excelentÍssimo senhor doutor conselheiro … · até o dia 11 de abril de 2015 (art. 24, §4º...

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR CONSELHEIRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO DE LIMINAR – URGENTE DATA DA ABERTURA: 27/08/2015 MARCOS ANDRÉ PAPA, brasileiro, divorciado, bacharel em direito, vereador, residente e domiciliado nesta cidade na Rua Rui Barbosa nº 790 - apt. 301, centro, fone: (16) 3607-4008, através de sua advogada que esta subscreve, vêm a presença de Vossa Excelência, lastreados no artigo 37 da Constituição Federal combinado com o dispostos nas Leis 7.347/85, 8.492/92, 8666/93 e 12462/11, Lei Complementar 101/2000 , Lei Orgânica do Município de Ribeirão Preto e alterações, interpor REPRESENTAÇÃO em face da PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRAO PRETO, que tornou público o edital de Regime Diferenciado de Contratação nº 002/2014, Processo de Compras nº 207/2015, com o seguinte objeto: RDC 2/2014 CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA A ELABORAÇÃO DOS PROJETOS BÁSICOS / EXECUTIVOS E A EXECUÇÃO DAS OBRAS NOS CORREDORES ESTRUTURAIS - CORREDORES AV DA SAUDADE, COSTÁBILE ROMANO, DOM PEDRO, CASTELO BRANCO, AV DO CAFÉ, QUADRILÁTERO CENTRAL, CICLOVIAS, NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO-SP, CONFORME DESCRITO EM EDITAL E SEUS ANEXOS A modalidade de processamento é “contratação integrada”, com propostas fechadas, com critério de julgamento “técnica e preço”. Versão anterior deste RDC foi questionada no âmbito no TCE/SP e mediante ação civil pública promovida pelo Ministério Público Estadual. Os editais podem ser aferidos na íntegra no site: http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/licitacoes/sadm/j026licitacoes.htm Após suspensão dos certames determinado pelo TCE/SP, posteriormente revogados, republicam-se os editais, com data de abertura para próximo dia 27/08/2015 para às 14 hs. (http://www.jornalacidade.com.br/politica/politica_internaNOT.aspx?idnoticia=1076564). Os Representantes questionam a legalidade e a constitucionalidade dos procedimentos licitatórios acima mencionados, pelos fatos e fundamentos que passam a expor:

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR CONSELHEIRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE

CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO DE LIMINAR – URGENTE

DATA DA ABERTURA: 27/08/2015

MARCOS ANDRÉ PAPA, brasileiro, divorciado, bacharel em

direito, vereador, residente e domiciliado nesta cidade na Rua Rui Barbosa nº 790 - apt. 301,

centro, fone: (16) 3607-4008, através de sua advogada que esta subscreve, vêm a presença

de Vossa Excelência, lastreados no artigo 37 da Constituição Federal combinado com o

dispostos nas Leis 7.347/85, 8.492/92, 8666/93 e 12462/11, Lei Complementar 101/2000 , Lei

Orgânica do Município de Ribeirão Preto e alterações, interpor REPRESENTAÇÃO em face da

PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRAO PRETO, que tornou público o edital de Regime

Diferenciado de Contratação nº 002/2014, Processo de Compras nº 207/2015, com o seguinte

objeto:

RDC 2/2014 CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA A ELABORAÇÃO DOS PROJETOS BÁSICOS / EXECUTIVOS E A EXECUÇÃO DAS OBRAS NOS CORREDORES ESTRUTURAIS - CORREDORES AV DA SAUDADE, COSTÁBILE ROMANO, DOM PEDRO, CASTELO BRANCO, AV DO CAFÉ, QUADRILÁTERO CENTRAL, CICLOVIAS, NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO-SP, CONFORME DESCRITO EM EDITAL E SEUS ANEXOS

A modalidade de processamento é “contratação integrada”, com propostas fechadas, com critério de julgamento “técnica e preço”.

Versão anterior deste RDC foi questionada no âmbito no TCE/SP e mediante ação civil pública promovida pelo Ministério Público Estadual.

Os editais podem ser aferidos na íntegra no site: http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/licitacoes/sadm/j026licitacoes.htm

Após suspensão dos certames determinado pelo TCE/SP, posteriormente revogados,

republicam-se os editais, com data de abertura para próximo dia 27/08/2015 para às 14 hs. (http://www.jornalacidade.com.br/politica/politica_internaNOT.aspx?idnoticia=1076564).

Os Representantes questionam a legalidade e a constitucionalidade dos procedimentos licitatórios acima mencionados, pelos fatos e fundamentos que passam a expor:

1 - PRELIMINARMENTE

1.a-) Da prevenção

Necessário salientar que o mesmo objeto deste RDC, assim como do RDC 1/2014, são

idênticos aos que motivaram as representações que deram início aos procedimentos TC-

001043.989.15-1, TC-001044.989.15-0, TC-001081.989.15-4, TC-001084.989.15-1 e TC-

001092.989.15-1, perante esse Egrégio Tribunal. Tais procedimentos ficaram sob a relatoria do

eminente Conselheiro Sidney Estanislau Beraldo, que liminarmente suspendeu a realização das

sessões públicas de recebimento dos envelopes e determinou que a Prefeita se abstivesse da

adoção de quaisquer medidas corretivas nos editais ate ulterior deliberação desta corte. Essa

r. liminar foi referendada pelo E. Plenário.

As assessorias técnicas deste Tribunal foram uníssonas em apontar as irregularidades dos

editais impugnados e manifestar pela procedência das representações apresentadas. A nobre

representante do Ministério Público, manifestou:

“Em face do exposto e circunscrito aos itens impugnados, manifesta-se o MINISTÉRIO

PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela ANULAÇÃO dos certames, por ser

inviável a mera correção do texto dos editais, ante a necessidade da ampla reformulação

dos procedimentos licitatórios, contaminados desde a escolha incorreta do regime de

contratação, em ofensa ao art. 9º da Lei 12.462/11.”

Em 17/04/2015, a Representada, publicou a revogação dos editais sob judice. Porém, em

01 de julho de 2015, insistindo no mesmo modelo de contratação, publicou o aviso de abertura

do certame, nos mesmos moldes do impugnado e analisado anteriormente pelo relator

Conselheiro.

Por se tratar da mesma matéria, mesmo objeto licitado e iguais irregularidades apontadas

na representação anterior, requer a distribuição por prevenção ao eminente Conselheiro Sidney

Estanislau Beraldo.

1. b-) Da falta de planejamento: ausência do Plano de Mobilidade aprovado a anteceder as obras de mobilidade

A Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto é useira e vezeira em lançar grandes licitações sem o correspondente e prévio planejamento urbano e normativo, de forma a primeira, querer executar obras públicas para, posteriormente, aprovar junto às legítimas instituições da cidade, a legislação pertinente.

