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Estudos de estrutura e função de Aldeído Desidrogenases envolvidas em sinalização e detoxificação Bolsista Fábio Neves do Amaral Estudante de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco Orientador Prof. Dr. José Xavier Neto/LNBio

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Estudos de estrutura e função de Aldeído Desidrogenases

envolvidas em sinalização e detoxificação

Bolsista Fábio Neves do Amaral

Estudante de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco

Orientador

Prof. Dr. José Xavier Neto/LNBio

Estudos de estrutura e função de Aldeído Desidrogenases

envolvidas em sinalização e detoxificação

Bolsista Fábio Neves do Amaral

Estudante de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco

Orientador

Prof. Dr. José Xavier Neto/LNBio

2011

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, que meus deu as forças necessárias para

sempre seguir em frente em qualquer situação.

Agradeço a todos que me incentivaram a vir para o 20° Programa Bolsas

de Verão, principalmente meus pais, amigos mais próximos, esposa e parentes.

Agradeço aos organizadores do programa pelo excelente trabalho e a

ótima oportunidade que aqui tivemos.

Agradeço a todos que me ajudaram no desenvolvimento deste trabalho,

principalmente a Andrea Balan, Hozana Castillo, Vanessa Rodrigues e Tereza

Cristina, que me acompanharam de perto em minhas atividades e me trouxeram

muito conhecimento.

Agradeço ao Prof. Dr. José Xavier Neto, pela sua orientação neste trabalho

e por tudo que me foi ensinado.

Por fim, dedico este trabalho ao meu filho, Daniel Lira, que mesmo em

minha ausência durante este tempo de trabalho, com certeza desenvolveu um

aprendizado muito maior em relação a sua vida.

Sumário

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................ 3

RESUMO ............................................................................................................................................ 5

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 6

1.1 ÁCIDO RETINÓICO ........................................................................................................................ 6

1.2 ÁCIDO RETINÓICO NO DESENVOLVIMENTO CARDÍACO ......................................................................... 7

1.3 ÁCIDO RETINÓICO NO DESENVOLVIMENTO NEURAL ............................................................................ 7

1.4 ALDHS ...................................................................................................................................... 7

2. HIPÓTESE ................................................................................................................................. 11

3. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 13

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 13

4. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 14

4.1 SUBCLONAGEM DOS GENES BFALDH1A, CIALDH1D E BFALDH1E ................................................... 14

4.2 EXPRESSÃO DE CIALDH2 ............................................................................................................ 18

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................................... 21

5.1 SUBCLONAGEM ......................................................................................................................... 21

5.2 EXPRESSÃO ............................................................................................................................... 22

6. PERSPECTIVAS ......................................................................................................................... 23

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 24

Resumo

As Aldeído Desidrogenases (ALDHs) formam uma superfamília de

proteínas que catalisa a oxidação de uma grande variedade de aldeídos. Muitas

destas proteínas apresentam papéis distintos nos organismos, como exemplo,

ALDH1 e ALDH2. A ALDH1 desempenha um papel fundamental no

desenvolvimento dos sistemas orgânicos de eucariotos, transformando o

retinaldeído em ácido retinóico, que atua como sinalizador celular, enquanto a

ALDH2 degrada pequenos aldeídos tóxicos, tendo assim um forte papel na

detoxificação e proteção.

Estudos mostram que as preferências dessas ALDHs pelos seus substratos

dependem do tamanho do canal de acesso ao sítio catalítico, que varia com a

modificação de três aminoácidos chave. Alguns organismos apresentam

variantes da ALDH1, com estrutura e padrões de expressão semelhantes aos da

ALDH2, sugerindo que ao longo da evolução estas proteínas adquiriram uma

nova estrutura/função.

Para testar a hipótese que a modificação dos aminoácidos chave pode

reprogramar a função de ALDHs envolvidas em sinalização e detoxificação, o

objetivo desse trabalho foi estabelecer a estrutura e função das ALDH1 e 2 e suas

variantes em Branchiostoma floridae (bf) e Ciona intestinalis (ci) e compará-las

com a estrutura e função da ALDH2 destes organismos.

