ESTUDOS ANALISES DE PEDOGÊNESE DOS VÁRIOS SOLOS DE BARRA DO GARÇAS – MT

Luciainy de Sousa Silva1 Graduanda da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). – luciainy@live.com

Luciene Inácio Rodrigues1

Graduanda da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) - Luciene_inacio06@hotmail

Eduardo Vieira dos Santos2 Professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Núcleo de Estudo e Pesquisas Sócio-

Ambientais (NEPSA-CNPq) - edugeo2000@yahoo.com.br

INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve início com a realização de levantamento

bibliográfico sobre os principais tipos de solos que são encontrados no município de

Barra do Garças (MT). Todavia, existe um número reduzido de fontes bibliográficas

sobre o tema desta pesquisa, que encontra-se em estágio inicial de levantamento de

informações.

O município de Barra do Garças encontra-se na porção sudeste do estado de

Mato Grosso, faz divisa com os municípios de General Carneiro, Nova Xavantina,

Torixoréu, Araguaiana e Aragarças no estado de Goiás, possui como vias de acesso a

BR – 070, BR158 - MT100 e GO194.

O estudo da pedogênese e o manejo de solos, é de grande importância para

várias atividades que o homem desenvolve no meio em que está inserido, podendo

então modifica - ló de acordo com suas necessidades, portanto a pesquisa em campo é

de suma importância, além da interferência humana a pedogênese também vai sofrer

com os vários tipos de intemperismo, como o químico, biológico e outros.

Então se faz necessário um aprofundamento no assunto, haja vista que, se

trata de uma região pouco explorada nesta área de pesquisa, além de ser voltada para

agronegócio. Sabemos que a formação geológica é composta basicamente por três tipos

de Formação, Formação Furnas, Formação Vila Maria e Formação Ponta Grossa, alem

dos grupos do Rio Ivaí e Grupo Cuiabá, que nos da uma visão geral do que poderemos

encontrar em alguns pontos específicos do município em si tratando de solo.

OBJETIVO

Com esta pesquisa busca-se demonstrar de forma sucinta alguns tipos de

solos encontrados no município de Barra do Garças (MT). A partir das poucas

referências bibliográficas, e posteriormente observações feitas e dados coletados em

campo, poderemos conhecer um pouco mais sobre a formação geológica, climática e

pedológica e as possíveis transformações que ocorreram e ocorrem de forma natural, em

seu solo e quais serão as causas das ações antrópicas e as suas prováveis consequências,

a essa região num futuro próximo, sem desconsiderar as transformações pedológicas ao

longo do tempo, e para chegarmos a um resultado satisfatório ainda precisaremos de

muitos outros momentos, sendo este aqui apenas o início.

“A posição geográfica, associada a fatores climáticos, geológicos, pedológicos,

fitoecológicos, geomorfológicos e hídricos, condiciona uma grande complexidade

ambiental ao Estado, onde sucedem-se no eixo espacial sul-norte o Complexo do

Pantanal no Sul, as formações savânicas na região Centro-Sul, uma variedade de

ambientes de transição ecológica na região central e, finalmente, as formações

amazônicas no Norte. Associados às políticas públicas e às variáveis socio-econômicas,

que dirigiram os processos de ocupação do Estado, estes vários ambientes

condicionaram, historicamente, diferentes dinâmicas e características do uso e ocupação

do solo” (SEPLAN-MT, 2002).

METODOLOGIA

Antes de analisarmos um determinado tipo de solo é necessário um estudo

prévio da geologia e da geomorfologia da região a ser classificada, pois com este tipo de

pesquisas é possível o melhor conhecimento dos tipos de solos existentes naquele local,

já que este mesmo solo pode ser encontrado na área escolhida para a pesquisa ou em

áreas adjacentes em situações de evolução ou transformação, em nossa região, o que

predomina é a Bacia Sedimentar do Paraná com formação de arenitos. Alem destas

informações outras mais podem contribuir para o andamento dos estudos que serão

realizados, como o clima predominante na região, o tipo de vegetação primitiva ou

secundária, mapas se possível, até mesmo a hidrografia influenciara nesta pesquisa.

Para a realização desta pesquisa buscou-se incialmente a realização de um

levantamento bibliográficos, com buscas em livros, periódicos científicos, que versem

sobre as características geológicas, geomorfológicas, climáticas e pedológicas da área

de pesquisa.