Nota-se que, o Município de Ribeirão Preto errou neste sentido quando quis realizar uma Parceria Público-Privada antes da aprovação do Plano Municipal de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos, sendo este, um dos motivos que levaram à interrupção do certame tanto no Tribunal de Contas do Estado, quanto que na Justiça, perdurando até hoje esta suspensão (autos da Ação Civil Pública, processo n. 4009185-77.2013.8.26.0506, 1a Vara da Fazenda Pública da comarca de Ribeirão Preto).

Com esta licitação, a situação não discrepa. Com efeito.

Este RDC trata de obras atinentes à mobilidade urbana e versa sobre construção de corredores estruturais na cidade. A captação de recursos na União adveio de projeto não discutido com a sociedade, que, somente no final de janeiro deste ano (de 2015) foi divulgado à população para sugestões. Ou seja, a cidade está licitando duas obras baseadas em conceitos embrionários e em fase de discussão social.

Veja que este Plano de Mobilidade ainda será objeto de uma legislação específica. Trata-se daquilo que está previsto no Projeto de Lei Complementar n. 149/2014, de que trata a Revisão do Plano Diretor, consoante disposto no art. 6º, II, “o” (o Plano de Mobilidade Urbano é um Tipo de Instrumento de planejamento urbano), e mais explicitamente no transcrito artigo 56:

Art. 56. O município de Ribeirão Preto, de acordo com as diretrizes da Lei Federal nº 12.587/12, formulará sua política de mobilidade urbana e aprovará o Plano de Mobilidade Urbana seguindo os objetivos estabelecidos neste Plano Diretor e nas leis superiores, pertinentes a política de mobilidade urbana, de qualquer nível de governo, que definam como marco regulatório obrigatório para o planejamento e execução de serviços referentes à sua implantação.

Logo, o Plano de Mobilidade Urbana não é nada senão um projeto sujeito a fase de sugestões, nem de longe perto de ser aprovado e tornar-se lei, como prevê a também embrionária Revisão do Plano Diretor.

A cidade de Ribeirão Preto, assevera-se, é obrigada a ter um Plano de Mobilidade Urbana aprovada em lei (art. 24, §1º, Lei n. 12.587).

Verifica-se que planejamento e o desenho urbano têm que ocorrer de forma ética e sustentável, a partir e em conjunto com a população! É obrigação do Poder Público no processo de planejamento e desenvolvimento das funções sociais a garantia da gestão democrática da participação da população, tanto na formulação, acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano (art. 2º, II, Lei n. 10.257/01 – Estatuto das Cidades).

Pergunta-se: de que adianta garantir à população o direito de opinar sobre um Plano de Mobilidade Urbana se, inúmeras intervenções urbanas estão a acontecer antes deste próprio Plano tornar-se lei? Como garantir que a população consiga interferir nos desígnios da urbe se o Poder Executivo lança obras estruturantes sem a prévia participação popular e à míngua de previsão legislativa?

Verifica-se que na proposta apresentada pelo munícipio para aprovar a vinda de recursos do PAC dizia já possuir um “Plano de Transporte e Circulação” (vide anexo da lei n. 13.019/13), sendo esta proposta datada de final de 2012, em que se dizia de maneira absolutamente inverídica de que “O Plano de Transporte e Circulação será aprovado com o Plano de Mobilidade, cujo relatório final está em fase conclusiva”.

Como sabido o Plano de Mobilidade foi levado ao conhecimento dos cidadãos, para recebimento de sugestões, adequações e alterações, após a interferência de técnicos, Conselhos de Direito (dentre eles o Conselho Municipal de Urbanismo) e na própria sociedade. Entretanto, até hoje dito Plano não foi convertido em Projeto e sequer alvo de apreciação parlamentar.

Para que então a Prefeitura coloca em discussão o Plano de Mobilidade Urbana se as principais obras e intervenções urbanísticas já estarão encerradas?

Quando o Poder Público começa as obras para depois discutir como teria que ser essa obra, importa em um descalabro no planejamento urbano, a permitir aditivos intermináveis.

Neste sentido, sintomático a abordagem do arquiteto e urbanista, Dr. José Roberto Geraldine Junior, que também é presidente do Conselho Municipal de Urbanismo (COMUR) de Ribeirão Preto:

A prefeitura solicitou investimentos do governo federal no início do ano passado. As obras foram solicitadas antes sequer de o plano ser apresentado. Há coisas que a gente precisa ajustar. Precisamos integrar essas peças de planejamento para que não tenhamos problemas, para que não façamos obras que não sejam necessárias1.

Fere-se aqui também o art. 5º, V da Política Nacional de Mobilidade Urbana - LEI Nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, quando se refere à gestão democrática e controle social do planejamento da Mobilidade Urbana, até porque é uma atribuição do Município planejar, executar e avaliar a política de mobilidade urbana (art. 18, I).

Se o município inicia a execução de obras significativas antes de concluir o planejamento, está a queimar etapas logicamente incutidas em Lei, maltratando o princípio constitucional da eficiência (art. 37, “caput”).

Ora, o Município de Ribeirão Preto deveria concluir (e aprovar) seu Plano de Mobilidade até o dia 11 de abril de 2015 (art. 24, §4º c.c. art. 28, da Política Nacional de Mobilidade Urbana) o que não o fez.

Por qual razão então deflagrar processos licitatórios sujeitos a alteração em seu marco legal?

Começa e começa mal, portanto, a intenção de começar a executar algo ainda não discutido com a sociedade e, pior, em obras públicas que exigem a participação e interferência social mediante prévia aprovação legal.

2 - DO MÉRITO

2.a-) Da adoção equivocada do RDC

Não se tem, de forma inequivocamente demonstrada nos autos que compõem o certame a razão pela qual se adota o rito especial regrado na Lei n. 12.462/11, ao invés das outras modalidades insculpidas na Lei Geral de Licitações (8.666/93). Para Moreira e Guimarães a Administração deverá demonstrar “os motivos de fato e as razões de direito que autorizam – se não determinam – a escolha do RDC2”.

Ainda que as obras aqui versadas advindas de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento possibilitem a adoção deste tipo de licitação (art. 1º, IV, Lei n. 12.462/11), há de se justificar do porquê da junção de tantas obras em dois grandes certames, com objetos praticamente idênticos, apenas em regiões distintas, mas com o mesmo tipo de serviço.

Isso significa que o RDC apenas poderá ser adotado se houver antes um planejamento adequado e satisfatório da futura contratação, como anota as imprescindíveis lições de Marçal Justen Filho3.

1 Comur critica apresentação de plano de mobilidade em Ribeirão Preto,. G1. Disponível e http://g1.globo.com/sp/ribeirao-

preto-franca/noticia/2015/02/comur-critica-apresentacao-de-plano-de-mobilidade-em-ribeirao-preto-sp.html, acesso em 9.2.2015.

2 MOREIRA, Egon Bockmann; GUIMARÃES, Fernando Vernalha. Licitação Pública: A Lei Geral de Licitações – LGL e o Regime Diferenciado de Contratações/RDC. Malheiros, São Paulo, 2012, p. 358.

