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CDU 581.1 ESTUOO FARMACO-BOTÂNICO DO CM DE CABOCLO ( COItCÜJl ~pica.to., CRAM) * ~bri3 Celeste ~!3i3 Ribeiro** r'!;lria de Jesus Torres Caldas *** c: i() tilde de O1 i veira Ma rtins _""* RESUMO Dentre os vegetais ele gl~,:,cI,-, o ccrrenc i M n;] I lha de são Luís - MA, enco~ tra-se o CO!uua nlltfté-6pi..catd, r.h.un , vu lgarmen t e conhecido como "chá de Caboclo", de propriedades consagradas n:l mc~icina popular principalmente como anti-an~mico, usado sob a forma de infuso. Devidc <lregião maranhense apresentarilll imenso poten cial a ser explorado onde esta p lnn t a tie dra naturalmente, este trabalho ob j e t í.vou o estudo da folha e caule do CO,'1di.il II'Ul ({JJp-i..ca-ta quanto aos seus componentes prin cipais, particularmente em relaç~() il0 teor de ferro, visando sua possível utilizi ção no preparo de medicamento. A an~lise química revelou que a fibra,amido e o fe~ ro predominam dentre os componelltes dos 6rgãos vegetais estudados. A folha apr; sentou uma certa superioridHde em ferro em relação ao caule, isto~, 11, 25 ; 9,75 mg%, respectivamente. 1 INTRODUÇÃO o Co/[d-i..a mllLtM p-i..ca-ta, Charn, popularmente conhecido como Chá de Caboclo, é planta nativa da flora brasileira e de grande oco~ rência na Ilha de são Luís - MA. As folhas são utilizadas na medi cina popular sob a forma de infu so no combate à anemia, fato prQ vavelmente atribuido ao teor àe ferro existente no vegetal. De virtudes hepáticas e açao tônica é empregado também contra tosse, bronquite e gripe. As fibras da casca sao usadas na fabricação de cordas (BALBACH, s.d., p.547). É predominante de solo argiloso-p~ dregoso, ocorrendo em matas, ter renos baldios e beira das. de estra 2 CONSIDERAÇÕES BOTÂNICA 2.1 Posição sistemática De acordo com a litera tura estudada ressaltamos a posl ção sistemática, ratificado por MARTIUS(1967,p.18), que enfoca O vegetal na seguinte area abran gente dentro dos vegetais: * Resultado da pcs qu i Si] ;;"i))"e' o Vé'>.;C'lilÍ CO'1d;a mU{ t.<.J.,p-i..cata, ChelITI ** Professora An j un t o do Dcptl.. 1 de F~lrm:ic i ,1 c1<1 r!·~:1A *** Pr o f e s s o r a Adjunto do Dl'i't\' de Fn rm.ic ia (]:1 l','lA ****Professora Adjunto do DCl't'} de Tr-c noí og i n V,llrica da UF~L~ Cad. Pesq., são Luís, v. 6, n. 2, p. 17-21, jul./dez. 1990. 17

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CDU 581.1

ESTUOO FARMACO-BOTÂNICO DO CM DE CABOCLO ( COItCÜJl ~pica.to., CRAM) *

~bri3 Celeste ~!3i3 Ribeiro**r'!;lriade Jesus Torres Caldas ***c:i()til de de O 1ive ira Ma rtin s _""*

RESUMO

Dentre os vegetais ele gl~,:,cI,-, o ccrrenciM n;] I lha de são Luís - MA, enco~tra-se o CO!uua nlltfté-6pi..catd, r.h.un , vu lga rme n t e conhecido como "chá de Caboclo",de propriedades consagradas n:l mc~icina popular principalmente como anti-an~mico,usado sob a forma de infuso. Devidc <l região maranhense apresentarilll imenso potencial a ser explorado onde esta p lnn t a tie dra naturalmente, este trabalho ob j e t í.vouo estudo da folha e caule do CO,'1di.il II'Ul ({JJp-i..ca-ta quanto aos seus componentes principais, particularmente em relaç~() il0 teor de ferro, visando sua possível utilizição no preparo de medicamento. A an~lise química revelou que a fibra,amido e o fe~ro predominam dentre os componelltes dos 6rgãos vegetais estudados. A folha apr;sentou uma certa superioridHde em ferro em relação ao caule, isto~, 11, 25 ;9,75 mg%, respectivamente.

