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Evolução alimentar Profa. Dra. Maria Elisa de Paula Eduardo Garavello

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Evolução alimentar

Profa. Dra. Maria Elisa de Paula Eduardo Garavello

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Caçadores e coletores: a primeira sociedade da afluência

• Aproveitamento de recursos naturais.• Economia de predação• Necessidades facilmente satisfeitas e

simplicidade tecnológica. • Produtos rústicos: pedra, madeira, osso, • Mobilidade é o valor maior. • Depende de um saber fazer, um

conhecimento.

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Caçadores e coletores: a primeira sociedade da afluência

• Coletores entendem o ciclo vital das plantas, conhecem as estações do ano e sabem quando e onde os recursos alimentícios vegetais naturais podem ser colhidos em grande abundância e com menor esforço.

• Do mesmo modo, caçadores conheciam o hábito de seus animais prediletos, sabiam onde encontrá-los e preparar armadilhas para eles.

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SAHLINS

• Busca da comida é tão bem sucedida que na metade do tempo as pessoas parecem não saber o que fazer.

• A coleta de alimentos é intermitente, o descanso abundante maior quantidade de sono no tempo diário percapita/anual( 5hs média diária de trabalho para a mulher, para o homem, se houve boa caçada um dia, no dia seguinte descansava)

• Sociedades de caçadores e coletores eram as que tinham mais lazer e com relação à energia que gastavam , estavam entre as mais bem nutridas da história.

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O FOGO TRANSFORMADORO ato de cozinhar, alem de transformar o

alimento transforma a sociedade.A fogueria no campo passa a ser um local de

comunhão quando as pessoas comem ao seu redor.

O ato de cozinhar não é apenas uma forma de preparar os alimentos mas também uma maneira de organizar a sociedade em torno de refeições em conjunto e horários de comer previsíveis.

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O FOGO TRANSFORMADORÉ mais criativo e constrói mais laços do que

o mero comer junto. O elemento festivo reside nas preparações

A culinária foi a primeira química.A revolução do cozimento foi a primeira

revolução científica : a descoberta, a experimentação, e observação, das mudanças bioquímicas que transformam o sabor e ajudam a digestão.

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COMIDA COMO MAIS QUE O SUSTENTO FÍSICO

O Canibalismo: metáfora que simboliza a dominância

Comer é ato transformadorTransforma de uma forma mágica indivíduos

em sociedade, doença em saude, muda persnalidades, funciona como ritual

Faz da comida divina ou diabólica, cria laços, significa vingança ou amor e pode proclamar identidade, prolonga os poderes, prolonga a vida, alimentando a alma.

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CRIAR OU NÃO CRIAR?As espécies que domesticamos são aquelas

com as quais temos um relacionamento de interdependência.

Usamo-las como comida, para nossa diversào, ou para ajudar na caça, no trabalho ou na guerra.

Em troca nós as alimentamos e protegemos de seus predadores.

Culturas caçadoras conduzem os rebanhos para onde querem e cercando os colocam em currais – uma forma de pastoreio. Ex: búfalos americanos.

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ENGELS• Primeira divisão social do trabalho:

domesticação de animais. • Desenvolvimento de tecnologias de

processamento do leite em queijo, curtume do couro, exige maior quantidade de trabalho.

• Gado se transforma em moeda de troca• Necessidade de provisionamento de

alimento para a criação: horticultura e depois agricultura.

• A domesticação de animais parece ter surgido antes do cultivo, de acordo com achados arqueológicos.( há)30.000anos

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AGRICULTURA

• Idade neolítica• Naturalidade das atividades agrícolas;

consideradas tradicionais (se comparadas com a agroindústria hoje)

• Foi momento de ruptura e inovação, salto decisivo que constrói o home civil, separando-o da natureza, do mundo dos animais e dos “homens selvagens”.

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AGRICULTURA

Domesticação de plantas e de animais de certo modo permite ao homem tornar-se dono do mundo natural, sem a relação de depedência

Nos mitos, gesto de violência à mãe terra ferida pelo arado, perturbada pelas obras de irrigação : daí rituais de fecundidade para expiar possível culpa.

