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1 PLANILHA DE CÁLCULO DE SINISTROS DE TRÂNSITO: EXCESSO DE VELOCIDADE versus INTERCEPTAÇÃO Copyright 2014: Sérgio Gustavo de Miranda Revisão 19/12/2014 Planilha de cálculo disponível em http://www.sgmiranda.com.br/forensics/intercept.html Veja também http://www.sgmiranda.com.br/forensics/bidim_collisions.pdf COLABORAÇÃO 1 : Perito Criminal Ms. Eduardo Cícero Vieira Borges Junior ([email protected]) Perito Criminal PhD. Juliano de Andrade Gomes Perito Criminal Eliude Barbosa Gomes ([email protected]) Perito Criminal PhD. Maurício da Silva Sercheli ([email protected]) Perito Criminal Leandro de Souza Oliveira IINTRODUÇÃO: Este documento é, originalmente, um tutorial para o uso da planilha de cálculo disponibilizada por meio da Internet e cujos detalhes específicos são apresentados ao final deste documento. Contudo, para adequadamente informar ao usuário sobre os cálculos e significados utilizados, também será apresentada uma discussão relativamente detalhada, sob a perspectiva da Perícia Criminal (baseda principalmente no posicionamento do IC/DF), de acidentes de trânsito do tipo excesso de velocidade versus interceptação, os quais ocorrem em interseções de fluxo quando o veículo que detém a preferência de tráfego encontrase em excesso de velocidade. É importante lembrar que o entendimento do autor por vezes difere do entendimento majoritário. Sempre que isso ocorrer, será apresentado primeiro o entendimento majoritário e, posteriormente e na forma de ressalva, o entendimento do autor. As colisões em interseções de fluxo estão entre as mais frequentes nas colisões de trânsito, além disso, devido à menor proteção dos ocupantes dos veículos nas colisões laterais, a gravidade das lesões produzidas tende a ser maior que em outros tipos de colisões. Assim sendo, é de clara importância na área de delitos de trânsito definir de maneira segura e sustentável a causa determinante nessa classe de ocorrências. Tal definição da causa determinante passa por quatro momentos específicos: 1) exame de Local, onde o foco é a correta identificação e mensuração dos vestígios materiais encontrados no local da colisão; 2) reconstituição, momento de reconstrução da colisão, estabelecendose as velocidades durante e antes da colisão, as trajetórias e outros elementos da colisão de fato; 3) exame normativo, no qual é preciso estabelecer os direitos e obrigações dos veículos de acordo com a legislação e os costumes vigentes (principalmente o Código de Trânsito Brasileiro); e 1 Os Peritos colaboradores não necessariamente concordam integralmente com a orientação do autor, podendo discordar de um ou mais posicionamentos aqui expressos.

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Page 1: EXCESSO DE VELOCIDADE versus INTERCEPTAÇÃOsgmiranda.com.br/forensics/intercept_colisions.pdf · eventual. Contudo, o dolo direto de um ou de ambos os condutores descaracteriza,

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PLANILHA DE CÁLCULO DE SINISTROS DE TRÂNSITO: 

EXCESSO DE VELOCIDADE versus INTERCEPTAÇÃO 

Copyright 2014: Sérgio Gustavo de Miranda 

Revisão 19/12/2014 

Planilha de cálculo disponível em http://www.sgmiranda.com.br/forensics/intercept.html 

Veja também http://www.sgmiranda.com.br/forensics/bidim_collisions.pdf 

COLABORAÇÃO1: 

Perito Criminal Ms. Eduardo Cícero Vieira Borges Junior ([email protected]) Perito Criminal PhD. Juliano de Andrade Gomes Perito Criminal Eliude Barbosa Gomes ([email protected]) Perito Criminal PhD. Maurício da Silva Sercheli ([email protected]) Perito Criminal Leandro de Souza Oliveira  

 

 

I‐ INTRODUÇÃO: 

Este documento é, originalmente, um  tutorial para o uso da planilha de cálculo disponibilizada por meio da 

Internet e cujos detalhes específicos são apresentados ao final deste documento.  

Contudo, para adequadamente  informar ao usuário sobre os cálculos e significados utilizados,  também será 

apresentada uma discussão relativamente detalhada, sob a perspectiva da Perícia Criminal (baseda principalmente no 

posicionamento  do  IC/DF),  de  acidentes  de  trânsito  do  tipo  excesso  de  velocidade  versus  interceptação,  os  quais 

ocorrem em  interseções de  fluxo quando o  veículo que detém  a preferência de  tráfego encontra‐se em excesso de 

velocidade. É importante lembrar que o entendimento do autor por vezes difere do entendimento majoritário. Sempre 

que  isso ocorrer, será apresentado primeiro o entendimento majoritário e, posteriormente e na  forma de ressalva, o 

entendimento do autor. 

As colisões em interseções de fluxo estão entre as mais frequentes nas colisões de trânsito, além disso, devido 

à menor proteção dos ocupantes dos veículos nas colisões laterais, a gravidade das lesões produzidas tende a ser maior 

que em outros tipos de colisões. Assim sendo, é de clara importância na área de delitos de trânsito definir de maneira 

segura e sustentável a causa determinante nessa classe de ocorrências.  

Tal definição da causa determinante passa por quatro momentos específicos:  

1) exame de Local, onde o foco é a correta identificação e mensuração dos vestígios materiais encontrados no 

local da colisão;  

2) reconstituição, momento de reconstrução da colisão, estabelecendo‐se as velocidades durante e antes da 

colisão, as trajetórias e outros elementos da colisão de fato; 

3) exame normativo, no qual é preciso estabelecer os direitos e obrigações dos  veículos de acordo  com a 

legislação e os costumes vigentes (principalmente o Código de Trânsito Brasileiro); e 

                                                            1 Os Peritos colaboradores não necessariamente concordam integralmente com a orientação do autor, podendo discordar 

de um ou mais posicionamentos aqui expressos. 

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4)  hipóteses  normativas,  nesse momento  final,  aplica‐se  os  direitos  e  obrigações  normativas  aos  veículos, 

retroagindo a colisão e verificando caso a caso se a colisão ocorreria ou não nessas situações hipotéticas. 

O leitor deve ficar ciente, desde já, que esse é um assunto complexo tanto jurídica quanto matematicamente. 

Assim diversas equações serão apresentadas e diversas análises  terão de ser  realizadas com os valores delas obtidos 

para esgotar a compreensão da colisão e tentar determinar a responsabilidade de cada condutor. Some‐se, também, o 

fato  de  não  haver  unanimidade  quanto  à  forma  dos  cálculos,  principalmente  em  relação  a  utilizar  o  PP  (Ponto  de 

Percepção)  ou  o  PE  (Ponto  de  Entrada),  como  será  visto  adiante.  Portanto, mais  de  um  cálculo  será  apresentado, 

complicando um pouco mais o desenvolvimento matemático do problema. 

Antes de prosseguirmos, vamos estabelecer o âmbito desse trabalho e a terminologia que será utilizada. Isso 

porque o  termo “acidente” não é o mais adequado para os casos em estudo e o  termo “sinistro” abrange situações 

além da quais são tratadas aqui. 

Para entender o problema da terminologia e da aplicação das análises apresentadas, é preciso observar que 

uma colisão entre veículos pode se originar de: 

a) um acidente no sentido estrito, nesse caso nenhum dos comportamentos dos condutores concorreu para 

a colisão, não sendo possível culpar qualquer um deles. Esse é o caso quando, por exemplo, o pneu de um 

dos veículos estoura devido a um buraco na pista, levando o condutor deste veículo a perder o controle de 

direção e a colidir com um pedestre na margem da via; 

b) culpa  inconsciente, quando é o comportamento de um ou de ambos os condutores que  leva à colisão, 

sendo que o culpado não tem consciência dos riscos. Por exemplo, é que ocorre normalmente em batidas 

de traseira, quando o culpado, por distração não consciente, reage tardiamente; 

c) culpa  consciente,  nessa  situação,  um  ou  ambos  os  condutores  tem  consciência  de  que  estão 

descumprindo uma norma e aumentando a chance de uma colisão; contudo, acreditam que essa colisão 

não  ocorrerá.  Trata‐se,  por  exemplo,  de  um  condutor  em  excesso  de  velocidade  que  errônea,  mas 

sinceramente, acredita que pode evitar qualquer colisão; 

d) dolo eventual, nesse  caso, apesar de não haver a  intenção direta de produzir uma  colisão, o  condutor 

descumpre  uma  regra  sem  ser  detido  pela  possibilidade  do  acidente.  Por  exemplo,  um  condutor  em 

excesso de velocidade que, mesmo sabendo de uma colisão iminente, não muda seu comportamento; 

e) dolo direto, na extremidade do conjunto de possibilidades, um ou ambos os condutores desejam que a 

colisão ocorra. Esse é o caso, por exemplo, do condutor que joga seu carro tentando matar um pedestre 

por este ser um de seus desafetos e, também, das tentativas de fraude em seguros. 

