e cola para as crianças, que devem estar reunidas em uma mesa para poderem dividir as diferentes cores e pediremos que pintem sua brincadeira predileta.12ª aula – Monalisa Estilizada (Técnica Sfumato)Objetivos: Apresentar o artista Leonardo da Vinci e sua importante obra “Monalisa”, e também apresentar a técnica do sfumato, utilizada por ele para pintá-la.(Educação Fundamental)

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Monalisa – Leonardo da Vinci

Nesta aula falaremos sobre o pintor Italiano Leonardo da Vinci e sua famosa obra Monalisa, provavelmente a obra mais famosa da história da Arte. Conversaremos com as crianças sobre seu valor e sobre o Museu do Louvre na França, local onde a obra esta exposta. Explicaremos que a técnica utilizada por Leonardo da Vinci para pintar a Monalisa foi o Sfumato que em italiano quer dizer “misturado” ou “esfumaçado”. Esta técnica apresenta uma pintura sem linhas ou limites, como se fosse fumaça. A seguir entregaremos para as crianças uma folha apenas com o contorno da Monalisa e pediremos que pintem com lápis de cor e giz de cera a figura da Monalisa como se ela vivesse nos dias de hoje, tentando a medida do possível fazer pinturas esfumaçadas, usando raspas da grafite e o dedo.

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Artes

Pintores negros

Valéria Peixoto de Alencar*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Objetivos- Conhecer alguns artistas plásticos brasileiros que são afrodescendentes.- Estudar as características das obras desses artistas.

IntroduçãoDesde o início da vigência da Lei nº 10.639, em 2003, os temas referentes à cultura afro-brasileira tornaram-se obrigatórios nos currículos do ensino fundamental e médio. Este plano de aula busca trabalhar o assunto a partir da produção pictórica de artistas afrodescendentes brasileiros.

MaterialO texto Pintores Negros - Contribuição negra à arte brasileira é um ótimo ponto de partida.

Estratégia- Leitura e interpretação do texto.- Pesquisa dos artistas citados no artigo.- Pesquisa de artistas brasileiros negros contemporâneos.

AtividadeDivididos em grupos, os alunos serão orientados a pesquisar sobre os artistas citados no texto. Além disso, podem trabalhar com artistas contemporâneos que o professor proponha. Devem pesquisar:1. artista (biografia);2. obras (características); e3. influências.Sob a orientação do professor, devem elaborar, com os resultados das pesquisas, painéis que serão exibidos na escola.

Sugestões- Os painéis devem ser elaborados na sala de informática da escola. Caso a escola não possua tal estrutura, podem ser feitos manualmente, com cartolina ou papel Kraft, mas é importante que o professor estimule o uso do computador como ferramenta de pesquisa e elaboração de trabalhos.

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Pintores Negros

Contribuição negra à arte brasileiraDa Página 3 Pedagogia & Comunicação

O artista plástico e museólogo Emanoel Araújo resgatou a obra dos pintores negros brasileirosQuando se fala na contribuição que os negros deram à civilização e à cultura brasileira, dificilmente se pensa de imediato em artes plásticas. Em geral, o que vem à lembrança é a música, em primeiro lugar, e fenômenos a ela relacionados, como os desfiles de escola de samba, o carnaval e outras manifestações.

Depois disso, talvez se mencionem obras arquitetônicas e esculturais do Brasil Colônia e, mais recentemente, talvez se fale em literatura, por se levarem em conta as origens negras ou mestiças de escritores como Machado de Assis ou Mário de Andrade. No entanto, não são tão poucos os brasileiros negros que se dedicaram à pintura, nem é pequeno o valor artístico de sua produção pictórica.

Suas obras têm sido resgatadas pelo artista plástico e museólogo Emanoel Araújo, desde o centenário da abolição da escravatura, em 1988, com a exposição "A Mão Afro Brasileira", e teve continuidade com a mostra "Negros Pintores", que se inaugurou no Museu Afro Brasil, em São Paulo (SP), em agosto de 2008.

Dez artistas

Nela, reuniram-se 140 pinturas de 10 artistas atuantes entre a segunda metade do século 19 e as primeiras décadas do século 20. O período em questão, na verdade, ainda não mereceu maior atenção dos estudiosos e historiadores da arte. Ao contrário, Emanoel Araújo ressalta "os maus tratos, a ignorância e a insensibilidade com que se trata no Brasil a história e a memória iconográfica" dessa época.

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"Durante muito tempo", diz o museólogo, "pouco se sabia sobre esses pintores, pouco se conhecia de sua produção artística". "Na verdade, essas obras ainda surpreendem quando aparecem no mercado de arte", ele acrescenta, lembrando "a necessidade de uma política de revisão para resgatar em profundidade essa produção artística".