Para isso, foram clonados os genes bfALDH1A, ciALDH1D e bfALDH1E,

enquanto paralelamente foi testada a metodologia de expressão da ciALDH2,

estabelecida com temperatura de 28°C com 6 horas de indução. Esses dados

darão base para a avaliação das ALDHs em relação a sua estrutura/função.

1. Introdução

1.1 Ácido retinóico

O desenvolvimento em boa parte dos eucariotos depende de complexos

sistemas de sinalização celular, que desempenham um papel crucial no

desenvolvimento embrionário. Dentro desse contexto, está a via de sinalização

da qual faz parte o ácido retinóico (Figura 1).

O ácido retinóico (RA) é um derivado da vitamina A e está relacionado

com o desenvolvimento embrionário neural e cardíaco, assim como de outros

tecidos.1, 2

Figura 1 - Cascata de sinalização do Ácido Retinóico (RA). Apenas os principais atuantes desta

via estão demonstrados. Enzimas relacionadas à síntese e degradação de RA estão destacadas nas

caixas pretas (adaptado de CAMPO-PAYSAA et al., 2008).

O papel do RA na biologia do desenvolvimento vem sido amplamente

estudado em modelos animais e supõe-se que ele apresente diferentes

mecanismos de ação entre grupos como invertebrados e vertebrados.2, 4

1.2 Ácido retinóico no desenvolvimento cardíaco

Indícios mostram que a proliferação dos cardiomiócitos e a formação do

coração a nível embrionário é regulada pelo RA, e alterações nos níveis deste

sinalizador podem causar mudanças drásticas no padrão de formação do tecido

cardíaco.5, 6, 7

Um dos pontos principais é a influencia da ALDH1A2 (RALDH2) no

controle dos níveis de RA, uma vez que a alteração nos níveis ou atividade da

RALDH2 causa uma mudança nos níveis de RA circulante, resultando numa

variação inversamente proporcional do numero de cardiomiócitos. Além disso,

os níveis de RA são importantes em outros fatores do desenvolvimento cardíaco,

como a diferenciação do miocárdio e a maturação e crescimento ventricular. 5, 6, 7

1.3 Ácido retinóico no desenvolvimento neural

Há uma possível correlação entre os níveis de ácido retinóico e o

desenvolvimento embrionário neural de alguns grupos de cordados, como os

cefalocordados. Alguns autores também afirmam haver uma relação entre a

sinalização exercida pelo RA e a diferenciação da notocorda, a transição de

cordados invertebrados para os vertebrados na evolução.4

Portanto, entendendo a correlação das funções metabólicas desses

organismos cordados invertebrados com os vertebrados e como se desenvolveu

o processo de sinalização por RA, pode-se obter alguma informação que aponte

as peças chaves deste processo evolutivo.4, 2

1.4 ALDHs

Durante o processo de degradação da vitamina A até o RA em

vertebrados, a etapa de oxidação do retinaldeído a ácido retinóico é catalisada

por uma enzima chamada aldeído desidrogenase 1A (ALDH1A) ou retinaldeído

desidrogenase (RALDH). Existe uma grande variedade destas enzimas, que

formam uma superfamília que se estende aos mais variados organismos. A

estrutura da RALDH é extremamente importante em relação a sua função nestes

e em outros organismos.3, 7, 8, 9, 10

As ALDHs catalisam a oxidação do retinaldeído utilizando o NADP agente

oxidante. Organizam-se em tetrâmeros e sua estrutura monomérica apresenta

um canal de acesso ao sítio catalítico na porção globular livre e uma região de

oligomerização, responsável pela formação do tetrâmero, com quatro porções

globulares livres. (figura 2)8, 9

Figura 2 – Modelo de um monômero da ALDH (a) e sua forma tetramérica (b).Procurar

referencia.

