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Universidade Federal da BahiaFaculdade de Filosofia e Ciências HumanasAntropologia UrbanaProfessor: Lívio SansoneNome: Natasha Krahn
Etnografia: Baixa dos Sapateiros – Estabelecidos e Desafortunados
Introdução
A Baixa dos Sapateiros é um espaço muito heterogêneo, com uma história que
data quase o surgimento de Salvador como cidade. A Baixa dos Sapateiros sempre foi
um espaço ocupado principalmente pelas populações de classe menos favorecidas, que
perambulavam, compravam, usavam e usam como passagem para o centro, hoje Centro
Histórico e Antigo da cidade. Era e ainda é um espaço da cultura popular, assim como
da economia popular. O bairro já teve seu momento de auge, já foi o principal
fornecedor de alimentos, e lugar de intenso comércio e trânsito de pessoas, lugar de
encontro dos trabalhadores dos portos na Cidade Baixa, que vinham e voltavam para
suas casas no norte da cidade.
A Baixa dos Sapateiros, desde seu surgimento, se constituiu em um espaço
essencialmente comercial, e essa característica está no imaginário das pessoas que
passam pela Rua J.J Seabra. Poucas pessoas percebem a existência de lugares
diversificados, de pessoas que habitam e utilizam o espaço e constroem uma identidade
a partir desse espaço. Uma rápida passagem pelo local não permite a percepção dos
diversos lugares que o espaço abriga. Por lugar, utilizo a definição de Leite (2002):
uma determinada demarcação física e/ou simbólica no espaço, cujos usos o qualificam e lhe atribuem sentidos diferenciados, orientando ações sociais e sendo por estas delimitado reflexivamente. Um lugar é, assim, um espaço de representação, cuja singularidade é construída pela ‘territorialidade subjetiva’ (Guattari, 1985) mediante práticas sociais e usos semelhantes.
Para além do comércio, a Baixa dos Sapateiros esconde outros movimentos que
também caracterizam o local. É para muitos um local de moradia desde o século XIX.
Habitam o espaço, classemédia, médiabaixa, baixa, e miseráveis; uma diversidade
incrível de moradores se escondem nos becos, nas subidas principais para Saúde,
Nazaré e Pelourinho, assim como há muitos que moram nas sobrelojas, e nas lojas
abandonadas, há também alguns prédios para moradia nas subidas para Nazaré/Saúde, e
há aqueles que habitam espaços que normalmente não chamaríamos de casa, como o
fundo do Mercado São Miguel, mas que pessoas constroem sua história e carregam o
sentimento de pertença ao espaço. Os locais de moradia são tão diversos quanto os
moradores.
Por muitos anos a Baixa dos Sapateiros era local de intensa movimentação, hoje
está esvaziada por conta das mudanças urbanas que foram ocorrendo na cidade. Com o
surgimento de diversos shoppings pela cidade assim como a transferência do centro da
cidade para a região do Iguatemi, entre outras mudanças na configuração urbana da
cidade, houve um esvaziamento do Centro Histórico da cidade, da qual a Baixa dos
Sapateiros faz parte. Assim a Baixa dos Sapateiros foi mudando, muitas lojas antigas e
cinemas populares se fecharam e ficaram abandonados, alguns desses espaços foram
ocupados por Igrejas, outros por moradores de rua e outros por pessoas do movimento
MSTS.
Para diferenciar os espaços na Baixa dos Sapateiros utilizo um dos conceitos
criados por Magnani em seus trabalhos antropologia da cidade, o pedaço, que é onde se
desenvolve uma sociabilidade básica, é caracterizado principalmente por quem utiliza o
espaço, que são quem dão significado ao lugar. Na Baixa dos Sapateiros podemos
encontrar diferentes pedaços, que fazem parte de diferentes circuitos, que, segundo
Magnani,
descreve o exercício de uma prática ou a oferta de um serviço por meio de estabelecimentos, equipamentos e espaços que não mantêm entre si uma relação de contigüidade espacial; ele é reconhecido em seu conjunto pelos usuários habituais (2005, p. 178).
Pesquisar a Baixa dos Sapateiros é como procurar pedaços de pano para formar
uma colcha de retalhos. Como sempre foi o local mais popular do Centro Histórico, no
sentido de que era por ali que habitavam, compravam, passavam as classes menos
abastadas da cidade, para descobrir sua história foi preciso descobrir trechos pequenos
de diferentes livros, que mencionavam alguma coisa, assim como juntar reportagens
antigas e novas que trouxessem algumas informações sobre diferentes equipamentos da
Baixa dos Sapateiros. Da mesma forma, hoje, ela requer uma exploração maior para
desvendar os diferentes pedaços dessa região.
