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Avenida Dom Pedro II, n.º 288, 8° andar - Bairro Jardim, Santo André/SP, CEP 09080-110 (11) 4509-4697 - www.abladvogados.com EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA FEDERAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP. NOME, brasileiro, aposentado, inscrito no CPF sob o n.º XXX.XXX.XXX- XX, residente e domiciliado na Rua X, n.º X, X, X/SP, CEP n.º XXXXXXX, neste ato representado por sua advogada que esta subscreve (mandato anexo), respeitosamente vem a presença de Vossa Excelência, conforme art. 319 e ss. do Código de Processo Civil, propor a presente em face da UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), pessoa jurídica de direito público, na pessoa de seu Procurador, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DO APOSENTADO PARA CONTRIBUIR COM A PREVIDÊNCIA SOCIAL CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA FEDERAL DE SÃO

BERNARDO DO CAMPO/SP.

NOME, brasileiro, aposentado, inscrito no CPF sob o n.º XXX.XXX.XXX-

XX, residente e domiciliado na Rua X, n.º X, X, X/SP, CEP n.º XXXXXXX, neste ato

representado por sua advogada que esta subscreve (mandato anexo), respeitosamente

vem a presença de Vossa Excelência, conforme art. 319 e ss. do Código de Processo Civil,

propor a presente

em face da UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), pessoa jurídica de direito público, na pessoa

de seu Procurador, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DO APOSENTADO PARA CONTRIBUIR

COM A PREVIDÊNCIA SOCIAL CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO

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I - DOS FATOS

1. Consta que o Autor requereu sua aposentadoria em XX/XX/XXXX

na modalidade aposentadoria por tempo de serviço, código XX e na época contava com

mais de XX anos de contribuição. O seu benefício atualmente tem o número XXXXXXXXX,

espécie XX, com DIB XX/XX/XXXX.

2. Ocorre que o Autor, mesmo se aposentando, e, supõe-se, estaria

podendo enfim desfrutar do seu merecido descanso após anos de labor, não obteve a

renda desejada e foi compelido a retornar ao mercado de trabalho.

3. Continuou desta forma o Requerente, a recolher contribuições ao

INSS em virtude de seu registro de trabalho e em decorrência de ser contribuinte

obrigatório da Previdência.

4. Analisando a CTPS do Demandante, verifica-se que este trabalhou

e contribuiu após a sua aposentadoria nos seguintes períodos, e deseja a restituição

destas contribuições, pois as mesmas não trouxeram qualquer benefício ao autor:

5. (CNIS EM ANEXO DEMONSTRANDO O PERÍODO RECOLHIDO PÓS

APOSENTAÇÃO)

6. Irresignado com tal cobrança, exigido pela Ré, o Autor utiliza-se

deste procedimento judicial para obter uma prestação jurisdicional que determine: (i) a

inexistência da obrigação do aposentado de contribuir com a previdência social; e (ii) a

repetição dos valores pagos indevidamente.

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II - DO DIREITO

QUESTÕES PRELIMINARES

II. 1 - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

7. Antes de adentrar no mérito da presente lide, o Requerente

requer lhe sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita, por não poder arcar com

os ônus financeiros da presente ação, sem que com isso sacrifique o seu próprio

sustento e o de sua família, conforme declaração que segue em anexo, e nos termos dos

arts. 98 a 102 do Código de Processo Civil.

II. 2 - DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

8. É assegurado o atendimento prioritário ao idoso com idade igual

ou superior a 60 anos na tramitação dos processos e procedimento e na execução dos

atos e diligências judiciais em qualquer instância. O autor preenche as condições e

requer este benefício, conforme artigo 71, § 1° da Lei 10.741/2003 e artigo 1.048 do

Código de Processo Civil.

II. 3 - DA LEGITIMIDADE PASSIVA

9. Com a edição da Lei nº 11.457/2007, a Secretaria da Receita

Federal passou a ser denominada de Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB,

(chamada Lei da “Super Receita”) e, segundo os artigos 1º e 2º, caput, assumiu todas as

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atribuições referentes à fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das

contribuições previdenciárias.

10. Nessas condições, a pretensão de repetição do indébito de

contribuições previdenciárias deve ser dirigida à União, eis que o sujeito ativo de tais

obrigações tributárias passou a ser a Receita Federal do Brasil (SRFB). Assim, resta

evidente a sua legitimidade passiva na presente demanda.

III - DO MÉRITO

11. O que se discute na presente demanda é a restrição injustificada,

do ponto de vista constitucional, que um contribuinte obrigatório da Previdência Social

sofre só pelo fato de ser aposentado. Isso se dá por conta da redação do §2º do art. 18

da Lei 8.213/91, que assim prescreve:

§2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que

permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não

fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do

exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação

profissional, quando empregado. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de

1997). (grifo nosso).

12. Diante dessa discriminação, os seguintes tópicos da presente

exordial demonstrarão que, além de não haver uma justificativa para tal discrímen, tal

norma viola determinados direitos fundamentais.

13. Quanto aos direitos fundamentais, vale ressaltar, que estes são

guarnecidos por um regime jurídico mais denso, protetivo do que os demais, no qual,

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com o objetivo de protegê-los e emprestar-lhes o máximo de efetividade possível, há

uma maior amplitude no controle e no limite da atuação estatal quando esta for dirigida

a estes direitos.

14. Em outras palavras, quando o Estado excede na restrição de um

direito fundamental ou quando ele o protege insignificativamente, em ambas as

hipóteses, houve uma inobservância por parte do legislador ao regime jurídico dado pela

CF/88 aos direitos fundamentais.

15. Portanto, além de violar determinados direitos fundamentais em

espécie, tal prescrição normativa contida no §2º do art. 18 da Lei 8.213/91, acaba

também por violar o próprio regime jurídico dos direitos fundamentais estabelecido

pela Constituição da República de 1988.

16. Nossa Previdência Social é regida pelo princípio CONTRIBUTIVO X

RETRIBUTIVO, onde TODA contribuição deve reverter em retribuição, o que não ocorre

no caso em tela. Exigir contribuição e em troca assegurar o salário maternidade e

reabilitação profissional se mostra um escárnio com o aposentado.

IV - PREVIDÊNCIA SOCIAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL

17. Como cediço, o surgimento de uma visão antropocêntrica consiste

em dizer que a pessoa humana está inserida no centro, como a mais importante.