3 Curso de Direito Administrativo, 10 ed., Revista dos Tribunais, São Paulo, 2014, p. 510.

Verifica-se o açodamento na concepção de uma licitação inadequada, posto que os objetos poderiam muito bem ter sido segregados em diversas concorrências públicas, ao invés de aglutinadas em um grande, oneroso, e restritivos RDCs. A restritividade da ampliação de concorrentes é marca indelével destes certames.

O Poder Público escolheu fazer uma contratação integrada, posto envolver no mesmo certame a elaboração dos projetos básico, executivo e execução dos serviços /obras por manifesto despreparo, posto que facilmente cindíveis estes objetos (uma licitação para projeto básico + executivo e uma ou várias licitações para a execução das obras).

A adoção do RDC sem a concepção de prévios projetos importa em riscos indeléveis à Administração, ao controle de preços, à qualidade dos serviços, instaurando-se desnecessariamente, em contratações arriscadas e que privilegiem uma ou outra grande empreiteira. Nesse sentido aduzem especialistas:

Criado em 2011 com o objetivo de acelerar as obras da Copa 2014, o Regime Diferenciado de Contratação de Obras Públicas (RDC) é um dos principais responsáveis pelo atraso na entrega das obras de mobilidade urbana e aeroportos para a Copa do Mundo. É o que revela levantamento do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR).

(...) O CAU/BR defende que o projeto completo da obra seja contratado antecipadamente (e de forma independente) à licitação, para garantir à administração o controle sobre a qualidade da obra, seu orçamento e prazos”, ressalta Haroldo Pinheiro, presidente do Conselho. Para o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi, o RDC é a melhor forma para se contratar “bombas-relógio”. Ele afirma que “não podemos abdicar do projeto para fazer a contratação de uma obra. O projeto é que define o DNA do empreendimento. É a ferramenta anticorrupção que define a solução, prazo e o custo do empreendimento4.

Em uma Administração que encontra sérios riscos econômicos e episódios de licitações com falhas estruturantes, a acuidade deve ser redobrada ante a adoção de soluções experimentais (RDC com contratação integrada) para obras relativamente simples e executadas diuturnamente pelo município.

Por qual razão o Poder Público quer aglutinar tantos objetos em dois grandes certames, e não os parcelam em várias licitações?

Não se está construindo uma vila Olímpica ou um Estádio, concentradas em apenas uma localidade, num universo restrito. Quer se fazer obras comuns ao longo de toda a cidade (asfalto, recape, guias, sarjetas, viadutos) em duas enormes licitações (uma de R$ 100.000.000,00 e outra de R$ 150.000.000,00), com exigências duvidosas, com potencial de sobrepreço embutido, tudo por conta do açodamento do Chefe do Executivo em querer concluí-las antes do fim do atual mandato, ao invés de se ter um prévio e correto planejamento, com a elaboração [e até contratação] de projetos básico e executivo, para somente então, pensar-se em abrir tais concorrências, que muito bem poderiam ser destrinchadas em vários lotes. A concentração de objetos nestas licitações é estranha, sem justificativa lógica e serve para pinçar do mercado construtivo um seleto clube de empresas aptas a preencherem os requisitos editalícios. Trata-se de um expediente ardiloso, ora exposto na grande mídia na operação “Lava-Jato” ou no escândalo pregresso da construtora “Delta”. Ribeirão Preto não merece aceitar a volta de tempos obtusos permeados por licitações direcionadas.

2.b-) Da escolha inadequada da contratação integrada

Ainda que fosse possível gerar as despesas e mesmo escolher realizar estas obras

4 MORENO, Julio; PRADA, Rodrigo. Regime Diferenciado de Contratação: as evidências de um fracasso anunciado.

Coluna do Augusto Nunes, Veja “on line”, 16.5.2014.

através do RDC, a modalidade contratação integrada (item 3.6 do Edital) é inadequada, senão vejamos.

Segundo a Lei do RDC (Lei n. 12.462), em seu artigo 9º, serve esta modalidade nas seguintes hipóteses:

Art. 9o Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no âmbito do RDC, poderá ser utilizada a

contratação integrada, desde que técnica e economicamente justificada e cujo objeto envolva, pelo

menos, uma das seguintes condições:

I - inovação tecnológica ou técnica;

II - possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou

III - possibilidade de execução com tecnologias de domínio restrito no mercado

Em momento ALGUM dos editais existe a justificativa ECONÔMICA para a adoção da técnica da contratação integrada. Não existem estudos ou demonstrações para amparar a razão pela qual a contratação integrada é justificável do ponto de vista de vantagens econômicas ao Poder Municipal.

Com relação à justificativa técnica também não logra amparo. Para o edital, justificar-se-ia a adoção do RDC através da contratação integrada em virtude do fundamento do item 3.6.1.1 dos RDCs 1 e 2:

3.6.1.1 Nos termos do artigo 9º, inciso II da Lei nº 12.462/2011, o objeto dessa licitação envolve a possibilidade de execução com diferentes metodologias conforme demonstrado no ANEXO XI – ANTEPROJETO DE ENGENHARIA.

Não é qualquer obra ou serviço que pode ser alvo de contratação integrada, até porque, neste tipo de contratação o poder público transfere sua responsabilidade no planejamento do que será feito, fazendo com o que o particular desenvolva projetos básico, executivo e execução das obras e serviços de engenharia5.

Poderia muito bem o Poder Público abrir certame para contratar a elaboração de projetos básico e executivos.

Posteriormente, com todos os detalhamentos e concepções do que seria executado, várias licitações poderiam ser abertas, até mesmo valendo-se do RDC, todavia, não da temerária

5 “A contratação integrada, que deve ser justificada sob o aspecto técnico e econômico, envolve compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto (art. 9º, caput e §1º, da Lei nº 12.462/11). Trata-se de contratação na modalidade turn key ou EPC (Engineering, Procurement and Construction), similar ao que ocorre na empreitada integral, na qual o contratado fica obrigado a entregar a obra em condições de pleno funcionamento” In OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. FREITAS, Rafael Véras de. O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) e a Administração de Resultados. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico (REDAE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, nº. 27, agosto/setembro/outubro, 2011. Disponível na Internet: < http://www.direitodoestado.com/revista/REDAE-27-AGOSTO-2011-RAFAEL-OLIVEIRA-RAFAEL-FREITAS.pdf>.

“contratação integrada” que, como visto, tem um altíssimo potencial de restringir a competitividade e gerar contratações vultosas aos cofres públicos.

Por qual razão não houve a cisão em licitações distintas: para primeiro fazer-se projetos e depois contratar-se a execução de obras? A escolha errônea da contratação integrada guarda um potencial de embutir a restrição na competição, seletividade de quem pode participar e pior, gerar contratações demasiadamente onerosas aos já combalidos cofres públicos.

Ademais, a própria RDC permite outras formas de contratação, tais como:

Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes regimes:

I - empreitada por preço unitário;

II - empreitada por preço global;

III - contratação por tarefa;

IV - empreitada integral; ou

V - contratação integrada.

Não existe amparo técnico para a adoção da contratação integrada, exceto pelo fato de o município não ter tido folego para elaborar previamente os projetos e assim, instalar-se antecipadamente na cidade um canteiro de obras, a tempo de granjear aumento do capital político antes do fim do mandato.

