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Qualificação profissional para o desenvolvimento da fruticultura no Território do Vale do Ivaí-PR

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Qualificação profissional para o desenvolvimento da

fruticultura no Território do Vale do Ivaí-PR

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Qualificação Profissional para o Desenvolvimento da Fruticultura no

Território do Vale do Ivaí – PR

Ovídio Cesar Barbosa1

Mateus José Falleiros da Silva2

_____________________ 1 Economista, Me. Instituto EMATER, Unidade Regional de Apucarana – Organização Rural – PR. Organizador. 2 Engenheiro Agrônomo, Dr. – IFPR - Campus Ivaiporã – Recursos Naturais – PR. Organizador.

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GOVERNO DO PARANÁ

Emater-PR - Vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento Material produzido com recursos do Pró-Rural – Banco Mundial. Organização Ovídio Cesar Barbosa – Economista, Me. Instituto Emater-PR, Unidade Regional de Apucarana – Organização Rural-PR. Mateus José Falleiros da Silva - Engenheiro Agrônomo, Dr. IFPR - Campus Ivaiporã – Recursos Naturais-PR. Preparação, Edição e Revisão de texto Carmem Sílvia Félix Venturi – Me. em Letras - IFPR - Campus Ivaiporã

Revisão Final de texto Michelle Andressa Vieira Ramos – Me. em Letras – IFPR – Campus Ivaiporã Os exemplares desta edição foram distribuídos aos parceiros e encontram-se disponíveis na biblioteca do Instituto Emater.

1ª Edição (2018): 1000 exemplares

Todos os direitos reservados A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação

dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)

Maria Sueli da Silva Rodrigues – 9/1464

B238 BARBOSA, Ovídio Cesar

Qualificação Profissional para o Desenvolvimento da Fruticultura no Território do Vale do Ivaí-PR. / Ovidio Cesar Barbosa, Mateus José Falleiros da Silva. - 1 ed. - Ivaiporã: Instituto EMATER, 2018.

117 p. il. Color. ISBN 978-85-63-667-51-9

1. Fruticultura. 2. Qualificação. 3. Vale do Ivaí-PR. I. Barbosa Ovídio. II. Silva, Mateus José Falleiros da. III. Título.

CDU 634.1

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AUTORES DOS RESUMOS

CIVIDINI, Leandro – Emater-PR

COSTA, Robison – BIOAGRO-PR

CRUZ, Maria Helena – BMM Planejamento e Treinamento Agropecuário-PR

FAVERI, Luis – Apucarana – PR

FERREIRA, Nilson Zacarias Barnabé – EMATER – PR

GALHARDO, Juliano Farinacio – ADAPAR-PR

HARGER, Nelson – Emater-PR

LIVRAMENTO, George – EPAGRI- SC

MARCOLINI, Ciro Daniel Marques – Emater-PR

MARTIN, Fernando Antônio – Emater-PR

MEIRA, Beatriz Santos – Godoy Moreira-PR

MIGUEL, André Luis Alves – Emater-PR

MIKAMI, Edison Eiti – Emater-PR

POTRICH, Celio – Emater-PR

RAMPAZZO, Élcio Félix – Emater-PR

RIBEIRO, Leomara Floriano – UFPR

RODRIGUES FILHO, João – COFAI – Novo Itacolomi – PR

RUAS, João Miguel Francisco – YARA BRASIL Fertilizantes

SANTOS, Eduardo Augustinho dos – EMATER-PR

SCHEFER, Ilcio Horn – Emater-PR

SILVA, Mateus José Falleiros da – IFPR - Campus Ivaiporã

SOUZA, Cíntia Mara Lopes de – Emater-PR

THOMAS, Joaquim Carlos – Emater-PR

TORMEN, Valdomiro – SENAR-PR

ZARPELON, Ivaldete Aparecida Zampronio – Emater-PR

ZAWADNEAK, Maria Aparecida Cassilha – UFPR

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AUTORES DOS RELATOS DE EXPERIÊNCIA

