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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA EDILAINE VALÉRIA DESTEFANI REGIME HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR M aringá 2005

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE M ARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUM ANAS, LETRAS E ARTES PROGRAM A DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

M ESTRADO EM GEOGRAFIA

EDILAINE VALÉRIA DESTEFANI

REGIM E HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR

M aringá 2005

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EDILAINE VALÉRIA DESTEFANI

REGIM E HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, Área de concentração Análise Regional e Ambiental, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Estadual de M aringá, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Edvard Elias de Souza Filho Co-orientador: Prof. Dr. José Cândido Stevaux

M aringá 2005

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Dedico este trabalho

Aos meus pais Estefano Destefani e Elza Miloch Destefani

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Edvard Elias de Souza Filho, meus sinceros agradecimentos pela orientação demonstrada na elaboração deste trabalho e pela amizade durante os anos de graduação;

Ao professor José Cândido Stevaux pela amizade e conhecimentos transmitidos nas orientações;

Á CAPES pela concessão da bolsa, que permitiu a mim, tempo integral de dedicação para os estudos e sem a qual não seria possível atingir meus objetivos acadêmicos;

A Andrelina Laura dos Santos, funcionária da Agência Nacional de Águas - ANA , a M ário Sérgio Fernandes funcionário da ITAIPU BINACIONAL e a Edson Nagashima Sakae funcionário da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental - SUDERHSA, pela atenção e fornecimento dos dados e informações hidrológicas do rio Ivaí;

Aos professores Drs. Paulo Fernando Soares e Astrid M eira M artoni do Departamento de Engenharia Civil , pelas discussões e orientações no tratamento das informações hidrológicas;

Aos secretários Adamir, João e M iriam do Departamento de Geografia e Aparecida da secretaria do Programa da Pós-Graduação, pela atenção e atendimento nos trabalhos burocráticos;

A técnica do laboratório de sedimentologia do GEM A, M aria M oraes pela orientação, cooperação e paciência na instrução das atividades laboratoriais que não foram aplicadas no desenvolvimento desse trabalho mas, outros anteriores que me guiaram para este caminho;

Aos amigos e colegas do Grupo de Estudos M ultidisciplinares do M eio Ambiente (GEM A) – pela amizade, discussões científicas, conhecimentos transmitidos e pelos momentos de descontração;

As minhas amigas Claudia Priori, M arlene Aparecida Bossi, Lígia Cristina Turozi, Patrícia de Sousa, Rose Batalioto e Telma Batalioti, pela grande amizade, carinho, companheirismo, risos, conselhos, incentivos e por comporem minha família durante toda a minha caminhada acadêmica;

Ao meu irmão Emerson M ário Destefani, que é um exemplo de determinação e atitude, meu agradecimento pelo afeto e carinho;

Um agradecimento todo especial ao meu esposo Leandro César Cunha, meu grande amor, que me acompanhou durante essa trajetória e a tantas outras que engendraram a esta, seu carinho, companheirismo e dedicação oferecidos, a compreensão nas horas que tive que estar ausente

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para dedicar-me aos estudos, o seu incentivo que me impulsionou nos momentos difíceis, me fez mais forte para vencer os desafios e conquistar a vitória;

Aos meus pais Estefano Destefani e Elza M iloch Destefani a quem dedico não apenas este trabalho, mas agradeço por toda a educação, dedicação, carinho, amor, afeto... meus exemplos de força, coragem e determinação, toda a minha gratidão e amor...

E finalmente a Deus... Àquele que não existem palavras suficientes para agradecer...

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SÚMARIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11

2 REGIME HIDROL ÓGICO: AL GUMAS CONSIDERAÇÕES..................................................13 3 CONCEITOS, MÉTODOS E TÉCNICAS UTIL IZADAS PARA A ANÁ L ISE,

CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DO REGIME HIDROL ÓGICO DOS SISTEMAS FL UVIAIS ..........................................................................................................................14

4 PESQUISAS DESENVOL VIDAS SOBRE O ESTUDO DO REGIME HIDROL ÓGICO..............18 5 A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IVAÍ : ÁREA DE ESTUDO............................................20

6 CARACTERI ZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.......................................................................21 6.1 Geologia/geomorfologia da bacia hidrográf ica do rio Ivaí..................................................21 6.2 O padrão de canal do rio I vaí.........................................................................................24 6.3 Algumas considerações sobre a hidrodinâmica do sistema rio Ivaí......................................27 6.4 Clima..........................................................................................................................27 6.5 Vegetação natural.........................................................................................................29 6.6 Histórico de ocupação e uso do solo: o caso do desmatamento ............................................30

7 PROCEDIMENTOS METODOL ÓGICOS.............................................................................33

7.1 Monitoramento das vazões e rede hidrométrica................................................................34 7.2 As estações de monitoramento das vazões do rio Ivaí ........................................................35

8 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................... 38 8.1 Variabili dade das vazões: periodicidade e estacionariedade...............................................39 8.2 Freqüência e curva de duração do f luxo..........................................................................40 8.3 Recorrência .................................................................................................................41

9 O REGIME HIDROL ÓGICO DO RIO IVAÍ ..........................................................................42 10 FREQÜÊNCIA E PERMANÊNCIA DAS VAZÕES NO CANAL FL UVIAL...............................50

11 AS VAZÕES DE ELEVADA MAGNITUDE ...........................................................................56 11.1 As cheias do rio Ivaí......................................................................................................57 11.2 Recorrência das cheias.................................................................................................. 63 11.3 Caracteri zação das ondas de cheia..................................................................................65

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 85

REFERÊNCIAS..................................................................................................................87

ANEXO..............................................................................................................................92

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da área de estudo..................................................................................20 Figura 2 - Unidades geológicas da bacia hidrográf ica do rio Ivaí ............................................22 Figura 3 - Perf il longitudinal do rio Ivaí ...................................................................................23 Figura 4 - Perf il transversal - seção Rio dos Patos...................................................................25 Figura 5 - Perf il transversal - seção Tereza Cristina.................................................................25 Figura 6 – Perf il transversal – seção Porto Espanhol................................................................26 Figura 7 - Perf il transversal - seção Ubá do Sul .......................................................................26 Figura 8 - Perf il transversal - seção Vila Rica..........................................................................26 Figura 9 - Perf il transversal - seção Porto Bananeira................................................................26 Figura 10 - Perf il transversal - seção Porto Paraíso do Norte...................................................26 Figura 11 - Perf il transversal - seção Novo Porto Taquara.......................................................26 Figura 12 - Precipitação média na bacia hidrográf ica do Ivaí ..................................................28 Figura 13 - Desvio padrão dos valores de precipitação na bacia hidrográfica do Ivaí .............29 Figura 14 - Declividade do terreno na área da bacia hidrográfica do rio Ivaí ..........................49

LISTA DE FOTOS

Foto 1 - Rio Ivaí na seção de Porto Paraíso do Norte, segmento médio – (fase de cheia) .......24 Foto 2 – Estação fluviométrica de Porto Paraíso do Norte – segmento médio.........................36 Foto 3 – Vista parcial dos lances de réguas – estação Porto Paraíso do Norte no rio Ivaí .......36

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Vazão média diária do rio dos Patos na estação Rio dos Patos, segmento superior – período 20/5/1930 – 30/9/2002............................................................................42

Gráfico 2 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Tereza Cristina, segmento superior – período 7/8/1956 – 30/9/2002.................................................................................43

Gráfico 3 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Porto Espanhol, segmento superior – período 13/8/1965 – 30/6/2003...............................................................................43

Gráfico 4 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Ubá do Sul, segmento superior – período 16/4/1967 – 30/11/2002.............................................................................44

Gráfico 5 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Vila Rica, no segmento médio – 15/8/1985 – 30/9/2003 ............................................................................................44

Gráfico 6 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Porto Bananeira, segmento médio – período 19/2/1974 – 30/4/2003...............................................................................45

Gráfico 7 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação de Porto Paraíso do Norte, segmento médio – período 14/3/1953 – 13/12/2003...............................................................45

Gráfico 8 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação de Novo Porto Taquara, segmento inferior – período 8/7/1974 – 31/10/2002...............................................................46

Gráfico 9 – Correlação vazões médias vs área de drenagem....................................................48

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Gráfico 10 - Curva de duração do f luxo – seção Rio dos Patos................................................52 Gráfico 11 - Curva de duração do f luxo – seção Tereza Cristina.............................................52 Gráfico 12 - Curva de duração do f luxo – seção Porto Espanhol .............................................53 Gráfico 13 - Curva de duração do f luxo – seção Ubá do Sul ....................................................54 Gráfico 14 - Curva de duração do f luxo – seção Vi la Rica......................................................54 Gráfico 15 - Curva de duração do f luxo – seção Porto Bananeira............................................55 Gráfico 16 - Curva de duração do f luxo – seção Porto Paraíso do Norte.................................55 Gráfico 17 - Curva de duração do f luxo – seção Novo Porto Taquara.....................................56 Gráfico 18 - Vazões máximas anuais, seção Rio dos Patos – período 1930 - 2002.................58 Gráfico 19 - Vazões máximas anuais, seção Tereza Cristina – período 1956 - 2002...............58 Gráfico 20 - Vazões máximas anuais, seção Porto Espanhol – período 1965 - 2003...............59 Gráfico 21 - Vazões máximas anuais, seção Ubá do Sul – período 1967 - 2002.....................59 Gráfico 22 - Vazões máximas anuais, seção Vila Rica – período 1985 - 2003........................60 Gráfico 23 - Vazões máximas anuais, seção Porto Bananeira – período 1974 - 2003 .............60 Gráfico 24 - Vazões máximas anuais, seção Porto Paraíso do Norte – período 1953 - 2003...61 Gráfico 25 - Vazões máximas anuais, seção Novo Porto Taquara – período 1974 - 2002.......61 Gráfico 26 - Recorrência das vazões máximas anuais – seção Rio dos Patos..........................64 Gráfico 27 - Recorrência das vazões máximas anuais para as seções do rio Ivaí.....................65 Gráfico 28 - Cheia Tipo A – ano de 1983.................................................................................67 Gráfico 29 - Cheia Tipo A – ano de 1998.................................................................................67 Gráfico 30 - Cheia Tipo B – ano de 1987.................................................................................68 Gráfico 31 - Cheia Tipo B – ano de 1989.................................................................................68 Gráfico 32 - Cheia Tipo B – ano de 1999.................................................................................69 Gráfico 33 - Cheia Tipo C – ano de 1985.................................................................................69 Gráfico 34 - Cheia Tipo C – ano de 1995.................................................................................70 Gráfico 35 - Onda da cheia de mai/jun de 1992, com um pico máximo de cheia para a estação

Porto Paraíso do Norte ao invés de Novo Porto Taquara que por sua vez, configura um amortecimento de pico da cheia........................................................................71

Gráfico 36 - Correlação área de drenagem vs vazão média das cheias anuais.........................71 Gráfico 37 - Recorrência das cota fluviométricas, estação Rio dos Patos................................76 Gráfico 38 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Tereza Cristina............................77 Gráfico 39 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Porto Espanhol............................78 Gráfico 40 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Ubá do Sul ..................................79 Gráfico 41 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Vila Rica.....................................80 Gráfico 42 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Porto Bananeira ..........................81 Gráfico 43 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Porto Paraíso do Norte................82 Gráfico 44 - Recorrência das cotas fluviométricas, estação Novo Porto Taquara....................83 Gráfico 45 - Vazão média mensal – estação Rio dos Patos......................................................92 Gráfico 46 - Vazão média mensal – estação Tereza Cristina...................................................92 Gráfico 47 - Vazão média mensal – estação Porto Espanhol ...................................................93 Gráfico 48 - Vazão média mensal – estação Ubá do Sul ..........................................................93 Gráfico 49 - Vazão média mensal – estação Vila Rica.............................................................94 Gráfico 50 - Vazão média mensal – estação Porto Bananeira..................................................94 Gráfico 51 - Vazão média mensal do rio Ivaí – estação Porto Paraíso do Norte......................95 Gráfico 52 - Vazão média mensal do rio Ivaí – estação Novo Porto Taquara..........................95

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Decl ividade dos segmentos do rio Ivaí ....................................................................23 Tabela 2 - Evolução do desmatamento no estado do Paraná....................................................32 Tabela 3 - Características das estações fluviométricas do rio Ivaí ...........................................37 Tabela 4 - Situação das séries históricas das vazões registradas no rio Ivaí.............................37 Tabela 5 - Características da seção do rio Ivaí onde se localizam as estações fluviométricas.38 Tabela 6 - Coeficiente de variação com base nas vazões médias diárias .................................46 Tabela 7 - Período de ocorrência e freqüência das cheias máximas anuais..............................47 Tabela 8 - Período de ocorrência e freqüência das cheias máximas anuais (continuação).......47 Tabela 9 - Eventos El Niño definidos a partir da anomalia da temperatura da superfície do

mar, para a região El Niño (1+2) e excedendo valores de 0,4ºC positivo..............62

LISTA DE SIGLAS ANA - Agência Nacional de Águas

DNAEE - Departamento Nacional de Àguas e Energia Elétrica

IAP - Instituto Ambiental do Paraná

IAPAR - Fundação Instituto Agronômico do Paraná

IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

M INEROPAR – M inerais do Paraná S/A

SUDERHSA - Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento

Ambiental

SUVALE - Superintendência do Vale do São Francisco

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RESUMO

O rio Ivaí com uma área de drenagem de 36.587 km2 e um percurso de 680 km, é a segunda maior bacia hidrográfica interiorana do estado do Paraná, com considerável importância agrícola e potencial hidrelétrico. Embora seja um rio extremamente importante no que se refere ao aspecto ambiental, ecológico, humano e econômico, é um sistema fluvial praticamente desconhecido e informações sobre seu regime hidrológico são imprescindíveis no entendimento do funcionamento da bacia. Portanto o objetivo deste trabalho foi a caracterização do regime hidrológico do rio, considerando a periodicidade, a estacionariedade, a freqüência, a permanência e a recorrência como parâmetros de análise, por meio das informações de vazões e cotas registradas nas estações fluviométricas de Rio dos Patos, Tereza Cristina, Porto Espanhol, Ubá do Sul, Vila Rica, Porto Bananeira, Porto Paraíso do Norte e Novo Porto Taquara, distribuídas em seu segmento superior, médio e inferior. Os resultados mostraram que as características físicas da bacia e do canal do rio Ivaí e em destaque o regime de precipitações, condicionam um regime hidrológico de baixa periodicidade, porém estacionário. Para a maioria das seções, as vazões que ocorrem com maior freqüência e permanência oscilam em torno do valor médio. Em relação às vazões de elevada magnitude, as cheias extraordinárias mais críticas apresentam uma recorrência de 22 anos em média. As cheias por sua vez, ocorrem em reciprocidade a eventos de precipitações intensas. Os dados observados permitiram concluir que o regime hidrológico do rio Ivaí é controlado pelo escoamento superficial, e que o fluxo de base é incapaz de manter fluxos próximos ao das vazões médias. Palavras-chave: rio Ivaí, regime hidrológico, vazões.

ABSTRACT

The Ivaí River drains an area of 36.587 km2 and it stretches for 680 km and thus is the second biggest river basin in Paraná state. It is important because of its immense hydroelectric and agricultural potential. Although it is an extremely important river system concerning environmental, ecological, human and economical aspects, it is practically unknown and it is a must to understand its hydrological regime to understand how this river basin works. This work was aimed at characterizing the features of the river’s hydrologic regime. We took into consideration its regularity, stationarity, frequency, permanence/intermittence and recurrence. Information about the quotas and discharge of this river were gathered from river stations located at: Rio dos Patos, Tereza Cristina, Porto Espanhol, Ubá do Sul, Vila Rica, Porto Bananeira, Porto Paraíso do Norte and Novo Porto Taquara, which are distributed along the river segment (upper, middle and lower segment). Results showed that the physical features of Ivaí River’s basin canal and mainly the precipitation regime, contribute to a hydrological regime of low periodicity, however stationary. At most river sections, the most frequent and permanent discharges oscill ate around their average values. Concerning high-magnitude discharges, we must say that extraordinary floods, at least the most critical ones, have a recurrence interval of 22 years in average. Floods in turn, occur reciprocally during intense precipitation events. Based on the collected data, we concluded that River Ivaí hydrological regime is controlled by the superficial draining, and that the base flow is incapable to keep flowing close to the discharges average values. Key words: River Ivaí, hydrological regime, discharges.

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1 INTRODUÇÃO

O rio Ivaí localizado na região sul do Brasil é um dos principais rios do estado do

Paraná. Sua bacia hidrográfica, a segunda maior do estado, drena ambientes distintos que se

diferenciam pelas características geológicas e geomorfológicas, além de estar localizado na

faixa de transição do clima tropical para subtropical. Este conjunto de características pode

refletir em particularidades em relação ao escoamento fluvial do rio e por essa razão, já se

justificaria um estudo do seu regime hidrológico.