O título do artigo tem por referência a dicotomia apresentada no livro
“Estabelecidos e Outsiders”, de Norbert Elias, na qual ele faz um estudo sobre uma
comunidade, e o conflito entre aqueles que lá moram há longa data, e os recém
chegados. Mas utilizo a apropriação que Espinheira fez para definir os contextos dos
recentes processos de revitalização do Centro Histórico de Salvador. Nesse sentido os
estabelecidos são os antigos e novos beneficiários desses projetos, aqueles de maior
poder aquisitivo e que se apropriam do Centro Histórico com sua nova lógica turística.
Os desafortunados são aqueles residentes mais vulneráveis, mendigos, moradores de
rua, usuários de drogas, prostitutas, vistos como prejudiciais para o novo centro de
consumo cultural, no qual vem se tornando o Centro Histórico. A Baixa dos Sapateiros
por muito tempo não participou dos processos de revitalização, houve uma tentativa no
Governo Municipal de Lídice da Mata, mas não foi realizado, e agora esse projeto vem
sendo repensado, assim como já começa a ser colocado em prática.
Hoje a reapropriação cultural dos espaços históricos das cidades, vem sendo uma
estratégia típica da pósmodernidade, chamada de gentrification, revitalização ou
regeneração urbana, com formas, às vezes, diferentes de se apropriar dessas
centralidades históricas, que vem recriando sentidos e usos dos conteúdos e materiais do
passado (Leite, 2002, p.115). Procuro com este artigo mostrar um pouco da Baixa dos
Sapateiros que não é vista facilmente, e como as transformações pelo novo Projeto de
Revitalização da Baixa dos Sapateiros podem, vão e já estão transformando o espaço.
Delimitação Histórica
“Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia a morena mais frajola da Bahia (…)”1
1 Verso este, de Ary Barroso, que foi repetido algumas vezes por um dos entrevistados na Baixa dos Sapateiros, com tom de saudades de um outro tempo.
Segundo Marc Augé a presença do passado que ultrapassa e reivindica o
presente é a essência da modernidade. O lugar antropológico, aquele que é identitário,
relacional e histórico, nunca é completamente apagado, eles coexistem com as
transformações do presente, mesmo que em segundo plano. Os lugares, segundo
também a definição supracitada de Leite, existem pelo conjunto de usos desses espaços
que lhes dão significados. A pósmodernidade trás uma nova forma de apropriação dos
centros urbanos. Trazem a valorização de sítios históricos, que antes com a
modernização, eram abandonados e novos centros eram criados, estes passam a ser
reapropriados, transformados em pontos turísticos e centros culturais. Portanto, começo
esse artigo, costurando um pouco da história dessa parte da cidade para mostrar o seu
presente.
A Baixa dos Sapateiros primeiramente teve função defensiva contra ataques
invasores por estar localizado em um ponto estratégico da cidade (século XVI e XVII),
em uma vala por trás da colina no alto da Bahia de Todos os Santos. Todo o seu trecho
era percorrido pelo rio das Tripas que era também esgoto que servia para escoar os
restos do gado abatido mais em cima, no antigo matadouro do bairro de São Bento.
Logo essa rua seria denominada de “Rua das Hortas”, pois era no seu trecho inicial que
grande parte da cidade se abastecia de frutas e legumes. A Baixa dos Sapateiros teve
essa função por vários séculos. A partir de trabalhos de drenagem a área pôde ser
utilizada como área residencial, e começou a ser chamada de “Rua da Vala”. As casas
construídas na primeira metade do século XIX eram “casas modestas e pobres, térreas
geralmente, raramente com um andar, moradia de artesãos, principalmente sapateiros,
que terminaram por transferir à rua o nome que ela possui atualmente; (…)” (SANTOS,
1959, p. 171). Mais tarde a rua veio a ser rebatizada como rua Dr. J. J. Seabra,
homenageando o governador do Estado que ordenou a realização de obras que veio a
dar o seu traçado atual. A Baixa dos Sapateiros surgiu como área habitacional para uma
classe média que acabou empobrecendo. Desde o princípio essa rua teve como função
principal o comércio. Nos anos 1940 e 1950 a Baixa dos Sapateiros só perdia em fluxo
humano, para a Rua Chile (SEBRAE, 2005, p. 7). A Baixa dos Sapateiros sempre foi a
rua que movimentava o comércio popular, era a rua do comércio pequeno burguês,
como identifica Jorge Amado ([1965], p.49), enquanto a Rua Chile era o comércio
voltado para as classes mais abastadas.