CARVALHO, Amanda A. – Coaprocor Corumbataí do Sul-PR

ALMEIDA, EMERSON AP – Prefeitura Municipal de Novo Itacolomi-PR

ARAUJO, Leandro Aparecido – Emater-PR – Cambira-PR

BERTASSO, Marco A. – Prefeitura Apucarana-PR

BRANDALISE, Valdemar F. – Prefeitura Municipal de Barbosa Ferraz-PR

BRANIAK, Paulo Sergio – Prefeitura Municipal de Rosário do Ivaí-PR

BRENTAN, Ricardo - Prefeitura municipal de Lidianópolis-PR

BURANELO, Giancarlos Salvador – Prefeitura Municipal de Marumbi-PR

CIOMBALO, Pedro E. Prefeitura Municipal Nova Tebas-PR

CIVIDINI, Leandro – Emater-PR Borrazópolis-PR

CLEMENTIN, A. Rinaldo – Emater-PR Araruna-PR

ENGELENHOVEN, A.V. Peter – Emater Arapongas-PR

FANTUCCI, N. Francisco – Prefeitura Municipal de Corumbataí do Sul-PR

FAVERI, Luis – Prefeitura Municipal de Apucarana-PR

GERARD, Paulo de Tarso – Prefeitura Municipal de Ivaiporã-PR

KANAI, T. Hernandes – Emater Mauá da Serra-PR

LESAK, Andrey Vinicius – Emater-PR Lunardelli-PR

MACHADO PEREIRA, Juliano – Prefeitura Municipal de Bom Sucesso-PR

MACHADO, Alini T. da Silva – Emater-PR - Nova Tebas-PR

MARONEZI, Geraldo Ermelindo – Emater-PR – Apucarana-PR

MARTIN, Fernando Antonio – Emater-PR – Apucarana-PR

MARTINKOSKI, Denis Ruan – Prefeitura Municipal de Godoy Moreira-PR

MATIAK, Osvaldo – Emater-PR -Candido de Abreu-PR

MEIRA, Beatriz Santos – Prefeitura Municipal de Godoy Moreira-PR

MENDES, Sergio Carlos – Prefeitura municipal de Lidianópolis-PR

MIGUEL, André Luis Alves – Emater-PR Rosário do Ivaí-PR

MIRANDA, Alan – Prefeitura Municipal de Candido de Abreu-PR

MORAES, Ana Maria de – Emater-PR Ivaiporã-PR

OCANE, Valdinei A. – Prefeitura Municipal de Borrazópolis-PR

PIMENTEL, Vanira Soares – Prefeitura Municipal de Rosário do Ivaí-PR

POZZOBON, Thaynara S. – Emater-PR Borrazópolis-PR

PRINS TOLEDO HEY, Lais Regina – Autônoma Lidianópolis-PR

PUIA, Adriana Rodrigues Pontes – Emater Jandaia do Sul-PR

RIBEIRO, Henrique Aristides Beltrame – IFPR - Campus Ivaiporã

ROJO, Wesley Heron de Mattos – IFPR - Campus Ivaiporã

RUI MAIA, Rogerio – Emater-PR Lidianópolis-PR

SABINO PAZ, NIELY – Prefeitura Municipal de Novo Itacolomi-PR

SAMBUGARI, Reginaldo Aparecido – Emater Godoy Moreira-PR

SANTOS; Luiz C. E. dos – Prefeitura Municipal de São Pedro do Ivaí-PR

SCHEFER, Ilcio Horn – Emater-PR - Ariranha do Ivaí-PR

STAPAIT, Cristiano da S. – Prefeitura Municipal de Borrazópolis-PR

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AGRADECIMENTOS

Ao Engenheiro Agrônomo Me. Élcio Félix Rampazzo, ex-Coordenador Estadual

do Projeto Fruticultura do Instituto Emater-PR, pela brilhante coordenação

técnica do curso e pela excepcional atuação profissional em prol da fruticultura

no Vale do Ivaí;

