estudos brasileiros 3 - ronald de carvalho

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    RONALD DE CARVALHO

    ESTUDOSBRASILEIROS3? SERIE

    F. BRIGUIET & Cia. EditoresR. S. JOS, 38 Rio de Janeiro1931

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    ESTUDOS BRASILEIROS3." S E R I E

    ^ ; V4th-

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    OBRAS DE RONALD DE CARVALHOP O E S I A

    Luz Gloriosa, 1 9 1 3 ( e s g o t a d o ) .Poemas e Sonetos, 1.* edio, 1919. 2.* edio, 1922.Epigrammas Irnicos e Sentimcntaes, 1." edio, 1922.2.* edio, 1925.Toda a America, 1.* edio, 1926.Jogos Pueris, 1926 (esg otad o) .P R O S A

    Pequ ena Historia da Literatura Brasileira, 1." edio,191 9. 2.* edio, 1 922 . 3 .* edio , 192 5. 4.* edio, 1 9 2 9 .O Espelho de Ariel, 1922 (esg ota do) . Estudos Brasileiros, 1." ser ie, 1924. 2.* edio, 1930.Imagens do Mxico, 1 9 2 9 .Estudos Brasileiros, 2.* se r i e , 1931 .Estudos Brasileiros, 3.* serie, 1 9 3 1 .Baoelais e o Biso do Bcnascimento, 1 9 3 1 .A A P P A R E C E RO Claro Biso dos Modernos.Conferncias.O Imprio do Brasil e a Independncia do Uruguay.A Misso de Lord Strangford na Corte do Eio deJaneiro ( 1 8 0 8 - 1 8 1 6 ) .Itinerrio.Caderno de Imagens.

    O B R A S T R A D U Z I D A SToda Ia America, verso espanhola e prefacio deFranc i sco Vil laespesa . A l e j a n d r o T u e v o . Madr id , 1930.Historia de Ia Literatura Braailtna. Tradueo eprlogo de F . Vi l l aespesa . A le jandro Pu ey o .M a d r k l , 1 9 3 1 . 2 vo lumes .Toda a America, verso i ta l iana, de Prampol ine , in-troduco e notas de A. O. B r a g a g l i a . E d i t o rG. C a i a b b a . Lanciano, l KU.

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    RONALD DE CARVALHO

    E s t u d o sB r a s i l e i r o s3? SERIE

    F. BRIGUIET & Cia. EditoresR. S. JOS, 38 Rio de Janeiro1931

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    A LEGAO IMPERIAL, EMLONDRES, E A MEDIAOINGLEZA, NA GUERRACISPLATINA

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    1. A poltica de Canning

    O capi tu lo mais in te ressante , na h i s tor iadas lu tas pe la posse da Banda Or ien ta l , nose insc reve nos combates de mar e t e r ra , mas ,p r inc ipa lmen te , nos j ogos d ip lom t i cos . Nofoi a energia dos soldados de Laguna, de Bar-bacena , de Alvear , Lavalleja e Rivera quedecidiu o ple i to da Cispla t ina . No foi a bata lha de I tusa ing que acce le rou a paz . Nofoi, t am po uc o, a incu rso de R ivera , pe lasMisses , que pz remate guer ra . O revs doPasso do Rosrio no aba lou o Imprio n e maba teu o an im o de Pe dr o I . D epois da v i -c tor ia , e apesar del ia , o exerc i to de Alvearent rou em decompos io , segundo se co l l igedos prprios depoimentos do chefe a rgent ino .S e m m u n i o , s e m c a n h e s n e m a r m a m e n t ol ige i ro , com as so ldadas em a t razo , desprovi da de rou pa s e f a rd am en to , s o ff rendo vexa -es e en fe rmidades c ru i s , a t r op a de Alvea r pe rdeu o ca rac t e r de coheso e u n i d a d e ,p a r a s e t r a n s f o r m a r n a " m o n t o n e r a " i n d i s c ip l i nada e r eve l .

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    8 ESTUDOS BRASILEIROSI t u s a ing no imped iu a C onveno Gar

    c ia . I tusa ing n o inf lu iu no e sp i r i to delord P o n s o n b y , q u a n d o o m e d i a d o r b r i t a n n i -co ins i s t iu jun to a R ivadavia para que o governo a rgent ino ra t i f i casse o t ra tado de 1827,onde se reconhecia a integrao def ini t iva doterritrio c i s p l a t i no ao do Impr io . ( 1 )Os maiores generaes de toda a campanh a de 1825 -1828 for am Ca nn ing , Po nso nb ye Gordon . A estratgia da chance l la r i a deLondres soube vencer a t ac t i ca dos en t reve-ros pa m pe an os . A pe nn a s ub ti l dos negoc ia dores , no Rio e em Buenos Aires , obteve, afina l , o t r i umpho que a s e s padas no pude ramconqu i s t a r , c ruzando- s e nas coch i lhas .Quem quizer pene t ra r as razes que det e r m i n a r a m a a s s i g n a t u r a d a C o n v e n oPrel iminar de Paz , de 27 de agos to de 1828,p rec i s a pe rcor re r a correspondncia secre tada Legao Imper ia l , em Londres , com o Ministrio dos Negcios Es t range i ros do R io .Depara -nos essa massa de documentos o es pe lho f i e l dos sen t imentos que an imavam oGabine te de S t . J ames , em re lao aos prob l e m a s a m e r i c a n o s .A pol t ica br i tan nic a , a l is , n un ca sof-(1) Cf. Luis Alberto de Htrrera. La Mision Ponsonby.S vols. Miuitcviclco. 1930, item. Correspondncia officialc.ristcnte no Aichivo do Ministrio das Relaes Exteriores.Jiio de Janeiro.

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    ESTUDO S BRASILEIROS 9f reu var iaes , a respe i to da ques to da Banda O r i en t a l . Des de a p r im e i ra invas o por -t ugueza , em 1811 , demons t r a ra lord S t r a n g ford, minis t ro de S . M. B. junto a S . M. F . ,as reservas do seu governo sobre esse del i c a d o a s s u m p t o . ( 2 ) Sua vigi lncia , em ta l passo, torn ou -se to ins is tente , qu e o pr nc iped . Joo chegou a quere r despachal-o do Rio ,m e r c d a s u a " o u s a d i a " Hbil e duct i l ,S t ra ng ford excuso u-se pe ra n te S . A. R ., cont inu an do , en t re ta n to , a segui r , de per to , odesenvolv imento dos successos . E i s ah i por que encont ramos ves t g ios da sua in te rveno at no Armist cio de 1812, concludo pelocorone l R ademak e r , em B uenos A i re s . (No tade 27 de agosto de 1812 do conde de Galveasa l o r d S t r a n g f o r d ) . (3>Vendo, com pers p i cc i a , a poss ib i l idadecrescente de m erc ad os novos , na Am er ica ,pa ra a s s uas i ndus t r i a s , j em grande p ros per idade , os ing lezes t emiam, a qu i , a fo rmao de um impr io , c apaz de domina r quas itodo o Atlntico su l . N o lhes sor r i a , po risso, o advento de um paiz de to vas tos recursos que , a l l i ado a qua lquer nao poderos a da Europa , c r i a r i a , de um momento pa rao u t r o , s r ios embaraos s suas l inhas de na-

    (2 ) Becord O ffice. L onon . F. 0. (180 8 a 1816) .( 3 ) Arehivo do Ministrio das Belaes Exteriores.Mio de Janeiro.

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    1 0 ESTUDOS BRASILEIROSvegao m e r c a n t e . T o r n a v a - s e mister, p o r t a n t o , diff icul tar o cresc imento do Imprioce rceando- lhe , qu an to poss ve l, a s ac t iv ida-des no Rio da P r a ta . N o foi ou t ra , como veremos adean t e , a po l t i c a de C ann ing durant e a gue r ra c i s p l a t i na .

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    2. Os avisos da diplomacia imperial emLondres

    Desde 1824, consoante o Officio Secreton. 1 , de 14 de julho, j os nossos agentes , emL o n d r e s , Felisberto C alde i r a B ran t (depo i smarquez de B a rbacena ) e M anoe l R odr iguesGamei ro Pessoa (mais t a rde baro e v i sconded e I t a b a y a n a ) a n n u n c i a v a m f u n d a d o s r ec e io sde que , na Europa , se v iesse a t ramar cont raa s egurana do B ras i l . R e l a t ando a C a rva lhoMel lo in te ressante conferncia com o mini s t ro de Es t range i ros da Gr-Bre tanha , d izem,no c i tado off ic io:

    " M r . C a n n i n g n o s c o m m u n i c o ute r receb ido par t i c ipao de que Buenos Aires se dispe a fazer a guerra aoB ras i l . Se ap pa rece r a m en or d i spos io hos t i l de Buenos Aires ser indis pensvel d a r - l h e u m a l i o d u r a d o u r a ,t a l qua l , por exemplo , deu a Ingla te r ra D inamarca . Quando r e f l ec t imos nos

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    1 2 ESTUDOS BRASILEIROSpou cos meios de Bu eno s Ai res , e n aimmoralidade de a lgu ns gov erno s daEuropa , nenhuma duv ida s e nos o f f e -rece em crer que ta l projecto de hos t i l idades se ja aconse lhado, e mui bempago pe l a E u ro p a . 0 B ras i l o g igante que se deve acabrunhar , embora sea jude , e favorea , aos P igmeus nossosv i z i n h o s . " ( 1 )

    C onve r s ando , pe l a mes ma poca , o mi n i s t ro da ustria com o M arecha l B ran t ,"p ro fe r iu , no ca lo r da d i s pu t a : "S i 1'Empe-r eu r ne s ' a ccomode pas aux vues des Souve-ra ins de 1'Europe, on le fe ra sau te r en t ro i sm i s " ."O M arecha l , da nd o- lhe a respos ta " tan t p i s pour eux" , a t t r i bu iu e s t r a t a g e m a diplomtico aque l l a espcie de amea a ; mas , combinando aque l l a ameaa com op r o c e d i m e n t o d e m a n d a r d i n h e i r o , e a g e n t e spa ra i n t r i ga r os novos Gove rnos Amer i canos ,e sabendo do pro jec to de Buenos Ai res , que t o louco como o de Pernambuco e Cear(mas que nem por i s so de ixa de re ta rdar acons o l idao do Impr io ) , j u lgamos do nos so dever communicar a v . ex . todas as nossass u s p e i t a s . " ( 2 )(1 ) Archivo do M. aa B. Exteriores. Rio de Janeiro.(2 ) Idem.