A bacia hidrográfica do rio Ivaí, também se destaca pelo potencial agrícola em

decorrência de solos férteis e bem desenvolvidos na área dominada por rochas basálticas. Para

a maior parte de sua bacia destaca-se a produção de cereais como soja, milho, trigo e em

menor quantidade a cana-de-açúcar e a atividade agropastoril . Suas várzeas são palco de

extração de argila, matéria-prima que movimenta as inúmeras olarias da região. Além disso, o

rio possui um perfil longitudinal com locais de alta declividade, o que o coloca como alvo de

implantação de usinas hidrelétricas.

Tais aspectos fazem da mesma uma das áreas mais produtivas economicamente do

estado e também uma das bacias que pode estar comprometendo significativamente seu

regime hidrológico.

Embora o rio Ivaí apresente uma considerável importância ambiental e econômica,

existe uma carência de estudos e este rio é praticamente desconhecido. Recentemente a

atenção de um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de M aringá foi voltada para

esta bacia, e tais estudos necessitam de um conhecimento preliminar da dinâmica hidráulica

do rio.

Sendo assim, a proposta geral desta dissertação de mestrado é realizar uma

caracterização e análise do regime hidrológico do rio Ivaí, ação necessária para gerar

importantes informações que servirão de subsídio para o manejo adequado desse recurso

natural e para o desenvolvimento de futuras pesquisas na área de geografia, geomorfologia,

sedimentologia, ecologia, hidrologia etc.

Nesse sentido, os objetivos específicos deste trabalho são:

- Caracterizar e analisar a variabili dade do regime hidrológico verificando-se sua

periodicidade e estacionariedade;

- Estabelecer o tempo de permanência de determinadas vazões que ocorrem no

canal nas seções que dispõem de estações fluviométricas;

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- Caracterizar e analisar a magnitude das cheias e identificar sua recorrência;

- Correlacionar as cotas fluviométricas com a morfologia do canal verificando-se

a possível existência de transbordamentos e seu período provável de retorno.

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2 REGIME HIDROLÓGICO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Os rios apresentam a forma mais visível de escoamento da água fazendo parte

integrante do ciclo hidrológico e alimentado por meio das águas superficiais e subterrâneas

(CHRISTOFOLETTI, 1981). A vazão ou débito é a principal grandeza que caracteriza um rio,

sendo a quantidade de água que passa através de uma seção transversal, por unidade de

tempo. A unidade de medida mais utili zada para expressar a vazão é em metros cúbicos por

segundo (m3/s). As vazões também podem ser examinadas por meio da altura do nível da

água, onde se mede a altura atingida pela água em relação a um datum ou nível de referência

(VILLELA; M ATTOS, 1975) e geralmente é expressa em metros (m) ou centímetros (cm).

As vazões que escoam em um curso d’água são consideradas estocásticas (TUCCI,

2002) sendo variáveis no tempo e no espaço. Essa variabili dade representada pela subida e

descida das águas consideradas no decorrer de um ano civil (janeiro a dezembro) ou um ano

hidrológico (ciclo de vazante-cheia-vazante) corresponde ao regime fluvial ou regime

hidrológico.

A variabili dade do regime hidrológico é controlada por diversos elementos que

formam a bacia hidrográfica ou fatores que nela ocorrem, tais como: condições climáticas

(precipitação; evapotranspiração; radiação solar); geologia; geomorfologia; solos; cobertura

vegetal; uso do solo e ações antrópicas (TUCCI, 2002).

Como o regime das vazões é caracterizado pela variação do nível das águas, interessa

para o seu conhecimento o estudo do comportamento das vazões diárias, médias, mínimas e

máximas. A vazão diária é a média aritmética das vazões medidas no decorrer de um dia. A

distribuição das vazões diárias é importante para identificar períodos sazonais. Rios

localizados em regiões de clima com estação bem definida a identificação é mais fácil e

rápida. Por outro lado, nas regiões em que as chuvas são bem distribuídas ao longo do ano,

existe dificuldade na identificação dos períodos de cheia e estiagem. Por esse motivo é

comumente utili zado a média das vazões diárias ocorrido em um mês, ou seja, a vazão média

mensal é um indicador das características do ano hidrológico ou dos períodos sazonais da

bacia hidrográfica revelada pela variabili dade dos meses ao longo do ano (TUCCI, 2002). Os

valores de vazão média mensal assumem importância para o abastecimento de água, produção

de energia elétrica, irrigação, navegação etc.

As vazões mínimas são consideradas as de estiagem sendo representadas pelos valores

mais baixos da série histórica. Entretanto a vazão mínima mensal é o valor mais inferior de

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cada mês e não é necessariamente uma vazão correspondente a um período de estiagem.

Geralmente a vazão mínima é aplicada para avaliação da demanda mínima que um rio pode

oferecer.

As vazões máximas são de grande interesse para o estudo de cheias e inundações,

sendo as vazões mais elevadas que ocorrem em uma seção do rio. Vill ela e M attos (1975)

explicam que nem toda cheia causa inundações, sendo que a enchente é caracterizada por uma

vazão grande de escoamento e as inundações são consideradas quando ocorre extravasamento

das águas do canal. A vazão média de enchente corresponde a média das cheias anuais sendo

utili zada como um indicador da fase de inundação de um rio.

3 CONCEITOS, MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADAS PARA A ANÁLISE, CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DO REGIME HIDROLÓGICO DOS SISTEMAS FLUVIAIS

A análise e caracterização do regime hidrológico de um sistema fluvial, podem ser

obtidas através de duas vertentes principais, ou seja, amparado por uma base teórica

conceitual e por meio de tratamento estatístico. Tanto um quanto outro, constituem-se como

parâmetros de análise que se complementam.

Em relação a base teórica, diversos parâmetros conceituais podem ser considerados na

interpretação das informações hidrológicas e tornam-se ao mesmo tempo, um ponto de

referência para a análise, demonstrando a natureza dos dados hidrológicos. Os parâmetros

mais comuns são a periodicidade, a estacionariedade, a freqüência, a duração e a

recorr ência.

A periodicidade representa uma forma de variação regular ou oscilatória das vazões,

com mudanças diárias, sazonais ou seculares, relacionando-se a vazões que se repetem em

intervalos de tempo regulares.

A estacionariedade é a situação na qual não ocorrem modificações nas características

estatísticas da série de dados ao longo do tempo (TUCCI, 2002). Uma série pode não ser

estacionária se houver a introdução de modificações na bacia hidrográfica que podem causar

modificações no regime de vazões.

A freqüência se refere ao número de vezes que se repete uma vazão de determinada

magnitude em uma seção do canal durante um determinado intervalo de tempo.

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Chow (1964) salienta que a análise de freqüência do ponto de vista prático, é somente

um procedimento de ajuste dos dados hidrológicos a um modelo matemático de distribuição,

permitindo a interpretação de processos físicos dos fenômenos hidrológicos auxili ando no

entendimento do regime de um rio.

É importante destacar que em geral o conhecimento do regime de vazões de um rio

baseia-se na análise e tratamento de dados coletados no passado, ou seja, vazões que já

ocorreram, por essa razão Tucci (2002) ressalta que a freqüência é a probabili dade de

ocorrência de diferentes magnitudes de vazões. Portanto, a freqüência assim como a maioria

dos resultados estatísticos são considerados uma análise probabilística.

A duração é o número de dias ou a porcentagem de tempo que uma determinada

magnitude de vazão permanece no canal de um curso d’água. Para Rocha (2002) é uma

específica condição de fluxo associado a um período de tempo.

A duração das vazões é estimada elaborando-se a curva de duração ou curva de

permanência do fluxo e também está relacionado a freqüência com que ocorrem vazões de

diferentes magnitudes.

A recorr ência é o intervalo médio de tempo que uma vazão de dada magnitude pode

ser igualada ou excedida.

Em relação ao tratamento estatístico aplicado para analisar o regime hidrológico,

destaca-se primeiramente a representação gráfica das séries históricas das informações

hidrológicas por meio de fluviogramas. Pode ser elaborado uma hidrógrafa ou hidrograma

construindo-se gráficos da informação de vazão ou um cotagrama a partir dos dados de nível

d’água, tais informações são organizadas em função do tempo de ocorrência. Esses gráficos

mostram a variabili dade da vazão ou da altura d’água do rio numa escala temporal que pode

ser organizada em valores diários, mensais ou anuais, por isso facili tam a identificação de

períodos de enchentes e estiagens, podendo fornecer a definição da sazonalidade do regime

hidrológico.

A variabili dade do regime fluvial pode ser examinada e detalhada com maior precisão

quando parâmetros estatísticos são atribuídos à representação gráfica. Chow (1964) indica o

desvio médio, o desvio padrão, a variância, a amplitude e o coeficiente de variação como

parâmetros de distribuição auxili ares na avaliação da variabili dade de um evento hidrológico

em questão.

A ocorrência ou caracterização das vazões não pode ser determinada no momento

imediato em que ocorre, mas pode ser prevista e conhecida por meio de tratamento estatístico

baseado em métodos probabilísticos que de acordo com Tucci (2002) ajustam os valores da

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16

amostra (por ex. informações das séries históricas) a uma função matemática, que procura

retratar a distribuição dos valores.

A maioria das técnicas matemáticas e estatísticas direcionadas ao estudo dos eventos

hidrológicos são aplicados no sentido de expressar os fenômenos em termos quantitativos

baseado em sua freqüência e probabili dade de ocorr ência. Seguindo essa idéia, Lanna (1997)

ressalta que os dados registrados no passado que exprimem a forma como ocorreram os

eventos, deverão ocorrer de forma semelhante no futuro, caso não existam modificações nos

processos de formação das vazões.

A freqüência de ocorrência das vazões é conhecida a partir do método da curva de

permanência ou também denominada curva de duração do fluxo. Para isso, são utili zados as

séries de vazões diárias, mensais ou anuais e determinado o número de vezes em que ocorrem

determinados valores de vazão dentro de intervalos pré-definidos. A freqüência é

transformada em porcentagem e acumulada do menor para o maior valor de vazão. O

resultado é apresentado de forma gráfica, no qual cada valor de vazão tem uma

correspondente porcentagem de tempo referente àquela seção do canal em que foi medida a

vazão. O conhecimento da freqüência com que ocorrem vazões iguais ou superiores a um

determinado valor, além de estabelecer o regime de um rio mostra a potencialidade de sua

utili zação (VILLELA; M ATTOS, 1975) e a distribuição dos fluxos (CHRISTOFOLETTI,

1981).

O intervalo de recorrência ou período de retorno é um dos procedimentos mais

utili zados para estudar as vazões máximas ou enchentes. Os valores das descargas máximas

anuais são tratadas através de métodos estatísticos de distribuição, sendo os principais:

distribuição log-normal, distribuição Gumbel Tipo I e II (valores extremos), distribuição de

Person III , distribuição Gamma entre outros. Essas funções matemáticas permitem ajustar os

dados a uma curva de distribuição, que nada mais é do que uma curva de freqüência, que

indica a relação da magnitude da vazão e sua provável freqüência de ocorrência (SILVA,

2002). Assim estabelece-se o intervalo de recorrência para cada cheia como sendo o intervalo

de tempo que decorre entre duas cheias de igual magnitude (CHRISTOFOLETTI, 1981).

Christofoletti (1981), M orisawa (1968), Dunne e Leopold (1998), Leopold, Wolman e

M ill er (1964) indicaram a equação 1 para calcular o intervalo de recorrência. Entretanto, esta

equação não ajusta os dados adequadamente em uma curva, mostrando quebras, visto que as

distribuições supra mencionadas permitem tratar os dados relacionando parâmetros como

desvio padrão, média, valores logaritmos e variância ajustando os valores a erros resultando

desse modo num tratamento estatístico mais refinado.

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17

� �m

nIr

1�� (1)

Sendo:

Ir intervalo de recorrência

n número total de eventos considerados

m número de ordem do evento organizado numa escala em ordem decrescente

Lambert (1990) propõe a elaboração do período de retorno das cheias considerando

dados do nível d’água (cotas). A curva de distribuição é organizada a partir da equação 2. Este

método é semelhante ao indicado anteriormente. No entanto, são utili zadas informações de

cota, pois de acordo com Lambert (1990) as cotas são de entendimento mais fácil para as

pessoas que não possuem conhecimento da área de hidrologia. Junto a disposição da curva em

escala logarítmica são traçadas linhas retas sobre os pontos que podem apresentar quebras na

inflexão da curva que segundo o autor correspondem a cota de transbordamento do canal.

n

rf � (2)

Sendo:

f recorrência das cheias

r ordem do evento

n número de anos (n) da série histórica

Richter et al (1997) e Poff et al (1997) apresentaram uma metodologia para o estudo

da variabili dade do regime de vazões dos sistemas fluviais considerando a magnitude, a

freqüência, a duração, a periodicidade e a taxa de alteração como parâmetros de análise. São

utili zados 32 índices hidrológicos como Indicadores de Alterações Hidrológicas (IAH) e a

taxa de Aproximação da Variabili dade do fluxo pode ser estimada através da Taxa de

Aproximação da Variabili dade Natural (TAV). A fundamentação básica deste método é a

relação do regime de fluxo aos processos ecológicos do ecossistema fluvial. O método pode

ser aplicado para avaliar mudanças no comportamento das vazões caso o sistema tenha

sofrido interferências devido a construção de obras de engenharia.

Alguns parâmetros estatísticos conceituais e técnicos supra mencionados para analisar

o regime hidrológico dos sistemas fluviais foram apontados por Gustard (1996). Baseando-se

em outros autores, Gustard (1996) também apresenta uma classificação do regime hidrológico

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18

com base no clima, no potencial de evaporação e temperatura e no conceito de região

hidrológica onde se compara diversas bacias com características semelhantes.

Com o desenvolvimento dos sistemas informatizados o estudo das vazões de um

sistema fluvial adquiriu novas perspectivas. A variabili dade temporal e espacial pode ser

aprimoradamente analisada, a partir dos Sistemas de Informação Geográfica (SIGs).

Softwares integram modelos hidráulicos e hidrológicos aos SIGs (M ENDES, 1996)

incorporando informações espaciais do sistema fluvial junto aos dados estatísticos de vazões,

permitindo uma representação mais verdadeira do ambiente e do evento hidrológico,

principalmente a partir da construção de M odelos Digitais do Terreno (M DT), ou simulando

eventos auxili ando na previsão dos efeitos destes no ambiente. Áreas de risco (inundações)

passaram a ser mapeadas introduzindo uma cartografia informativa (LAM BERT; GHOLAM I;

PRUNET, 1998). O mapeamento por sua vez, pode reunir vários métodos e técnicas,

associando uma análise da geomorfologia do ambiente ao regime hidrológico, através do

sensoriamento remoto e imagens digitais (HUDSON; COLDITZ, 2003).

4 PESQUISAS DESENVOLVIDAS SOBRE O ESTUDO DO REGIME HIDROLÓGICO

Apesar do Brasil ser um dos países de maior potencial hídrico do mundo são poucos

os trabalhos tendo por objeto de estudo o conhecimento do regime de vazões em seus vários

aspectos quantitativo ou qualitativo.

Alguns trabalhos menos recentes (anterior a década de 80) realizaram uma abordagem

do estudo das vazões num contexto técnico seja para o aproveitamento hidrelétrico, para a

previsão de demanda mínima do sistema, como discussão metodológica entre outros

(SUVALE, 1972a e b), (RAM OS, 1973), (UEHARA, 1973), (SÃO PAULO, 1980),

(BRASIL, 1985a e b), (BRASIL, 1974).

O conhecimento do regime de vazões de um sistema fluvial pode apresentar diferentes

abordagens segundo um contexto hidrológico, geomorfológico, geográfico, ecológico entre

outros que dependerá do profissional que está desenvolvendo a pesquisa, dos seus objetivos

ou até mesmo dos métodos e conceitos empregados para a análise das informações.

M artoni (1998) realizou uma análise das vazões no trecho superior do rio Paraná que

estende-se de Porto São José ao Porto 18. A autora analisou e caracterizou as vazões diárias,

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mensais, mínimas e máximas a partir da variabili dade do regime e de sua duração e

freqüência. Foram consideradas também a contribuição das bacias situadas a montante da área

de estudo para as vazões e a distribuição das vazões no sistema de canais e ilhas.

As vazões do trecho superior do rio Paraná próximo a região de Porto Rico, também

foram analisados por Rocha (2002) dentro de um contexto ecológico do sistema fluvial.

Relacionando parâmetros como magnitude do fluxo, freqüência, duração, periodicidade e taxa

de alteração, aplicados as vazões diárias de duas estações fluviométricas, foi possível

estabelecer a taxa de alteração do regime hidrológico referente ao período do regime de

vazões natural e o controlado por barragens.