Pesquisas indicam que existem aminoácidos que são responsáveis pela

especificidade das ALDHs ao aldeído que elas catalisam, modificando o tamanho

do canal de acesso ao sítio catalítico, restringindo assim a passagem de grandes

aldeídos em proteínas que tenham esse canal reduzido, como o RA em ALDH2, e

também a permanência de pequenos aldeídos em ALDHs de canal mais largo,

como acetaldeído em ALDH1.9

Desses aminoácidos, três (a.a. 124, a.a.459, a.a. 303) se destacam por ter

um papel mais importante na regulação do volume desse túnel. Basicamente, o

tamanho desses aminoácidos define o tamanho dessa passagem, com os

aminoácidos de cadeia lateral longa obstruindo o canal, no caso da ALDH2, e os

aminoácidos de cadeia curta mantendo-os livres e abertos, como na ALDH1

(figura 3).9

a b

Figura 3 - Estrutura dos tuneis de entrada ao sítio catalítico em ALDH1 e ALDH2, comparados a

dois aldeídos de diferentes tamanhos (Adaptado de SOBREIRA, T. J. P. et al. - 2010).

A modificação no tipo de aldeído catalisado em função da diferença nestes

aminoácidos ocasiona em funções distintas para essas proteínas. A ALDH1, com

seu papel na sinalização celular, e a ALDH2, no papel de detoxificação de

pequenos aldeídos tóxicos.9

Mutações no aminoácido Lys504 por Glu504 em ALDH2 (mutante

ALDH2*2) em humanos, comuns em populações do leste asiático, estão

correlacionadas com o aumento do risco de câncer estomacal quando associados

ao alcoolismo, pois a capacidade de degradar os aldeídos tóxicos gerados na

ingestão alcoólica fica reduzida. O estudo destas mutações mostrou que a

molécula Alda-1 funciona como uma chaperona (Figura 4), retomando a

atividade destas ALDH2*2, com uma eficiência semelhante às formas nativas.

Essa descoberta e o entendimento deste mecanismo de ação podem auxiliar no

desenvolvimento de novos fármacos que recuperem a atividade de enzimas

mutantes.3, 8

Figura 4– Modelo de um potencial mecanismo de ativação da ALDH2*2 através de Alda-1

(PEREZ-MILLER, S. et al. – 2010)

As ALDHs são uma família com sequencias de aminoácidos muito

conservada, sugerindo que tenham uma origem comum. Considerando esse fato,

possivelmente houve uma adaptação estrutural entre essas ADLHs, sugerindo

assim uma reprogramação de suas funções originais.9 Analisando as implicações

práticas, é possível que mutagenizando esses genes nas regiões correspondentes

aos três aminoácidos chave principais supracitados, haverá uma reprogramação

da função baseada nesta modificação estrutural induzida. Ou seja, podemos

induzir mutações no gene da ALDH2, recuperando a função da ALDH1 e vice-

versa.

Em alguns cordados, foram encontrados homólogos da ALDH1, mas

apresentaram características semelhantes a ALDH2 em relação ao padrão de

expressão, que é focalizado nas ALDH1 e disperso nos tecidos nas ALDH2. Elas

apresentam variações em relação ao tamanho do canal, como intermediários

entre as estruturas da ALDH1 e ALDH2 (Figura 5).9

Figura 5 - Filogenia (A) estrutura do canal (B) e expressão (C) de ALDH1/2 em anfioxo

(SOBREIRA, T.J.P. et al. 2011).

2. Hipótese

As ALDHs apresentam um padrão de catálise semelhante, modificado

apenas pelo tipo de aldeído a ser catalisado, utilizando como parâmetro o

tamanho destes. Essa seleção ocorre pelo tamanho do canal de entrada para o

sítio catalítico, que é determinado por alguns aminoácidos chave, dos quais três

são mais importantes. A ALDH1 apresenta subtipos em organismos como Ciona

intestinalis (ci)e Branchiostoma floridae(bf) que se assemelham com a ALDH2 em

alguns aspectos. Estes dados levam a hipótese de que a ALDH2 pode ter uma

origem comum com a ALDH1, sendo que a modificação desses aminoácidos

chave pode ter reprogramado a função desta enzima. Os subtipos da ALDH1 nos

organismos acima podem conter alguma informação sobre essa possível

reprogramação, mas ainda são necessáriosestudos sobre suas estruturas e

funções.

Considerando estes fatos, supõe-se que a modificação dos três principais

aminoácidos relacionados com o padrão de tamanho dos canais de acesso ao

sítio catalítico da ALDHs pode reprogramar as enzimas entre as funções

sinalização e detoxificação, sendo que os subtipos encontrados em C. intestinalis

e B. floridae podem ter relação com essas modificações e ajudem a esclarecer a

evolução das funções dessas ALDHs.

