excelentÍssimo senhor presidente do egrÉgio supremo ... · do § 2º do art. 7º da lei n.º...

46
EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF A ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA – AMBR, pessoa jurídica de direito privado (entidade nacional representativa dos médicos), com sede na Rua São Carlos do Pinhal, 324, Bela Vista, São Paulo – Capital, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 61.413.605-0001/07, neste ato representada pelo seu Presidente, Dr. Florentino Cardoso, brasileiro, médico, casado, portador da Cédula de Identidade RG nº 1.098.119 - SSP/CE e do CPF nº 189.652.963-15 e O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA – CFM (como AMICUS CURIAE ou como entidade de classe de âmbito nacional), Autarquia Federal, CNPJ n.º 33.583.550/0001-30, instituída pelo Decreto-lei nº 7.955, de 13.09.45 e pela Lei nº 3.268, de 30.09.57, alterada pela Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004 e regulamentada pelo Decreto nº 44.045/58 e pelo Decreto n.º 6821, de 14.04. 2009, com sede no SGAS 915 lote 72, CEP 70.390-150, na Capital da República, representados por seus Presidentes, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no inciso I,, alínea “a” do artigo 102 da Carta Magna c/c a Lei federal n.º 9.868/99, propor a presente AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR 1

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL - STF

A ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA – AMBR, pessoa jurídica de

direito privado (entidade nacional representativa dos médicos), com sede na Rua

São Carlos do Pinhal, 324, Bela Vista, São Paulo – Capital, inscrita no CNPJ/MF sob

o nº 61.413.605-0001/07, neste ato representada pelo seu Presidente, Dr. Florentino

Cardoso, brasileiro, médico, casado, portador da Cédula de Identidade RG nº

1.098.119 - SSP/CE e do CPF nº 189.652.963-15 e O CONSELHO FEDERAL DE

MEDICINA – CFM (como AMICUS CURIAE ou como entidade de classe de

âmbito nacional), Autarquia Federal, CNPJ n.º 33.583.550/0001-30, instituída pelo

Decreto-lei nº 7.955, de 13.09.45 e pela Lei nº 3.268, de 30.09.57, alterada pela Lei

nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004 e regulamentada pelo Decreto nº 44.045/58

e pelo Decreto n.º 6821, de 14.04. 2009, com sede no SGAS 915 lote 72, CEP

70.390-150, na Capital da República, representados por seus Presidentes, vem,

respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no inciso I,, alínea “a”

do artigo 102 da Carta Magna c/c a Lei federal n.º 9.868/99, propor a presente

AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR

1

Page 2: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

contra os artigos 7º, os incisos I, II e os parágrafos 1º, o § 2º e os incisos I e II, § 3º,

o § 1ª, os incisos I, II e II do art. 9º e o artigo 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e

4º e artigo 11 da Medida Provisória n.º 621/2013, publicada no DOU do dia

09/07/2013, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I - O OBJETO DA PRESENTE LIDE

. A Autora, por intermédio da presente ação direta, busca obter uma tutela

jurisdicional que tenha o condão de DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE

de determinados dispositivos da Medida Provisória n.º 621/2013 proclamando-se

a sua nulidade, por força da flagrante inconstitucionalidade existente na aludida

medida provisória e afastando-os do ordenamento jurídico pátrio, especialmente

porque eles têm o condão acarretar verdadeira afronta à Constituição da

República e por conseguinte inúmeros prejuízos à um dos maiores interesses

públicos resguardados na Constituição Federal: a saúde pública digna e de

qualidade à população brasileira, ao possibilitar a desproporcional e

irracional situação de médicos sem formação profissional e sem a

necessária revalidação de diploma não reconhecido internamente

adequada tratar da saúde do povo brasileiro.

2

Page 3: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Com efeito, aqui se questiona a flagrantes inconstitucionalidades

formais e materiais de diversos artigos da Medida Provisória n.º 621/2013 - Projeto

Mais Médicos para o Brasil - porque há evidente lesão aos ditames da Constituição

Federal, em especial:

INCONSTITUCIONALIDADES FORMAIS:

- ausência dos pressupostos constitucionais do artigo 62 da

Constituição Federal para edição de medida provisória – ausência de relevância e

urgência;

INCONSTITUCIONALIDADES MATERIAIS

- violação do princípio constitucional do concurso público (art. 37, II, CF);

- imposição de servidão civil aos estudantes do curso de medicina em

detrimento do art. 6º do pacto de San José da Costa Rica – norma de caráter

supralegal;

- limitação territorial do exercício da profissão – violação do livre exercício

profissional – criação de subcategorias de profissionais (art. 5°, XIII, CF)

Impossibilidade de medida provisória regular matéria relativa à nacionalidade,

cidadania e orçamento (art. 62, § 1º, “a” e “d”, CF)

Ademais, em razão do iminente risco de dano a direitos

constitucionais fundamentais, e em face da relevância jurídica do tema e do

especial significado para ordem social e segurança jurídica, requer-se também a

concessão de medida cautelar, conforme artigos 10,11 e 12 da lei 9.868/99, e artigo

3

Page 4: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

102, I, “p”, da Constituição Federal, para suspender temporariamente a eficácia e

aplicabilidade dos textos legais ora atacados, concedendo-lhes os efeitos ex tunc e

erga omnes.

II.1 - DA LEGITIMIDADE ATIVA DA AMBR E DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA NA

PROPOSITURA DA PRESENTE ADI

A Associação Médica Brasileira – AMB - é uma entidade de classe de

âmbito nacional, fundada em 26 de janeiro de 1951, cuja missão é defender a

dignidade profissional do médico e a assistência de qualidade à saúde da população

brasileira, conforme se depreende do seu estatuto (documento anexo).

É dentro desse contexto, que a Autora vem solicitar uma tutela

jurisdicional com a finalidade de afastar do mundo jurídico a patente

inconstitucionalidade inserida no artigo 7º, incisos I, II e em seus parágrafos 1º, o §

2º e os incisos I e II, § 3º, o § 1ª, os incisos I, II e II do artigo 9º, o artigos 10 e seus

parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º e artigo 11, tendo em vista que eles estão em total

confronto com a Carta Magna conforme será demonstrado a seguir.

Detenha-se que no que caso em tela a pertinência temática encontra-

se presente uma vez que a Autora busca assegurar o respeito aos ditames

constitucionais, especialmente àqueles relacionados à tutela da saúde, da vida,

do regular exercício profissional (medicina), do respeito aos direitos sociais do

trabalho, da Tripartição dos Poderes da República, do regular processo

legislativo, da regularidade nos gatos públicos, por meio da realização de

concurso ou por meio de licitação, bem como pela observância dos ditames do

art. 37, principalmente no que tange aos princípios norteadores da

Administração Pública, pois os artigos acima citados da Medida Provisória em

questão tem o condão de atingir diretamente o exercício da medicina no Brasil,

4

Page 5: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

e é de interesse de agir o direto da Autora o resguardo da tutela dos direitos

acima descritos, notadamente a defesa da dignidade profissional do médico e

a assistência de qualidade à saúde da população brasileira que é posta em

xeque pelos artigos inconstitucionais da medida provisória supra descrita.

Portanto, no caso em tela não há dúvidas de que a Requerente

enquadra-se no disposto no inc. IX do artigo 103 da Constituição federal e do artigo

2°, IX da lei federal 9.868/99 sendo parte legítima com pertinência temática para

propor a presente ação, inclusive porque o próprio STF tem admitido tal situação

(Ag-ADI n.º 3153/DF, Rel. Sepúlveda Pertence, DJ. 12/04/2004), notadamente

porque o tema está intimamente ligada ao exercício da medicina no Brasil e a Autora

é regular entidade da classe médica de âmbito nacional, como já mencionado na

ADI 2538. .

II.2 – DO CFM COMO AMIGO DA CORTE - AMICUS CURIE

É sabido de todos que o Conselho Federal de Medicina - CFM é uma

Autarquia Federal que possui competência para fiscalizar o exercício técnico e moral

da medicina (ex vi do art. 5º c/c 15 da Lei n.º 3268/57), bem como zelar pela saúde

da população, nos exatos termos do art. 196 da Carta Magna.

Dentro desse contexto, e considerando que a Medida Provisória em

questão tem o condão de interferir de forma drástica no exercício profissional

da Medicina, o CFM, ora requerente, almeja participar da presente ação nos termos

do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/991, ou que haja uma interpretação mitigada do

inc. IX do artigo 103 da Carta Magna, na medida em que o requerente é também

1 § 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá,

por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

5

Page 6: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

pode ser considerado como uma entidade de Classe de âmbito Nacional

intimamente relacionado com a Classe Médica2, conforme precedentes do STF.

Desse modo, considerando a pertinência temática e relação direta do

tema com o exercício e fiscalização da medicina, requer seja deferida a participação

do CFM como “amicus curiae” ou como parte legítima, considerando que o tema

está totalmente ligado às atribuições e interesses do Requerente, ou seja, matéria

ligada aos interesses típicos da classe que representada pelos requerentes.

III - DOS FATOS

3. No dia 09 de julho de 2013 o D.O.U. foi publicado o texto da Medida

Provisória nº 621, que institui o Programa Mais Médicos (cópia anexa).