Com relação ao termo “acidente”, em sentido estrito, ele não se aplica ao estudo aqui apresentado, haja vista 

que neste presume‐se um comportamento irregular dos condutores. 

Já os  termos  “sinistro” e  “ocorrência” abrangem  todas as possibilidades  citadas,  inclusive os dolos direto e 

eventual.  Contudo,  o  dolo  direto  de  um  ou  de  ambos  os  condutores  descaracteriza,  segundo  a  opinião  do  autor, 

qualquer análise  com natureza de delito de  trânsito,  já que  se  trata de  crime diverso  (homicídio,  fraude em  seguro, 

etc.). Com relação ao dolo eventual, não é clara a aplicação do CTB. 

De qualquer modo, este  trabalho utilizará os  termos “sinistro” e “ocorrência” para se  referir às colisões em 

estudo. 

II‐ EXAME DE LOCAL: 

A  finalidade  imediata da perícia criminal nos  locais de  sinistro de  trânsito é determinar as velocidades e as 

trajetórias dos veículos nos momentos que antecederam a colisão.  

Com  relação  às  colisões  envolvendo  excesso  de  velocidade  versus  interceptação,  a  correta  avaliação  das 

velocidades  e  trajetórias  é  ainda mais  importante  que  em  outros  tipos  de  sinistro,  isso porque  pequenas  variações 

nesses valores podem facilmente alterar a causa determinante do evento. 

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Os principais vestígios e elementos no exame de local são:  

1) o ponto de colisão e a posição relativa dos veículos; 

2) os ângulos de entrada e saída na colisão;  

3) os comprimentos das marcas de frenagem, derrapagem, etc.;  

4) a distância que o veículo sem a preferência percorreu entre a sua entrada na pista preferencial2 e o ponto 

de  colisão,  e,  também,  até  o  ponto  onde  a  colisão  seria  evitada,  lembrando  que  as  dimensões  do  veículo 

interceptador também são igualmente necessárias; 

5) o comprimento da maior trajetória para um veículo realizar a travessia da via com preferência de tráfego;  

6) as avarias e os danos causados pela colisão entre os veículos e obstáculos fixos;  

7) a distância que, de fato, o veículo interceptador teve a possibilidade de visualizar o veículo com preferência 

de tráfego quando adentrou a via principal; 

8) a distância mínima em que um veículo parado no  limite da área de  tráfego da pista preferencial,  com a 

intenção de atravessá‐la, consegue visualizar outro veículo trafegando nessa pista. 

No  caso  em  análise,  os  itens  2,  3  e  6  são  usados  para  determinar  as  velocidades  dos  veículos,  as  quais, 

juntamente com os  itens 1 e 4, permitem definir a trajetória dos veículos na colisão. Os  itens 5, 7 e 8 são necessários 

para verificar a adequação da regulamentação da via com relação à sua topografia. 

II‐1) PONTO DE COLISÃO 

O ponto de colisão, juntamente com a posição relativa dos veículos nesse momento, é o principal elemento a 

ser determinado no  tipo de sinistro em análise.  Isso se deve, principalmente, à sua  influência nos comprimentos das 

trajetórias antes da colisão. 

II‐2) ÂNGULOS DE ENTRADA E SAÍDA 

Como  as  colisões  em  interseções  de  fluxos  são  normalmente  bidimensionais,  preocupação  extra  deve  ser 

tomada  com  relação  aos  ângulos  de  entrada  (antes  da  colisão)  e  de  saída  (depois  da  colisão)  dos  veículos.  Essa 

preocupação deve  ser ainda maior com os ângulos de  saída,  já que os veículos podem apresentar  trajetórias curvas. 

Nesse caso é importante lembrar que o ângulo de saída é aquele da reta tangente à trajetória do centro de massa do 

veículo  imediatamente após o  impacto e não aquele  formado pelo ponto de colisão e a posição de  repouso  final do 

veículo (veja http://www.sgmiranda.com.br/forensics/bidim_collisions.pdf para maiores informações). 

II‐3) MARCAS DE FRENAGEM, DERRAPAGEM E OUTRAS 

Também  é  necessário  medir  de  forma  acurada  os  comprimentos  das  marcas  (frenagens,  derrapagens, 

sulcagens, etc.)  e os  comprimentos das  trajetórias dos  veículos  antes e depois da  colisão, pois essas medidas  serão 

utilizados  no  cálculo  das  velocidades.  Vale  lembrar  que,  nesse  caso,  o  que  importa  é  o  comprimento  da  trajetória 

curvilínea  e  não  o  da  reta  tangente  (veja  http://www.sgmiranda.com.br/forensics/bidim_collisions.pdf  para maiores 

informações). 

II‐4) TRAJETÓRIA DO VEÍCULO QUE ATRAVESSA A VIA PREFERENCIAL E SUAS DIMENSÕES 

Outras medidas importantes são: a) o comprimento da trajetória do veículo interceptador, desde o ponto que 

adentrou  a  pista  preferencial  até  sua  posição  quando  houve  a  colisão;  b)  o  comprimento  total  da  trajetória  que  o 

                                                            2 Doravante, os termos “pista preferencial” e “via preferencial” serão usados como sinônimos para “pista cujo fluxo de 

veículos trem preferência de tráfego”. 

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veículo  interceptador teria que percorrer para evitar a colisão (veja figura 1). Para uma avaliação mais acurada desses 

comprimentos. O ideal é medir também as dimensões do veículo interceptador. 

No caso de trajetórias curvilíneas, as medidas podem ser feitas de modo direto, usando trenas de roda para 

acompanhar a  trajetória provável do veículo, ou de modo  indireto, usando  fotos de  satélite em programas gráficos, 

como o ScenePD (veja figura 2). 

 

  

Figura 1: Outras medidas necessárias: comprimento da trajetória percorria até a colisão; comprimento da trajetória necessária para atravessar a pista; comprimento e largura do veículo interceptador. 

  

    

Figura 2: Medida indireta do comprimento da trajetória usando o programa ScendPD.  

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II‐5) MAIOR TRAJETÓRIA PARA TRAVESSIA DA VIA 

Para verificar as condições gerais de segurança na  interseção, no que diz  respeito à  topografia da via e sua 

regulamentação, é preciso conhecer a maior trajetória permitida que um veículo pode realizar. Com base nesse valor, 

associado  à  visibilidade  no  local,  torna‐se  possível  a  detecção  de  problemas  de  sinalização  e  de  obstáculos  que, 

irregularmente, obstruem a visão dos condutores. 

II‐6) AVARIAS E DANOS NOS VEÍCULOS E OBSTÁCULOS 

Avarias nos veículos provocadas por colisões com obstáculos fixos, como meios‐fios, postes e árvores também 

influenciam  no  cálculo  da  velocidade  e  devem  ser  registradas  com  cuidado,  isso  inclui  tanto  aquelas  nos  veículos, 

quanto aquelas nos obstáculos. Os danos causados na colisão entre os veículos não alteram os cálculos de velocidade 

nas colisões bidimensionais, mas  seu  registro  também é  importante e pode  ser usado de  forma complementar  (veja 

http://www.sgmiranda.com.br/forensics/bidim_collisions.pdf para maiores informações). 

II‐7) VISIBILIDADE DOS VEÍCULOS NA OCORRÊNCIA  

Devemos verificar se era possível para o veículo inteceptador visualizar o veículo com preferência de tráfego, a 

uma distância que permitisse a travessia segura da via. Assim, distância visível deve ser determinada de acordo com a 

trajetória estabelecida para os veículos (veja figura 3). 

 Figura 3: Distância possível de visibilidade do veículo com preferência de tráfego, usada para determinar se era possível 

para o veículo interceptador realizar a travessia com segurança.  

II‐8) VISIBILIDADE MÍNIMA POSSÍVEL NA INTERSEÇÃO 

Independentemente da causa determinante do sinistro, é possível que a velocidade regulamentar da via esteja 

inadequada para sua topografia. Para realizar essa verificação, precisaremos medir a menor distância que um veículo 

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parado no bordo da pista preferencial, com a intenção de atravessá‐la, consegue visualizar um veículo trafegando na via 

principal (veja Figura 4). 

 Figura 4: Distância mínima de visibilidade, usada para verificar se a velocidade da via está adequada à interseção. 

 III‐ RECONSTITUIÇÃO 

Tendo em mão as  informações coletadas no  tópico anterior, o próximo passo é calcular as velocidades dos 

veículos  antes,  no momento  e  depois  da  colisão.  Note  que,  devido  à  forma  como  os  cálculos  são  realizados,  as 

velocidades são encontradas em ordem inversa: primeiro após a colisão e por último antes da colisão. 

A  ideia é reconstruir o sinistro no que diz respeito à movimentação dos veículos. Contudo, sempre existirão 

elementos que não podem ser determinados pelo quadro de vestígios, como, por exemplo, a aceleração do veículo que 

atravessa a via principal. Nessas situações, o melhor a fazer é analisar a colisão em toda a faixa de possibilidades, como 

será visto adiante (veja http://www.sgmiranda.com.br/forensics/bidim_collisions.pdf para maiores informações). 

