excelência em laboratório
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Excelência em Laboratório
26 Rev Dental Press Estét. 2011 jul-set;8(3):26-37
* Mestrando em Dentística Restauradora na São Leopoldo Mandic – Campinas / SP. Graduando do Curso Técnico de Prótese Dentária - Escola Bernardino.
** Especialista em Periodontia pela UFRGS.
*** Residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial na UFSC. Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial - UFSC. Mestrando em Cirurgia
e Traumatologia Bucomaxilofacial - PUC-RS.
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Rubem Ângelo RigHessO NeTO*, Ricardo RigHessO**, Leonardo Augusto Rachele RigHessO***
Provisórios anteriores maquiados e estratificados
Resumo
Para corresponder tecnicamente ao crescente apelo estéti-
co de nossos pacientes, obtendo resultados consistentes, é
fundamental que sejamos previsíveis. A maneira de atingirmos
essa previsibilidade passa pela padronização dos procedi-
mentos. Através do enceramento diagnóstico e subsequente
preparação de provisórios, conseguimos testar nossa propos-
ta de tratamento e perceber seus acertos e falhas, permitindo
a participação ativa de nosso paciente. Com essas informa-
ções, a posterior aplicação cerâmica fica grandemente simpli-
ficada, bastando ao técnico reproduzir o que já foi acordado
entre o cirurgião-dentista e o paciente.
Abstract
To technically meet the growing aesthetic appeal of our
patients, and to obtain consistent results, it is essential
for us to be predictable. The way to achieve this predict-
ability is the standardization of procedures. Through the
diagnostic waxing and subsequent preparation of tem-
poraries, we test the proposed treatment and realize its
successes and failures, allowing the active participation
of our patient. With this information, the subsequent
application of the ceramic is greatly simplified, and the
technician simply reproduces what has already been
agreed between dentist and patient.
Keywords: Aesthetic dentistry. Crowns. Acrylic resins. Dental laboratories.
Palavras-chave: Estética dentária. Coroas. Resinas acrílicas. Laboratórios odontológicos.
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INTRODUÇÃO
O conhecimento da anatomia dentária e suas
estruturas acessórias é a pedra fundamental no
alicerce de nossa profissão. Embasados nesse co-
nhecimento, podemos exercer nossa função, que é
restabelecer a condição bucal ideal de nossos pa-
cientes. Aliada a esse conhecimento teórico, a ha-
bilidade manual precisa ser desenvolvida, pois “as
mãos só conseguem copiar o que a mente percebeu
corretamente”. Uma ótima maneira de desenvolver
essa habilidade manual é através do enceramento
diagnóstico. A técnica de enceramento incremental
já foi descrita previamente1.
O contexto da prótese odontológica mundial mu-
dou substancialmente. Com a disseminação de infor-
mações promovida pelos avanços tecnológicos, as
demandas estéticas dos pacientes aumentaram pro-
porcionalmente. Para sermos capazes de suprir essa
demanda, nós, cirurgiões-dentistas, temos que evoluir
profissionalmente. Isso significa dominar o conheci-
mento técnico das diversas etapas produtivas clínicas
e laboratoriais. A comunicação entre os responsáveis
pelas etapas clínicas e laboratoriais deve ser ágil e pre-
cisa, e isso só pode ser obtido se o cirurgião-dentista
deixar de lado os antigos métodos de transferir inte-
gralmente para o técnico em prótese a responsabilida-
de pelo planejamento e execução das peças protéti-
cas. Com o conhecimento de anatomia, dos diferentes
materiais utilizados no laboratório de prótese — desde
o gesso até as cerâmicas —, e das diferentes técni-
cas de aplicação desses materiais, o cirurgião-dentista
torna-se parte ativa e crítica dessa importante etapa de
produção. Parte significativa desse processo diz res-
peito à confecção dos provisórios.