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    ESTUDOS BRASILEIROS 1 3Conhecedor das cavi l l aes europas ,

    mais agudas a inda , aps o Congresso de Vien-na , observador sagaz do t abole i ro onde evolu am as peas da Santa Al l i ana , o nossoI tabayana t e r i a , cedo , a conf i rmao dassuas suspe i tas . Se , a pr inc ip io , como se de-prehende do seu Officio n. 46, de 11 de agosto de 1825, no acredi tava que a chancel lar iabritannica apoiasse as pre tenses de BuenosAires , por t e r a mes ma de fend ido , du ran t etrs annos , a res t i tu io do territrio or i en tal a S. M. Cathol ica , depre s s a mudou deco nv ic o. E ' o qu e lem os no Off. Secr . n . 5 ,de 13 de se tembro do mesmo anno, nes tesp a r a g r a p h o s :"Tambm se i que es te Governocom ea a exp ressa r - se acerca da ag-gresso de Buenos Aires de huma m a n e i r a m e n o s favorvel ao Brasi l , affe-c tando grandes rece ios de que o es tadode guer ra com a Republ ica v iz inha noponha em per igo a es tab i l idade do Im

    prio ." H e pe na que es te G overno noque i ra persuadi r - se de que o seu p r p rio intere sse exige que o territrioCisplatino se ja par te integrante da I \ o-n a r c h i a B r a s i l e i r a . . . " (3)(3 ) Archivo do M. das B. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    3. Itabayana suggere um accordo directocom a Espanha e PortugalPercebendo , com a t i l amen to , a f r aquezada nossa pos io, em face dos interesses deLo ndres , s ugge re I t abay ana , no m enc ion adoOffic io n . 5 , qu e , ao rev s de p re ten de rm o sconvencer o gab ine te britannico dos nossosdi re i tos , "devemos ev i ta r a sua in te rvenones ta ques to e abr i r j huma negociao sec re t a com a Es panha pa ra que nos f aa humacesso formal daque l le territrio m e d i a n t ecer ta indemnisao p e c u n i r i a . " Tambml embra que "o territrio de Ol ivena podeser um equiva len te do Cisplatino s e Por tuga lqu i ze r cedel-o E s p a n h a : mas en t o s e rPor tuga l que r ecebe r de ns huma indemni -z a o e m d i n h e i r o "0 gov erno im pe r ia l , todavia , no t inhamais as mos l iv res para ace i t a r o a lv i t re dos eu r ep re s e n t a n t e em L on dr es . J e s t avacompromettido u m mez antes de ser env iad a a pr op os ta de I t ab ay an a , com o governo de S . M. B. , pois sol ic i tara , por Notade 17 de Agosto de 1825, a Carlos Stuart , os

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    1 6 ESTUDOS BRASILEIROSbons of f i c ios da Gr-Bre tanha , pa ra d i r imi ra con t enda com a R epub l i ca das P rov nc i a sUnidas do R io da P ra t a . (1)Recebendo ins t ruces de Carva lho eMello, (Despacho n. 59, de 18 de Agosto de1825), p a r a " c o n f e r i r i m m e d i a t a m e n t e c o mM r . C ann ing e fazer-lhe ver o aper to em quenos t em pos to o compor tamento de BuenosAi re s " , p r o c u r o u I t a b a y a n a c u m p r i r , d a m e lhor mane i r a , o s eu manda to . Dando con tada sua co nv ersa com C an ni ng (Officio n. 63,de 29 de Novembro de 1825) refere GameiroPessoa que ' tendo eu dessa vez cumprido openoso dever que v. ex. me impz, pelo seuDespacho de n. 59, de sol ici tar a intervenodes te Governo, para o f im de evi tar-se humrompimento en t re o Bras i l e Buenos Ai res ,elle (Canning) me dec la rou que havia j em pr eg ad o a lgu m as d i ligenc ias p ar a o pre tendido effe i to , e que cont inuar ia as suas ins tnc ias para o res tabe lec imento da boa harmoniaen t r e esse Imprio e a Republ ica v iz inha"

    Vale aceentuar o tom melanclico do per odo f inal dessa communieaeo, que o seguinte : "Eu conf io pouco na eff icacia des tespromettidos bons Off ic ios : mas . apesar disso,os rec lamei na forma que me fo i o rdenada"I ta ba ya na desenv olve esse concei to desen-(1 ) Archivo do M. das S. Exteriores. Rio de Jant

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    ESTUDOS BRASILEIROS 1 7cantado, sobre a sor te da mediao, no Off i cio Secreto n. 6, redigido um dia depois daconferncia com o mini s t ro de -estrangeirosda Ingla te r ra . So es tas as pa lavras do t ex toc o n f i d e n c i a l :" Pa s s a nd o a t r a t a r de ou t ros ob jec tos ,di re i a v . ex . que na ul t ima conferncia q u et ive com Mr. Canning, e de que dei conta nom eu Officio O stensivo de n. 63, achei-o toparc ia l a favor de Buenos Ai res , que no conf io nada na s incer idade dos bons off ic ios quev . e x . m a n d o u r e c l a m a r , e elle p r o m e t t e upre s t a r -nos . Na mes ma occas i o ap re s en tou-me e l l e a ex t ravagante propos io de abandona r o Imperador a B anda Or i en t a l ao Gove rno de B uenos A i re s med ian t e huma in -demnizao p e c u n i r i a ; e eu combat i t an toes ta propos io, que e l le no ins is t iu nel la ."Es t a man i fe s t a pa rc i a l i dade do Gove r no Britannico por Buenos Ai res , , na minhaop in i o , mot ivada pe l a importncia que el led ao com m erc io des ta na o com aque l leEs tado , t a lvez por se persuadi r que a c idadede Bu enos Ai res co nt in ua r a se r o en t re pos to dos produc tos das r i cas provnc ias doA l t o P e r u ."Eu e s pe ro o con t r a r io ; po rque , que r a sd i tas provnc ias se cons t i tuam em Es tado independen te , e s epa rado , que r s e i ncorporems do Ba ixo-P er , ha de o seu com m erc io

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    1 8 ESTUDO S BRASILEIROStomar a di reco dos Por tos do P e r u , e dePanam , po r a l i a cha r - s e j e s t abe l ec ida anavegao por me io de vapor ."Se j a , po rm, qua l fr a causa da par c ia l idade do Governo Britannico acerca dadominao da B anda Or i en t a l , pa rece -meque , cm vez de sol ic i tarmos a sua interveno nessa contes tao , devemos t ra ta r de prem execuo o p l ano i nd i cado no meu p re cedente Officio Secreto de n. 5, se elle t ivera fo r tuna de merece r a ben igna approvaode Sua Mages tade Imperia l e do Seu p a t r i t ico Minis tr io ." l2)Este admirvel documento , pe l a s v i s t a sque contm, pe la segurana com que es to ind icados a lgun s pr ob lem as pol ti cos e econmicos , pe r fe i t amente ver i f i cados no fut u ro , reve la um al to senso e u m a for te in tui o d a s r e a l id a d e s a m e r i c a n a s . I t a b a y a n aprev , ah i , a f ragmentao do b loco bol iva-r i a n o , o des ti no que a s s um i r i a o P an am ,como cent ro de passagem e d i s t r ibu io dasmatrias p ri m as do Chile , da Bo lvia e doP e r .< 3 ) Observa , por igua l , o d ip lomata b ra -

    (2 ) Aiih'x-0 tio Vinhtirio Jos R. Exteriores. Rio deJiuiril

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    ESTUDOS BRASILEIROS 1 9sileiro a s r a z e s p u r a m e n t e commerciaes emque a s s en t avam os a rgumentos de C ann ing ,a favor da cesso da Cispla t ina s Provnciasd o P r a t a .Declarada a guer ra , i r i am conf i rmar-sea inda mais os t emores do nosso p len ipoten-c iar io , acerca da inf luencia capi ta l que exerc iam, nas directrizes da pol t ica exter ior in-gleza, os gra nd es in te resses m erca nt i s dosexpor t adore s e impor t adore s do R e ino Unido .Pouco an tes do rompimento , j os agentes deBuenos Ai res , com habi l idade e profunda in-telligencia do me io , e s pa lhavam in fo rmaes t endenc iosas cont ra a s i tuao econmica do Bras i l , exaggerando, por meio de es tat st icas fa lsea das , a c ap ac ida de econmicadas P rov nc i a s do P ra t a . O folheto int i tu lado "Not ic ias his tr icas , pol t icas e es tatsticas de Ias Prov nc i a s Unidas dei Rio deIa Pla t a " que ed i tou , em Londres , IgnacioNunez , en t o enca r regado de Negcios a rgent ino junto cor te de St . James , d medida dap r o p a g a n d a f e i t a c o n t r a o I m p r i o .

    I t aba yan a e s t ava s . Tud o con ju ravaco ntra os resu l tad os fe lizes da sua m iss o .De um lado, era foroso vencer as res is tnc ias dos grandes pa izes europeus , no tocanteao r econhec imen to da nos s a independnciae a sua repugnncia em acei tar os mot ivosque expu nh a o gab ine t e imp e r i a l pa ra con-

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    2 0 ESTUDOS BRASILEIROSs e rva r o Es t ado C i s p l a t i no . De ou t ro , e r apreciso conci l iar as susceptibilidades dosagentes da Colmbia e do Mxico, para queelles no cons iderassem com desconf iana aa t t i tude do Imprio dean te das R epub l i ca se s pan ho la s da A m er i ca . Acc re sce , a inda , quea vociferao da imprens a l i be ra l ingleza e rat r e m e n d a c o n t r a n s . D i r i g i d a p e l o T i m e s ' ,g r a n d e p a r t e d a o p i n i o l o n d r i n a c o n d e m n a -va a pol t i ca do Rio , rec lamando medidas coe rc i t ivas , que puzessem o Bras i l no caminhodas conc i l i aes .F o i extraordinria a ob ra de I t abayana ,em taes momentos . Tudo faz ia o nosso re p re s en t an t e pa ra a t t r ah i r a s s ympa th i a s emfavor da nossa causa . Conversava com pol t icos , recebia jornal is tas , d iscut ia com in-dus t r i aes e c o m m e r c i a n t e s , avis tava-se combanque i ros , a ta lhava o t raba lho secre to dosemissrios por tenhos para cont rac ta r of f i -c iaes e comprar navios , met t i a - se em polemicas, por vezes speras , no intui to de rec t i -f icar despropsitos assacados cont ra a suap t r i a . (1)

    (4 ) A misso de Itabayana, em Londres, foi admira-rchnente estudada pe'o sr . Hildebrando A.ceioly, na sua obra:O Reconhecimento da Independncia do Brasil. Rio de Janeiro. Imprensa Xacionol. 1027.

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    4. A inflexibilidade de Canning

    Sab ia , po rm, I t abayana que e ra i m p r o -f icuo o seu labor . Tudo ser ia em vo, comoprevi ra , desde a pr imei ra en t rev i s ta com ochance l l e r b r i t ann i co . Ao lhe t r ans mi t t i reste , em 31 de janeiro de 1826, a not icia deque Sa r ra t ea , enca r regado de negcios d asProvnc ias Unidas , so l i c i t a ra a in te rvenoda Ingla te r ra na ques to c i sp la t ina , no duv idou , um s ins tan te , de que perder amos aBanda Orienta l , se acaso Canning decidissee m u l t i m a i n s t n c i a .No recuou, en t re tan to , em face do es pe rad o des as t r e . E o que m an da d i ze r aovisconde de Santo Amaro, no Off ic io Secre ton. 8, de 19 de fevereiro de 1826:

    "A pa rc i a l i dade des t e Gove rnopelo de Buenos Aires j era to mani fes ta , quando em 14 de Se tembro doa n n o prximo passado di r igi a V. Ex.o meu Officio Secreto de n. 5, que no

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    2 2 ESTUDO S BRASILEIROSf ique i su rpr eh en did o com o receb i mento da Nota pe la qua l Mr . Canningme annunc iou que o Governo de Buenos Aires havia sol ic i tado a mediaodes te Gabinete , para obter a posse daBanda Or ien ta l , pe lo meio amigvelda negoc i ao ."Aprove i te i -me , porm, des ta c i r -cum s tanc i a pa ra ap ro fu nd a r ma i s omeu conhecimento sobre os s inis t rospro jec tos des te Governo re la t ivamente ao menc ionado te r r i t r io ; e emh u m a Conferncia que t ive , u l t imamente, com o referido Ministro de Est a do , disse- lhe que eu no auguravabem do effvito t ia sobredita Nota seeu , transmittindo-a pa ra a minha Corte, como havia fei to, no lhe f izesse.ao mesmo tempo, conhecer quaese ram as idas do Governo Britannicosobre o modo de conclui r a negociao propos ta por Buenos Ai res ; e quelhe pedia instantemente que me fizesse uma revelao, que se tornava indispensvel n o m o m e n t o a e t u a l .

