excelentÍssima senhora doutora juÍza da 29ª zona … · democrÁtico brasileiro, partido...

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DA 29ª ZONA ELEITORAL – IMBITUVA/PR O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, por intermédio do Órgão de Execução que ao final assina, no uso de suas atribuições, diante dos elementos probatórios contidos nos documentos apresentados em anexo, vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 22, da Lei Complementar nº 64/90, nos artigos 74 e 73, inciso I e § 12, ambos da Lei nº 9504/97, e artigo 37, § 1º, da Constituição Federal, oferecer REPRESENTAÇÃO ELEITORAL e requerer INVESTIGAÇÃO JUDICIAL POR ABUSO DO PODER POLÍTICO E DE AUTORIDADE, em relação aos candidatos e coligações a seguir nominados JOSÉ ANTÔNIO PONTAROLO, vulgo “Zezo”, atual prefeito do Município de Imbituva e candidato à reeleição no pleito de 2012 pela coligação “Imbituva não pode parar” (PSDB-PR-PV-PMDB- PTN-PRB-PSDC), brasileiro, RG nº 1863320/PR, nascido em 12/06/1954, natural de Imbituva/PR, filho de José Pontarolo e de Maria Olívia Alves Pontarolo, com endereço na Rua Prof. Souza Araújo, nº 855, centro, Imbituva/PR;

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DA 29ª ZONA

ELEITORAL – IMBITUVA/PR

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL,

por intermédio do Órgão de Execução que ao final assina, no uso de suas

atribuições, diante dos elementos probatórios contidos nos documentos

apresentados em anexo, vem à presença de Vossa Excelência, com

fundamento no artigo 22, da Lei Complementar nº 64/90, nos artigos 74 e 73,

inciso I e § 12, ambos da Lei nº 9504/97, e artigo 37, § 1º, da Constituição

Federal, oferecer REPRESENTAÇÃO ELEITORAL e requerer

INVESTIGAÇÃO JUDICIAL POR ABUSO DO PODER POLÍTICO E

DE AUTORIDADE, em relação aos candidatos e coligações a seguir

nominados

JOSÉ ANTÔNIO PONTAROLO, vulgo “Zezo”,

atual prefeito do Município de Imbituva e candidato à reeleição no pleito de

2012 pela coligação “Imbituva não pode parar” (PSDB-PR-PV-PMDB-

PTN-PRB-PSDC), brasileiro, RG nº 1863320/PR, nascido em 12/06/1954,

natural de Imbituva/PR, filho de José Pontarolo e de Maria Olívia Alves

Pontarolo, com endereço na Rua Prof. Souza Araújo, nº 855, centro,

Imbituva/PR;

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RENATO JOSÉ SCHWAB, atual

Secretário Municipal de Agricultura do Município de Imbituva e candidato a

vice-prefeito do Município nas eleições de 2012 pela coligação “Imbituva

não pode parar” (PSDB-PR-PV-PMDB-PTN-PRB-PSDC), brasileiro, RG

nº 34775508, CPF nº 47358610920, nascido em 17/06/1963, natural de Ponta

Grossa/PR, com endereço na Rua Padre Thomaz Kania, nº 83, bairro Jardim

Novo Horizonte, Imbituva/PR;

RUBENS SANDER PONTAROLO, atual

vereador do Município de Imbituva e candidato à reeleição no pleito de 2012

pela coligação “PV-PR-PMDB-PTN-PSDC”, brasileiro, RG nº 82836861,

CPF nº 029.003.209-17, nascido em 07/11/1981, filho de José Antônio

Pontarolo e Dirce de Ávila Pontarolo, com endereço na Rua José Joaquim de

Almeida, nº 200, centro, Imbituva/PR;

COLIGAÇÃO “PV-PR-PMDB-PTN-

PSDC”, integrada pelos partidos: PARTIDO DO MOVIMENTO

DEMOCRÁTICO BRASILEIRO, PARTIDO TRABALHISTA

NACIONAL, PARTIDO DA REPÚBLICA, PARTIDO SOCIAL

DEMOCRATA CRISTÃO e PARTIDO VERDE, representada por JOÃO

ISAIAS KARPINSKI (Título de Eleitor nº 068791100604), com endereço

na Rua Prefeito José Buhrer Junior, nº 1144, centro, Imbituva/PR;

COLIGAÇÃO “IMBITUVA NÃO PODE

PARAR”, integrada pelos partidos: PARTIDO DO MOVIMENTO

DEMOCRÁTICO BRASILEIRO, PARTIDO TRABALHISTA

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NACIONAL, PARTIDO DA REPÚBLICA, PARTIDO SOCIAL

DEMOCRATA CRISTÃO, PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO,

PARTIDO VERDE e PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA

BRASILEIRA, representada por SÔNIA MARA SOARES (Título de

Eleitor nº 010592080639), com endereço na Rua Professor Souza Araújo, nº

855, centro, Imbituva/PR, e

COLIGAÇÃO “PSDB-PRB”, integrada

pelos partidos: PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA e

PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO, representada por SÔNIA

MARA SOARES (Título de Eleitor nº 010592080639), com endereço na

Rua Professor Souza Araújo, nº 855, centro, Imbituva/PR

pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

I. DA VEICULAÇÃO DE PUBLICIDADE

ESTATAL COM FINALIDADE DE PROMOÇÃO PESSOAL:

O requerido José Antônio Pontarolo foi eleito Prefeito

Municipal de Imbituva para o período 2009/2012. No entanto, em virtude de

decisão judicial ficou impedido de assumir o cargo em janeiro de 2009,

vindo a assumir efetivamente a chefia do Poder Executivo Municipal

somente em 25 de novembro de 2010 (termo de posse em anexo). Durante o

período de 01 de janeiro de 2009 a 25 de novembro de 2010, o cargo de

Prefeito Municipal foi ocupado pelo presidente da Câmara de Vereadores,

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Sr. Rubens Sander Pontarolo, filho do prefeito eleito e pertencente à mesma

coligação do mesmo.

Desde que assumiu interinamente a chefia do

Poder Executivo Municipal, o requerido Rubens Sander Pontarolo passou a

confeccionar e veicular publicidade estatal com a utilização de um logotipo

onde consta o desenho de três casinhas, com telhado em “duas águas”,

abaixo das quais consta a expressão “De volta para o povo”:

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Trata-se de logotipo que passou a ser

estampado nos veículos, prédios e demais bens móveis e imóveis

pertencentes à Administração Municipal desde que o requerido Rubens

Sander Pontarolo assumiu o cargo de Prefeito Municipal, sendo que

posteriormente o requerido José Antônio Pontarolo continuou se utilizando

de tal expediente após assumir seu mandato à frente do Executivo.