Pela Baixa dos Sapateiros passava
uma gente cansada, de poucos sonhos, de poucas leituras, ‘A tarde’ embaixo do braço, em casa esperam o pijama e o chinelo. Artéria por onde circula, onde compra e onde se diverte a pequena burguesia tão pobre da Bahia. (AMADO, [1965], p. 50)
A Baixa dos Sapateiros era artéria que ligava a Cidade Baixa à Cidade Alta.
Principalmente, utilizada pelos operários e empregados que trabalhavam no porto ou na
Cidade Baixa e que moravam nos bairros do norte da cidade (SANTOS, 1959, p. 175).
Os primeiros trilhos dos bondes da Linha Circular Carris da Bahia foram instalados ali
justamente para facilitar a vida destes trabalhadores. Era na Baixa dos Sapateiros que
estes trabalhadores se encontravam para pegar seu transporte, fazer suas compras, ou
assistir filmes e apresentações nos diferentes cinesteatro do local.
Nas diversas conversas que tive com lojistas e freqüentadores da área percebia
uma nostalgia dos tempos em que a Baixa dos Sapateiros era movimentada, e onde
havia diversas opções de diversão. Muitos lembram as sessões de cinema que iam ver
nos Cines Jandaia, Tupy, Pax ou Aliança (exCine Olympia). Destes o único que
permanece aberto é o Tupy sempre com dois filmes pornográficos em cartaz. Há vinte,
trinta anos atrás, conforme os entrevistados, os cinemas traziam um filme de ação e um
filme pornográfico por dia, e as filas para os cinemas eram enormes. O cineteatro
Jandaia foi inaugurado em 9 de março de 1911 (SANTANA, 2008) e já foi palco até de
Carmem Miranda (WEINSTEIN, 2008). Ele foi provisoriamente tombado pelo Ipac,
pelo seu valor histórico e arquitetônico. Segundo Jorge Amado esse cinema nasceu para
um público grãfino, onde passavam estréias, mas, por causa de sua localização acabou
tendo que passar reprises, como os outros cinemas do local ([1965], p. 50). Hoje o
cinema já está fechado há cerca de 15 anos; foi vendido na década de 1970, mas por
motivos burocráticos está completamente abandonado, e sua estrutura oferece risco às
lojas ao lado e abaixo do cine.
Outro local muito mencionado é o Mercado São Miguel; feira que abastecia boa
parte da cidade de alimentos. Este começou a ser construído em outubro de 1965.
Primeiramente era uma propriedade particular, depois passou a ser público, de feira
passou a ser mercado. Hoje dos 196 boxes, 104 estão fechados, e o local, apesar de ser
um dos mais movimentados da Baixa dos Sapateiros, principalmente pela tarde, teve
sua última reforma em 1992 (SOBRINHO e BRITO, 2008).
Outro ponto histórico de grande importância da Baixa dos Sapateiros é o
Mercado de Santa Bárbara. Ele é muito conhecido pela festa de Santa Bárbara que
acontece todo ano no dia 4 de dezembro. A procissão começa na Igreja de Nossa
Senhora dos Rosários dos Pretos, passa pelo Corpo de Bombeiros (também localizado
na Baixa dos Sapateiros) e termina no Mercado de Santa Bárbara, onde uma imagem da
santa fica exposta na parte do fundo do Mercado. Tradicionalmente tanto no Corpo de
Bombeiros como no Mercado de Santa Bárbara é servido caruru para cerca de 5 mil
participantes.
A Baixa dos Sapateiros sempre foi uma região mais comercial, do que
residencial. As residências se encontravam mais nas vielas transversais da rua, e as
poucas residências que haviam de frente para a rua foram pouco a pouco sendo
compradas pelos comerciantes. Segundo Milton Santos, de 1940 à 1950 a população de
rua, incluindo os que moram nos becos, aumentou 20% ([1965], p.179).
Tudo isso significa que duas tendências se opõem do ponto de vista do papel residencial. De uma parte o comércio expulsa os moradores, para ocupar êle próprio as casas, que transforma a seu modo. A utilização residencial das casas que têm fachadas diretamente sôbre a rua tende, assim, a desaparecer. De outro lado, a população pobre se acumula nas pequenas casas de trás, cuja degradação é ainda mais acelerada. ([1965], p.180).