18. A ideia de direitos fundamentais é tipicamente uma construção da

Modernidade. A visão predominante afirmava que a fundação da sociedade civil não

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eliminava os direitos naturais, que são os direitos pré-políticos, ou seja, direitos

existentes antes da própria sociedade e que, portanto, os governantes tinham que

respeitá-los.

19. De todo modo, eram direitos que voltavam-se contra o Estado, o

qual era o seu destinatário, e tinham um conteúdo negativo, isto é, o Estado respeitava

esses direitos quando se abstinha de violá-los. Não era uma postura positiva e sim uma

postura negativa que concretizava esses direitos. Considera-se nesse momento a

primeira geração dos direitos fundamentais.

20. O descompasso para com os problemas sociais e o agravamento

da desigualdade social põe em xeque esse constitucionalismo liberal, e uma série de

reivindicações tentou romper com o status quo. Surgi daí os direitos sociais, que

caracteriza-se na segunda dimensão dos direitos fundamentais.

21. O discurso desses direitos sociais estabelecia que os direitos não

são mais concebidos só como abstenções estatais, passa-se a verificar que a intervenção

estatal é necessária para assegurar a igualdade, a liberdade e a dignidade. Então, direitos

positivos e prestacionais passam a ser reconhecidos como, por exemplo, a educação, a

saúde, a previdência.

22. Cabe dizer que a força motriz dessa nova compreensão entre

Estado/indivíduo foi o princípio da igualdade. Assim, esses direitos são denominados

como “sociais”, não porque são direitos da coletividade, mas por estarem ligados às

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reivindicações de justiça social. Na grande maioria, estes direitos têm por titulares

indivíduos singularizados.1

23. Diante da premissa de que direito social também é direito

fundamental titularizado por indivíduos singularmente considerados, o art. 6º da CF/88

cumpriu o papel de positivá-los. Desde o texto originário do referido dispositivo

constitucional (sem as posteriores alterações), a previdência social já constava em seu

rol.

24. Portanto, ao tratarmos da previdência social estamos, antes de

mais nada, tratando de um direito fundamental arraigado no princípio da Igualdade (art.

5º, caput CF) e, que tem como seu núcleo irredutível, pelo simples fato de ser direito

fundamental, a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III CF).

25. Assim é a conclusão de Paulo Gustavo Gonet Branco e Gilmar

Ferreira Mendes:

“Os direitos fundamentais assumem posição de definitivo realce na

sociedade quando se inverte a tradicional relação entre Estado e

indivíduo e se reconhece que o indivíduo tem, primeiro, direitos, e,

depois, deveres perante o Estado, e que os direitos que o Estado tem

em relação ao indivíduo se ordenam ao objetivo de melhor cuidar das

necessidades dos cidadãos”.2

1 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet: Curso de Direito Constitucional: 8ª ed.: 2013: Saraiva. 2 Mendes e Gonet, Curso de Direito Constitucional, p. 136.

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V - REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA QUE UM REGIME SEJA ADJETIVADO COMO

“PREVIDENCIÁRIO”

26. Um determinado regime ou sistema está calcado em prescrições

normativas, que o estabelece e o qualifica. Portanto, pode-se concluir que não existe

um sistema que seja ontologicamente previdenciário.

27. Assim, na criação de um Regime Previdenciário deve haver

requisitos sem os quais não será possível considerá-lo como tal. Pelo fato de a

Previdência Social ser um direito do cidadão que contribui, é forçoso concluir que tal

regime deve prever determinadas prestações para assim ser considerado.

28. Não obstante, tais prestações devem ser suficientes para garantir

o que o direito fundamental à previdência social exige. Nessa linha, vale a transcrição de

excerto da seguinte decisão judicial:

“(...). A contribuição previdenciária possui dimensão fundamental

justamente por ser direito especial relativo à vida, daí porque deve ser

vertida a um regime suficiente a garantir, no mínimo, cobertura

securitária nos casos de doença, velhice, invalidez e morte. É o que se

vê do histórico do sistema constitucional brasileiro. A primeira

Constituição Federal a expressar claramente o direito previdenciário

foi a de 1934, a qual previa, em seu artigo 121, § 1º, "h", o direito à

"instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do

empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da

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maternidade e nos casos de acidente de trabalho ou de morte".

Trilhando o mesmo norte, o artigo 157, XVI, da Constituição Federal de

1946 enfatizou o caráter teleológico do sistema previdenciário

contributivo para garantir a previdência em favor "da maternidade e

contra as consequências da doença, da velhice, da invalidez e da

morte", no que foi seguida igualmente pelo artigo 158, XVI, da

Constituição Federal de 1967. A Constituição Federal de 1988 recebeu

o rótulo de "Constituição cidadã" justamente por ressaltar o

individuo como base antropológica do seu discurso, daí a clareza

solar ao estabelecer a previdência social para atender,

principalmente, a "cobertura de eventos de doença, invalidez, morte

e idade avançada" (artigo 201, I). (...).” (grifos nossos). (0000091-

85.2017.4.03.6334).

29. Desse modo, a existência de um sistema previdenciário pressupõe

no mínimo cobertura de doença, velhice, invalidez e morte. Na sequência, continua a

fundamentação da acertada decisão supratranscrita:

“(...). Nessa linha intelectiva, qualquer regime, seja público ou privado,

somente obterá o status de "previdenciário" se ofertar, no mínimo,

cobertura securitária para os casos de doença, velhice, invalidez ou

morte. Assim, quando o inciso I do artigo 201 da Constituição Federal

de 1988 estabeleceu que "a previdência social atenderá... I - a

cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte ou idade avançada

nos termos da lei...", quis o legislador constitucional originário

densificar as diretrizes que a lei deveria seguir ao regulamentar a

questão, ou seja, definiu os nortes principiológicos dos quais não

poderia o legislador distanciar-se à concretização do direito

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fundamental à cobertura previdenciária, até porque essa é a única

interpretação capaz de atender ao critério da máxima efetividade da

norma constitucional ante as circunstâncias do caso concreto.

Interpretação contrária será impassível de aptidão à produção dos

efeitos esperados e ao alcance da finalidade para a qual a norma foi

gerada. Ao legislador infraconstitucional foi permitido editar a

respectiva lei regulamentando os mecanismos necessários a permitir,

contributivamente, a garantia de acesso a regime previdenciário que

assegurasse, no mínimo, "cobertura dos eventos de doença, invalidez,

morte ou idade avança". (...)”