De qualquer modo, dez artistas já passaram a ter seus nomes inscritos, definitivamente, na história da arte no Brasil. "A vida de cada um deles", conta Araújo, "foi uma interminável batalha, um grande esforço pessoal, de uma tenacidade inimaginável, pela afirmação e reconhecimento de suas obras". "O fato de seus nomes permanecerem já credencia a raça negra ao reconhecimento da nação pela sua contribuição à construção da cultura brasileira", conclui.

Arthur Timótheo (1882-1922)

Estudou na Casa da Moeda do Rio de Janeiro e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes. Foi pintor de paisagens e figuras, destacando-se entre essas nus e retratos. Algumas de suas paisagens impressionam pela textura, pela luminosidade e pela intensidade do colorido. Esteve na Europa onde manteve contatos artísticos que o influenciaram.

Benedito José Tobias (1894-1963)

O artista é mais conhecido pelos pequenos retratos de negros e negras realizados a óleo sobre madeira ou a guache sobre papel, “com maestria e com uma certa tensão expressionista”, segundo avaliação de Emanoel Araujo. Tobias tem obra pouco pesquisada ainda, apesar da qualidade e do empenho do artista em desenvolver a técnica pictórica.

Benedito José de Andrade (1906-1979)

Pouco conhecido ainda, o artista paulista realizou obras entre as décadas de 30 e 40. Freqüentou o Liceu de Artes e Ofícios, sendo aluno de Viggiani, Panelli e Enrico Vio. Recebeu vários prêmios e está inserido historicamente numa circunstância de intensa produção artística.

Emmanuel Zamor (1840-1917)

Nasceu em Salvador, mas foi criado nas Europa pelos franceses Pierre Emmanuel Zamor e Rose Neveu, seus pais adotivos. Estudou música e desenho na Europa. Foi pintor e cenógrafo. Freqüentou a Academie Julian, em Paris, anos antes de Tarsila do Amaral. Voltou ao Brasil entre 1860 e 1862, quando parte de suas obras foi destruída em um incêndio no Brasil.

Estevão Silva (1845-1891)

Foi o primeiro pintor negro a se formar na Academia Imperial de Belas Artes e pode ser

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considerado um dos melhores pintores de natureza morta do século 19. Realizou igualmente pinturas históricas, religiosas, retratos e alegorias. A crítica ressalta a qualidade das composições do artista, realizadas com prodigalidade de vermelhos, amarelos e verdes.

Firmino Monteiro (1855 – 1888)

Nasceu no Rio de Janeiro e teve infância atribulada. Exerceu várias profissões: encadernador, caixeiro e tipógrafo. Cursou a Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de Victor Meireles. Sua reputação se deve à pintura histórica e de gênero, mas executou pintura religiosa e principalmente paisagens.

João Timótheo (1879-1932)

Artista de produção numerosa (deixou cerca de 600 obras), iniciou o aprendizado na Casa da Moeda do Rio de Janeiro. Pintor, decorador e gravador, realizou paisagens, retratos, marinhas, pintura histórica e de costumes. Foi aluno de mestres como Rodolfo Amoedo e Zeferino da Costa.

Horácio Hora (1853-1890)

Nasceu em Sergipe, onde fez os primeiros estudos. Viajou à Europa com subsídio do governo imperial. Em Paris, tornou-se freqüentador habitual do Louvre. Ganhou vários prêmios. Especializou-se em retratos, mas o trabalho considerado sua obra prima é a tela “Pery e Cecy”, inspirada na literatura de José de Alencar.

Rafael Pinto Bandeira (1863-1896)

Aos 16 anos já estava na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Prematuramente reconhecido, o artista permaneceu por vários anos em Salvador onde foi professor de desenho e paisagismo. É considerado como um dos mais importantes paisagistas e marinhistas do século 19.

Wilson Tibério (1923-2005)

Nasceu no Rio Grande do Sul e viveu durante longo período em Paris. O distanciamento do país, segundo Emanoel Araujo, o teria levado a pintar repetidamente motivos afro-brasileiros. O artista esteve no Senegal, de onde foi expulso por se envolver num movimento revolucionário. Faleceu na França.

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A cor da expressão

Bloco de ConteúdoArte

ConteúdoDesenho - Pintura - Colagem - Escultura

Ano 3º ou 4º anos

Tempo necessário 4 aulas

Introdução A cor também é importante para que possamos expressar nossas idéias e sentimentos para outras pessoas, utilizando linguagens artísticas (pintura, desenho, gravura, teatro). É um elemento que tem significados diferentes para diferentes culturas e sua análise possibilita conhecer mais sobre suas possibilidades. Vamos nessa atividade explorar esses pontos apreciando algumas obras do pintor espanhol Pablo Picasso. Em seguida, os alunos desenharão e pintarão expressões de acordo com a cor que acreditam representar melhor essas expressões. Esse material, feito em cartões, será utilizado em jogos de memória e de adivinhação.