Segundo Bárbara Freitag (2003) sempre foi comum na história das aldeias, vilas
e cidades brasileiras, desde a época colonial,
abandonar ou deixar atrás de si núcleos urbanos criados, para fundar outros, paralelos, transferindo as funções do antigo para o novo. Deste modo, a cidade ‘abandonada’ pode viver um período de estagnação e até mesmo cair no esquecimento. (p.116)
E foi isso que aconteceu quando a cidade de Salvador começou a crescer no
sentido Campo Grande e Corredor da Vitória, levando as classes mais abastadas para
essas regiões, e depois, na década de 1970 quando foi construído o CAB, que levou o
Centro Administrativo para longe do Centro Histórico. O Pelourinho ficou abandonado,
e na década de 1980 era considerado um lugar sujo e perigoso, ocupado pelas atividades
marginais como a prostituição e o tráfico de drogas (Nobre, 2003, p.5). Mas estes ainda
foram anos de auge da Baixa dos Sapateiros, que sentiu mais os efeitos do crescimento
urbano, com os surgimentos dos shoppings nos anos 1980, principalmente os shoppings
Piedade e Lapa, transformando a Av. Sete, antiga rua do comércio das classes mais
altas, em comércio popular. Essas e outras mudanças começaram a afetar o movimento
dessa região.
A Baixa dos Sapateiros e seus lugares
“Assim funciona a cidadeconceito, lugar de transformações e apropriações, objeto de intervenções mas sujeito sem cessar enriquecido com novos atributos: ela é ao mesmo tempo a maquinaria e o herói da modernidade.” (Certeau, 1996, p.174)
Abordo as apropriações dos espaços na Baixa dos Sapateiros usando as
definições usadas por Nuttall e Mbembe para definir a cidade de Johannesburgo. São
espaços vistos, outros não vistos, e outros só vistos de vez em quando; a superfície, o
subterrâneo e as margens. A superfície da Baixa dos Sapateiros é o que é visto
facilmente por qualquer passante, a parte que conversa com a população que circula.
Passar pela Baixa dos Sapateiros hoje é evidenciar que longe do movimento que havia
antes, é uma região esvaziada, abandonada pelo poder público e pela população,
circunstância que se evidencia pelo grande número de estabelecimentos que hoje
mantêm as portas fechadas, alguns com placas de aluguel ou venda expostas por longos
períodos. A partir de 2008 é que começam a se verificar algumas reformas, no Mercado
Santa Bárbara, no Corpo de Bombeiros, na Igreja da Barroquinha (reforma que já
começou em 2002, e se finaliza em 2008) em algumas casas que perdem seus luxalons,
as estruturas de propaganda das lojas, para reformar suas fachadas, ganham pintura,
fazendo com que a Baixa dos Sapateiros comece a ter cores mais vivas, entre outras
iniciativas mais sutis de revitalização desse espaço.
Mas apesar de algumas mudanças, os lojistas que permanecem, e resistem a essa
perda da movimentação da Baixa dos Sapateiros, reclamam da falta de freqüentadores;
uma delas diz que há dias em que não vende nada. São vários os motivos que são
apontados pelos lojistas entrevistados para a queda do comércio na região, entre eles: o
surgimento dos shoppings, principalmente o Piedade, que fez com que a Av. Sete de
Setembro, antes rua de comércio para as classes mais altas, se tornasse rua popular
também, como supracitado; a transformação de parte da Rua J. J. Seabra em mãoúnica,
onde antes era mãodupla em todo o seu percurso; a falta de segurança; a construção da
Estação da Lapa, que tirou boa parte das rotas de ônibus que passavam pela estação da
Barroquinha; a falta de banheiros públicos, de mais estacionamentos e de uma maior
variedade de atividades.
Nos mercados, tanto no São Miguel quanto no recém reformado Mercado de
Santa Bárbara, muitos boxes estão fechados. Hoje os poucos boxes abertos do Mercado
São Miguel vendem produtos de Candomblé e Umbanda, eletrodomésticos, confecções,
além de oferecer serviços de barbearia, e possuir alguns bares e restaurantes. Um dos
donos de um restaurante disse que desde pequeno freqüenta sempre a Baixa dos
Sapateiros, em especial o Mercado; hoje o mercado é freqüentado principalmente por
homens de mais idade, que vêm para tomar uma cerveja e jogar dominó, ouvindo forró
ou arrocha. Esses freqüentadores são na sua maioria aposentados que já vêm à Baixa
dos Sapateiros há muitos anos. O Mercado São Miguel atrai esse público fixo, mas
afasta o público novo por estar degradado, e por ser considerado sujo e perigoso.