30. Portanto, a própria Constituição de 1988 reconheceu, ao

prescrever o inciso I do art. 201, que um regime só pode ser considerado como

“previdenciário”, do ponto de vista constitucional, se assegurar ao seu contribuinte a

“cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada”.

31. Assim, somente é possível uma única conclusão diante da análise

comparativa entre o §2º do art. 18 da Lei 8.213/91 e o inciso I do art. 201 da CF/88: o

aposentado que, por dificuldade financeiro-econômica, retorna ao mercado de trabalho

e torna-se novamente contribuinte obrigatório, está, em termos constitucionais, à

margem do Regime Previdenciário. Quer dizer, ele contribui para um regime do qual não

está inserido.

32. Pela tamanha incompatibilidade entre os dispositivos, deve-se

priorizar a aplicação de apenas um deles. Dar prevalência ao dispositivo

infraconstitucional é inverter a lógica do sistema jurídico, ou seja, é ler a Constituição

com base na legislação infraconstitucional e não a legislação com base na Constituição.

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33. Portanto, diante do regime previdenciário imposto pela CF/88 no

qual inadmite que um contribuinte ainda mais obrigatório não tenha como direito a

cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada, enxerga-se

claramente a inconstitucionalidade material do §2º do art. 18 da Lei 8.213/91.

VI - PRINCÍPIO DA IGUALDADE

34. O art. 5º caput da CF/88 enfatiza a palavra igualdade. A igualdade

junto com a dignidade da pessoa humana é o centro do sistema dos direitos

fundamentais. Desse modo, a igualdade é a regra do ordenamento jurídico.

35. Evidentemente, não é qualquer diferença de tratamento que

corresponde a uma violação à igualdade. Pelo contrário, o Direito tem até o dever de

conferir diferença no tratamento quando tem como escopo preservar e atingir o

princípio da igualdade. Assim, a igualdade não é absoluta, mas sim relativa, na qual exige

um critério de comparação para a sua concretização.

36. Desse modo, faz-se necessário averiguar qual critério fora

adotado para discriminar. Como a CF/88 estabeleceu como regra do ordenamento o

princípio da igualdade, qualquer medida discriminatória, portanto, deve conter em seu

bojo um critério diferenciador que seja constitucionalmente válido. Isto é, para uma

discriminação atender o princípio da igualdade, esta precisa adotar uma justificativa

constitucionalmente válida.

37. No entanto, não é somente o critério adotado para desigualar que

basta para verificar a ofensa, ou não, à igualdade. A finalidade pela qual a discriminação

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foi adotada também é um ponto de análise. Quer dizer, a finalidade buscada com a

diferenciação também deve encontrar fundamentação constitucional. Qual é a legítima

finalidade que o Estado quer alcançar?

38. Em relação ao caso em testilha, é patente a diferença de

tratamento que o legislador ordinário concedeu ao aposentado que continua ou retorna

ao mercado de trabalho em comparação aos demais contribuintes obrigatórios do

Regime Geral da Previdência Social. Enquanto estes últimos fazem jus às coberturas dos

eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada, o aposentado contribuinte

somente faz jus ao salário-família e à reabilitação profissional.

39. Assim, o aposentado contribuinte não tem os mesmos direitos

que os demais. Como já dito, ele está à margem do que a Constituição estabelece como

um Regime Previdenciário.

40. Quanto ao critério adotado pelo legislador, ao prescrever o §2º do

art. 18 da Lei 8.213/91, é evidente que tal critério é o fato de aquela pessoa já ter se

aposentado. Agora, indaga-se: é constitucionalmente válido tal critério?

41. A resposta é negativa, tendo em vista que quando o aposentado

volta a trabalhar ele se torna contribuinte obrigatório assim como os demais. Ele não

tem a faculdade de contribuir. Ou seja, na hora de cobrar, a legislação o coloca em pé

de igualdade com os demais prevendo a sua obrigatoriedade na contribuição, mas na

hora de conceder o Estado o discrimina e o expurga do Sistema Previdenciário.

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42. Quanto ao salário-família e à reabilitação profissional, vale trecho

da mesma decisão já supramencionada:

“(...). Obviamente, a deleteriedade dos efeitos dessa discriminação

injustificada lhes permite atingir patamares transponentes da mera

formalidade, isso porque acabam, verdadeiramente, por excluir de

qualquer proteção previdenciária àqueles que continuaram a

contribuir para o Regime Geral de Previdência Social nas mesmas

condições e efeitos de todo e qualquer contribuinte, e pelo simples fato

de já terem obtido uma aposentadoria. Continuidade essa, realce-se,

imposta por lei, e não fruto de mera liberalidade do trabalhador.

Elegeu-se o termo "excluir de qualquer proteção" em atenção ao seu

caráter substantivo, já que o parágrafo 2º do artigo 18 da 8.213/91

coloca a salvo os benefícios de "reabilitação profissional" e "salário-

família". Ocorre, no entanto, que esses "benefícios" são previstos

apenas formalmente porque não chegam a ser concretizados aos

contribuintes nessa situação (já aposentados e que continuam

trabalhando e contribuindo como segurados obrigatórios). Isso porque

o "salário-família" é pago limitadamente àqueles que, inserindo-se no

conceito de "baixa renda", possuam filhos de até 14 anos de idade

(artigo 66 da Lei nº 8.213/91). Logo, é extremamente difícil, senão

impossível na grande maioria dos casos, que o segurado atinja o

período necessário de contribuição (30 ou 35 anos) com idade hábil a

possuir filhos menores de 14 anos. Por outro lado, assegurar

"reabilitação profissional" tão somente, sem prévia concessão de

auxílio-doença ou outro benefício que permita ao segurado obter os

medicamentos ou tratamentos indispensáveis à sua melhora sem

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necessitar abater de seus vencimentos - que de tão parcos exigiram a

continuidade no trabalho mesmo depois de obtida a aposentação -

equivale a colocar o segurado obrigatório em situação altamente

iníqua por absoluto abandono em estado doentio, relegando-o à

própria sorte, e, se sobrevier a cura da doença, por si mesmo, aí sim

terá direito à reabilitação. Reabilitação sem prévia concessão de

oportunidade de tratamento é um engodo, uma situação

absolutamente inviável no contexto social por revelar a

despreocupação do sistema previdenciário público com a efetiva cura

ou consolidação da doença, situação que beira a verdadeira

irresponsabilidade estatal. (...).” (grifo nosso).