    " D e c l a r o u - m e , ento . Mr . Canningque a opinio des te Governo era quea Banda Oriental fosse ou incorporada a ihienqs Aires, mediante humaindemni-aiio pecuniria dada ao

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    ESTUDOS BRASILEIROS 2 3Brasil, ou erigida em hum Estado Independente, maneira das CidadesHanseaticas, debaixo da proteeo egarantia da Gran-Bretanha."Desde en to a t hoje he i ref le-c t ido mui se r iamente sobre o que odi to projecto envolve de odioso, i m p o -li t ico, e r d u o , e o resu l tado das mi nhas ref lexes he , que es te Governon o p d e , sem de sho nra sua , l evarav ante a execu o de t a l p r o je c to :po rqu e , hav end o e l le t omad o pa r t etanto no Acto Final do Congresso deVienna , que p rome t t eu e ga ran t iu aPor tuga l a res t i tu io de Ol ivena , porpa r t e da Hes panha , como na med ia o es tabe lec ida em Par i s , nos annosde 1818 e 1819, que co nc or do u nosartigos seguintes: 1.) que S. M. Ca-tho lica r est i tu isse Olivena a S. M.F ide l iss im a; 2.) qu e S. M. Fidel iss i -m a en t regu e a B an da Or ien ta l a S. M.C a t h o l i c a , m a n d a n d o Ella uma forasuf f ic ien te para occupar e conservaraque l l e Territrio debaixo da sua dom in a o ; 3.) qu e S . M. Ca thol ica p agasse a S. M. Fidel iss ima as despesasfe i tas com a oc cup ao do refer idoTer r i t r io , no pde rea l iza r o seuiniquo projecto sem exci tar contra s i

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    2 4 ESTUDOS BRASILEIROSos c lamores das Par tes offendidas elesadas , que so as Cortes do Rio deJ ane i ro , M adr id e L i s boa ." M a s , para que es te pro jec toabor te , e se malogre , he mister que astrs r e fe r idas Cortes n o p e r c a m u mm o m e n t o e m u l t i m a r e m e n t r e s i a m i gvel e secre tam ente os negcios daBanda Or ien ta l e Ol ivena ; e que tudoo que en t re ellas a c c o r d a d o fr, ha jade s e r ga ran t ido , quando menos , pe l a scinco Potncias Mediadoras , em cujon u m e r o a c h a - s e comprehendida aG r a n - B r e t a n h a ."Ora , s e a s mes mas Colnias Hes-pan ho la s , que s e t o rn a r am independentes da Hespanha , e se acham pre sentemente em pleno gozo da sua ind e p e n d n c i a , buscam da sua Ant igaMetrpole huma renunc i a fo rma l dosseus ant igos D ire i tos de So beran ia ,pe lo fac to do reconhec imento da Independncia actual de cada uma dei -l a s ; no se i como possa o Governo Imper ia l p resc indi r da formal idade dedil igenciar e obter a Sanco de S. M.Catholica perpetua i n c o r p o r a o d aBanda Orienta l ao Imprio . E se es taformal idade he ind i spensve l , deveser preenchida quanto an tes , e no

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    ESTUDOS BRASILEIROS 2 5r e t a rdada , ab r indo- s e huma negoc i a o secre ta com a Corte de Madr id ,p a r a h a v e r m o s d e l i a a p r e t e n d i d as anco t roca de huma indemniza -o pecuniria em que se encont remas i ndemnizaes , que ella dev ia da r -nos (e deixou de dar) em execuo doT ra ta d o de Pa z de 1777 E s ta he ames ma op in i o que t ome i a l i be rdadede enunciar no meu Off ic io Secre tode n . 5 , em data de 14 de Setembro doanno passado, e que hoje mui respe i t os amen te r e i t e ro , pe l a urgncia d asc i r c u m s t a n c i a s p r e s e n t e s . " (1)

    Conf i rmando, em 20 de maro seguin te(Off ic io Secre to n . 9) , quanto refer i ra a 19 domez an t e r io r , a cc re s cen t a I t abayana que ogov erno de S. M. B . reve lava ago ra m aio rinsistncia n a m e d i a o , e m a n d a r i a L o r dPonsonby ao Rio , "a f im de urg i r es sa Corte econhecer se es t ou no dispos ta a ceder ad i t a P ro v inc i a . " Accus a a m von tade deCanning , pe lo fac to de no lhe haver respond ido Nota com que l he r eme t t e ra um exemp la r do M ani fes to Im pe r ia l , jus t i f i cand o ague r ra con t r a a s P rov nc i a s Unidas . A jun t aque o mini s t ro ing lez "c r imina essa Corte de(1 ) Archivo do M. das R. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    2 6 ESTUDOS BRASILEIROSte r , por meio da guerra ac tual , pos to em con-flicto o pr inc ip io monarchico c o m o d e m o crtico d 'Amer ica : o que faz com in ten to dea t t enuar o in te resse das Cortes do Cont inente por es se Impr io . " No esconde I t abayana , tambm, o receio de que o gabinete deVienna formasse cont ra ns . Parec ia - lhe i s somui to razove l , deante do que lhe havia "as -s az dado a en t ende r " o B a ro de Neumann ,que he rgo d e C a n n i n g "Vol ta a lembrar o expediente do accor-do directo com as Cortes de Madrid e Lisboa,i ns inuando que , nos Tra t ados com a F ranae a us t r i a , "devemos p re t ende r que ellas seobr iguem, em Art igos Secre tos , a t rabalhare m para que ob t enhamos da Es panha a ce s so da Banda Or ien ta l , e a garant i rem essacesso, no caso de a obtermos ."O pa t r i o t i s mo de I t abayana r e s t r i ng iu -lhe, nesse caso, a p e r s p i c c i a . Esse p lano ,que foi du ran te m ui to t em po a sua m elhori l luso, e que chegou a ser communicado aoConde de Por to Santo, em Lisboa, es tar ia fadado a um desastre i r r e m e d i v e l . N e m a E s panha o ace i t a r i a , nem as chance l la r i as dePa r i s e de Vienna lhe da r ia m apoio , po i snada lhes poderiimos offerccer, p r a t i c a m e n te, em troca do inevitvel melindre do eab i -ne l e h r i t ann i co .I t abayana a fe r rava-se . comtudo, a es sa

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    ESTUDOS BRASILEIROS 2 7d e r r a d e i r a e s p e r a n a . A p e s a r d o s a c o n t e cimentos contrr ios , seu espi r i to gi rava emtorno dessas combinaes , bem no es t i lo dap oc a . Ha , na sua correspondncia secreta ec i f rada com o Visconde de Rezende, pleni -po t enc i a r io do Imprio em Vienna , abundantes provas do asser to . Em 15 de abr i l de 1826(Officio secreto n. 1), escreve ao seu collegan a u s t r i a :

    "0 ve rdade i ro aux i l i a r de B ue nos Ai res a Ingla te r ra , que quer dara Montevido a frma de c idade han-seat ica sob a sua proteco, para terella a chave do Rio da Pra ta , comotem a do Mediterrneo e B a l t i co ."M is te r Ca nn ing j me reve loues te in iquo pro jec to ; e eu no t a rde iem communical-o nossa C o r t e . E 'pois , p a r a realizal-o que es te governoqu er se r m ed iad or en t re o Bras i l eB uenos A i re s : e que r sel-o tanto fora , que me int imou que se o Bra

    si l no f izer a paz com Buenos Airesdentro do prazo de se is mezes , isto ,no lhe ceder a Banda Orienta l , a Ing la te r ra se dec la ra r a favor de Buenos Ai res e cont ra o Bras i l ."No e ra de espera r que es ta Corte , t endo com as de Par i s , V ienna ,

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    2 8 ESTUDO S BRASILEIROSB er l im e Pe t e r s burgo r econhec ido , em1819, que a Banda Or ien ta l devia se rres t i tu ida Hespanha quizesse , agora ,que ella o se ja a Buenos Ai res ; porm, a mola da pol i t ica des te gabinete o seu interesse e el le cr que nen h u m a d a s d i t a s Cortes se oppor aos eu p ro j ec to ." R o g o , pois , a v. ex. que t rate deinci tar es ta Corte , fazendo-lhe vr aabsolu ta necess idade que t em o I m p r io para sua consol idao do l imi tedo Rio da P r a ta ; e com o el la noque re r c l a ramen te s e oppr ao p l a no des ta , pea-lhe v. ex. que o faas i m u l a d a m e n t e e metta neste negocioa F ra n a , que n o folga r de vr aIngla te r ra senhora do Rio da Pra ta et r a t a r de con t r a r i a r o d i t o p ro j ec to .Do seu lado, parece o nosso governoque re r t r a t a r de ob t e r da Hes panha acesso da Banda Orienta l , em devendo en t o ns i ndemni s a rmos Por tu gal dessa perda; mas a t agora no setem dad o passo a l gu m . F iq ue , po i s ,v. ex. sciente dis to; mas no o diga aningum para que no venha a sa -bel-o a Ing l a t e r r a . " (2)

    (2 ) Archivo do M. das R. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    5. Itabayana e Ponsonby

    Emquan to o nos s o p l en ipo t enc i a r io , emLondres , t en t ava , num s upremo e s fo ro , de s v i a r a med iao pa ra o en t end imen to com aCorte de M adr id , C ann ing i a ape r t ando a smalhas da sua t e ia d ip lomt ica , seguro desi e da.sua p o d e r o s a i n t e r v e n o . E m 1 5 d em ar o de 1826, I t a ba ya na es teve no "F ore ignOff ice" , onde o chance l le r b r i t annico lhe par t icipou a prxima pa r t i da de Lord Pons onby ,com escala pelo Rio, af im de "confer i r como Ministrio de Sua Majes tade Imper ia l sobrea p r o p o s i o a p r e s e n t a d a p e lo E n c a r r e g a d ode Negcios de Buenos Ai res . " Poucos ins tantes depois de avis tar-se o nosso representante com Mr . Canning , appareceu , na Secre ta r iade E s t ado , Lo rd Po ns o nb y . I t aba ya na j co nhe c ia o Lo rd , a qu em vi s i t a ra . Ca nnin g fa c i l i tou um encont ro en t re ambos , que ve io area l i za r - s e , no d ia im m ed ia to , em casa deI t a b a y a n a . O dip lomata b ras i l e i ro , como se

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    3 0 ESTUDOS BRASILEIROSi n f e r e d o s e u Of f i c io n . 90 , d e 18 d e ma r o ,f o i b a s t a n t e e x p l i c i t o n a s u a c o n v e r s a c o m oL o r d . D e s c r e v e u - l h e o e s t a d o d a s P r o v n c i a sU n i d a s , m i n i s t r o u - l h e d a d o s s o b r e a s u a p r o -d u c o e o s e u c o m m e r c i o , d e f e n d e n d o op o n t o d e v i s t a d o I m p r i o , n a g u e r r a c i s p l a -t i n a . A c c e n t u o u , p r i n c i p a l m e n t e , o dio ex is t e n t e e m B u e n o s A i r e s c o n t r a a frma de gov e r n o d o B r a s i l , j u s t i f i c a n d o a s s u a s c o n c l u s e s c o m a c x h i b i o d e e x e m p l a r e s d o A r-g o s " , de 20 e 2 ! ) de ou tubro de 1825 .