As tradições das festas se mantêm tanto no Mercado São Miguel quanto no
Mercado de Santa Bárbara. No Mercado de Santa Bárbara a festa enfrenta dificuldades
nos últimos anos para acontecer; como ela se mantém através de doações, em 2008 as
doações foram poucas, e poucos puderam provar o caruru. Outro fator que faz com que
seja mais complicado organizar a festa, é que vários comerciantes do Mercado são, hoje,
membros de Igrejas evangélicas e, portanto, não ajudam na preparação da festa. Apesar
de indícios do esvaziamento da festa, em 2008 a Festa de Santa Bárbara se tornou
oficialmente patrimônio imaterial da Bahia (BRITO e SOMBRA, 2008). O próprio
Mercado de Santa Bárbara foi um dos pontos beneficiados com o projeto de
revitalização da Baixa dos Sapateiros. Em novembro de 2008 começaram a pintar por
dentro e por fora do mercado, assim como a reformar os banheiros. Entretanto, a
reforma das lojas, segundo Cosme Brito, diretor da Albasa, é de responsabilidade dos
lojistas.
Lojas, vendedores ambulantes e camelôs disputam a rara clientela. Muitos
vendedores abordam de forma insistente, outros ficam olhando para fora das lojas com
caras de desânimo. Muitos que por lá circulam, não passam pela região com a intenção
de comprar, da Baixa dos Sapateiros eles acessam o Pelourinho, ou os bairros da Saúde
e de Nazaré, suas casas e seus trabalhos, e outros equipamentos como as Igrejas, o
Senac, o Sesc, o Iphan, entre outros. Um dos lojistas disse que os freqüentadores das
Igrejas raramente interagem com o resto do espaço. E assim fui percebendo que os
diversos equipamentos, os moradores e os lojistas pouco interagem, existem em um
mesmo espaço, mas pouco se comunicam, constituindo lugares muito distintos.
Hoje os moradores ainda são, na sua grande maioria, uma população menos
favorecida. As partes de moradia são uma parte menos visível da Baixa dos Sapateiros.
Estimase que menos de 10% dos imóveis da Baixa dos Sapateiros sejam utilizados para
moradia (BAHIA, 2008, p. 29). E estes ainda moram nos becos e ruas secundárias,
transversais da J.J. Seabra, muito poucos moram de frente para a rua principal. Andando
pela Baixa dos Sapateiros, você só percebe aos poucos os espaços de moradia, alguns
becos e ruas secundárias possuem portões na sua entrada, a entrada nesses casos,
normalmente só acontece pela J.J Seabra; algumas entradas são espaços de venda de
mochilas e malas, e você quase não nota que por aí pessoas passam para ir para suas
casas. Quando se entra se percebe as muitas casas que estão naquele local. Em uma das
entradas, na qual entrei, conversei com uma moradora que era antiga moradora do
Pelourinho e junto a sua mãe foi expulsa durante o processo de Revitalização do
Pelourinho na década de 1990. Ela e alguns vizinhos fazem parte do Lute, que é uma
organização que discute formas de conquistar indenizações mais justas por sua saída
forçada do espaço em que construíram sua identidade. Ela fala com orgulho que foi
moradora do Pelourinho. Enquanto esse espaço os moradores nem sabem dizer se é
Saúde ou se é Baixa dos Sapateiros, a correspondência chega com esses dois endereços.
Há prédios e ruas com casas maiores, onde podese perceber uma classe média. Assim
como há pessoas que moram nas sobrelojas e nas lojas abandonadas.
A parte subterrânea da Baixa dos Sapateiros são os casebres e cortiços, casas e
casarões em estado de degradação, que se encontram principalmente nas regiões
próximas ao São Miguel, na Rua Gravatá e na Rua 28 de setembro e são habitados por
pessoas com baixíssimo poder aquisitivo, ou nenhum, que vivem do lixo, da reciclagem,
na sua maioria, e que são traficantes e usuários de substâncias psicoativas. Esses
lugares são conhecidos pela venda e espaço de uso de drogas. Uma redutora de danos
do Aliança diz que esses espaços ainda se diferem um do outro. A região do São Miguel
é uma região com um consumo maior de maconha e álcool, há pessoas que moram no
fundo do Mercado, no estacionamento já há 10/15 anos, que construíram sua história lá.
Disse que havia uma boca de maconha lá, mas que foi queimada a uns três meses atrás,
em uma briga entre bocas. Ela percebe que a bebida é a droga que causa mais problemas
ali. As pessoas que ali moram vivem, principalmente do lixo, tiram o material que pode
ser reciclado, assim como frutas e verduras e outras comidas que foram jogadas ali.