Objetivos a) experimentar as possibilidades expressivas da cor;

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b) interpretar e associar as cores às reações fisionômicas das pessoas, tanto no universo artístico quanto no cotidiano; c) observar os significados das cores no cotidiano.

Material necessário - Cartolina cortada em forma de cartões tamanho 10x15 cm; - Lápis grafite; - tinta guache; - pinceis; - imagens de pinturas de Picasso, principalmente da fase rosa e azul.

Organização da sala Discussão sobre cores e das imagens de obras de Picasso: sala em 'u' ou em roda. Execução dos cartões: alunos em duplas.

Desenvolvimento da atividade/ procedimentos Na primeira aula, faça uma discussão com seus alunos sobre a presença e a importância da cor em nossa vida. Lembre-os de que as cores estão presentes nas roupas, nas frutas, nas casas, nos objetos, na propaganda, na televisão. Mostre exemplos com figuras de revistas, jornais, pinturas, rótulos.

Em seguida, explique aos alunos que além da cor estar presente em nossa vida cotidiana, ela é também um importante elemento de expressão em desenhos, pinturas, fotografias e filmes. Nesse ponto, você já pode começar a fazer com os alunos associações entre as cores e os sentimentos. Pergunte a eles que cor cada um acredita que representa a saudade, o amor, a tristeza ou a felicidade.

Se a escola contar com videocassete, selecione alguns desenhos infantis para mostrar como a cor também é usada nesse caso para expressar sentimentos e situações. Outra opção é pedir aos alunos que recortem de gibis figuras que tenham suas expressões reforçadas pelas cores.

As crianças também podem ser convidadas a fazer diferentes expressões faciais para que os colegas imaginem a cor de cada uma das expressões criadas.

Na segunda aula, apresente aos alunos algumas imagens de pinturas da fase azul e da fase rosa do artista espanhol Pablo Picasso. Resgate a importância da cor nestes momentos de seu percurso em que ele retratou sentimentos de tristeza e paixão.

Relacione os acontecimentos da vida do pintor e do contexto histórico com as cores escolhidas por ele para as imagens de cada fase. Saliente aos alunos que, em suas vidas, eles podem escolher outras cores para a representação desses e de outros momentos e sentimentos.

Analise com seus alunos os quadros: A tragédia (fase azul) e Família do acrobata (fase rosa). São dois exemplos de utilização das referidas cores para a expressão de sentimentos que Picasso vivia nas épocas em que os pintou.

Como atividade final, sugira aos alunos que façam uma pintura para expressar um sentimento usando a cor para representá-lo. Diga aos alunos, que a intenção é

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experimentar uma relação parecida com a que o artista estabeleceu com estas pinturas, ressaltando que cada um pode colocar sua relação com as cores.

Na terceira aula, faça com os alunos um levantamento sentimentos e sensações - alegria, amor, saudade, amizade, tristeza, raiva, violência, dor, medo, frio, cansaço. Desafie-os a relacionar os sentimentos e sensações com cores.

Proponha que os alunos retratem o colega com duas expressões diferentes, por exemplo, sorrindo e assustado. Reforce a idéia que os retratos sejam iguais nos dois cartões, modificando apenas a cor da pele e a linhas de expressão, pois eles formarão um jogo da memória ou cara-a-cara.

O importante é explorar a expressividade e o potencial gráfico da criança. Cada aluno deverá pintar dois retratos do colega.

Na quarta e última aula, os alunos deverão usar os cartões preparados anteriormente para jogar. Veja as regras:

Jogo da Memória Os alunos deixam todas as cartas viradas para baixo e tentam fazer os pares.

Cara a Cara Um aluno escolhe um dos cartões e não mostra para o resto da turma. Os outros alunos elaboram questões sobre as características de cada expressão ("A boca está sorrindo?", "Os olhos estão com lágrimas?") para descobrir que sentimento ou cor estão representados no cartão escolhido. Este jogo de adivinhação é uma forma divertida e descontraída de se trabalhar os conceitos e percepções.

Avaliação É importante lembrar que, ao estabelecer associações para as cores, o aluno estará fazendo uso de valores pessoais, que muitas vezes é determinado pela sua cultura, portanto, não existe certo ou errado nas atribuições, aliás, o mais interessante desta situação é confrontar os diferentes pontos de vista.