43. Assim, configura-se que a única finalidade adotada pelo legislador

ao prever o §2º do art. 18 da Lei 8.213/91 foi arrecadatória, ignorando por completo a

pessoa do aposentado diante de suas eventuais contingências no decorrer do labor. O

Estado exige um prestação do aposentado sem, contudo, garantir-lhe nenhuma

contraprestação quando necessitar. Afigura-se ilegítima tal finalidade.

44. Assim, não há critério que seja constitucionalmente válido a ponto

de justificar tal discriminação, tendo em vista que a única finalidade estatal, ao prever

tal discrímen, é arrecadatória, desconsiderando em sua inteireza o direito fundamental

que o aposentado contribuinte tem à previdência social, assim como têm os demais

contribuintes obrigatórios. Para ilustrar, vale o trecho da decisão supracitada:

“(...). Ao impor à determinada a pessoa a condição de segurado

obrigatório, exigindo-lhe a canalização de contribuições

previdenciárias sem, contudo, assegurar-lhe a contrapartida da

cobertura previdenciária, a Administração Pública esmaga a

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dignidade da pessoa humana desse contribuinte por lhe tolher um

conjunto de benefícios imprescindíveis a assegurar-lhe a existência

digna, livre e igual, mormente por não lhe blindar, através da

proteção social, dos riscos e mazelas típicas a que sujeito pelo mero

exercício de atividade laboral. Retirando do segurado obrigatório

aposentado qualquer grau mínimo de segurança previdenciária, o

Estado olvida a condição intrínseca e distintiva reconhecida em cada

ser humano que o fez merecedor de respeito e consideração,

impondo-lhe um tratamento discriminatório, degradante e

desumano que lhe retira as condições mínimas à manutenção de uma

vida saudável da ponto de vista da segurança protetiva, esvaziando

o princípio da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III, CF). (...).”

(grifo nosso).

45. Não há diferença entre contribuintes obrigatórios, o aposentado

não contribui menos pelo fato de ser aposentado. Assim, o tratamento entre tais

contribuintes deve ser igualitário em sua plenitude. Portanto, viola o princípio da

igualdade tal diferenciação entre contribuintes obrigatórios, pois, situações iguais estão

sendo tratadas de modo diferente.

46. É de observar que a CF de 88 ao dispor acerca da Ordem Social,

criou um título próprio em seu corpo normativo (Título VIII). Assim, ao estabelecer

diretrizes, acabou por estabelecer uma autonomia sistêmica da Seguridade Social, ao

prever princípios, objetivos e regras próprias da Seguridade Social.

47. Diante do sistema constitucional previdenciário, o Constituinte

achou por bem concretizar o princípio da igualdade, que está previsto de forma genérica

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no art. 5º caput, em uma regra que consiste na universalidade da cobertura e do

atendimento, prevista no art. 194, parágrafo único, inciso I da CF.

48. Desse modo, o que o Constituinte buscou foi concretizar, no

próprio plano normativo-constitucional, o princípio da igualdade em uma regra, com o

objetivo de não dar margem ao legislador ordinário de estabelecer escolhas quanto ao

princípio da igualdade em matéria previdenciária. Em outras palavras, ele vinculou a

atuação do legislador ordinário quanto ao princípio da igualdade, retirando-lhe qualquer

margem discricionária que pudesse vir a colidir com a universalidade da cobertura e do

atendimento.

49. Portanto, além de malferir o princípio da igualdade previsto art.

5º caput da CF, o legislador ofende a regra da igualdade do art. 194, parágrafo único,

inciso I da CF/88, ao prever o §2º do art. 18 da lei 8.213/91. Assim, configura-se uma

dupla violação à igualdade, seja em seu aspecto principiológico, seja em relação à sua

concretização como regra do sistema constitucional previdenciário.

VII - PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE

50. Um direito fundamental não é somente um direito subjetivo no

qual um indivíduo pode, com base nele, exigir que se faça ou que não se faça algo. Os

direitos fundamentais também possuem uma dimensão objetiva, ou seja, o direito

fundamental não é considerado exclusivamente sob a ótica individualista, mas também

do ponto de vista do próprio bem jurídico que é tutelado por aquele direito

fundamental. Assim, parte-se para um viés objetivo relacionado ao próprio bem jurídico

tutelado e não somente ao seu titular (aspecto subjetivo).

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51. Desse modo, o Estado deve tutelar aquele bem jurídico protegido

por determinado direito fundamental de forma adequada e eficiente. Nessa toada, nos

direitos fundamentais estão envolvidos deveres de proteção. Quer dizer, os direitos

fundamentais por ter uma faceta positiva impõem ao Estado o dever de proteger

determinados bens jurídicos.

52. Assim, quando o Estado protege menos do que deveria proteger,

incorre na violação dessa proteção. Por isso que há uma vedação à proteção insuficiente.

Vale ressaltar que esse princípio também é um direito fundamental implícito,

podendo a sua positivação ser extraída do §2º do art. 5º da Constituição da República.

53. Nesse contexto, as medidas tomadas pelo legislador devem ser

suficientes para uma proteção adequada e eficiente. Em outras palavras, as medidas

tomadas pelo legislador ordinário devem ser suficientes para assegurar um padrão

mínimo de proteção constitucionalmente exigido.

54. Isso não quer dizer que somente uma omissão estatal seria capaz

de violar o princípio da proibição da proteção insuficiente. Um ato comissivo também é

capaz de violar tal princípio, como ocorre no presente caso. Outra passagem da mesma

decisão aduz com precisão esse tópico:

“(...). A regra fundante da universalidade da cobertura, mais

precisamente da previdenciária, tem sua eficácia condicionada à

dilatação de sua dimensão para servir não apenas de instrumento de

realização do direito constitucional à igualdade de tratamento, mas

também, e principalmente, de concretização do princípio da vedação

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da proteção insuficiente. Intitulado como o aspecto positivo da

proporcionalidade, o princípio da proteção insuficiente assegura que o

direito fundamental social prestacional não pode ser iludido pelo

Poder Público, quer omissiva - através inércia no dever de

implementar as políticas públicas necessárias à satisfação desses

direitos - ou comissivamente - adoção de política pública inadequada

ou insuficiente, como o é a opção por norma infraconstitucional

excluidora. (...). (grifo nosso).