A cidade merece a realização de obras, todavia, como já discutido no item II.1, ainda remanesce de maturação social, inclusive de decisão política quanto a que tipo de intervenção e planejamento deveria constar no Plano de Mobilidade Urbana.

Se o Poder Público estivesse com os projetos básicos e executivo em mãos (os quais

representam quantitativo de 1,5% do total da contratação), o município poderia abrir uma RDC

sob a modalidade “contratação por preço global”, muito mais facilmente controlável, diante de

que as propostas de preço seriam calcadas em dados concretos, devidamente apurados e não

objeto de achismos ou estudos precários como os ora expostos.

Como o Poder Público não “abre” corretamente seus quantitativos, deixando-os em

tabelas distintas e apresenta um “preço estimado”, o controle de preços resta prejudicado,

favorecendo-se desvios e enriquecimento ilícito.

O objeto das contratações nas duas RDC é relativamente simples e não guarda complexidade técnico-econômica apta a ensejar soluções complexas, ou até mesmo “diferentes metodologias”.

O anteprojeto a que se teve acesso anteriormente, não enuncia ou dá margem a apresentação de projetos nos quais caibam “metodologias diferenciadas de execução”, o que infringe ao art. 9º, §3º da Lei de RDC.

Não se quer aqui construir um estádio de futebol, conceber um novo aeroporto, mas fazer meras obras de guias, sarjetas, e serviços de pavimentação asfáltica, viadutos e colocação de placas. Não ficam evidenciadas quais seriam estas “diferentes metodologias”, seja no Edital ou nos anteprojetos. São obras sim de envergadura, que exigem empresas sólidas, no entanto, aqui não existe o componente técnico que justificaria que na mesma licitação fosse

imprescindível que a contratação de projetos e da execução se desse ao mesmo tempo e pela mesma empresa!

Nesse sentido, já se pronunciou o Tribunal de Contas da União:

A aplicação do regime de contratação integrada para obras comuns implica grave risco de se contratar serviços ordinários por preços superiores aos de mercado, nos quais as empresas embutiriam diversos elementos de risco por desconhecimento dos detalhes do objeto. Não seria, assim, a opção mais vantajosa para a Administração.

Considerando essas premissas e aliado ao que determinam os art. 9º e 20, § 1º, da Lei 12.462/2011, considera-se que a utilização da contratação integrada deve se restringir às obras que demandem diferentes metodologias/tecnologias de domínio restrito no mercado, como fator preponderante para a finalidade da licitação e para a caracterização do objeto, o que não pode ser observado no caso analisado.

(TCU, TC-043.815/2012-0, Manifestação Técnica, Plenário, Rel. Valmir Campelo, j. 19/6/2013)

Em que momento existe a justificativa em termos técnico-econômicos sobre a vantajosidade de sua utilização em detrimento de outros regimes preferenciais da própria Lei do RDC6?

De forma alguma nestes editais existe a justificativa da razão técnico-econômico que levou a adoção da contratação mais complexa e arriscada, que o é a “contratação integrada”.

Ao contrário. O TCU que já guarda uma certa experiência na análise de licitações regidas pelo RDC assenta que serviços de pavimentação, sinalização horizontal/vertical são comuns, insuscetíveis de inovações tecnológicas ou metodologias diferentes, como se vê:

O Acórdão 2.164/2013-Plenário deliberou pela oitiva do DNIT acerca da questão, nos seguintes termos: 9.1.4. não preenchimento dos requisitos necessários à contratação integrada, por ocasião da definição da escolha do modelo de licitação e respectivo modo de execução dos serviços do BR-Legal, relativos à sinalização (horizontal / vertical) e dispositivos de segurança, objeto do Edital 854/2012-00, situação que afronta o disposto no art. 9º, § 2º, inciso III, c/c art. 20, § 1º, da Lei 12.462, de 4/8/2011, uma vez que os serviços objeto da contratação: 9.1.4.1. não apresentam a natureza predominantemente intelectual e de inovação tecnológica do objeto licitado (art. 20, § 1º, inciso I, da Lei 12.462/2011, e subitem 9.1.1 do Acórdão 1.510/2013 – TCU - Plenário); 9.1.4.2. não se referem, em princípio, a serviços que possam ser executados com diferentes metodologias ou tecnologias de domínio restrito no mercado (art. 20, § 1º, inciso I, da Lei 12.462/2011 e subitem 9.1.1 do Acórdão 1.510/2013 - Plenário), haja vista se referirem a serviços comuns, asseguradas as execuções por especificações normativas, e, portanto, muito semelhantes aos contratos de conservação rodoviária, para os quais este Tribunal já determinou o emprego da modalidade pregão (Acórdão 1.936/2011 – Plenário)

Carece, portanto, a Administração da essencial motivação do ato administrativo, não bastando sustentar que potencialmente poderiam existir “diferentes metodologias”. A vagueza semântica legitima discricionarismos, desvios, os quais não são tolerados segundo os contemporâneos cânones do direito administrativo, em muito sintonizado aos valores republicanos constitucionalizados.

2.c-) Da falta de publicação na íntegra dos Editais

6 “no caso de a motivação para a utilização da contratação integrada estiver baseada nessa viabilidade de emprego de diferenças metodológicas, nos moldes do art. 20, § 1º, inciso II, da Lei 12.462/2011, justifique, em termos técnico-econômicos, a vantagem de sua utilização, em detrimento de outros regimes preferenciais preconizados no art. 8º, § 1º c/c art. 9º, § 3º da Lei 12.462/2011 (TCU, TC-043.815/2012-0, , Plenário, Rel. Valmir Campelo, j. 19/6/2013)”.

Primeiro, destaca-se que os editais demoraram quase uma semana para serem disponibilizados na internet. Só aqui justificaria a republicação com devolução de prazo.

E quando o foram, apenas constou-se o Edital, a Minuta e o Aviso de Licitação (http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/licitacoes/sadm/j026licitacoes.htm).

Estranhamente, nestes RDCs, a despeito do ocorrido anteriormente, não se disponibilizou na íntegra, os anexos técnicos dos editais.

Verifique-se o teor do item 1.3 do Edital:

1.3. Os documentos que integram o ANEXO XI do Edital serão disponibilizados somente como mídia digital a serem retirados na Secretaria Municipal de Administração, Departamento de Materiais e Licitações, situada à Praça Alto do São Bento s/n, Jardim Mosteiro, Ribeirão Preto-SP-, CEP 14085-459, de 2ª a 6ª feira (dias úteis), das 8:00 às 17:00 horas, mediante requerimento da Licitante, assinado pelo representante legal, endereçado à COMISSÃO MUNICIPAL DE LICITAÇÕES.

A Administração não permite ou disponibiliza o livre acesso à integralidade dos documentos das licitações.

Fica evidenciado o desrespeito ao princípio da publicidade insculpido no art. 37, “caput” da Constituição, art. 3º da Lei n. 8.666/93 e art. 3º da Lei n. 12.462/11.