    R e t r u c o u - l h e P o n s o n b y q u e , s e o m o t i v od a g u e r r a e r a m a s i n s t i t u i e s m o n a r e h i e a s ,d e v e r i a r e c e i a r o B r a s i l u m a c o l li g a o c h ef i a d a p o r Bolvar, c u j o s effeitos s e r i a m d eg r a v e s c o n s e q n c i a s . A f f i r m o u - l h e , p o r m ,I t a b a y a n a " q u e a i d a d e u m a l i g a da? d i t a sR e p u b l i c a s c o n t r a o Imprio e r a u m a r i d c u l a q u i m e r a , t a n t o p o r q u e a s d e m a i s R e p u b l i c a s e s t o m a i s o u m e n o s d e s a v i n d a s c o ma d e B u e n o s A i r e s , c t o d a s e s t o e x h a u s t a s d em e i o s e r e c u r s o s , c o m o p o r q u e h a u m a d e c i d i d a r i v a l i d a d e e n t r e o G e n e r a l B o l v a r e oe n f a t u a d o R i b a d a v i a . cpie h e o Regulo p r i n c ip a l d e Bu e n o s Ai r e s . " (Of f i c io n . 90 . de 18de m a r o d e 1 8 2 6 ) .

    D e s p e d i u - s e P o n s o n b y , t e r m i n a n d o aconferncia " d a manei ra m a i s o b s e q u i o s a "S eu j u z o , n o o bs t a n te , e s t a v a f e i to e n o s em o d i f i c o u . Chrgando a o R io , f o i s e u p r ime i -

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    ESTUDOS BRASILEIROS 3 1ro cu idado propor , na ca r ta de 4 de junho, aoVisconde de Inhambuque , a cesso da BandaO r ienta l s Pro vn c ias Un idas , em t roca deu m a i n d e m n i z a o , co r re s p ond en te aos nos sos pr e ju zo s . Reforav a os seus a rg um entos, em favor da devoluo , dec la rando a Provncia Cisplatina de pouquss ima va l i a e ins inuando, como em Londres , os per igos deuma con ju rao r epub l i cana con t r a o I m p r i o . A dialectica de I t abayana se rv i ra , apenas , para cr is ta l izar a inda mais as convicesd o L o r d .Pons onby enca rnava , ne s s e momento , a st rad ies da pol t i ca ex te r ior da Gr-Bre ta n h a . No ced ia u m a po l l egada dean t e docon tend or . Qu and o e st e e s pe rava um a pe quena concesso , depois de a l inhar toda sor tede razes , encont rava o in te r locutor no mesm o logar, na m esm a pos io pr im i t iva , de f end ida com f inu r a , do b rad a de pertinciai r r e s i s t ve l .

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    6. Confirmao das suspeitas deItabayana

    Com a v inda de Gordon, pa ra o R io , ede Ponsonby , para Buenos Ai res , os negciosr e l a t i vos med iao comea ram a s e r t r a t a dos na America , por meio de conversas di -r e c t a s , en t re os gov ernos in te ressa do s e osplenipotenciarios de S . M. B r i t a n ni ca . I t a bayana deixou, por i sso, de inf lui r sobre oas s umpto penden te , l imi t ando- s e a seguil-o,de longe , pe las inform aes que receb ia danossa Corte ou pe las not ic ias i r regula res quepo dia colh er no " F o re ig n Off ice" e nos c rcu los pol t i cos de Londres .

    Sua v ig i l nc i a , en t r e t an to , no d iminu iu ,embora , dia por dia , se convencesse da procedncia de suas suspei tas , quanto ao desfecho do l i t g io . As communicaes do Bio, osdes pach os de In ha m bu pe , de Que luz e deAraca ty i am res t r ing indo, cada vez mais , oshor i zon t e s op t im i s t a s . A ces so do Es t ado

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    3 4 ESTUDO S BRASILEIROSCispla tino avu l tava , com o re a l id ad e pr x i ma, aos seus olhos .

    Ainda em setembro de 1826 (Officio Sec re to n . 18) , t ransmi t t i a o nosso p len ipoten-c ia r io es tas cons ideraes dolorosas : "Es tegoverno t ra ta de f i rmar a sua inf luencia noBras i l , e em Po r tug a l , no m om en to ac tua l,que l he pa rece mui to oppor tuno . Es t mui toazedo com a recusa da cesso da BandaOr ienta l , e pa rece dec id ido a empregar todosos meios inclus ive o de ameaas , para levaradiante o seu plano, que de apoderar-se doporto mi l i tar de Montevido, e da navegaodo R io da P ra t a . Tendo B uenos A i re s humto forte a l u a d o , no pde o Bras i l sahi r -sebem da contenda , seno t ive r apoio da Frana ou Es tados Unidos , e no negociar com aE s p a n h a . " (1)Durante o anno de 1827 ha , na sua corr e s p o n d n c i a , um s igni f ica t ivo s i lencio . AConveno Garc ia no lhe insp i ra o menorcommenta r io . Sua s i t uao , na cap i t a l b r i -tannica , devia ser , ento, mui to d e s a g r a d vel, em vi r tude das con t inua s rec lama es ,nos jornaes e no par lamento , acerca dos pre ju zos causados ao commerc io do Be ino Uni do pelo bloqueio do Bio da Pra ta . Todos osmezes surgiam casos novos , creados pelos

    (1 ) Arehiro do Ministrio das R. Exteriores. Rio deJaneiro.

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    ESTUDOS BRASILEIROS 3 5commandan te s de nav ios i ng l ezes , que des r e s p e i t av am o b loque io da e s q ua dra b ra s i l e i ra , e e r am ap r i s ion ad os pe los vasos deg u e r r a d a m a r i n h a i m p e r i a l .N os pr im ei ro s dia s de 1828 (Officion . 220 , de 10 de j ane i ro) I t abayana previneo Marquez de Queluz de que "o Governo deB uenos A i re s acaba de f aze r banca r ro t a nes t a P raa , dec l a rando o f f i c i a lmen te no pode rpagar os ju ros do seu Emprstimo no p r xim o Se m es t re " Su a sa t i sfao , po r esse fa -cto, no s e r i a , po rm, comple t a . C i r cu l avam,na Ci ty , boa tos assus tadores a nosso respe i to ."Segundo a voz publ ica , dever -se -ha segui r ae s t a banca r ro t a a do B ras i l . " I t abayana r e cus ava ac re d i t a r no p rog nos t i co . " E u confioque o Nosso Magnnimo I m p e r a d o r f a r m a l -lograr-se to s inis t ra predico, e ter a glor ia de sus tentar i l leso o Credi to do Novo Imp r i o , no meio da tormenta f inanc ia l que t emdes t ru do o das novas R epub l i ca s Amer i ca n a s . Es ta g lo r i a con t r ibu i r g randementep a r a a cons o l idao do Im p r io ; po rqu e oCredi to Publ ico he , na poca presente , a molarea l dos E s tad os , e deve ser con serv ado cus ta dos maiores sacr i f c ios ." (2)

    (2) Archivo do M. das B. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    7. ltimos esforos de Itabayana

    Em f ins de abr i l de 1828, ignorando natura lmente as t ransaces de fevere i ro en t reo I m p e r a d o r e G o r d o n , I t a b a y a n a t e n t a u m as uprema ca r t ada , em favor do B ras i l . C onhe cendo os sent imentos de affe io e respei tode Lord S tua r t po r Pedro I , p rocura -o e pede -lhe que p red i s ponha o Duque de Wellingtonp a r a u m a conferncia " s o b r e o m e l h o r m o d ode t e rmina r a menc ionada gue r ra " . (Of f i c ion. 260, de 29 de ab ri l de 1828) T ra z- lh eStuar t , pouco depois , uma propos ta de Wel l i n g t o n " p a r a a s s i g n a r i m m e d i a t a m e n t e e subsperati hum armis t i c io i l l imi tado com o Enca r regado de Negcios de Buenos Ai res "Accrescentou o emissrio que o Duque es ta r i a " p ro m p to a fazer os m aiore s es forospa ra dec id i r o d i t o Enca r regado de Negciosa ass ignar hum ta l a rmis t i c io" O d i p l o m a t abras i l e i ro no hes i tou em dizer a Lord S tuar tque no duvidava sacr i f i ca r - se pe lo bem da

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    3 8 ESTUDO S BRASILEIROSsu a Ptria e a tomar sobre s i a responsab i l idad e de ass igna r o re fe r ido a rm is t i c io .Avis tando-se com o Duque de Wel l ington, a 30 de abr i l , levou- lhe I tabayana umprojecto de conveno, af im de servi r de base d i scusso que dev er ia segu i r - se . Re la tan doesse ep i sdio , esc reve e l l e : "No encont rando no Duque aque l la ba vontade que esperava , e de que Lord Stuar t me t inha esperanado, comece i desde logo a augurar maldo xito do refer ido negocio, e em huma conferncia que t ive pos te r iormente com o mesmo Duque , v i conf i rmadas as mesmas sus p e i t a s : po rqu e t endo Su a G raa confe ridocom Lord Dudley sobre a matria em questo , e ad qu i r ido o con hec im ento (que a tento no t inha) , dos ltimos officios de LordPonso nby , e Mr . Go rdon, reco nhe ceu que ,pelo meu projecto de armis t ic io , obt inha aGr-Bre tanha menos do que j lhe havia s idoconcedido nessa Corte, nas bases offerecidasem 13 ou 16 de fev ere iro des te an n o (isto ,o abandono da P rov nc i a C i s p l a t i na . p a r a h a ver de se r cons t i tu da em hum Es tado Independen te ) , r enunc iou expre s s amente ao i n tento da assignatura do sobredi to armis t ic io ,nes ta ca pi ta l . Es te incide nte no foi de todoinf ru t fe ro para -ns , porque a Ingla te r ra , nanegoc iao pendente en t re o Bras i l e BuenosAires, no tem por objecto a paci f icao dos

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    ESTUDOS BRASILEIROS 3 9dois Es tados Be l l ige rantes , porm, s im, o depr ivar o Bras i l da posse da re fe r ida Provnc ia , em ordem a f i rmar o se p r e d o m n i o n oR i o d a P r a t a . O in ten to he deshones to , masa fora co lora todas e quaesquer deshones t i -d a d e s . " (Officio numero 263, de 7 de maiode 1828) . 1)

    (1 ) Archivo do M. das R. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    8. Itabayana suggere a independnciada Banda Oriental