55. Em vista dos argumentos apresentados, quando o legislador

regulamentou o art. 201, I da CF e decidiu excluir de qualquer cobertura previdenciária

o aposentado que se mantém ou retorna ao mercado de trabalho, houve flagrante

afronta ao dever de proteger de forma suficiente o bem jurídico tutelado pelo direito

fundamental da previdência social.

56. Isso porque, o direito fundamental à previdência social visa

tutelar, ao fim e ao cabo, o próprio direito à vida e o direito a uma subsistência digna e,

por corolário, a dignidade da pessoa humana. Será que alguém já aposentado, com seus

60 ou 70 anos de idade quer realmente se manter ou voltar ao mercado de trabalho?

Por óbvio que não. Não se trata simplesmente de opção por parte do aposentado, mas

sim da necessidade de cobrir os seus gastos e de sua família.

57. Portanto, a partir de o momento em que há um dispositivo legal

limitando o acesso desse aposentado ao Regime Previdenciário constitucionalmente

estabelecido como sendo a cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade

avançada, patente é violação ao princípio da proibição da proteção deficiente, deixando

o aposentado contribuinte totalmente desprotegido de qualquer contingência que vier

a sofrer. O aposentado só pode contar com a sorte do destino.

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58. Assim, se o contribuinte, ainda que aposentado, mantém a

qualidade de segurado, e cumpre todos os seus requisitos, deve ele continuar fazendo

jus à proteção previdenciária. A sentença inúmeras vezes aqui transcrita assim diz:

“(...). A obtenção de uma aposentadoria espontânea não pode

importar na caducidade dos direitos inerentes à qualidade de

segurado obrigatório. O elementar direito à qualidade de segurado é

justamente o abrigo contra eventos casuais que têm possibilidade para

subverter a normalidade com que se conduz a vida. Essas

contingências, a despeito de individuais, jamais puderem ser

prevenidas ou remediadas, daí a importância da proteção social. (...).”

(grifo nosso).

“O princípio constitucional da universalidade da cobertura

(artigo 194, parágrafo único, I, CF) serve, portanto, de instrumento à

concretização do direito também constitucional à igualdade de

tratamento (artigo 5º, caput, CF). Portanto, à efetiva concretização da

igualdade, no plano previdenciário, não pode haver exclusão da

cobertura daqueles que efetivamente contribuem ao sistema. Logo,

quando aludida norma sibila que "o aposentado pelo Regime Geral de

Previdência Social - RGPS que permanecer em atividade sujeita a este

Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da

Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade" está

inegavelmente impondo um condição de discriminação e, portanto,

absolutamente excluidora por tratar diferentemente segurados sem

qualquer argumento justificante, mormente porque ambos

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encontram-se em idêntica situação de "segurados obrigatórios

contribuintes do sistema...".

“...Evidente, portanto, que a cobrança contributiva, nessa forma,

esvazia o princípio constitucional da universalidade da cobertura

previdenciária por excluir da proteção securitária determinadas

pessoas mediante eleição, sem justificativa racional, da obtenção de

aposentadoria como causa de discriminação quando a essência da

regra fundante da igualdade estabelece que todos são iguais perante

a lei, sem distinção de qualquer natureza (artigo 5º, CF). o impor à

determinada a pessoa a condição de segurado obrigatório, exigindo-

lhe a canalização de contribuições previdenciárias sem, contudo,

assegurar-lhe a contrapartida da cobertura previdenciária, a

Administração Pública”

VIII - ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA POR PARTE DO ESTADO E O PRINCÍPIO DA

MORALIDADE ADMINISTRATIVA

59. Se a partir do momento em que a pessoa recebe um benefício de

aposentadoria do INSS, permanece contribuindo e não terá mais direito de cobertura

dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada, tal cobrança é ilícita, pois,

não terá como contraprestação uma cobertura previdenciária.

60. Ao admitir que o ordenamento jurídico brasileiro veda o

enriquecimento sem causa, tais contribuições pagas por quem já é aposentado e não

conseguirá qualquer outro benefício é ilícita. Ainda mais se considerarmos que o Poder

Judiciário julgou improcedente os pedidos de desaposentação, assim, o próprio

Judiciário admitiu que não é possível que o aposentado obtenha qualquer outro

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benefício com as contribuições posteriores, acarretando uma desarmonia no equilíbrio

atuarial, tendo em vista que a Estado passará a enriquecer-se em prol do contribuinte.

61. Quanto ao princípio da moralidade administrativa, previsto no art.

37, caput da CF/88, compreende a necessidade de a conduta do administrador estar

pautada por parâmetros éticos. O ato estatal não deve somente observar a lei, mas

também deve ser moralmente legítimo e socialmente aceitável. Deve distinguir o que é

honesto do que é desonesto.

62. A partir de o momento em que o Estado exige do aposentado que

se mantém ou que retorna ao mercado de trabalho um valor a título de contribuição

previdenciária, esse mesmo Estado deveria assegurá-lo na cobertura de eventual

contingência.

63. Fica claro que para o Estado só há um lado, o dele. O apetite feroz

do Estado em arrecadar faz com que seja instalada uma cegueira moral, capaz de fazer

tábula rasa do direito fundamental à previdência social quando o assunto é o

aposentado que por necessidade volta a ser contribuinte obrigatório do Regime Geral

da Previdência Social. Tal comportamento estatal desconsidera, de forma absoluta, a

condição humana desse grupo de pessoas.

64. Mesmo admitindo a aplicação do princípio da solidariedade, este

não pode ser estendido ao ponto de tributar segurado que não poderá aferir, de forma

pragmática, nada de substancial em contrapartida.

65. A solidariedade tem limites no princípio da razoabilidade. Não é

por outro motivo que o art. 201, §11, da CF/88 prevê a relação entre salários-de-

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contribuição e salário-benefício. O absurdo tributário neste caso é grave – cobrança de

quem não se coloca à disposição um mínimo de prestações que justifique a exação.

66. Em se tratando de previdência social, não se pode impor a

cobrança a quem, a rigor, não está vinculado ao sistema porque nada dele poderá fruir.

Não existe plano de previdência se não se oferece, ao menos, aposentadoria e pensão

(é a exigência mínima para existência de regime previdenciário, interpretação que se

obtém também da leitura do art. 10, §3º, do Dec. 3.048/99).