Aos Professores Dr. André Luiz Justi e Dr. Maycon Diego Ribeiro, da UFPR –

Campus Jandaia do Sul, pela relevante contribuição junto à organização do

curso, bem como, pela orientação dos relatos de experiência;

À Professora Me. Larissa Maruiti, da UNESPAR - Campus Apucarana, pelo

apoio pedagógico, pela orientação dos relatos de experiência, e pela

orientação do seminário de conclusão de curso;

Ao Engenheiro Agrônomo Me. Cristovon Videira Ripol, Gerente Regional do

Instituto Emater-PR de Apucarana, pelo apoio incondicional à coordenação do

curso e pelas pertinentes sugestões de correção nos textos apresentadas;

Ao Engenheiro Agrônomo José Idílio Machado dos Santos do Emater-PR -

Unidade Regional de Ivaiporã, articulador e coordenador das ações do

programa Pró-Rural no Território Vale do Ivaí, pela dedicação e

comprometimento na execução do Programa que financiou esta empreitada;

Ao Administrador de Empresas Gilberto Celinski, Coordenador Administrativo

da Unidade Regional de Apucarana, pelo empenho e apoio na liberação e

execução dos recursos para o curso de fruticultura;

À Nadia Okawa Bonfim, Assistente Administrativo do Emater-PR - Unidade

Regional de Ivaiporã, pelo empenho na secretaria do curso, possibilitando que

as informações fluíssem da melhor maneira possível.

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APRESENTAÇÃO

Nos caminhos que percorremos em busca do desenvolvimento territorial

rural, muitas vezes, nos confrontamos com as questões que permeiam o

combate à pobreza, a geração de renda, a organização e os sistemas de

produção, condições que nos obrigam a propor, escolher e implantar novas

atividades agropecuárias as quais permitam expandir os negócios para além

dos cultivos ou da criação de animais, incluindo os processos agroindustriais e

o turismo rural, em busca da sustentabilidade.

No Vale do Ivaí se reconhece que o rural se apresenta como fonte de

riqueza econômica, social e cultural, produzida por homens e mulheres

agricultores familiares, pescadores artesanais, extrativistas, ribeirinhos,

assentados da reforma agrária, entre outros. Sendo assim, o debate territorial e

a demanda dos municípios pela necessária dinamização das economias

levaram à proposição da fruticultura como opção para a promoção do

desenvolvimento territorial, dado o seu potencial econômico, social e ambiental

para a pequena propriedade predominante na região, e ainda, considerando os

aspectos edafoclimáticos favoráveis ao negócio.

Alguns dos entraves para o desenvolvimento da fruticultura são as

deficiências de assistência técnica e de profissionais qualificados para atuar

como agentes de desenvolvimento nos municípios do território. Para vencê-los,

foi promovido o Curso de Qualificação Profissional para o

Desenvolvimento da Fruticultura no Vale do Ivaí, cuja metodologia permitiu

que a maioria dos municípios pudesse contar com pessoas qualificadas que v

viessem alavancar a atividade, através da elaboração de políticas públicas, do

desenvolvimento de ações de organização rural, da adoção de tecnologia e

inovação, do fomento agrícola e agroindustrial e no apoio à comercialização e

turismo rural.

O processo de desenvolvimento territorial carece de planejamento e

revisão permanentes nos seus objetivos. Sendo assim, é necessário que se

fundamente em dados e informações social e cientificamente respaldados.

Neste contexto, entendeu-se a necessidade de registrar os aspectos históricos,

metodológicos e técnicos objetos da abordagem deste curso, bem como, dos

relatos das experiências desenvolvidas nos municípios e dos diagnósticos e

recomendações técnicas.