Após encontrarmos a velocidade  inicial dos veículos, o quadro geral da ocorrência está montado. O próximo 

passo será analisar normativamente as obrigações e os direitos dos condutores envolvidos. 

IV‐ EXAME NORMATIVO 

O exame normativo do sinistro, como dito, consiste em estabelecer os direitos e as obrigações dos condutores 

envolvidos  na  colisão.  A  base  para  estabelecer  esses  direitos  e  obrigações  é  o  CTB  (Código  de  Trânsito  Brasileiro). 

Infelizmente, o CTB não é claro ou específico em muitos aspectos, o que normalmente exige um esforço interpretativo. 

Teoricamente, a causa determinante de um sinistro do tipo excesso de velocidade versus interceptação poderá 

ser: 

a) a interceptação por parte do veículo atravessando a via preferencial; 

b) o excesso de velocidade do veículo que detém a preferência de tráfego; 

c) a incorreta sinalização de regulamentação de velocidade na via preferêncial; 

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d) a existência de obstáculo reduzindo a visibilidade no local da interseção. 

Para  determinar  qual  dessas  hipóteses  se  aplica  ao  caso  em  estudo,  é  preciso  definir  um  conjunto  de 

elementos normativos, quais sejam: 

1) Velocidades máximas permitidas e preferência de tráfego; 

2) Obrigações e direitos dos condutores; 

3) Definição de “evitar a colisão”; 

4) Parada obrigatória; e 

5) Regulamentação e visibilidade na região da interseção. 

IV‐1) VELOCIDADES MÁXIMAS E PREFERÊNCIA DE TRÁFEGO 

Na  análise  de  colisões  envolvendo  excesso  de  velocidade  versus  interceptação,  os  primeiros  elementos 

normativos a serem definidos são: i) as velocidades máximas nas pistas e ii) a preferência de tráfego dos veículos. 

Obviamente, havendo sinalização, não há maiores problemas. Contudo, na sua ausência, é preciso recorrer ao 

CTB. 

No caso das velocidades máximas permitidas nas pistas, aplica‐se o Art. 61 do CTB: 

“Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será  indicada por meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições de trânsito. § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de: I ‐ nas vias urbanas: a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido: b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais; c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras; d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais; II ‐ nas vias rurais: a) nas rodovias: 1) 110 (cento e dez) quilômetros por hora para automóveis, camionetas e motocicletas; (Redação dada pela Lei nº 10.830, de 2003) 2) noventa quilômetros por hora, para ônibus e microônibus; 3) oitenta quilômetros por hora, para os demais veículos; b) nas estradas, sessenta quilômetros por hora. § 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por  meio  de  sinalização,  velocidades  superiores  ou  inferiores  àquelas  estabelecidas  no  parágrafo anterior.” 

 

Sendo que as definições de vias encontram‐se na parte final do Código: 

“VIA  DE  TRÂNSITO  RÁPIDO  ‐  aquela  caracterizada  por  acessos  especiais  com  trânsito  livre,  sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível. VIA ARTERIAL ‐ aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade. VIA COLETORA  ‐ aquela destinada a coletar e distribuir o  trânsito que  tenha necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade. VIA  LOCAL  ‐  aquela  caracterizada  por  interseções  em  nível  não  semaforizadas,  destinada  apenas  ao acesso local ou a áreas restritas. VIA RURAL ‐ estradas e rodovias. 

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VIA URBANA  ‐ ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados na área urbana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão.”  

Já no caso da preferência de tráfego, aplicam‐se os incisos III, VII e XII do Art. 29: 

“III ‐ quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem: a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela; b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela; c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor; ... VII  ‐  os  veículos  destinados  a  socorro  de  incêndio  e  salvamento,  os  de  polícia,  os  de  fiscalização  e operação  de  trânsito  e  as  ambulâncias,  além  de  prioridade  de  trânsito,  gozam  de  livre  circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e devidamente  identificados por dispositivos regulamentares  de  alarme  sonoro  e  iluminação  vermelha  intermitente,  observadas  as  seguintes disposições: a)  quando  os  dispositivos  estiverem  acionados,  indicando  a  proximidade  dos  veículos,  todos  os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário; b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veículo já tiver passado pelo local; c)  o  uso  de  dispositivos  de  alarme  sonoro  e  de  iluminação  vermelha  intermitente  só  poderá  ocorrer quando da efetiva prestação de serviço de urgência; d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com velocidade reduzida e com os devidos cuidados de segurança, obedecidas as demais normas deste Código; ... XII  ‐  os  veículos  que  se  deslocam  sobre  trilhos  terão  preferência  de  passagem  sobre  os  demais, respeitadas as normas de circulação.” 

 

Uma questão específica ocorre quando há um cruzamento não sinalizado entre uma “pista de grande porte” 

e  outra  de  “pequeno  porte”.  Nesses  casos, muitos  entendem  que  a  preferência  de  passagem  é  dos  veículos  que 

trafegam na pista de grande porte,  independentemente da alínea  “c” do  inciso  III. É opinião desse autor que, nesse 

caso, o perito deve ater‐se ao CTB, dando o direito de preferência ao condutor que veio da direita, porém, é preciso 

evidenciar  esse  posicionamento,  haja  vista  que  é  dos  costumes  os  condutores  darem  preferência  aos  veículos  que 

trafegam pela “via principal”. 

Outra situação a ser  levada em consideração é a travessia  irregular da via preferencial, os famosos “gatos”, 

quando um dos condutores  trafega por áreas ou em sentidos proibidos. Segundo o entendimento deste autor, nessa 

situação, a interceptação deve ser substituída pela manobra irregular do condutor que tentava a travessia e o excesso 

de velocidade nunca poderá ser a causa  isolada da colisão. Em outras palavras, quando um condutor tenta atravessar 

uma via de maneira  irregular, a  causa do  sinistro poderá  ser: a)  somente a manobra  irregular ou b) a  concorrência 

entre a monobra irregular e o excesso de velocidade do outro condutor. 

IV‐2) OBRIGAÇÕES E DIREITOS DOS CONDUTORES 

Depois de definidas as velocidades máximas e a preferência de tráfego, passamos à definição das obrigações 

de comportamento dos condutores com e sem a preferência. 

Para  tanto,  pode‐se  recorrer  ao Art.  44  do  CTB,  notando  que  a  exigência  de  “deter”  o  veículo  é  indicada 

apenas no caso de pedestre e de veículo com a preferência de tráfego: 

“Art.  44.  Ao  aproximar‐se  de  qualquer  tipo  de  cruzamento,  o  condutor  do  veículo  deve  demonstrar prudência  especial,  transitando  em  velocidade moderada, de  forma que possa deter  seu  veículo  com segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência.” 

 

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Quanto ao condutor com a preferência de tráfego (doravante V1), é quase unânime que ele não está obrigado 

a  reagir  à  interceptação  se  estiver  dentro  da  velocidade  regulamentar.  Isso  significa  que,  na  análise  da  causa 

determinante,  ao  condutor  com  a  preferência  de  tráfego  será  imposto  apenas  o  deslocamento  com  a  velocidade 

regulamentar, não se impondo qualquer reação (frenagem) diante da interceptação. 

Com relação ao condutor sem a preferência de tráfego (doravante V2), ele fica responsável por avaliar se a 

travessia da pista pode ser realizada com segurança. Essa avaliação deve ser feita no instante em que ele adentra a via 

e, para  tanto,  tem o direito de  supor que a velocidade do veículo com a preferência de  tráfego é  igual à velocidade 

máxima da via. Isso significa que, ao calcular o tempo disponível para atravessar a via, ele pode admitir um veículo se 

aproximando com a velocidade regulamentar. 

O autor concorda com a posição majoritária na qual, ao definir a causa determinamente, o perito não deve 

exigir  qualquer  reação  por  parte  do  veículo  com  preferência.  Contudo,  entende  que,  se  fosse  possível  para  esse 

condutor evitar a colisão, na hipótese de estar trafegando velocidade regulamentar e reagir à entrada do outro veículo, 

tal fato deve ser incluído no laudo. 

Tal posição baseia‐se não somente no próprio CTB: 

“Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem: I ‐ abster‐se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas;” 

 

Como também em legislação similar, como a de tráfego naval (RIPEAM): 

“Regra  8  ‐  3) Quando  duas  embarcações  se  aproximarem  uma  da  outra  com  risco  de  produzir  uma colisão,  a  embarcação  cuja  passagem  não  deve  ser  atrapalhada  continuará  plenamente  obrigada  a cumprir com o disposto nas Regras da presente Parte.” 

 

IV‐3) DEFINIÇÃO DE “EVITAR A COLISÃO” 

Outro aspecto que necessita de cuidado especial é a definição de: qual a posição a ser considerada para que 

V2 evitasse a colisão. Nesse caso, temos as seguintes possibilidades: 

a)  livrar completamente a pista. Nesse caso o veículo  interceptador será obrigado a sair completamente da 

pista, incluindo acostamentos, faixas de desaceleração e outros elementos pavimentados; 

b)  livrar  completamente  a  área  de  rolamento.  Compreende‐se  que  o  veículo  interceptador  livrou  a  pista 

quando adentrou o acostamento ou outra área que não seja destinada ao rolamento; 

c) livrar a faixa de trânsito na qual se encontra o veículo com preferência; e 

d) livrar a exata trajetória do veículo com preferência. 