Verifique se o aluno resgata as idéias veiculadas nas discussões e na execução das pinturas nos cartões no desenrolar dos jogos.

Verifique se o aluno estabelece relação entre a cor, o sentimento e a expressividade através do desenho no cartão.

Aprofundamento de conteúdo Estudar artistas do expressionismo alemão.

Representações da Paisagem

Bloco de ConteúdoArte

ConteúdoArte em Diferentes Épocas e Lugares

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Introdução A paisagem, gênero artístico fundamental nas classificações da pintura, pode representar diferentes contextos de tempo e espaço e oferece aos observadores passeios imagináveis. Um dos períodos da História da Arte em que a paisagem fez-se muito presente é o impressionismo, movimento de pintura que se originou na França, nos anos 1860. À época, o interesse dos artistas era a busca e representação da luz natural e suas variantes, o que os levou a sair de seus ateliês em busca de paisagens à luz do dia para serem pintadas. Fascinados pela relação entre luz e cor, evitavam cenas religiosas ou românticas para se concentrar apenas nas paisagens e cenas do dia-a-dia. Uma mesma paisagem ou cenário era pintado várias vezes a partir das mudanças e impressões causadas pela incidência do sol. O educador pode exemplificar a temática por meio das obras do principal expoente do impressionismo, o pintor Claude Monet – seu quadro “Impressão – Levantar do sol”, aliás, foi a inspiração para o nome do movimento artístico. Depois de conhecerem as obras dos artistas apresentados, o professor pode propor aos alunos que representem sua realidade usando a observação e a imaginação.

Objetivos - Aguçar o olhar através do desenho de observação do entorno; - Imaginar novas realidades a partir do desenho; - Fazer com que o aluno perceba diferentes realidades sociais.

Conteúdos - Desenho de Observação; - Desenho de imaginação; - Características e contexto da obra de Claude Monet.

Ano 1º e 2º

Tempo estimado 1 aula

Materiais Necessários O educador pode escolher reproduções de obras do pintor Claude Monet, artistas significativo do Impressionismo. Lápis grafite, lápis de cor. Giz de cera, papel Canson tamanho A3.

Desenvolvimento das atividades Tipos de paisagem O interesse nessa aula não é que o aluno tenha uma iniciação no ensino da história da arte e nem uma preocupação com a luz e suas representações. O período histórico é o foco do trabalho, pois a partir das imagens é possível apresentar levantar questões sobre tempo, localização, comparação da época, roupas, despertando um interesse pela obra de Monet. Há que se atentar que o assunto será abordado para crianças de 1ª e 2ª séries, algumas das quais não aprenderam nem a ler. O impacto visual das obras deve ser explorado.

A atividade é simples: depois de uma breve conversa sobre as obras de Monet, o educador deve fazer a entrega do material e pedir para que os alunos dobrem ao meio a folha de papel canson A3. Todos devem sair da sala de aula procurando espaços aonde

Page 16: Expectativas de Aprendizagem Em Arte

possam sentar-se no chão e desenhar. A quadra ou o pátio da escola podem ser ideais.

A proposta é que os alunos representem, de um lado da folha, uma parte da escola que estejam observando. O educador pode pedir para que cada um escolha uma paisagem da própria escola para desenhar. Nessa fase, a abordagem é direcionada ao desenho de observação. No verso da folha, o educador pode pedir para que os alunos façam o mesmo desenho mas, dessa vez, interferindo com elementos que ele gostaria que estivessem presentes na produção, usando a imaginação. Pode ser necessário usar uma próxima aula para a atividade que envolve a segunda representação.

Outra opção de atividade, que pode ser feita com o mesmo material, é pedir para os alunos dividirem a folha ao e sugerir temas como a representação da paisagens rurais e paisagens urbanas ou mesmo situações que retratem a localização e a realidade dos alunos. Enfim, cabe ao educador buscar caminhos para despertar a imaginação e criatividade. Para finalizar, conversar com os alunos sobre suas produções e escolhas.

Os sons do cotidiano

Bloco de ConteúdoArte

ConteúdoLinguagem Musical

CONTEÚDO ■ Escuta atenta dos sons do cotidiano (inclusive o silêncio) ■ Conceitos musicais (timbre, altura, duração, intensidade e ritmo) ■ Funcionamento dos instrumentos musicais ■ Mecanismos de propagação sonora e acústica dos materiais. 