Aliás, o item 1.3 demonstra que apenas LICITANTES terão acesso à integralidade dos termos dos editais.

Isso importa em vedação ao controle social, absolutamente permitido e benquisto em um Estado Democrático de Direito e por expressa força do art. 41, §3º e art. 113, §1º da lei n. 8.666/93.

2.d-) Da adoção ilegal do critério de julgamento “técnica e preço” com ponderação de itens próprios de capacidade técnica

Veja o item 3.7 do Edital:

3.7. Critério de julgamento nos termos do Artigo 18, inciso II da Lei 12.464/11: TÉCNICA E PREÇO.

Verifica-se aqui uma tentativa de burla à Súmula 22 do TCE/SP assim vazada:

SÚMULA Nº 22 - Em licitações do tipo "técnica e preço", é vedada a pontuação de atestados que comprovem experiência anterior, utilizados para fins de habilitação.

Ora, estão a se pontuar requisitos de ordem técnica, conforme se infere do Anexo I dos Editais, nos quadros ali contidos, sem o atendimento dos mesmos, seria impossível um licitante granjear uma efetiva participação (posto que a nota técnica tem peso 4).

Ademais, estabelecer o tipo de julgamento “técnica” sem que haja, efetivamente serviços de natureza predominantemente intelectual é forma de burlar a lei, dando azo à restrição e direcionamentos: 7

Enquanto a Lei 8.666/93 restringe o uso do critério de melhor técnica (mesmo combinado com o critério de “menor preço”) para o caso de aquisição de “serviços de natureza predominantemente

7 MATTOS, César. Modalidades de Licitações e Cartéis no Brasil. Estudo, agosto de 2014. Senado Federal.

Disponível em http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/areas-da-

conle/tema10/2014_13626.pdf

intelectual”5, o RDC amplia de forma significativa a possibilidade de sua utilização. Dada a maior subjetividade do uso do critério de “melhor técnica”, abre-se maior espaço para direcionamento e fraudes como destacado por Rezende (2011).

Não se tem efetivamente item “técnica” a ser aferido, mas exclusivamente, a eleição de elementos que foram segregados da parte de qualificação técnica (logo da parte da habilitação) e inseridos como itens elementares e quantitativos para serem pontuados...

A tentativa de desvio aos fins da lei, para justificar a contratação integrada com julgamento “técnica e preço”, sem que haja, efetivamente TÉCNICA resta evidenciado.

2.e-) Da limitação sem sentido de Consórcio

Nos RDCs nºs 1 e 2, as limitações a participação de licitantes na modalidade “consórcio” são semelhantes. A seguir, a presente reflexão demonstrará que a forma restritiva de se permitir a associação de apenas duas empresas (uma só para projeto e outra para só para execução) para cada consórcio interessado, foi imposta sem nenhuma justificativa técnica ou econômica de vantajosidade à contratação e consequentemente ao município, entretanto, é incontroverso não observar o direcionamento explicito ao induzir a contratação de apenas uma empresa para a efetiva execução de cada um dos RDCs.

Pergunta-se então: Para que o instituto do consórcio?

Edital

4.1.2. – No caso de consórcio

4.1.2.1. Será admitida a participação de pessoas jurídicas organizadas em consórcio, limitado a 02 (duas) empresas, devendo ser apresentada a comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados, podendo um dos consorciados ser uma projetista, que será responsável pela elaboração do projeto, e a outra executora, que ficará responsável pela execução dos serviços, sendo a líder, necessariamente empresa responsável pela execução dos serviços, previsto no art. 51 do Decreto nº 7.581 de 11 de outubro de 2011 e aquelas estabelecidas neste Edital.

A Lei de RDC nada versa sobre consórcios, razão pela qual, aplicam-se as disposições da Lei n. 8.666/93, verbis:

Art. 33 - Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as

seguinte normas;

III- apresentação dos documentos exigidos nos artigos 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado,

admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado,

e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores de cada consorciado......”

Marçal Justen Filho destaca sobre a questão dos Consórcios:

Mas o consórcio também pode prestar-se a resultados positivos e compatíveis com a ordem jurídica. Há

hipóteses em que as circunstâncias do mercado e (ou) complexidade do objeto tornam problemática a

competição. Isso se passa quando grande quantidade de empresas, isoladamente, não dispuserem de

condições para participar da licitação. Nesse caso, o instituto do consórcio é a via adequada para

propiciar ampliação do universo de licitantes. É usual que a Administração Pública apenas autorize a

participação em consórcio quando as dimensões e a complexidade do objeto ou as circunstâncias

concretas exijam a associação entre particulares. São as hipóteses em que apenas umas poucas

empresas estariam aptas a preencher as condições especiais exigidas para licitação8.

Para o Tribunal de Contas da União,

“... A constituição de consórcio visa, em última instância, a junção de esforços de 2 (duas) ou mais

empresas para a realização de determinado empreendimento, objetivando, sob a ótica da

Administração Pública, proporcionar a participação de um maior número de empresas na competição,

quando constatado que grande parte delas não teria condições de participar isoladamente do certame.

. ..” (Acórdão nº 1.591/2005, Plenário, rel. Min. Guilherme Palmeira)

“Em regra, a formação de consórcio é admitida quando o objeto a ser licitado envolve questões de alta

complexidade ou de relevante vulto, em que empresas, isoladamente, não teriam condições de suprir

os requisitos de habilitação do edital. Nestes casos, a Administração, com vistas a aumentar o número

de participantes, admite a formação de consórcio” (Acórdão 22/2003, Plenário, rel. Min. Benjamim

Zymler)

Pois bem.

A simples exegese ao item editalício (4.1.2 / 4.1.2.1) – que admite a participação em

consórcio da empresas interessadas, remete à desconformidade conceitual do próprio instituto

do consórcio, vez que este foi introduzido ao sistema legal com a missão específica de “ampliar”

o universo de empresas concorrentes, e por consequência, obter maior vantajosidade.

Outra característica do instituto o consórcio, é a capacidade de unir empresas do

mesmo seguimento empresarial ou assemelhado ao objeto pretendido, que apenas adquirem

qualificação técnica e econômico-financeira de disputar e até firmar contrato público, se unidas,

pois isoladamente jamais teriam chance.

No caso em tela alguns pontos conceituais do enunciado editalício merecem destaque

para deflagrar a mentira do uso do instituto do consórcio, vez que a união dos trechos em

diferentes locais da cidade que deverão receber os mesmos benefícios (pavimento, sinalização,

drenagem, contenção geotécnica, guias e sarjetas, viadutos e pontes), serve apenas para

“agigantar” o objeto da licitação, restringindo o universo de pretensos interessados,

diferentemente da missão do instituto do consórcio, que se presta a permitir a união temporária

de empresas com o fito exclusivo do somatório dos seus atestados e/ou capacidade econômica,

ampliando sobremaneira o universo de interessados.

1ª Característica restritiva - Limitação de apenas 2 empresas, sem qualquer justificativa.