Após o levantamento bibliográficos foi realizada a seleção dos principais

estudos sobre a área de pesquisa e que apresentem maior relevância ao tema proposto,

para que se possa realizar uma caracterização física do município de Barra do Garças

(MT). Também buscou-se a identificação de bases cartográficas que propiciassem a

criação de um mapa dos principais tipos de solos do município para posteriores visitas a

campo com o intuito de confirmar a presença destes tipos de solos no local.

Já se realizou uma visita a campo, apenas para visualizar algumas

características geológicas, geomorfológicas e pedológicas, da área de pesquisa, que

serviram de orientação para posteriores buscas de fontes de informação e também para

posteriores visitas a campo.

Teremos que observar os tipos de intemperismo que possam ter ocorrido e

continuam acontecendo neste espaço, como no caso dos biológicos onde teremos a

presença dos microorganismos atuando tanto na rocha de origem quanto em solo que já

sofreram com a pedogênese, já que em nossa região os deslocamentos de massas

ocorrem geralmente por meio do intemperismo físico, químico e biológico dos blocos

que foram formados em acamadamentos em um processo geológico, os blocos de

arenitos que se desprendem da Serra Azul se fragmentam ao longo de seu percurso não

causando grandes danos.

A forma como chegaremos a este resultado será fazendo pesquisas

bibliográficas, fisiográfica com utilizações de mapas geológicos e geomorfológicos

visitas em loco entre outros.

Quando concluirmos nossos estudos este estará contribuindo como fonte de

referência para outros que possam se interessar pelo tema ou necessite de tal material

para os mais variados usos, seja para entender dinâmica geomorfologia, a geologia ou

ainda saber para que tipo de cultura agrícola determinada área servira, ou ainda que tipo

de interferência será necessária para tornar este solo produtivo, são alguns dos exemplos

que podemos dar ao fazermos um estudo de solo.

RESULTADOS PRELIMINARES

Tendo como base as referências bibliográficas encontradas que tratam sobre o

assunto proposto neste artigo e visita preliminar que foi feita a campo percebemos

vários tipos de solo no perímetro urbano do município de Barra do Garças e seu

entorno.

O solo é um importante elemento ambiental, que compõem o substrato e

controla a maior parte dos ecossistemas terrestres. Cabe ao solo, o fator preponderante

na estratificação paisagística, considerando que os vegetais são responsáveis por

imprimirem à paisagem o seu aspecto peculiar), tendo em vista sua relação com o clima,

a litologia, o relevo e a vegetação, numa percepção edáfica. Sobre o conceito de solo, a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, (1999) afirma que,

É uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e

gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos, que

ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso Planeta.

(EMBRAPA, 1999, p. 5).

As seguintes Coordenadas Geográficas S: 15º 52. 686 W: 52º 14.813, Altitude:

375 Metros, nos leva ao bairro Jardim Amazonas 2 (Bordas do Parque Serra Azul) onde

encontramos a seguinte situação, a estrutura geológica desta localidade formou um solo

de cor clara e de textura pouco argilosa tendo ainda grande quantidade da rocha matriz,

caracterizando a formação de um horizonte de solo C (Saprólio), onde encontramos

material transformado e em transformação, pois são percebidos vestígios da rocha

matriz e um superficial Horizonte A, em alguns lugares teremos Horizonte A sobre

Horizonte R e em outros, somente Horizonte R.

Nesta localidade temos uma geomorfologia que influência no tipo de solo que

encontramos, aja vista que, o relevo é inclinado não possibilitando um processo de

lixiviação e pedogênese mais acentuado e acelerado, apresentando então camadas de

solos finas e em algumas vezes nem mesmo podendo ser considerados perfis de solos,

isso por que a espessura do solo vai determinar que tipos de horizontes encontramos no

local.

Figura 1- Bordas do Parque Estadual Serra Azul. Fonte: Luciene Inácio Rodrigues e Luciainy de Sousa Silva – 2014.