    Fracas s ados t odos os p l anos de I t abaya na , p a r a r e s o lve r a pe nd nc i a , bu r l a nd o amed iao , ca rac t e r i zada "pe lo e s p i r i t o deparc ia l idade que os mini s t ros de S . M. Br i -t annica t m mani fes tado a favor dos in imi gos de S . M. Imper ia l " l embra o v i sconde , noseu ul t imo officio sobre a questo (Secreton. 2, de 17 de julho de 1829), o seguinte a l-v i t r e : . " sendo a independncia d a B a n d aOr ienta l o ob jec to da guer ra dec la rada porBuenos Aires a esse Imprio , e a condio" s ine qua non" p re t ende a d i t a R epub l i ca f a zer a paz como he expresso na nota de s i rRober to Gordon, em da ta de 21 de abr i l docor rente anno, sou de opin io que a mane i ramais decorosa e r p i d a , pe la qua l o governode S. M. I . , poder obter a paz que tantodeseja , ser fazendo por hum Acto seu o mesmo que fa r ia em vi r tude do Tra tado , que se

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    4 2 ESTUDOS BRASILEIROSconcluisse com Buenos Aires : i s to he , er igindo a B anda Or i en t a l em hum Pr inc ipado afavor de h um a de Suas F i lh as , dand o- lhehu m a C ons t itu io e ins t i tu indo hu m a Regnc i a pa ra r ege r o P r inc ipado , du ran t e a m e-no r idad e da P r inc eza . P a r a i st o bas ta r iaque o nosso go vern o se enten desse da m anei ra a mais secre ta com Laval le ja , e comas au to r idades da B anda Or i en t a l ."Isto fei to, no teria Buenos Aires motivo para cont inuar a guer ra , e quando o seufuror chegasse ao excesso de con t inua l - a , ser i a de cur ta durao , porque as t ropas de Lava l le ja se reuni r i am s Imper iaes e aque l laRepubl ica t e r i a hum maior numero de in i migos a combate r : o que poder ia fazer porm u i t o p o u c o t e m p o ."Des te modo acabar ia a parc ia l Media o Ingleza; e a inda quando es te Governono gos tasse des te desfecho, diss imular ia oseu desgo s to; po rq ue o ac tu al ga binete hemais rea l i s t a do que o precedente , comtudoconvinha que se f ixasse a l inha divisria dosEstados e Lavalleja se offerea um t i tulo eh u m logar na R e g n c i a . " a )O der rade i ro conse lho de I t abayana e raa inda uma i l luso do seu pa t r io t i smo.

    (1 ) Aithica do Ministrio das R. Exteriores. Rio deJaneira.

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    9. Ponsonby confirma as razes deItabayana

    O juizo de I t abayana , t an t a s vezes r epe t ido em seus officios , sobre os moveis occul-tos da pol i t ica br i tannica , em re lao ao l i t g io da Banda Or ien ta l , encont ra r ia p lena conf i rmao em documentos insuspe i tos de fontei n g l e z a . N e n h u m d e p o i m e n t o r e m a t a r i a m e lhor este capi tulo que o officio n. 6, dir igidoao Fore ign Off ice por Lord Ponsonby , em 18de j ane i ro de 1828 . Depara -nos es te pape l desumma importncia t odo o pens amento s e cre to de Ponsonby, o que vale aff i rmar , dacha nce l l a r i a de L on dr es . Depo i s de s e r e fe r i r o p len ipotenc ia r io de S . M. B . , em BuenosAires , a um esboo de pro jec to para formarum sys tema de federao en t re os Es tados l i torneos do Pra ta e do Paran , a f im deas s e gu ra r a l i be rda de do com m erc io , de s dea bocca do esturio a t o Paraguay e a ent r ada do B e rme jo , no Pa ran , s ob a ga ran t i ad a G r - B r e t a n h a , p o n d e r a o L o r d :

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    4 4 ESTUDOS BRASILEIROS"Acredi tam os b ras i l e i ros que uma vez

    senh ores pe rm an en tes de toda a cos ta daAmer ica do Sul , desde o Amazonas ao Pra ta ,e podendo es tabelecer es taes na cos ta afr i cana , pode ro p re jud i ca r s e r i amen te , s enocontrolar , ao sabor da vontade do GovernoImper i a l , o commerc io da Ing l a t e r r a com andia , a China e toda a sia Oriental e o Pac i f i co . Imag inam elles que poder iam fazeri s so com mar inha bas tan te reduz ida , pormeio de c ruzadores , apos tados para se apoderarem de todos os t raf icantes que se aventurassem a rea l izar a t ravess ia sem comboio,de m as iad o d i spend ioso , p a r a se r cont inuam e n t e u s a d o c o m p r o v e i t o .

    "A fa l ta de habi l idade e de valor , ent reos brasi leiros , no offerece motivos de susto , pelo que , i sola da m en te , tentassem ellesfazer contra os di re i tos ou interesses br i tan-nicos, porm, no nos fa l t a r i am r ivaes invejosos , ou in imigos bas tan tes para cont r ibu i r ,se pud essem , p ar a a d im inui o do nossop o d e r .' Se fosse permit t ido aos bras i le i ros incorp ora re m a Ban da O r ien ta l e o R io daPra ta ao seu Impr io , a lm de quanto pos suem, poder iam, em qua lquer t empo, dar fa c i l idades Frana , de ta l na tureza , para a tacar , com vantagem, os interesses mar t imosda Ing la te r ra . E ' sobe jam ente conh ec ida a

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    ESTUDOS BRASILEIROS 4 5m vo n ta de do ac tua l im pe rad or do B ras i lpa ra com a Ing l a t e r r a ; l i be r tou -o , s ua abd i cao da coroa por tugueza , s egundo ac re d i t a e l l e , seno , rea lmente , de grande par te ,t a lvez da maior par te da obr igao de cu l t i va r a amizade da Gr -B re t anha , no i n t e re s s eda seg ura n a pesso a l e de sua fam l i a ; osv ncu los de r e l aes com m erc i ae s pa rece mbas tan tes f rge i s , sabendo-se per fe i t amenteque a s van t agens do commerc io podem as s e g u r a r - s e a u m a n a o , e m b o r a e m g u e r r acom o seu m elh or forn ece do r ; e sua m a g e s -t ade im pe r ia l cap az de fazer crer que aF r a n a p o d e r , c o m f a c i l i d a d e , r e p a r a r t o d a sas pe rdas que r e s u l t a r i am de um des en t end i m e n t o c o m a I n g l a t e r r a .

    "Se o imperador buscasse o auxi l io daFrana e pudesse en t regar - lhe todos os por tos da Amer ica do Sul , a Frana , sem duvi d a , l o g r a r i a a m e a a r d e m o r t e i m m e n s a p o r o do nosso commerc io , por meio de umague r ra mar t ima de depredaes , ne s s a s zo n a s . Os por tos principaes do Bras i l ser iamd e f e n d i d o s f a c i l m e n t e . O va lor e a per c iaf ranceza saber iam guarda l -os , e a d i s tanc ia das ua bas e de abas t ec imen to , augmentaria m u i to as difficuldades de operaes da Gr-Bret a n h a . "

    (1 ) Becord Office. Lonon. F. 0. (1828),

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    4 6 ESTUDOS BRASILEIROSEis ahi , em toda a sua c lareza , as grandes e impe r ios a s r azes que i ns p i r a ram a

    chancel lar ia de Londres , de 1826 a 1828, nol i t g io c i s p l a t i no . I t abayana pe rcebe ra p ro fun dam en te o j ogo do gab ine t e b r i t an n i c o .A m ed iao de Pon s onby no e ra con t r a oBras i l nem cont ra Buenos Ai res . Era a favordos in te resses pol t i cos da Gr Bre tanha .Ponsonby soube defender esses interesses , demodo hab i l i s s imo , vencendo a nica ba t a lhadefinitiva de toda a guer ra c i sp la t ina . (2)

    (2 ) Afim de ilhistrar o asserto, de modo claro c definitivo, convm consultar a docum entao colligida novol. 2." da obra, j citada, de Lus Alberto de Herrera:La Mision Ponsonby.

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    BOLVAR E A COLLIGAODAS REPUBLICASSUL-AMERICANAS CONTRA OIMPRIO DO BRASIL

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    1." A luta pela posse da Banda Oriental

    Um dos episdios mais in te ressantes daslongas e dolorosas lu tas pela posse da Banda Or ien ta l , episdio capaz de se conver te rnum dos cap tu los ma i s dramticos da nossahis toria , foi , sem d u v i d a , o appel lo fe i to pelogoverno das Pro vn c ias U nidas do Rio daP r a t a p a r a q u e B o l v a r interviesse n a q u e l l acontenda , em favor das pre tenses de BuenosA i r e s . (1)F r a c a s s a d a i r r e m e d i a v e l m e n t e a m i s s ode Va len t im Gomes na Corte do Rio de Jane i ro , merc da so lemne repulsa com que fo ir e s p o n d i d o o " M e m o r a n d u m " a p r e s e n ta d ope lo agente a rgent ino , em 15 de se tembro de1823, ao Gove rno Im per i a l , de s vanec i am -s eas esperanas de que o Bras i l devolvesse , porac to espontneo , a Banda Or ien ta l s Prov nc i a s Unidas do R io da P ra t a .(1) Cf. Ernesto Restclli: La Gestion Diplomtica deiGeneral Alvear en ei Alto Peru. Buenos Aires. 1927 .

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    5 0 ESTUDOS BRASILEIROSEm face dos a rgumentos com que Carva

    lho e Mel lo , ento minis t ro dos Negcios Est r ange i ros , r eba t e ra os inslitos rec lamos deValent im Gomes , f i cavam in te r rompidas , demodo def in i t ivo , quaesquer negoc iaes ulte-r i o r e s , acerca do as su m p to . A deciso doGoverno Imper i a l e r a i r r e v o g v e l . Nada poder ia cont rapr -se , com vantagem e jus t i a ,s manifes taes pos i t ivas do Congresso de1821, no qual os deputados or ientaes votarama incorporao do seu paiz ao Brasi l , ass imcomo s del iberaes subsequentes dos habitantes do Es tado Cispla t ino, no tocante aoreconhec imen to da nos s a Independncia e acc lamao do imperador Pedro I . Accres -cen tava C arv alh o e Mel lo , na sua N ota de 6de fevereiro de 1821, "que, a no ser os cons tantes desejos de S . M. Imperia l para most rar ao governo de Buenos Aires o apreoque lhe merece , e no querendo em conseqncia que uma maior di lao na exigidadeciso f izesse d u v id ar del les . p od eria demons t r a r em re s pos t a quo impraticvel eradar uma soluo defini t iva sobre o negocioda res t i tu io de Montevido Provncia deBuen os A ires pelos m esm os pr in cpio s emque S. S. se funda para exigi l-a: pois . fundan-do-se S. S . pr in cip alm en te na vo nta de daI rovineia de Montevido, que deseja e pedea sua separao do Impr io ; e havendo pe lo