No corpo desta Medida Provisória consta em seu Capítulo V, o Projeto

Mais Médicos para o Brasil, assim previsto:

“Art. 7o Fica instituído, no âmbito do Programa Mais Médicos, o

Projeto Mais Médicos para o Brasil, que será oferecido:

2 Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI FEDERAL Nº 11.516/07. CRIAÇÃO

DO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. LEGITIMIDADE DAASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DO IBAMA. ENTIDADE DE CLASSE DE ÂMBITONACIONAL. VIOLAÇÃO DO ART. 62, CAPUT E § 9º, DA CONSTITUIÇÃO. (...) AÇÃO DIRETAPARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. A democracia participativa delineada pela Carta de 1988 sebaseia na generalização e profusão das vias de participação dos cidadãos nos provimentosestatais, por isso que é de se conjurar uma exegese demasiadamente restritiva do conceito de“entidade de classe de âmbito nacional“ previsto no art. 103, IX, da CRFB. 2. A participação dasociedade civil organizada nos processos de controle abstrato de constitucionalidade deve serestimulada, como consectário de uma sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, napercepção doutrinária de Peter Häberle, mercê de o incremento do rol dos legitimados àfiscalização abstrata das leis indicar esse novel sentimento constitucional. 3. In casu,a entidade proponente da ação sub judice possuir ampla gama de associados, distribuídos portodo o território nacional, e que representam a integralidade da categoria interessada, qualseja, a dos servidores públicos federais dos órgãos de proteção ao meio ambiente. (...) ADI 4029 /AM - AMAZONAS , Relator(a): Min. LUIZ FUX, DJe-125 DIVULG 26-06-2012 PUBLIC 27-06-2012,

6

Page 7: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

I - aos médicos formados em instituições de educação superior

brasileiras ou com diploma revalidado no País; e

II - aos médicos formados em instituições de educação superior

estrangeiras, por meio de intercâmbio médico internacional.

§ 1o A seleção e ocupação das vagas ofertadas no âmbito do

Projeto Mais Médicos para o Brasil observará a seguinte ordem de

prioridade:

I - médicos formados em instituições de educação superior brasileiras

ou com diploma revalidado no País;

II - médicos brasileiros formados em instituições estrangeiras com

habilitação para exercício da medicina no exterior; e

III - médicos estrangeiros com habilitação para exercício de

medicina no exterior.

§ 2o Para fins do Projeto Mais Médicos para o Brasil, considera-

se:

I - médico participante - médico intercambista ou médico formado em

instituição de educação superior brasileira ou com diploma revalidado;

e

II - médico intercambista - médico formado em instituição de

educação superior estrangeira com habilitação para exercício da

medicina no exterior.

§ 3o A coordenação do Projeto Mais Médicos para o Brasil ficará a

cargo dos Ministérios da Educação e da Saúde, que disciplinarão, por

meio de ato conjunto dos Ministros de Estado da Educação e da

Saúde, a forma de participação das instituições públicas de educação

superior e as regras de funcionamento do Projeto, incluindo a carga

horária, as hipóteses de afastamentos e os recessos”. (grifos nossos)

As condições para a participação do médico no Projeto Mais Médico

para o Brasil estão previstas no § 1ª, incisos I, II e III do art. 9º e são as seguintes:

7

Page 8: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

“§ 1o São condições para a participação do médico intercambista

no Projeto Mais Médicos para o Brasil, conforme disciplinado em

ato conjunto dos Ministros de Estado da Educação e da Saúde:

I - apresentar diploma expedido por instituição de educação

superior estrangeira;

II - apresentar habilitação para o exercício da medicina no país de

sua formação; e

III - possuir conhecimentos de língua portuguesa”. (grifos nossos)

O exercício da medicina por parte do médico denominado

intercambista que aderir a este Projeto ficou dispensado da revalidação do

diploma, quando este for de origem estrangeira ou quando se tratar de estrangeiro

com formação no exterior, verbis:

“Art. 10. O médico intercambista exercerá a medicina

exclusivamente no âmbito das atividades de ensino, pesquisa e

extensão do Projeto Mais Médicos para o Brasil, dispensada, para

tal fim, a revalidação de seu diploma nos termos do § 2 o do art. 48

da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996 .

§ 1o Fica vedado ao médico intercambista o exercício da medicina

fora das atividades do Projeto Mais Médicos para o Brasil.

§ 2o Para exercício da medicina pelo médico intercambista no

âmbito do Projeto Mais Médicos para o Brasil será expedido

registro provisório pelos Conselhos Regionais de Medicina”.

(grifos nossos)

A MP nº 621/13, nos §§ 3º e 4º do seu arigo. 10 criou uma “declaração

de participação” do médico intercambista retirando dos Conselhos Regionais de

Medicina a competência para avaliar a qualidade profissional do médico

intercambista, na medida em que suprime a possibilidade de fiscalizar o exercício

profissional através da análise documental para o exercício da medicina, verbis

8

Page 9: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

“Art. 10. (...)

§ 3o A declaração de participação do médico intercambista no

Projeto Mais Médicos para o Brasil, fornecida pela coordenação

do programa, é condição necessária e suficiente para a expedição

de registro provisório pelos Conselhos Regionais de Medicina,

não sendo aplicável o art. 99 da Lei n o 6.815, de 19 de agosto de

1980, e o art. 17 da Lei n º 3.268, de 30 de setembro de 1957 .

§ 4o O registro provisório será expedido pelo Conselho Regional

de Medicina no prazo de quinze dias, contado da apresentação do

requerimento pela coordenação do programa de aperfeiçoamento,

e terá validade restrita à permanência do médico intercambista no

Projeto Mais Médicos para o Brasil, nos termos do regulamento”.

(grifos nossos).

Com efeito, da atenta leitura dos artigos mencionados da Medida

Provisória 621/2013 acima transcritos percebe-se que tal instrumento normativo

padece de flagrante inconstitucionalidade, senão vejamos.

IV - DO DIREITO

IV.1 DAS INCONSTITUCIONALIDADES FORMAIS:

DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS DO

ARTIGO 62 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA EDIÇÃO DE MEDIDA

PROVISÓRIA – AUSÊNCIA DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA: - VIOLAÇÃO DO

DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO DA MEDIDA PROVISÓRIA

9

Page 10: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Doutos Ministros, a simples leitura da Medida Provisória em debate,

leva à conclusão de frontal violação formal ao Texto Constitucional, em especial ao

disposto em seu artigo 62, caput.

Com efeito, o referido dispositivo Constitucional assinala que as

Medidas Provisórias serão editadas somente em caso de relevância e urgência,

verbis

“Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da

República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,

devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)”

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre

matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

a) nacionalidade (...)

Com efeito, da atenta leitura dos dispositivos impugnados é fácil

constatar que o artigo 7º e seus incisos e parágrafos, o artigo 9º e seus parágrafos e

o artigo 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º da Medida Provisória n.º 621/2013

padecem de flagrante inconstitucionalidade, uma vez que não se verifica o

requisito da urgência para tratar dos temas ali arrolados.

Ora, é sabido de todos que a situação da gestão da saúde pública no

Brasil é um problema crônico que já se arrasta por décadas por culpa única e

exclusiva dos poderes públicos que não foram competentes e eficazes (e a edição

desta medida provisória é prova que continuam no mesmo “status quo ante”) para

solucionar a questão, o que é mandamento constitucional!

10

Page 11: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

. Assim, a “solução mágica” proposta pelo Executivo, consubstanciada

na MP ora impugnada, não possui nada de urgente e se mostra totalmente

inconstitucional, data vênia.

A criação de um “projeto” “mais médicos para o Brasil” em verdadeiro

toque de caixa por medida provisória teve o único intuito de tentar abafar o clamor

popular das manifestações ocorridas em todo território nacional que reclama apenas

o cumprimento dos direitos fundamentais constitucionais dos cidadãos.

Não é através de medida provisória que se pode solucionar a questão

da saúde pública em todo território nacional, muito menos no conteúdo de

contratação de médicos muitos deles de qualidade duvidosa como se verá nas

inconstitucionalidades materiais apontadas.

Este Supremo Tribunal já se pronunciou acerca da possibilidade do

controle abstrato de constitucionalidade acerca dos critérios de relevância e urgência

de medida provisória:

"A crescente apropriação institucional do poder de legislar, por

parte dos sucessivos Presidentes da República, tem despertado

graves preocupações de ordem jurídica, em razão do fato de a

utilização excessiva das medidas provisórias causar profundas

distorções que se projetam no plano das relações políticas entre

os Poderes Executivo e Legislativo. Nada pode justificar a

utilização abusiva de medidas provisórias, sob pena de o

Executivo, quando ausentes razões constitucionais de urgência,

necessidade e relevância material, investir-se, ilegitimamente, na

mais relevante função institucional que pertence ao Congresso

Nacional, vindo a converter-se, no âmbito da comunidade estatal, em

instância hegemônica de poder, afetando, desse modo, com grave

prejuízo para o regime das liberdades públicas e sérios reflexos sobre

11

Page 12: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

o sistema de checks and balances, a relação de equilíbrio que

necessariamente deve existir entre os Poderes da República. Cabe ao

Poder Judiciário, no desempenho das funções que lhe são

inerentes, impedir que o exercício compulsivo da competência

extraordinária de editar medida provisória culmine por introduzir,

no processo institucional brasileiro, em matéria legislativa,

verdadeiro cesarismo governamental, provocando, assim, graves

distorções no modelo político e gerando sérias disfunções

comprometedoras da integridade do princípio constitucional da

separação de poderes." (ADI 2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello,

julgamento em 4-4-2002, Plenário, DJ de 23-4-2004.) (grifos nossos).