Sob a ótica da geomorfologia fluvial, o regime de vazões do alto rio Paraná foi

considerado por Fernandez e Souza Filho (1995) para analisar a influência da freqüência e

duração das vazões diárias, de margens plenas e das cheias em três períodos distintos de

níveis d’água, estendidos entre a década de 60 a 90, no comportamento da variação de área de

um conjunto de ilhas. Os dados de vazão foram relacionados a modificação das áreas das ilhas

condicionadas por processos de sedimentação e erosão, detalhes estes obtidos por meio de

fotografias aéreas.

O regime de cheias dos rios Paraná e Ivinhema foram analisados por M eurer (2003) a

partir da proposta metodológica de Lambert (1990). Os dados de cota do nível d’água foram

correlacionados à geomorfologia do ambiente fluvial e parâmetros como intensidade e

freqüência auxili aram a análise. A abrangência espacial das cheias foram analisadas através

de imagens de satélite. As informações obtidas das imagens integradas aos resultados da

análise das cotas possibili taram o mapeamento e visualização da propagação das cheias e do

avanço das inundações no canal e na área da planície aluvial.

As vazões do rio Araguaia no estado de Goiás foram alvo do estudo de Silva (2002).

Através de hidrogramas diários foi possível analisar a oscilação dos picos e identificar

períodos sazonais do regime. Verificou-se também a permanência dos fluxos no canal

inclusive de margens plenas. As cheias foram analisadas pelo seu período de retorno e

classificadas pelas características dos picos de vazões e por perda de água na planície aluvial.

Clarke, Tucci e Colli schonn (2003) avaliaram a variabili dade temporal do regime

hidrológico da bacia do rio Paraguai em território brasileiro correlacionando-se os dados de

vazão e de cota aos de precipitação, identificando uma diminuição das vazões em função da

redução da intensidade das precipitações no período de 1960 até 1970 que pode ser explicada

pela ocorrência de períodos de estiagem (sem chuva) mais longos.

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20

5 A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IVAÍ: ÁREA DE ESTUDO

Inserida na região sul do Brasil, a bacia hidrográfica do rio Ivaí é a segunda maior

bacia do estado do Paraná e está situada entre as coordenadas geográficas 22º56’17” -

25º35’27” de latitude sul e 50º44’17” - 53º41’43” de longitude oeste. Com uma área de

36.587 km2 e um percurso de 680 km (Figura 1), o rio Ivaí é afluente da margem esquerda do

curso superior do rio Paraná e apresenta uma vazão média de 363 m3/s.

Figura 1 - Localização da área de estudo Fonte: PARANÁ (1997)

Sua nascente forma-se no sudeste do estado pelo do rio dos Patos e São João na Serra

da Boa Esperança no segundo planalto, ambos a mais de 800 m de altitude. O rio Ivaí só

recebe este nome a partir da junção deste dois rios no terceiro planalto. Suas águas deságuam

no rio Paraná a aproximadamente 230 m de altitude.

Constituída por uma densa rede de drenagem a bacia hidrográfica do rio Ivaí

compreende centenas de afluentes, sendo os principais da margem direita os rios Alonso ou

do Peixe e Paranavaí e os da margem esquerda os rios Corumbataí, M ourão, Ligeiro e dos

Índios.

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21

6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A caracterização dos aspectos físicos que retratam a área de estudo é de suma

importância para compreensão do comportamento do regime hidrológico do rio Ivaí. Os

fatores como geologia, geomorfologia, vegetação, clima, tipo de uso do solo entre outros,

podem influenciar no escoamento pluvial e conseqüentemente no fluvial e determinar

características ao regime do rio. A seguir, será apresentado uma caracterização da área de

estudo conforme os fatores mais importantes.

6.1 Geologia/geomorfologia da bacia hidrográfica do rio Ivaí

A bacia hidrográfica do rio Ivaí apresenta características geológicas (Figura 2) e

geomorfológicas diversificadas, uma vez que o rio Ivaí escoa por li tologias diferentes, e drena

ambientes morfo-topográficos distintos. Considerando-se então os fatores físicos que

configuram a bacia como a geologia, a geomorfologia, a topografia e a declividade do rio no

sentido longitudinal (Figura 3 e Tabela 1), pode ser definido três segmentos: � O segmento superior:

Apresenta um percurso de mais ou menos 440 km e se estende da nascente até pouco

mais da confluência do rio Ivaí com o seu afluente o rio Alonso. Neste segmento, o rio Ivaí

apresenta as declividades mais elevadas de toda a bacia principalmente no trecho de sua

nascente formado pelo rio dos Patos até o rio São João, que nascem em região serrana no

segundo planalto, a mais de 900 m de altitude. Nos três primeiros quilômetros o rio dos Patos

passa de uma altitude de 950 para 800 m apresentando um desnível abrupto de 150 m e uma

declividade de aproximadamente 5%, passando a um trecho menos íngreme com uma queda

de 190 m e declividade de 0,13% nos próximos 80 km até a estação fluviométrica Rio dos

Patos situada a 690 m de altitude. Novamente o rio dos Patos sofre uma queda abrupta de

cerca de 190 m com declividade em torno dos 1,36% após um percurso de apenas 14 km até a

confluência com o rio São João a 500 m de altitude. Desse ponto em diante inicia-se o rio Ivaí

e as declividades tornam-se mais suaves apresentando-se neste trecho entre 0,04%. Até a

estação fluviométrica de Ubá do Sul o rio Ivaí apresenta um desnível de 120 m num percurso

de 290 km e termina o segmento superior com um desnível de 80 m distribuídos em 54 km

com apenas 0,01% de declive.

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22

Neste segmento, o rio apresenta declividade relativamente baixa, com trechos

isolados de grande declividade e corredeiras bem marcadas, como é o caso do Salto Ariranha

PARANÁ (1982).

O rio dos Patos (e o Ivaí) escoa em seu segmento superior sobre um substrato de

rochas sedimentares da Bacia do Paraná (argili tos, folhelhos, sil titos, calcários entre outras).

Sobre este substrato geológico assenta-se um relevo movimentado mais dissecado formado

por topos planos. Assim o rio corta um relevo de “ serra”, em degraus, constituídos por morros

testemunhos e cadeias de mesetas (M AACK, 1981), o que faz com que o rio Ivaí apresente

diversos locais de saltos e corredeiras principalmente nos trechos em que o rio corta intrusões

de diabásio. Ao final do segmento, o rio Ivaí corta a escarpa da serra da Boa Esperança

passando para o Terceiro Planalto e iniciando-se seu escoamento por rochas basálticas.

Figura 2 - Unidades geológicas da bacia hidrográfica do rio Ivaí Fonte: PARANÁ (1998); MINEROPAR (2000)

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23

Figura 3 - Perfil l ongitudinal do rio Ivaí Tabela 1 - Declividade dos segmentos do rio Ivaí Segmentos do rio s1 s2 s3 s4 s5 s6 s7

Declividade 5% 0,13% 1,36% 0,04% 0,1% 0,03% 0,01%

�Segmento médio:

Das proximidades da estação fluviométrica Vila Rica até pouco mais da estação

fluviométrica Porto Paraíso do Norte estende-se o segmento médio entre altitudes de 300 a

250 m em um percurso de aproximadamente 170 km. A declividade deste segmento é de

apenas 0,03% tornando-se bastante reduzida em direção jusante apresentando um desnível de

50 m.

O rio Ivaí neste segmento corta as rochas resistentes do basalto da Formação Serra

Geral (JK), correndo por patamares e mesetas de um relevo menos enérgico, com morros

tornando-se cada vez mais arredondados em direção jusante. As corredeiras, rasos e pequenos

saltos ainda são presentes até as proximidades do município de Ivatuba. Deste ponto até a

Corredeira de Ferro, o trecho é marcado por corredeiras importantes como a do Ferro e a do

Índio separadas por remansos de gradiente suave (PARANÁ, 1982). �O segmento inferior:

Em um percurso de 164 km e entre altitudes de 250 a 230 m delimitou-se o segmento

inferior do rio Ivaí que se estende do início da planície à sua foz. Neste segmento o rio Ivaí

150

250

350

450

550

650

750

850

950

1050

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800Distância (km)

Alti

tude

(m)

Rio

dos

Pat

os

Ter

eza

Cris

tina

Por

to E

span

hol

Ubá

do

Sul

Vila

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Por

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Taq

uara

Foz

(Rio

Par

aná)

início do rio Ivaí

segmento superior segmento médio segmento inferior

s1

s2

s3

s4

s5s6 s7

segmentos do rio si...

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24

passa a escoar sobre os arenitos da Formação Caiuá (K) e dos sedimentos aluvionares da

planície. O desnível neste trecho é de apenas 20 m e a declividade é de aproximadamente

0,01%, mostrando que o rio Ivaí corre pela topografia mais suave da bacia, compreendendo

um relevo de chapadas e colinas bastante suaves, ao longo do qual seu curso está praticamente

desprovido de cachoeiras.

A planície aluvionar apresenta trechos diferenciados considerando-se sua largura e

relacionamento genético conforme apontado em PARANÁ (1982). Os primeiros vestígios de

planície podem ser observados em pequenos terraços aluvionares a montante de corredeiras e

saltos. Seguindo para jusante até a Corredeira de Ferro a planície alarga-se um pouco

configurando uns 3 a 5 km de largura. Por mais 75 km rumo a foz a planície se alarga até

chegar a ter de 6 a 10 km. Desse ponto em diante até atingir a foz, a planície apresenta sua

porção mais ampla e encontra-se geneticamente relacionada com o rio Paraná.

6.2 O padrão de canal do rio Ivaí

O rio Ivaí (Foto 1) percorre diferentes direções até a sua foz. De sua nascente (trecho

então formado pelo Rio dos Patos) passando pelo início propriamente dito do rio Ivaí até a

estação de Ubá do Sul a direção geral é sul – norte. Desse ponto até a estação de Porto Paraíso

do Norte o rio segue a direção noroeste e daí em diante até desaguar no rio Paraná a direção é

oeste.

Foto 1 - Rio Ivaí na seção de Porto Paraíso do Norte, segmento médio – (fase de cheia)

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25

O rio Ivaí em seu percurso desenvolve um padrão bastante irregular mostrando-se

sinuoso, configurando curvas irregulares e muitas vezes com quebras abruptas formando

“ cotovelos”. Essa sinuosidade apresenta uma maior ou menor amplitude e freqüência que

parece estar na dependência da geologia e geomorfologia da bacia.

No segmento montante a sinuosidade do curso é alta e as curvas são menos extensas

do que no segmento jusante, sendo separadas por curtos trechos retilíneos. No segmento

médio, a sinuosidade é semelhante, mas com menor número de curvas, e raio maior. No

segmento jusante a sinuosidade aumenta novamente e o rio passa a apresentar características

de canais meandrantes, exibindo curvas ora mais abertas, ora mais fechadas e de maior

extensão. Contudo, o padrão não é ativo, pois o rio corre sobre substrato rochoso, e possui

margens estáveis (SANTOS, 2004).

M aack (1981) ressalta que na junção do rio Alonso com o Ivaí, o rio passa a entalhar

seu leito até sua foz no rio Paraná. De fato, nota-se que o rio Ivaí além de apresentar um

padrão de canal meandrante o mesmo também se apresenta encaixado, o que é visualizado

pelas características não apenas da configuração do canal, mas pela forma do leito e margens

(Figura 4 a 11). Os perfis transversais nas seções que dispõe de estações fluviométricas,

mostram que o rio Ivaí, na maioria das seções, apresenta um canal com leito bastante regular.

As margens são significativamente íngremes e altas na maioria das seções e somente algumas

destas apresentam poucos patamares e menor altura. Esses detalhes do leito e das margens

mostram que o rio Ivaí apresenta um canal com meandros que se aprofundam no substrato

rochoso. Portanto, pode-se aferir que tais características definem o padrão de canal do rio Ivaí

como meandrante encaixado.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 6 9 12 14 17 23 29 35 41 47 53 59 62 64 67 72

Distância (m)

Pro

fund

idad

e (m

)

cotamáx.4,35mcota4,05m

cota3,70m

cotamín.0,98m

MD ME

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 5 12 16 26 38 50 62 74 86 95 103

113

129

145

161

177

193

Distância (m)

Prof

undi

dade

(m)

cota11,24m

cota8,82m

cotamín.0,85m

MD ME

Figura 4 - Perfil transversal - seção Rio dos Patos Figura 5 - Perfil transversal - seção Tereza

Crist ina

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26

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 6 12 18 23 26 29 49 67 85 103

121

139

151

160

167

170

173

176

180

186

192

198

204

Distância (m)

Prof

undi

dade

(m)

cota máx.10,92m

cota10,41m

cota mín.-0,17m

MD ME

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

0 8 13 15 17 21 26 28 31 33 47 61 75 8910

311

713

114

515

917

317

417

918

118

618

819

019

219

419

720

1

Distância (m)

Pro

fund

idad

e (m

)

cota máx.6,55m

cota5,97m

cota5,68m

cota mín.0,45m

MD ME

Figura 6 – Perfil transversal – seção Porto Espanhol

Figura 7 - Perfil transversal - seção Ubá do Sul

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

0 10 16 19 22 27 31 44 7410

413

416

419

422

425

426

526

827

127

628

028

328

730

5

Distância (m)

Prof

und

ade

(m)

cotamáx.8,46m

cota6,73m

cotamín.0,31m

MD

ME

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

100 16 28 36 42 46 48 50 51 77

103

129

155

181

207

233

259

285

311

312

314

317

321

325

Distância (m)

Prof

undi

dade

(m)

cota8,07m

cota7,18m

cotamín.0,14m

MD ME

Figura 8 - Perfil transversal - seção Vila Rica

Figura 9 - Perfil transversal - seção Porto Bananeira

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 2 6 12 18 24 29 31 33 35 36 46 66 86 106

126

156

176

196

216

236

256

266

267

269

271

274

278

282

284

286

289

Distância (m)

Pro

fund

idad

e (m

)

cotamáx.14mcota11,96m

cota10,33m

cotamín.0,39m

MD ME

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

0 6 20 31 33 35 38 42 44 52 68 84 100

116

132

148

164

180

196

199

201

203

209

214

220

223

225

227

Distância (m)

Prof

undi

dade

(m)

cotamáx.12,59mcota9,84m

cotamín.0,76mcota12m

MD ME

Figura 10 - Perfil transversal - seção Porto Paraíso do Norte

Figura 11 - Perfil transversal - seção Novo Porto Taquara

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6.3 Algumas considerações sobre a hidrodinâmica do sistema rio Ivaí

No que tange à dinâmica erosiva e sedimentar, fatores importantes para o

entendimento da geomorfologia fluvial, o rio Ivaí exibe determinadas características que

demonstram uma maior tendência a ser erosivo, pois os afloramentos de rocha na base das

margens podem ser visualizados por diversas vezes e o leito rochoso do rio é facilmente visto

durante o período de estiagem.

Depósitos de sedimentos por sua vez, são mais difíceis de serem encontrados. Um

depósito “ consagrado” seria o Porto de Areia próximo ao município de M irador, a jusante da

estação de Porto Paraíso do Norte, que realiza a extração de areia numa área de remanso.

Estudos realizados na parte baixa do canal do rio Ivaí apontam que não existe um

aluvionamento significativo e recente ao longo do rio (PARANÁ, 1982).

Todavia, Wilson Júnior, Rodrigues e Santos (1980) realizaram estudos hidráulico-

sedimentológicos na parte baixa do rio Ivaí entre a estação de Novo Porto Taquara a foz. Os

autores constataram que existe deposição de sedimentos no fundo do canal constituídos

principalmente por areia média na porção central do canal e sil te e areia em quantidade bem

reduzida próximo as margens. Os sedimentos transportados em suspensão por sua vez

mostraram-se bastante finos.

Um recente estudo realizado por Biazin (2005 – em elaboração) revela a formação de

diferentes formas de leito num trecho localizado na parte baixa do rio Ivaí com variação da

granulometria da margem direita para a esquerda. De acordo com a autora, na margem direita

o leito é rochoso, mas foram encontrados em diferentes períodos depósitos de areia média a

fina, no centro do canal predomina areia média e na margem esquerda areia fina com lama

(sil te/argila).

6.4 Cli ma

Pela posição geográfica, a bacia do rio Ivaí na direção norte a sul encontra-se em uma

área de transição do clima de características tropicais para subtropicais.

Conforme a classificação de Köppen as condições climáticas que ocorrem na bacia

podem ser estabelecidas como:

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[a montante da bacia o clima é Cfb], subtropical úmido sem estação seca, verões frescos e ocorrência de geadas severas e freqüentes. A média das temperaturas dos meses mais quentes é inferior a 22ºC e dos meses mais fr ios é inferior a 18ºC. [O restante da bacia o clima é Cfa], subtropical úmido com tendência de concentração de chuva nos meses de verão sem estação seca definida. A média das temperaturas dos meses mais quentes é superior a 22ºC e dos meses mais fr ios é inferior a 18ºC (PARANÁ, 1987, p.16).

No que tange à distribuição da pluviosidade, em quase toda a bacia o clima se

assemelha ao subtropical, verificando-se uma homogeneidade temporal na distribuição das

chuvas, sendo que as máximas e mínimas anuais podem ocorrer em qualquer época do ano.