3. Objetivos

Para testar a hipótese que a modificação dos aminoácidos chave pode

reprogramar a função de ALDHs envolvidas em sinalização e detoxificação, o

objetivo desse trabalho é estabelecer a estrutura e função da ALDH2 e das

variantes de ALDH1 em Branchiostoma floridae e Ciona intestinalis e compará-las

com a estrutura e função da ALDH2 destes organismos.

3.1 Objetivos específicos

Sub-clonar os genes ALDH1 de Branchiostoma floridae e Ciona intestinalis;

Expressar, extrair e purificar essas proteínas, assim como as ALDH2 de

Branchiostoma floridae e Ciona intestinalis.

4. Metodologia

4.1 Subclonagem dos genes bfALDH1A, ciALDH1D e bfALDH1E

4.1.1 Vetor de clonagem

O vetor utilizado para realizar a subclonagem foi o pET28a-SUMO (Figura

6), previamente construído utilizando a tecnologia SUMO. Para isso, o vetor

pET28a é clonado com o gene da SUMO, que facilita a expressão, solubilização e

purificação, segundo fabricantes. 11

pET28a SUMO

5632 bp

N-6His

Kan

T7 promoter

lacI

SUM O

C-6His

End

BamH I ( 5092)

ClaI (912)

EcoRI (5098)

HindIII (5117 )

Nco I (47 31)

SmaI (7 31)

XmaI (7 29)

SapI (1920)

NotI (5124)

SacI (5108)

SalI (5111)

XhoI (5132)

NdeI (47 91)

NheI (47 96)

AvaI (7 29)

AvaI (5132)

ApaLI (1489)

ApaLI (1989)

ApaLI (3924)

Figura 6 – Mapa do pET28a-SUMO, com o gene de resistência a kanamicina.

4.1.2 Amplificação dos genes para clonagem

Para amplificar os genes bfALDH1A, ciALDH1D e bfALDH1E, previamente

clonados em vetores comerciais, foram desenhados oligonucleotídeos

direcionais contendo em sua região 5´ o sítio de restrição para a enzima BamHI e

oligonucleotídeos reverso contendo na sua região 3´ o sítio de restrição para a

enzima XhoI. Os genes bfALDH1A, ciALDH1D e bfALDH1E foram amplificados

através de reação em cadeia da polimerase (PCR), utilizando os

oligonucleotídeos abaixo:

Tabela 1 – Oligonucleotídeos utilizados na clonagem dos genes bfALDH1A, ciALDH1D e

bfALDH1E. As regiões destacadas correspondem aos sítios para as enzimas de restrição

correspondentes (BamHI e XhoI)

Foram realizados testes para a melhor temperatura de anelamento, onde

as temperaturas obtidas ideais foram de 60°C para bfALDH1E e ciALDH1D e de

57,5°C para bfALDH1A (Tabela 2).

Desnaturação Anelamento Extensão

bfALDH1A 95°C - 1 minuto 57,5°C - 30 seg. 72°C – 2 minutos

ciALDH1D 95°C - 1 minuto 60°C - 30 seg. 72°C – 2 minutos

bfALDH1E 95°C - 1 minuto 60°C - 30 seg. 72°C – 2 minutos

Tabela 2 – Temperaturas utilizadas na amplificação dos genes bfALDH1A, ciALDHD e bfALDH1E

4.1.3 Gel de agarose

As amplificações foram confirmadas por eletroforese em gel de agarose

1% em tampão TAE.

4.1.4 Purificação dos produtos de PCR

Os produtos de PCR foram purificados usando o illustra GFX™ PCR DNA

and Gel Band Purification Kit, seguindo o protocolo do fabricante.

4.1.5 Digestão enzimática

Foi executada a digestão dos genes amplificados e do vetor pET28a-SUMO

utilizando as enzimas de restrição BamHI e XhoI.

4.1.6 Inativação das enzimas de restrição

As enzimas de restrição foram inativadas por choque térmico a 80°C,

durante 20 minutos.