A utilização do aludido logotipo desde o

período em que o requerido Rubens Sander Pontarolo ocupava a chefia do

Executivo Municipal pode ser comprovada através de notícia publicada no

site da prefeitura municipal na data de 23 de outubro de 2009, cuja cópia foi

extraída do endereço www.imbituva.pr.gov.br em 13 de julho de 2012 e

encontra-se anexada nos documentos que acompanham a presente demanda

(documento constante do ANEXO IV). Trata-se de notícia referente à

aquisição de dois novos veículos para implementar a frota municipal,

podendo ser observado nas fotos inseridas na matéria que as laterais dos

veículos oficiais estampam o logotipo com o desenho das três casinhas.

A partir da data de 25 de novembro de 2010,

quando assumiu a chefia do Executivo Municipal, o requerido José Antônio

Pontarolo continuou se utilizando do logotipo com o desenho das três

casinhas, estampando o mesmo de forma exaustiva em veículos, prédios

públicos, eventos festivos, no site oficial da Prefeitura, etc.

A utilização exaustiva do referido logotipo

por parte do requerido José Antônio Pontarolo pode ser constatada através

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das fotografias obtidas junto ao site oficial da Prefeitura Municipal de

Imbituva (www.imbituva.pr.gov.br) em 13 de julho de 2012, em pleno

período eleitoral, as quais se encontram anexadas nos documentos que

acompanham a presente demanda (ANEXO II). Trata-se de fotografias onde

se observa a utilização do logotipo em carros oficiais, ônibus, ambulâncias,

prédios públicos, relógio situado na avenida principal, cartazes de eventos

festivos promovidos pela Prefeitura, etc. Vejamos alguns exemplos:

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Pois bem, a partir de representação

formulada junto a esta Promotoria de Justiça pelos vereadores Diogo

Emanuel Almeida Rover, Pedro Mariano Sloboda e Joneval Verci Camilo,

constatou-se que o desenho estampado no logotipo veiculado na publicidade

da Prefeitura Municipal de Imbituva é absolutamente idêntico ao utilizado

pelo requerido José Antônio Pontarolo em sua publicidade durante a

campanha eleitoral de 2008 (Anexo I), conforme se observa abaixo:

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Além do referido símbolo não ser oficial do

Município de Imbituva, trata-se de logotipo elaborado e veiculado com a

nítida intenção de associar a publicidade do ente público à pessoa do

requerido José Antônio Pontarolo, vez que o desenho traz figura idêntica à

utilizada pelo requerido José Antônio Pontarolo em sua publicidade durante

a campanha eleitoral de 2008, ou seja, trata-se de símbolo já associado ao

mesmo anteriormente. Senão vejamos:

Não obstante, a frase “De volta para o povo”

veiculada na referida publicidade deixa ainda mais acentuada a intenção dos

requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo de fazer com

que o logotipo da Prefeitura Municipal de Imbituva seja relacionado à pessoa

do requerido José Antônio Pontarolo. Basta mencionar que o slogan do

requerido José Antônio Pontarolo na campanha eleitoral de 2008 era

“Imbituva de Novo com a Força do Povo”.

Cumpre ainda mencionar que as cores

utilizadas no logotipo (azul e amarelo) são as mesmas utilizadas nos

materiais publicitários em campanhas eleitorais pelo requerido José Antônio

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Pontarolo, cores estas absolutamente distintas com relação as que

identificam o brasão do Município (vermelho e verde).

Portanto, não restam dúvidas de que se trata

de logotipo totalmente identificável com a figura do requerido José Antônio

Pontarolo, quer pela frase veiculada, quer pelas cores utilizadas, quer por

representar desenho idêntico ao utilizado na propaganda eleitoral. Trata-se

de comportamento que influenciou indevidamente o eleitor do Município de

Imbituva desde o ano de 2009 até a presente data, afetando sobremaneira a

isonomia entre os candidatos ao pleito de 2012.

A página inicial do site da Prefeitura

Municipal de Imbituva (www.imbituva.pr.gov.br), cujo acesso se deu em 13

de julho de 2012 (documento constante do ANEXO III), deixa claro que em

pleno período eleitoral o requerido José Antônio Pontarolo continuou

veiculando publicidade estatal com a nítida intenção de promoção pessoal.

Por sua vez, a intenção do requerido Rubens

Sander Pontarolo em associar a publicidade do ente público à pessoa de seu

pai José Antônio Pontarolo fica ainda mais evidente quando analisada a

reportagem veiculada na Gazeta do Povo na data de 23 de agosto de 2009

(documento constante do ANEXO V), com o seguinte título: “Em Imbituva

o filho governa, mas o pai é quem manda”.

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Trata-se de matéria jornalística onde é

constatada a influência de José Antônio Pontarolo sobre as decisões de seu

filho Rubens Sander Pontarolo, na época Prefeito interino, influência esta

que segundo o órgão de imprensa foi admitida pelo próprio José Antônio

Pontarolo: “José Antônio Pontarolo (PSDB) reconhece que determina ao

filho Rubens – presidente da Câmara e, por isso, governante provisório –

tudo o que deseja que seja feito na cidade. Na prática, Zezo, como é

conhecido, assumiu sim o cargo até, eventualmente, senta na cadeira de

prefeito. Está todos os dias no paço municipal e vistoria obras. “Mas não

recebo nada, não”, assegura.”

E o próprio Rubens Sander Pontarolo,

segundo a referida matéria jornalística (documento constante do ANEXO V),

confirmou decidir as questões referentes à administração municipal em

conjunto com José Antônio Pontarolo: “Conversamos e decidimos em

conjunto”, afirma o prefeito interino”.

Diante disso, verifica-se claramente que a

atitude do requerido Rubens Sander Pontarolo em veicular o logotipo com o

desenho das três casinhas em carros oficiais, ônibus, ambulâncias, prédios

públicos, relógio situado na avenida principal, cartazes de eventos festivos,

etc, teve a nítida intenção de beneficiar José Antônio Pontarolo, fazendo com

que as realizações da Prefeitura Municipal de Imbituva se transformassem

em propaganda política de José Antônio Pontarolo, o qual após assumir o

mandato em 25 de novembro de 2010 continuou se utilizando de tal

expediente.

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E a atitude do requerido Rubens Sander

Pontarolo teve a influência e participação direta do requerido José Antônio

Pontarolo, o que fica ainda mais evidenciado a partir da análise da matéria

jornalística acima mencionada, veiculada na Gazeta do Povo.