E ainda:

"A edição de medidas provisórias, pelo presidente da República, para

legitimar-se juridicamente, depende, dentre outros requisitos, da estrita

observância dos pressupostos constitucionais da urgência e da

relevância (CF, art. 62, caput). Os pressupostos da urgência e da

relevância, embora conceitos jurídicos relativamente

indeterminados e fluidos, mesmo expondo-se, inicialmente, à

avaliação discricionária do presidente da República, estão

sujeitos, ainda que excepcionalmente, ao controle do Poder

Judiciário, porque compõem a própria estrutura constitucional

que disciplina as medidas provisórias, qualificando-se como

requisitos legitimadores e juridicamente condicionantes do

exercício, pelo chefe do Poder Executivo, da competência

normativa primária que lhe foi outorgada, extraordinariamente,

pela CR. (...) A possibilidade de controle jurisdicional, mesmo

sendo excepcional, apoia-se na necessidade de impedir que o

presidente da República, ao editar medidas provisórias, incida em

excesso de poder ou em situação de manifesto abuso

12

Page 13: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

institucional, pois o sistema de limitação de poderes não permite que

práticas governamentais abusivas venham a prevalecer sobre os

postulados constitucionais que informam a concepção democrática de

Poder e de Estado, especialmente naquelas hipóteses em que se

registrar o exercício anômalo e arbitrário das funções estatais." (ADI

2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-4-2002,

Plenário, DJ de 23-4-2004.) (grifos nossos).

O artigo 1° da medida provisória 621/13, que institui o alegado

programa mais médicos determina que sua finalidade é “formar recursos humanos

na área médica para o Sistema Único de Saúde - SUS e com os seguintes objetivos: a fim de

reduzir as desigualdades regionais na área da saúde;

“II - fortalecer a prestação de serviços na atenção básica em saúde no País;III - aprimorar a formação médica no País e proporcionar maior experiência no campo de prática médica durante o processo de formação;IV - ampliar a inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS, desenvolvendo seu conhecimento sobre a realidade da saúde da população brasileira;V - fortalecer a política de educação permanente com a integração ensino-serviço, por meio da atuação das instituições de educação superior na supervisão acadêmica das atividades desempenhadas pelos médicos;VI - promover a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais da saúde brasileiros e médicos formados em instituições estrangeiras;VII - aperfeiçoar médicos para atuação nas políticas públicas de saúde do País e na organização e funcionamento do SUS; eVIII - estimular a realização de pesquisas aplicadas ao SUS”

A alegada finalidade de redução de desigualdade regional na área de saúde e

até mesmo o aprimoramento da formação médica no país NÃO SÃO PASSÍVEIS DE

MEDIDA PROVISÓRIA!

13

Page 14: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Ora, nobres Ministros, o que se debate na presente ação é a proteção de um dos

maiores bens jurídicos tutelados pela Constituição; direito à saúde, corolário do direito ao

direito á vida digna!

Não se discute que o tema merece atenção máxima dos poderes públicos, mas

não pode ser tratado de forma repentina apenas no calor do clamor popular e certamente a

medida provisória não é o meio legal para disciplinar assunto tão delicado que merece maior

debate em todas as esferas de governo.

Não há dúvidas de que o presente Programa de Governo é totalmente

teratológico e elaborado sob uma base jurídica contrária aos ditames

Constitucionais em flagrante abuso de Poder/Desvio de Finalidade, conforme

acima alinhavado.

Nobres Ministros, existem evidentes inconstitucionalidade nos artigos

acima citados, pois a matéria ora tratada não se adequa aos ditames da

Constituição Federal (artigo. 62, “caput”), ou seja, é dever do Poder Judiciário

declarar a nulidade dos dispositivos arrolados porque a matéria em questão deveria

observar do devido processo legislativo (art. 65 e seguintes3) e não ser tratada em

Medida Provisória, já que o problema da saúde brasileira se encontra

comprometido Há décadas e não pode ser resolvido com “passe de mágica”.

IV.2 DAS INCONSTITUCIONALIDADES MATERIAIS

DA VIOLAÇÃO AO DIREITO À SAÚDE

3 Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

14

Page 15: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

A presente ADI possui enorme relevância jurídica, uma vez que visa

impedir que haja precarização da saúde, ou seja, a matéria ora debatida está

intimamente relacionada à tutela do direito à vida e à segurança, nos exatos

termos do art. 5º, caput c/c 196 e 197 da CF.

Douto Ministro Relator, os dispositivos legais da Medida Provisória

acima citada atentam conta à vida, a dignidade, a segurança, a saúde e contra o

Sistema Democrático Republicano Brasileiro (Princípios Sensíveis da

Constituição4 e Cláusulas Pétreas5), pois as políticas públicas buscadas pelo

Governo têm o condão de afrontar as regras relativas ao regular exercício da

profissão médica no Brasil, especialmente as regras que tratam da revalidação de

diplomas e dos requisitos para o exercício profissional.

O artigo 7º da Medida Provisória assinala que o

Programa Mais Médicos será oferecido, para os médicos estrangeiros, por meio

de intercâmbio internacional e por brasileiros formados no exterior SEM

QUALQUER REVALIDAÇÃO DO DIPLOMA, verbis

Art. 7o Fica instituído, no âmbito do Programa Mais Médicos, o Projeto

Mais Médicos para o Brasil, que será oferecido (...):

II - aos médicos formados em instituições de educação superior

estrangeiras, por meio de intercâmbio médico internacional.

4 Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; (...) a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana;

5 § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.

15

Page 16: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

§ 1o A seleção e ocupação das vagas ofertadas no âmbito do Projeto

Mais Médicos para o Brasil observará a seguinte ordem de prioridade

(...):

II - médicos brasileiros formados em instituições estrangeiras com

habilitação para exercício da medicina no exterior; e

III - médicos estrangeiros com habilitação para exercício de

medicina no exterior.

Com efeito, é sabido de todos que as Medidas Provisórias possuem

força de Lei. Entretanto, a edição de Medidas Provisórias não é um Poder

Absoluto do Poder Executivo, ou seja, edição da aludida norma não pode

contrariar o sistema jurídico vigente, especialmente os princípios acima citados que

tratam da impossibilidade material e jurídica de se criar um tratamento não

isonômico entre Nacionais e Estrangeiros.

Ademais, a Medida Provisória em questão está acarretando flagrante

negativa de vigência ao disposto no art. 196 e 197 da Carta Magna, tendo em

conta que a tutela da vida, da segurança e da saúde não pode deixar de observar os

parâmetros insculpidos na Constituição da República, principalmente porque os

programas de governo devem buscar a redução do risco de doença e de outros

agravos, por força dos artigos acima citados.

Ora, a manutenção dos artigos 7º, 9º e 10º da Medida Provisória

indubitavelmente tem o condão de acarretar violação direta e frontal à Carta Magna

(artigos 196 e 197), assim como da Legislação infraconstitucional (Lei nº 3.268/57 e

Lei nº 9.394/96), pois a contratação de pessoas (intercambistas), sem a necessária

comprovação de habilitação profissional (revalidação do diploma) e sem o

domínio do idioma nacional (Celpe/BRAS), para a realização de atendimento

médico em inúmeros municípios da Federação é uma atitude nefasta e

antirrepublicana.

16

Page 17: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

É evidente que o direito à saúde é indisponível e justamente por

este motivo o poder público não poder tomar atitudes irresponsáveis (ainda

mais através de medida provisória) e deixar nas mãos de profissionais que não

detém reconhecimento técnico nacional para clinicar no Brasil ao invés de

implementar políticas públicas DE QUALIDADE E EFICIÊNCIA para o

profissional da saúde habilitado e apto a exercer o ditame constitucional que

todo cidadão tem direito.

Com efeito, a pretensão do Governo Federal não garante políticas

públicas de qualidade e tem o condão de permitir do exercício irregular e ilegal

da medicina no Brasil, eis que é sabido de todos que não existe revalidação

automática de diplomas e que o exercício da medicina deve observar o disposto

no artigo 17 da Lei n.º 3268/57, bem como o Decreto n.º 44045/58, por força da

qualificação profissional exigida no Texto Constitucional em seu artigo 5°, XIII, neste

caso regulamentado assim pelas normas descritas, verbis.

Art. 15 – São atribuições dos Conselhos Regionais:

a) deliberar sobre a inscrição e cancelamento do quadro do Conselho;

(...)

h) promover, por todos os meios ao seu alcance, o prefeito

desempenho técnico e moral da medicina e o prestígio e bom

conceito da medicina, da profissão e dos que a exerçam;

(...)

Art. 17- Os médicos só poderão exercer legalmente a medicina, em

qualquer de seus ramos ou especialidades, após o prévio registro de

seus títulos, diplomas, certificados ou cartas do Ministério da

Educação e Cultura e de sua inscrição no Conselhos Regional de

Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade...”

17

Page 18: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Acerca do pedido de inscrição no CRM, vale frisar o disposto no artigos

2º e seguintes, verbis

Art. 2º O pedido de inscrição do médico deverá ser dirigido ao

Presidente do competente Conselho Regional de Medicina, com

declaração de (...) :

f) prova de revalidação do diploma de formatura, de conformidade

com a legislação em vigor, quando o requerente, brasileiro ou não,

se tiver formado por Faculdade de Medicina estrangeira; (...)

Nesta esteira, é flagrante a inconstitucionalidade da norma atacada,

pois a Medida Provisória do Governo Federal tem a finalidade de permitir o

exercício ilegal da profissão, ou seja, de permitir que pessoas que não estejam

registrados perante os Conselhos Regionais de Medicina atuem de forma

ilegal, acarretando, inclusive a eventual sonegação de impostos e

contribuições sociais, bem como gastos desnecessários e elevados.