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    ESTUDO S BRASILEIROS 5 1c o n t r a r i o t o d a a p r e s u m p o jurdica de queos M ontev ideanos no des e j am s em e lhan t esep ara o , s f i ca r ia em ta l divergncia deopinies , no caso de s incera duvida , e mesmo sendo cer to o d i re i to de rec lamao porpar te de Buenos Ai res , o recurso de consul t a r - s e pub l i camen te a von tade ge ra l do Es tado Cisp la t ino ; recurso , a l i s , desnecessrioe fa l l ive l . D esnec essr io , po r have r -se j conhec ido pe los meios poss ve i s , e s sa vontadegera l , e ser mais plaus vel que se d credi toao Congresso dos Representantes de todo oE s tad o , que em 1821 reso lveu sua inco rpo ra o ao Brasi l e s actas de todos os Cabildosd a c a m p a n h a q u e , s u b s e q e n t e m e n t e , a c c l a -maram e r econhece ram a s ua ma je s t ade , eno m ea ra m e l e it o re s p a r a e lege r dep u tado squ e os rep res en tasse m na Assem bla Gera lBras i l e i ra , que ac redi ta r - se no s imples e ille-gal Cabildo d a nica c idade de Montevido ,que , no meio dos par t idos que uma inf luenc ia es t range i ra a l i p romove , requer a Buenos Ai res uma incorporao que no ado-p tada pe los ou t ros Cabi ldos . Fa l l ive l , por q u e , a inda quando se t ivesse em pouca contaa expre s s o j annunc i ada da von tade ge ra ldos M ontev ideano s a favor da sua incorp orao a es te Imprio , e se pre tendesse consul -tal-os novamente pa ra s a t i s f aze r a s r ec l amaes do governo de Buenos Aires , no podia

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    5 2 ESTUDOS BRASILEIROSis to effectuar-se: 1 . , porque, es tando a campanha gua rnec ida por t ropas b ra s i l e i r a s i n dispensveis segurana e defesa de seus habi tantes , e achando-se , por out ro lado, a c i dade de Montevido occupada mi l i t a rmentepor t ropas por tuguezas , cont ra r ias que l las ,toda e qua lquer dec la rao popula r se reputa r ia mutuamente coac ta e i l l ega l por ambosos par t idos ; e se ent rar ia de novo no c i rculode que ac tualmente o s r . commissar io desejasa ir ; 2., p o rq u e co ns tan te que, se exis tea lgum par t ido no Es tado Cispla t ino a favorde Buenos Aires , do que no l ici to duvidar quando ass im o aff i rma o s r . commissar io , e quando a t em paizes melhor organizados exis tem divergncias de opinies polt icas, tambm cons tante que por causa dalu ta pendente en t re as a rmas que occupama provncia tm-se desenvolvido out ros par t i dos di f ferentes , fomentados pelos inimigosdo Imprio e dos prprios Montevideanos ,como o daq uel les que qu ere m a unio aPortugal e Ingla terra , e o dos que aspi ram independncia absoluta do Es tado Cisplat i no ; os quaes , comquanto pouco numeros ose d i s seminados na gra nd e m assa daque l lesque dese jam, e ju ra ra m m an te r sua incorporao ao Impr io , offerecem comtudo, emsemelhante fe rm enta o , os m aiore s obsta-

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    ESTUDOS BRASILEIROS 5 3culos para consegui r - se a expresso de umav o n t a d e g e r a l l i v r e m e n t e e n u n c i a d a " Os ltimos t e rmos do a r t i cu lado de Car va lho e M e l lo no de ixavam, en t r e t an to , logara fu tu ros en t end imen tos s ob re a controvrs i a : " Se m em bargo , r econ hece ndo S M . Imper ia l a importncia de uma reso luo t e r -m i n a n t e e m negcios des ta na tureza , dese j ando mos t r a r a t odas a s l uzes quan to p r e fe re os pr inc p ios de uma pol t i ca f ranca eve rdade i r a , e j u lgando , pe los ltimos esclarec imentos receb idos , que pode es te governoresponder com segurana e desde j , por s i ,e m s e m e l h a n t e m a t r i a , o rdenou ao aba ixoass ignado f i zesse saber ao d i to commissar io :Que , a inda quando s e cons u l t a s s e novamentea vontade gera l da Provnc ia C isp la t ina , pora lgum meio que S . S . quizesse propor, a i n d aqu an do essa vo nta de se e xpressasse , o queno c r ive i , pe la incorporao , se ja a Buenos Aires , se ja a Por tugal , se ja a out ra qual que r Po t nc i a , no pode r i a o gove rno Imper ia l de ixar de reputal-a um a taque fe i to no

    s aos verdade i ros in te resses do Es tado Cis p l a t i n o , m a s tambm aos d i re i tos adqui r idoscom tantos sacr i f c ios pelo Bras i l ao refer idoE s t ado , po i s que um a conveno s o l emne ,

    ( 2 ) Archivo do M. das R. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    5 4 ESTUDOS BRASILEIROSce lebrada en t re o d i to Es tado e o Imprio doBras i l , a quem foi e mui to onerosa , nopde dissolver-se somente pe lo a r rependi mento de uma das Par tes Cont rac tan tes , mass im pela de ambas; e por tanto, se ver ia obr i gado a defendel -os ." (3>

    (3) Archivo do M. das R. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    2. A attitude do governo de BuenosAires O appello a Bolvar e acolligao contra o Brasil

    Vend o m a l logra do s os s eus propsitosprticos de conqu i s t a r uma pos i o f o r m i d vel no esturio do Pra ta , de f i rmar uma s i t uao estratgica pr iv i l eg i ada e fomen ta r as ua r i queza , pe lo p redomn io de g randesmercados , B uenos A i re s no des an imou , com-t udo , d a e m p r e s a a q u e s e a v e n t u r a r a . R e s is t indo aos seus desejos imper ia l i s tas , ao seut enaz em pe nh o de abs orv e r o Es t ad o C i sp l a -t ino , o poderoso v iz inho do nor te e ra accusa-do, agora , de pe r tu rbador da paz amer i cana ,de co nt in ua do r so le r te da pol t ica eur op a ,de e lemento avesso s idas l ibe raes , que pre p a r a r a m o a d v e n t o d a s d e m o c r a c i a s n o m u n d o n o v o .F a z i a - s e m i s t e r , p o r t a n t o , i n a u g u r a r u m apol t i ca in te rnac iona l de ins t igao cont ra oBras i l , oppressor de povos cas te lhanos , pa -

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    56 ESTUDOS BRASILEIROSdro de ty rannia vergonhosa , merecedor decombate permanente , da par te de todas asRep ubl icas do con t inen te . In sp i ra do em taespreconcei tos , apresentou o governo de Buenos Aires ao Congresso Geral Const i tuinte,(juando f indava o anno de 1824, uma mensagem con tendo tpicos des te qui la te : "El go-b ie rno de Ia Provncia de Buenos Aires hat en t ado los mdios de Ia razn con Ia Cortedei Janei ro, y aunque sus esfuerzos han s idoinef icaces , no desespera todavia . Quizs eiconsejo de amigos poderosos no tardar enhacerse escuchar y a le ja r d ias costas deAmr i ca Ia funes ta neces idad de Ia guerra . 'O governo de Buenos Aires mascarava ,porm, os seus verdade i ros des gnios . O sonho de annexar a Banda Orienta l impel l ia-o,jus tam en te , a pro vo ca r a " fun es ta necessidade da guer ra" . Aque l le conselho de amigos poderosos, a que se refere a mensagemde 1824, era apenas uma formula pol ida ehbil com que se dis farava um rebate belli-coso contra o Imprio , ent re os Es tados sul -a m e r i c a n o s .Do mesmo passo que . em Buenos Aires ,assim se falav a officialm en te, o ut ra s vozesi r r i t adas comeavam a m u r m u r a r p a l a v r a sm ais dec is ivas . Foi po r i sso qu e, a lgu ns m e-zes mais tarde, em 9 de maio de 1825, resolvia o Congresso Geral Const i tu inte das Pro -

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    ESTUD OS BRASILEIROS 5 7vinc ias U nidas do Rio da P ra ta env ia r sProvnc ias do Al to Peru u m a e m b a i x a d apara fe l i c i t a r o genera l Bol var pe la victoriade Ayacucho e , ao mesmo tempo, rogar oseu auxi l io concre to , na ques to da BandaO r i e n t a l .T rans c revemos , adean t e , o t ex to das i n -s t ruces conf iadas , por Las Heras e Manue lJ . Garcia , aos agentes argent inos Car los Alvear e Jos Diaz Vlez , encar regados de t ra t a r do assumpto com o Liber tador , na Colmbia . Depois de incumbi r o s r . Alvear doscumpr imen tos do gove rno das P rov nc i a sUnidas , pe los successos de Ayacucho, escrevem Las Heras e Garc ia , no c i t ado pape l :"Conc lu do esse ac to , o s r . p len ipoten-ciario pedir a S . E. o Liber tador , as conferncias que lhe fr possvel obter , af im dese des ob r iga r dos seguin tes en ca rgo s : E mp r i m e i r o logar, emprega r o s r . p l en ipo t en -c ia r io toda a sua hab i l idade para insp i ra r aS . E . p lena conf iana nos sen t imentos e intenes des te governo , re la t ivamente aos povos pres id idos por S . E . , como, igua lmente ,p a r a o pe r s u ad i r do em pen ho que tem de e s t re i tar suas re laes com os Es tados do Cont i nen t e , p r inc ipa lmen te com os de C olmbia ,Peru e C h i l e ."Em segundo logar , se es forar por demons t ra r a S . E . quanto per igosa , pa ra a

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    5 8 ESTUDOS BRASILEIROSindependncia e l ibe rdade da Amer ica , apol t i ca adoptada pe la Corte do Brasi l , aggra-va da a ind a m ais , ap s a dissolu o da As-sembla do Imprio; como, por igual , a averso com que o Imperador olha as novas Repu bl ica s , e sua decid ida opp os io a tudoquanto possa consol ida l -as . Para prova d i s so c dos princpios que regem aquella Corte,informar o s r . p len ipotenc ia r io , pormenor i zadamente , sobre a conducta ins idiosa comque pre tende usurpar a Provncia Orienta l esobre os passos que tem dado o governo deBuenos Aires para a recuperar , como tambm do estado em que se acha esse negocio.Oue, po r tan to , se r de grand e importnciaes t re i tar as re laes das quat ro Republ icasde Colmbia, Peru, Chile e Provncias Unidas do Rio da Pra ta , para operar de accordo,af im de convencer o Imperador do Bras i l eobrigal-o a vo lver aos seus l im ite s . Que umaint imao, fe i ta em nome das di tas Republ i cas, com o objectivo de deixar a Provncia deMontevido em l iberdade para dispor da suasor te , aff i rmando, cm caso contrar io , usar detodos os meios para l iber ta l -a , far ia grandeelfei to, e muito maior ainda, se fosse acompanhada de um t ra tado def in i t ivo en t re asdi tas R epu bl icas e o Bras i l , ga ran t ido , seassim sr ju lgasse conveniente , pe la Gr-Breta nh a . Aehando-se essa potncia e m p e n h a -

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    ESTUDOS BRASILEIROS 5 9da , ac tua lmen te , em t e rmina r a s pendnciasent re Por tuga l e o Bras i l , na base do reconhec imen to da independncia des te , e no menos empenhada , por mot ivos bvios , em evi t a r , de qua lque r modo , uma gue r ra en t r e osEs tados da Amer ica , e s te governo tem razesp a r a e s t a r pe r s u ad ido de que ap ro ve i t a r i aeff icazmente essa occas io para convencer oImperador do B ras i l da j u s t i a e conven inc ia de reso lver amigave lmente a ques to daBanda Or ien ta l e de es tabe lecer def in i t iva mente os l imi tes do Imprio com as Republ i cas v iz inhas , de mane i ra a a fas ta r , no fu turo ,t odo p re t ex to de gue r ra s e discusses * Q ueuma re s o luo de t a l na tu reza pode r i a s e rmais segura e de bom xi to , aprove i t ando- s ea oppor tun idade da chegada , Corte do Riode J ane i ro , do min i s t ro p l en ipo t enc i a r io daG r- B re tan ha , af im de a ju s tar os l it g iosex i s ten t e s com Por tu ga l e p re p a r a r o r econhe c i m e n t o d o I m p e r a d o r d o B r a s i l .