Apenas a porção norte-noroeste da bacia o clima apresenta qualidades mais tropicais

concentrando parte das chuvas na estação do verão e diminuindo no inverno.

Andrade (2002) realizou um estudo sobre a variabili dade das precipitações na bacia

hidrográfica do Ivaí, constatando que sua distribuição temporal e espacial não apresenta muita

variação. A variabili dade apresenta-se mais perceptível somente em anos anômalos, em

virtude dos fenômenos El Niño e La Niña. Os índices mais elevados de precipitação média

total ocorrem a montante e na porção centro sul da bacia (1750 mm) com uma diminuição

para jusante (1350 mm). Os valores do desvio padrão em relação a precipitação oscilam entre

um máximo de 390 mm próximo a nascente e um mínimo de 270 mm nas proximidades da

foz, mostrando que a dispersão dos valores é baixa o que indica pouca variabili dade da

quantidade das chuvas que precipitam na área da bacia (Figuras 12 e 13).

-53.50 -53.00 -52.50 -52.00 -51.50 -51.00 -50.50-25.60

-25.10

-24.60

-24.10

-23.60

-23.10

Figura 12 - Precipitação média na bacia hidrográfica do Ivaí Fonte: ANDRADE (2002)

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-53.50 -53.00 -52.50 -52.00 -51.50 -51.00 -50.50

-25.50

-25.00

-24.50

-24.00

-23.50

-23.00

Figura 13 - Desvio padrão dos valores de precipitação na bacia hidrográfica do Ivaí Fonte: ANDRADE (2002)

6.5 Vegetação natural

De modo geral, a bacia hidrográfica do rio Ivaí exibe uma vegetação de florestas de

caráter tropical e subtropical, sendo portanto, a latitude e a altitude um dos fatores geográficos

importantes para o desenvolvimento de determinadas espécies que permitem diferenciar a

mata em determinadas áreas da bacia. Pela classificação do IBGE (1993) as formações

vegetais que cobrem a bacia são a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional

Semidecidual.

A montante da bacia constitui-se a Floresta Ombrófila M ista, que corresponde a uma

mescla de matas da Floresta Estacional Semidecidual de características tipicamente

subtropicais e de espécies de pinheiros entre os quais a araucária (Araucária Angustifólia -

pinheiro símbolo do estado do Paraná). Esta formação vegetal recobre áreas de altitudes mais

elevadas acima de 500 m e temperaturas mais amenas com média em torno dos 18ºC e

pluviosidade entre 1800 mm anuais (IAPAR, 1978), condições de clima Cfb.

A partir da junção do rio Ivaí com o rio Alonso mais precisamente na passagem do

segundo para o terceiro planalto até a foz do rio Ivaí, a bacia é dominada pela Floresta

Estacional Semidecidual. Esse tipo de mata tem ocorrência na área dominada pelo clima Cfa,

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mas adquire aspectos diferentes em três porções da bacia, basicamente devido ao tipo de solo

e das condições climáticas (M AACK, 1981).

Principalmente no segmento médio essa floresta “ está relacionada ao clima de duas

estações, uma chuvosa e outra seca na área tropical (ao norte da bacia), com temperatura

média entre os 22ºC, ou com curto período seco acompanhado de uma acentuada baixa

térmica na área subtropical (ao sul da bacia), com temperatura média em torno dos 15ºC”

(IBGE, 1993). Por causa dessa diferença de temperatura e intensidade das chuvas, ao norte a

floresta apresenta características tropicais pois está associada a temperaturas mais quentes e

menor umidade. Em contrapartida ao sul, a mesma formação vegetal mostra características

subtropicais pois o desenvolvimento de muitas espécies está influenciado pela predominância

de temperaturas mais amenas e chuvas mais abundantes.

No segmento jusante a Floresta Estacional Semidecidual apresenta características

tropicais aparentando-se menos exuberante por se desenvolver em solos mais arenosos na área

de ocorrência da Formação Caiuá. Já a mata tropical de maior exuberância se assenta sobre

solos argilosos em área de ocorrência de basalto.

A floresta Estacional Semidecidual caracteriza-se por perder parte das folhas na

estação seca e/ou fria. Entre as principais espécies destaca-se a madeira de lei peroba

(Aspidosperma polyneuron).

6.6 Histórico de ocupação e uso do solo: o caso do desmatamento

Atualmente, o mosaico de vegetação natural da bacia hidrográfica do Ivaí, assim como

de todo o estado do Paraná, encontra-se modificado. O processo de colonização, ocupação e

uso do solo estabelecido no estado através dos ciclos econômicos da madeira, do café e

recentemente o das culturas comerciais (soja, trigo etc), não contemplaram a preservação da

vegetação a se destacar as florestas tropicais/subtropicais e as matas com araucária. A

“ filosofia” que permeava o processo era o de obter lucro a qualquer preço. A população que

foi ocupando as terras do estado estava “ hipnotizada” e ao mesmo tempo receberam

“ incentivos” pela quantidade abundante de madeira de boa qualidade e pelas aparentemente

“ inesgotáveis” terras roxas.

A mudança da paisagem no estado iniciou-se pela eliminação das florestas na faixa

li torânea avançando em direção ao Primeiro Planalto e posteriormente de modo rápido para o

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Segundo e Terceiro Planalto. No início da segunda metade do século XIX, os imigrantes

europeus passaram a ocupar o interior do estado e a realizar a derrubada da mata num

processo apenas de subsistência. Contudo, Nosella e Alcântara (2004) apontam a abertura da

estrada da Graciosa em 1873 ligando Curitiba a Antonina e a construção da ferrovia Curitiba

– Paranaguá em 1885 como empreendimentos que facili taram o transporte da madeira

incentivando sua comercialização. Com isso, a exploração madeireira acentuou-se

rapidamente com o aumento do número de serrarias que foram sendo gradativamente

construídas ao longo das estradas e ferrovias, além disso, conforme apontado por Hüeblin

(2004) por volta da década de 1930 houve um crescente uso de caminhões. Esses fatores

facili taram em muito o transporte das madeiras ocasionando a interiorização do desmatamento

no estado do Paraná.

Também, por volta dos anos de 1940 - 50 havia as empresas estrangeiras de

colonização das terras e de construção de ferrovias que, muitas vezes, faziam acordos com o

governo recebendo o direito de explorar uma determinada faixa de terra, ou explorava

criminosamente as matas demonstrando mais interesse de explorar a madeira do que colonizar

ou construir (HÜEBLIN, 2004). Assim, em meio a esse processo, extensas porções de matas

com araucária foram devastadas nas regiões sudoeste, oeste e noroeste do Paraná. Nesse

período, nessas regiões incluindo também o norte do estado a exuberante floresta foi quase

totalmente derrubada e substituída por culturas comerciais (CAM POS, 1999).

Conforme a vegetação primária foi desaparecendo, as mesmas terras foram sendo

ocupadas por essas culturas comerciais a se destacar primeiramente a cultura do café que, em

decorrência da ótima aceitação no mercado de produtos exportáveis e do preço favorável no

mercado externo, obteve uma expansão extraordinária e rapidamente tornou-se o principal

produto de exportação do Brasil até os anos de 1960. Na região norte as lavouras de café

adaptaram-se muito bem ao clima, ao tipo de solo e a topografia suave constituídas por

extensas áreas aplanadas, representando uma das regiões mais produtivas dessa cultura no

país.

Entretanto, no final da década de 50 ocorreu uma superprodução de café que,

associada à concorrência no mercado internacional com a África e Estados Unidos culminou

numa crise de exportação e conseqüentemente econômica. O governo por sua vez, por volta

de 1962 e 1967 para manter os preços internacionais do produto, implementou uma política de

erradicação dos cafezais, junto a esse processo, anos depois, as lavouras de café foram

prejudicadas por sucessivas geadas que acabou exterminando centenas de hectares de

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cafezais. Assim após anos de “ glória” dos cafeeiros, a década de 70 “ marca o fim” do apogeu

do café.

Segundo M oro (1991), com o declínio da cultura do café iniciou-se um processo de

substituição de culturas cedendo espaço para as pastagens num primeiro momento e depois

pela cultura associada da soja e do trigo.

Nesse sentido, a introdução gradativa nos últimos 30 anos e aceleradamente entre os

anos de 1970 a 1985 dessas culturas comerciais foi acompanhada pelo processo de

modernização da agricultura paranaense (M ORO, 1991), que, da mesma forma como ocorreu

com o café, acabou ganhando destaque como produto de exportação como se tem verificado

atualmente.

Realizando-se um balanço geral, o processo de ocupação e uso do solo ocorrido no

estado foi acompanhado de uma intensa destruição da cobertura florestal. O estado do Paraná

até o final do século XIX apresentava 83% de sua área ocupado por florestas e atualmente

restam apenas 7%, sendo que na região noroeste remanescem apenas 1% (CAM POS, 1999).

Esses dados, por sua vez, dão idéia da amplitude das mudanças e das perdas em termos

ambientais que foram gerados no estado do Paraná. As exuberantes florestas pode nos dias de

hoje ser observada apenas em manchas que foram instituídas como área de preservação ou em

áreas de afloramentos rochosos. A Tabela 2, fornece uma idéia quantitativa e visual da

evolução do desmatamento no estado do período de 1500 a 1995.

Tabela 2 - Evolução do desmatamento no estado do Paraná ANO COBERTURA FLORESTAL (ha) PERCENTUAL (%)

(* )1500 17.000.000 85,00 (** )1895 16.782.400 83,41 (** )1930 12.902.400 64,13

1937 11.802.400 59,60 (** )1950 7.983.400 39,68

1955 6.913.600 34,90 1960 5.563.600 28,10

(** )1965 4.813.600 23,92 (*** )1980 3.413.447 16,97

(**** )1990 1.848.475 9,19 (***** )1994 1.712.814 8,60 (**** )1995 1.769.449 8,79

FONTES: HOME PAGE DO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ (* ) Cobertura Florestal primitiva original - Estimativa (** ) Maack, 1968 (*** ) FUPEF, 1984 (**** ) SOS MATA ATLÂNTICA/INPE/ISA,1998 (***** ) IAP, 1994 Fonte: IAP (2004)

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A bacia hidrográfica do rio Ivaí drena as áreas que mais sofreram com o

desmatamento no estado. A porção média e baixa da bacia por apresentar características

físicas adequadas para a agricultura principalmente do tipo mecanizada apresenta-se hoje

como a área mais desprovida de vegetação florestal. A vegetação primária da área subtropical

situada da porção média a montante da bacia encontra-se mais preservada porque a cultura do

café não se desenvolveu muito bem nas regiões onde as geadas são freqüentes, da mesma

forma que a agricultura mecanizada não é possível de ser introduzida nas áreas de relevo mais

acidentados e íngremes e, dependendo do tipo de cultura, não se adapta às temperaturas mais

amenas típicas do clima subtropical da maior parte da região sul do país.

Dentro do contexto abordado, fica evidente que o processo de uso e ocupação do solo

adotado no estado do Paraná e notado principalmente na região norte e noroeste que são

regiões que compõe a maior parte da bacia do rio Ivaí, pode ter conduzido algum tipo de

modificação em relação aos recursos hídricos. A retirada da vegetação deixa o solo sem

proteção e o escoamento pluvial pode se acentuar ocasionando mudanças na vazão no que se

refere à magnitude dos picos de descarga. Processo como este pode ter se acentuado a partir

da introdução das culturas temporárias como a soja e o trigo que devido ao seu ciclo de

desenvolvimento entre crescimento e colheita expõe o solo uma a duas vezes ao ano, além de

ser uma planta de menor porte e que oferece uma menor proteção ao solo do que as matas e os

cafezais. Como é uma agricultura intensiva e que utili za máquinas para preparo do solo, a

remoção do mesmo leva a uma perda maior de solo durante os períodos de chuva

intensificando o assoreamento nos cursos d’água.

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Antes de prosseguir com a descrição dos métodos aplicados para o tratamento das

informações, é interessante destacar como é realizada a operação de uma estação

fluviométrica, os critérios considerados na escolha do local de implantação da estação e

algumas de suas características.

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7.1 Moni toramento das vazões e rede hidrométrica

O conhecimento das vazões de um rio depende da aquisição dos valores de descarga

ou da altura do nível da água em várias seções do canal, pois os cursos d’água exibem

segmentos geológico e morfologicamente distinto de sua nascente até a foz, que influenciam

nas características quantitativas e qualitativas das vazões no que se refere ao volume de água,

picos de descarga entre outros. Por isso, são estabelecidas ao longo dos cursos d’água várias

estações fluviométricas ou postos hidrométricos equipados com aparelhos para medição de

variáveis hidrológicas como vazão, precipitação, evapotranspiração, temperatura etc.

Segundo Deffune (1991), um posto hidrométrico é uma seção de um rio em que são

obtidos de modo sistemático vazões ao longo de um período por meio da instalação e

operação de dispositivos e aparelhos como réguas linimétricas ou linígrafos (aparelho que

grava continuamente as variações do nível da água automaticamente).

Além do uso de tais aparelhos, existem outras formas de se medir a vazão de um rio,

empregando-se equações e utili zando-se o método consagrado da curva-chave. A curva-chave

por sua vez, é elaborada cruzando os valores de vazão com a altura do nível d’água, para

tanto, necessita-se de um longo período de monitoramento dessas duas variáveis. Desse modo,

depois de elaborada a curva-chave geralmente realiza-se somente a leitura do nível da água

(cotas fluviométricas) e a determinação do valor de vazão passa a ser gerado atribuindo o

valor de cota à equação da curva-chave.

A determinação do local de instalação de uma estação fluviométrica deve obedecer, se

possível, diversos critérios como: localização em trecho retilíneo sem interferência de

meandros, ilhas e outros fatores que possam perturbar de modo significativo o escoamento; a

seção transversal deve apresentar velocidade do fluxo estável e bem distribuída a qualquer

altura do nível da água; a jusante do ponto as condições de escoamento deve ser semelhantes

ao longo do tempo, para tanto é necessário uma seção de controle estável; de preferência a

estação deve estar próximo a um observador e de pontos que facili tam a montagem de

equipamentos para medir as vazões e cotas (CHEVALLIER, 1997), (DEFFUNE,1994).

Numa bacia hidrográfica são instaladas as estações fluviométricas (medição da vazão

e de outras variáveis referentes ao canal do rio) e estações pluviométricas (medição de

precipitação) distribuídas na área da bacia. Essas estações são distribuídas de tal forma que

compõem uma rede de coleta de informações hidrológicas denominada rede

hidrometeorológica. O objetivo da rede é viabili zar o levantamento de informações

necessárias à realização de estudos e na elaboração de projetos que necessitam o

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conhecimento das disponibili dades hídricas e potenciais hidráulicos das bacias hidrográficas

brasileiras, e a obtenção de vazões utili zados no planejamento (ANA, 2004).

A rede hidrometeorológica abrange todo o território brasileiro e está dividida em 14

áreas operacionais sendo gerenciada pela Agência Nacional de Águas (ANA). A agência tem

sob seu domínio a administração da rede. Além da ANA, outros órgãos realizam a operação

de diversas estações de monitoramento.

Parte dos dados hidrológicos são centralizados pela ANA e divulgados pelo Sistema

de Informações de Recursos Hídricos pela Internet no site da ANA no ícone Hidro Web. Os

dados podem também ser encontrados em publicações na forma de boletins fluviométricos.

7.2 As estações de moni toramento das vazões do rio Ivaí

De acordo com informações publicadas pela SUDERHSA (PARANÁ, 1998) a bacia

hidrográfica do Ivaí possui 17 estações fluviométricas sendo 11 distribuídas ao longo do rio

Ivaí e outras 6 nos principais afluentes. Algumas dessas estações o órgão responsável é a

ANA e a operadora é a SUDERHSA. Neste caso os dois órgãos possuem os dados

hidrológicos disponíveis. Para outras estações tanto o órgão responsável quanto a operadora é

de responsabili dade da SUDERHSA e somente este órgão possui os dados à disposição.

As estações fluviométricas em operação no rio Ivaí são: Rio dos Patos, São Pedro,

Tereza Cristina, Porto Espanhol, Ubá do Sul, Vila Rica, Porto Bananeiras, Porto Paraíso do

Norte (Foto 2 e 3), Tapira Jusante, Novo Porto Taquara. Dessas, a estação São Pedro foi

excluída da análise por estar localizada muito próxima a estação Rio dos Patos não havendo

necessidade de considerá-la. A estação Tapira Jusante por apresentar pouco período de

monitoramento (dezembro de 1990 a outubro de 2002) acompanhado de muitas falhas (cerca

de 10%) também foi excluída. Nesse sentido, foram tomadas oito estações fluviométricas para

o estudo do regime hidrológico do rio Ivaí (Tabela 3).

Os pontos do rio em que as estações estão localizadas não são coletados apenas dados

de vazão e cota. Outras informações hidrológicas são tomadas no local constituindo um banco

de informações que contém dados de vazão e cota média, diária e mensal, mínima e máxima

mensal, pluviosidade, sedimentologia e perfis transversais levantados em diferentes períodos.