No mesmo bairro porem, com coordenadas diferentes da anterior (S: 15º 2.884,

W: 52º 14.763, Altitude: 373 Metros), percebemos a questão da coloração predominante

em alguns pontos do solo amarelada, este processo também é conhecido como

Mosqueamento ou bioturbação

(coloração diferente), este

processo se da por conta da

instabilidade do lençol freático do

local, que na época da seca

abaixa seu nível e o solo é preenchido

por oxigênio se tornando aeróbico,

(com o ferro sendo trivalente)

sendo assim, o ferro presente neste

solo oxida e a coloração amarelada torna acentuada, e na época da chuva ocorre o

processo inverso, o nível do lençol freático eleva-se e o solo se torna anaeróbicos (o

ferro bivalente), ou seja, deixa de ter uma quantidade elevada de oxigênio diminuindo

assim a oxidação do ferro existente em sua composição, diminuindo a tonalidade

acentuada do solo.

Neste solo percebemos uma maior quantidade de argila e também de silti, na

parte superior temos um possível Horizonte A de coloração mais escura devido a

presença de humos em maior quantidade, sendo esta mais friável que a parte inferior do

perfil de solo “analisado”, a presença de silti em sua composição foi possível perceber

por meio do tato do solo ali observado.

“A cor é um dos principais e mais usados atributos para caracterizar e diferenciar

solos, principalmente por sua fácil e direta visualização, indicando a riqueza em matéria

orgânica e a natureza mineralógica dos óxidos de ferro presentes” (Fernandes et al.,

2004).

Figura 2- Jardim Amazonas 2 (Próximo ao Pronto Socorro Municipal de Barra do Garças). Fonte: Luciene Inácio Rodrigues e Luciainy de Sousa Silva – 2014.

Num terceiro ponto teremos as seguintes Coordenadas Geográficas S: 15 52.247,

W: 52º 16.931, Altitude: 325 Metros. Que corresponde a área do bairro de Vila Varjão \

Via de Acesso ao IFMT (Corte na margem da via). Onde teremos dois tipos de

Horizontes, A e R, porém o que predomina é o R não muito consolidado onde ocorre

solapamento e posteriormente o deslocamento da camada superior que acaba por invadir

a pista de rolamento. Logo abaixo na mesma via encontramos outro tipo de perfil de

solo, isto foi possível perceber devido a coloração deste solo, tendo um Horizonte A

com aproximadamente 2% de matéria orgânica, possuindo uma textura compacta, e o

Horizonte C com características interessantes que é a presença de cascalho

(endocascalhamento (dentro do solo), muito comum no solo do cerrado.

Seguindo numa terceira parada na mesma via, observamos que houve retirada

de material (solo) de forma errada do local, o que vem causando maior dano a vertente

do local, ainda foi possível observar o Horizonte A em formação sobre o material de

origem (Horizonte C), este Horizonte já sofreu vários processo de transformações, (a

coloração diferenciada se deve a transformação dos minerais), este solo não é

apropriado para a agricultura devido à presença de cascalho, em sua superfície

(exocascalhamento), a melhor alternativa é buscar outra atividade que se adéque a este

tipo de solo ou mantenha se a vegetação original.

Figura 3 e 4 - Bairro: Vila Varjão \ Via de Acesso ao IFMT. Fonte: Luciene Inácio Rodrigues e Luciainy de Sousa Silva – 2014.

Em outro ponto da cidade encontramos as seguintes coordenadas Geográficas S:

15º 52.910, W: 52º 17.648, Altitude: 413 Metros (Rua: Abel Lira, Fundos da Rodoviária

de Barra do Garças), que nos leva a um solo que apresenta uma coloração escura

(resquício de organosolo) em uma área de topografia côncava existindo presença de

cascalho sendo que, o Horizonte A é antrópica (trabalhado pelo homem), transferindo o

Horizonte A para o Horizonte abaixo com o objetivo “equivocado” de fertilização deste

solo, haja vista que, o adequado seria o plantio direto.

No bairro Tamburi (Coordenadas Geográficas S: 15º 53.336, W: 52º 17.878,

Altitude: 325 Metros) encontramos um Horizonte que apresenta uma coloração bem

escura, com maior teor de matéria orgânica, pois está próximo ao curso de água, o que

proporciona a produção de massa orgânica em maior quantidade nos dando um

Horizonte A de aproximadamente 50 cm, o Horizonte B sub sequente é relativamente

coeso possuindo cascalho, sendo que nesta localidade a ação antropica esta presente.