Essa comida é selecionada, eles têm uma panela, fazem um pequeno fogo, e lá fazem a
comida para todos. Disse que ali há um sentimento de pertença ao espaço, “eu sou do
São Miguel”. Mas além dos moradores do São Miguel, os consumidores são de classes
sociais diversas. O Gravatá é uma região mais de tráfico de drogas do que de uso,
principalmente do crack, por isso conhecido como crackolândia. No Gravatá além dos
traficantes, ficam prostitutas que trocam sexo por crack. Já a 28 de Setembro é uma
região de tráfico e uso de drogas, principalmente o crack, algumas pessoas moram nos
casarões abandonados, constroem suas casas a partir do lixo. Alguns desses moradores
também tem um sentimento de pertença à esse espaço, relembram suas experiência a
partir desse espaço “nessa escadaria que você está vendo aqui, foi que eu dei a minha
primeira picada” relata a redutora sobre algumas das falas dos usuários. Os usuários
começaram a invadir os casarões abandonados depois que a polícia colocou câmaras na
rua, foi a tática encontrada para fugir do olhar da polícia.
Se, no discurso, a cidade serve de baliza ou marco totalizador e quase mítico para as estratégias sócioeconômicas e políticas, a vida urbana deixa sempre mais remontar àquilo que o projeto urbanístico dele excluía. A linguagem do poder ‘se urbaniza’, mas a cidade se vê entregue a movimentos contraditórios que se compensam e se combinam fora do poder panóptico. (Certeau, 1996, p.174)
O subterrâneo encontra formas, e táticas, que, segundo Certeau são
determinadas pela ausência de poder, de se movimentar e se criar ao mesmo tempo
dentro do surgimento das novas configurações urbanas que estão sob o olhar vigilante, e
fora do visível. O subterrâneo e a superfície se encontram nas margens, através de
pequenos furtos, ou de batidas policiais, que fazem visíveis por instantes a realidade do
subterrâneo. “O espaço assim tratado e alterado pelas práticas se transforma em
singularidades aumentadas e em ilhotas separadas.” (Certeau, 1996, p.181)
As temporalidades e espacialidades são marcadas pelos festejos da cidade. A
festa em homenagem a São Miguel no dia 29 de setembro, e a Festa de Santa Bárbara
no dia 4 de dezembro implicam em mudanças no cotidiano. São dias de preparação, e
no dia uma dinâmica diferente de apropriação do espaço. Segundo Da Matta “(...) as
unidades de tempo só podem ser visíveis como tal na medida em que estão ligadas a
alguma atividade socialmente bem marcada” (1987, p.36). As festas anuais em
homenagem a esses santos, assim como o carnaval, e as festas semanais do Pelourinho
afetam de formas diferentes os tempos e espaços da Baixa dos Sapateiros. Enquanto as
festas de Santa Bárbara e São Miguel implicam em multidões ocupando a rua J.J
Seabra, no carnaval o trânsito é modificado, algumas ruas como a 28 de Setembro são
barradas, e só passam carros com autorização, e alguns usuários da rua aproveitam esse
momento para pedir pedágio. As festas de terça da benção e sextafeira têm feito as
batidas policiais mais freqüentes em lugares como o São Miguel, onde nesses dias os
que ali moram são abordados de forma violenta pela polícia. Dando a clara idéia de que
eles não são bemvindos e bem vistos nesses locais e nessas festas. “(...) as práticas do
espaço tecem com efeito as condições determinantes da vida social.” (Certeau, 1996,
p.175)
Revitalização da Baixa dos Sapateiros e o processo de gentrification
O impulso de preservar o passado é parte do impulso de preservar o eu. Sem saber onde estivemos, é difícil saber para onde estamos indo. O passado é o fundamento da identidade individual e coletiva; objetos do passado são a fonte da significação como símbolos culturais. (Rossi, 1982 apud Harvey, 1992, p.85)
Mike Featherstone argumenta que capital cultural, gentrification, e estilização da
vida estão relacionados. Na pósmodernidade gentrification se torna uma nova forma de
se apropriar dos espaços centrais das cidades, mudando sua configuração, fazendo dos
locais históricos, local de consumo turístico e cultural. O passado transformado se torna
capital cultural.
O termo gentrification (enobrecimento) é usado (...) para designar intervenções urbanas como empreendimentos que elegem certos espaços da cidade considerados centralidades e os transformam em áreas de investimentos públicos e privados, cujas mudanças nos significados de uma localidade faz do patrimônio um segmento do mercado. (Leite, 2002, p.118)
Segundo Smith (2002), a gentrification se tornou uma estratégia urbana global.
Criase uma nova imagem urbana, e uma nova identidade para o local. Mas a
reapropriação dos espaços centrais urbanos pelas classes médias e altas significa, na
maior parte das vezes, a exclusão daqueles, que por anos, construíram sua história nesse
local abandonado pelo poder público e pelas classes mais abastadas, daqueles que foram
deixados junto a esses espaços deteriorados. E agora em que a pósmodernidade volta a
valorizar esses espaços históricos, esses locais são transformados, e essa transformação
não é só do local, mas do público que ali vai freqüentar e habitar. Segundo Nobre,
nesses processos de gentrification, sempre há os ‘vencedores’ e os ‘perdedores’, que
aqui chamo de estabelecidos e desafortunados. E geralmente envolvem movimentos de
desalojamento e exclusão.