ANOS 1º e 2º 

TEMPO 4 meses 

OBJETIVO Desenvolver a acuidade auditiva nas crianças e colocá-las em contato com o sistema de produção de sons 

MATERIAL NECESSÁRIO Rádio e gravador de som, instrumentos musicais, caixas de papelão, pedras, conchas, talheres, pregos, tubos de papelão, bambu, garrafas de vidro e garrafões de água 

DESENVOLVIMENTO 

■ 1ª etapa Reserve duas aulas para as crianças ouvirem atentamente os sons de diferentes locais dentro da escola (sala, cozinha, pátio) e fora dela (ruas movimentadas, parques). Em outra aula, proponha que as crianças transformem o que ouviram. Elas podem fazer isso ao desenhar e imitar. A intenção é mostrar onde há sons estridentes, suaves, bonitos, repetitivos etc. É possível também gravar os sons do ambiente e reproduzi-los em

Page 17: Expectativas de Aprendizagem Em Arte

classe.  

■ 2ª etapa Prepare quatro aulas de investigação e diferenciação dos sons. Com uma boa variedade de materiais em mãos (talheres, pedras, conchas, pedaços de madeira etc.), faça barulhos e peça que os alunos digam o que ouvem e depois classifiquem de acordo com a altura, a intensidade e a duração. Por exemplo, que som faz um talher contra o outro? E se alguém bater mais forte? O acontece se isso for feito dentro de uma caixa de papelão? Há também outras estratégias interessantes para mostrar que cada som tem uma "personalidade" (timbre). Toque instrumentos musicais ou reproduza CDs com sons de instrumentos diferentes em cada faixa, caso do CD que acompanha o livro Orquestra Tintim por Tintim.  

■ 3ª etapa É o momento de entender o funcionamento dos instrumentos na prática. Para a produção de sons, sugira a montagem de chocalhos com latas de metal, arroz ou pedras. Qual deles produz um som melhor? Você pode ir além e propor a construção de instrumentos simples. Basta a garotada trazer de casa materiais de sucata. As garrafas de vidro produzem diferentes sonoridades conforme a quantidade de água colocada dentro. Bambus ou tubos podem virar instrumentos de sopro, e garrafões de água, tambores. 

AVALIAÇÃO Verifique se a turma diferencia e classifica os sons durante as atividades e avalie se, na hora de produzir os instrumentos, todos entenderam seus princípios básicos de funcionamento

É grafite ou não é?

Bloco de ConteúdoArte

ConteúdoArte em Diferentes Épocas e Lugares

Objetivo Discutir as relações entre a arte e o lugar em que é exposta e fazer com que os alunos experimentem ações como espectadores de arte.

Mais sobre Arte

Expectativa de aprendizagem Arte - 6º a 9º ano

Conteúdos Arte contemporânea, grafite

Anos 8º. e 9º. ano

Page 18: Expectativas de Aprendizagem Em Arte

 

Tempo estimado Três aulas

 

Materiais necessários Cópia dos textos "Grafite e Cia." e "Cidade Muda”; folha de monobloco e caneta ou lápis preto; para o varal ou mural – barbante e pregador ou papel colorido para o fundo e fita crepe; acesso à rede no laboratório de informática da escola ou cópia da entrevista dos grafiteiros gêmeos transcrita.

Desenvolvimento

Aula 1  Para iniciar as atividades, monte um mural ou varal com imagens de grafite – retiradas de revistas, jornais ou da internet - e peça que os alunos observem os materiais. Peça que pesquisem em casa outras referências e tragam na aula seguinte.

O grafiteiro Titi Freak trabalhando em painel para a mostra De Dentro para Fora / De Fora para Dentro no Masp (Museu de Arte de São Paulo). Foto: Fernando Moraes

Em seguida, explique à moçada o objetivo da sequência didática: aprofundar o conhecimento da turma sobre o grafite e discutir as opiniões de cada um em relação ao tema. Diga a eles que, para isto, durante as próximas aulas vão ler textos, ouvir depoimentos e escrever pequenos textos para poder debater o assunto.

Organize a turma em grupos de quatro alunos e solicite que leiam o texto abaixo, que divulga uma exposição de grafite no MASP- Museu de Arte de São Paulo. Proponha que a primeira leitura seja silenciosa e realizada individualmente. Em seguida, peça que façam uma leitura em grupo, procurando um fragmento no texto – pode ser frase – que

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considerem a mais importante para compreensão do que é o grafite. Peça que sublinhem o fragmento selecionado. Como o texto é muito curto, cada grupo pode escolher apenas um fragmento.

Os grupos devem eleger um escriba – que irá registrar todos os argumentos levantados ao longo da aula – e um relator – responsável por apresentar o ponto de vista do grupo à classe.

Grafite e Cia.

Masp se rende à arte urbana Fernando Masini

O MASP abriu suas portas à arte que ocupa ruas, vielas e viadutos. A exposição “De dentro para fora/ De fora para dentro” promove um grupo de artistas acostumado a viver e a trabalhar a margem do mecenato.