A influência das relações de parentesco no

período em que Rubens Sander Pontarolo exerceu a chefia do Poder

Executivo pode ainda ser constatada na nomeação dos Secretários

Municipais, eis que das nove Secretarias, quatro foram ocupadas por

parentes de Rubens Sander Pontarolo, quais sejam: Dirce de Ávila Pontarolo

(mãe) – Secretária de Assistência Social; Sônia Mara Soares (madrasta) –

Secretária de Educação; Silvana Danielle Pontarolo (irmã) – Secretária de

Saúde; João Isaias Karpinski (cunhado) – Secretário de Finanças. Trata-se de

situação que persistiu após a chefia do Executivo de Imbituva ser assumida

por José Antônio Pontarolo em novembro de 2010, tendo este mantido as

pessoas acima nominadas (respectivamente sua ex-esposa, atual esposa, filha

e genro) nas referidas Secretarias Municipais.

Por fim, cumpre mencionar que a conduta do

requerido Rubens Sander Pontarolo em veicular o logotipo com as três

casinhas beneficiou não apenas seu pai, mas o próprio requerido Rubens, o

qual naturalmente possui seu nome associado à pessoa de José Antônio

Pontarolo. Tanto que na presente campanha eleitoral Rubens Sander

Pontarolo tem se utilizado ostensivamente de propaganda eleitoral

vinculando seu nome a pessoa de José Antônio Pontarolo, conforme se

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verifica das fotografias constantes do ANEXO VII, bem como da

propaganda abaixo colacionada, veiculada no site de relacionamentos

facebook1:

Diante do exposto, considerando a gravidade

dos fatos acima narrados, não restam dúvidas de que o comportamento dos

requeridos Rubens Sander Pontarolo e José Antônio Pontarolo influenciou

indevidamente o eleitor do Município de Imbituva desde o ano de 2009 até a

presente data, afetando sobremaneira a isonomia entre os candidatos ao

pleito de 2012.

II- DA LEGITIMIDADE PASSIVA:

O requerido José Antônio Pontarolo é o atual

prefeito do Município de Imbituva e candidato à reeleição no pleito de 2012

pela coligação “Imbituva não pode parar” (PSDB-PR-PV-PMDB-PTN-PRB-

PSDC), coligação esta que conta com o requerido Renato Schwab como

1Acessado em 21 de julho de 2012

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candidato a vice-prefeito. Por sua vez, o requerido Rubens Sander Pontarolo

é vereador do Município de Imbituva e candidato à reeleição no pleito de

outubro de 2012 pela coligação “PV-PR-PMDB-PTN-PSDC”, a qual é

composta por partidos que integram a coligação de José Antônio Pontarolo

para a eleição majoritária.

É entendimento consagrado o de que devem

figurar no pólo passivo da presente relação processual tanto o agente público

responsável diretamente pela prática do ato quanto os candidatos

beneficiados pelo mesmo.

No caso dos autos, a veiculação da

publicidade em evidente abuso de autoridade foi de responsabilidade dos

requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo, beneficiando

diretamente os mesmos, candidatos a prefeito e vereador, respectivamente,

para as eleições de outubro de 2012, e beneficiando ainda o requerido Renato

Schwab, candidato a vice-prefeito na coligação do requerido José Antônio

Pontarolo.

Expondo o tema com maestria, Adriano

Soares da Costa, com espeque, outrossim, na jurisprudência,leciona, ipsis

litteris:

"Questão de interesse surge quanto a legitimidade

passiva ad causam, ou seja sobre quem pode ser

acionado através da AIJE.

Durante muito tempo se compreendeu que osefeitos da

AIJE apenas alcançariam aquelas pessoas efetivamente

culpadas pela prática do ato vergastado,não podendo

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alcançar os que tivessem concorrido para o abuso de

poder econômico, ou uso ilegal de transporte, nada

obstante fossem beneficiados por esses fatos ilícitos. Mas

desde o advento do Ac. 12.030 (rel. Min. Sepúlveda

Pertence, DJU de 16.09.1991), houve uma nova linha

jurisprudencial adotada pelo TSE, segundo a qual:

´A perda de mandato que pode decorrer da ação de

impugnação, não é uma pena cuja imposição devesse

resultar da apuração de crime eleitoral de

responsabilidade do mandatário, mas, sim, conseqüência

do comprometimento da legitimidade da eleição, por

vício de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

Por isso, nem o art. 14, § 10 (da Constituição), nem o

princípio do due process of law, ainda que se lhe

empreste o conceito substantivo que ganhou na América

do Norte, subordinam a perda do mandato à

responsabilidade pessoal do candidato eleito nas

práticas viciosas que, comprometendo o pleito, a

determinem´

(...)

Por essa razão, fica evidenciado que a ação de

investigação judicial eleitoral pode ser proposta contra:

. os candidatos beneficiados pelo abuso do

poder econômico e político...

. qualquer pessoa, candidato ou não candidato,que

beneficie ilicitamente algum candidato...".

Com a aprovação da Lei n.º 9.840/99 - que deu nova

redação ao § 5.º do art. 73 da Lei n.º 9.504/97 – foi

definitivamente agasalhado tal pensamento do TSE,

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porquanto o dispositivo legal faz expressa referência ao

responsabilizar o "candidato beneficiado, agente público

ou não".

Especificamente no que diz respeito à

necessidade de figurar no pólo passivo da demanda o candidato a vice-

prefeito, ensina Adriano Soares da Costa:

"o abuso de poder econômico ou político, o uso indevido

dos veículos ou meios de comunicação social, que

ensejam a aplicação da sanção de inelegibilidade, trazem

um proveito ao candidato principal e ao seu Vice,

indistintamente, já que o voto é juridicamente dado à

chapa una e indivisível, e não a um dos candidatos

independentemente". Afinal, "aqui, a relação jurídica

entre ambos, membros da chapa, é inconsútil, sendo

impossível apartar o proveito ilícito obtido, como se

houvesse possibilidade de o benefício impróprio não ser

útil aos dois a um só tempo".2

Por fim, cumpre mencionar que a presença

das coligações no pólo passivo da presente demanda é justificada não apenas

pela possibilidade de que as sanções impostas aos candidatos venham a

2COSTA, Adriano Soares da. Ação de investigação judicial eleitoral: litisconsórcio e questões probatórias. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 54, 1fev.2002 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/16457>. Acesso em: 20 jul. 2012.