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Este caderno apresenta os elementos teórico-práticos da Qualificação

em Fruticultura no Vale do Ivaí sob a responsabilidade dos instrutores, bem

como, elementos práticos e experiências desenvolvidas pelos cursistas. Este

registro serve como contribuição teórica e analítica para subsidiar os processos

de planejamento territorial, sendo necessário para o estabelecimento das

políticas públicas focadas na fruticultura e na sustentabilidade, articuladas à

atividade turística. O trabalho é fruto de muitas mãos, destacando, de maneira

consistente, aspectos ambientais, organizacionais, de produção, de

comercialização e reafirmando a importância da ampla mobilização e

participação dos agentes sociais nos processos de planejamento e gestão para

o desenvolvimento rural.

Prof. Dr. Mateus José Falleiros da Silva

IFPR - Campus Ivaiporã

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SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................10

Elementos teórico-práticos da qualificação em fruticultura no Vale do Ivaí ......14

Aspectos econômicos da uva rústica no Vale do Ivaí........................................15

Tratos culturais, colheita e comercialização do maracujazeiro..........................17

Cultivares de porta enxerto e copas da videira, produção de mudas tipo enxertia de mesa, sistema de condução e implantação do parreiral..............................................................................................................18

A reestruturação da cooperativa COFRUNORPI de Pinhalão/PR.....................19

Principais cultivares copa usadas no Brasil.......................................................20

Cultura da Goiabeira..........................................................................................22

Fitossanidade na cultura do Maracujazeiro.......................................................23

Produção integrada de frutas.............................................................................24

Responsabilidade Técnica.................................................................................25

Implantação do cultivo do morango semi-hidropônico.......................................26

Tratos culturais, colheita e pós-colheita da banana...........................................28

Análise da Viabilidade Econômica da Cultura do Maracujá e Produção de Mudas Altas...................................................................................................................29

Turismo Rural – Organização de Circuitos........................................................30

Manejo de fértil irrigação em morango..............................................................31

O produtor rural como empreendedor...............................................................32

Desenvolvimento do Vale do Ivaí no Estado do Paraná Fruticultura como Negócio..............................................................................................................33

Aspectos da certificação fitossanitária de origem (pragas quarentenárias........34

Colheita e pós colheita da uva...........................................................................35

Aspectos da Industrialização de Frutas.............................................................36

Goiaba: uma alternativa para a agricultura familiar...........................................37

Manejo ecológico de pragas do morangueiro....................................................38

As dimensões da sustentabilidade na fruticultura..............................................39

Conservação de Solo e Água............................................................................40

Manejo ecológico em morangueiro....................................................................41

Qualidade das frutas: citros no Paraná..............................................................42

Elementos práticos e experiências desenvolvidas na qualificação em fruticultura no Vale do Ivaí...................................................................................................43

Relatório de Estudo de Caso ADI Jandaia do Sul (A comercialização).............44

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Do Fomento da Fruticultura e da Intensificação da Assistência Técnica, bem como, da Organização da Cooperativa de Agricultores no Município de Cândido de Abreu – PR...................................................................................................49

Diagnóstico da produção de frutas orgânicas na região Norte-Central do Paraná...............................................................................................................52

Importância do diagnóstico confiável na elaboração de um plano de incentivo à fruticultura para agricultores familiares..............................................................55

A fruticultura e a organização de produtores como alternativa ao êxodo rural em Rosário do Ivaí...................................................................................................60

A importância do cultivo da Uva Rústica para atender as Cooperativas do Território Vale do Ivaí.........................................................................................63

Análise da gestão econômica do novo sistema de cultivo da cultura do maracujá em Godoy Moreira.............................................................................66

O Cultivo da Banana no Desenvolvimento de Novo Itacolomi..........................70

Relato de experiência técnica para o desenvolvimento da fruticultura no Território Vale do Ivaí Cultivo Semi-Hidropônico do Morango...........................74

Relato de experiência técnica no curso de qualificação profissional para o desenvolvimento da fruticultura no Território Vale do Ivaí.................................79

Viabilidade econômica da cultura do maracujá através da produção de mudas altas...................................................................................................................82

Relato de experiência técnica vivenciada no município de Bom Sucesso-PR..85

Incentivo a fruticultura: produção de uva...........................................................88

Análise de implantação da cultura da goiaba PALUMA no município de Apucarana..........................................................................................................92