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Foto 2 – Estação f luviométrica de Porto Paraíso do Norte – segmento médio

Foto 3 – Vista parcial dos lances de réguas – estação Porto Paraíso do Norte no rio Ivaí

Posto equipado com aparelhos

Lances de réguas

Rio Ivaí

Residência do observador

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Tabela 3 - Característ icas das estações f luviométricas do rio Ivaí coordenadas geográfi cas códi go nome da estação l ati tude l ongi tude

al t i tude do posto

(m)

área de drenagem

(km2) 64620000

Ri o dos Patos -25º12’ 00” -50º56’ 00” 690 1086

64625000

Tereza Cr i st i na -24º49’ 48” -57º08’ 32” 424 3572

64645000

Por to Espanhol -24º20’ 00” -51º26’ 00” 413 8600

64655000

Ubá do Sul -24º03’ 00” -51º37’ 00” 380 12701

64660500

Vil a Ri ca -23º54’ 00” -51º57’ 00” 290 19300

64675002

Por to Bananei ras -23º40’ 00” -52º07’ 00” 275 24200

64685000

Por to Paraíso do Nor te

-23º19’ 00” -52º40’ 00” 250 28427

64693000 Novo Por to Taquara -23º12’ 00” -53º19’ 00” 240 34432 Fonte: ANA (2004) Obs: Segmento super i or ; médi o; i nfer i or

É importante conhecer as características das estações fluviométricas (Tabela 3)

utili zadas no estudo, pois sua localização geográfica (Figura 1) e altitude podem ajudar a

inferir explicações para muitas análises com relação ao regime de vazões ou outro elemento

hidrológico em questão, como avanços de massas de ar, eventos de precipitações locais,

evaporação, direcionamentos dos ventos entre outros.

As séries históricas de vazões do rio Ivaí apresentam um registro de dados satisfatório

pois abrangem longos períodos de observação sendo algumas acompanhadas de falhas e

outras com série completa (Tabela 4).

Tabela 4 - Situação das séries históricas das vazões registradas no rio Ivaí estações per íodo de regi stro i nterr upções

Rio dos Patos* 20/5/1930 – 30/9/2002 sem interrupções Tereza Crist ina* 07/8/1956 – 30/9/2002 1/3 – 30/4/78, 22/12/93 – 31/1/94, 1/3/94

– 9/5/94, jan/02 Porto Espanhol** 13/8/1965 – 30/6/2003 sem interrupções Ubá do Sul** 16/4/1967 – 30/11/2002 12/5 – 3/6/67, 01 – 18/4/83, 1997,1998,

1999, 2000, 2001 Vila Rica** 15/8/1985 – 30/9/2003 Jan/93, 01/2/95, 08/2 – 18/4/95, out/02 Porto Bananeiras* 19/2/1974 – 30/4/2003 3 – 29/6/88, 18/1/95, 22/1 – 21/4/95, 27/4

– 31/5/95, 1 – 5/10/95, 8/10 – 30/11/95, 20 – 29/3/96

Porto Paraíso do Norte* **

14/3/1953 – 13/12/2003 sem interrupções

Novo Porto Taquara* 8/7/1974 – 31/10/2002 1 – 7/6/83, 11 - 18/6/83, 23 – 28/6/83, 1/7 – 18/8/83, 22 – 29/8/83, 3108 – 18/9/83, 22 – 29/9/83, 1/10 – 30/11/90, 1/12 – 31/5/94, 1/12 – 31/12/94, jul/95, 2 – 30/9/95, 31/8/00

Fonte: * ANA (2004); ** SUDERHSA (2003); *** ITAIPU BINACIONAL (2004)

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No que se refere às características da seção e do leito (Tabela 5) onde estão

instaladas as estações, verifica-se que a maioria estão localizadas em trecho reto o que

diminui a existência de obstáculos para a medição das variáveis hidrológicas. No leito

predomina material rochoso o que oferece estabili dade para a seção de medição.

Tabela 5 - Característ icas da seção do rio Ivaí onde se localizam as estações f luviométricas estações caracter íst i cas do trecho/l ei to

Rio dos Patos trecho pouco curvo e o leito apresenta-se rochoso Tereza Cristina o trecho apresenta-se reto com leito arenoso-rochoso Porto Espanhol trecho reto Ubá do Sul trecho reto e leito rochoso Vila Rica trecho pouco curvo Porto Bananeira trecho reto Porto Paraíso do Norte trecho de configuração retilínea com leito rochoso Novo Porto Taquara trecho reto em início de curva, apresentando leito areno rochoso Fonte: ANA (2004)

8 MATERIAL E MÉTODOS

Para o conhecimento do comportamento do regime hidrológico do rio Ivaí, o primeiro

passo foi realizar um levantamento bibliográfico relacionado ao assunto e à área de estudo.

Entretanto, a bibliografia disponível sobre este rio é mínima tendo em vista que apesar da

importância que o rio Ivaí representa para o estado do Paraná a atenção destinada ao mesmo é

pequena, pelo menos até o momento.

Através da bibliografia consultada sobre o assunto pode-se verificar o uso de

parâmetros que auxili am no entendimento do comportamento do regime fluvial em vários

aspectos. Foram assim considerados alguns desses parâmetros como periodicidade,

estacionariedade, freqüência, duração e recorrência das vazões, como meio de facili tar a

interpretação das informações.

A base de dados para a análise e caracterização do regime hidrológico foram as séries

históricas de vazões e cotas (cedidos pela ANA, SUDERHSA e ITAIPU BINACIONAL)

registradas através das oito estações fluviométricas distribuídas ao longo do rio. As

informações utili zadas dessas séries foram de vazões diárias, médias mensais e máximas

anuais, além de cotas diárias. Todos esses dados formaram um banco de informações extenso,

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39

por isso foram tratados os dados e organizados/representados em forma gráfica, que permite

analisar as informações de modo quantitativo e visual.

8.1 Variabili dade das vazões: periodicidade e estacionariedade

Para analisar a variabili dade do regime hidrológico, as informações de vazão diária

foram organizadas em hidrogramas projetando-se as vazões em função do tempo. O intuito foi

de observar o comportamento das vazões ao longo do tempo de registro verificando-se a

existência de periodicidade e estacionariedade, assim como, a possível existência de

anomalias. Hidrogramas de vazão média mensal também foram elaborados no sentido de

facili tar a identificação de períodos sazonais.

A variabili dade das vazões também foi expressa pelo cálculo do coeficiente de

variação, por fornecer valores numéricos que representam a dispersão dos dados e por ser

amplamente utili zado em hidrologia. Para tanto, é necessário primeiramente conhecer a média

e o desvio padrão da série histórica. De acordo com Barbetta (2002) a medida do desvio

padrão fornece informações complementares à informação contida na média avaliando a

dispersão do conjunto de valores. Para o cálculo do desvio padrão aplicou-se a equação 3:

� �1

2

1 � �n

QQi

n

i (3)

Sendo: � desvio padrão

Q vazão

Q vazão média

n número de vazões registrados na série histórica

O cálculo do coeficiente de variação por sua vez, é expresso pelo inverso da vazão

média da série histórica de vazões diárias pelo seu desvio padrão, assim tem-se a equação 4:

Q

Cv

�� (4)

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40

Sendo:

vC coeficiente de variação

8.2 Freqüência e curva de duração do fluxo

A freqüência representa o número de vezes que uma vazão de determinada magnitude

ocorre na seção do canal em que foi registrado. Para analisar a freqüência foram elaborados

curvas que relacionam uma determinada vazão com a respectiva porcentagem de tempo em

que permanece no canal. Assim, considerando-se as séries de vazões diárias e aplicando-se a

equação 5 de Sturges, define-se o número de classes e pela equação 6 estabelece-se a

amplitude dos intervalos de classe. A freqüência deu-se, pois, pela contagem do número de

ocorrências de vazões pertencentes a cada intervalo de classe.

A equação 5 é dada por:

� �nm log.3,31 �� (5)

Sendo:

m intervalo de classe

n número de vazões registradas na série histórica

A equação que define a amplitude é dada por:

m

QmínQmáxA �� (6)

Sendo:

A amplitude para os intervalos de classe

Qmáx vazão máxima da série histórica

Qmín vazão mínima da série histórica

m número de intervalos de classe

Para a elaboração da curva de duração do fluxo, as freqüências de ocorrência das

vazões determinadas conforme o procedimento anterior foram organizadas e acumuladas em

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41

ordem decrescente e transformadas em porcentagem. Assim estabeleceu-se uma relação entre

vazão e porcentagem de tempo. Desse modo, a cronologia de ocorrência das vazões é

ignorado.

Apesar de ter sido utili zada a equação 5 na definição dos intervalos de classe, foi

necessário aumentar o número de classes diminuindo-se a amplitude a fim de tornar a curva

de duração mais representativa. Isso leva a inferir que para rios que apresentam um

comportamento do regime de vazões extremamente oscilatório com elevada amplitude entre

valores máximos e mínimos a equação de Sturges não apresenta bons resultados.

8.3 Recorr ência

A recorrência foi elaborada para as vazões máximas anuais ajustando os dados pela

função matemática de Gumbel. Tal função foi escolhida por ser de uso mais prático e ser

freqüentemente utili zada por hidrólogos e outros profissionais, além de apresentar resultados

satisfatórios em relação ao tratamento de extremos. Para aplicação da função de Gumbel os

valores são ordenados conforme a seqüência de magnitude numa escala crescente e aplicados

a equação 7, que conforme apresentado no trabalho de M artoni (1998) pode ser expressa da

seguinte maneira:

A distribuição de Gumbel tem como função densidade de probabili dades:

� � �������� ���� !""#$ %%& '() ax

e

ax

ex exf1

(7)

Conseqüentemente, a função cumulativa de probabili dades de não-excedência:

FCP: P[x * x] = + , y

ax

eex

eexF -../01123 4 55 66 7, para 8 9::;< x

Onde: = axy >?

Sendo:

y variável reduzida

x é a variável (Qmáx)

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42

@ e A parâmetros da distribuição dos valores extremos do Tipo I, que podem ser estimados

pelo método dos momentos @ parâmetro de locação (moda da distribuição) BC *45,0DE x

F parâmetro de mudança de escala ou parâmetro de escala (é proporcional ao desvio

padrão)

283,1

BF E

e 2,71 (constante de Euler)

9 O REGIME HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ

A variabili dade do regime hidrológico de um rio pode ser avaliado por meio da

periodicidade e estacionariedade de sua vazão. Para a análise desses parâmetros podem ser

utili zados os fluviogramas das vazões médias diárias.

No caso do rio Ivaí, em que são analisadas oito estações fluviométricas, a

variabili dade das vazões em cada uma delas pode ser observada nos fluviogramas que estão

apresentados a seguir (Gráficos 1 a 8).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

20/

05/

30

20/

05/

32

20/

05/

34

20/

05/

36

20/

05/

38

20/

05/

40

20/

05/

42

20/

05/

44

20/

05/

46

20/

05/

48

20/

05/

50

20/

05/

52

20/

05/

54

20/

05/

56

20/

05/

58

20/

05/

60

20/

05/

62

20/

05/

64

20/

05/

66

20/

05/

68

20/

05/

70

20/

05/

72

20/

05/

74

20/

05/

76

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05/

78

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05/

80

20/

05/

82

20/

05/

84

20/

05/

86

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05/

88

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90

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98

20/

05/

00

20/

05/

02

período

vazã

o m

3 /s

vazão média 21m3/s

Gráfico 1 – Vazão média diária do rio dos Patos na estação Rio dos Patos, segmento superior – período 20/5/1930 – 30/9/2002

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400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

07/

08/

56

07/

08/

57

07/

08/

58

07/

08/

59

07/

08/

60

07/

08/

61

07/

08/

62

07/

08/

63

07/

08/

64

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65

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66

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67

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68

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08/

69

07/

08/

70

07/

08/

71

07/

08/

72

07/

08/

73

07/

08/

74

07/

08/

75

07/

08/

76

07/

08/

77

07/

08/

78

07/

08/

79

07/

08/

80

07/

08/

81

07/

08/

82

07/

08/

83

07/

08/

84

07/

08/

85

07/

08/

86

07/

08/

87

07/

08/

88

07/

08/

89

07/

08/

90

07/

08/

91

07/

08/

92

07/

08/

93

07/

08/

94

07/

08/

95

07/

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96

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08/

97

07/

08/

98

07/

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99

07/

08/

00

07/

08/

01

07/

08/

02

período

vazã

o m

3/s

vazão média 77m3/s

Gráfico 2 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Tereza Crist ina, segmento superior – período 7/8/1956 – 30/9/2002

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

13/0

8/65

13/0

8/66

13/0

8/67

13/0

8/68

13/0

8/69

13/0

8/70

13/0

8/71

13/0

8/72

13/0

8/73

13/0

8/74

13/0

8/75

13/0

8/76

13/0

8/77

13/0

8/78

13/0

8/79

13/0

8/80

13/0

8/81

13/0

8/82

13/0

8/83

13/0

8/84

13/0

8/85

13/0

8/86

13/0

8/87

13/0

8/88

13/0

8/89

13/0

8/90

13/0

8/91

13/0

8/92

13/0

8/93

13/0

8/94

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8/95

13/0

8/96

13/0

8/97

13/0

8/98

13/0

8/99

13/0

8/00

13/0

8/01

13/0

8/02

período

vazã

o m

3 /s

vazão média 200m3/s

Gráfico 3 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Porto Espanhol, segmento superior – período 13/8/1965 – 30/6/2003

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1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

16/0

4/67

16/0

4/68

16/0

4/69

16/0

4/70

16/0

4/71

16/0

4/72

16/0

4/73

16/0

4/74

16/0

4/75

16/0

4/76

16/0

4/77

16/0

4/78

16/0

4/79

16/0

4/80

16/0

4/81

16/0

4/82

16/0

4/83

16/0

4/84

16/0

4/85

16/0

4/86

16/0

4/87

16/0

4/88

16/0

4/89

16/0

4/90

16/0

4/91

16/0

4/92

16/0

4/93

16/0

4/94

16/0

4/95

16/0

4/96

16/0

4/97

16/0

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16/0

4/99

16/0

4/00

16/0

4/01

16/0

4/02

período

vazã

o m

3/s

vazão média 276m3/s

Gráfico 4 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Ubá do Sul, segmento superior – período 16/4/1967 – 30/11/2002

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

15/

08/

85

15/

08/

86

15/

08/

87

15/

08/

88

15/

08/

89

15/

08/

90

15/

08/

91

15/

08/

92

15/

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15/

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94

15/

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95

15/

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15/

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97

15/

08/

98

15/

08/

99

15/

08/

00

15/

08/

01

15/

08/

02

15/

08/

03

período

vazã

o m

3/s

vazão média 431m3/s

Gráfico 5 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Vila Rica, no segmento médio – 15/8/1985 – 30/9/2003

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3000

4000

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6000

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74

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98

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02/

99

19/

02/

00

19/

02/

01

19/

02/

02

19/

02/

03

período

vazã

o m

3 /s

vazão média 571m3/s

Gráfico 6 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação Porto Bananeira, segmento médio – período 19/2/1974 – 30/4/2003

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

14/

03/

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57

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58

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59

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62

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65

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66

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68

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69

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73

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76

14/

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77

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03/

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03/

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14/

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00

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03/

01

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03/

02

14/

03/

03

período

vazã

o m

3/s

vazão média 599m3/s

Gráfico 7 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação de Porto Paraíso do Norte, segmento médio – período 14/3/1953 – 13/12/2003

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84

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85

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86

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89

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90

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07/

91

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92

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96

18/

07/

97

18/

07/

98

18/

07/

99

18/

07/

00

18/

07/

01

18/

07/

02

período

vazã

o m

3/s

vazão média 728m3/s

Gráfico 8 – Vazão média diária do rio Ivaí na estação de Novo Porto Taquara, segmento inferior – período 8/7/1974 – 31/10/2002

Os fluviogramas mostram que o regime hidrológico do rio Ivaí caracteriza-se por

apresentar uma variabili dade significativa das vazões, marcadas por mudanças rápidas de sua

magnitude. Na (Tabela 6) os coeficientes apresentam valores mais elevados a montante e

diminuem gradualmente em direção jusante, o que é considerado normal, pois com o aumento

da área de drenagem e da contribuição das vazões a oscilação tende a apresentar um leve

amortecimento e a amplitude entre os picos de descida e subida torna-se menor.