O projeto de revitalização da Baixa dos Sapateiros é uma promessa antiga,
segundo Cosme Brito, diretor da Associação de Lojistas da Baixa dos Sapateiros. O
projeto vem sendo elaborado desde 1994, no governo de Lídice da Mata, que por falta
de verba e pelas disputas políticas entre as esferas municipal e estadual, não conseguiu
levar o projeto adiante. O Projeto de Revitalização do Pelourinho, desenvolvido pelo
governo estadual, não incluiu a Baixa dos Sapateiros, sendo que alguns dos moradores
do Pelourinho, expulsos nesse processo foram para a Baixa dos Sapateiros, uns em
casas, outros em situação de moradores de rua. O projeto da Baixa dos Sapateiros
passou pelos próximos governos, mas nunca saiu do papel, apesar de terem sido feitos
novos levantamentos e censos para a área. Tanto que poucos lojistas acreditam que
dessa vez o projeto saia do papel. Só um dos entrevistados, que trabalha no Mercado
São Miguel disse estar participando das discussões sobre o projeto e estar crente de que
dessa vez se torne realidade, ainda mais com a aprovação da cidade de Salvador como
uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.
Alguns dos principais problemas apontados pelos lojistas e por aqueles que
circulam pela Baixa dos Sapateiros foram mostrados em uma apresentação no dia
19.05.08 pelo Escritório de Referência do Centro Histórico de Salvador; e são a falta de
diversificação das atividades (22%), a falta de equipamentos e áreas de lazer (14%), a
presença do albergue (de mendigos e desabrigados) (14%), os prédios
abandonados/degradação dos edifícios/aparência das lojas (13%), falta de mobiliário
urbano (banheiros públicos) (10%), a falta de reforma e aparência das lojas (9%), a falta
de estacionamento (8%), entre outros. (BAHIA, 2008, p. 8). Outro problema existente,
que não foi apontado no estudo, é a falta de segurança. Os lojistas dizem que tem
pouquíssimo policiamento, e que essa região já foi bastante violenta, hoje não é tanto,
mas isso porque cada loja paga de R$10 a R$ 40 reais por mês para ter segurança
privada. E em cima disso que está sendo construído o projeto de revitalização.
Hoje o projeto propõe que a Baixa dos Sapateiros seja “um lugar bom para
morar, freqüentar, trabalhar e visitar”. (BAHIA, 2008, p.4) Para moradia pretendese
reformar as casas em situação de abandono, e os andares superiores das lojas, para que
se tornem próprias para moradia, assim como transformar algumas casas em casas de
estudante. Segundo Cosme Brito, as casas na rua Gravatá por exemplo devem ser
reformadas, e os moradores da sétima etapa do projeto de revitalização do Pelourinho
devem ser encaminhados para essas casas. Está nos planos a recuperação dos passeios
públicos, iluminação com fiação embutida, melhoramento da infraestrutura, colocação
de mais faixas de pedestres, horários e locais para carga e descarga, recuperação dos
terminais, recuperação do cine Jandaia e transformação do Mercado São Miguel.
O Cineteatro Jandaia deve ser reformado para que seja um importante
equipamento cultural da cidade, talvez um teatro municipal. E os planos para o Mercado
São Miguel são incentivar o comércio de produtos da economia do sagrado, assim como
espaço para venda de comidas típicas, área para roda de capoeira e outra manifestações
da cultura afrobrasileira (SOBRINHO e BRITO, 2008), assim como abrir uma loja da
Cesta do Povo no local. Segundo Cosme Brito a idéia é reformar o Mercado por
completo, pois este se encontra em situação muito precária. Disse que os boxes seriam
novamente construídos e os atuais trabalhadores continuariam nesse local após a
reforma. Essas são algumas das propostas, outras ainda estão sendo negociadas e
discutidas entre empresários, o Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador,
que representa o governo do Estado, a Prefeitura, a Associação dos Lojistas da Baixa
dos Sapateiros e Barroquinha (Albasa), o Sebrae, o Fórum para o Desenvolvimento
Sustentável do Centro da Cidade, entre outros órgãos públicos, assim como a
participação é aberta ao público em geral. Alguns dos lojistas que entrevistei disseram
que a Rua J. J. Seabra deveria voltar a ser mãodupla em todo seu percurso, outros
pensam que deveria ser uma Rua 24 horas, um outro lojista disse que seria melhor se a
rua fosse fechada para carros, que todos chegariam somente até o terminal Aquidabã, e
a Baixa seria um Shopping com o calçadão, com praças para as senhoras, etc., outros
sugerem uma passarela que ligue o Pelourinho à Baixa dos Sapateiros. As idéias são
muitas, mas poucos participam das discussões.