A alternativa (d) não nos parece apropriada, haja vista os princípios de segurança de tráfego. 

As alternativas (a) e (b) parecem ser as mais indicadas por questões de segurança. Contudo, elas podem tornar 

impraticável o cruzamento de pistas com fluxo intenso e múltiplas faixas de trânsito. 

Numa  ponderação,  que  não  é  unânime,  o  autor  entende  que  a  solução  ideal  seja  um  híbrido  entre  as 

alternativas (b) e (c). Ou seja, o veículo que cruza a via tem a obrigação de livrar a faixa de trânsito ocupada pelo veículo 

com a preferência mais a faixa de transito adjacente a ela (se houver e se a ultrapassagem for permitida no local – veja 

artigo 33 do CTB). Essa opção  leva em  conta o direito do veículo  com a preferência  realizar uma mudança de  faixa. 

Contudo,  grande  parte  dos  peritos  prefere  a  alternativa  (c),  de  qualquer  forma,  deve‐se  analisar  cada  caso 

separadamente e encontrar qual opção melhor se adequa ao caso real. 

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Também é preciso lembrar da necessidade de verificar a adequação das vias e suas regulamentações, ou seja, 

se a visibilidade na interseção, associada à regulamentação de velocidade, permite a travessia com segurança. 

IV‐4) PARADA OBRIGATÓRIA 

O último elemento normativo a  ser  considerado é a existência de  sinalização de parada obrigatória para o 

veículo que deseja atravessar a via. 

Nesse  sentido,  imagine‐se  a  seguinte  situação  hipotética:  um  condutor  cruza  a  via  preferencial,  com 

velocidade constante  (sem parar), em um  local onde há  sinalização de parada obrigatória. No cruzamento ele colide 

com o veículo que tinha a preferência, mas este se deslocava com excesso de velocidade. 

Fica  então  provado  que,  se  o  veículo  com  preferência  trafegasse  na  velocidade  regulamentar,  o  veículo 

interceptador conseguiria atravessar a pista com segurança. Contudo, se o veículo interceptador tivesse parado e depois 

acelerado para atravessar a pista (como regulamentado pela sinalização), a colisão ocorreria mesmo se o veículo com 

preferência estivesse à velocidade normativa. 

Nesse  caso, é praticamente unânime o entendimento de que  a  causa determinante  será  a entrada na  via 

preferencial desrespeitando a sinalização de parada obrigatória, levada a cabo pelo veículo que atravessa essa via. 

O autor, apesar de reconhecer tal entendimento, tem posição diversa quanto ao tema. Assim, entende que o 

fato de o condutor não ter parado como ordenado pela sinalização deve ser salientado no laudo, muito embora não seja 

mandatório da causa determinante.  

Imagine que um soldado, em treinamento de combate, seja obrigado a verificar que utilizou em sua arma o 

carregador com a faixa verde (munição de festim) e não com o de faixa vermelha (munição de combate). Imagine agora 

que o  responsável por municiar os carregadores  inverte a munição dos carregadores e, ao mesmo  tempo, o soldado 

utiliza  o  carregador  errado  (vermelho).  Como  os  carregadores  estavam  com  as munições  trocadas,  nenhum  dano  é 

causado,  contudo, persiste a  infração do  soldado, que deveria  certificar‐se de que o  seu  carregador  tinha uma  faixa 

verde. Obviamente, pessoas poderiam ter sido mortas se o soldado tivesse cumprido com sua obrigação, assim, usando 

a lógica predominante no caso de trânsito, ele poderia ser condenado por homicídio. 

No  entendimento  do  autor,  responsabilizar  o  condutor  por  uma  consequência  de  um  comportamento 

hipotético equivale a condenar, por homicídio, o soldado que trocou o carregador. 

Note que esse processo dedutivo é o  inverso daquele utilizado normalmente, por exemplo,  se verificarmos 

que  a  colisão  ocorreria  mesmo  se  o  condutor  em  excesso  de  velocidade  trafegasse  na  velocidade  regulamentar 

(hipótese), a  causa  será o  comportamente do outro  condutor, haja vista que o  comportamento de  fato  (excesso de 

velocidade) não foi a causa. No caso da parada obrigatória, se o condutor tivesse parado a colisão também ocorreria, só 

que  a  causa  agora  será  o  comportamento  (hipotético)  do  próprio  condutor, mesmo  que  o  comportamento  de  fato 

(desobedecendo à sinalização) não ter sido a causa. 

IV‐5) REGULAMENTAÇÃO E VISIBILIDADE NA REGIÃO DA INTERSEÇÃO 

O  perito  também  deve  considerar  se  as  condições  de  visibilidade  na  interseção  em  exame,  associadas  à 

regulamentação de velocidade, permitem que a travessia da via seja realizada com segurança. Essa análise deve  levar 

em  consideração não  somente  a  situação  em que de  fato  se  deu o  evento,  como  também  a  configuração  geral  da 

interseção. 

Terminada a análise regulamentar passa‐se a aplicar as obrigações normativas aos condutores e verifica‐se se 

a colisão ocorre ou não nessas situações hipotéticas. 

   

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V‐ IMPOSIÇÃO NORMATIVA 

Na  imposição  normativa,  o  objetivo  é  determinar  qual  conduta  irregular  deu  causa  ao  sinistro.  Para  isso, 

retroagimos  o  evento  a  sua  situação  inicial,  alteramos  suas  variáveis  de  forma  que  um  dos  veículos  obedeça  às 

obrigações regulamentares e verificamos se a colisão ocorre ou não nessa situação hipotética. 

Em resumo, queremos saber se o veículo que cruza a via preferencial conseguiria ou não atravessar a pista, 

caso o veículo com a preferência trafegasse na velocidade regulamentar. Para responder esta pergunta vamos comparar 

duas distâncias: 1) a distância (L2Vp), que o veículo interceptador conseguiria percorrer se o veículo na via preferencial 

estivesse na velocidade de placa e 2) a distancia (L2TravAcid), que o veículo interceptador teria que percorrer para evitar a 

colisão.  

A distância L2TravAcid é encontrada no exame de local (veja item II‐4), para encontrarmos L2Vp procedemos aos 

cálculos a seguir. 

V‐1) O PONTO DE PERCEPÇÃO E O PONTO DE ENTRADA 

Para  encontrar  L2Vp,  primeiramente  precisamos  calcular  o  tempo  disponível  para  travessia  (TColVp),  caso  o 

veículo  na  via  preferencial  trafegasse  na  velocidade  de  placa.  Para  isso,  é  necessário  retroagir  os  veículos  às  suas 

posições anteriores ao sinistro, em outras palavras, devemos definir qual será o tempo inicial (t = 0) de nossos cálculos. 

Infelizmente, não há unanimidade quanto à posição mais adequada para definir t = 0, duas delas, entretanto, são mais 

significativas e serão calculadas nesse trabalho: o PP (Ponto de Percepção) e o PE (Ponto de Entrada)3. 

  

O PP indica o momento em que o condutor do veículo com preferência detectou a ameaça e iniciou o processo 

que viria a produzir as marcas de frenagem. Após a percepção, o condutor  leva um certo tempo (T1PerReac – tempo de 

percepção/reação)  para  reagir  e  acionar  os  freios  produzindo  as marcas  de  frenagem,  esse  tempo  não  pode  ser 

calculado ou obtido do exame de local, ele deve ser estimado a partir de tabelas, como será visto adiante.  

Observe‐se que o PP não depende do veículo que atravessa a via principal e também pode não existir, ou seja, 

o condutor pode não reagir à entrada do outro na via (lembre‐se que o veículo com a preferência não tem, em tese, a 

obrigação de reagir). Além disso, o condutor pode ter reagido antecipadamente, quando o veículo interceptador ainda 

não havia entrado na  interseção, ou tardiamente, quando o veículo  interceptador  já se encontrava atravessando a via 

preferencial. 

                                                            3 O Perito Criminal Dr. Maurício da Silva Sercheli apresentou, quando da elaboração deste trabalho, a ideia do Ponto de 

Decisão, que corresponde ao momento em que a entrada na via preferencial, por parte de V2, é  inevitável. A  ideia do Ponto de Decisão está em desenvolvimento e deverá ser incluída futuramente neste documento e na planilha de cálculos. 

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 Figura 5: O ponto de percepção pode ser tardio ou antecipado com relação à entrada de V2 na via. 

 Para  calcular  o  PP,  soma‐se  o  comprimento  (L1FrenPre)  de  frenagem  antes  da  colisão  (se  houver)  com  a 

distância percorrida entre a percepção e o início dessa frenagem. 