Tabela 6 - Coeficiente de variação com base nas vazões médias diárias Estações Coeficiente de variação

Rio dos Patos 1,63

Tereza Crist ina 1,61

Porto Espanhol 1,32

Ubá do Sul 1,32

Vila Rica 1,17

Porto Bananeiras 1,09

Porto Paraíso do Norte 0,94

Novo Porto Taquara 0,96

MÉDIA 1,25

A oscilação intensa entre máximos e mínimos se mantém ao longo das séries

históricas e não possuem um período definido de ocorrência. Isso significa que períodos de

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47

estiagem e ondas de cheia podem ocorrer em qualquer mês do ano e mudam de um ano para

outro, ou seja, o rio não mostra um período sazonal definido de cheia e de estiagem, e por

isso, o regime de vazões do rio Ivaí caracteriza-se como de baixa periodicidade. As cheias por

sua vez para a maioria das estações, ocorrem preferencialmente nos meses de janeiro, maio e

junho, pois conforme pode ser observado na Tabela 7 e 8, são nesses meses que ocorrem as

cheias máximas anuais com maior freqüência. Contudo, isso não revela um período sazonal

de cheia para o rio Ivaí, mas mostra apenas o mês em que ocorre seu pico máximo durante o

ano. Outros picos muitas vezes de magnitude minimamente inferior antecedem e sucedem o

pico máximo (dependendo do tipo da onda de cheia) ou, ocorrem em vários outros meses do

ano e também podem ser considerados como cheias, além disso, mesmo o pico máximo tem

uma ocorrência muito forte durante outros meses.

Tabela 7 - Período de ocorrência e freqüência das cheias máximas anuais Rio dos Patos Tereza Crist ina Porto Espanhol Ubá do Sul

mês freqüência mês freqüência mês freqüência mês Freqüência out 16 mai 8 mai 8 mai 7 jun 9 jun 7 set 6 jan 6 mai 7 set 6 jan 5 jun 5 nov 7 out 6 out 5 out 4 jan 6 jan 4 jun 4 dez 4 jul 6 ago 4 dez 4 jul 2 set 6 jul 3 jul 2 set 2 fev 5 nov 3 ago 2 ago 1 mar 3 dez 3 fev 1 fev 0 abr 3 fev 2 mar 1 mar 0 dez 3 abr 1 abr 1 abr 0 ago 2 mar 0 nov 0 nov 0

Tabela 8 - Período de ocorrência e freqüência das cheias máximas anuais (continuação) Vila Rica Porto Bananeira Porto Paraíso do Norte Novo Porto Taquara

mês freqüência mês freqüência mês freqüência mês Freqüência jan 6 jan 6 mai 9 jan 6 mai 5 mai 6 jan 8 mai 6 jun 3 jun 5 jun 7 set 5 set 3 set 5 set 7 out 4 jul 1 out 3 out 6 jun 3 out 1 dez 3 ago 4 dez 3 fev 0 jul 2 dez 4 jul 2 mar 0 fev 0 fev 2 fev 0 abr 0 mar 0 abr 1 mar 0 ago 0 abr 0 jul 1 abr 0 nov 0 ago 0 nov 1 ago 0 dez 0 nov 0 mar 0 nov 0

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48

A delimitação dos períodos sazonais é importante no sentido de projetar estudos da

biota, hidro-morfológico da planície e para aplicação de metodologias para coleta de

informações que estão relacionadas às diferenças hidrodinâmicas estabelecidas nos períodos

de cheia e vazante.

A precipitação por sua vez, é a variável mais importante a definir um padrão sazonal

para um sistema fluvial, pois é a principal entrada de água na bacia hidrográfica. Se o regime

pluviométrico da bacia apresentar uma distribuição temporal e espacial homogênea durante o

ano é bem provável que assim será a tendência do regime fluvial, não apresentando uma

sazonalidade definida.

Desse modo, mesmo analisando a distribuição média mensal das vazões (Gráficos 45

a 52 em anexo), a delimitação de um período de cheia e estiagem não é prática, pois se nota

que os meses que caracterizam a ocorrência de cheia e vazante não são agrupados durante um

semestre ou trimestre. Para a região onde se insere a bacia hidrográfica do Ivaí, teoricamente

o período sazonal padronizado para os sistemas fluviais seria de outubro a março, como

período de cheia, e de abril a setembro como de vazante, mas para o rio Ivaí essa

padronização praticamente não é válida. Apesar da variabili dade com que as vazões ocorrem,

esse comportamento se mantém semelhante ao longo do tempo indicando um regime

hidrológico estacionário sem expressivas mudanças.

Espacialmente, a vazão média registrada nas estações apresenta um aumento da

magnitude das vazões à medida que aumenta a área de drenagem mostrando um regime

hidrológico regularmente normal (Gráfico 9).

y = 0,021x + 7,7647

R2 = 0,9986

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000

área de drenagem (km2)

vazã

o m

édia

(m3/s

)

Gráfico 9 – Correlação vazões médias vs área de drenagem

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As séries de vazões diárias do rio Ivaí visualizado através do hidrograma mostram

picos pontiagudos e próximos uns aos outros. De acordo com Vill ela e M attos (1975), os rios

que possuem essa característica em relação ao escoamento fluvial, apresentam uma resposta

rápida de escoamento pelo fato da bacia constituir vertentes com uma qualidade de rocha e

solo impermeáveis, fazendo com que as chuvas ao precipitar na bacia, escoem numa

quantidade e velocidade rápida até o canal do rio, formando portanto, picos de vazões agudos

e de subida rápida.

Além disso, a bacia hidrográfica do rio Ivaí pela sua própria geologia e principalmente

geomorfologia, caracteriza declividades acentuadas do terreno que podem ser visualizadas na

Figura 14 elaborada por Santos et al (2004). Nessa figura, observa-se que no segmento médio

a montante as vertentes são mais íngremes com declividade de até 20 a mais de 40% num

setor da bacia na maioria das vezes mais estreito refletindo num escoamento pluvial rápido e

pronunciado até o canal do rio.

Figura 14 - Declividade do terreno na área da bacia hidrográfica do rio Ivaí Fonte: Santos et al (2004)

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Outro fator a considerar é a forma alongada e de certo modo estreita que a bacia do

Ivaí apresenta no sentido longitudinal do rio. As bacias com essa configuração originam picos

maiores de cheia, pois o escoamento pluvial tem um espaço menor para percorrer até alcançar

o canal do rio (VILLELA; M ATTOS, 1975).

Deve ser considerado também que o rio Ivaí escoa por rochas resistentes tanto quando

se trata do basalto como do arenito. O afloramento de rocha na base das margens do curso é

comum e a maior parte de seu leito é formado por rochas (Tabela 4). Esta conformação do rio

colabora na ocorrência de picos de descarga pontiagudos e com elevada amplitude entre fases

de águas altas e baixas, pois as águas não tem por onde extravasar, a não ser quando ocorrem

episódios de cheias extremas nos locais em que o rio possui margens de menor altura e/ou em

seções menos encaixadas.

Pode-se inferir ainda que estando o rio fluindo em material rochoso é bem provável

que a contribuição do lençol freático na manutenção do escoamento fluvial durante os

períodos de estiagem é baixa, uma vez que nesses períodos os valores das vazões são muito

inferiores a média e declinam drasticamente.

Diante das considerações apontadas, o comportamento que o rio Ivaí mostra nas fases

de águas baixas e altas é reflexo do tipo de escoamento pluvial e fluvial condicionado pelas

próprias características físicas da bacia e dos eventos de precipitação distribuídos

temporalmente e espacialmente na área de sua bacia hidrográfica.

10 FREQÜÊNCIA E PERMANÊNCIA DAS VAZÕES NO CANAL FLUVIAL

O conhecimento da freqüência com que ocorrem vazões de diferentes magnitudes,

assim como o seu tempo de permanência no canal é relevante para se conhecer a

potencialidade do sistema fluvial necessário na planificação de obras e usos. Além disso, o

trabalho geomorfológico e a quantidade de material transportado são realizados por fluxos de

magnitude variada, e portanto, a estimativa da freqüência pode ser correlacionada aos mesmos

permitindo analisar a magnitude dos eventos envolvidos na formação de específicos fatores da

paisagem (LEOPOLD; WOLM AN; M ILLER, 1964).

A curva de duração do fluxo foi elaborada para as oito seções do canal distribuídas ao

longo do curso do rio Ivaí (Gráficos 10 a 17), mostrando o quanto de tempo uma vazão de

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determinada magnitude se mantém igual ou superior durante o período analisado. Tendo-se

como referência a vazão média pode ser notado que:

- na seção Rio dos Patos as vazões com valores abaixo da média de 21 m3/s

permanecem no canal 65% do tempo enquanto que as vazões acima da média permanecem

apenas 35% do tempo;

- na seção Tereza Cristina as vazões maiores que a média de 77 m3/s tem duração no

canal de 52% e foi computado que as vazões abaixo deste valor permanecem 46% do tempo

nesta seção do canal;

- em Porto Espanhol as vazões acima da média de 200 m3/s tem duração de 40% e as

vazões considerados inferiores a média apresentam 60% de permanência;

- para a seção do canal de Ubá do Sul as vazões maiores e menores que a média de

276 m3/s permanecem no canal 40 e 60% respectivamente;

- a seção correspondente a Vila Rica, as vazões maiores que a média de 431 m3/s

apresentam duração de 46% do tempo e as vazões menores 54%;

- para a seção Porto Bananeira as vazões que ocorrem acima da média de 571 m3/s

permanecem no canal durante 40% do tempo e 60% correspondem as vazões menores que a

média;

- na seção de Porto Paraíso do Norte as vazões com magnitudes maiores que a média

de 599 m3/s tem duração de 44% e as abaixo 56% do tempo;

- para a seção mais próxima da foz, Novo Porto Taquara, 63% do tempo as vazões

permaneceram acima da média que é de 727 m3/s e apenas em 37% do tempo foram

registradas vazões abaixo da média.

A vazão média das cheias por sua vez permanece em média 0,50% do tempo no canal,

sendo 0,43% em média para as estações localizadas no segmento superior, 0,42% em média

para o segmento médio e 1,05% para o segmento inferior.

Os resultados da curva de duração considerando como ponto de referência a vazão

média, mostra que a seção mais próxima a nascente (seção Rio dos Patos) e a mais próxima a

foz (seção Novo Porto Taquara) tem o predomínio de permanência de vazões entre as

mínimas e as máximas respectivamente, o que é considerado normal, tendo em vista a

contribuição da área de drenagem para ambas seções do canal. Para as outras seções não

houve muita disparidade no que se refere ao tempo em que as vazões maiores e menores que a

média permanecem no canal, verificando-se que as vazões que permanecem maior tempo

oscilam próximo a média para a maioria das estações.

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Gráfico 10 - Curva de duração do f luxo – seção Rio dos Patos

Gráfico 11 - Curva de duração do f luxo – seção Tereza Crist ina

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% tempo

vazã

o m

3 /s

média 21m3/s; 35%

média das cheias 217m3/s; 0,60%

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% tempo

vazã

o m

3 /s

média 77 m3/s; 52%

média das cheias 994 m3/s; 0,35%

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Gráfico 12 - Curva de duração do f luxo – seção Porto Espanhol

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% tempo

vazã

o m

3 /s

média 200m3/s; 54%

média das cheias 1927m3/s; 0,40%

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% tempo

vazã

o m

3 /s

média 276m3/s; 40%

média das cheias 2709m3/s; 0,38%

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Gráfico 13 - Curva de duração do f luxo – seção Ubá do Sul

Gráfico 14 - Curva de duração do f luxo – seção Vila Rica

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% tempo

vazã

o m

3 /s

média 431 m3/s; 47%

média das cheias 3800 m3/s; 0,32%

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Gráfico 15 - Curva de duração do f luxo – seção Porto Bananeira

Gráfico 16 - Curva de duração do f luxo – seção Porto Paraíso do Norte

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% tempo

vazã

o m

3 /s

média 571m3/s; 40%

média das cheias 3955m3/s; 0,40%

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% tempo

vazã

o m

3 /s

média 599m3/s; 45%

média das cheias 3574m3/s; 0,54%

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Gráfico 17 - Curva de duração do f luxo – seção Novo Porto Taquara

Como a porcentagem de duração do fluxo é determinada com base na freqüência de

ocorrência das vazões, pode ser verificado que as vazões mínimas são as que ocorrem com

maior freqüência, seguido das vazões em torno do valor médio e as máximas com uma

ocorrência muito baixa.

É importante destacar que as curvas de duração do fluxo mostram uma considerável

curvatura. A forma da curva possui significado e reflete as condições de escoamento na bacia

e no canal do rio. De acordo com Burt (1996) quanto mais curvatura possuir a curva maior é a

variabili dade do fluxo, ocasionado por fluxos rápidos e pouca base de fluxo. Essa condição

tem sido notada para o rio Ivaí, que possui um escoamento fluvial extremamente oscilatório e

com pouca contribuição do lençol freático o que é observado durante as vazões muito baixas

durante os períodos de estiagem.

11 AS VAZÕES DE ELEVADA MAGNITUDE

Do conhecimento a respeito do regime hidrológico dos sistemas fluviais, as vazões de

elevada magnitude e intensidade são as que recebem maior atenção, pois durante o período

em que os rios estabelecem-se na fase de águas altas, são verificadas as transformações mais

rápidas e significativas do ambiente, visualizado no aspecto geomorfológico (esculturação e

modificação das formas do leito, margens e até mesmo planície), dependendo da situação

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% tempo

vazã

o m

3/s

média 727m3/s; 64%

média das cheias 4019 m3/s; 1,05%

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principalmente ecológico (conectividade entre o canal e a planície) e no contexto humano

(perda de cultivos agrícolas, destruição de residências e estabelecimentos comerciais, com

prejuízos materiais e muitas vezes humanos). Esses aspectos evidenciam que as cheias são

eventos hidrológicos que podem causar instabili dade ambiental e econômica.

As vazões de grande magnitude configuram elevada altura do nível d’água, descarga e

volume a ponto de poder causar inundações. São retratados pelos eventos de cheia e

inundação que se diferenciam principalmente pela magnitude e pelo seu efeito, sendo que as

inundações superam a capacidade de escoamento do canal causando transbordamentos e

espalhando as águas nas áreas mais baixas adjacentes ao canal.

Existe dificuldade em se determinar que magnitude de vazão pode ser considerada

cheia, principalmente se esta não se propagar como inundação. Não existe um método ou

técnica que forneça um limite padronizado para determinar o ponto de descarga a partir do

qual se inicia a cheia. Assim, cada pesquisador tem a liberdade para definir uma onda ou pico

de cheia conforme objetivos da pesquisa. Em geral, consideram-se cheias mensais ou anuais

que correspondem ao pico de descarga máximo ocorrido no decorrer dos meses ou anos

respectivamente, independente se a mesma se propaga como inundação ou não.

11.1 As cheias do rio Ivaí

Foram consideradas as vazões máximas anuais para caracterizar as cheias que ocorrem

no rio Ivaí. Os Gráficos 18 a 25 apresentam as cheias tendo a vazão média (Qm) e a média

das cheias (Qmc) como referência de análise.

No segmento superior do rio Ivaí formado pelo rio dos Patos, a seção do canal onde

está instalada uma estação do mesmo nome, a vazão de maior magnitude atingiu um valor de

806 m3/s em 1992. Para as outras estações desse segmento e que fazem parte do rio Ivaí a

maior cheia exibiu uma vazão de 1733 m3/s em 1992 para Tereza Cristina, 3520 m3/s em 1983

para Porto Espanhol e 4500 m3/s para Ubá do Sul em 1992. No segmento médio a maior

vazão para a estação Vila Rica registrada até o momento foi de 6078 m3/s com ocorrência no

ano de 1998, para a estação Porto Bananeira uma vazão de 6028 m3/s registrada também em

1998 e para Porto Paraíso do Norte uma vazão de 6194 m3/s em 1993. Para o segmento

inferior a estação de Novo Porto Taquara registrou uma vazão de maior magnitude entre os

5747 m3/s para o ano de 1983.

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Em algumas estações, verificou-se vazões máximas anuais muito baixas que não

ultrapassaram a vazão média ou atingiram vazões superiores a média da série, porém de

magnitude muito inferior as demais. Neste caso, os anos que se destacaram para as estações

foram: Rio dos Patos em 1944 (40 m3/s), 1960 (33 m3/s) e 1962 (49 m3/s), Tereza Cristina em

1956 (130 m3/s) e em 1968 (273 m3/s), Porto Espanhol no ano de 1968 (593 m3/s), Ubá do Sul

em 1968 (779 m3/s) e em 1985 (1310 m3/s), Vila Rica em 1985 (240 m3/s) e em 1991 (1635

m3/s), Porto Bananeira nos anos de 1983 (1690 m3/s) e em 1996 (2557 m3/s), Porto Paraíso do

Norte em 1991 (1673 m3/s) e em Novo Porto Taquara o ano de 1991 (1959 m3/s).