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atingir os interesses das coligações, mas também porque a estas é imputada

prática ilícita, conforme será analisado no item VI da presente exordial.

Faz-se mister, portanto, a formação do

litisconsórcio passivo, como proposto nesta peça.

III. DO DESRESPEITO AO ARTIGO 37,

§ 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

Infelizmente, não é novidade a utilização da

propaganda estatal com o fim de promover pessoalmente os governantes. Tal

prática imoral e causadora de prejuízo à Administração Pública é facilmente

verificada em nosso país, provocando desvirtuamento na utilização do

dinheiro público e indignação social.

Sensível a este abuso o legislador

constituinte, além de prescrever a obrigação de obediência aos princípios

estabelecidos no artigo 37, caput, da Carta Magna, resolveu ir mais longe,

deixando clara a proibição de qualquer publicidade com cunho de promover

autoridades e servidores públicos, dispondo no artigo 37, § 1º, da

Constituição Federal que:

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e

campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter

educativo, informativo ou de orientação social, dela não

podendo constar nomes, símbolos ou imagens que

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caracterizem promoção pessoal de autoridades ou

servidores públicos.” (grifamos)

Este dispositivo visa, sobretudo, evidenciar o

princípio da impessoalidade em matéria de publicidade estatal, como explica

o saudoso HELY LOPES MEIRELLES:

“O princípio da impessoalidade referido na Constituição

de 1988 (art. 37, caput) nada mais é do que o clássico

princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador

público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim

legal é unicamente aquele que a norma de direito indica

expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma

impessoal.

Esse princípio também deve ser entendido para excluir a

promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos

sobre suas realizações administrativas (CF, art. 37, §

1º)..” 3

Sobre o princípio impessoalidade, com

maestria, leciona JOSÉ AFONSO DA SILVA que:

3 - In Direito Administrativo Brasileiro, 20ª edição, Editora Malheiros, São Paulo, 1995, pág. 85.

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"O princípio ou regra da impessoalidade da Administração

Pública significa que os atos e provimentos administrativos

são imputáveis não ao funcionário que os pratica mas ao

órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o

funcionário. Este é um mero agente da Administração

Pública, de sorte que não é ele o autor institucional do ato.

Ele é apenas o órgão que formalmente manifesta a vontade

estatal. ...

... . Logo, as realizações administrativo-governamentais

não são do funcionário ou autoridade, mas da entidade

pública em nome de quem as produzira. A própria

Constituição dá uma conseqüência expressa a essa regra,

quando, no § 1º do art. 37, proíbe que conste nomes,

símbolos ou imagens, que caracterizem promoção pessoal

de autoridades ou servidores públicos em publicidades de

atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos

públicos."4

Portanto, notamos que a intenção do

constituinte é que os atos, programas, obras, serviços ou campanhas do

Estado, não sejam vistos pela população em geral como realizações pessoais

de determinados agentes públicos, mas sim como realizações do próprio

Estado. E é por esta razão que o Texto Constitucional veda que nas

4 - In Curso de Direito Constitucional Positivo, 9ª edição, Malheiros Editores, São Paulo, 1993, pág. 570.

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publicidades conste identificação de qualquer pessoa que não o próprio ente

estatal.

Essa identificação não precisa ser direta,

constar o nome do agente ou um símbolo extremamente conhecido, basta

qualquer forma de descaracterizar a propaganda como ato da Administração

Pública, para que a publicidade perca seu caráter impessoal e ofenda os

princípios constititucionais, como bem observou WALLACE PAIVA

MARTINS JÚNIOR descrevendo com rara felicidade e exatidão que:

“Na atualidade tal se afigura pelo sutil expediente

consistente no uso de símbolos que, via de regra,

identificam certo e determinado administrador

manipulador e titular destes, assim como frases e

expressões, que, por essa razão, afastam-se da

impessoalidade e da moralidade inerentes à

administração pública, ferindo o princípio proibitivo de

personalização da publicidade de caráter oficial. A isso é

cabível denominar personalização oblíqua que configura

transgressão ao art. 37, § 1º, da Constituição da

República.

Com efeito, o uso de símbolos e expressões

umbilicalmente ligados pelo marketing político-

administrativo à pessoa do administrador público, e que

não constituem o símbolo oficial (como o brasão) de uma

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pessoa jurídica de direito público e dos entes da

administração pública indireta é também expressamente

proibido pelos preceitos constitucionais da

impessoalidade e da moralidade aplicados à publicidade

dos atos administrativos.

De fato, a cada alteração de governo (federal, estadual

ou municipal), assiste-se pelos meios de comunicação,

pelas placas de obras, pelos documentos oficiais, enfim,

por todos os modos hábeis de veiculação de idéias, a

correspondente alteração dos símbolos da administração

pública. Símbolos esses, todavia, que não constituem, a

marca oficial da administração pública, e, consistem na

marca transitória de cada governante.

Tais símbolos ou frases tem o escopo de personalizar a

obra, o ato, o serviço, as realizações da administração

pública, bem como a própria publicidade governamental,

atrelando-a a pessoa de certa e determinada autoridade

pública que o emprega criando o efeito na massa popular

receptora da informação, da associação de idéias e

pessoas, vinculando como resultado a obra pública ao

administrador e não a administração pública.”5

(grifamos)

5 -In Publicidade Oficial: Moralidade e Impessoalidade, publicado na Revista dos Tribunais nº 705, pág. 86.

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Como já mencionado no item I desta peça

vestibular, os requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo,

durante o período em que exerceram o cargo de Prefeito Municipal de

Imbituva, passaram a veicular de forma exaustiva publicidade onde se pode

notar a presença de símbolo totalmente identificado com a pessoa de José

Antônio Pontarolo.

Da análise dos documentos citados fica

cristalina a intenção dos requeridos em deixar a marca pessoal de José

Antônio Pontarolo.

Vale ressaltar que a jurisprudência pátria já

vem entendendo como inconstitucional este tipo de publicidade. A propósito,

veja-se o Acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São

Paulo, na apelação cível nº 160.666-1/0, onde o relator, Desembargador

MELO JÚNIOR, com muita propriedade salientou:

“Também não se justifica, e caracteriza violação da lei e

da Constituição, a inserção nas publicidades das

expressões: ‘Governo da Comunidade’, ‘Prefeitura de

Portas Abertas’, que também eram utilizadas, como

mostra claramente Abertas, o documento de fls. 13, na

campanha eleitoral, e que estão, por isso mesmo, ligadas

ao nome do candidato citado.