  

O  valor da  velocidade  inicial  (V1Ini)  ‐  antes do  início da  frenagem  ‐ do  veículo na  via preferencial pode  ser 

escrito: 

  

Obviamente,  se não houver  frenagem, não há  como encontrar um  valor para o PP. Como dito, o  valor de 

T1PerReac não pode ser determinado materialmente nos exames. É preciso usar um valor estimado, sendo mais utilizados 

valores entre 0,75 e 2,50 segundos. 

O  PE  indica  o  momento  que  o  condutor  do  veículo  interceptador  adentra  a  área  de  rolamento  da  via 

preferêncial e inicia a travessia da interseção. Note‐se que o PE pode ser menor (reação antecipada4) ou maior (reação 

tardia) que o PP. 

                                                            4 Neste trabalho, os termos percepção antecipada e percepção tardia referem‐se ao momento da percepção do perigo, 

por parte de V1, em relação à entrada de V2 na via preferencial.  

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 Figura 6: O ponto de percepção pode ser tardio ou antecipado com relação à entrada de V2 na via. 

 Para encontrar o valor do PE é necessário conhecer o tempo (T2EntCol) entre a entrada na via preferencial pelo 

veículo sem a preferência e a colisão. Agora, três situações são possíveis: 

1) O veículo com a preferência não freou, assim o PE pode ser facilmente calculado:  

  

2) O veículo com preferência freou pelo comprimento L1FrenPre e pelo tempo T1FrenPre antes da colisão. Nesse 

caso, precisamos comparar T2EntCol com este tempo de frenagem: 

2‐a) Se T2EntCol é maior que T1FrenPre  , o PE será  igual ao comprimento da  frenagem mais o deslocamento do 

veículo no tempo que restou: 

  

2‐b) Se T2EntCol é menor que T1FrenPre,, o PE será igual à fração da frenagem percorrida em T2EntCol. Sabemos que 

V1 colidiu com a velocidade V1Col e que freava com a desaceleração g.KFren , logo a velocidade média no período 

será  . Portanto, a distância percorrida (PE) escreve‐se: 

  

O tempo de frenagem (T1FrenPre), usado anteriormente, pode ser calculado da seguinte forma: 

  

O  tempo  entre  a  entrada  do  veículo  sem  preferência  na  pista  principal  e  a  colisão  (T2EntCol)  depende  da 

aceleração (a2) que o veículo interceptador possuía. Essa aceleração não pode ser determinada nos exames (exceto se 

o veículo estiver freando ou derrapando), portanto devemos analisar o acidente considerando todos os valores possíveis 

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para a2. Nesse trabalho, consideraremos apenas a possibilidade de V2 estar acelerando ou com velocidade constante, 

que são as situações mais comuns na travessia de uma interseção. 

A velocidade com que o veículo 2 entra na pista  (V2Entrada),  retroagida a partir de  sua velocidade na colisão 

(V2Col) e utilizando a distância (L2Colisao) percorrida por V2 desde a entrada na pista até o ponto de colisão, será: 

  

Pela expressão acima, nota‐se que há um valor máximo para a2 (a2Rep), acima desse valor a raiz quadrada teria 

como argumento um valor negativo, exatamente com esse valor de aceleração a velocidade de entrada é zero, ou seja, 

V2 adentra a pista a partir do repouso: 

  

Com base na velocidade de entrada e na velocidade de colisão, é possível calcular o tempo entre a entrada de 

V2 e sua colisão com V1: 

  

É importante notar que T2EntCol depende implicitamente de a2 na forma de V2Entrada. Lembramos também que 

T2EntCol é necessário para a determinação do PE (ponto de entrada). Como o PE também dependerá de a2, ele deve ser 

escrito como PE(a2). 

Encontrados  o  PP  e  o  PE,  podemos  finalmente  encontrar  o  tempo  disponível  (TColVp)  para  o  veículo 

interceptador atravessar a pista, se o veículo com preferência obedecesse a velocidade de placa. 

Se utilizarmos o PP como referência, o resultado não dependerá da aceleração do veículo interceptador: 

  

Quando usamos o PE,  TColVp  se  torna uma  função da  aceleração do  veículo  interceptador  (a2). Além disso, 

como discutido anteriormente, há três situações específicas: L1FrenPre = 0; T2EntCol ≥ T1FrenPre e T2EntCol < T1FrenPre.  

No primeiro caso, não há marcas de frenagens anteriores à colisão: 

  

Vamos agora analisar os casos onde há uma  frenagem anterior à colisão. Para diferenciar as duas situações 

restantes, vamos encontrar a aceleração (a2IgualFren1), em que T2EntCol é  igual T1FrenPre . Acima desta aceleração, temos a 

segunda situação e, abaixo desse valor, a terceria. 

  

Logo teremos: 

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O próximo passo é calcular a distância que V2 (veículo  interceptador) percorreria, a partir de sua entrada no 

cruzamento, caso V1 (veículo com a preferência) trafegasse na velocidade de placa: 

Usando o PP, o veículo que atravessa a pista preferencial teria um tempo adicional (TColVpPP – T1PercCol), para se 

deslocar a partir do ponto de colisão: 

  

Em que T1PerCol é o tempo entre a percepção por parte do condutor do veículo com preferência e a colisão, o 

que inclui o tempo entre a percepção e a reação e o tempo de frenagem anterior à colisão: 

  

Usando o PE, o veículo que atravessa a pista preferencial teria um tempo total (TColVplacaPE) para se deslocar a 

partir da entrada na via: 

   

V‐2) CAUSA DETERMINANTE 

A causa determinante pode ser encontrada comparando a distância  (L2Vp), que o veículo  interceptador  (V2) 

percorreria,  se o  veículo na  via preferencial  (V1)  trafegasse na  velocidade  regulamentar,  com  a distância necessária 

(L2TravAcid) para que o acidente não ocorra: 

1) Se L2Vp > L2TravAcid, teremos como causa determinante o excesso de velocidade; 

2) Se L2Vp < L2TravAcid, teremos como causa determinante a interceptação; 

3) Se  L2Vp  =  L2TravAcid,  teremos  como  causa  determinante  tanto  o  excesso  de  velocidade  quanto  a 

interceptação. 

Contudo, como há erros envolvidos na obtenção desses valores, o ideal é admitir uma margem de segurança 

(s), desta forma: 

1) Se L2Vp > L2TravAcid + s, teremos como causa determinante o excesso de velocidade; 

2) L2Vp < L2TravAcid ‐ s, teremos como causa determinante a interceptação; 

3) Se L2TravAcid ‐ s < L2Vp < L2TravAcid + s, não é possível dizer qual a causa determinante. 

O valor de s fica a critério do Perito, sendo sugeridos valores entre 3 e 10% do valor de L2Vp, dependendo das 

incertezas relacionadas ao exame de local. 

V‐3) VALOR DE INTERESSE DE A2 

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Há um valor de interesse para aceleração do veículo interceptador (a2PPePE), sendo que nesse valor o PP e o PE 

são  iguais. Tal valor específico pode ser  interpretado como a aceleração mais provável para o veículo  interceptador, 

pois, nesse caso, o veículo com preferência teria percebido o interceptador assim que ele adentra a via. 

  

V‐4) PARADA OBRIGATÓRIA 

Caso haja sinalização de parada obrigatória na via, será necessário determinar: 

1) se há a possibilidade de o veículo interceptador ter parado antes de adentrar a via; e 

2) o que ocorreria se ele o tivesse feito. 

Em ambos os  casos é preciso definir qual a máxima aceleração do veículo  interceptador quando ele  sai do 

repouso (a2Pare). Essa aceleração é um valor estimado, que o perito deve determinar de acordo com a motorização do 

veículo e sua carga. Seus valores variam de pouco menos que 1m/s2, para veículos pesados, até mais de 3m/s2, para 

veículos leves de alta potência. 

Para saber se há a possibilidade de o veículo  interceptador  ter parado antes de adentrar a via preferencial, 

verificamos se o valor de a2Rep é inferior ao de a2Pare. Caso a2Rep seja superior a a2Pare, então não é possível que V2 tenha 

parado antes de adentrar a via. 

Nessa situação devemos verificar o que ocorreria se V2 tivesse parado antes de adentrar a via. Assim temos a 

seguinte situação hipotética: V2 trafega com velocidade constante V2Entrada, porém, ao se aproximar do cruzamento, ele 

freia  com  uma  aceleração  gKFren  até  parar  no  limite  da  via  preferencial  e  depois  acelera  com  a2Pare  para  realizar  a 

travessia. Observe que, em nossa hipótese, o veículo se desloca com velocidade constante (a2 = 0) antes de adentrar a 

via. 

Devido à frenagem, o veículo irá demorar um tempo adicional (T2AdicParar) na travessia da via, logo temos: 

  

Encontramos agora a distância percorrida por V2 no caso de V1 trafegar com VPlaca: 

  

Note que T2AdicParar ainda é uma função de a2, haja vista sua dependência de V2Entrada. 

A equações acima podem ser melhor compreendidas visualizando o gráfico das velocidades dos veículos na 

situação real (A) e na situação hipotética de parada obrigatória (B). 