Carlos Dias, Daniel Melim, Ramon Martins, Stephan Doitschinoff, Titi Freak formam o time comandado por Baixo Ribeiro, um dos curadores da mostra. O destaque são os seis murais inéditos que serão apagados no final da exposição.

Zezão transporta elementos de uma favela e leva seus traços azuis das galerias fluviais. Outras cem obras- entre telas, fotos e vídeos – compõem a coletiva.

Masp - hall cívico e mezanino – Av. Paulista, 1578, Bela Vista Tel: 011-32515644. terça, quarta e sexta a domingo, das 11h às 18h e quinta até as 19h. Até 5/2/2009.

texto retirado do Guia da Folha, 20/11/2009

 

Para socializar as opiniões da turma, solicite que um aluno inicie a leitura do texto em voz alta e que cada grupo sinalize o trecho que acredita ser o mais importante.

Conforme os fragmentos forem localizados, a leitura deve ser interrompida para que o relator de cada grupo comente o trecho, tomando como base a discussão anterior. Se mais de um grupo selecionar o mesmo fragmento, peça que ambos apresentem suas justificativas e procure relacioná-las. Todos podem fazer comentários durante a leitura, de modo organizado, levantando a mão para pedir a voz. Os fragmentos e registros das discussões podem ser colocados no varal ou mural para socialização.

Aula 2  O objetivo da segunda aula é discutir as características do grafite dentro de museus e galerias e nas ruas, fora deles. Para isso, será utilizado o depoimento da dupla de grafiteiros paulistas “Osgemeos”, disponível na internet. Se a escola tiver laboratório de informática, leve os alunos até lá e apresente o vídeo a eles. Caso não seja possível, transcreva a entrevista e entregue uma cópia do texto à classe.

Apresente o depoimento à turma – via internet ou por escrito. Em seguida, peça que discutam a declaração abaixo, feita por Gustavo Pandolfo, um dos gêmeos, em

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entrevista à revista Carta Capital: “A partir do momento em que tiramos nosso trabalho das ruas e o levamos ao museu, já não é grafite. É arte contemporânea, tridimensional”.

Proponha que a turma reflita sobre o local de realização e exposição do grafite, e elaborem um texto em casa, apontando pelo menos três diferenças entre expor fora ou dentro de uma instituição cultural.

Aula 3  No início da aula, peça que os alunos leiam os textos produzidos em casa e os exponham no varal, ou mural. Em seguida, entregue a eles um texto mais longo, de Marcelo Dantas, que faz referencia à Lei Cidade Limpa – em vigor desde o 1º de janeiro de 2007.

Cidade Muda

por Marcello Dantas

Depois de mais dois anos em vigor, os paulistanos começam a ver os benefícios da Lei Cidade Limpa. Mas algo além de publicidade sumiu das ruas. A cidade parece muda. Tenho uma filha de sete anos, em fase de alfabetização. Comecei a me lembrar do quão importante foi para a minha fixação do alfabeto e o conhecimento de novas palavras a leitura contextualizada da publicidade urbana.

Eu via imagens e as relacionava com as letras. Da mesma forma, as placas dos carros foram fundamentais no meu exercício infantil de aprendizado da matemática. Hoje, fico vendo minha filha procurar algo para exercitar seu aprendizado, e a única coisa que consegue achar é uma placa de "PARE".

Entendo que São Paulo havia se tornado uma cidade sem lei nesse aspecto. Admiro muito a coragem da prefeitura de enfrentar o enorme lobby por trás da publicidade na maior metrópole do país. E, sim, é verdade que em quase toda cidade que se preza no mundo existem regras rígidas da ocupação do espaço de poluição visual. Assim deve ser. Mas nem só de limpeza vive uma cidade.

Não se pode dizer que Nova York, Paris e Londres sejam cidades descontroladamente poluídas visualmente. Sabe-se bem do poder icônico de esquinas como Times Square, Champs-Elysées e Picadilly Circus. São Paulo, uma metrópole sem grandes marcos geográficos, como o Rio, por exemplo, pode se dar ao luxo de ser uma cidade sem imagem? Sem marcos?

E a opinião pública? Eu me recordo ainda de quando, ainda bem jovem, como ativista político em Belo Horizonte, eu saía com os amigos para pichar as propagandas políticas dos candidatos a deputado da ditadura militar. Era uma arena justa: eles ocupavam o espaço público, e a gente expressava nossa voz sobre o abuso. Assim como se sabe da importância da mídia exterior de gerar o espírito de uma causa, de mexer com a percepção coletiva de forma diagonal: atingindo do mendigo ao executivo. É ainda um espaço de consciência de coletividade, que gera a sensação de que algo está acontecendo na cidade.