Cada visita a Baixa dos Sapateiros revelava uma mudança, casas sendo
reformadas, assim como a conclusão da reforma da Igreja da Barroquinha, hoje Espaço
Cultural da Barroquinha, no final de 2008, e inaugurada no dia 28 de março deste ano, a
reforma do Albergue, entre outros. Mas mudanças sutis também vêm afetando a
composição do espaço. Como já mencionado, a polícia vem fazendo abordagens
semanais cada vez mais ostensivas no São Miguel, assim como batidas mais freqüentes
no Gravatá e na 28 de Setembro, com a intenção de expulsálos do local. A redutora
com quem conversei, disse que muitas das pessoas que ela acompanhava simplesmente
sumiram, outras vão migrando entre os pedaços, mas que muitos moradores,
principalmente do São Miguel, ainda tentam resistir. São movimentos que Smith chama
de antigentrification, não são necessariamente organizados, mas desafiam a
gentrification.
As práticas temporais e espaciais nunca são neutras nos assuntos sociais; elas sempre exprimem algum tipo de conteúdo de classe ou outro conteúdo social, sendo muitas vezes o foco de uma intensa luta social. (Harvey, 1992, p.218)
Conclusão
Os processos de gentrification (enobrecimento) reanimam os usos públicos dos espaços urbanos. Mas a questão fundamental é saber que tipo de uso público ocorre. (Leite, 2002, p. 116)
Segundo Smith, termos como revitalização e regeneração urbana são novas
formas de gentrification. Por mais que o novo Projeto de Revitalização da Baixa dos
Sapateiros, e do Centro Antigo como um todo está acontecendo de uma forma conjunta,
entre Estado, entidades privadas e públicas, ONGs e sociedade civil, há parcelas da
população que vão ser novamente expulsas e excluídas desse novo Centro Histórico e
Antigo. O Programa Salvador Cidadania, que foi lançado pela Prefeitura no dia 1° de
junho deste ano surge para atender aos soteropolitanos em situação de rua, com a
proposta de abordar estes, recolher dados, e abrigar aqueles que desejam sair das ruas,
estes passarão por uma triagem onde serão abrigados, receberão higienização e refeições
e serão encaminhados para uma equipe multidisciplinar formada por assistente social,
psicólogo, médico, técnicos de enfermagem e educadores sociais. A proposta vista
dessa forma parece boa, mas segundo a fala da redutora, todos que já passaram pela
experiência do abrigo no albergue passaram por uma situação de violência, violência
entre eles, opressão por parte daqueles que guardam o albergue, assim como a privação
de suas vontades, como usar drogas. Ela argumenta que nesses albergues é exigido um
perfil que eles não se encaixam, eles se sentem melhor no São Miguel, onde tem uma
solidariedade de grupo. O Albergue que se localizava na Baixa dos Sapateiros é hoje o
novo Posto de Triagem, e os moradores de rua soteropolitanos são encominhados para o
Albergue de Roma. Sutilmente é uma nova forma de deslocar essas pessoas em situação
de rua para longe do Centro Histórico. Segundo a redutora há exemplos de inclusão
dessas pessoas que estão dando certo em outros estados, como em São Paulo com os
Centros de Convivência, que é um grande centro onde as pessoas ficam livres para
tomar banho se quiserem, usar drogas, dormir ou não, e não há a figura de um
segurança. A construção de projetos de revitalização só vai incluir a todos, assim
minimizando os contatos conflitivos, quando se der ouvidos a todos.
Embora mais pessoas serão incluídas nesse novo Projeto de Revitalização, pela
construção de moradias populares, com a preocupação em educar os ambulantes e
regularizálos, e a realização contínua de eventos gratuitos, ainda haverá os
desfortunados que continuaram usando táticas para fugir do olhar vigilante, e para viver
a sua maneira, no Centro Histórico. Que continuarão se fazendo presentes na sua
invisibilidade.
Uma questão fundamental, entretanto, é saber em que medida essa ‘desapropriação de sujeitos’ não corresponde também a uma reapropriação de outros sujeitos. Se por um lado as práticas de gentrification separam esses lugares dos que neles vivem – na medida em que parecem alienar o patrimônio dos seus usuários através das relações econômicas de consumo , por outro, é possível que esse mesmo processo amplie as possibilidades interativas (conflitivas ou não) entre aqueles que neles interagem. (Leite, 2002, p.121)
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