Ora, com uma simples conta aritmética é fácil constatar que a

contratação de 10.000 mil pessoas, por no mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais)

implicará no custo de R$ 100.000.000 (cem milhões) de reais por mês e R$

1.200.000.000 (um bilhão e duzentos milhões) de reais por ano, inclusive sem

qualquer previsão orçamentária regularmente aprovada pelo Congresso

Nacional (Lei Orçamentária), desrespeitando inclusive a repartição das

receitas do Governo, inclusive com relação aos Municípios (art. 159 c/c 161da

CF/88), que exige Lei Complementar para tratar do tema, sem olvidar que

medida provis[oria não pode, mesmo que indiretamente regulamentar matéria

atinente a orçamento, conforme artigo 62, §1°, “d”, da Constituição Federal..

Portanto, não há dúvidas de que a Medida Provisória em questão

causa enormes prejuízos financeiros à União, aos Estados e Municípios, bem como

flagrante desrespeito ao interesse público maior, qual seja, UMA PRESTAÇÃO DE

18

Page 19: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

SERVIÇOS MÉDICOS DE QUALIDADE, COM A CONSEQUENTE

PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E DA VIDA DIGNA.

EXISTEM PROFISSÕES QUE TUTELAM DIREITOS

CONSTITUCIONAIS QUE NÃO PODEM SER TRATADOS DE MANEIRA

SIMPLÓRIA, POR ESTE MOTIVO O HÁ NECESSIDADE DE QUALIFICAÇÃO

PROFISSIONAL PARA EXERCÍCIO, COMO BEM SALIENTADO NO ARTIGO 5°,

XIII, DO TEXTO CONSTITUCIONAL:

“XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou

profissão, atendidas as qualificações profissionais que

a lei estabelecer”; (grifos nossos).

É impensável que um advogado, promotor ou juiz, não tenha formação

jurídica adequada e compatível com as necessidades de formação brasileira para se

fazer justiça.

Da mesma forma se mostra incompatível com os ditames

constitucionais que um médico possa tratar da saúde da população

sem a mínima consideração do seu conhecimento técnico pela

medicina brasileira, como pretende os artigos da media provisória

em questão ao aceitar o “médico intercambista” médico sem

reconhecimento de seu diploma em nosso país e até mesmo

médicos estrangeiros que sequer conhecem a realidade nacional e

a medicina pátria!

O inciso XIII, do art. 5º, da CF, contempla reserva legal qualificada,

pois o próprio texto constitucional impõe limitação de conteúdo ao legislador no

exercício da competência que lhe confere. A restrição ao exercício de qualquer

19

Page 20: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

trabalho, ofício ou profissão, portanto, se limitará às "qualificações

profissionais que a lei estabelecer."

Todavia, a locução "qualificações profissionais" há de ser

compreendida como: (i) pressupostos subjetivos relacionados à capacitação

técnica, científica, moral ou física; (ii) pertinentes com a função a ser

desempenhada; (iii) amparadas no interesse público ou social e (iv) que atendam a

critérios racionais e proporcionais.

Tal sentido e abrangência foi afirmado pelo Supremo Tribunal Federal

no julgamento da Rp. n° 930 (RTJ 88/760) em relação à locução "condições de

capacidade" contida no § 23 do art. 153 da CF de 1967 e reafirmado pelo Plenário

da Suprema Corte na atual redação do art. 5º, XIII, da CF (RE 591.511, Rel. Min.

Gilmar Mendes, DJe de 13.11.09), com a expressa ressalva de que "as restrições

legais à liberdade de exercício profissional somente podem ser levadas a

efeito no tocante às qualificações profissionais", e que "a restrição legal

desproporcional e que viola o conteúdo essencial da liberdade deve ser

declarada inconstitucional."

O art. 5º, XIII, da CF traça todos os limites do legislador no campo de

restrição ao direito fundamental que contempla. Por isso tem afirmado a

jurisprudência do STF que as qualificações profissionais (meio) somente são

exigidas daquelas profissões que possam trazer perigo

É dentro deste contexto, ou seja, de preservar e resguardar interesses

coletivos da sociedade (saúde), que o requerente busca uma tutela jurisdicional que:

a) impeça que a saúde da população brasileira seja prejudicada com a entrega

de uma prestação de serviços médicos de qualidade duvidosa; b) determine

que os representantes do Governo Federal observem a legislação e não atentem

conta o Estado Democrático de Direito (Tripartição dos Poderes da República); c)

20

Page 21: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

impeça a prática de atos ilegais que tenham o desiderato de fornecer à toda

população da República Federativa do Brasil uma prestação de serviços médicos

por pessoas não habilitadas nos moldes da legislação brasileira e não

inscritas devidamente no Conselho Regional e, d) que evite que os recursos

públicos sejam mal aplicados e impliquem em maiores prejuízos à sociedade e

à saúde da população (gastos públicos sejam efetuados de forma racional), e,

ainda, que e) se evite a sonegação fiscal (imposto de renda e contribuições

previdenciárias); f) a terceirização ilícita de mão de obra, bem como a

sonegação de direitos trabalhistas em evidente lesão aos direitos consagrados no

artigo 7º da Carta Magna.

Este Supremo Tribunal certamente não ficará inerte com a flagrante

violação direta ao Texto Magna, bem com a evidente afronta à legislação brasileira,

em especial disposto nos artigos 1º, 2º, 3º, I, IV, art. 5º, caput, I, II, XIII, 6º, 7º, 22,

XVI, 37, caput, XXI, 44, 62, 196, 197 e 207 da Carta Republicana de 1998 bem

como as Leis Federais n.º 3268/57, Lei n.º 8080/90, § 1º do artigo 2º do Decreto

44.45/1958, o § 2º do artigo 48 da Lei n.º 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação), Decreto n.º 20931/32.

DA PRECARIZAÇÃO/VIOLAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS DO

TRABALHO/VIOLAÇÃO DIREITOS HUMANOS/PACTO SAN JOSÉ DA COSTA

RICA/ESCRAVIDÃO

Ora, não se pode aceitar que o Governo Federal permita que inúmeras

pessoas laborem em situação totalmente ilegal, desrespeitando todo o sistema legal

vigente no país, em especial a Lei n.º 3268/57, a CLT e a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação, bem como o artigo 7º da Carta Magna (tutela dos Direitos Sociais

Trabalhistas), que assim dispõe, verbis

21

Page 22: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros

que visem à melhoria de sua condição social:

IV - salário mínimo (...) ,

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do

trabalho;

XIII - duração do trabalho normal (...)

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,

insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXIV - aposentadoria;

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e

de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado

civil;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e

intelectual ou entre os profissionais respectivos;

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo

empregatício permanente e o trabalhador avulso”. (grifos nossos).

Com efeito, o programa proposto pelo Governo Federal através da

Medida Provisória atacada tem também nítido objetivo de negar os direitos

trabalhistas em vigor na Constituição do Brasil e causará nefasta precarização das

relações sociais, principalmente porque NÃO É JURIDICAMENTE ADMISSÍVEL a

contratação preconizada pelo texto atacado, sem que haja o respeito ao direito às

férias, salário, aviso prévio, horas extras e outros direitos fundamentais, inclusive

previdenciários nos termos do art. 194 e seguintes6!!!

A alegação de “falta de médicos que queiram trabalhar no interior dos

Estados” não pode servir de subterfúgio para o descumprimento da Legislação

Brasileira (CLT e CF/88), pois é notório que o Poder Executivo Federal e as

Administrações Estaduais e Municipais têm a obrigação de observar a legalidade

6 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes

Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

22

Page 23: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

(art. 5º, II, 7º e 37 da CF/88), ou seja, as eventuais contratações de estrangeiros

(cubamos e outros) e/ou brasileiros com diplomas obtidos no exterior sem a

revalidação pelos órgãos de classes internos competentes acarretará na permissão

ilegítima do verdadeiro exercício ilegal da medicina, bem como na inobservância

dos direitos trabalhistas vigentes, caracterizado verdadeira escravidão disfarçada

de intercâmbio!!!

Até porque a figura do “interesse público” de forma genérica não

pode prevalecer na técnica de ponderação de valores frente á preceitos

fundamentais como saúde pública eficiente e de qualidade e resguardo a

dignidade.

A leitura mais atenta dos dispositivos da medida provisória guerreada,

detona o descaso total aos direitos sociais dos trabalhadores previstos na

Constituição Federal:

Art. 10. O médico intercambista exercerá a medicina exclusivamente no âmbitodasatividades de ensino, pesquisa e extensão do Projeto Mais Médicos para o Brasil, dispensada, para tal fim, a revalidação de seu diploma nos termos do § 2o do art. 48 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.§ 1o Fica vedado ao médico intercambista o exercício da medicina fora dasatividades do Projeto Mais Médicos para o Brasil.

Art. 11. As atividades desempenhadas no âmbito do Projeto Mais Médicos para o Brasil não criam vínculo empregatício de qualquer natureza.

Ora, o “médico intercambista” não terá vinculo empregatício (logo

totalmente desprotegido das relações trabalhistas e direitos sociais) tanto celetista

quanto estatutário e não terá nenhum regramento salarial e de trabalho????

O controle de frequência, de capacitação e eficiência fica totalmente

comprometido frente às inconstitucionalidades apontadas.

23

Page 24: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Apenas à título de contextualização do tema, vale frisar que desde

1997, o CFM e os Conselhos Regionais de Medicina vêm buscado tutelas jurídicas a

fim de evitar o desrespeito à legislação.

Nesse contexto, vale destacar o relatório elaborado pelo CFM/CRM-

SP, no segundo volume do livro Cenários e Indicadores de distribuição, relatório de

pesquisas de Fevereiro de 2013, tem o condão de demonstrar que os

estrangeiros e brasileiros não ficam no interior e buscam os grandes centros!

Portanto, um dos fundamentos utilizados para a adoção desse entendimento

pelo Governo federal não se mantém, pois com o tempo os cidadãos que

residem no interior do país continuarão desamparados em termos de acesso à

medicina.