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• FORMAS MISTAS: AGRICULTURA E PASTOREIO • Dois modos diversos de entender a

relação entre homem e meio ambiente, polos extremos de uma dialética de múltiplas implicações materiais e simbólicas.

• Nas socidades agrícolas e sedetárias os principais mitos de fertilidade e os rituais que os acompanham têm como protagonistas os cereais e os ciclos das estações do ano.

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DUAS OPOSIÇÕES

• Contraposição entre dois modelos alimentares:

criar animais ou caçá-los

cultivar os frutos ou apanhá-los em estado selvagem

• Segunda oposição:sedentarismo x nomadismo( pastoreio e caça – praticados em espaços não cultivados)

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AGRICULTURA

No plano histórico, os povos agricultores desenvolvem, com o sedentarismo, uma tendência ao crescimento e à conquista de novos espacos para cultivar.

Difusão ocorreu,( conforme indícios arqueológicos, linguisticos e genéticos)da expansão de grupos humanos a partir de um núcleo territorial bem definido, situado nos planaltos do Oriente Próximo e Médio: o Crescente Fértil

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AGRICULTURA

• há cerca de 10 mil anos- Oriente próximo e médio

• há cerca de 9 mil anos – asia centro-oriental

• há cerca de 8 mil anos – América pelo estreito de Bering

• há cerca de 8 -6 mil anos -Europa

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AS PLANTAS DA CIVILIZAÇÃO

• Cada região do mundo elegeu seu cereal :

• O trigo na região mediterrânea

• O sorgo na África

• Arroz na Asia

• O milho na América

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• Na região mediterrânea - o pão tem função simbólica , além da nutricional –homem= comedor de pão

• Vinho, a cerveja, bebidas fermentadas tem igual simbolismo, pois representam o resultado de um saber e de uma tecnologia complexa: o homem aprende a dominar os processos naturais utilizando-os a seu favor.

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RAIZES E TUBÉRCULOS

• Mais além do domínio do pão eram as raízes e tubérculos – e não os cereais – que forneciam os alimentos básicos de muitas culturas agrícolas do mundo.

• Inhame e Cará – Nova Guiné e Filipinas• Batata - Peru• Mandioca - América do Sul e Caribe

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DINÂMICA SELVAGEM – DOMÉSTICO NA IDADE MÉDIA EUROPÉIA

Contraposição entre o modelos produtivos, símbolos de civilizações diversas:

- tradição grega e romana - baseado na agricultura

- Germânico – baseado no aproveitamento da floresta( coleta, caça, pastoreio) – “bárbara”.

- Com a invasão bárbara: fusão dos dois modelos, dando origem à cultura alimentar européia, que coloca no mesmo plano o pão e a carne, a atividade agrícola e o aproveitamento da floresta.

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BASES DA ALIMENTAÇÃO MUNDIAL

- 18 plantas foram identificadas como a base de 75% a 80% da alimentação mundial em todos os tempos e continentes:

- 9 cereais: trigo, rroz, mho, cevada, centeio, aveia, trigo-sarracno, milhã e sorgo

- tubérculos: batata, mandioca, batata-doce, inhame

- 3 arbustos: tamareira, oliveira e vinha- 1 árvore: bananeira- 1 gramínea: cana-de-açucar

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ENGELS: A SEGUNDA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL

A invenção da cidade coincide com o desenvolvimento da agricultura,

• plano material( acúmulo de bens e riquezas, tecnologia)

• plano mental( a idéia de que o homem se torna senhor de si e se separa da natureza, construindo um espaço seu para habitar).

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ENGELS: SEGUNDA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL

Nesse contexto cultural:

o homem civil constrói artificialmente sua própria comida:

ela não existente na natureza,

é elaborada com sofisticada tecnologia, e prevê uma série de operações complexas,

desde o cultivo do grão até a preparação do produto final, a conquista da civilização.

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HISTÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL• Não basta conhecer um alimento ou uma

técnica para ter acesso a ele, é preciso dispor de recursos necessários.

• Quando as pessoas começaram a controlar mais recursos alimentícios que as demais, a comida passa a ser um diferenciador social, indicando a classe , a categoria social.