A Administração impinge DIFICULDADE no procedimento (ao torná-lo artificialmente

grande R$ 100.691.933,09 / R$ 153.705.773,79), e depois ameniza o golpe introduzindo de forma

travestida o “instituto do consórcio”, como sendo está a FACILIDADE, pois com o consórcio,

conceitualmente “mais empresas” teriam a oportunidade de participarem, entretanto este fim

não é atingido, ao limitar em apenas 2 (duas) o número de empresas a associarem-se por

licitante.

8 Comentários, op. cit., p. 463

2ª Característica restritiva – das 2 (duas) empresas permitidas a se associarem, uma

delas “poderá” ser específica para a elaboração dos projetos, e a outra, para a execução da obra.

Subentende-se também que as 2 (duas) empresas passíveis de consociarem-se também

poderão ter as mesmas qualificações, ou seja, possuírem atestados de projetista e execução nas

quantificações mínimas exigidas.

De qualquer forma, em ambos os cenários possíveis, o número de empresas com

qualificação necessária é diminuto, e neste particular o instituto do consórcio em nada serviu

para ampliar a disputa, em face do exacerbado quantitativo requerido em ambos os

procedimentos (RD 01 e RDC 02).

Merece registro um fato no universo dos certames públicos, onde as licitações de obras

e serviços de engenharia cheguem à fase pública com projeto básico (completo ou não), com

memorial descritivo, com orçamento estimativo e o cronograma de pagamento, nos exatos

exator termos do parágrafo 2º (e incisos) do art. 7º da Lei 8.666/93 (verbis), cabendo às empresas

licitantes apenas a disputa pela execução.

Art. 7º - As licitações para execução de obras . . .

Parágrafo 2º - As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:

I – houver projeto básico aprovado pela autoridade competente ...

II – existir orçamento detalhado

III- houver previsão de recursos orçamentários . . .

De outra sorte, também é comum que a Administração licite o projeto básico completo,

quando não consegue fazê-lo, e posteriormente licite a execução da obra nos termos e condições

do projeto contratado.

Neste particular, ao grande número de empresas construtoras possuem qualificação

apenas na área execução, o que afasta um universo expressivo de contendores destes certames.

Neste diapasão, o inciso I do art. 9º da Lei de Licitações, proíbe que o autor do projeto

básico ou executivo (pessoa física ou jurídica) participe da licitação de execução da obra:

Art. 9º - Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução da obra ou serviço

e do fornecimento de bens e a eles necessários:

I – o autor do projeto básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;

Desta feita, a opção de associação de uma empresa de projetos e a outra de execução

nos quantitativos exigidos, não amplia o universo de pretensos interessados, porque o fator

eliminador continua sendo o quantitativo exacerbado.

Justificaria sim a ampliação do universo de pretensos interessados se pudessem as

empresas do mesmo seguimento somarem o quantitativos de seus atestados, sem falar no

somatório dos valores para a habilitação econômico-financeira, mas está possibilidade foi vetada

pelo Edital, que privilegia apenas empresas integrante de grandes corporações, excluindo

praticamente todas as empresas locais e regionais da disputa, em face do caráter restritivo da

forma como admitido a formação do consórcio.

2.f-)A falta de clareza quanto aos recursos existentes e responsabilidades sobre as desapropriações

Insculpe o item 15.3.1, “g” do Contrato de Financiamento – Programa Pró-Transporte” firmado entre o município de Ribeirão Preto e a Caixa Econômica Federal acerca da apresentação da “documentação referente ao processo de regularização das áreas de intervenção, revestidas das formalidades legais para desembolso relativos às obras”. A futura contratada dependerá, para receber por serviços executados, que o município regularize, documentalmente, todas as áreas e que serão feitas as intervenções. Consoante matriz de responsabilidades, caberá à Prefeitura Municipal realizar as desapropriações. Entretanto, diante da envergadura das obras, e do sabido estado lamurioso nas condições econômicas do município (basta conferir Diário Oficial do Município e ver o quanto o município atrasa seus fornecedores, com constantes publicações de quebra de ordem cronológica), é que a futura contratada, não obstante possa realizar as intervenções devidas, apenas poderá receber o primeiro desembolso se toda a parte documental de desapropriações estiverem plenamente satisfeitas. Ou seja, não se sabe ao certo quando TODAS as áreas que receberão intervenção serão, efetivamente, incorporadas e documentalmente dispostas ao município, de forma a atender àquilo que a CEF prescreve. Nos documentos que a Administração revela, R$ 13.984.035,00 ingressariam como contrapartidas para desapropriações, isso a englobar gastos desatualizados e lastreados em valores venais. Entretanto, não se verifica que, ditas áreas já estejam devidamente resolvidas e incorporadas ao patrimônio municipal para receber as devidas intervenções. Pode ser que ditas pendências delonguem meses, quiçá mais de ano. A responsabilidade ainda que o Poder Executivo Municipal gera plena incerteza quanto à real capacidade de solução no curto prazo. Porquanto mal instruídos os processos licitatórios, posto estarem desacompanhados das certidões de matrículas das áreas sujeitas à intervenção, de forma a demonstrar que tais, de fato, são de propriedade do município, é que ditas contratações mostram-se temerárias.

2.g-) Da precariedade dos levantamentos do Anteprojeto

O anteprojeto de engenharia pressupõe um exame de viabilidade técnica, econômica e ambiental, notadamente com o demonstrativo das seguintes balizas legais (Lei do RDC):

Art. 9º (...)

§ 2º (...)

I - o instrumento convocatório deverá conter anteprojeto de engenharia que contemple os documentos técnicos destinados a possibilitar a caracterização da obra ou serviço, incluindo:

a) a demonstração e a justificativa do programa de necessidades, a visão global dos investimentos e as definições quanto ao nível de serviço desejado;

b) as condições de solidez, segurança, durabilidade e prazo de entrega, observado o disposto no caput e no § 1o do art. 6o desta Lei;

c) a estética do projeto arquitetônico; e

d) os parâmetros de adequação ao interesse público, à economia na utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais e à acessibilidade;

Pois bem. Os anteprojetos atendem apenas de maneira parcial àquilo que determina o inciso I, do §2º do art. 9º da Lei do RDC. Por exemplo, não se verifica a comprovação em nenhum dos anteprojetos analisados a concepção sobre a “estética do projeto arquitetônico” (inciso “c”), notadamente essencial sobre como seriam construídos os viadutos. Tampouco se afere ou justifica os “parâmetros de adequação ao interesse público, à economia na utilização, à facilidade na execução, aos impactos ambientais e à acessibilidade” (inciso “d”).

Por qual razão apenas no RDC 1 está a se exigir o emprego da técnica (restritiva, como abordaremos mais adiante) do “Recapeamento asfáltico em SMA (Stone Matrix Asphalt) e na RDC 2 esse item não subsiste? Aonde tem interesse público num tipo de recapeamento e noutro trecho não mais é necessário? Como fica a coerência? Qual é a economia na utilização deste item, ou facilidade? E se existe a economia, facilidade, porque não se adotou também no RDC 2? Ou se é dispensável o “Recapeamento asfáltico em SMA”, porque não excluí-lo do RDC 1?