Como levantaremos causas comuns daqui para frente? Um desafio que talvez valesse a pena seria liberar uma esquina de São Paulo para a publicidade desenfreada. E exigir

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que áreas -hoje entristecidas com suas placas cegas, surdas e mudas- sejam usadas de forma criativa: para ajudar a alfabetizar, a refletir sobre o próprio espaço público ou para pensar em campanhas de mobilização da sociedade para causas relevantes.

Existe um impacto subliminar da cidade sem palavras. A verdadeira poluição visual não ocorre na paisagem exterior, mas, sim, na paisagem interior, no nosso espaço mental. Sinto, hoje, uma maior linearidade de pensamento ao transitar por São Paulo, uma concentração maior e menos dispersão causada pela publicidade. Um saldo positivo que não parecia óbvio no primeiro momento da lei. No entanto, deve haver um ponto de equilíbrio entre a identidade, a criatividade e a limpeza visual de uma cidade muda. Talvez uma linguagem de sinais.

Marcello Dantas, 41, cria museus e exposições, entre eles o Museu da Língua Portuguesa e a mostra "Bossa na Oca", e é o colunista convidado desta semana.

Revista da folha- edição 03/05/2009 – SP em cena

Após a leitura do texto, abra um debate para que a turma se posicione em relação à lei e ao impacto dela nas manifestações artísticas de rua, de modo que uns possam ouvir as opiniões e argumentos dos outros.

Para finalizar, proponha que os alunos escrevam uma carta para a seção da revista reservada às opiniões e respostas dos leitores em relação ao artigo, e peça que busquem, nas atividades anteriores, argumentos que justifiquem a possibilidade de manifestação e expressão visual no espaço público.

Finalizado este processo, o material pode ser editado e colocado no varal, ou mural, que será exposto fora da sala de aula para que os outros alunos da escola tenham acesso. Reserve um espaço para que esses novos expectadores também possam deixar suas opiniões.

Da parede da caverna ao muro grafitado

Bases LegaisLinguagens e Códigos

ConteúdoArtes visuais

Conteúdo relacionado

Reportagem de Veja 

Monet em plena forma - 24/05/2006

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ObjetivosMostrar à turma que há uma enorme variedade de tipos de pinturas murais e discutir o status de arte dos grafites

IntroduçãoVEJA noticia a reinauguração do museu de l’Orangerie, em Paris, onde estão montados permanentemente os painéis com as telas da série Ninféias, de Claude Monet. Esse conjunto monumental, que já foi chamado de Capela Sistina da arte moderna, ocupa um determinado espaço expositivo de forma planejada e contínua, conhecido como pintura mural. Aproveite a reportagem para explicar que essa modalidade existe desde os primórdios da humanidade. E que muitas obras assim continuam sendo produzidas.

Selecione uma imagem de jornal ou revista. Foto antiga também serve. O importante é que seja significativa para seus alunos. O material será a base do exercício prático proposto neste roteiro. Você deve providenciar ainda folhas de papel tão grandes quanto possível. Elas farão as vezes dos painéis do mural. Existe papel sulfite medindo 66 x 96 centímetros. E que tal usar o verso das folhas de um outdoor? Você pode solicitar a uma empresa que produz esses cartazes: elas sempre têm sobras.

Atividades1ª aula — Pergunte se os estudantes já repararam, ao visitar uma igreja ou um edifício público, que em alguns desses lugares as paredes são repletas de pinturas – podendo se estender desde o chão até o teto. Peça que contem onde observaram tais obras de arte e se as acharam interessantes ou bonitas. Revele que a prática de decorar paredes com imagens remonta à Pré-História. No início do século passado, foram encontradas cavernas cheias de pinturas e desenhos milenares de mamutes, tigres-dentes-de-sabre, ursos, bisontes e outras feras, além de figuras humanas. Entre as matérias-primas empregadas estão sangue de animais, carvão e terra colorida. Os pesquisadores acreditam que nossos ancestrais fixaram os símbolos na pedra durante rituais mágicos para ajudar na caça. Conte que essas cavernas ficam em lugares quase inacessíveis e de pouca visibilidade. Os mais famosos sítios do gênero localizam-se em Altamira, na Espanha, e em Lascaux, na França.

Depois, esclareça que esse costume aparecem também em diversas civilizações, marcando presença nas câmaras mortuárias egípcias (dentro das pirâmides), nos mosaicos dos palácios do Império Romano do Oriente e nas igrejas cristãs de proporções monumentais construídas na Europa medieval.

Explique que o auge desse tipo de decoração ocorreu no Renascimento. Os grandes artistas da época realizaram muitos murais, utilizando preferencialmente a técnica do afresco, na qual a tinta é aplicada sobre o reboco úmido das paredes – caso da obra de Michelangelo na Capela Sistina e de A Santa Ceia, de Leonardo da Vinci.