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O logotipo e a expressão ‘Comunidade’ e outras que

foram usadas na campanha eleitoral, são símbolos que

identificam o Administrador Requerido, e não podem ser

utilizadas nas campanhas publicitárias do Governo

Municipal, por afrontarem o que dispõe claramente o

parágrafo 1º, do artigo 37 da Constituição Federal, que

dispõe, em norma auto-aplicável, que ‘a publicidade dos

atos, programas...”

Assim, fica evidenciado que os requeridos

José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo infringiram o artigo 37, §

1º, da Carta Magna, ofendendo o princípio da impessoalidade, na medida em

que se transmite à população a idéia de que as realizações administrativas

passam a ser identificadas como realizações pessoais do requerido José

Antônio Pontarolo e não como realizações do Município de Imbituva.

Destarte, manifesta é a inconstitucionalidade

das publicidades promovidas pelo Município de Imbituva, por serem

instrumentos de promoção pessoal do atual prefeito.

IV. DO ABUSO DO PODER POLÍTICO

E DE AUTORIDADE:

Estudando o tema, procuremos - de início -

conceituar "abuso de poder político ou de autoridade", destacando mais

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uma vez, os ensinamentos do competente autor Adriano Soares da Costa,

ipsis litteris:

"Abuso de poder político é o uso indevido de cargo ou

função pública, com a finalidade de obter votos para

determinado candidato. Sua gravidade consiste na

utilização do munus público para influenciar o

eleitorado, com desvio de finalidade. É necessário que os

fatos apontados como abusivos, entrementes, se encartem

nas hipóteses legais de improbidade administrativa (Lei

n.º 8.429/92), de modo que o exercício de atividade

pública possa se caracterizar como ilícita do ponto de

vista eleitoral".

Por sua vez, o artigo 74, da Lei nº 9.504/97

não deixa qualquer dúvida de que o comportamento dos requeridos José

Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo, descrito no item I desta peça

vestibular, configura abuso de autoridade. Nesse sentido, dispõe

expressamente o supracitado dispositivo legal:

Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do

disposto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de

maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do art.

37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se

candidato, sujeito ao cancelamento do registro ou do

diploma.(grifo nosso)

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Conforme visto no item III, ao se utilizarem

da propaganda estatal com o fim de promover pessoalmente o atual prefeito

e candidato à reeleição, os requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens

Sander Pontarolo violaram o disposto no artigo 37, § 1º, da Constituição

Federal, cujo teor cumpre novamente transcrever:

A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e

campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter

educativo, informativo ou de orientação social, dela não

podendo constar nomes, símbolos ou imagens que

caracterizem promoção pessoal de autoridades ou

servidores públicos.

Incidiram, assim, os requeridos nas condutas

e sanções disciplinadas pelo artigo 22, XIV, da Lei Complementar 64, de

1990, in verbis:

Art. 22 Qualquer partido político, coligação, candidato

ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à

Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou

Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e

circunstâncias e pedir a abertura de investigação judicial

para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder

econômico ou do poder de autoridade, ou utilização

indevida de veículos ou meios de comunicação social, em

benefício de candidato ou de partido político, obedecido

o seguinte rito:

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(...)

XIV - julgada procedente a representação, ainda que

após a proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a

inelegibilidade do representado e de quantos hajam

contribuído para a prática do ato, cominando-lhes

sanção de inelegibilidade para as eleições a se

realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em

que se verificou, além da cassação do registro ou

diploma do candidato diretamente beneficiado pela

interferência do poder econômico ou pelo desvio ou

abuso do poder de autoridade ou dos meios de

comunicação, determinando a remessa dos autos ao

Ministério Público Eleitoral, para instauração de

processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal,

ordenando quaisquer outras providências que a espécie

comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº

135, de 2010)”(grifo nosso).

Da mesma forma, aplica-se ao presente caso

as sanções previstas no artigo 74, da Lei nº 9.504/97, o qual cumpre

novamente transcrever:

Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do

disposto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de

maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do art.

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37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se

candidato, sujeito ao cancelamento do registro ou do

diploma. (grifo nosso).

É de se salientar que a sanção de

cancelamento do registro ou diploma é aplicável tanto ao candidato

responsável pela veiculação da publicidade ilegal, por força do artigo 74, da

Lei nº 9.504/97, quanto ao candidato beneficiado com a referida

publicidade, com a aplicação do disposto no artigo 22, XIV, da Lei

Complementar nº 64, de 1990.

No caso dos autos, a veiculação da

publicidade em manifesto abuso do poder de autoridade foi de

responsabilidade dos requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens Sander

Pontarolo, beneficiando diretamente a ambos, conforme demonstrado no

item I da presente exordial, bem como ao requerido Renato José Schwab.

Trata-se de franca violação ao disposto no artigo 37, § 1º, da Constituição

Federal, razão pela qual ficam os mesmos sujeitos às sanções previstas nos

dispositivos legais acima transcritos.

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V- DA IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA:

Por outro ângulo, cumpre-nos registrar que

os fatos apontados como abusivos configuram hipóteses legais de

improbidade administrativa, nos termos dos artigos 10 e 11, da Lei nº

8.429/92, em relação aos quais foi ajuizada a respectiva ação civil pública na

data de 19 de junho de 2012 (autos nº 0001849-84.2012.8.16.0092).

DA PRÁTICA DE ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATENTA CONTRA OS

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO:

Hodiernamente, o dever de obediência aos

princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, foram

erigidos a nível constitucional, estando expressos no caput do artigo 37 da

Carta Magna:

“A administração pública direta, indireta ou fundacional,

de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos

princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e,

também, ao seguinte:”

Destarte, todo administrador público tem,

necessariamente, que ter sua conduta pautada pelo respeito a estes princípios,

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deles não podendo se desviar, sob pena de anulação do ato praticado e de

punição pela prática de improbidade administrativa.

No caso em exame, os requeridos José

Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo, no exercício do cargo de

Prefeito Municipal, em razão de veicular, por diversos meios, publicidade

estatal com escopo de promoção pessoal, o que é expressamente vedado pela

Constituição Federal, como vimos, atentaram contra os princípios da

impessoalidade, legalidade e moralidade.

A ofensa ao princípio da impessoalidade

consistiu em veicular publicidade auto-promocional, vinculando as

realizações do Município de Imbituva à sua pessoa e não à Administração

Pública, como já demonstramos no item I desta peça inaugural.