Ora, o quadro estatístico jungido no referido relatório consigna que a

maioria reside em São Paulo e que a entrada de médicos formados no exterior

não teve o condão de modificar as desigualdades de distribuição no Brasil.

Não é demasiado ainda frisar que a pretensão do Governo Federal

possui enorme viés ideológico que não se coaduna com o Estado Democrático

de Direito.

Vale registrar que os documentos anexos provam que as experiências

similares na Venezuela e na Bolívia foram das piores e que acarretaram até a fuga

para os Estados Unidos da América.

Não é crível que o Estado Brasileiro que é signatário de diversos

tratados internacionais para a tutela dos Direitos Humanos, inclusive para a

erradicação do trabalho escravo admita a possibilidade de contratação de

pessoas estrangeiras em situações precárias, inclusive de suspeita de

retenção de parte dos recursos percebidos para posterior remessa para Cuba.

24

Page 25: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Ou seja, é dentro desse prisma (tutela da saúde da população

Brasileira e respeito às Leis da República, em especial àquelas que tratam da

dignidade da pessoa humana e do exercício profissional) que a Autora requer a

declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos indicados no bojo da presente

peça para impedir que esse malefício se transforme em um grande caos nacional

em detrimento da população menos favorecida, principalmente porque é sabido

de todos que os detentores do Poder, quando doentes não vão ao SUS, mas

sim aos hospitais mais renomados do País.

Vale também registrar que em 13/05/2010, o CFM e CRM – AC

ingressaram na Ação Civil Publica nº 5037.15.2010.4.01.3000, que perante a 3ª

Vara Federal da Seção Judiciária do Acre.

O nobre juízo de origem confirmou a liminar e julgou procedente o

pedido dos Conselhos, sob os seguintes fundamentos, verbis

“... 39. O cidadão tem o direito de ser atendido por um MÉDICO,

como lhe garante a lei. A Constituição não distingue entre

suserano, aos quais a lei garantiria atendimento por médico, e

vassalos, os quais poderiam submetidos a atendimento por não

médicos, pessoas cuja capacidade e qualificação não observa o

mínimo curricular exigido para aquele outros. Há, no Brasil,

apenas cidadãos, e todos devem ser submetidos ao regramento

mínimo, sem discriminação.

40. Em uma sociedade bem organizada, formada por pessoas livres e

iguais, o Estado deve tratar a todos com igual consideração e respeito.

Decorre dessa premissa que o serviço de saúde prestado a uma

pessoa que resida em Ipanema (Rio de Janeiro), na região dos

Jardins (São Paulo) ou no Lago Sul (Brasília), por exemplo, deve

ter a qualidade mínima exigida do serviço prestado ao morador de

morro carioca, do pantanal, do semiárido nordestino ou da

25

Page 26: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

floresta amazônica. Isso porque, sendo todos iguais, não se

justificaria que o Estado tratasse pioro ribeirinho amazônico em

relação a alguém Que, por pura sorte, tenha nascido numa área

nobre de uma metrópole brasileira. Aliás, convém lembrar que o

art. 196 da Constituição, (transcrito anteriormente, exige acesso

"universal e igualitário" aos serviços de saúde. É assim que tem

de ser...” (grifos nossos).

A louvável sentença também afasta a falsa premissa de carência de

médico no interior, o que seria motivo para contratação de profissionais sem

registro e diploma revalidado, nos seguintes termos:

“... 43. Os gestores públicos têm utilizado em larga escala o

argumento de que não pedem excluir os "médicos" estrangeiros

sob pena de instaurar o caos na Saúde Pública; que inexistem

médicos dispostos a trabalhar no interior ou em número

suficiente. E lançam a mídia e a opinião pública contra quem quer

se insurja contra os "estrangeiros".

44. Trata-se de falácia, porque suas premissas são falsas, e

apenas visa impedir o bom debate. A questão deve ser debatida

com absoluta transparência perante o público. Não podemos

subtrair do debate público aspectos fundamentais da questão.

45. É falso o argumento porque pressupõe uma escolha

inexistente: os médicos estrangeiros ou a ausência de médico. E

como já explicitado, não há médico estrangeiro. Se houver

médico, no sentido que se empresta a esta palavra na

administração pública brasileira, sujeita ao princípio da legalidade,

então não há controvérsia: mantenham-se tais profissionais. Há

sim pessoas que se formaram em universidades estrangeiras cuja

qualificação não foi comprovada. Médico, no Brasil, é a pessoa

portadora de diploma de curso superior reconhecido por

26

Page 27: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

universidade brasileira, bem como regularmente registrado no

conselho profissional para que seja fiscalizado e, quando errar,

ser punido e cassado em sua habilitação (art. 17 da Lei 3.268/57)”

Com efeito, nesse compasso de ideias não é demasiado também frisar

que o Superior Tribunal de Justiça - STJ vem sistematicamente exigindo que

os estrangeiros revalidem seus diplomas, verbis

ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. REVALIDAÇÃO DE

DIPLOMA ESTRANGEIRO. EXIGÊNCIA DE PROCESSO SELETIVO.

AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA. ARTIGOS 48, §2º, E 53, INCISO V,

DA LEI Nº 9394/96 E 207 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

LEGALIDADE. 1. É de se destacar que os órgãos julgadores não estão

obrigados a examinar todas as teses levantadas pelo jurisdicionado

durante um processo judicial, bastando que as decisões proferidas

estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência ao

que determina o art. 93, inc. IX, da Constituição da República vigente.

Isto não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 2. No presente caso,

discute-se a legalidade do ato praticado pela Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul, consistente na exigência de aprovação prévia em

processo seletivo para posterior apreciação de procedimento de

revalidação de diploma obtido em instituição de ensino estrangeira, no

caso, o curso de Medicina realizado na Bolívia, uma vez que as

Resoluções ns. 01/2002 e 08/2007, ambas do CNE/CES, não fizeram

tal exigência. 3. A Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul editou a Resolução n. 12, de 14 de março de 2005, fixando as

normas de revalidação para registro de diplomas de graduação

expedidos por estabelecimentos estrangeiros de ensino superior,

exigindo a realização de prévio exame seletivo. 4. O registro de

diploma estrangeiro no Brasil fica submetido a prévio processo de

revalidação, segundo o regime previsto na Lei de Diretrizes e

27

Page 28: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Bases da Educação Brasileira (art. 48, § 2º, da Lei 9.394/96). 5. Não

há na Lei n.º 9.394/96 qualquer vedação ao procedimento adotado

pela instituição eleita. 6. Os critérios e procedimentos de

reconhecimento da revalidação de diploma estrangeiro, adotados

pelo recorrente, estão em sintonia com as normas legais inseridas

em sua autonomia didático-científica e administrativa prevista no

art. 53, inciso V, da Lei 9.394/96 e no artigo 207 da Constituição

Federal. 7. A autonomia universitária (art. 53 da Lei 9.394/98) é uma

das conquistas científico-jurídico-políticas da sociedade atual, devendo

ser prestigiada pelo Judiciário. Dessa forma, desde que preenchidos

os requisitos legais - Lei 9.394/98 - e os princípios constitucionais,

garante-se às universidades públicas a liberdade para dispor

acerca da revalidação de diplomas expedidos por universidades

estrangeiras. 8. O art. 53, inciso V, da Lei 9394/96 permite à

universidade fixar normas específicas a fim de disciplinar o referido

processo de revalidação de diplomas de graduação expedidos por

estabelecimentos estrangeiros de ensino superior, não havendo

qualquer ilegalidade na determinação do processo seletivo para a

revalidação do diploma, porquanto decorre da necessidade de

adequação dos procedimentos da instituição de ensino para o

cumprimento da norma, uma vez que de outro modo não teria a

universidade condições para verificar a capacidade técnica do

profissional e sua formação, sem prejuízo da responsabilidade social

que envolve o ato. (...)10. Recurso especial parcialmente provido para

denegar a ordem. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC

e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1349445/SP, RECURSO

ESPECIAL 2012/0219287-1, rel. Ministro MAURO CAMPBELL

MARQUES, DJe 14/05/2013)

Vale consignar que o CFM no dia 04/03/2012 apresentou inúmeros

ofícios (Ofícios CFM n.º 1128/2012, 1126/2012, 2966/2013) no Ministério da

28

Page 29: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Educação, Ministério da Saúde e na Presidência da República, repudiando de forma

veemente o projeto de contratação de 6.000 (seis mil) médicos estrangeiros.

Eminentes Ministros, da atenta leitura dos argumentos acima citados é

possível constatar que a manutenção do disposto na Medida Provisória ora atacada

implica em flagrante violação à força normativa da Constituição Federal (art. 1º,

III, art. 5º, caput, II, 6º, 7º, 37, 194, 196 e 197), uma vez que a implementação do

projeto em debate acarretará no desrespeitando a dignidade a pessoa humana,

o direito à vida e a saúde, além de permitir o exercício ilegal da medicina.

Ademais, não é demasiado frisar que as condições de trabalho dos

referidos estrangeiros não atende os ditames constitucionais e, também, implicam

até em um tratamento desumano e cruel, próximo à escravidão, tendo em conta a

evidente violação ao art. 7º da CF/88 e ao artigo 6º do Pacto de São José da Costa

Rica, norma supralegal, que proíbe qualquer tipo de trabalho escravo.

DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA (ART. 5º, CAPUT) E NEGAÇÃO

AO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DAS UNIVERSIDADES (ART. 207)

A implementação do projeto em debate tem o condão de desvirtuar o

princípio da isonomia (no qual se depreende que todos os brasileiros são iguais

perante a Lei - art. 5º da Constituição Federal), eis que, admite o tratamento

diferenciado entre os cidadãos que buscam cumprir as Leis, além de negar a

assistência médica por profissionais médicos aos habitantes dos municípios

brasileiros.