4.1.7 Ligação dos insertos

Os insertos foram ligados utilizando-se a enzima T4 ligase e as

quantidades de DNA utilizadas foram estabelecidas com a seguinte formula:

A quantidade inicial de vetor era 100ng, mas a proporção inserto/vetor

foi aumentada 5 vezes para melhorar a eficiência da ligação. Esta foi executada a

temperatura ambiente por 1h.

4.1.8 Transfecção dos vetores clonados para células competentes

Os vetores foram transfectados em linhagem de E. coli DH5a

termocompetentes, utilizando o seguinte protocolo:

Incubar 100uL de bactérias competentes adicionadas de 100 ηg de DNA

em gelo por 30 minutos;

Executar choque térmico, 42°C, 45 segundos;

Incubar mais 3 minutos no gelo e adicionar 900 µl de meio LB sem

antibiótico.

Deixar em shaker a 37°C, 200 rpm por 1h.

Centrifugar a 11000 rpm, 30 segundos;

Retirar 900 μL do sobrenadante e ressuspender o pellet no restante;

Inocular em meio ágar-LB adicionado de kanamicina numa concentração

final de 50 ηg/μL, utilizando alça de drigalski;

Incubar em estufa a 37°C, overnight.

4.1.9 Inóculo

Retirar a placa e inocular cada colônia isolada em 3 mL de meio LB

adicionado de kanamicina a 50 ηg/μL, agitando em shaker a 37°C, 200 rpm,

overnight.

4.1.10 Extração do plasmídeo

Após a incubação, foi utilizado para extrair os plasmídeos o kit comercial

Invisorb® Spin Plasmid Mini Two, sendo o DNA plasmidial extraído quantificado

posteriormente no NanoDrop™ 2000c.

4.1.11 Screening de clonagem

O screening de clonagem foi realizado através de digestão enzimática,

utilizando as enzimas de restrição BamHI e XhoI, seguido de eletroforese em gel

de agarose 1%.

4.2 Expressão de ciALDH2

4.2.1 Linhagem de expressão e tecnologia pRARE

A linhagem utilizada para expressão foi a E. coli BL21 pRARE (resistente a

cloranfenicol), que auxilia no melhor desempenho em relação à expressão do

gene.

4.2.2 Transfecção

O gene da ciALDH2 clonado em vetor pET28a-SUMO foi transfectado

através de eletroporação. Posteriormente, foi adicionado de 1 mL de LB sem

antibiótico, incubando em shaker a 37°C, 200rpm, 1h, para a recuperação do

dano causado as células na eletroporação.

A seguir, 200 μL do conteúdo foi retirado e plaqueado com auxilio de alça

de drigalski, em meio LB adicionado com cloranfenicol (34 ηg/μL) e kanamicina

(50 ηg/μL), incubado a 37°C, overnight.

4.2.3 Pré-indução

Após o crescimento, uma colônia isolada é retirada e inoculada em 10 ml

de LB adicionado de cloranfenicol (34 ηg/μL) e kanamicina (50 ηg/μL),

incubados em shaker a 37°C, overnight.

4.2.4 Testes de indução da expressão

Após a realização do pré-indução, foram realizados testes de indução,

para encontrar a melhor relação entre tempo e temperatura de indução.

Para isso, são inoculados 50 μL da pré-indução em 50 mL de meio LB

adicionado de cloranfenicol (34 ηg/μL) e kanamicina (50 ηg/μL). Estes são

incubados em shaker a 37° até atingirem uma densidade optica de 0,5 a 0,6 em

600 ηm .

Nessa etapa, uma alíquota de 1 mL de cada inóculo é retirado, como uma

referência de tempo 0 (T0) da quantidade basal de proteína do gene alvo que

pode ter sido expressa. Essa alíquota é centrifugada a 14000 rpm por 5 minutos

e o sobrenadante descartado. O pellet é guardado a -20 para posterior análise.

Após a retirada da alíquota, 0,1 mM de IPTG é adicionado, e os inóculos

são distribuídos em shakers com as condições abaixo:

Temperatura (°C) Tempo de indução (Horas) RPM

1 37 2 200

2 28 2 200

3 28 6 200

4 18 Overnight (16-18) 200

Passado o tempo de indução, uma alíquota de 1 mL é (T2) retirada como

referência da quantidade de proteína que foi expressa em relação a T0,

centrifugada a 14000 rpm por 5 minutos, o sobrenadante descartado e o pellet

estocado a -20°C. Posteriormente, o inóculo é centrifugado e o pellet é estocado a

-20°C.