    "Convindo o genera l Bol var nes ta ida ,f i ca r a ca rgo do E s tad o do R io da Pra tanomear o min i s t ro que , em nome das R epubl icas a l l iadas , v Corte do Rio de Janei roconseguir os object ivos j indicados , f icandoautor izado o s r . Alvear a ace i t a r qua lquero u t r a frma que, a esse respei to , ju lgue maisprpria S . E . o p re s iden t e . Se, por desgraa, no lograsse essa medida o resultado que

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    6 0 E S T D S B R A S I L E I R O S

    de esperar, se trataria, ento, de ajustar,por um contracto especial, o modo por queconcorreria cada uma das Repub licas aluadas para obter, pela fora, a desoccupaoda Banda Oriental."O sr . Alvear se esforar por demons t rar a S . E. que as razes que levam o governo de Buenos Ai res a adopta r o menc ionado p l ano s o : P r ime i ro , ev i t a r uma gue r ra que necessa r iamente deve se r ru inosa paraes te paiz e, ao m esm o tem po , de gra nd etranscendncia pa ra os dema i s Es t ados Amer icanos , no momento em que se in ic iam asre fo rm as de s ua ad m in i s t r a o . Segundo ,quo impor tan te que cada Es tado se es for ce, na medida de sua capac idade , pa ra sus ten ta r por s i mesmo aqui l lo que rec lama suas e g u r a n a e h o n r a . Emfim que , em qua lque rcaso, o que convm que cada Es tado nofaa sacr i f c ios capazes de pre judicar enor-memente os seus interesses , seno na hypo-these em que uma cer teza i r res is t vel es te jamos t rando que o in te resse de todas as Republ icas alliadas exige um pro ced im en to uni forme e decis ivo." (1)

    Recebendo essas ins t ruces , deu-se pressa o plenipotenciario a r g e n t i n o e m p e r g u n t a rao seu governo , no caso "ms que probable"(1 ) Ernesto Restelli. Obra citada.

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    ESTUDOS BRASILEIROS 6 1do Liber tador ace i t a r o pac to , como dever iaf ixar as clusulas do t ra tado de a l l i ana cont r a o B ras i l . E m re s pos t a , communicou-lheManuel J . Garc ia que "a in t imao pde se rm a i s ou m eno s dec is iva e de t e rm ina r m a i so u m e n o s i m m e d i a t a m e n t e u m r o m p i m e n t ocom o im p er ad o r do B ras i l , ou en to f ixa rum es pao de t empo necessrio p a r a p r e p a r a r todos os e lem entos de gu er ra ou p ar aamadurece r negoc i aes de r e s u l t ados s egur o s . No s e r ia p ru de n te , po i s , compromet-te r -se com precipi tao e ent rar , desde logo,na ce lebrao de um t ra tado que , por ou t rol a do , no pode r i a execu t a r - s e com a r ap idezdesejvel , em v i r t ude da s i t uao mes ma dasR epub l i ca s a l l i adas . Descarte, os senhoresministros plenipotenciarios somente deveriamannunciar que, no caso de se firmar um tratado especial para regular o concurso decada uma das Repub licas, a das ProvnciasUnidas cooperaria: Primeiro, com um corpode quatro m il homens, no mnimo, sobre aBanda Oriental; segundo, que o Peru operaria com igual fora; terceiro, que, operandoa Colmbia e o Peru com foras navaes, asProvncias do Rio da Prata dariam uma contribuio em dinheiro; quarto, que tambmpoderiam offerecer algum subsidio s forasterrestres das Republicas alliadas."

    (2) Ernesto Rcstclli. Idem.

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    3. O Gabinete Brasileiro e a am eaada Colligao

    A a rm a de que se se rv ia Buen os Ai rescons t i tu a , no ha negar, a m e a a m u i t o p o n derve l , capaz de produz i r sensao nos res ponsveis pe los des t inos do Bras i l . Ignorando-se, aqui , a s verdade i ras d i spos ies de Bol var , e ra natura l que os boatos pos tos emcirculao pelos agen tes de Bue nos Airestomas s em, de sb i to , vul to bas tan te cons idervel p a r a n . 1 P r e s s i n a r gabinete de SoC h r i s t o v o .Car los S tuar t , e i ?

    o n o R i o d eJa n e i r

    >re la ta , em car ta escripth a J o r e C anning ,min i s t ro dos Negcios E s t r a J 1 e i r o s ^a G n i ~Bre tanha , a 28 de se tembro de 1 8 2 5 ' o s .re~ceios mani fe s t ados pe lo Ministrio b i u . s i l e i r o 'em face da p re t end ida con ju rao . J\etteStuar t que "a not ic ia de que o genera l Bol var offereera ao governo de Buenos Aires

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    6 4 ESTUDO S BRASILEIROSo auxilio das foras qu e acr ed i tasse suff i-c ien tes , pa ra recobrar seu territrio na Banda Or i en t a l , con jun t amen te com a i r rupo ,na f ronte i ra occidenta l do Bras i l , de um corpo de t ropas ao mando do genera l Sucre , nadi reco de Santa Cruz de Ia Sierra e Mat toGrosso , a la rmou tan to o gab ine te b ras i l e i ro ,que os mini s t ros t ra ta ram, mui tas vezes , dechamar a minha a t t eno pa ra e s s e a s -s u m p t o . " (1)Como se deprehende fac i lmente dessedocumento , no cessavam os mane jos pla t i -nos cont ra o Impr io . J , agora , nos Es ta dos LTnidos e na Europa , com espec ia l idaden a Corte de Londres , cor r i am verses inquie -tadoras sobre o prximo ataque de Bol ivar edas Republ icas a l l i adas cont ra as f ronte i rasdo B ras i l .E is abi porque, logo ao chegar Cortedo Bio de Janei ro, escrevia ao visconde deInh am bu pe , m in i s tro dos Negcios E s t r a n ge i ros do Impr io , lo rd Ponsonby , mediadorbr i tannico, em car ta de 4 de junho de 1827:"Mas no d izendo mais nada de Buenos Ai res, peo a V Ex. que lance seus olhos paraa Bol via , e para o mesmo Bol ivar PdeV Ex. negar qual o seu interesse nes te caso?V. Ex. sabe que o governo de Buenos Aires

    (1 ) Jieeord Office. Lond on. F . 0. (182,1)

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    ESTUDOS BRASILEIROS 6 5l h e m a n d o u u m a d e p u t a o , p a r a p e d i r oseu auxi l io na luta , e n o sabe V. Ex . qu ee l le acceder sua requis io? El le l impoutodas a s P ro v nc i a s Sup e r io re s de Tr op asHespanholas tem um exerc i to v ic tor iosopara empregar , o chefe rea l e , de a lgumasor te , a a lma das Republ icas da Amer ica , etem j a l t amente dec la rado a sua opin io sobre a ques to dos di re i tos dos bel l igerantes ,sendo aque l la opin io d i rec tamente hos t i la o s d i r e i t o s r e c l a m a d o s p e l o I m p e r a d o r .Que ha para cohib i l -o , pessoa lmente?

    "No tenho duvida sobre a exce l lenc iadas Tropas Bras i l e i ras , sobre a sua f ide l idade 'ao Im p er ad o r , sob re a sab ed or ia c ivi l, ouper c ia mi l i t a r de S . M. Imper ia l ; mas noposso ser cego ao numero, valor , per c ia eexperincia daq ue l l a s T rop as qu e B o l iva rpode cap i t anea r con t r a E l l e ; nem aos t a l en tos que aquel le chefe tem tantas vezes most r a d o , e que a t agora o hab i l i t a ram a t r ium-p h ar em toda a lu ta e d i f f icu lda de . Nemposso deixar de ver que , nes te caso par t i c u l a r , B o l i v a r t e m u m a i m m e n s a v a n t a g e m ;que el le tem por s i o zelo act ivo e a cooperao certa de todos os espiritos t u rbu l en tos ,que provaram o seu v igor por meio da subverso dos governos exis tentes , e que so osnivcladores dos ou t ros , pa ra que possamelevar-se a s i mesmos, ass im como de todos

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    6 6 ESTUDOS BRASILEIROSos que , ma i s hones t amen te , po rm, ma i s cegamente , p rocuram a sa t i s fao dos seus dese jos no es tabelecimento de uma forma repub l i cana de Gove rno ." E , p o r v e n t u r a , tambm no existemtaes individuos dentro dos l imi tes do Impr io do Bras i l? E Bol ivar os chamar , emv o , em seu so cco rro ? E ' impo ssivel queu m a ou m ais Pr ov nc ias de S . M. Imperia lapresentem symptomas de opin io pol t i ca ,que possa for ar S. M. Im pe ria l a m anda rt rop as p ar a m an te r , a l i, a orde m ? E nopode dar-se o caso de que, mesmo se ellasex ec uta rem f ie lm ente a sua obr igao, deixem S. M. Imperia l expos to aos males resul tantes de uma fora mi l i tar diminuda , emlogar e tempo, aonde e quando se ja e l la maisprecisa ? "

    Em que pese s informaes de Stuar t eCan ning , o Gov erno Im pe r ia l soube manter-se f i rme, em to graves c i rcumstancias .O per igo imminente no aba lou o an imo dosque conduziam as negociaes . E se e l laschegaram a bom te rmo fo i , p r inc ipa lmente ,pe la resistncia opposta s ambies absorventes das provnc ias do Rio da Pra ta .

    (2 ) Arekiro do M. das R. Exteriores. Rio de Janeiro.