MT 100 (sentido a cidade de Torixoréu, Coordenadas Geográficas S: 15º

57.655, W: 52º 17.549, Altitude: 295 Metros), neste ponto existe um processo difuso

por conta da lixiviação, tendo Horizonte A com interferência antrópica, seguido de

Horizonte C aluvial, que possui pouca argila cerca -16% e muita areia, sendo

possivelmente um Neossolo quartzarênicos (areia e quartzo(ele não tem o mínimo de

argila para ser considerado um Horizonte B). Isso foi percebido pelo atrito de amostra

deste solo entre os dedos.

Na mesma localidade já citada anteriormente, porem em um ponto diferente

(Coordenadas Geográficas, S: 15º 5931, W: 52º 18.563, Altitude: 350 Metros), temos

uma rocha sedimentar com uma boa quantidade de ferro, e pela observação feita em

loco chegamos a conclusão de que a formação dessa rocha se deu em um momento este

material estava rico em ferro e sofreu pressão formando rocha, e teve uma leve

ondulação que se deu com os processos pedogenéticos, que atuaram nestas rochas no

período de suas formações, percebemos Horizontes R, C e talvez D, com cores

avermelhadas, amareladas e acinzentadas, sendo arenoso, e só é possível fazermos esta

analise e entender que por que da cor amarelada por que conhecemos o material de

origem. Neste ponto também percebemos o processo de mosqueamento e ao cavar o

interior do horizonte C (goetita), em alguns lugares deste local a pedogênese não atuou

com tanta intensidade por conta da estrutura friável do solo ou sua dureza.

Continuamos na MT -100 (sentido a cidade de Torixoréu Coordenadas

Geográficas, S: 15º 59.733, W: 52º 19.331, Altitude: 391 Metros), adentrando o cerrado

próximo a rodovia, tentando encontrar o horizonte O, porém este não foi percebido, pois

observamos pouco material em decomposição, pouca umidade e a serrapilheira, não

sendo suficiente para ocorrer o horizonte O, já que se trata de uma área de cerrado

stricto sensu, com características de árvores tortuosas, baixa fertilidade natural e alto

teor de alumínio, possivelmente neossolo litólito ou cambissolo talvez.

Segundo a EMBRAPA (2006), os Cambissolos são constituídos por material

mineral com horizonte B incipiente, subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial,

exceto o hístico com 40cm ou mais de espessura, ou aqueles com horizonte A

chernozêmico, quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e saturação por

bases altas. Na classe de Cambissolos, pode-se distinguir o Húmico, o Flúvico e o

Háplico.

Através da correlação entre camada litológica, o relevo e o clima pode

formar diferentes classes de solo, configurando-se como o principal responsável pela

diferenciação paisagística da vegetação. Desse modo, nas áreas de Cambissolos podem

ocorrer o Cerrado Típico, o Cerrado Ralo e o Cerrado Rupestre (RIBEIRO; WALTER,

2008). Nas áreas de Latossolos podem ocorrer o Cerradão, o Cerrado Denso e o Cerrado

Típico (RIBEIRO; WALTER, 2008).

No último ponto de observação nesta localidade (sentido a cidade de Torixoréu

Coordenadas Geográficas, S: 16º 00.269, W: 52º 19.981, Altitude: 338 Metros),

percebemos uma vereda foi possível observar um Organossolo bastante úmido apesar de

conter muita areia, é um ambiente anaeróbico, pois possuí ferro e alta umidade, outra

característica deste ambiente é a água límpida.

Figura 5 – Principais tipos de solos encontrados no município de Barra do Garças (MT). Fonte:Eduardo Vieira dos Santos - 2014.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou - se com estes estudos que o município de Barra do Garças tem um

vasto campo pedogênico a ser explorado, e que se faz necessário mais frentes de

pesquisa sobre o assunto.

Percebemos com os estudos prévios que a ação direta do homem em conjunto

com a dinâmica natural do meio ambiente permite constantes transformações dos perfis

de solo, em alguns casos estas dinâmicas prejudicam a analise do tipo de solo presente

em determinados locais.

Vários podem ser os impactos na pedogênese local causados pela ação antropica

e natural como os deslocamentos de blocos de arenitos da Serra Azul, simples erosões

ou grandes voçorocas, solapamentos das encostas e tantos outros problemas.

FERÊNCIAS

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