Gráfico 18 - Vazões máximas anuais, seção Rio dos Patos – período 1930 - 2002

Gráfico 19 - Vazões máximas anuais, seção Tereza Crist ina – período 1956 - 2002

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958

1960

1962

1964

1966

1968

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

período em anos

vazã

o (m

3/s

)

QmQmc

fenômeno El Niño

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

1956

1957

1958

1959

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

período em anos

vazã

o m

3 /s

QmQmc

fenômeno El Niño

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Gráfico 20 - Vazões máximas anuais, seção Porto Espanhol – período 1965 - 2003

Gráfico 21 - Vazões máximas anuais, seção Ubá do Sul – período 1967 - 2002

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

período em anos

vazã

o (m

3 /s)

QmQmc

fenômeno El Niño

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

período em anos

vazã

o (m

3 s)

QmQmc

fenômeno El Niño

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Gráfico 22 - Vazões máximas anuais, seção Vila Rica – período 1985 - 2003

Gráfico 23 - Vazões máximas anuais, seção Porto Bananeira – período 1974 - 2003

0

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3/s

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fenômeno El Niño

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1974

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1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

período em anos

vazã

o (m

3 /s)

QmQmc

fenômeno El Niño

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Gráfico 24 - Vazões máximas anuais, seção Porto Paraíso do Norte – período 1953 - 2003

Gráfico 25 - Vazões máximas anuais, seção Novo Porto Taquara – período 1974 - 2002

Do período de 1985 a 2002 todas as estações contém registros de vazões máximas

anuais, com exceção da estação de Ubá do Sul no alto curso que não possui registro referente

ao período de 1997 a 2001. Observando os Gráficos 18 a 25 verifica-se dois grupos de vazões

que se distinguem pela sua magnitude. Em média cerca de 40% das vazões máximas

0

1000

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1978

1979

1980

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1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

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período em anos

vazã

o (m

3 /s)

QmQmc

fenômeno El Niño

0

1000

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3000

4000

5000

6000

7000

1953

1955

1957

1959

1961

1963

1965

1967

1969

1971

1973

1975

1977

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1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

período em anos

vazã

o (m

3 /s)

QmQmc

fenômeno El Niño

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ultrapassaram a vazão de enchente média dentro do período de 1985 a 2002. São essas vazões

que estão mais “ sujeitas” a causar inundações principalmente no baixo curso onde a planície

fluvial está situada. Os outros 60% correspondem as vazões máximas de menor magnitude e

que não provocam inundações com transbordamento.

O principal fator que leva a formação das cheias são os eventos intensos de

precipitação. Esses eventos por sua vez, podem estar associados a fenômenos climáticos como

o El Niño que é um fenômeno que pode provocar o aquecimento das correntes do oceano

Pacífico, gerando períodos chuvosos acima do normal e que afeta toda a porção do hemisfério

sul.

A partir de 1965 os cientistas registraram 11 ocorrências do fenômeno El Niño, sendo

o último ocorrido em 1998. Este fenômeno não tem um período certo de ocorrência e a sua

atuação pode perdurar por meses e até anos como mostra a Tabela 9.

Nesse contexto, buscou-se correlacionar os períodos de atuação do fenômeno

climático com as principais cheias registradas no rio Ivaí. Para tanto, considerou-se as cheias

que ocorreram até um mês antes e até dois meses depois do período considerado El Niño.

Procedeu-se dessa forma, porque os períodos apresentados na Tabela 9, refere-se quando o

fenômeno foi detectado no Pacífico e não quando atuou sobre a região sul do Brasil, mas se

sabe que o fenômeno exerce influências sobre a dinâmica climatológica da região sul

brasileira um pouco antes e principalmente depois do período definido como de El Niño.

Tabela 9 - Eventos El Niño definidos a partir da anomalia da temperatura da superfície do mar, para a região El Niño (1+2) e excedendo valores de 0,4ºC posit ivo.

Período de El Niño Duração (meses) mar/65 a jan/66 11 mar/69 a jan/70 11 jan/72 a fev/73 14 mai/76 a jan/77 9 jun/79 a jan/80 8 jul/82 a dez/83 18 out/86 a dez/87 15 nov/91 a jun/92 8 fev/93 a jun/93 5 out/94 a fev/95 5 mar/97 e out/98 20

Fonte: Baldo (2000), atualizada.

Assim, de 1965 a 1998 as seções em estudo apresentaram em média 12 cheias

extraordinárias, destas, cerca de 55% em média ocorreram durante o período de influência do

El Niño, contudo, o valor médio fornece apenas uma idéia geral do que prevalece no

conjunto. Analisando-se caso por caso, a estação de Porto Paraíso do Norte se destacou no

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conjunto exibindo dentro do período de 1965 a 1998 um número de 15 cheias extraordinárias,

sendo 12 (80%) ocorridas dentro do período de influência do fenômeno El Niño. Além disso,

vale ressaltar, que as cheias de 1983 e 1998 foram as mais importantes para a maioria das

estações e as mesmas ocorreram em períodos de atuação do fenômeno El Niño.

11.2 Recorr ência das cheias

A definição da recorrência é um dos procedimentos para se conhecer com certa

probabili dade o retorno de uma vazão de determinada magnitude. Desse modo, foi calculado

o período de retorno para as vazões máximas anuais do rio Ivaí como forma de estimar a

recorrência de tais eventos. Para determinar a recorrência, utili zou-se a função matemática de

Gumbel que trata de valores extremos ajustando-os a uma curva e estabelecendo a relação

entre a vazão máxima anual e sua correspondente recorrência, determinando qual o período de

tempo que esta vazão pode voltar a ocorrer na seção de medida.

Para a seção Rios dos Patos situada no segmento montante, os valores das três vazões

mais significativas, ocasionaram uma extrapolação da curva (Gráfico 26), isso porque, a área

de drenagem é muito pequena para esta seção do canal refletindo em vazões baixas.

Entretanto, a ocorrência de pluviosidade excessiva a ponto de ser considerada extraordinária,

ocasionou vazões fora de regra. Assim, as vazões ocorridas em janeiro de 1995 (607 m3/s), a

de maio de 1983 (669 m3/s) e principalmente a de maio de 1992 (806 m3/s) apresentaram

respectivamente uma recorrência de 78, 143 e 540 anos revelando que tais magnitudes de

vazão para a referida seção no alto curso são eventos hidrológicos extremamente raros.

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cheia de 1995

cheia de 1983 cheia de 1992

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0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600

recorrência em anos

vazã

o (m

3 /s)

Gráfico 26 - Recorrência das vazões máximas anuais – seção Rio dos Patos

Excluindo-se esses valores “ anômalos”1 e elaborando-se uma nova curva em junção

com as outras seções do canal (Gráfico 27), os valores mais extremos apresentam em média

uma vazão de 4219 m3/s, para vazões que variam entre 437 a 6079 m3/s. Assim, tais vazões

recorrem entre 14 e 28 anos ou 21,71 anos em média. Essa diferença de recorrência para as

vazões mais elevadas ocorre porque essa estimativa, assim como qualquer outra que esteja

relacionada com a seção transversal do canal, reflete as características geométricas do mesmo,

não devendo ser fixado um valor de recorrência correspondente a uma determinada magnitude

de cheia para todo o rio, mas um valor para cada seção do canal, pois conforme corroborado

por Silva (2002) o resultado reflete as variáveis da seção do canal.

No que se refere as vazões de enchente média, estas apresentam uma probabili dade de

voltar a ocorrer no canal a cada 2,3 anos em média. Este valor corresponde ao encontrado por

Leopold e Wolman (1964), para os rios da América do Norte.

1 Considerou-se a recorrência das cheias dos anos de 1983, 1992 e 1995 como anômalos, por apresentarem valores de recorrência muito dispares dos demais. Contudo, recomenda-se a apli cação de vários modelos matemáticos, de modo a comparar os resultados, pois os mesmos utili zam parâmetros diferentes para o ajuste das informações e um ou outro modelo podem apresentar resultados mais coerentes.

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recorrência em anos

vazã

o (m

3 /s)

Rio dos Patos

Tereza Cristina

Porto Espanhol

Ubá do Sul

Vila Rica

Porto Bananeira

Porto Paraíso doNorteNovo PortoTaquara

Gráfico 27 - Recorrência das vazões máximas anuais para as seções do rio Ivaí

11.3 Caracterização das ondas de cheia

As ondas de cheia podem ser caracterizadas pelas formas com que os registros de

vazão se distribuem nos fluviogramas. A forma que uma onda de cheia adquire pode ser

reflexo da morfologia do canal e da bacia hidrográfica, uso do solo na bacia, intensidade e

duração dos eventos de precipitação. Dessa forma, as cheias podem se destacar pela sua

magnitude, duração, volume, oscilação e número de picos. Portanto, uma classificação das

cheias é um critério que auxili a no entendimento do comportamento do regime hidrológico de

um rio.

Para o rio Ivaí foram consideradas cheias extraordinárias (de magnitude superior a

vazão média das cheias anuais) e cheias ordinárias (de magnitude até a vazão média das

cheias anuais).

Nesse sentido, foram elaborados hidrogramas de vazão diária referente ao período de

doze meses do ano da cheia considerada e comparou-se os hidrogramas das cheias de todas as

estações que estão sendo consideradas na presente pesquisa. A ausência de dados de uma

determinada estação nos hidrogramas ocorre pela falta de registro no intervalo de tempo

considerado.

Desse modo, pode ser verificado em geral, que o rio Ivaí apresenta três tipos principais

de cheias:

Cheias tipo A: são constituídas pelas cheias extraordinárias mais importantes do

ponto de vista de sua magnitude, apresentando maior volume e duração, sendo por isso mais

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raras. Constam de um pico principal mais importante, precedido e sucedido por vários picos

que aumentam e diminuem de magnitude sucessivamente caracterizando um efeito de cascata.

A subida do pico principal é mais lento por ser precedido da oscilação de vários outros picos

menores. Esse tipo de cheia é formada em média por sete picos e pode ocorrer até duas vezes

ao ano. As cheias de 1983 e 1998 retratam muito bem as cheias do tipo A (Gráfico 28 e 29).

Cheias tipo B: são representadas tanto pelas cheias extraordinárias quanto ordinárias.

Apresentam três picos sucessivos de subida rápida, no qual geralmente dois são de magnitude

mais importante. Essas cheias são freqüentes e podem acompanhar as cheias do Tipo A. As

mesmas são observadas nos anos de 1975, 1989, 1987,1999 entre outros (Gráfico 30, 31 e

32).

Cheias tipo C: representam as cheias do tipo mais simples e freqüente caracterizando

apenas um pico principal de subida relativamente rápida, que pode vir ou não, acompanhado

de vários picos sem significado importante. Podem ser observadas pelo menos nos anos de

1985, 1991, 1992 e 1995 (Gráfico 33 e 34). Podem apresentar um pico máximo de 5000 a

6000 m3/s registrado em Porto Bananeira, Porto Paraíso do Norte e Novo Porto Taquara.

Essas cheias podem ocorrer junto as cheias Tipo A e B.

As ondas de cheia são caracterizadas pela ascensão de diversos picos principalmente

nas cheias Tipo A e B. Os picos de vazão que constituem as ondas de cheia apresentam

formato de “ estaca” e raramente constam de valores conservativos, e quando isso ocorre é por

pouquíssimo tempo, pois o rio se conforma em vale encaixado o que dificulta o

amortecimento dos picos que pode ocorrer caso haja transbordamento ou refluxo em

afluentes, por exemplo. Nesse sentido, a quantidade e a magnitude dos picos que as ondas de

cheia apresentam estão relacionados aos episódios de precipitação que ocorrem na bacia

hidrográfica.

Analisando-se as ondas de cheia em detalhe (Gráfico 35) observa-se que os picos

propagam-se de montante para jusante passando por todas as seções, entretanto, a oscilação

torna-se mais acentuada para a maioria dos picos ao passar pela estação de Ubá do Sul a partir

dos 500 m3/s para esta estação. Para a estação Rio dos Patos a oscilação é menor e quando

existente é mais suave mesmo nos picos principais das grandes cheias.

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período em d ias

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)

Rio d os Pat os Ter. Crist. P. Espanh ol Ubá do Sul P. B ananei ra P. Par aíso Norte N. P. Taq uara

Gráfico 28 - Cheia T ipo A – ano de 1983

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período em dias

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)

Rio Patos Ter. Crist. P. Espanhol Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso N. P. Taquara

Gráfico 29 - Cheia T ipo A – ano de 1998

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Rio dos Patos Ter. Crist. P. Espanhol Ubá do Sul Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso Norte N. P. Taquara

Gráfico 30 - Cheia T ipo B – ano de 1987

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período em dias

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3/s

)

Rio Patos Ter. Crist. P. Espanhol Ubá Sul Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso N. P. Taquara Gráfico 31 - Cheia T ipo B – ano de 1989

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período em dias

vaz

ão (

m3 /s

)

Rio Patos Ter. Crist. P. Espanhol Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso N. P. Taquara

Gráfico 32 - Cheia T ipo B – ano de 1999

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Rio Patos Ter. Crist. P. Espanhol Ubá Sul Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso N. P. Taquara

Gráfico 33 - Cheia T ipo C – ano de 1985

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)

Rio Patos Ter. Crist. P. Espanhol Ubá Sul Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso N. P. Taquara

Gráfico 34 - Cheia T ipo C – ano de 1995

Além disso, duas características nas cheias de grande porte chamam a atenção.

Primeiro, que por diversas vezes a vazão em Porto Paraíso do Norte é superior a de Novo

Porto Taquara e pela lógica deveria ser o contrário, considerando-se que Novo Porto Taquara

está situada a jusante de Porto Paraíso do Norte recebendo a contribuição de uma área de

drenagem maior e, portanto deveria concentrar também uma maior vazão. Neste caso, a cheia

de 1992 (Gráfico 35) retrata bem esse efeito. Segundo, que pode também ser notado que além

de menor, esse pico apresenta um achatamento, ou seja, um amortecimento das vazões

exibindo uma subida e descida por um tempo mais prolongado. Esse efeito visualizado na

hidrógrafa merece ser analisado com atenção, pois pode indicar particularidades do regime

hidrológico neste trecho do canal e fornecer importantes informações em relação a dinâmica

do escoamento fluvial.

Como esse efeito é observado principalmente nas cheias de elevada magnitude,

buscou-se correlacionar a média das cheias anuais registradas nas estações fluviométricas com

sua respectiva área de drenagem (Gráfico 36), assim como foi feito com a vazão média. Com

isso, foi possível verificar uma redução das vazões para as estações de Porto Paraíso do Norte

e em menor proporção para Novo Porto Taquara, situada a jusante, no trecho de planície.

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período em dias

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3 /s

Rio Patos Ter. Cristina P. Espanhol Ubá Sul Vila Rica P. Bananeira P. Paraíso N. P. Taquara

Gráfico 35 - Onda da cheia de mai/jun de 1992, com um pico máximo de cheia para a estação Porto Paraíso do Norte ao invés de Novo Porto Taquara que por sua vez, configura um amortecimento de pico da cheia

y = 0,1118x + 799,66

R2 = 0,8476

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área de drenagem (km2)

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3/s

)

Gráfico 36 - Correlação área de drenagem vs vazão média das cheias anuais

Silva (2002) constatou o mesmo efeito para as cheias do rio Araguaia, que apresenta

uma diminuição das vazões no médio curso como conseqüência da entrada de fluxo do canal

para a planície aluvial e para o rio Javaés, importante tributário do rio Araguaia. Desse modo,

a interação entre canal e planície por meio do escoamento fluvial, produz modificações

visualizadas no hidrograma e mostra que se torna necessário o conhecimento das

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características das cheias, no que se refere a sua magnitude em termos de cota e de sua

freqüência de ocorrência, como também a relação desses parâmetros com a geomorfologia do

ambiente fluvial considerando-se a forma da seção transversal do canal e das margens.

Dentro desse contexto, utili zou-se o método elaborado por Lambert (1990) da curva

de freqüência para as cotas das cheias máximas anuais e comparou-se com o perfil da seção

transversal do canal. A presente metodologia ajusta as cotas fluviométricas a uma curva em

escala logarítmica que representa a freqüência de recorrência em anos. Como sobre os pontos

são traçadas retas, na inflexão da curva ocorre a quebra da mesma. De acordo com Lambert

(1990), essas quebras indicam as cotas onde ocorre o extravasamento do escoamento fluvial.

Assim faz-se sentido, correlacionar as quebras da curva com a morfologia da seção

transversal do canal, verificando-se a relação existente.

Analisando-se as curvas (Gráfico 37 a 44), nota-se que até a primeira quebra da reta os

pontos ajustam-se muito próximos, de modo a formar uma linha contínua sem interrupções, e

em geral, o alinhamento dos pontos apresenta-se numa posição mais vertical. Esse detalhe

mostra que as cotas que formam essa primeira reta são mais freqüentes e recorrem em um

período de tempo mais curto. De fato, se o canal mostra-se encaixado e a vazão aumenta,

conseqüentemente as cotas se elevam, pois as margens são relativamente íngremes e altas e o

escoamento fluvial não tem por onde extravasar, por isso que se forma uma linha

retili neamente uniforme.

A partir da segunda e terceira quebra os pontos apresentam-se em menor número e

mais espaçados e o alinhamento dos pontos tende a se adequar numa posição mais horizontal,

revelando que os valores desses níveis ocorrem com menor freqüência e levam mais tempo

para voltar a recorrer, constituindo eventos de cheias mais raras e também de maior

magnitude.