29

Page 30: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Com efeito, é sabido de todos que a Medicina no Brasil é reconhecida

como profissão regulamentada há muito anos. Sem ser o mais antigo, o Decreto

20.931, de 11 de janeiro de 1932, em seus artigos 2º e 4º é explícito, verbis:

Decreto Nº 20.931 de 11/01/1932

Art. 1º O exercício da medicina, da odontologia, fica sujeito à

fiscalização na forma deste Decreto.

Art. 2º Só é permitido o exercício das profissões enumeradas no

art. 1º, em qualquer ponto do território nacional, a quem se achar

HABILITADO NELAS DE ACORDO COM AS LEIS FEDERAIS E

TIVER TÍTULO REGISTRADO NA FORMA DO ART. 5º DESTE

DECRETO. (...)

Art. 4º Os graduados por escolas ou universidades

ESTRANGEIRAS só poderão exercer a profissão, após

submeterem-se a exame de HABILITAÇÃO, perante as faculdades

brasileiras, de acordo com as leis federais em vigor.

A Lei n.º 3.268, de 30 de setembro de 1957, em seu artigo 17, também

não deixa dúvidas, verbis:

Art.17- Os médicos só poderão exercer legalmente a medicina, em

qualquer de seus ramos ou especialidades, após o prévio registro de

seus títulos, diplomas, certificados ou cartas do Ministério da

Educação e Cultura e de sua inscrição nos Conselhos Regional de

Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade...”

O Decreto n.º 44.045, de 19 de julho de 1958, regulamentador da Lei

3.268/57, no artigo 2º, § 2º ao definir os documentos que devem instruir o pedido de

inscrição no Conselho, aponta como indispensável:

30

Page 31: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

“... f) prova de REVALIDAÇÃO do diploma de formatura, de

conformidade com a legislação em vigor, quando o requerente,

brasileiro ou não, se tiver formado por Faculdade de Medicina

estrangeira...”

Por toda a legislação pátria, para exercer a medicina no País é preciso

preencher inúmeros e indispensáveis requisitos legais, em consonância com o

artigo 5°, XIII, da Constituição Federal. Somente depois deles atendidos é que

pode ser obtida a habilitação, decorrente da inscrição no CRM.

Aliás, essa exigência não é exclusividade do Brasil. Na esmagadora

maioria dos países qualquer profissional, seja médico ou não, somente pode exercer

sua profissão após revalidação de seu diploma, certificação de conhecimento do

idioma e registro em seu conselho profissional, responsável por sua fiscalização.

Contudo, verifica-se que o Governo Federal está promovendo o

exercício ilegal da medicina em solo brasileiro, na medida em que o aludido

projeto busca autorizar que pessoas sem qualquer habilitação técnica e

jurídica pratiquem atos médicos no Brasil.

Vale notar que a atitude do Governo Federal tem o condão de

acarretar tratamento desigual entre os nacionais e estrangeiros que

observaram todas as exigências legais, posto que esses se submetem a todas

as regras e normas brasileiras, sob pena de não os fazendo responderem penal,

civil e administrativamente.

Já os estrangeiros ou os brasileiros formados no estrangeiro que serão

contratados pelas União/Estados e Municípios dentro do programa estabelecido não

precisam observar tais ditames, especialmente porque não revalidarão seus

diplomas, conforme determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e não

registrarão seus diplomas no respectivo Conselho de Medicina, acarretando

31

Page 32: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

inclusive sonegação fiscal já que as anuidades possuem natureza jurídica

tributária!! HÁ, PORTANTO, EVIDENTE INJUSTIÇA NESSE PROCESSO

SELETIVO/INTERCÂMBIO!!!

Ademais, vale ainda lembrar que a questão ora ventilada também afeta

direitos do consumidor (toda população), pois inúmeras pessoas serão atendidas por

pessoas que segundo legislação brasileira não são considerados médicos, em

razão da ausência da revalidação, do registro do diploma e inscrição no CRM,

além de não possuírem adequada proficiência na língua portuguesa

(estrangeiros)!

Jamais se pode olvidar que o Sistema Único de Saúde – SUS (art.

198 da CF) deve observar as normas que visam a promoção e a proteção da

saúde. De qual promoção e proteção pode se falar se o principal ator e

responsável pelo tratamento médico não é um médico habilitado legalmente?

Portanto, a Medida Provisória em questão também acarreta

evidente lesão ao art. 194 da CF/88, na medida em que o SUS tem como

princípio estabelecido na própria Constituição a prevenção e a busca da

isonomia (tratamento igualitário – pobre/rico/periferia/centro urbano).

Como pode ser garantido à população Brasileira o direito à vida com a

insegurança de contar com meios e recursos para garantir esse direito,

especialmente no que diz respeito à sua saúde?

A Medida Provisória em questão está TAMBÉM ESTÁ NEGANDO

VIGÊNCIA ao art. 207 da Carta Magna, pois a autonomia Universitária, no que

concerne à revalidação dos diplomas, está sendo relegada a um segundo plano

em total afronta ao referido dispositivo, verbis

32

Page 33: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica,

administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão

ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Portanto, não há como negar que a Medida Provisória em questão tem

o condão de afrontar a isonomia, bem como a autonomia universitária, pois a

avaliação do diploma obtido no exterior é apenas submetido a um processo

seletivo sem qualquer critério técnico e científico adequado, conforme se

depreende da leitura da Medida Provisória.

Consoante comprovam os documentos aqui juntados, verifica-se que a

Medida Provisória ora atacada está viabilizando a contratação de pessoas que não

tem habilitação legal para ao exercício da medicina no Brasil, especialmente sem a

devida revalidação do diploma e registro no órgão fiscalizador da Profissão.

Com efeito, essa conduta revela-se potencialmente lesiva, pois

inúmeros usuários dos serviços de saúde poderão se dirigir aos hospitais sem

saberem que poderão receber um diagnóstico inadequado, por pessoa não

inscrita no Conselho Regional de Medicina e sem a adequada (prevista em Lei

– Revalida) revalidação do diploma.

Em virtude de tal irregularidade faz-se necessária a suspensão

imediata dos os artigos 7º, os incisos I, II e os parágrafos 1º, o § 2º e os incisos I e

II, § 3º, o § 1ª, os incisos I, II e II do art. 9º e o artigo 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e

4º da Medida Provisória n.º 621/2013 a fim de evitar um enorme caos no país,

especialmente quanto à entrega da saúde, bem como quanto ao exercício

irregular da medicina sem a devida habilitação legal, ou seja, sem a devida

revalidação do diploma e sem o devido registro no CRM.

Observe-se que a população Brasileira será totalmente prejudicada

com uma assistência médica de qualidade duvidável! Assim, a procedência da ADI é

33

Page 34: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

medida jurídica que se impõe, tendo em vista que é flagrante a negativa de vigência

dos artigos 1º, 2º, 3º, I, IV, art. 5º, caput, I, II, 6º, 7º, 37, 44, 62, 65, 66, 194, 196, 197

e 207 da Carta Republicana de 1998 bem como as Leis Federais n.º 3268/57, Lei n.º

8080/90, § 1º do artigo 2º do Decreto n.º 44.45/1958, o § 2º do artigo 48 da Lei n.º

9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), Decreto n.º 20931/32.

Note-se aqui que a pretensão gira em torno da preservação da

vida humana e da saúde da população, tendo em vista que a Constituição

Federal e a legislação ordinária têm esse escopo, principalmente porque

aquele que pretende desempenhar o ofício de Médico deve antes de tudo

cumprir as exigências previstas em nosso ordenamento jurídico,

principalmente porque no caso em tela deve ser respeitado o princípio da

vedação ao retrocesso.

Note-se, ainda, que nos documentos anexos existem provas

robustas que o índice de êxito dos médicos estrangeiros no Revalida (que é o

processo de revalidação do diploma) é aproximadamente em torno de 8 (oito) a

9 (nove) por cento.

Não existe nenhuma contrariedade da Autora quanto a presença de

médicos estrangeiros em território brasileiro; mas exige-se que tais profissionais

demonstrem efetivamente que possuem capacidade técnica para o exercício

da profissão, nos termos do arcabouço legislativo pátrio já existente.

Portanto, a manutenção da Medida Provisória em questão tem o

condão de acarretar evidente violação ao Princípio da Isonomia (art. 5º, caput) e

negação ao Princípio da autonomia das Universidades (art. 207), bem como ao

princípio da vedação ao retrocesso social, conforme acima alinhavado.

DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA (ART. 5º, II) EM

RAZÃO DO AFASTAMENTO DA PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA

34

Page 35: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

.

A MP nº 621/13, em seu artigo 9º, §1°, III, exige de forma genérica que os

estrangeiros deverão possuir conhecimentos de língua portuguesa, todavia, não

especifica os critérios definidores de habilitação desse conhecimento da língua.

A generalidade da exigência de conhecimento em língua portuguesa foi

propositalmente colocada para, na prática, ignorar este importante requisito e permitir

que profissionais exerçam a medicina no território brasileiro sem ter o domínio

necessário do idioma nacional.

Tanto é assim que o decreto nº 8.040/13, publicado na mesma data da

MP em tela, é solenemente omisso em seu § 1º do art. 7º, quando indica a

documentação necessária para instruir a “declaração de participação” que irá servir de

base para o CRM expedir o registro provisório do médico intercambista.