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    4.c A recusa de Bolivar

    Bol ivar que , sobre grande guer re i ro , sempre se revelou es tadis ta de gnio , no quizen t ra r na s com bina es de Bueno s Ai res ,mo gr ad o os ins is tentes app el los di r igidospo r A lv ea r . De vrios m odo s se tem p re tendido expl ica r a a t t i tude esquiva do Liber t a d o r .Ha quem aff i rme que as lu tas gravss i m a s , esboadas en to na pol t i ca in te rna daC olmbia , c o n c o r r e r a m p a r a a s u a p r u d e n t ere s e rva , em face das ab e r tu ra s p l a t i n a s .A dea n tam ou t ros que , aps a s j o r na da s deAy acucho, o L ibe r tad or es tava fa r to de cam pa nh as m i l i t a res e dese joso de cu m pr i r oss e u s d e s g n i o s p a n - a m e r i c a n i s t a s .Lendo-se as ac tas secre tas das confe rn c ias rea l i zadas , em Potos i , en t re o Liber tadore os plenipotenciarios argent inos , de ou tubroa deze m bro d e 1825, ver i fica-se c la ra m en te

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    6 8 ESTUDOS BRASILEIROSque Bol ivar ev i tou sempre , com habi l idadem ani fes ta , a s m an ob ra s envo lventes de Alv e a r . S u a s p r o m e s s a s d e a m e d r o n t a r o g ove rn o im per i a l com " u n a que o t r a b rava t ami l i t a r " , seus impulsos de "derribar ei nicot h rono l evan t ado en Amr i ca , y r emonta r dereg re s o Ia corriente dei Amazonas en su marcha t r iunfa l ai t r avs dei cont inente" , seuspropsitos de " caus a r una g rande a l a rma enei J ane i ro" , e r am pura s pa l av ra s s em conseqncia l g i ca . O homem que dec la ra ra ,naque l le famoso banque te de Arequipa , an teo gacho Alvarado, t repando sobre a mesa ,de um sal to, e espat ifando garrafas e victua-l h a s : Asi pisotear Ia Repblica Argentina; oh o m e m q u e soffria no seu pundonor as of-fensas quot id ianas do El Argos, rgo offi-cioso de Buenos Aires , no acei tar ia qualquerconchavo para defender os por tenhos . Comorefere Mit re , no capi tulo "Pol t ica bol iviano-argentina da sua Historia de San Martin,d ur an te o curso das nego ciaes , de Potosi," las dos pol t icas es taban f rente a f rente : Iapla t ina y Ia bo l iv i ana" O) O choque dos doisimper ia l i smo anul lou as ambies das Provncias Unidas do Rio da Pra ta . ' Bol ivar percebeu, natura lmente , que , se acaso favorecesse os planos expansionistas de Las Heras e

    (1 ) Mitre. Hist. de San Martin. Vol. l.

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    ESTUDO S BRASILEIROS 6 9Alvea r , B uenos A i re s manda r i a na Amer i caes panho la , imped indo o adven to daque l l e r e -g i m e n , que Gerv inus denominou " a m o n o -cracia b o l i v a r i a n a "De qua lquer modo, ce r to que a sua a t -t i tude for ta leceu nossa pos io na Amer ica e ,m ais do que i sso , con t r ibu iu p ar a a sa lvagua rda do nos s o pa t r imnio . Se B o l iva r ca p i t aneasse , com o a rdor da sua a lma de caud i l ho f i da lgo , uma con ju rao s u l - amer i canacon t ra o nasc ente Im pr io , t e r i a , poss ive l men te , de r rubado , com o t h rono , a prpriau n i d a d e b r a s i l e i r a . D o s focos de demagog iarepub l i cana , acces os em a lgumas p rov nc i a sdo no r te e do su l , i r ra d ia r ia m po r todo oterritrio do Imprio os des p regados ven tosdo s epa ra t i s mo l a t e n t e . Ao r evs de ap e r t a ros vnculos ent re os seus differentes ncleosprovinciaes o Brasi l se dividir ia , ta lvez, emblocos antagnicos . Essa d iv i so se r ia per i gosa pa z con t inen ta l , p or qu e l an ar ia nor e d e m o i n h o d o s p r o n u n c i a m e n t o s e d a s r e vol tas espanholas as mltiplas e successivasl aba redas de ou t r a s fogue i r a s l u s o -amer i -c a n a s .

    Quem s abe s e B o l iva r no comprehen-deu , n o s en t iu p ro fun da m en te e ss a am ea a? Porque , em verdade , se a obra de es tab i l idade , t raduz ida na d i sc ip l ina imper ia l b ra s i l e i ra , no re inasse nos pr imei ros momentos

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    70 ESTUDOS BRASILEIROSda independncia pol t ica das novas sobera-nias da America la t ina , as nossas jovens democracias ta lvez fossem absorvidas pela tu-tella dos paizes e u r o p e u s . A S a n t a All iana,por exemplo , saber ia re t i ra r o devido par t idodas nossas contendas , e , a pre texto de paci f icar os povos , poder ia ensaiar um sys temade recolonizao , que nos t rans formar ia emfeudos do ve lho mundo .A Col l igao sul -americana contra o Brasi l seria , assim, uma col l igao contra a mesm a l ibe rda de do co nt in en te . Esse a l to serv io pres tou Bol ivar l a t in idade no mundo.Respei tando a integr idade do Imprio , Bol i var soube ver que. na sol idez das suas inst i tuies, es tariam os al icerces de todas as Repub l i ca s da Amer i ca La t ina . '-*

    (2) Cf. llemcrval Lessa: Bolivar r o Brasil, in JornalAro,,, (!maei',es. Bolivar o Brasil, Par i s , 1030 .

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    A B ATA LH A DO PASSO DOROSRIO

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    E ' po nto inco nt rov erso , n a h i s tor ia dePor tuga l , t e rem os d i r igentes do Re ino mani fes tado freqentes vezes a vontade de assentar , na America do Sul , os a l icerces de umvas to impr io , onde , sob a pro teco da Coroa bragant ina , v iesse reflorir, l ivre e desemba raada de quaes que r empeos , a ve lha r aalus i t an a . Os m ane jo s de E s pa nh a , a s i n t r igas dos seus es tad i s tas para se apodera remde toda a pennsu la , o ra pe lo appara to dasarmas , ora por v ia de promessas e conces s es van t a jos a s , punham s empre de s ob re aviso os pol t icos po r tug ue ze s . Refe re oprofundo h i s tor iador da pol t i ca do Pra ta , s r .Alfredo Varela , em sua documentadissimaobra Duas Grandes Intrigas que , aotempo da usurpao cas te lhana , e , na previ so do seu duradouro successo , j a lv i t ra raD . Luiz da Cunha a ida de t ransfer i r o governo por tuguez para o Bras i l , onde , "em vezde ser o re i dos aguadei ros de Lisboa" , poder i a o m o n a r c h a fidelissimo " g r a n g e a r o t h r o -no de um pa i z magn f i co" , r e s gua rdado dasa m e a a s e tropelias dos exrcitos d e F e l i p p e .

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    7 1 ESTUDOS BRASILEIROSS a b e - s e q u e a D . J o o I V o f f e r e c e u a E s p a n h a , e m t r o c a d a f a i x a p e n i n s u l a r , a p o s s e eo d o m n i o d a A m e r i c a l u s i t a n a , a o q u e o p p o zo R e i f o r m a l r e c u s a . M a s , s e m e m b a r g o d et a e s d e c l a r a e s o s t e n s i v a s , d e c l i n a r a t a n t oo p r e s t i g i o d e P o r t u g a l e e r a t o p o u c o d ea m e d r o n t a r o p e s o d a s s u a s f o r a s , c a d a v e zm a i s e n f r a q u e c i d a s d e s d e o sculo XVII , queo prpr io D . J o o I V , c o n s o a n t e o s t e s t e m u n h o s (pie n o s d e p a r a a m e n c i o n a d a o b r ado s r . V a r e l a , l anara " a s a u g u s t a s v i s t a sp a r a o B r a s i l , a f i m d e p r e v e n i r s u a f a m l ia uma r e t i r a d a s e g u r a n o c a s o e m q u e a l g u m s u c c e s s o a d v e r s o , q u e e n t o m u i t o s et e m i a , n e c e s s i t a s s e d e s t e u l t i m o r e m d i o "

    Seguindo P o r t u g a l n a a l h e t a d e I n g l a t e r r a , n o d e a d mi ra r s e v i s s e , p o r ma l d e s e ug r a d o , e e m r e s p e i t o f j u r a d a n o s t r a t a d o s ,e n v o l v i d o n a s c o n t e n d a s a c c e s a s p o r s u a p o derosa a l u a d a , e p o s t o c o m o j o g u e t e e n t ret r a n a e C a s t e l l a . D e s g u a r n e c i d o de h o m e n sd e s t r o s n o s misteres g u e r r e i r o s , e m b o r a a u d a z e s e de b o a t e m p e r a , c o r r o d o p e l o s v c i o sde unia s o c i e d a d e q u e c m t u d o i m i t a v a osdestemperos d a casa r e i n a n t e , m a l b a r a t a n d ocm f o l g u e d o s e f u n y a n a h . s . e m jias e r e p a s -Is siu-c-ulentos o m e l h o r d a s f a c u l d a d e s , d r e -- d o p a r a o s m e s m o s f i s biseivos n o s* w y r e s , m a s o c a r a c t e r , nem o p u l s o v -' " t anoao c f i r m e d e P o m b a l conseguiu r e -

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    ESTUDOS BRASILEIROS /Ofrear-lhe o mpe to da queda em que se des-p en h av a . M or to o g ra nd e M arquez , s en ti uP o r t u g a l a g g r a v a r e m - s e o s s y m p t o m a s d amolstia que , da m ais luzida fidalguia aoma i s des p rez ve l popu lacho , i a queb rando aresistncia e o an im o do po vo . Fo i rpido om inu to da r ea l eza de P om ba l . Aque l l a ene r g ia de qu e deu pro va s , aqu e l la inabalvelconf iana que depos i tou em s i mesmo, aque l l a rude varonilidade com que enf ren tava eresolvia os mais rduos p r o b l e m a s , n o e r a mco i s a vu lga r em s eu t empo . O ouro das Minas Geraes , a pra ta e a pedra r ia das nd ias ,a t t es tando as a rcas da met rpole , cont r ibu r a m p a r a amollecer a f ibra dos herdei ros dosAffonso Henr ique e dos Gama.

    Do sensua l i smo fe l ino de D. Joo V aomaterialismo grossei ro de D. Joo VI, houveape nas a m arc ha p rogre s s iva de um a t a ra ,accrescida ce r t am en te de ou t r a s en fe rm ida des congnitas e peores desordens de educa o . Ora , po i s , quando, ao ra ia r do XIX sculo , Po r tu ga l deu accordo de s i, t roa va m napen ns u l a os canhes de B onapa r t e , e aquilloque perderam lus t ros consecut ivos de ind i sc i p l i n a , desvario e incontinencia no r ecupe ra r i a , por sem duvida , um sur to de improvi sao p a t r i t i c a . Ia rea l izar-se , dessar te , ea in da por m erc das a r m as , a previ so deD . Luiz da C u n h a . A casa de Bra gan a de i -

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    7 6 ESTUDOS BRASILEIROSxava o con t inen t e eu ropeu em demanda daA m e r i c a .No arrefecera de todo, no espi r i to dospor tuguezes , a ambio de a la rgar as conquis tas j fe i t as no novo mundo. Concor r ia paraisso no s o desejo de augmentar a immensarea dos territrios ganhos ao selvicola, mas,t ambm, o t rad ic iona l sen t imento de r iva l i dade que sempre animou os lusos contra seusviz in ho s . A his tor ia dessas lu ta s cont inuasque , t rav ad as na pen nsu la , v inh am repercu t i r nas remotas reg ies su l -amer icanas , um dos captulos mais curiosos da nossa formao . Em l ivro subs tanc ioso , onde es tuda ascausas da ca m pa nh a da C isp la t ina , mos trao illustre genera l Tasso Fragoso, com abundncia de tes temunhos e copiosa critica, ters ido o e lemento mi l i t a r fac tor preponderantena gnese da nac iona l idad e bra s i l e i ra . Era-quanto , nas mesas das conferncias in terna-c ionaes , discu t iam os em ba ixa do res e ass i-gnavam os r ep re s en t an t e s das Coroas de Portugal e Castel la accrdos e con