4.2.5 Análise da expressão

São adicionados 50 μL de tampão de amostra aos pellets T0 e T2. Em

seguida, foi feita uma eletroforese em SDS-PAGE 12%, onde o padrão de bandas

indica se houve expressão.

4.2.6 Extração

Após a confirmação da extração, foi executada a extração das proteínas do

pellet da indução, seguindo o protocolo abaixo:

Ressuspender pellet em 5mL de tampão A (Tris-EDTA);

Adicionar 25 μL de lisozima (10 mg/mL);

Incubar 30 minutos no gelo;

Sonicar

Centrifugar em microcentrifuga, 10 minutos, 4°, 14000 Rpm

Retirar e guardar o sobrenadante (E1);

Adicionar 0,5 mL de tampão B (tampão A + 2% de Triton X-100);

Sonicar;

Repetir passo de centrifugação;

Retirar o sobrenadante e guardar (E2);

Ressuspender o pellet em 50 μL de tampão A.

4.2.7 Teste de solubilidade

Realizar eletroforese em SDS-PAGE 12% dos extratos 1 (E1), 2 (E2) e

pellet, para verificar se a proteína se encontra em fração solúvel.

5. Resultados e Discussão

5.1 Subclonagem

Os genes bfALDH1A, ciALDH1D e bfALDH1E foram amplificados e

confirmados em gel de eletroforese como mostram as figuras abaixo:

Figura 7 – Resultado da amplificação dos genes ciALDH1D e bfALDH1E (a) e bfALDH1A,

ciALDH1B (b).

As clonagens foram avaliadas através de digestão enzimática, confirmadas

por eletroforese em gel de agarose 1% com exceção do gene ciALDH1B que ainda

não teve seu clone confirmado, como mostrado abaixo:

Figura 8 – Digestão enzimática utilizando as enzimas BamHI e XhoI, confirmando a presença dos

genes de ALDH1, com aproximadamente 1500pb.

Após a confirmação dos clones, quantidades maiores de inóculo foram

executadas a partir do inóculo anterior, para obtenção de mais clones. Depois de

reconfirmada a clonagem, uma alíquota de 500 μL de bactérias foi acrescida de

500 μL de glicerol 30%, para estoque a -80°C.

5.2 Expressão

O gene ciALDH2 foi avaliado quanto à expressão e solubilidade, como

indicam as figuras abaixo:

Figura 9 – Teste de expressão (a) e teste de indução (b) de ciALDH2, onde os quadrados em

vermelho mostram a proteína expressa.

Como se pode observar, a melhor condição de expressão foi a de 28°C

durante 6h de indução. Também houve uma boa expressão na condição 18°C

overnight (dados não mostrados), mas a primeira opção foi a que se apresentou

com tempo de execução mais aproveitável e maior quantidade de proteína

expressa.

Nos testes de solubilidade, foi visualizada a proteína obtida na fase

solúvel. Este dado é importante, uma vez que é necessária a produção solúvel de

proteína para realização de ensaios enzimáticos.

6. Perspectivas

Estabelecidos os parâmetros acima descritos, espera-se dar base para o

prosseguimento do projeto. Com as clonagens preparadas, a próxima etapa será

a preparação dos mutantes, seguindo os mesmos protocolos.

Além disso, conseguindo expressar todas estas proteínas, ensaios

enzimáticos e testes de cristalização podem ser realizados ao surgir das etapas

realizadas.

Com isso, as perspectivas para a continuação desse trabalho são:

Estabelecer a atividade dessas proteínas frente à retinaldeído e pequenos

aldeídos;

Reprogramar as funções de sinalização e detoxificação das ALDHs através

de mutações sítio dirigidas;

Estabelecer a estrutura e função destas proteínas;

Assim realizados, estes dados auxiliarão na compreensão dos mecanismos

que implicam na sinalização celular e na evolução desse sistema.

7. Referências bibliográficas

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