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 Figura 8: Dinâmica do acidente: (A) situação real e (B) V2 é obrigado a parar e V1 é obrigado a trefegar com VPlaca. 

 V‐5) POSSIBILIDADE DE O VEÍCULO COM PREFERÊNCIA EVITAR A COLISÃO 

É praticamente unânime a opinião de que o veículo na via preferencial não  tem a obrigação  legal de  reagir 

para tentar evitar o acidente. Os cálculos a seguir servem apenas para dar uma melhor compreensão do acidente e não 

para definir qual comportamento foi a causa determinante do acidente. 

Primeiramente,  vamos  encontrar  a  distância  necessária para o  veículo  frear  parando  completamente.  Esse 

cálculo pode  levar em conta  tanto a velocidade  real de V1  (V1Ini), quando a velocidade de placa da via  (VPlaca). Assim 

teremos, respectivamente, LPararV1 e LPararVp, que serão escritos como: 

  

Além da distância de  frenagem, há ainda o  tempo T1PerReac, que o  condutor  leva entre perceber o perigo e 

acionar  efetivamente o  sistema de  freios.  Isso  implica distância  adicional,  encontrada multiplicando‐se  a  velocidade 

inicial pelo  tempo citado. Se somarmos esta distância a LPararV1 e LPararVp,  teremos a distância  total necessária para V1 

perceber o perigo, acionar os freios e parar (LPerPararV1 e LPerPararVp). Se essas distâncias forem inferiores ao PP/PE, então V1 

pararia antes do cruzamento. 

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No  caso  de  a  distância  percorrida  em  T1PerReac  ser maior  que  a  distância  do  PP/PE,  os  resultados  serão  os 

mesmos que  aqueles  calculados quando não  se  supõe  a  reação de V1. Os  cálculos  a  seguir  servem  apenas para  a 

situação em que o PP/PE são superiores à distância citada. 

Para realizar os cálculos a seguir, descontamos da posição de V1 (PP ou PE) a distância necessária para iniciar a 

reação e depois calculamos o tempo de frenagem, para a distância restante. Assim, o tempo (TColReac) disponível para V2 

atravessar a via será: 

  

Em que V10 é a velocidade inicial de V1 e X pode ser PP ou PE, dependendo da escolha do perito. 

Primeiro encontraremos o tempo e a distância disponível para V2 atravessar a via, caso V1 se encontrasse no 

PP com velocidade de placa e reagisse: 

  

Vamos basear agora o cálculo no PE e na velocidade real de V1: 

    

Por fim, ainda utilizando o PE, podemos calcular o que aconteceria se V1 se deslocasse com VPlaca: 

  

Note  que  uma  situação  não  foi  abordada,  aquela  utilizando  o  PP  e  V1Ini.  Isso  pelo  fato  de  essa  situação 

corresponder à situação real  do acidente. 

Mais uma vez salientamos que, na orientação corrente da perícia criminal do DF, o condutor de V1 não tem a 

obrigação de reagir, sendo estes cálculos apresentados para referência. 

V‐6) ADEQUAÇÃO NORMATIVA DA VIA 

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Outra  análise  necessária  diz  respeito  à  adequação  normativa  da  via.  Em  outras  palavras,  se  era  ou  não 

possível  para  o  veículo  em  análise  atravessar  a  pista  em  segurança. Quatro  elementos  compõem  essa  análise:  1)  a 

velocidade máxima (VPlaca) da via preferencial; 2) a menor distância (L1VisMin), em que um veículo na pista preferencial se 

torna  visível  para  um  veículo  com  intenção  de  cruzar  a  via;  3)  o maior  comprimento  (L2TravMax)    regulamentar  de 

travessia da via, o qual  inclui  também o comprimento do veículo; e 4) a aceleração exigível  (a2Exigivel) do veículo com 

intenção de cruzar a via. 

O tempo disponível (T2DispMin) para o veículo atravessar a via será: 

  

Sendo que o tempo necessário (T2NecMax) para atravessar a via será: 

  

Caso o  tempo necessário  seja maior que o  tempo disponível, então há um problema  com a  sinalização de 

velocidade  da  via  preferencial  na  região  da  interseção  e  a  causa  determinante  pode  ser  a  falha  de  sinalização 

adequada. 

Contudo, se o obstáculo à visibilidade  tiver sido adicionado  irregularmente na via  (como um veículo parado 

fora da área permitida ou uma construção irregular), a causa será então o próprio obstáculo. 

Idealmente, um fator de segurança deve ser adicionado a T2NecMax ou subtraído de a2Exigivel. 

Caso a visibilidade por qualquer motivo esteja prejudicada, esse fato deve ser salientado no  laudo. Contudo, 

continua  sendo  necessário  determinar  se  a  visibilidade  prejudicou  V2.  Nesse  caso,  os  cálculos  acima  deverão  ser 

repetidos utilizando‐se, no lugar de L1VisMin,a distância real em que V2 poderia ter visualizado V1 (L1VisAcid) e, no lugar de 

L2TravMax, o comprimento da travessia da via que V2 pretendia fazer no caso em exame (L2TravAcid). 

  

Ainda que V2 tivesse sua visibilidade prejudicada no cruzamento, precisamos verificar a possibilidade de ele 

ter adentrado a via preferencial quando V1 já se encontrava no seu campo de visão, situação em que o PP/PE é inferior 

a L1VisReal, e se ele poderia ter acelerado adequadamente no caso real (ou seja, se a2Rep é superior a a2Exigivel). 

VI‐ EXEMPLO E ANÁLISE DE CASO 

Os  cálculos  a  seguir  foram  realizados  utilizando  a  planilha  disponibilizada  em 

http://www.sgmiranda.com.br/forensics/intercept.html. Lembrando que é necessário ter o Adobe Flash Player  instalado no 

computador. 

A figura abaixo mostra a primeira tela da planilha de cálculo para  interceptação. Esta é a tela de entrada de 

dados.  O  primeiro  fato  importante  sobre  a  planilha  é  que,  apesar  de  o  desenho  geral  ser  de  um  cruzamento 

perpendicular, ela  serve para qualquer  geometria de  interseção  (perpendicular ou não,  retilínea ou não), bastando 

apenas que as distâncias L2Colisao e L2TravAcid sejam medidas corretamente no exame de local. Lembre‐se também que os 

dados inseridos na planilha podem ser salvos em arquivos locais e recarregados usando os botões “Salvar” (que aparece 

na próxima janela da planilha) e “Carregar”. 

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 Figura 9: Janela inicial da planilha de cálculo. 

 Note que a planilha permite ao usuário escolher quais cálculos serão exibidos (“OPÇÕES DE CÁLCULOS”). Por 

padrão,  as  opções  ponto  de  entrada  e  aceleração  variável  são  marcadas,  para  visualizar  os  cálculos  de  parada 

obrigatória,  de  regulamentação  na  interseção  e  de  reação  por  parte  de  V1,  o  usuário  deve  marcar  a(s)  caixa(s) 

correspondente(s). Os cálculos com base no ponto de percepção (PP), por serem os adotados atualmente, são sempre 

exibidos. 

Assim  que  a  planilha  é  executada,  as  caixas  de  entrada  são  automaticamente  preenchidas  com  os  valores 

utilizados nesse exemplo. Para visualizar os resultados basta clicar no botão  [Cálculos >>]. Nesse momento a planilha 

passa para a tela de resultados. 

A tela de resultados (veja figura 10) é dividida em uma caixa de texto, na parte superior, e em um gráfico, na 

parte  inferior. A  caixa de  texto apresenta os dados numéricos dos  cálculos,  sempre  seguidos por uma descrição dos 

significados de cada um deles. O gráfico permite visualizar, em função da aceleração do veículo sem preferência, a razão 

(L2Vplaca/L2TravAcid)  entre  a  distância  percorrida  por  V2,  em  uma  situação  normativa  e  a  distância  que  deveria  ser 

percorrida para evitar o acidente. 

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 Figura 10: Janela de resultados da planilha de cálculo. 

 Vamos começar interpretando os dados numéricos que se encontram na caixa de texto. 

VI‐1) RESULTADOS NUMÉRICOS 

Observe que parte dos textos foi suprimida (quando aparece “ ... “), para que esse caiba em uma única linha. 

A parte inicial é apenas uma confirmação dos dados que foram digitados pelo usuário na tela inicial (entrada 

de dados). 

==================================== 

ENTRADA DE DADOS no. 1 

V1[Col] = 80,0Km/h ‐ Velocidade do veículo com preferência (V1) de tráfego no momento da colisão. 

V2[Col] = 20,0Km/h ‐ Velocidade do veículo interceptador (V2) no momento da colisão. 

V[Placa] = 60,0Km/h ‐ Velocidade de placa na via preferencial. 

K[Fren] = 0,80  ‐ Coeficente de atrito para a frenagem do veículo na via preferencial. 

L1[FrenPre] = 40,0m ‐ Frenagem do veículo com preferência (V1), anterior à colisão. 

L2[Colisao] = 10,0m ‐ Distância que o veículo interceptador (V2) percorreu entre adentrar a via e colidir. 