Falta coerência, preparo, estudo e muito mais do que isso, acuro necessário para a confecção de anteprojetos sérios e eivados de vícios?!

Ademais, sequer é possível saber que é ou quem são os autores destes anteprojetos, vez que eles não são devidamente assinados. Quem se responsabiliza tecnicamente por eles? Carece também da recolha da Anotação de Responsabilidade Técnica e do comprometimento perante o Conselho Regional de Engenharia e/ou Conselho de Arquitetura e Urbanismo acerca de quais profissionais do quadro da Administração respondem por estes anteprojetos. Ou, sofreram estes anteprojetos interferências por pessoas estranhas ao quadro de funcionários técnico-especializado? Em vista da inexistência de comprovação de responsabilização técnica é impossível aduzir quem pode ser eventualmente é autor das falhas apontadas a, eventualmente, gerar futuras nulidades e até mesmo, prejuízos financeiros ao poder público.

2.g.I-) Da Avenida Thomaz Alberto Whately

Um dos itens que mais se chama atenção é a falta do anteprojeto de qualquer outro estudo técnico já feito até então para essa mesma Avenida. Será que o Poder Público Municipal não sabe que aquela Avenida irá ser rebaixada ao subterrâneo para a expansão da pista do aeroporto Leite Lopes?

É inadmissível a contratação e execução de serviços desnecessários. O plano de expansão do aeroporto Leite Lopes, prevê que a Av. Thomaz Alberto Whately realmente será transformada em uma passagem subterrânea sob a pista do aeroporto. Esses dados são do DAESP com a última atualização do site em 17/10/20149. Esta constatação é corroborada por recentes declarações de autoridades estaduais e federais a dois veículos de comunicação10. Segundo o Ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha em declaração feita já em 2015:

9 http://www.dersa.sp.gov.br/Empreendimentos/GrupoEmpreendimento.aspx?idGrupo=6 2. 10 Vide Folha de São Paulo, Governos federal e de SP definem obras no aeroporto de Ribeirão Preto,

disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/2014/11/1544689-governos-federal-e-de-sp-definem-obras-no-aeroporto-de-ribeirao-preto.shtml, e

3. Jornal A Cidade, Aeroporto de Ribeirão receberá R$ 443 milhões para internacionalização. Disponível em http://www.viaeptv.com/noticias/noticias_internaNOT.aspx?idnoticia=1007381, acessos em 9.1.2015.

“Esse aeroporto é um dos que estão mais adiantados sob o ponto de vista físico de obras e de projeto no âmbito do programa de desenvolvimento da aviação regional. Ele está dentre os primeiros que serão liberados”, completou11.

Verifica-se que a rota do corredor de ônibus (em que se prevê a execução de recapeamento total, e construção de guias e sarjetas) será mantida nessa avenida, integralmente, como se não houvesse projeto de expansão do aeroporto e rebaixamento desta avenida. Para tanto, no RDC 1, vide “Termo de Referência Corredor Norte Sul”, notadamente às páginas 26 e seguintes em que se consta a omissão no anteprojeto, ignorando-se por completo o fato de que a pista será rebaixada para expansão da pista.

Fazendo uma conta simplória, o trecho subterrâneo terá aproximadamente 550 m, em que a Avenida será rebaixada. Logo, serão jogados no lixo o trecho correspondente a dois lados da pista, o que corresponde a 1100 m de serviços como,

recuperação do pavimento asfáltico com reciclagem do pavimento com incorporação de 30% de Brita

mais 3% de cimento, recapeamento com concreto asfáltico, reparos gerais de saídas de aguas pluviais,

redes de água e esgoto, rede de drenagem e sarjetões de concreto armado, sinalização de obras,

sinalização definitiva, pontos de parada de ônibus com pavimento rígido, calçamento de concreto nos

pontos de parada de ônibus, mobiliário urbano dos pontos de ônibus, implantação de ciclovia,

implantação de rede de drenagem e controle tecnológico com ensaios pertinentes a concretos, solos,

agregados, concretos asfáltico, pinturas asfálticas

Isso se contar que o dobro disso (2200m) de guias e sarjetas também serão descartados. Como pode o Poder Público prosseguir com esta temeridade técnica e que acarretará, inevitavelmente em desperdício de recursos públicos?

O adequado seria que o anteprojeto contivesse todas as adequações já entabuladas com o projeto de expansão da pista do aeroporto. Determinar que uma empresa realize obras para depois destruí-las, ou contratar projetos básico e executivo para depois descarta-los são exemplos de má planejamento e descuro com os recursos municipais.

2.g.II-) Das obras de asfaltamento no Centro

Está sendo contemplado no RDC 02-2015, no item 7 “Descrição das obras” a realização

de “corredor operacional eixo quadrilátero central” com início no “trecho 1 da Rua Florêncio de

Abreu com Rua Visconde de Inhaúma até Avenida Jerônimo Gonçalves. Dito descritivo é

condizente com mapas apresentados. Entretanto, tais obras que irão ser contratadas e comporão

o preço alvo das propostas técnicas já está sendo realizados como contrapartida do contrato de

concessão de transporte público, na parte “corredores preferenciais” pelo Consórcio Pró-

Urbano.

Nesse sentido, vide matéria da própria Prefeitura, de 30 de julho de 2015, sob o título

“Rua Américo Brasiliense terá nova interdição nesta quinta-feira para recapeamento”,

ressaltando-se que os serviços ocorreriam entre as Ruas José Bonifácio e Amador Bueno. Matéria

do Jornal “Tribuna” de 3.7.2015, A3, diz que “Obras do PAC serão realizadas na mesma área”, ou

seja, serão refeitos, posto conforme declarar a própria Prefeitura, “os serviços de recapeamento

4. 11 Ministro busca celeridade nas obras do aeroporto de Ribeirão Preto (SP). Governo Federal,

Disponível em http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2015/01/padilha-buscara-celeridade-nas-obras-

do-aeroporto-de-ribeirao-preto-sp, acesso em 9.1.2015.

que estão sendo realizados pelo Consórcio não seriam os mesmos do PAC, apesar de abrangerem

a mesma área”. Ou seja, aqui existe uma sobreposição de serviços, evidenciando um claro

desperdício com os recursos públicos. Poderia a Administração, se fosse o caso, determinar a

exclusão de tais serviços da RDC 02/2015, republicando-se o edital, sob pena de, ficar

evidenciado no futuro, ou um benefício ao contratado que ficar dispensado de fazê-lo (acaso a

Administração resolva reduzir este objeto) ou um claro mal emprego de recursos municipais.

Outro trecho alvo da Concorrência Pública n 20/2014 que previa a execução de obras de

pavimentação asfáltica também está em redundância com o edital dos RDCs ora atacados.

Trecho objeto da Concorrência n. 20/2014 Bairro Local Trecho Comprimento Largura Area

Campos Elíseos São Paulo Francisco Junqueira e Quito Junqueira 1.850,00 8,40 15.540,00 Logo,

a prefeitura contrata duas vezes os mesmos serviços, o que importa na aplicação inadequada de

recursos públicos.