Portanto, salta aos olhos a intenção da Coordenação do Projeto Mais

Médicos para o Brasil de acolher profissionais sem o mínimo domínio da língua

portuguesa, em flagrante negativa de vigência do artigo 5º, inciso II e do art. 377 da

Carta Magna (Princípio da Legalidade).

Note-se que a referida norma procurou revogar o art. 2º, do Decreto nº

44.045/58 que permite aos Conselhos de Medicina em seu § 3º exigir outros

documentos que sejam julgados necessários para a complementação da inscrição,

além dos documentos especificados nos parágrafos anteriores.

Ora, com base na redação do Decreto nº 44.045/58 o CFM editou a

Resolução nº 1.831/08 (alterada pela Res. CFM nº 1.842/08) que exige do médico com

7 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte...

35

Page 36: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

diploma de graduação obtido em universidade estrangeira o Certificado de Proficiência

em Língua Portuguesa para Estrangeiro – CELPE/BRAS8.

Portanto, os CRM’s, que integram o sistema conselhal, fundamentados

na cidadania e na dignidade da pessoa humana, atentos aos princípios da

razoabilidade e da proporcionalidade, não podem ser obrigados a expedir registros

provisórios a estes médicos intercambistas que se formaram no exterior sem a

comprovação prévia do domínio da língua portuguesa em nível intermediário

Superior, mediante a apresentação do certificado CELPE/BRAS instituído pela

Portaria nº 1.350/109 do MEC.

DA INGERÊNCIA ESTATAL NA AUTONOMIA DOS CONSELHOS DE MEDICINA

A medida provisória atacada por esta ação, em seu artigo 10 §§ 2°

3° e 4°, também afronta autonomia das entidades médicas de classe no tocante

à expedição de registro profissional junto aos conselhos regionais de

medicina:

Art. 10 –(...)

§2o Para exercício da medicina pelo médico intercambista no âmbitodo Projeto Mais Médicos para o Brasil será expedido registro provisóriopelos Conselhos Regionais de Medicina.

8 O Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) é conferido aos

estrangeiros com desempenho satisfatório em teste padronizado de português, desenvolvido peloMinistério da Educação. O exame é aplicado no Brasil e em outros países com o apoio do Ministériodas Relações Exteriores.Internacionalmente, o Celpe-Bras é aceito em firmas e instituições de ensino como comprovação decompetência na língua portuguesa e, no Brasil, é exigido pelas universidades para ingresso emcursos de graduação e em programas de pós-graduação. Outorgado pelo MEC, o Celpe-Bras é oúnico certificado brasileiro de proficiência em português como língua estrangeira reconhecidooficialmente. É conferido em quatro níveis: intermediário, intermediário superior, avançado eavançado superior. O primeiro teste foi aplicado em 1998. (Fonte:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12270&ativo=519&Itemid=518; acesso em 17/07/213.9 Dispõe sobre o Exame para Certificação de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros -

Celpe-Bras

36

Page 37: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

§ 3o A declaração de participação do médico intercambista no ProjetoMais Médicos para o Brasil, fornecida pela coordenação do programa,é condição necessária e suficiente para a expedição de registroprovisório pelos Conselhos Regionais de Medicina, não sendo aplicávelo art. 99 da Lei n 6.815, de 19 de agosto de 1980, e o art. 17 da Lei nº3.268, de 30 de setembro de 1957.§ 4o O registro provisório será expedido pelo Conselho Regional deMedicina no prazo de quinze dias, contado da apresentação dorequerimento pela coordenação do programa de aperfeiçoamento, eterá validade restrita à permanência do médico intercambista noProjeto Mais Médicos

Não nos parece crível e muito menos constitucional que uma medida provisória

possa compelir os conselhos regionais de medicina a registrar os médicos participantes

do projeto pelo simples fato de estarem participando do mesmo!

É evidente que a mera declaração de participação no projeto mais médicos

não é condição necessária e suficiente para a expedição de registro provisório pelos

Conselhos Regionais de Medicina!!! É cristalino também que medida provisória não pode

afastar a aplicação do art. 99 da Lei n 6.815, de 19 de agosto de 1980, e o art. 17 da Lei nº

3.268, de 30 de setembro de 1957, pois são legislações específicas para a habilitação médica

em complemento ao artigo 5°, XIII, da Constituição Federal.

A INVESTIDURA EM CARGO OU EMPREGO PÚBLICO SEM PRÉVIA

APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO

A Constituição Federal assinala no inciso II do artigo 37 que o acesso

aos cargos e empregos públicos depende de prévia aprovação em concurso público,

verbis

Art. 37 (...) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de

aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e

37

Page 38: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou

emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para

cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração

A necessidade de concurso público, nada mais é que um

desdobramento dos princípios da administração pública, em especial da

impessoalidade, moralidade eficiência, previstos no artigo 37, “caput” do Texto.

Com efeito, o intercâmbio previsto nos artigos 7º, 9º e 10º da MP em

questão tem o condão de ofender o disposto no artigo acima citado, pois o ingresso

desses médicos estrangeiros/brasileiros formados no exterior faz com que o referido

artigo não seja observado.

Ou seja, antes de qualquer tipo de implementação do projeto previsto

na MP é imperioso que os Governos Federal, Estadual e Municipal ofereçam as

vagas existentes para os médicos que já atuam no Brasil, através de concurso

público.

As contratações temporárias previstas na MP têm o condão de relegar

a referida a obrigatoriedade do concurso público a um segundo plano,

principalmente porque particulares receberão recursos públicos sem qualquer

atenção à regra acima citada e acessarão cargos/empregos sem a realização do

procedimento previsto na atual Carta Republicana. Trata-se de verdadeira burla

ao princípio constitucional do concurso público, da moralidade e

impessoalidade!!

Ora, no caso contratação de médicos brasileiros, por meio de

concurso público, com oferta de condições de trabalho e com “remuneração

compatível com a responsabilidade assumida”, bem como com a adoção da

carreira de Estado no Sistema Único de Saúde para médicos e outros

profissionais da saúde é a medida adequada para a solução dos problemas da

38

Page 39: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

saúde e não a presente MP, que não tem nada de urgente, mas FLAGRANTES

INCONSTITUCIONALIDADES!!

Não há sequer que se falar que sejam contratações temporárias.

Ora, se a causa para a existência do projeto é a alegação de que não existem

médicos suficientes para toda a parte do país, estes novos “médicos”,

passariam, em tese, a se estabelecer nestas regiões em caráter permanente,

SEM QUALQUER CONCURSO PÚBLICO!

DA TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA – CONTRATAÇÃO SEM PROCESSO LICITATÓRIO

REGULAR - (37, inciso XXI)

.

Outro enfoque não pode ser esquecido cinge-se ao fato de que no caso

em tela o intercâmbio em questão também está violando o disposto no inciso XXI

do artigo 37 que assim dispõe, verbis

Art. 37 (...) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as

obras, serviços, compras e alienações serão contratados

mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de

condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam

obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,

nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de

qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do

cumprimento das obrigações.

Com efeito, além de não haver um processo licitatório para a

contratação dos particulares para prestação de serviços médicos a situação prevista

também implica numa verdadeira quebra de isonomia, pois não se sabe

efetivamente como se dará a seleção dos interessados no programa, ou seja,

39

Page 40: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

suspeita-se que somente os integrantes de determinados Partidos Políticos

participem da seleção prevista na Medida Provisória.

Detenha-se, outrossim, que a MP em questão também atenta contra o

art. 219 da CF/88, que tutela o mercado interno sendo esse inclusive

considerado como patrimônio nacional, verbis

Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será

incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e

sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia

tecnológica do País, nos termos de lei federal.

Portanto, é evidente a infração ao inciso XXI do artigo 37 e ao art. 219

da CF/88, uma vez que as contratações em questão devem observar o

procedimento de licitação pública que assegure igualdade de condições a

todos os concorrentes, bem como a regular aplicação de recursos públicos e,

também porque é dever do Estado resguardar o mercado interno do país e o

bem estar da população.

V - DA CONCLUSÃO

.

Com efeito, da atenta leitura dos pontos acima articulados é possível

constatar que a MP n.º 612, nos artigos acima apontados, ofendem o disposto nos

artigos 1º, 2º, 3º, I, IV, art. 5º, caput, I, II, XIII, 6º, 7º, 22, XVI, 37, caput, II e XXI, 44,

62, 65, 66, 194, 196, 197, 207 e 219 da Carta Republicana de 1998 bem como as

Leis Federais n.º 3268/57, Lei n.º 8080/90, § 1º do artigo 2º do Decreto 44.45/1958,

o § 2º do artigo 48 da Lei n.º 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação),

Decreto n.º 20931/32.

40

Page 41: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Eminente Relator, o argumento do Governo de que a MP visa

resguardar relevante interesse social não procede, uma vez que o risco à

população (saúde, vida, mercado, direitos humanos e etc) te mimportância

muito maior na técnica de ponderações de valores.

Registre-se, outrossim, que o Poder Executivo não pode

preconizar a violação de direitos humanos, sob o argumento falacioso da

relevância social da MP, pois a interpretação teleológica de todo sistema

normativo brasileiro tem como pressuposto a tutela da vida e dos direitos

humanos.

Ou seja, É TEMERÁRIO CONFERIR RELEVÂNCIA SOCIAL À MP

621, uma vez que ela tem o condão de subverter todo o sistema jurídico

vigente causando enorme insegurança jurídica, moral e ética, especialmente

porque é sabido de todos que os países sérios EXIGEM A COMPROVAÇÃO DA

CAPACITAÇÃO PARA O EXECÍCIO DA MEDICINA EM SEU TERRITÓRIO (EUA,

INGLATERRA E OUTROS).