Sobre o princípio da legalidade, nos ensina

DIOGENES GASPARINI que:

"O princípio da legalidade, resumido na proposição

suporta a lei que fizeste, significa estar a Administração

Pública, em toda sua atividade presa aos mandamentos da

lei, deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade

do ato e responsabilidade de seu autor. Qualquer ação

estatal sem o correspondente calço legal ou que exceda ao

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âmbito demarcado pela lei, é injurídica e expõe-se à

anulação."6

Destarte, os requeridos violaram preceito da

Carta Magna, expressão máxima da legalidade, desviando-se, portanto, dos

mandamentos da lei, razão pela qual houve, sem dúvida, ofensa ao princípio

da legalidade, ficando o ato praticado eivado de nulidade e os requeridos

sujeitos as punições estabelecidas no ordenamento jurídico.

Sobre o princípio da moralidade, MARIA

SYLVIA ZANELLA DI PIETRO nos ensina que :

“...sempre que em matéria administrativa se verificar que o

comportamento da Administração ou do administrado que

com ela se relaciona juridicamente, embora em

consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes,

as regras de boa administração, os princípios de justiça e

de eqüidade, a idéia comum de honestidade, estará

havendo ofensa ao princípio da moralidade

administrativa." 7

Também esclarecedora a lição de LÚCIA

VALLE FIGUEIREDO: 6 - In Direito Administrativo, Editora Saraiva, 3ª edição, 1993, pág. 6.

7 - In Direito Administrativo, Editora Atlas, 5ª edição, 1995, pág. 71.

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“... o princípio da moralidade vai corresponder ao

conjunto de regras de conduta da Administração que, em

determinado ordenamento jurídico são consideradas os

standards comportamentais que a sociedade deseja e

espera.” 8

Pelas lições transcritas, nota-se que o princípio

da moralidade deve mesclar a moralidade jurídica, extraída do conjunto de

regras internas da Administração, com a moralidade comum. O princípio da

moralidade determina à Administração Pública o respeito aos padrões de ética

e de honestidade, ditados tanto pela moral jurídica, interna da própria

Administração, como pelo senso de moralidade pública comum, ou seja, os

standards comportamentais que a sociedade deseja, correspondentes ao anseio

popular de ética na Administração para o atingimento do bem comum.

Ora, MM. Juíza, o fato de veicular publicidade

estatal vedada pela Carta Magna e com o desiderato de promoção pessoal às

custas do erário, obviamente, não está de acordo nem com as regras internas de

boa administração, nem com os standards comportamentais éticos exigidos

pela sociedade, representando, portanto, uma conduta que fere a boa

administração e a ética no trato da coisa pública, razão pela qual implica em

ofensa ao princípio da moralidade.

8 - In Curso de Direito Administrativo, Malheiros Editores, São Paulo, 1994, pág. 45.

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Prescreve o artigo 11, da Lei nº 8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da administração pública

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às

instituições, e notadamente:”

Primeiramente, devemos ter presente que

além daqueles atos que atentam contra os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, também cometem ato

de improbidade administrativa previsto no artigo 11, da Lei nº 8.429/92,

aqueles que atentam contra os princípios previstos no artigo 37, caput, da

Constituição Federal, não só pelo comando constitucional, como também

pelo comando expresso do artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92, que

menciona ato que atenta contra os princípios da Administração Pública,

aliado à regra prevista no artigo 4º da mesma lei.9

É que não teria qualquer sentido a

Constituição Federal e a própria Lei nº 8.429/92, impor a observância destes

princípios se a sua violação não importasse em ato de improbidade

administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública,

além do que dentre os princípios que regem a administração pública estão

9 - “Art. 4º. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, no trato dos assuntos que lhes são afetos.”

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inscritos, de maneira proeminente, aqueles previstos no artigo 37, caput, da

Carta Magna.

Como vimos acima, a conduta dos requeridos

José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo importou em atentado

contra os princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade, razão pela

qual já está caracterizado o ato de improbidade administrativa que atenta

contra os princípios da Administração Pública, previsto no artigo 11, caput,

da Lei nº 8.429/92.

O dever de honestidade e o princípio da

moralidade administrativa apresentam vários pontos em comum,

praticamente se confundindo um com o outro10.

Portanto, ao ordenar a divulgação de

publicidade promocional, os requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens

Sander Pontarolo atentaram contra o dever de honestidade.

O dever de legalidade, à toda evidência, está

umbilicalmente ligado ao princípio da legalidade, cuja ofensa já foi

demonstrada acima.

10 - A propósito, ver MARCELO FIGUEIREDO,in Probidade Administrativa, Malheiros Editores, São Paulo, 1995, pág. 61.

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O artigo 11, I, da Lei nº 8.429/92 dispõe:

“I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de

competência;”

Já anotamos que a publicidade estatal do

Município de Imbituva, determinada e autorizada pelos requeridos, apresenta

elementos que lhe retiram seu caráter de impessoal, tendo por fim associar as

realizações municipais com a pessoa do requerido José Antônio Pontarolo, o

que é proibido pelo artigo 37 e seu § 1º, da Constituição Federal.

Destarte, ao ordenar e autorizar a aposição de

símbolos e expressões não oficiais e ligadas à sua pessoa nos veículos

pertencentes à Administração Municipal, os requeridos José Antônio

Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo praticaram ato visando fim proibido na

Constituição Federal, a expressão máxima da lei, ou seja, praticaram ato

visando publicidade promocional.

Assim, fica evidenciado que a conduta dos

requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo, ao

confeccionar publicidades com símbolos e expressões caracterizadoras de

promoção pessoal, em desconformidade com a Constituição Federal, atentou

contra os princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade (princípios

que regem a Administração Pública), bem com atentou contra os deveres de

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legalidade e honestidade, além de ter os requeridos praticado ato visando fim

proibido em lei, razão pela qual caracterizado o ato de improbidade

administrativa previsto no artigo 11, caput, e inciso I, da Lei nº 8.429/92.

DA PRÁTICA DE ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSA LESÃO AO

ERÁRIO:

Reza o artigo 10 da Lei nº 8.429/92:

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que

causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa

ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,

apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou

haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei e

notadamente:

É fato notório que a conduta dos requeridos

José Antônio Pontarolo e Rubens Sander Pontarolo em veicular publicidade

para impor a marca pessoal de sua administração gera um gasto inútil, um

desperdício do dinheiro público.

Ademais, o que se precisa destacar é que as

placas, as pinturas e os impressos onde constem símbolos e expressões

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pessoais são imprestáveis, pois objetos de veiculação de propaganda pessoal,

a qual é vedada pela Constituição Federal e representa ofensa aos princípios

da impessoalidade, legalidade e moralidade.