2.f-) De item de maior relevância objetivando a restritividade

E não é só, tem ainda a reinvenção do artifício assemelhado da “ERVILHA no MOLHO DE

TOMATE”. Procedimento criativo, porém criminoso da Administração Municipal dos anos de

2001/2004 desta cidade, que para privilegiar um grupo de empresas co-irmãs, exigiu que o molho

de tomate que integrava a cesta básica contivesse “ervilha”. Nada seria estranho não fosse a

fabricação exclusiva deste molho de tomate com ervilha apenas para as ditas 4 (quatro) empresas

co-irmãs.

No caso em tela, a ervilha deste molho poderá ser encontrada nas especificações dos

serviços de maior relevância técnica ou valores significativos 1, a saber:

2. Execução de obra com Reciclagem de Pavimento com 30% de brita e 3% de

cimento e

3. Execução de obras de Recapeamento Asfáltico em SMA (Stone Matrix Asphalt)

No primeiro caso (i), não há no corpo do edital qualquer justificativa técnica plausível

para introdução da “reciclagem de pavimento”, especialmente nos percentuais indicados, ou

seja, com 30% de brita e com 3% de cimento.

Vale dizer que qualquer percentual menor que o indicado causará a eliminação da

licitante. De igual modo chama a atenção que referida tecnologia de “reciclagem de pavimento”

está sendo projetada – sem qualquer justificativa – em apenas um trecho de uma das avenidas,

em percentual insignificante. E não se explica a razão pela qual apenas a RDC 1 conta com estes

itens de maior relevância, ao passo no que no RDC 2 não se fazem exigidos.

Mesmo que tenha a Administração trocado o local em que eles são exigidos: saindo do

item “qualificação técnica” para a parte “proposta”, ainda assim, a existência destas

especificações inusuais e despiciendas redundarão em limitações na participação.

Ora, se está se exigindo para um trecho, deveria se exigir para o outro. Não existem

justificativas técnicas sobre as diferenças das RDC 1 e 2, e pior, da razão pela qual itens inusuais

constituem parcelas de maior relevância. A única justificativa encontrada: objetivar a redução

do universo de contendores e favorecer o direcionamento das licitações.

Diante disso, é possível pensar que a tecnologia incomum para as vias urbanas, foi

introduzida neste edital apenas para justificar a exigência de atestado, o que certamente elimina

a maioria das empresas locais e regionais que não tenham se utilizado deste procedimento

tecnológico.

Segundo apurado, o procedimento em si é simples, posto que realizado por

equipamento disponível para locação no mercado construtor, entretanto, a exigência deste

procedimento é incomum o que torna sua exigência (via atestado) restritiva de participação.

No segundo caso (ii), igualmente não há no edital qualquer justificativa técnica para o

emprego deste polímero (S.M.A.) ao composto asfáltico em alguns trechos de toda obra. Sabe-

se apenas que embora inovador e até “experimental”, referido polímero tem uso conhecido

quase que exclusivamente em pistas de autódromos em razão de suas características físicas,

permitindo que não se deforme mesmo com o emprego de grande força física que recebem.

O polímero não é usual, mas poderá ser empregado por qualquer das empresas locais

ou regionais do seguimento que ainda não tenham usado, pois não exige nenhum técnica

extraordinária, entretanto, por não ser usual, raras são as empresas que comprovem (via

atestado) o uso deste polímero, ainda mais no quantitativo exigido.

Resumidamente, o emprego do S.M.A., presta-se somente a eliminar concorrentes, já

que sua relevância técnica fica restrita ao ineditismo do emprego e não em técnica diferenciada

do que hoje já é empregado pelas empresas do setor.

Eis pois, a ervilha do molho, ou seja, o diferencial restritivo.

3 – Das conclusões

Diante do quadro instalado, pode-se resumir as irregularidades abaixo:

Preliminarmente, como fatos impeditivos a existência e segurança destas duas

licitações:

1-) A falta de planejamento consistente na ausência do Plano de Mobilidade aprovado

a anteceder as obras de mobilidade, ensejando o maltratado à Lei n. 12.587/12, especialmente

quando obriga o município a contar previamente com um Plano de Mobilidade Urbana (art. 24,

§1º) e por impedir a gestão democrática e controle social do planejamento da mobilidade urbana

(art. 5º, V; 18, I).

Na parte meritória, a forma adotada para realizar estas licitações também não pode

prosperar, pelos seguintes argumentos:

3- Não houve planejamento, e estudos a demonstrarem a razão pela qual se optou por

realizar estas licitações pelo Regime Diferenciado de Contratações e mais, por qual razão os

objetos foram distribuídos em apenas duas grandes licitações, dificultando o universo de

competidores e favorecendo, por consequência, contratações mais onerosas.

4 – Não ficou patenteada a razão pela qual existiria técnica diferenciada, de modo a

conceber a adoção de “diferentes metodologias”. Logo, sem esta comprovação, inadequado

seguir com o certame na modalidade “contratação integrada”.

5 – Carece do atendimento pleno do princípio da publicidade, ante a divulgação tardia

e incompleta dos instrumentos convocatórios, dificultando-se o acesso à população para fins de

exercitar o controle social.

6 – A adoção do tipo de julgamento “técnica e preço” sem que haja, efetivamente itens

qualificativos técnicos, incorrem em tentativa de burla à Súmula n. 22 do TCE/SP, inclusive com

evidente e subliminar direcionamento.

7 – As cláusulas de edital que limitam a participação de empresas em consórcio carecem

de justificativa técnica e adotam limitações ilegais, tanto quanto a quantidade de empresas

consorciadas, quanto que a forma de que elas possam se organizar.

8 -Nota-se também falha no planejamento insuperável, ante a gritante falta de

compatibilidade do descrito nos anteprojetos da Avenida Thomaz Alberto Whately e as futuras

obras de expansão da pista do aeroporto Leite Lopes. Isso redundaria em já previsível aditamento

ou até mesmo, em expressivo desperdício de recursos públicos. Também, verifica-se a

redundância de obras já executadas no Centro.

9 – Os itens de maior relevância Execução de obra com Reciclagem de Pavimento com

30% de brita e 3% de cimento e Execução de obras de Recapeamento Asfáltico em SMA (Stone

Matrix Asphalt) são inusuais, restritivos, carentes de fundamentação técnica e incoerentemente

exigidos apenas no RDC 1 e estranhamento omitido do RDC 2, quando ambos tratam de obras

em corredores estruturais contemplando construção de viadutos.

Ante o exposto, mister se faz a distribuição por prevenção para o eminente conselheiro

Sidney Estanislau Beraldo e a concessão em caráter URGÊNCIA, inaudita altera pars, da

IMEDIATA SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO, operada pelo Regime Diferenciado

de Contratação (RDC) de números 2 em que é licitante a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.

No mérito, requer-se a manutenção da suspensão a determinação de anulação deste certames

até que seja possível a superação completa destas irregularidades.

Termos em que,

Pede deferimento.

Ribeirão Preto, 25 de agosto de 2015.

MARCOS ANDRÉ PAPA