2ª aula – Promova a leitura do texto de VEJA sobre as telas de Monet e fale que, a exemplo do idealizador das Ninféias, outros expoentes da arte moderna se dedicaram à elaboração de murais.

Era costume os autores de vanguarda produzirem, na maioria das vezes, pequenas pinturas para experimentar suas novas conquistas artísticas. Quando se tornavam importantes, todavia, eles eram chamados para trabalhos maiores em prédios públicos

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ou instituições particulares.

Nesse aspecto, Monet foi uma exceção – pois criou por conta própria a série citada na reportagem ligada a esse plano de aula. Vale lembrar que o espanhol Pablo Picasso deu forma ao célebre painel Guernica, em 1937, atendendo a uma encomenda. No México, o governo ligado à Revolução Zapatista requisitou vários trabalhos colossais a pintores modernos como Diego Rivera e Siqueiros, que por isso ficaram conhecidos como muralistas. A partir daí, a prática se espalhou entre muitas nações latino-americanas. No Brasil, o mais importante pintor de murais foi Cândido Portinari. Ele fez painéis para o antigo prédio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, e, mais tarde, para a sede da ONU, em Nova York.

Ensine que alguns nomes de destaque da arte contemporânea, voltados à abstração e às novas figurações dos anos 1960, também se envolveram com obras murais. Cite o americano Mark Rothko, cujos painéis figuram numa capela ecumênica, e seu conterrâneo pop James Rosenquist (os endereços eletrônicos indicados no final deste roteiro apresentam obras de ambos).

3ª aula – Desafie a turma a elaborar um mural com a imagem que você selecionou previamente – ou parte dela, conforme sua conveniência.

O planejamento deve levar em conta o número de alunos que vão fazer o desenho (que tal dois para cada folha de papel?) e o tamanho de cada painel e do mural inteiro. Programe onde ficará exposto o trabalho, depois de concluído: na própria sala de aula, num corredor, no auditório ou no pátio da escola.

Divida a imagem em retângulos proporcionais aos papéis que serão usados como suporte para os painéis. Entregue cada fragmento a uma dupla, que vai reproduzir a cena na folha grande. Dependendo do equipamento disponível, pode ser projetada sobre o papel a ampliação de uma cópia em transparência (para isso, use retroprojetor ou projetor de slides) como guia para a construção da imagem. A classe toda precisa decidir em conjunto a “paleta” de cores do painel – que materiais (giz de cera, guache, tinta acrílica etc.) e tons serão usados. Isso é importante para dar unidade ao conjunto. Pode ser divertido, por exemplo, fazer cada folha de papel usando a predominância de uma cor.

Uma vez concluídos os desenhos, é hora de montar o mural na parede. Use fita crepe ou fita adesiva de dupla face no verso dos painéis e instale-os lado a lado, seguindo o esquema de recorte da imagem original. Os desenhos não precisam ficar necessariamente grudados um no outro. Mas, se optar por deixar espaço entre eles, faça-o de modo uniforme a fim de harmonizar o todo e permitir uma leitura contínua. Surpreenda o colégio com o resultado.

4ª aula– Debata sobre os grafites e as pichações, tão comuns nos cenários urbanos contemporâneos. Esclareça que os primeiros são obras de artistas que escolheram trabalhar no espaço público e, mesmo clandestinos, em geral, têm o apreço e o respeito da população. Já as pichações, freqüentemente vistas como vandalismo, são marcas de gangues que disputam territórios.

Providencie cópias do quadro abaixo, entregue-as à turma e sugira que cada jovem

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redija um texto comparando as pinturas rupestres, os afrescos renascentistas e os grafites atuais.

Para seus alunos

Murais em três temposDe cima para baixo: detalhe de uma pintura pré-histórica encontrada em Lascaux, na França; parte de um afresco de Michelangelo na Capela Sistina; e grafite elaborado pelo artista paulistano Maurício Villaça na década de 1990. A primeira cena remete a rituais mágicos que objetivavam boa caça. A segunda, de temática religiosa, indica a criação do homem segundo a versão bíblica. A última inclui ícones da cultura pop e tem como suporte um muro da cidade grande. Compare as técnicas e as intenções de cada obra.

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Fotos Arquivo Iconográfico, S.A. e Jim Zuckerman/ Corbis/ Stock Photos e Antônio Milena

Quer saber mais?

INTERNETO site www.rothkochapel.org apresenta obras de Marc Rothko No endereço www.jimrosenquist-artist.com há exemplos do trabalho de James Rosenquist