Destarte, estes impressos não podem ser

usados pelo Município, que deverá confeccionar outros onde constem apenas

os símbolos oficiais, bem como as pinturas onde constem símbolos e

expressões de cunho promocional devem ser refeitas.

Ora, tudo isto implica em gastos, portanto em

prejuízo ao erário.

O ato de improbidade administrativa que

causa lesão ao erário torna-se ainda mais evidente ao analisarmos o inciso IX

do mesmo artigo 10:

“ IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não

autorizadas em lei ou regulamento.”

De fato, com a confecção das publicidades

apontadas como ilícitas, os requeridos ordenaram a realização de despesas

não só não autorizadas em lei ou regulamento, como ordenaram a realização

de despesas expressamente proibidas pela Constituição Federal, causando,

assim, prejuízo ao erário, na medida em que são imprestáveis todos os

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envelopes, impressos, placas e pinturas onde constem as publicidades

ilícitas, sendo necessária a confecção de novos impressos, envelopes, placas

e pinturas sem elementos caracterizadores de promoção pessoal para

substituir aqueles eivados de nulidade, ficando evidente o ato de

improbidade administrativa praticado pelo ordenador das despesas com as

publicidades onde constem símbolos e/ou expressões não oficiais, ou seja,

praticado pelos requeridos José Antônio Pontarolo e Rubens Sander

Pontarolo, o que importou em perda patrimonial para o Município de

Imbituva.

VI- DA PRÁTICA DE CONDUTA

VEDADA AOS AGENTES PÚBLICOS – ART. 73, INCISO I, DA LEI

Nº 9.504/97:

Não bastasse a gravidade dos fatos descritos

no item I desta peça, a partir do pedido de registro de candidatura dos

requeridos José Antônio Pontarolo, Rubens Sander Pontarolo e Renato

Schwab, bem como das suas respectivas coligações, constatou-se a prática de

conduta vedada aos agentes públicos pelo artigo 73, inciso I, da Lei nº

9.504/97.

Como já salientado anteriormente, o

requerido JOSÉ ANTÔNIO PONTAROLO atualmente exerce o cargo de

Prefeito do Município de Imbituva, em administração da qual o requerido

RENATO JOSÉ SCHWAB exerce o cargo de Secretário de Agricultura. Já o

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requerido RUBENS SANDER PONTAROLO é vereador do Município de

Imbituva na atual legislatura.

Analisando o pedido de registro de

candidatura dos candidatos acima referidos, bem como de suas coligações

(documentos constantes dos ANEXOS IX, X, XI, XII, XIII e XIV), para as

eleições de outubro de 2012, verificou-se que o nº do fax informado para

contato dos candidatos e coligações foi o de prefixo (42) 3436-1780. Pois

para nossa surpresa, o referido número de telefone pertence à Prefeitura

Municipal de Imbituva, de modo que os requeridos JOSÉ ANTÔNIO

PONTAROLO, RUBENS SANDER PONTAROLO e RENATO SCHWAB,

bem como as COLIGAÇÕES, estavam se utilizando de bem móvel

pertencente à Administração Pública em benefício dos referidos candidatos e

das coligações figurantes no pólo passivo da presente demanda.

E as ilegalidades não param por aí. Senão

vejamos:

Os telefones celulares prefixos (42) 91358223 e (42) 91460371,

informados no pedido de registro de candidatura do requerido JOSÉ

ANTÔNIO PONTAROLO, são de titularidade da Prefeitura Municipal de

Imbituva.

Os telefones celulares prefixos (42) 91344984 e (42) 91358223,

informados no pedido de registro da COLIGAÇÃO “IMBITUVA NÃO

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PODE PARAR” (PSDB-PR-PV-PMDB-PTN-PRB-PSDC), são de

titularidade da Prefeitura Municipal de Imbituva.

O telefone celular prefixo (42) 91344984, informado no pedido de

registro da COLIGAÇÃO “PV-PR-PMDB-PTN- PSDC”, é de titularidade da

Prefeitura Municipal de Imbituva.

O telefone celular prefixo (42) 91358223, informado no pedido de

registro da COLIGAÇÃO “PSDB-PRB”, é de titularidade da Prefeitura

Municipal de Imbituva.

Portanto, não bastasse a utilização indevida

do número do fax pertencente à Prefeitura Municipal de Imbituva em

benefício de todos os requeridos, verifica-se que o candidato JOSÉ

ANTÔNIO PONTAROLO e as COLIGAÇÕES “IMBITUVA NÃO PODE

PARAR”, “PV-PR-PMDB-PTN-PSDC” e “PSDB-PRB” estavam se

utilizando, para fins eleitorais, de telefones celulares pertencentes à

Prefeitura Municipal de Imbituva.

A titularidade dos referidos números como

sendo da Prefeitura Municipal de Imbituva foi confirmada pelo chefe do

Executivo Municipal através do Ofício nº 212/2012 (documento constante do

ANEXO XV).

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E em resposta a ofício encaminhado por esta

Promotoria de Justiça, o Chefe do Cartório Eleitoral de Imbituva, através do

ofício nº 126/2012/29ªZE (documento constante do ANEXO XVI),

confirmou a efetiva utilização do número de fax de prefixo (42) 3436-1780

para a realização das intimações de diligências e sentenças junto aos

candidatos JOSÉ ANTÔNIO PONTAROLO, RUBENS SANDER

PONTAROLO e RENATO SCHWAB, e as COLIGAÇÕES “IMBITUVA

NÃO PODE PARAR”, “PV-PR-PMDB-PTN- PSDC” e “PSDB-PRB”.

Não obstante, basta uma análise dos autos de

registro de candidatura dos candidatos José Antônio Pontarolo, Rubens

Sander Pontarolo e das coligações “PV-PR-PMDB-PTN- PSDC” e “PSDB-

PRB”, para se verificar que efetivamente as intimações dos mesmos se

deram através do número de fax (42) 3436-1780. Nesse sentido, constou dos

seguintes documentos:

Fls. 67 verso – Autos nº 230-

82.2012.6.16.0029 – Candidato José Antônio Pontarolo (documentos

constantes do ANEXO IX);

Fls. 39 verso – Autos nº 213-

46.2012.6.16.0029 – Candidato Rubens Sander Pontarolo (documentos

constantes do ANEXO XI);

Fls. 21 verso – Autos nº 196-

10.2012.6.16.0029 – Coligação “PV-PR-PMDB-PTN- PSDC”(documentos

constantes do ANEXO XIII);

Fls. 18 verso – Autos nº 216-

98.2012.6.16.0029 – Coligação “PV-PR-PMDB-PTN- PSDC”(documentos

constantes do ANEXO XIV).