67. Desse modo, ao aposentado que volta a trabalhar nenhum

benefício significativo é dado. Muito embora as contribuições continuem a ser vertidas

ao sistema de forma absolutamente integral.

68. Ora, se o segurado continua contribuindo para o sistema após a

obtenção de sua aposentadoria, não há igualmente vedação atuarial para a concessão

de um novo benefício obedecendo-se assim as premissas atuariais e financeiras a que

se deve submeter à hermenêutica previdenciária, sem se cogitar o locupletamento ilícito

pela não devolução.

69. Como se não bastasse, há uma patente violação ao direito

fundamental da propriedade, esculpido no art. 5º, XXII da Constituição Federal. Pois,

a partir do momento em que se exige do aposentado que trabalha uma contribuição

obrigatória, retira-lhe parcela de seu vencimento. Se essa parcela destinada ao Estado

não pode se converter em uma cobertura previdenciária, o Estado está exigindo mais

do aposentado do que dos demais contribuintes obrigatórios.

70. Ao retirar parcela de seu vencimento, retira-lhe, por conseguinte,

a oportunidade de buscar um outro meio que lhe possa garantir a cobertura de

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eventuais contingências. O Estado viola o direito de propriedade ao se imiscuir nos

vencimentos do aposentado exigindo-lhe a contribuição e não prestando a devida

contraprestação e, reflexamente, o prejudicando a buscar outra forma de se segurar.

71. Para concluir citamos 2 julgados:

“O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que

permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não

fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do

exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação

profissional, quando empregado”, diz o parágrafo 2º da lei 8.213/91.

(1012371-03.2017.4.01.3400)

72. De acordo com tal julgado, a exclusão expressa do contribuinte

gera uma situação de aparente incompatibilidade com os objetivos da Constituição para

o sistema de previdência e assistência social. E, sob o ponto de vista fiscal, “ofende a

proporcionalidade ao excepcionar o trabalhador aposentado, que retorna ou

permanece em atividade, do limite máximo do salário de contribuição, submetendo-o a

verdadeira bi-tributação”.

73. Para o juiz, o pagamento das contribuições dos aposentados que

continuam trabalhando – mas não têm direito aos benefícios da Previdência Social –

“resulta no enriquecimento sem causa da Administração, uma vez que expressamente

exclui o contribuinte dos benefícios”.

74. Podemos destacar o brilhante entendimento jurisprudencial da 1ª

Turma Recursal do Rio de Janeiro sobre o tema:

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“Cuida-se de ação em que o autor pleiteia a devolução de valores

vertidos ao INSS a título de contribuição previdenciária na qualidade

de aposentado que retorna ao trabalho em relação às competências

de 09/1994 a 01/2000.

Rejeito a argumentação e ocorrência de prescrição da pretensão de

repetição de indébito, considerando que o prazo prescricional

qüinqüenal somente se inicia a partir do decurso do prazo de

homologação do lançamento que, no caso das contribuições em tela,

é de dez anos (quando da prolação do voto ainda não estava em vigor

a LC no. 118/2005).

A questão a ser dirimida consiste na verificação da existência de

relação jurídica tributária justificadora de pagamento de contribuição

pelo segurado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que

retorna à atividade laborativa após a aposentação.

A Lei nº 8.213/91, em sua redação original previa o pagamento de

pecúlio ao segurado que voltasse a exercer atividade laborativa

vinculada ao RGPS, consistindo o benefício no pagamento único de

valor correspondente à soma das importâncias relativas às

contribuições do segurado no exercício da nova atividade laboral

desenvolvida após a aposentadoria...

...O pecúlio era basicamente o benefício previdenciário que justificava

a cobrança de contribuições previdenciárias referentes ao novo

exercício de atividade laboral pelos aposentados (observe-se que não

se trata de tributação de aposentadoria ou pensão, mas sim de

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contribuição incidente sobre a remuneração auferida na nova

atividade desenvolvida), estabelecendo vínculo jurídico novo entre o

trabalhador e a previdência. Além dele, poderia ainda ser fruído o

auxílio-acidente, a reabilitação profissional e transformação da

aposentadoria em aposentadoria acidentária. Portanto, quando o

trabalhador voltava a exercer nova atividade laboral, após a

aposentadoria, estabelecia-se nova filiação junto ao RGPS, distinta da

anterior que proporcionou a inatividade, colocando-se a sua disposição

para fruição o pecúlio, o auxílio-acidente, a reabilitação profissional e

a transformação da aposentadoria em acidentária.

Não era por outro motivo que previa o art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº

8.213/91:

“O aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social que

permanecer em atividade sujeita a este regime, ou a ele retornar,

somente tem direito a reabilitação profissional, ao auxílio-acidente e

aos pecúlios, não fazendo jus a outras prestações, salvo as decorrentes

de sua condição de aposentado, observado o disposto no art. 122 desta

Lei.”

A Lei nº 8.870/94 extinguiu o pecúlio e isentou os aposentados de

pagamento de contribuição. Contudo, a partir da entrada em vigor da

Lei no. 9.032/95, voltaram a figurar como segurados obrigatórios. Com

a revogação dos artigos 81/85 da Lei nº 8.213/91 (RGPS) e a adição do

parágrafo 4º, ao art. 12, da Lei nº 8.212/91 (plano de custeio da

seguridade social) ficou explícita a cobrança da contribuição

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anteriormente prevista genericamente na mesma lei:

“Art.12....

Parágrafo 4º O aposentado pelo regime Geral de Previdência Social

(RGPS) que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade

abrangida por este regime é segurado obrigatório em relação a essa

atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta lei, para

fins de custeio da Seguridade Social.”

E ainda alterou o parágrafo 2º, do art. 18, da Lei nº 8.213/91:

“Art.18....

Parágrafo 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social

(RGPS) que permanecer em atividade sujeita a este regime, ou a ela

retornar, não fará jus a prestação alguma de Previdência Social em

decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família, à

reabilitação profissional e ao auxílio-acidente, quando empregado.”

Por fim, a Lei nº 9.582/97 ainda exclui o auxílio-acidente nessa

situação.