Eméritos Julgadores, os documentos anexos comprovam a

pretensão real do Governo é viabilizar a contratação de pessoas que não tem

habilitação legal para ao exercício da medicina no Brasil, especialmente sem a

devida revalidação do diploma e registro no órgão fiscalizador da Profissão

(estrangeiros e/ou brasileiros formados no exterior, especialmente em Cuba).

Portanto, essa conduta revela-se totalmente lesiva ao Brasil e à

população Brasileira, pois inúmeros usuários dos serviços de saúde

(geralmente de periferia e de regiões pobres) deixarão de receber tratamentos

de saúde adequados e por pessoas sem a formação adequada e a devida

inscrição no Conselho Regional de Medicina.

Portanto, por todos os prismas que se olhe não há dúvidas que de que

o Governo pretende viabilizar que inúmeras pessoas exerçam a medicina sem

41

Page 42: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

qualquer registro no Conselho, e sem comprovar qualquer habilitação profissional

devidamente reconhecida por Instituição de Ensino Superior Pública (revalidação do

diploma) com o evidente risco à sociedade.

O projeto noticiado pelo Governo Federal está gerando enorme

insegurança jurídica, na medida em que permite a criação de uma figura

jurídica anômala e ilegal (intercambista), com evidentes riscos à saúde da

população, principalmente porque esses indivíduos não podem exercer a

medicina no Brasil sem antes revalidar os seus diplomas e, posteriormente

efetuar o registro no CRM/CFM!

Note-se, ainda, que inúmeros sítios da internet noticiam que

houve uma baixa adesão no programa do Governo (apenas 781 médicos) e que

a maioria não foi para periferia e sim para as cidades litorâneas. .

Douto Relator, a maior preocupação dos Requerentes é a saúde

da população Brasileira, bem como o respeito à dignidade da pessoa humana.

Detenha-se que não se pode admitir um tratamento de baixa qualidade

para a população usuária do Sistema Público de Saúde, sob pena de verdadeira

ofensa à força normativa da constituição da República.

Ademais, não é demasiado frisar que as condições de trabalho dos

referidos estrangeiros não atende os ditames constitucionais e, também, implicam

até em um tratamento desumano e cruel, próximo à escravidão.

HÁ EVIDENTE RISCO À SOCIEDADE BRASILIERA AO PERMITIR A

CONTRATAÇÃO PRECONIZADA PELO GOVERNO À TÍTULO DE

INTERCÂMBIO, POIS NA VERDADE HÁ UM DISFARCE TENDENTE A AFASTAR

42

Page 43: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

OS DIREITOS SOCIAIS RECONHECIDOS PELO ESTADO DEMOCRÁTICO

BRASILEIRO.

Ou seja, é dentro desse prisma (tutela da saúde da população

Brasileira e respeito às Leis da República, em especial àquelas que tratam da

dignidade da pessoa humana e do exercício profissional) que os Requerentes

solicitam a declaração de inconstitucionalidade dos artigos acima apontados a fim de

impedir que esse malefício se transforme em um grande caos nacional em

detrimento da população menos favorecida, principalmente porque é sabido de

todos que os detentores do Poder, quando doentes não vão ao SUS, mas sim

aos hospitais mais renomados do País.

VI – DO PEDIDO DE LIMINAR

O art. 10 da Lei n.º 9868/99, assim como o artigo 102,I, “p” da

Constituição federal autoriza a concessão de medida cautelar a fim de suspender os

efeitos do ato normativo impugnado, quando caracterizados os seus pressupostos

jurídicos, quais sejam, o fumus boni juris e o periculum in mora.

Com efeito, da atenta leitura dos pontos acima articulados é possível

constatar que os artigos do ato normativo atacado ofendem o disposto nos artigos

1º, 2º, 3º, I, IV, art. 5º, caput, I, II, XIII, 6º, 7º, 22, XVI, 37, caput, II e XXI, 44, 62, 62,

65, 66, 194, 196, 197, 207 e 219 da Carta Republicana de 1998 bem como as Leis

Federais n.º 3268/57, Lei n.º 8080/90, § 1º do artigo 2º do Decreto 44.45/1958, o §

2º do artigo 48 da Lei n.º 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), Decreto

n.º 20931/32. Logo, resta evidente a caracterização do fumus boni iuris.

43

Page 44: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

Por outro lado, a existência de dano irreparável ou de dificílima

reparação à saúde do povo brasileiro (inclusive os menos favorecidos - pobres)

também é patente e já está em pleno vigor, com força de lei.

Ademais, com relação aos médicos estrangeiros o Projeto

simplesmente dispensa que integrantes façam a devida revalidação do diploma, o

que de já implica em flagrante ilegalidade e prejuízo à segurança jurídica e à

saúde.

Portanto, a fim de se evitar maiores danos, urge a imediata cessação

das referidas práticas abusivas previstas na Medida Provisória em questão, uma vez

que não há dúvidas de que a população brasileira menos favorecida (do interior do

Brasil ou de regiões mais afastadas/periferias) será flagrantemente prejudicada haja

vista ser notório o perigo que representa o exercício da medicina por pessoas sem a

formação adequada e a inscrição regular.

Desse modo, o ingresso de médicos estrangeiros no território brasileiro

para serem “jogados” nos mais longínquos rincões ou mesmo nas periferias das

regiões metropolitanas sem nenhum controle de capacidade técnica é uma

atitude, no mínimo, temerária.

Urge, portanto, a concessão de medida cautelar a fim de evitar que a

implementação do Projeto Mais Médicos acarrete um verdadeiro caos na saúde

Brasileira, ou seja, em face da evidente lesão aos direitos constitucionais acima

citados e em face da relevância do tema para ordem social e jurídica requer-se a

concessão de medida liminar para suspender temporariamente a eficácia e

aplicabilidade dos textos legais ora atacados, concedendo-lhes os efeitos ex tunc e

erga omnes.

VII – DOS PEDIDOS

44

Page 45: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

.

Ante o exposto, requer-se a este Colendo Supremo Tribunal:

1 - A intimação do órgão/ autoridade responsável pela edição da lei/ato

normativo objeto da ação, para que, querendo, manifeste-se sobre o pedido cautelar

no prazo de cinco dias, conforme o artigo 10 da lei 9.868/99, bem como para que,

querendo, manifeste-se no prazo de trinta dias, acerca do mérito e pedido principal

da ação, nos termos do artigo 6, § único da lei 9.868/99.

2 – A concessão da medida cautelar para suspender a eficácia da norma

inconstitucional impugnada, qual seja, a os artigos 7º, os incisos I, II e os

parágrafos 1º, o § 2º e os incisos I e II, § 3º, o § 1ª, os incisos I, II e II do art. 9º e

o artigo 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º e artigo 11 da Medida Provisória n.º

621/2013, publicada no DOU do dia 09/07/2013 uma vez que presentes os

requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora, com fulcro no artigo 10 da lei

9.868/99 e artigo 102, I, “p”, da Constituição Federal..

3 - A intimação do órgão/ autoridade responsável pela edição da Medida

provisória objeto da ação, no caso a excelentíssima Senhora Presidente da

República, Dilma Rousseff, para que, querendo, manifeste-se sobre o pedido

cautelar no prazo de cinco dias, conforme o artigo 10 da lei 9.868/99, bem como

para que, querendo, manifeste-se no prazo de trinta dias, acerca do mérito e pedido

principal da ação, nos termos do artigo 6, § único da lei 9.868/99.

4- A intimação do Excelentíssimo Advogado Geral da União, para que se

manifeste acerca do pedido cautelar no prazo de três dias, caso o Excelentíssimo

Ministro Relator entender por indispensável, bem como para que se manifeste

acerca do mérito da ação no prazo de quinze dias, nos termos dos artigos 10

paragrafo 1°e 8° da lei 9.868/99

5- A intimação do Excelentíssimo Procurador Geral da Republica, para que se

45

Page 46: EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO ... · do § 2º do art. 7º da Lei n.º 9868/99 1, ou que haja uma interpretação mitigada do inc. IX do artigo 103 da Carta

manifeste acerca do pedido cautelar no prazo de três dias, caso o Excelentíssimo

Ministro Relator entender por indispensável, bem como para que se manifeste

acerca do mérito da ação no prazo de quinze dias, nos termos dos artigos 10 § 1° e

8 da lei 9.868/99.

6- Ao final que seja julgado procedente o pedido de inconstitucionalidade dos os

artigos 7º, os incisos I, II e os parágrafos 1º, o § 2º e os incisos I e II, § 3º, o § 1ª,

os incisos I, II e II do art. 9º e o artigo 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º e

artigo 11 da Medida Provisória n.º 621/2013, publicada no DOU do dia

09/07/2013, uma vez que eivados de vícios formais e materiais, notadamente

violação aos artigos 1º, 2º, 3º, I, IV, art. 5º, caput, I, II, XIII, 6º, 7º, 22, XVI, 37,

caput, II e XXI, 44, 62, 62, 65, 66, 194, 196, 197, 207 e 219 da Constituição Federal.

7- Requer-se a juntada das inclusas copias em duas vias, da inicial, procuração,

medida provisória e decretos e documentos que comprovam a impugnação da

norma inconstitucional, em cumprimento do artigo 3° da lei 9868/99.

Dá-se o valor da causa R$ 1.000,00 para fins fiscais.

Nestes termos,Pede deferimento.Brasília-DF, 19 de agosto de 2013.

DR. CARLOS MAGNO MICHAELIS JUNIORADVOGADO OAB/SP N.° 271.636DRA. WILDA DINIZ CARVALHO VILAS BÔASADVOGADA OAB/DF N.° 37.685

46