1 INTRODUÇÃO

o Co/[d-i..a mllLtM p-i..ca-ta, Charn,popularmente conhecido como Cháde Caboclo, é planta nativa daflora brasileira e de grande oco~rência na Ilha de são Luís - MA.As folhas são utilizadas na medicina popular sob a forma de infuso no combate à anemia, fato prQvavelmente atribuido ao teor àeferro existente no vegetal. Devirtudes hepáticas e açao tônicaé empregado também contra tosse,bronquite e gripe. As fibras dacasca sao usadas na fabricação decordas (BALBACH, s.d., p.547). É

predominante de solo argiloso-p~dregoso, ocorrendo em matas, terrenos baldios e beiradas.

de estra

2 CONSIDERAÇÕES BOTÂNICA

2.1 Posição sistemática

De acordo com a literatura estudada ressaltamos a poslção sistemática, ratificado porMARTIUS(1967,p.18), que enfoca Ovegetal na seguinte area abrangente dentro dos vegetais:

* Resultado da pcs qu i Si] ;;"i))"e' o Vé'>.;C'lilÍ CO'1d;a mU{ t.<.J.,p-i..cata, ChelITI

** Professora Anj un t o do Dcptl..1 de F~lrm:ic i ,1 c1<1 r!·~:1A*** Pr o f e s s o r a Adjunto do Dl'i't\' de Fn rm.ic ia (]:1 l','lA****ProfessoraAdjunto do DCl't'} de Tr-c noí og in V,llrica da UF~L~

Cad. Pesq., são Luís, v. 6, n. 2, p. 17-21, jul./dez. 1990. 17

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Divis3.oClasseSub-classeOrdemFamíliLlGêneroEspécie

2.2 SinonímiaDiante de varlOS veg~

tais encontrados na Ilha de sãoLuís, do Estado do Maranhão, destacamos o Condi.a mu.LtLW{cCLta, Cham,comumente conhecido por chá de C~boclQ e Carucaá (BALBACH, s.d.,p.547) .

3 MATERIAL

Utilizamos em nosso trabalho, folha e caule do ec· 'id i cm~p~cata, Cham, coletados nosmunicípios de são Luís e Paço doLumiar na Ilha de são Luís, Estado do Maranhão.

Identificado o vegetal,foi catalogado no Herbário AticoSeabra do Departamento de Farmácia da UFMA, cuja excicata recebeu o nº 131.

O Ccn.di.« /1IaCt-L)p<c«tn,temporte arbóreo, escandescente até3 metros de altura, tronco retoou levemente tortuoso cilíndricOr comumente cresce em forma detouceiras. Entre casca fibrosa no

18

AngiospermaeDicotyledonaeMctachlamydaeTubifloraeBoraginaceaeCordiamultispicata, Cham

tronco e nos ramos. Folhas SlmpIes, alternas, inteiras, sem estípulas, revestidas de cerdas rlgidas, 3-7cm de largura,ovais ouoval lanceoladas. Inflorescênciaterminal e axilar disposta em cicínios. Flor hermafrodita, diclamidea, actinomorfa, pentâmera eandrógina (JOLY,1979 ,p.4 72 ;SCHULTZ,1963, p. 281-282).

Após a coleta a identificaçâo taxonômica,o material decada órgão da planta foi separado e submetido à secagem ao ar,aoabrigo de raios solares e de excesso de umidade. Depois de triturado foi utilizado para os ensaios qualitativos e quantitativos.

4 MÉTODOS

são os seguintes:a) umidade - foi obti

da por dessecação do material embalança adequada - METTLER LP-12e METTLER-160 IV;

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b) cinza - por gravimetria apos incineração a 550QC,na qual foi encontrada proteínas,gordura, hidratos de carbono eamido. Para as proteínas usou-seo fator de conversão 6,25;

c) fibra - por gravim~tria após digestão do material emmistura ãcida na proporção de 30mlde ácido acético a 80% para 3mlde ácido nítrico concentrado.cálc.ic- por complexometria com EDTA.Fósforo - por calorimetria,com ovanadato;

d) ferro - por mêtodoco l.or í.mê+r í.co com o tiocianato depo t â s s i c,

e) alca15ides - foramdeterminacos:

- pelo ensaio de ]vi.ayer-apos ~aceração de folhas e~ saIução de ácido tartárico a 5%;

- por cromatografia emcamada delgada do extrato obtidopor maceração do material na mistura de amónea, etanol e ~ter etílica (5: 2: 2) durante 12horasaproximadamente: o macerado básico foi ?etomado por êter etilicoe a fase etérea foi acidificadacom sol~ção de ácido sulfúricoO, 5N, novamente alcalizada cem hidróxido de amónia e retomada porclorofórmio, que após evaporaçãoã secura deu num resíduo brutocom alcaloides livres. A identificação cromatográfica procedeu-

se em placas de sílica gel G(20 x20cm). O sistema de eluição usada foi Butanona: metanol: agua;hidróxido de amónio 25% (60: 30:7: 3). A visualização foi atravésdo reativo de Dragendorff.