Considerando que a tributação permaneceu exatamente a mesma,

veja-se a alteração procedida nos benefícios colocados à disposição do

segurado aposentado que retorna aotrabalho: Lei nº 8.213/91

(original) Lei nº 8.213/91 (atual)

PECÚLIO (com a devolução do total das contribuições corrigidas pelos

índices da caderneta de poupança) ----------------------

AUXÍLIO-ACIDENTE -----------------------

TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA EM APOSENTADORIA POR

INVALIDEZ ACIDENTÁRIA, SE MAIS VANTAJOSA. -----------------------

REABILITAÇÃO PROFISSIONAL (é um serviço, portanto, não é prestado

em pecúnia).

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SALARIO-MATERNIDADE (previsto nos Decretos regulamentadores.

Obviamente, devido à idade das aposentadas, é um benefício de difícil

fruição na prática. De qualquer forma, os homens estão excluídos).

SALARIO-MATERNIDADE (previsto no Decreto 3.048/99, art. 103.

Obviamente, devido à idade das aposentadas, é um benefício de difícil

fruição na prática. De qualquer forma, os homens estão excluídos).

SALÁRIO-FAMÍLIA (no valor aproximado de R$ 10,00, é pago somente

a empregados e avulsos, mesmo que não retornem ao trabalho).

Mantendo-se a mesma contribuição, substituiu-se a completa

devolução dos valores vertidos, o pagamento do auxílio-acidente e a

possibilidade de transformação da aposentadoria em aposentadoria

por invalidez mais vantajosa pelo simbólico salário-família. Aliás, diga-

se que ainda há um sofisma legislativo, porque o salário-família é pago

ao aposentado independentemente do fato de este ter voltado a

trabalhar, nos termos do art. 65 e seu parágrafo único da Lei nº

8.213/91 (e após a EC nº 20/98, somente aos segurados de baixa

renda).

Portanto, com todas as letras: NÃO EXISTEM BENEFÍCIOS QUE

JUSTIFIQUEM A COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A

REMUNERAÇÃO OBTIDA NAS ATIVIDADES LABORAIS

DESEMPENHADAS PELOS SEGURADOS QUE VOLTAM A TRABALHAR.

Sobre o assunto já tive a oportunidade de me manifestar em sede

acadêmica 1:

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“A norma , além de possuir caráter extremamente injusto,

desrespeita o princípio da contraprestação relativo Às contribuições

devidas pelos segurados, tendo em vista que as prestações oferecidas

ao aposentado que retorna à atividade são insignificantes, diante dos

valores recolhidos. Pode-se afirmar, inclusive, que pela natureza das

prestações oferecidas (salário-família, reabilitação profissional e

salário-maternidade) não haveria filiação a regime previdenciário; pois

a lei não admite nova aposentação do segurado, recálculo da

aposentadoria anterior ou prevê o pagamento de pecúlio – as novas

prestações vertidas não garantem as espécies mínimas de benefícios

para que se tenha um regime previdenciário: nova aposentadoria ou

nova pensão. O salário-família, benefício pago somente a segurados

de baixa renda empregados e avulsos, provavelmente não será devido

ao idoso, e praticamente já seria em casos de aposentadoria sem novo

exercício de atividade; os demais segurados não farão jus, de qualquer

forma. O salário-maternidade provavelmente, não será fruído pela

aposentada; de qualquer forma, os segurados homens não poderão

fruí-lo. A reabilitação profissional é um serviço, não envolvendo

qualquer tipo de retorno pecuniário ao utilizador que, uma vez

aposentado, não terá, obrigatoriamente, desejo de se submeter a este

tipo de tratamento.”

As contribuições sociais são tributos “que, como tais, podem

assumir a feição de impostos ou de taxas. 2” Em relação aos

trabalhadores, as contribuições previdenciárias assumem a feição de

taxas, pois estão vinculadas obrigatoriamente à contraprestação

Estatal relativa a um plano de previdência. Roque Antônio Carraza

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leciona: “para o empregado (ou para o empregador, enquanto paga a

sua própria ´contribuição previdenciária` ), não passa de uma taxa de

serviço, exigível porque os serviços previdenciários para os casos de

doença, velhice, invalidez e morte, seguro-desemprego, seguro contra

acidente do trabalho e proteção da maternidade lhe são postos À

disposição, vale dizer, lhe são direta e imediatamente referidos. 3”

Completa José Eduardo Soares de Melo 4 “Creio que as notas

características e peculiares da exação permitem tipificar as

contribuições previdenciárias dos trabalhadores como taxas,

considerando-se que não é necessário a utilização “efetiva” dos

serviços públicos, desde que eles se apresentem potencialmente (regra

contida no inciso II do art. 145 da CF)... Por tais fundamentos,

considerada a contribuição social dos trabalhadores como taxa, deve

ser atendido o princípio da retribuição, procurando-se adequá-lo a

uma certa proporcionalidade, pela dificuldade de a remuneração

corresponder exatamente à prestação dos serviços, mormente no caso

de serem colocados à disposição dos beneficiários.”

“Frequentemente a autarquia defende-se, sustentando que o

sistema previdenciário é caracterizado pelo caráter de solidariedade

entre gerações, sistema de repartição simples, ou que não há relação

entre o que se contribui e o valor das prestações que se recebem.

Ocorre que, admitindo-se a aplicação do princípio da solidariedade,

mesmo assim, não se pode estende-lo ao ponto de tributar segurado

que não poderá auferir em tese nada de substancial em contrapartida.

A solidariedade tem limites no princípio da razoabilidade. Não é por

outro motivo que o art. 201 parágrafo 3º da CF prevê a relação entre

salários-de-contribuição e salário-benefício. O absurdo tributário neste

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caso é grave – cobrança de quem não se coloca à disposição um

mínimo de prestações que justifique a exação; isto é, para os

aposentados que retornam à atividade, inexiste plano previdenciário

mínimo. Em se tratando de previdência social, não se pode impor a

cobrança a quem, a rigor, não está vinculado ao sistema porque nada

dele poderá fruir – não exista plano de previdência se não se oferece,

ao menos, aposentadoria e pensão (é a exigência mínima para

existência de regime previdenciário, interpretação que se obtém da

leitura do art. 10, parágrafo 3º, do Dec. 3.048/99). Nem se argumente

que a contribuição sobre a remuneração do aposentado que volta a

trabalhar poderia ser utilizada para custear a saúde e assistência

social; para tanto, existem todas as contribuições das empresas e

participação do Estado, não havendo base para cobrança de tributo

equiparado a taxa, repito, de quem, nem em tese, poderia fruir de

alguma prestação previdenciária substancial – o art. 12, parágrafo 4º

da Lei nº 8.212/91 e o art. 11, parágrafo 3º, da Lei nº 8.213/91 não são

compatíveis com os princípios constitucionais previstos no art. 194,

parágrafo único, I, III e V, bem como o art. 195, II, uma vez que os

aposentados que retornam à atividade não podem ser considerados

trabalhadores ou demais segurados da previdência social para efeito

de incidência tributária, pois se nada lhes é prestado, a nada estão

filiados; logo, nada lhes pode ser cobrado.