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Trata-se de comportamentos expressamente

vedados pelo artigo 73, inciso I, da Lei nº 9.504/97, o qual dispõe:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou

não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade

de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido

político ou coligação, bens móveis ou imóveis

pertencentes à administração direta ou indireta da

União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios

e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção

partidária;”(grifo nosso).

As conseqüências jurídicas para a violação

do disposto no artigo 73, inciso I, da Lei nº 9.504/97, é prevista nos

parágrafos do referido artigo, dos quais cumpre-nos destacar os parágrafos 4º

e 5º:

“§ 4º O descumprimento do disposto neste artigo

acarretará a suspensão imediata da conduta vedada,

quando for o caso, e sujeitará os responsáveis a multa no

valor de cinco a cem mil UFIR.

§ 5o Nos casos de descumprimento do disposto nos

incisos do caput e no § 10, sem prejuízo do disposto no §

4o, o candidato beneficiado, agente público ou não,

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ficará sujeito à cassação do registro ou do

diploma.”(grifo nosso).

Já com relação às sanções aplicáveis às

coligações beneficiadas com a prática ilícita, dispõe o artigo 73, § 8º, da Lei

nº 9.504/97

§ 8º Aplicam-se as sanções do § 4º aos agentes públicos

responsáveis pelas condutas vedadas e aos partidos,

coligações e candidatos que delas se

beneficiarem.”(grifo nosso).

Diante do exposto, restando inequívoca a

violação ao disposto no artigo 73, inciso I, da Lei nº 9.504/97, a qual é

comprovada documentalmente através das cópias dos pedidos de registro de

candidatura dos candidatos e coligações requeridos (documentos constantes

dos ANEXOS IX, X, XI, XII, XIII e XIV), ficam os mesmos sujeitos às

sanções previstas nos parágrafos do supracitado dispositivo legal.

VII. DO PEDIDO:

Diante de todo o exposto, requer o Ministério

Público Eleitoral:

a) a notificação pessoal dos requeridos para,

em cinco dias, apresentarem contestação;

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b) a apreciação de todas as espécies de prova,

especialmente:

b1) a documental, constante das fotografias e

demais documentos acostados a esta inicial (Anexos I a XVI);

b2) o depoimento dos próprios representados;

c) a procedência dos seguintes pedidos

principais:

c.1. quanto ao candidato JOSÉ ANTÔNIO

PONTAROLO: a cassação do seu registro pelo abuso de poder político e

de autoridade praticado pelo mesmo e pelo requerido Rubens Sander

Pontarolo, em benefício de ambos, com base no art. 22, XIV, da Lei

Complementar nº 64/90 e no art. 74, da Lei nº 9.504/97; a decretação de sua

inelegibilidade para essa eleição, bem como para as que se realizarem nos

oito anos subseqüentes; a cominação da multa prevista no art. 73, § 4º, da

Lei nº 9.504/97, bem como da sanção prevista no § 5º do mesmo artigo; na

hipótese do Poder Judiciário entregar a prestação jurisdicional definitiva

apenas após diplomação do requerido (se eleito), requer-se a cassação do

diploma, com base no art. 22, XIV, da Lei Complementar nº 64/90 (com a

redação determinada pela Lei Complementar nº 135/2010), no art. 74, da Lei

nº 9.504/97 e no art. 73, § 5º, do mesmo diploma legal;

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c.2. quanto ao candidato RENATO JOSÉ

SCHWAB: a cassação do seu registro pelo abuso de poder político e de

autoridade em seu benefício praticado pelo requerido José Antônio

Pontarolo, com base no art. 22, XIV, da Lei Complementar nº 64/90; a

decretação de sua inelegibilidade para essa eleição, bem como para as que se

realizarem nos oito anos subseqüentes; a cominação da multa prevista no art.

73, § 4º, da Lei nº 9.504/97, bem como da sanção prevista no § 5º do mesmo

artigo; na hipótese do Poder Judiciário entregar a prestação jurisdicional

definitiva apenas após diplomação do requerido (se eleito), requer-se a

cassação do diploma, com base no art. 22, XIV, da Lei Complementar nº

64/90 (com a redação determinada pela Lei Complementar nº 135/2010), e

no art. 73, § 5º, da Lei nº 9.504/97;

c.3. quanto ao candidato RUBENS

SANDER PONTAROLO: a cassação do seu registro pelo abuso de poder

político e de autoridade praticado pelo mesmo e pelo requerido José Antônio

Pontarolo, em benefício de ambos, com base no art. 22, XIV, da Lei

Complementar nº 64/90 e no art. 74, da Lei nº 9.504/97; a decretação de sua

inelegibilidade para essa eleição, bem como para as que se realizarem nos

oito anos subseqüentes; a cominação da multa prevista no art. 73, § 4º, da

Lei nº 9.504/97, bem como da sanção prevista no § 5º do mesmo artigo; na

hipótese do Poder Judiciário entregar a prestação jurisdicional definitiva

apenas após diplomação do requerido (se eleito), requer-se a cassação do

diploma, com base no art. 22, XIV, da Lei Complementar nº 64/90(com a

redação determinada pela Lei Complementar nº 135/2010), no art. 74, da Lei

nº 9.504/97 e no art. 73, § 5º, do mesmo diploma legal;

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c.4. quanto à COLIGAÇÃO “IMBITUVA

NÃO PODE PARAR” - (PSDB-PR-PV-PMDB-PTN-PRB-PSDC): a

cominação da multa prevista no art. 73, § 4º, da Lei nº 9.504/97;

c.5. quanto à COLIGAÇÃO “PV-PR-

PMDB-PTN-PSDC”: a cominação da multa prevista no art. 73, § 4º, da Lei

nº 9.504/97;

c.6. quanto à COLIGAÇÃO “PSDB-PRB”:

a cominação da multa prevista no art. 73, § 4º, da Lei nº 9.504/97.

d) a suspensão imediata da conduta vedada

prevista no art. 73, inciso I, da Lei 9504/97 e abordada no item VI da

presente exordial, com fundamento no art. 73, § 4º, da Lei nº 9.504/97.

Atribui-se a presente causa o valor de R$

1.000,00 (mil reais), por mera exigência legal.

Nestes termos, pede deferimento.

Imbituva, 31 de julho de 2012

EDUARDO RATTO VIEIRA

Promotor Eleitoral