5 RESULTADOS E DISCUSSÂO

Os resultados obtidosencontram-se na tabela seguintee representam os valores médiosde quatro determinaçóes. Verificamas um acentuado teor de fibra,hidratos de carbono e particulaEmente amido, como elementos pr~dominantes no caule e na folha.O conteúdo em amido foi mais elevado no caule, com um valor (44,87g%) que representa em torno de90% da fração glicídica encontrada. A folha apresentou uma certasuperioridade quanto aos percentuais de cinza (11,08g%) ,gordura(20,439%) e proteínas(11,35%) emrelação ao caule.

Encontramos baixos níveis de cálcio e f ó s fc.r o , porémníveis apreciáveis de ferro,pri~cipalmente na folha.

Observamos que o caulee a folha apresentam uma composiçao similar, variando apenas doponto de vista quantitativo.

Não foi possível comp~rar nossos resultados com os de

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outros autores,uma vez que nenhumtrabalho foi encontrado na literatura sobre a composição do·veg~tal.

Sugerimos o cul tivo ade

quado do vegetal que possibilitassc uma melhoria em seus com

poncntes e conseqüentemente asua aplicação como farmacóg~no.

TABELA - Resultados da análise do COftcUQ. mu.tt-u'p-tca;ta,

mg/lOO, de cada órgão vegetalexpressos em

OrgãosDETERMINAÇÃO CAULE FOLHA

Umidade 6,O 6,0Cinza 5,01 ll,08Proteínas 4,12 ll,35Gordura 1,81 5,07Hidratos de carbono 49,86 45,07Amido 44,87 41,37Fibra 33,20 20,43Alcalóides P

cálcio* 1,24 2,30Fósforo* 0,09 0,18Ferro* 9,75 11,25P= Presença* Resultados expressos em mg/JOOg de cada o r gno vcget;Jl

6 CONCLUSÃO

Os orgaos estudados doCoruica: mu..e.wr-ú_ca;ta revelaram uma

boa concentração em fibra e fraçao glicídica com uma predominãQcia de amido, principalmente nocaule.

~ o ferro o elementopredominate dentre os componentesminerais analisados, tendo a fo

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lha uma maior concentração (11,25mg%) .

O Condca muU<...óp.éca;ta a

presentouum composição mineralde certa importância com vistasao seu aproveitamento como farmacógeno, considerando os teoresapreciáveis de ferro encontrados na folha e no caule.

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Constatou-se a presençade alcalóide na folha do vegetalestudado.

SUMMARY

This work has in view thestudy about the leaf and stalk of theCo~diam~pi~ata, Cham,vulgarly Knownas Hillbilly's t ea , according to it I S

principal componentes particu1arythe quantíyof iron and it's utiIities in preparingmedicine to combat anemia. The Chemistryanalysis of this getabIe shows us thatthe fiber, starch and iron predominateamong the components of the organs of thevegetable studied. The leaf showed alarge amount af iron in reIation to thestalk, that is 11, 25 and 9,75% respe~tively.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BALBACH, Alfons. A flora nacionalna medicina doméstica. 23. ed.são Paulo: NVP, s.d. V.2: Plantas medicinais.

BARROSO, Liberato Joaquim. Chavespara a determinação de generosindígenas e exóticos da dicotiledõneas no Brasil. 2.ed. Riode Janeiro: [s.n.] ,1946.V.1.

BUCKUP, Ludwig. Botãnica. 3. ed.Poto Alegre: Sagra,1983. 146p.

HORWITZ, Williarn (Ed.).Officialrnethods of analysis of theAssociation of OfficialAnalytical Chernists.W~n:Association of OfficialAnalytical Chernists, 1980.

JOLY, Aylton Brandão. Botânica:introduçâo à taxonornia veg~tal. 5.ed. são Paulo: Ed. Nacional, 1979. 777p.

SCHULTZ,Alarich R. Botânica sisternática. 3.ed. Porto Alegre:Globo, 1963. V.2.

VON MARTIUS, Karl FriedrichFhilipp. Flora brasiliensis:1840-1906. [S.1.]: Monach etLipsiae, 1967. V.2.

ENDEREço DO AUTOR

MARIA CELESTE MAlA RIBEIRO

Universidade Federal do MaranhãaCentro de Ciências da SaúdeDepartamento de FarmáciaRua 13 de maio - 506 - CentroTeI.: (098) 232-38126S.~ - são LuIs - MA.

Cad. Pe sq ;, são Luís, v. 6, n , 2, p , 17-21, jul./dez. 1990. 21