Recentemente, o STJ manifestou-se em caso semelhante

(informativo nº 136), em que se discutia a incidência de contribuição

sobre a parcela da remuneração do servidor efetivo vinculada ao

exercício de cargo, apesar de contribuir sobre o valor total da

remuneração do servidor, apesar de contribuir sobre o valor total da

remuneração, somente poderia se aposentar considerando a

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remuneração de seu cargo efetivo. Naquele caso, também houve

sustentação pelo réu de que o Regime Previdenciário dos servidores é

baseado na solidariedade, em repartição simples, mas a decisão

considerou que não deveria haver incidência da contribuição, pois a

cobrança estaria estabelecendo uma relação solidária desarrazoada.”

Processo: 2003.51.51.065331-4-1 (TR RJ)

IX - DO DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO

75. Como sabido por todos, desde a Constituição de 1988 as

contribuições foram alçadas à categoria de tributo e, por assim ser, aplicam-se às

contribuições as normas gerais da legislação tributária inseridas em Lei Complementar,

conforme prescreve o art. 149 caput c/c com art. 146, III, ambos da CF/88.

76. Forçoso concluir, portanto, que no presente caso o Código

Tributário Nacional é plenamente aplicável. Diante disso, quanto ao pedido de repetição

dos valores pagos, aplica-se o art. 165 e seguintes do Código Tributário Nacional.

77. Assim, pelo fato de as contribuições terem sido pagas

indevidamente, conforme acima demonstrado, faz jus o Requerente à repetição desses

valores limitados aos últimos 5 (cinco) anos, nos termos do art. 165, I do CTN.

X - DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA SATISFATIVA

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78. Posto isso, por se encontrarem presentes os requisitos do fumus

boni iuris e do periculum in mora, requer a concessão, in limine, da tutela antecipada,

conforme art. 300 e ss. do Código de Processo Civil.

79. O fumus boni iuris está patentemente demonstrado ante os

comprovantes de contribuições realizadas pelo Requerente.

80. Quanto ao periculum in mora, evidente a lesão ao patrimônio da

requerente, posto que mensalmente os valores são retidos na fonte de pagamento a

título de contribuição.

81. Desse modo, como forma de economia processual, pleiteia o

Requerente que a decisão concessiva da tutela antecipada seja expedida aos órgãos

competentes no sentido de autorizar a cessação do pagamento das contribuições

vincendas, já para o próximo mês de referência, bem como seja expedido ofício à

Empregadora para deixar de reter na folha de pagamento a contribuição do Empregado.

82. Caso Vossa Excelência entenda de outra forma, requer, de modo

prudente, a concessão da tutela provisória para que a Empregadora, ao reter do

Requerente o valor correspondente à contribuição, deposite em juízo a respectiva

quantia até o trânsito em julgado da sentença.

XII - PREQUESTIONAMENTO

83. Prequestiona o autor, para eventuais recursos às instâncias

superiores, o (i) parágrafo 2º do artigo 18 da lei 8.213/91, (ii) violação ao princípio da

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isonomia 5º, caput (igualdade), artigo 194, I, (iii) violação ao princípio contributivo –

retributivo, alicerce do RGPS artigo 201, I e § 11 da Constituição Federal.

XIII - DOS PEDIDOS

84. Ante o exposto, requer:

I. A concessão da justiça gratuita, nos termos do art. dos arts. 98

a 102 do Código de Processo Civil.

II. A Tramitação Prioritária do Idoso conforme artigo 71, § 1° da

Lei 10.741/2003 e artigo 1.048 do Código de Processo Civil.

III. A concessão, in limine, da tutela antecipada para suspender a

cobrança das contribuições previdenciárias do Requerente a

partir do próximo mês, expedindo-se o necessário aos órgãos

competentes, conforme art. 300 e seguintes do Código de

Processo Civil;

IV. Ou, de forma subsidiária, a concessão, in limine, da tutela

antecipada para que a Empregada deposite em juízo os valores

alusivos à contribuição previdenciária descontada do

Requerente, nos termos do art. 300 e seguintes do Código de

Processo Civil.

V. A citação da União (Fazenda Nacional) no endereço constante

do preâmbulo, com os benefícios legais, para, querendo,

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contestarem a presente ação, conforme art. 335 do Código de

Processo Civil, sob pena de serem reputados como verdadeiros

os fatos aqui alegados, nos termos do art. 344, do Código de

Processo Civil, dentro dos limites aplicados à Fazenda Pública;

VI. A declaração de inexistência da obrigação do aposentado de

contribuir com a previdência social, com base nos argumentos

expostos na causa de pedir;

VII. A condenação da União ao pagamento das custas, despesas

processuais, além dos honorários advocatícios a serem fixados

no máximo legal, bem como à devolução dos valores pagos nos

últimos 05 (cinco) anos, nos termos do art. 165 e seguintes do

CTN, devidamente atualizados, com base nos argumentos

ventilados na causa de pedir.

VIII. Pretende-se provar o alegado através de prova documental,

testemunhal, depoimento pessoal e demais provas em Direito

admitidas, previstas no Código de Processo Civil.

IX. Por fim, requer sejam todas as publicações veiculadas no Diário

Oficial, intimações e qualquer ato de comunicação no presente

processo sejam feitas EXCLUSIVAMENTE em nome do Dr.

Murilo Gurjão Silveira Aith, OAB/SP n.º 251.190, sob pena de

nulidade dos atos que vierem a ser praticados, em consonância

ao parágrafo 1º, do artigo 236, do Código de Processo Civil.

Avenida Dom Pedro II, n.º 288, 8° andar - Bairro Jardim, Santo André/SP, CEP 09080-110

(11) 4509-4697 - www.abladvogados.com

Dá-se à presente causa o valor de R$ xxx.

Pede deferimento.

Santo André, 04 de dezembro de 2017.

__________________________________ MURILO GURJÃO SILVEIRA AITH

OAB/SP 251.190