L2[TravAcid] = 18,0m ‐ Distância que o veículo interceptador (V2) necessitaria percorrer para evitar o acidente. 

T1[PerReac] = 1,50s ‐ Tempo estimado entre a percepção do perigo e a reação por parte do veículo com ... 

Após  a  confirmação  dos  dados  de  entrada,  o  programa  apresenta  os  resultados  de  cálculos  que  são 

independentes da aceleração do veículo 2. Esses valores estão relacionados à movimentação de V1 e ao PP. 

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 

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VALORES CALCULADOS INDEPENDENTEMENTE DE A2: 

V1[Ini] = 120,5Km/h ‐ Velocidade do veículo com preferência (V1) no início da frenagem. 

T1[FrenPre] = 1,44s ‐ Tempo de frenagem (anterior à colisão) do veículo com preferência (V1). 

T1[PerCol] = 2,94s ‐ Tempo entre a percepção por parte do veículo com preferência (V1) e a colisão. 

PP = 90,2m ‐ Ponto de percepção do veículo com preferência (V1). 

T[ColVpPP] = 5,41s ‐ Tempo em que ocorreria a colisão, a partir da percepção por parte de V1, se este trafegasse ... 

 

Os cálculos seguintes referem‐se a valores de interesse para aceleração a2. 

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 

VALORES DE INTERESSE ESPECÍFICO: 

a2[IgualFren1] = ‐1,96m/s2 ‐ Aceleração em que a entrada do veículo interceptador (V2) na interseção ... 

       ANÁLISE: como não exite um valor real e positivo para a2[IgualFren1] ‐ NÃO É POSSÍVEL QUE V2 TENHA ... 

a2[Rep] = 1,54m/s2 ‐ Aceleração que veículo interceptador (V2) deveria possuir para ter entrado na pista a ... 

       ANÁLISE: como a2[Rep] é menor ou igual a a2[Pare] ‐ É POSSÍVEL QUE V2 TENHA PARADO ANTES DE ... 

a2[PPePE] = 1,46m/s2 ‐ Aceleração do veículo interceptador em que o PP e o PE tem o mesmo valor. 

       ANÁLISE: como a2[PPePE] é menor ou igual a a2[Rep] e a2[Pare] ‐ É POSSÍVEL QUE V1 TENHA PERCEBIDO ... 

V2[EntPPePE] = 4,5Km/h ‐ Velocidade de entrada do veículo interceptador (V2) na interseção em que PP = PE. 

T2[EntColMax] = 3,60s ‐ Tempo máximo entre a entrada do veículo interceptador (V2) na interseção e a ... 

T2[EntColMin] = 1,80s ‐ Tempo mínimo entre a entrada do veículo interceptador (V2) na interseção e a colisão (a2=0). 

 

Observe  que  agora  aparecem  algumas  linhas  iniciando  com  “ANÁLISE:  ....”.  Essas  linhas  correspondem  a 

comentários sobre os valores calculados. No caso de a2Rep, como esse valor é inferior a a2Pare, é possível que o veículo 2 

tenha parado antes de adentrar a via preferêncial.  

Note também que, no caso em estudo, o valor de a2IgualFren1 é negativo, isso implica que não é possível que V2 

tenha adentrado a via preferencial no momento em que V1  iniciava a  frenagem  (observe que T2EntColMin é maior que 

T1FrenPre). 

Já no caso de a2PPePE, por esse valor ser positivo e inferior a a2Pare, é possível que o veículo 1 tenha percebido o 

perigo  assim  que  o  veículo  2  adentrou  a  via  preferêncial,  nesse  caso,  V2  teria  adentrado  a  via  preferencial  com 

velocidade de 4,5km/h. 

Em seguida são apresentados os resultados obtidos no caso de V2 trafegar com velocidade constante, ou seja, 

no caso de a2 = 0. Nesse momento, já é possível identificar a causa determinante. 

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 

VALORES CALCULADOS PARA A2 = 0: 

V2[Entrada] = 20,0Km/h ‐ Velocidade de entrada do veículo interceptador (V2) na interseção. 

T2[EntCol] = 1,80s ‐ Tempo entre a entrada do veículo interceptador (V2) na via preferencial e a colisão. 

L2[VpPP] = 23,8m ‐ Distância percorrida pelo veículo interceptador (V2) se o veículo com preferência (V1) ... 

       ANÁLISE: como L2[VpPP] é maior ou igual a L2[TravAcid] (margem de +5,8m ou +32%)  ‐ COM BASE NO PP, ... 

PE = 52,2m ‐ Distância em que se encontrava o veículo com preferência (V1) quando o veículo interceptador ... 

T[ColVplacaPE] = 3,13s ‐ Tempo em que ocorreria a colisão, a partir da entrada de V2 na interseção, se V1 ... 

L2[VpPE] = 17,4m ‐ Distância percorrida pelo veículo interceptador (V2) se o veículo na via preferência ... 

       ANÁLISE: como L2[VpPE] é menor que L2[TravAcid] (margem de ‐0,6m ou ‐3%)   ‐  COM BASE NO PE, ... 

 

Como a aceleração é nula, a velcidade com que V2 adentra a via preferencial é a mesma que ele possui no 

momento da colisão, ou seja, 20km/h. 

Page 23: EXCESSO DE VELOCIDADE versus INTERCEPTAÇÃOsgmiranda.com.br/forensics/intercept_colisions.pdf · eventual. Contudo, o dolo direto de um ou de ambos os condutores descaracteriza,

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Observe que a distância percorrida por V2 (L2VpPP = 23,8m), no caso de V1 trafegar com VPlaca e utilizando o PP 

como  referência, é maior que a distância necessária  (L2TravAcid = 18,0m) para evitar o acidente. Dessa  forma, a  causa 

determinante seria o excesso de velocidade de V1. 

Ao contrário, se utilizarmos como referência o PE, a distância percorrida por V2 (L2VpPE = 17,4m) é  inferior à 

distância necessária para evitar a colisão. Assim, a causa determinante deveria ser a interceptação de V2. 

Essa diferença entre o uso do PP e do PE  significa que,  se considerarmos uma aceleração nula para V2, V1 

reagiu antecipadamente à entrada de V2 na via preferencial. Observe que T1PerCol  (2,94s) é maior que T2EntCol  (1,80s). 

Como dito anteriormente, quando utilizamos o PP, a reação antecipada pelo condutor de V1 é prejudicial a esse mesmo 

condutor, tendendo assim ao excesso de velocidade como causa. 

Na  próxima  etapa  de  cálculos,  a  planilha  apresenta  os  mesmos  valores,  só  que  agora  utilizando,  para 

aceleração de V2, o valor no qual PP e PE são iguais. 

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 

VALORES CALCULADOS PARA A2 = A2[PPePE] (1,46m/s2): 

V2[Entrada] = 4,5Km/h ‐ Velocidade de entrada do veículo interceptador (V2) na interseção. 

T2[EntCol] = 2,94s ‐ Tempo entre a entrada do veículo interceptador (V2) na via preferencial e a colisão. 

L2[VpPP] = 28,3m ‐ Distância percorrida pelo veículo interceptador (V2), se o veículo com preferência (V1) ... 

       ANÁLISE: como L2[VpPP] é maior ou igual a L2[TravAcid] (margem de +10,3m ou +57%)  ‐ COM BASE NO PP, ... 

PE = 90,2m ‐ Distância em que se encontrava o veículo com preferência (V1) quando o veículo interceptador ... 

T[ColVplacaPE] = 5,41s ‐ Tempo em que ocorreria a colisão, a partir da entrada de V2 na interseção, se V1 ... 

L2[VpPE] = 28,3m ‐ Distância percorrida pelo veículo interceptador (V2), se o veículo na via preferência trafegasse ... 

       ANÁLISE: como L2[VpPE] é maior ou igual a L2[TravAcid] (margem de +10,3m ou +57%)  ‐ COM BASE NO PE, ... 

 

A primeira observação  a  ser  feita é que,  como esperado, os  valores obtidos utilizando o PE e o PP  são os 

mesmos nesse caso. 

Além disso, observe que, com o aumento da aceleração, a  situação  se  torna mais  favorável ao veículo que 

atravessa a via preferencial (a distância que ele consegue percorrer aumenta para 28,3m. Anteriormente essa distância 

era de 17,4m, no caso do PE, e de 23,8m, no caso do PP). Logo, a causa determinante nessa situação é o excesso de 

velocidade de V1, independentemente de utilizarmos o PP ou o PE. 

Isso ocorre por dois motivos:  

a) como V2 adentra a via com uma velocidade menor, há mais tempo entre a entrada e a colisão (aumento 

de 1,80 para 2,64s), isso faz com que o PE seja maior; e 

b) como V2 está acelerando, ele percorre uma distância maior a partir do ponto de colisão (aumento de 23,8 

para 28,3m no caso do PP). 

O próximo conjunto de cálculos  refere‐se à máxima aceleração que V2 pode  ter utilizado para atravessar a 

interseção, para isso o programa escolhe o menor valor entre a2Rep e a2Pare, sendo que, no caso em estudo, esse valor é 

a2Rep. 