Os provisórios são essenciais na confecção de um
trabalho que vise a obtenção de um resultado biomi-
mético. Devem ser protótipos dos trabalhos finais, ten-
do aspecto o mais próximo possível do resultado dese-
jado. Para que isso seja possível, é necessário que os
provisórios sejam feitos em laboratório, com base em
um enceramento prévio. Com a obtenção das formas
e cores desejadas, já com os provisórios, a aplicação
de cerâmica é grandemente facilitada, limitando-se à
reprodução do que já foi previamente aprovado pelo
paciente. Respeitados esses princípios, a instalação
das peças definitivas resumir-se-á à sua cimentação,
tornando desnecessários quaisquer tipos de ajustes,
haja vista que desgates acabariam danificando a es-
tratificação que o ceramista, tão zelosamente, havia
executado. Seguindo esses pressupostos, o trabalho
do cirurgião-dentista torna-se mais previsível e pratica-
mente elimina a possibilidade de o paciente não apro-
var o resultado final.
As resinas acrílicas atuais possuem características
impressionantes. Apresentam diversas tonalidades
de cor, inclusive com diferenciação entre esmalte e
dentina, proporcionando belos resultados finais, desde
que bem utilizadas. Os corantes também possuem pa-
pel fundamental, pois permitem a personalização das
cores do trabalho.
De posse desses conhecimentos mais amplos,
o cirurgião-dentista passa a ter mais controle sobre
seus trabalhos, identificando erros de produção com
mais precisão e potencializando os resultados finais.
Belos resultados em nossa profissão são obtidos
através da otimização de todas as etapas do proces-
so produtivo, e a confecção de provisórios é, segura-
mente, uma das mais importantes.
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Figura 1 - Aspecto inicial do sorriso. A paciente relatou insatisfação com as coroas metalocerâmicas nos quatro incisivos superiores.
Figura 2 - Em uma vista aproximada, percebe-se a marcante opaci-dade das coroas, com aspecto envelhecido e acinzentado na região cervical, evidenciado por uma gengiva mais afilada. O espaço negro formado entre os incisivos centrais também contribui para o enve-lhecimento do sorriso.
Figura 3 - A dessemelhança entre os dois incisivos centrais prejudi-ca grandemente o aspecto do sorriso.
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Figura 4 - Vistas por palatina, as coroas apresentam-se descaracterizadas, lascadas e com formato anatômico incorreto, prejudicando a mastigação.
Figura 5 - Compare as coroas superiores com os dentes hígidos inferiores. Além de mais cromatizadas, as coroas apresentam-se opacas e sem a translucidez característica do terço incisal, dando um aspecto artificial ao sorriso.
Figura 6 - Escolha da cor, baseada nos incisivos inferiores hígidos. As cores escolhidas foram UD1 e GE2 (ENAMEL plus® Temp, Micerium), correspondentes ao A1 dentina e esmalte adulto, com valor médio.
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Figura 7 - Preparos protéticos para coroas totais dos incisivos centrais e laterais supe-riores (vista por vestibular).
Figura 8 - Enceramento diagnóstico. Figura 9 - Texturização da superfície com linhas horizontais. Essas linhas devem ser bem marcadas na cera, pois assim aparece-rão suavemente nas coroas acrílicas.
Figura 10 - Vista por incisal. Observe o “aspecto de pá” da face palatina dos inci-sivos, perceptível devido ao sombreamen-to. Esse formato proporciona uma ação de corte, pois permite a formação de um bordo incisal estreito.
Figura 11 - Vista por proximal. Observe os três planos de inclinação na face vestibular dos incisivos (terços cervical, médio e incisal).
Figura 12 - Vista por palatina.
Figura 13 - Terminado o enceramento, esse deve ser copiado com uma silicona de condensação (Zetalabor, Zermack).
Figura 14 - Após a completa polimerização da silicona, essa deve ser removida e inspecionada para detectar eventuais falhas. Nessa moldagem observa-se que o enceramento foi copiado com perfeição.
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Figura 15 - Após a moldagem, as coroas de cera devem ser re-movidas e uma fina camada de cera deve ser aplicada sobre os preparos, para evitar a quebra do modelo durante a remoção das coroas acrílicas.
Figura 19 - Aspecto após a retirada do molde e remoção dos ex-cessos. O próximo passo é o desgaste da resina da dentina, para proporcionar espaço para a aplicação da camada correspondente ao esmalte.
Figura 16 - Aplicação de isolante (vaselina).