Cruzando-se os valores das cotas fluviométricas onde ocorre as quebras com a

morfologia do canal, constata-se que existe uma certa correlação das quebras da curva com

alguma mudança na forma do canal. Na maioria dos casos o valor de cota da quebra encaixa-

se com a passagem das águas do canal de um patamar a outro ou para uma abertura maior do

canal e até mesmo para uma cota de transbordamento. Em outros casos, o cruzamento das

informações não é exato, mas, demonstram-se muito próximos, isso faz pensar que ajustes

não adequados no levantamento dos perfis, assim como da curva-chave, pode ser a causa do

desajuste entre as cotas e a morfologia das seções.

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Conferindo-se minuciosamente a relação existente entre a freqüência e recorrência da

cotas por meio do método de Lambert com os perfis transversais levantados pelas operadoras

em épocas diferentes, pode ser verificado para cada seção as seguintes observações:

Para a seção Rio dos Patos (Gráfico 37), que tem o canal com forma retangular, a

curva de freqüência das cotas fluviométricas consta de duas quebras, estas podem ser reflexo

da mudança no escoamento ocasionado por um aumento da vazão em decorrência de

mudanças na morfologia da seção. A primeira ocorre a 3,70 m e está relacionado a um

pequeno alargamento do canal referente a margem direita. A outra a 4,05 m parece estar

relacionada a expansão do escoamento sobre um patamar da margem direita, semelhante a um

dique. Contudo, a 4,35 m tem-se o transbordamento do canal quando a vazão atinge o valor de

806 m3/s, valor este registrado pela cheia de 1992, o que é considerado extremamente raro

para esta seção, pois a recorrência é de apenas uma vez em um século.

A seção Tereza Cristina (Gráfico 38) configura um canal com uma forma mais

arredondada lembrando a uma concha e possui margens relativamente altas isenta de

patamares, sendo que a margem esquerda é mais alta e inclinada conferindo uma abertura

maior para o canal. A curva de freqüência para esta seção exibe duas quebras, uma à cota de

8,82 m e a outra à 10,44 m. A primeira que não se apresenta muito expressiva se encontra no

nível onde o canal sofre um gradativo aumento de sua largura. A segunda quebra, contudo, se

destaca pelo fato de mostrar um alinhamento dos pontos deslocado um pouco acima dos

demais formando uma pequena reta a parte. O nível em que se dá essa separação ocorre a

10,44 m que junto ao perfil indica a cota de transbordamento sobre a margem direita. O

transbordamento é gerado quando a vazão atinge 1541 m3/s e possui um retorno de nove

vezes em cem anos.

A curva de freqüência das cotas para a seção Porto Espanhol (Gráfico 39) mostra

apenas uma quebra provocada por uma leve inflexão da curva, isso porque, para esta seção

não se constatou registros de cheias que tenham provocado transbordamentos, e, além disso, a

mesma não apresenta mudanças morfológicas significativas, como reentrâncias ou patamares,

que podem ocasionar mudanças mais abruptas ao escoamento. O valor máximo de cota

atingido pelo escoamento é de 10,92 m e pelo perfil levantado em 27/09/1999 a cota de

transbordamento é de 11,88 m na margem esquerda. Desse modo, é provável que a quebra por

volta dos 10,41 m seja decorrente do aumento contínuo da largura do canal. Este valor de cota

por sua vez apresenta um período de retorno de uma vez a cada dez anos.

O perfil transversal na seção Ubá do Sul (Gráfico 40) caracteriza a forma de um funil

mostrando uma morfologia bastante diferente. Considerando a cota de 2m até o fundo do leito

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o canal é bem estreito e a partir de 2 m até o topo da margem direita o canal sofre uma

significativa abertura. À uma cota de 5,68 m ocorre uma quebra da curva no local em que o

canal sofre praticamente seu maior alargamento, portanto a quebra pode estar associada às

mudanças do escoamento em relação as diferenças na morfologia do canal. Nesta seção assim

como a anterior não se encontrou valores que mostrassem transbordamentos, mas a cota

máxima de 6,55 m que tem uma recorrência de 0,03,ou seja, três vezes a cada cem anos

apresenta-se bem próxima ao topo da margem direita.

Vila Rica (Gráfico 41) apresenta uma seção transversal semelhante a anterior, porém o

aumento da largura do canal se dá um pouco acima da cota mínima registrada para esta seção.

A curva de freqüência por sua vez, apresenta-se simples, e após a quebra, o alinhamento dos

valores das cotas são ligeiramente inclinados revelando que o canal não apresenta patamares

configurando acima da cota mínima uma morfologia homogênea. Nesta seção, contudo, não

se verificou transbordamento sendo a cota de 8,46 m a cota máxima registrada em 1998 que

apresenta um retorno provável de seis vezes a cada cem anos, retorno este condicionado por

uma cheia de 5639 m3/s.

Para Porto Bananeira (Gráfico 42) a seção transversal se torna bem menos funilada

com um fundo do canal mais aberto. Apresenta também um patamar bem desenvolvido na

margem direita podendo estar associado possivelmente a um dique, já que esta seção está

situada num segmento mais próximo de jusante, onde a área adjacente ao canal passa a

caracterizar feições geomorfológicas mais associadas a ambientes de planície. Em relação a

curva de freqüência para a seção Porto Bananeira, esta se apresenta relativamente simples,

porém a quebra que representa o valor de cota de 7,18 m se destaca na curva, pois se encaixa

perfeitamente a passagem do escoamento sobre o patamar de mais ou menos 10m de extensão

na margem direita e próximo ao nível de transbordamento para a margem esquerda. Para tanto

é necessário que o rio apresente uma vazão de 5514 m3/s que de acordo com as informações

geradas pela curva de freqüência, apresenta uma recorrência de sete vezes a cada cem anos.

A seção de Porto Paraíso do Norte (Gráfico 43) apresenta uma morfologia com

tendência a retangular, canal encaixado e profundo com margens altas. A medida que as

margens se elevam o canal torna-se mais aberto e essa abertura do canal faz com que a curva

de freqüência das cotas seja menos vertical do que a maioria das outras seções, mostrando

nitidamente a evolução do preenchimento do canal pelo escoamento fluvial. À 10,3 m, 11,96

m e 12,76 m a curva apresenta quebras e uma inclinação maior e quando se compara essas

alturas com a morfologia do canal verifica-se que estes pontos revelam a abertura do canal

principalmente do lado da margem direita, isso por sua vez, reflete mudanças na curva como

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pode ser verificado. A cota de maior importância para a seção de Porto Paraíso do Norte seria

a de 14 m que representa a cota de transbordamento do canal quando a vazão é de 5710 m3/s,

com um retorno de duas vezes em um século, ou melhor dizendo, uma vez a cada cinqüenta

anos.

O perfil transversal da seção de Novo Porto Taquara (Gráfico 44) exibe uma forma do

canal de certo modo retangular, profundo e com margens consideravelmente íngremes,

interrompidas em sua porção mais superior pelo desenvolvimento de dois diques marginais

em sua margem direita. A transposição do primeiro dique ocorre a cota de 9,84 m,

coincidindo com a primeira quebra da reta e tem uma recorrência de quatro vezes ao ano,

quando a vazão atinge 446 m3/s. O nível das águas atinge o segundo dique a 12 m de altura, a

partir de 3731 m3/s de vazão. Nesse sentido, do primeiro para o segundo dique tem-se a

inundação da planície por uma extensão de mais ou menos 30 m, nessa fase verifica-se

também que as cheias ocasionam o transbordamento sobre a margem esquerda. Esse processo

de transbordamento das águas por sua vez, ocorre em torno de cinco vezes a cada dez anos.

Acima de 12 m as cheias apresentam-se como eventos muito raros e principalmente as cheias

de 1983, 1993 e 1998 atingiram valores de cota que vão de 12 a 12, 59 m, sendo este último

valor a altura máxima registrada atingida pelo nível das águas para esta seção que

corresponde a passagem das águas sobre o segundo dique na margem direita. Para tanto, esse

valor de cota foi conseguido pela cheia de 1993 quando a vazão alcançou 5280 m3/s. Uma

cheia extraordinária como esta tem um retorno de apenas três vezes a cada cem anos,

podendo, portanto, ser considerada como um evento excepcionalmente raro ou até mesmo

fora de regra.

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Diante de tais aferições as estações localizadas fora do trecho de planície mostram

possíveis transbordamentos em 0,02 anos, ou seja, a cada 50 anos quando ocorrem cheias

excepcionalmente extremas. Para as seções localizadas mais a jusante como Porto Bananeira,

Porto Paraíso do Norte e Novo Porto Taquara a probabili dade de transbordamento aumenta.

Entretanto, a margem direita demonstra patamares e no caso de Novo Porto Taquara existe a

nítida configuração de diques marginais que são feições morfológicas típicas de trechos de

planície. Caso haja o transbordamento das águas sobre o primeiro dique uma pequena

quantidade de fluxo pode entrar na planície a cada 4 anos, mas seria uma inundação em tempo

muito curto, pois os níveis de subida e descida das águas como já se observou são

relativamente rápidas. Contudo, uma quebra da curva a 12 m indica uma inundação de maior

intensidade e permanência, com uma freqüência de 0,55 anos, em outras palavras, 5 vezes em

dez anos, ou ainda a cada 2 anos.

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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O comportamento do regime hidrológico do rio Ivaí foi analisado e caracterizado por

meio de informações hidrológicas de vazão, registrados em oito estações fluviométricas,

sendo: Rio dos Patos, Tereza Cristina, Porto Espanhol e Ubá do Sul distribuídas no segmento

montante; Vila Rica, Porto Bananeira e Porto Paraíso do Norte no segmento médio e Novo

Porto Taquara no segmento inferior. Para tanto, considerou-se a periodicidade, a

estacionariedade, a freqüência, a permanência e a recorrência como parâmetros de análise.

A análise das séries históricas referentes a cada estação mostrou os seguintes valores

de vazão média anual e de maior vazão registrada para cada uma delas:

estação vazão média anual vazão máxima/ano

Rio dos Patos 21 m3/s 806 m3/s-1992

Tereza Crist ina 77 m3/s 1733 m3/s-1992

Porto Espanhol 200 m3/s 3520 m3/s-1893

Ubá do Sul 276 m3/s 4500 m3/s-1992

Vila Rica 431 m3/s 5639 m3/s-1998

Porto Bananeira 571 m3/s 6028 m3/s-1983

Porto Paraíso do Norte 599 m3/s 6194 m3/s-1993

Novo Porto Taquara 728 m3/s 5747 m3/s-1983

A análise do regime hidrológico do rio Ivaí permitiu caracterizá-lo como de baixa

periodicidade, sem um período sazonal definido de cheia e estiagem. Ou seja, a bacia de

drenagem não possui grande capacidade de armazenamento, fazendo com que as vazões de

maior magnitude ocorram no período de chuva, e os valores de descarga diminuam assim que

a precipitação cesse.

A resposta rápida da vazão em relação à pluviometria deve-se à forma da bacia, cuja

área de captação é pequena em relação ao comprimento do canal. Alem disso, a existência de

vertentes íngremes na parte superior e média da bacia facili ta o escoamento superficial. Da

mesma forma, as vertentes íngremes em geral são desprovidas de solos e manto de alteração

profundos, o que dificulta a existência de reservatórios que mantenham o fluxo de base

elevado.

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A freqüência e o tempo de permanência das vazões foram analisados através da curva

de duração do fluxo. Para a seção mais próxima da nascente e a para a mais próxima da foz,

as vazões permanecem mais de 60% abaixo e acima do valor médio respectivamente. Já para

as outras seções as vazões que ocorrem com uma freqüência e permanência maior oscilam em

torno do valor médio.

A magnitude foi o parâmetro considerado para analisar as cheias anuais e mostrou que

60% das vazões máximas anuais correspondem às cheias ordinárias de menor magnitude e

que não ultrapassam o valor de enchente média. Outros 40% são representados pelas vazões

extraordinárias, de magnitude superior à média das cheias máximas anuais, com forte relação

com os eventos de El Niño. A se destacar, a estação de Porto Paraíso do Norte, em que 12 de

suas 15 maiores cheias foram causadas pelas precipitações atribuídas ao fenômeno.

A análise da recorrência das cheias foi realizada pelo método de Gumbel. Os valores

obtidos mostraram que a recorrência das cheias médias anuais foi de 2,3 anos, e recorrência

da média das cheias extremas (4219 m3/s) foi de 22 anos.

De modo geral, quando se trata da vazão média que passa por cada seção em estudo, o

rio Ivaí apresenta um regime hidrológico normal de uma estação a outra, com aumento da

vazão à medida que se aumenta a área de drenagem. Contudo, quando se considera a média

das vazões máximas anuais verifica-se uma redução da vazão nas estações de Porto Paraíso

do Norte e de Novo Porto Taquara. Nas ondas de cheias extraordinárias nota-se um

amortecimento da vazão na estação de Novo Porto Taquara.

Essa redução das vazões durante as maiores cheias não significa propriamente uma

perda de água do canal para a planície, pois a correlação da freqüência e retorno das cotas

fluviométricas por meio do método de Lambert com a morfologia do canal mostra que cheias

com transbordamento significativo são praticamente inexistentes. Além disso, para a estação

de Novo Porto Taquara eventos de cheias com transbordamentos mais efetivos seriam

alcançados a partir dos 12 m de altura do nível das águas, mas para este valor de cota, a

recorrência é de apenas três vezes em um século o que não ocasionaria reflexos no

hidrograma.

O tratamento das informações das cotas a partir do método de Lambert com o perfil da

seção transversal do canal mostra uma boa correlação. As quebras da curva podem ser

relacionadas a mudanças na morfologia da calha fluvial. Em geral, a correlação está associada

ao aumento da largura do canal, a mudança de um patamar a outro da margem, a transposição

da águas sobre diques e até mesmo transbordamentos.

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ANEXO

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

out/3

0ou

t/32

out/3

4ou

t/36

out/3

8ou

t/40

out/4

2ou

t/44

out/4

6ou

t/48

out/5

0ou

t/52

out/5

4ou

t/56

out/5

8ou

t/60

out/6

2ou

t/64

out/6

6ou

t/68

out/7

0ou

t/72

out/7

4ou

t/76

out/7

8ou

t/80

out/8

2ou

t/84

out/8

6ou

t/88

out/9

0ou

t/92

out/9

4ou

t/96

out/9

8ou

t/00

out/0

2

período

vazã

o m

3 /s

média desv. padr.+ desv. padr. -

Gráfico 45 - Vazão média mensal – estação Rio dos Patos

0

100

200

300

400

500

600

set/5

6

set/5

8

set/6

0

set/6

2

set/6

4

set/6

6

set/6

8

set/7

0

set/7

2

set/7

4

set/7

6

set/7

8

set/8

0

set/8

2

set/8

4

set/8

6

set/8

8

set/9

0

set/9

2

set/9

4

set/9

6

set/9

8

set/0

0

set/0

2

período

vazã

o (m

3 /s)

vazão média desv padrão + desv padrão -

Gráfico 46 - Vazão média mensal – estação Tereza Crist ina

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]

0

200

400

600

800

1000

1200

out/6

5ou

t/66

out/6

7ou

t/68

out/6

9ou

t/70

out/7

1ou

t/72

out/7

3ou

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out/7

5ou

t/76

out/7

7ou

t/78

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9ou

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1ou

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out/8

3ou

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out/8

5ou

t/86

out/8

7ou

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out/8

9ou

t/90

out/9

1ou

t/92

out/9

3ou

t/94

out/9

5ou

t/96

out/9

7ou

t/98

out/9

9ou

t/00

out/0

1ou

t/02

período

vazã

o (m

3 /s)

vazão média desv padrão + desv padrão -

Gráfico 47 - Vazão média mensal – estação Porto Espanhol

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1ju

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período

vazã

o (m

3/s

)

vazão média desv + desv -

Gráfico 48 - Vazão média mensal – estação Ubá do Sul

Page 94: REGIME HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR · ii EDILAINE VALÉRIA DESTEFANI REGIME HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia,

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período

vazã

o (m

3/s

)

vazão média desv + desv -

Gráfico 49 - Vazão média mensal – estação Vila Rica

0

500

1000

1500

2000

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período

vazã

o (m

3 /s)

vazão média desv + desv -

Gráfico 50 - Vazão média mensal – estação Porto Bananeira

Page 95: REGIME HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR · ii EDILAINE VALÉRIA DESTEFANI REGIME HIDROLÓGICO DO RIO IVAÍ – PR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia,

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1500

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t/02

período

vazã

o m

3/s

média desv + desv -

Gráfico 51 - Vazão média mensal do rio Ivaí – estação Porto Paraíso do Norte

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período

vazã

o (m

3 /s)

vazão média desv + desv -

Gráfico 52 - Vazão média mensal do rio Ivaí – estação Novo Porto Taquara