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 

VALORES CALCULADOS PARA A2 = A2[Rep] (1,54m/s2): 

V2[Entrada] = 0,0Km/h ‐ Velocidade de entrada do veículo interceptador (V2) na interseção. 

T2[EntCol] = 3,60s ‐ Tempo entre a entrada do veículo interceptador (V2) na via preferencial e a colisão. 

L2[VpPP] = 28,5m ‐ Distância percorrida pelo veículo interceptador (V2), se o veículo com preferência (V1... 

       ANÁLISE: como L2[VpPP] é maior ou igual a L2[TravAcid] (margem de +10,5m ou +58%)  ‐ COM BASE NO PP... 

PE = 112,4m ‐ Distância em que se encontrava o veículo com preferência (V1) quando o veículo interceptador ... 

T[ColVplacaPE] = 6,75s ‐ Tempo em que ocorreria a colisão, a partir da entrada de V2 na interseção, se V1 ... 

Page 24: EXCESSO DE VELOCIDADE versus INTERCEPTAÇÃOsgmiranda.com.br/forensics/intercept_colisions.pdf · eventual. Contudo, o dolo direto de um ou de ambos os condutores descaracteriza,

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L2[VpPE] = 35,1m ‐ Distância percorrida pelo veículo interceptador (V2), se o veículo na via preferência ... 

       ANÁLISE: como L2[VpPE] é maior ou igual a L2[TravAcid] (margem de +17,1m ou +95%)  ‐ COM BASE NO PE... 

 

Também de forma preditível, observe que agora a velocidade de entrada de V2 é zero e que o tempo entre 

essa entrada e a colisão é máximo (3,60s). 

A situação fica ainda mais favorável para V2, indicando, como causa determinante, o excesso de velocidade de 

V1. Note  também que, pela primeira vez, o PE  (112,4m) é maior que o PP  (90,2m), o que  significa que V1 percebeu 

tardiamente a entrada de V2 na via preferêncial. 

Esses  foram  os  dados  numéricos  apresentados  pela  planilha  de  cálculo,  contudo  a  forma  mais  clara  de 

compreender essas informações é através de uma analise gráfica do problema. 

VI‐2) RESULTADO GRÁFICO 

A  parte  inferior  da  planilha  mostra  os  resultados  de  forma  gráfica.  Na  parte  superior  do  gráfico  são 

visualizadas  as  três  opções  de  cálculo:  a  primeira  corresponde  aos  cálculos  apresentados  anteriormente  (V1  com 

velocidade  regulamentar),  a  segunda  aos  cálculos  em que  se  exige  a parada de V2  antes de  ele  adentrar  a  via  e  a 

terceira, para fins de referência somente, forçando V1 a reagir. Nesse trabalho discutiremos apenas a primeira opção. 

No eixo X do gráfico temos a aceleração do veículo sem a preferência  (a2). No eixo Y temos a razão entre a 

distância que V2 conseguiria percorrer, a partir de sua entrada na via preferencial, e a distância que ele necessitaria 

percorrer para evitar o acidente. Quando essa razão for maior que 1, situação em que L2Vp é maior que L2TravAcid, temos 

como causa determinante o excesso de velocidade. Caso contrário, quando a  razão é menor 1,  sabemos que L2Vp é 

menor que L2TravAcid, situação em que a interceptação deu causa à colisão. 

 

 Figura 11: Resultado gráfico dos cálculos. A linha vermelha corresponde ao cálculo com base no PP, enquanto que a linha azul está relacionada ao PE. Também, a linha vertical azul clara corresponde ao valor de a2PpePE e a linha verde 

escura ao valor de a2Rep.  

No  gráfico,  os  resultados  com  base  no  PP  (em  vermelho)  e  no  PE  (em  azul)  são  apresentados 

simultaneamente. As duas acelerações de  interesse, a2PPePE e a2Rep,  são  indicadas por duas  linhas verticais, uma azul 

clara e outra verde escura respectivamente. 

a2Rep a2PPePE 

Cáculo com base no PE 

Cáculo com base no PP 

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É fácil perceber que, com o aumento da aceleração a2, a situação se torna mais favorável para V2, tendendo 

para  causa  excesso  de  velocidade,  tanto  nos  cálculos  com  base  no  PP,  quanto  naqueles  baseados  no  PE.  Contudo, 

observa‐se que no caso do PP a relação é linear, enquanto que, no caso do PE, temos uma relação não linear. As causas 

desse comportamento foram discutidas anteriormente (veja VALORES CALCULADOS PARA A2 = A2[PPePE]). 

 

   Figura 12: Resultado gráfico dos cálculos mostrando o valor do entendimento majoritário atual e o valor em que PP é igual a PE. Também, à esquerda de a2PpePE (linha vertical azul clara) ocorreu uma reação antecipada por parte de V1, à 

direita, a reação de V1 foi tardia.  

Observe que a aceleração a2PPePE é o divisor de águas entre uma reação antecipada (à esquerda) e uma reação 

tardia  (à  direita)  por  parte  de  V1. Note  que  utilizar  o  PP  é  prejudicial  (com  relação  ao  PE)  a  V1  quando  ele  reage 

antecipadamente à entrada de V2 na via preferencial, situação que se inverte quando V1 reage tardiamente. 

Pelo entendimento majoritário atual, a causa determinante é definida atráves do PP quando a aceleração a2 é 

nula  (veja Figura 12). Entretanto, o autor acredita que,  se  for para  levar apenas um valor de a2 em  consideração, a 

escolha mais lógica seria a2PPePE (quando existir), haja vista que nesse valor os dois métodos convergem. Observe‐se que 

esse valor é mais favorável ao veículo que atravessa a via preferêncial. 

Ainda, o autor entende que uma análise mais conservadora deve ser tomada. Essa análise consiste em verificar 

qual a causa determinante em toda a  faixa de aceleração possível, só emitindo uma conclusão quando, em ambos os 

métodos, não houver uma  inversão de causa. O problema é que na maioria das situações o acidente  ficará sem uma 

conclusão, situação que se agrava quando é levada em consideração uma margem de erro. Veja‐se, por exemplo, o caso 

em estudo: apesar de o PP sempre indicar o excesso de velocidade, o PE indica que, quando a2 está abaixo de 0,25m/s2, 

a causa determinante é a interceptação. 

Em suma, cabe a cada perito, diante do caso real e da informação que aqui lhe foi apresentada, escolher um 

posicionamento consciente e científico e, portanto, a causa determinante. Lembramos, contudo, que a uniformização 

do  entendimento pericial  é de  suma  importância  e que  a  falta dela  é potencialmente danosa  tanto para os peritos 

individualmente quanto para a instituição como um todo. 

VI‐3) TESTANDO OUTROS VALORES 

A planilha também fornece um método fácil e rápido de realizar testes em que é possível alterar o valor das 

variáveis de entrada e visualizar o resultado dessas alterações. Para ver a janela de testes clique no botão [Testes >>] 

Reação  Tardia de V1 

Reação Antecipada  

de V1 

Entendimento majoritário atual 

PP = PE 

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 Figura 13: Janela de testes da planilha. Deslizando a barra (V2Col por exemplo – circulado em laranja) é possível verificar 

em tempo real as mudanças nos cálculos de excesso versus interceptação.  

Na janela de testes é possível alterar os valores de entrada em até 30% para mais ou para menos. Para alterar 

um valor basta clicar (e manter o mouse pressionado) sobre um dos triângulos que aparecem nas barras de valores e 

deslizá‐lo para a esquerda ou para a direita. O resultado pode ser visualizado imediatamente no gráfico. 

VI‐ CONCLUSÃO 

O estudo de acidentes em interseções de fluxo que envolvem excesso de velocidade é um tema complexo que 

ainda necessita de discussão em vários pontos, principalmente: 

– no desenvolvimento do conceito de ponto de decisão (ver Apêndice I); 

– na definição de quais parâmetros são os mais adequados para os cálculos (o PP ou o PE); 

– na definição de quando o veículo que atravessa a via principal evita o acidente; 

– na definição de obrigações no caso de parada obrigatória; e 

– na definição das obrigações do veículo com a preferência de tráfego com relação à sua reação. 

Este  artigo  não  pretende  exaurir  a  discussão  a  respeito  do  tema,  ele  tenta  apresentar  todas  as  posições 

possíveis para o assunto, indicando quais são as predominantes e quais são as de preferência do autor e, dessa forma, 

dando ao leitor a oportunidade de escolher seu próprio posicionamento. 

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Dessa  forma,  infelizmente,  não  se  apresenta  aqui  uma  forma  inequívoca  e  direta  de  se  chegar  à  causa 

determinante nessa classe de acidente. Contudo, esse trabalho espera ter provido todo o  instrumental matemático e 

legal  para  que  o  leitor,  ao  fazer  sua  escolha  entre  as  diversas  opções  disponíveis,  possa  chegar  à  conclusão mais 

embasada possível, lembrando sempre da importância da uniformização do entendimento pericial.