Figura 17 - A resina acrílica UD1 deve ser misturada ao líquido auto-polimerizante e colocada no interior do molde, nos espaços corres-pondentes aos incisivos.
Figura 18 - A resina acrílica UD1 deve ser misturada ao líquido auto-polimerizante e colocada no interior do molde, nos espaços corres-pondentes aos incisivos. Em seguida, o molde deve ser posicionado sobre os modelos. A colocação de elásticos permite a manutenção de certa pressão.
Figura 20 - Vista por palatina.
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Figura 21 - Marcação dos terços para desgaste. Inicialmente, foi realizado o des-gaste no terço incisal, que deve ser mais profundo e com marcante inclinação para palatina. O bordo incisal deve ser afilado até o estado de “ponta de faca”.
Figura 22 - Vista vestibular inclinada. Figura 23 - Desgaste dos terços médio e cervical. O desgaste no terço médio deve ter profundidade intermediária e o desgaste no terço cervical deve ser discreto.
Figura 24 - Desgastes respeitando as diferentes inclinações da face vestibular.
Figura 25 - Os desgastes devem ser realizados de maneira seme-lhante na face palatina.
Figura 26 - Aplicação incorreta dos corantes. Figura 27 - Aplicação correta dos corantes. Os corantes devem ser diluídos em adesivo para resina composta, para proporcionarem esse efeito de coloração discreto e extremamente natural. Foram utilizadas as seguintes cores:» amarelo, no terço cervical;» branco mais diluído, no terço médio e nas proximais;» branco mais intenso, para marcar os mamelos na região incisal.
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Figura 29 - A resina acrílica GE2 (esmalte de médio valor) deve ser misturada ao líquido autopolimerizante e colocada no interior do molde, nos espaços correspondentes aos incisivos. Antes do mol-de ser posicionado, as coroas desgastadas devem ser umedecidas com líquido autopolimerizante, para que aconteça adesão. Em se-guida, o molde de silicona deve ser posicionado sobre os modelos, de maneira semelhante à realizada anteriormente.
Figura 32 - Vista por palatina. Figura 33 - Vista por incisal.
Figura 30 - Coroas provisórias finalizadas. Observe a naturalidade das cores, o croma mais saturado na região cervical e a translucidez do terço incisal. Provisórios de qualidade permitem uma transição bastante confortável até a colocação do trabalho final.
Figura 31 - Vista vestibular aproximada.
Figura 28 - Aplicação dos corantes na face palatina. O corante ama-relo foi utilizado nas áreas cervicais e na concavidade palatina; e o corante branco foi aplicado nas áreas proximais e incisais.
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Figura 34 - Provisórios instalados. Figura 35 - Note que, apesar de provisório, o trabalho apresenta um aspecto bastante natural, com formas harmoniosas e cores seme-lhantes às dos incisivos centrais inferiores. Em protrusão, observa-se melhor a translucidez da região incisal dos provisórios, proporciona-da pelo desgaste seletivo do acrílico da dentina e pela aplicação do acrílico para esmalte.
Figura 36 - Sorriso da paciente com os provisórios instalados. Ob-serve a harmonização dos provisórios com os dentes adjacentes.
Figura 37 - Provisórios em vista de perfil.
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Figura 38 - A) Aspecto pré-operatório. B) Provisórios maquiados e estratificados: essa etapa permite que os aspectos estéticos e funcionais sejam testados, facilitando grandemente a confecção dos trabalhos definitivos em cerâmica. C) Aspecto final, após a cimentação das coroas cerâ-micas puras (IPS E-Max, Ivoclar Vivadent).
Figura 39 - Paciente sorri satisfeita, após a finalização do tratamento.
A B C
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Figura 40 - Harmonização do sorriso na composição facial.
1. Righesso Neto RA, Righesso LAR, Righesso R. Técnica de enceramento incremental: anteriores superiores. Rev Dental Press Estét. 2011 abr-jun;8(2):26-41.
REFERêNCIAS
Rubem A. Righesso NetoE-mail: [email protected]
Endereço para correspondência
Enviado em: 06/06/2011Revisado e aceito: 01/07/2011
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