• Nos estágios iniciais o que importava era a quantidade.

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HISTÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL

• As culinárias diferentes para as várias categorias sociais só ocorrerá mais tarde na história.

• Palácios com abundância e banquetes regados por vinhos, no oriente e ocidente e povo em geral com muita restrição e miséria.

• Costume de revender sobras e restos nao sec. XIX pela burguesia parisiense.

• A gastronomia é prerrogativa das classe abastadas.

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CIDADE X CAMPO

Escolher, combinar preparar são gestos da cidade, quando já se tem o que fazer.

” a história da multidão de camponeses é uma história de pobres que se privam para vender o melhor de sua produção aos que moram nas cidades e reservam os subprodutos medíocres para o autoconsumo familiar”.

Há uma incontestável superioridade alimentar da cidade comparada ao campo.

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COMIDA E O INTERCÂMBIO CULTURAL

• Segundo Carneiro, a maior revolução na alimentação ocorreu no período moderno, cm a ruptura no isolamento continental, ocorrido no bojo da expansão colonial européia.

• O intercâmbio de produtos de diferentes continentes alterou radicalmente a dieta de praticamente todos os povos do mundo.

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COMIDA E O INTERCÂMBIO CULTURAL

• Exemplos• especiarias asiáticas como pimenta,

canela, cravo, noz-moscada. • plantas da América: milho, batata, tomate,

amendoim, pimentões,se propagaram pelo planeta.

• Cana-e-açucar, chá, café, chocolate combinaram-se em novos padrõess de consumo de calorias e bebidas.trigo e uva da Europa ganharam outros continentes.

• Ocorreu a mundializaçào da alimentaçào

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JOGAR COM O TEMPO

Na evolução alimentar, a humanidade lutou sempre no sentido de controlar o tempo: com a sazonalidade dos produtos, os ritmos anuais de crescimento das plantas e os animais.

A ciência e a técnica sempre estiveram a serviço desse projeto em dias linhas de ação:

1- prolongar o tempo2 pará-lo.

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JOGAR COM O TEMPO

1- diferenciar as espécies para fazê-las prodzir por mais tempo, por todo o ano se possível.

- Diversificaçào dos recursos para garantir alimento à população.

2-elaborar métodos eficazes de conservaçào de produtos vegetais e anmais para poder utilizá-los al’de seu ciclo atral de crescimento.

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JOGAR COM O TEMPO

Métodos de conservação:• Desidratação co calor do sol, fumaça, sal.• À base de vinagre e óleo• À base de mel e açucar• Fermentação• Uso do frio

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JOGAR COM O ESPAÇO

A luta pelo domínio pelo espaço é outra alternativa ao jogo do tempo.

Adaptar espécies de outros lugares distantes, derrotando as restrições de território.

Correntes comerciais e desenvolvimento dos transportes; aldeia global.

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O MERCADO UNIVERSAL

Com o monopólio do modo capitalista de produção:

Remodela a produção de alimentos: de produção no âmbito doméstico, eles são oferecidos pelo mercado.

No início,incluíam os gêneros básicos de forma mais ou menos inacabada: cereais e carnes peixe e alimentos, derivados de leite como manteiga e queijo, bebidas destiladas e fermentadas, pão e biscoitos, melaço.

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O MERCADO UNIVERSAL

Se no estágio primitivo, produtor e consumidor eram virtualmente idênticos,

o capital industrial acabou por se colocar entre a fazenda e a dona de casa e se apropriou de todas as funções de ambas, estendendo assim a forma de mercadoria ao alimento semipreparado e ou inteiramente preparado.

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FERNÁNDEZ-ARMESTO:8 REVOLUÇÕES NA HISTÓRIA DA COMIDA

1- a invenção na arte de cozinhar, o uso do fogo.2- comida mais que sustento – o comer tansforma-

se em ritual.3- revolução da criação do gado, a domesticação e

criação seletiva de espécies animais. 4- agricultura e sedentarização.5- uso da comida como indicação de diferenciação

social6- comércio a longa distância. 7- a revolução ecológica – intercâmbio colombiano.8 –industrialização do mundo em desenvolvimento.