A técnica de mudas altas para o cultivo do Maracujá Azedo no Vale do Ivaí...95

Experiência vivenciada no município de Lidianópolis-PR com o incentivo ao cultivo de frutas................................................................................................102

A importância da produção de maracujá antes e depois da virose.................106

Considerações Finais......................................................................................110

Referências Bibliográficas...............................................................................112

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INTRODUÇÃO

A mobilização pela criação do Território do Vale do Ivaí começou em

2004 e, já em 2009, com o estatuto social e o organograma funcional

estabelecido, passou-se ao desenvolvimento de ações específicas junto às

instituições federais, estaduais e municipais ligadas ao desenvolvimento rural.

Desde então, a instituição vem trabalhando continuamente no Plano de

Desenvolvimento Territorial Sustentável, abrangendo vinte e oito municípios,

com uma população estimada de 335 mil pessoas que representam cerca de

3% da população paranaense.

Os municípios que integram o Território do Vale do Ivaí são: Apucarana,

Arapuã, Ariranha do Ivaí, Barbosa Ferraz, Bom Sucesso, Borrazópolis,

Califórnia, Cambira, Corumbataí do Sul, Cruzmaltina, Faxinal, Godoy Moreira,

Grandes Rios, Ivaiporã, Jandaia do Sul, Jardim Alegre, Kaloré, Lidianópolis,

Lunardelli, Marumbi, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Novo Itacolomi, Rio

Bom, Rio Branco do Ivaí, Rosário do Ivaí, São Pedro do Ivaí e São João do

Ivaí.

Segundo o IPARDES (2007), a forte presença de municípios com

predominância de população rural contribuiu para maior concentração de

famílias pobres, destacando-se: Ariranha do Ivaí, Lidianópolis, Godoy Moreira,

Rio Branco do Ivaí, Corumbataí do Sul, Novo Itacolomi, Rosário do Ivaí, Arapuã

e Cruzmaltina, nos quais mais de 70% das famílias pobres são rurais. Além

disso, o território apresenta níveis elevados de desigualdade de renda e

diversos indicadores de desenvolvimento humano, baixos.

No setor agropecuário, predomina o estabelecimento de produção

familiar, que congrega unidades que utilizam exclusivamente mão-de-obra

familiar (58,3%), ou o estabelecimento familiar empregador, que complementa

sua mão-de-obra com contratação de terceiros (31,6%). Porém, 89,8% dos

estabelecimentos familiares detém apenas 51,9% da área, enquanto 10,8%

dos estabelecimentos ocupam 48,1% da área; e esta concentração fundiária

continua aumentando. Para isso, contribuem a expansão das lavouras em

sistema de monocultura agroindustrial (grãos) e a pecuária extensiva,

contribuindo para um baixo Valor Bruto da Produção (VBP) da maioria dos

municípios. Segundo o DERAL, a fruticultura ainda é pouco representativa na

região, respondendo por apenas 1,7% do valor da produção agropecuária.

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Neste contexto, o grupo gestor do território abriu as discussões sobre a

mudança nos tipos de cultivos na região, visando melhorar estes indicadores

econômicos e sociais, favorecendo a agricultura de base familiar no Vale do

Ivaí. Como resultado, despontou a ideia do cultivo de frutas, a qual apresenta

elevado potencial de melhorar a renda nas propriedades e o VBP, retornando

em arrecadação e benefícios sociais para os municípios, assim dinamizando as

economias locais.

Sendo assim, em 2016, foi estabelecida a parceria entre o Governo do

Paraná por intermédio da SEAB, do Instituto EMATER e da ADAPAR, o

Instituto Federal do Paraná, o Grupo Gestor do Território do Vale do Ivaí, o

movimento articulador dos Objetivos do Milênio e a Associação dos Municípios

do Vale do Ivaí - AMUVI, os quais, com o apoio da Prefeitura Municipal de

Jandaia do Sul, realizaram o I Seminário Regional de Fruticultura e

Conservação de Solo e Água do Vale do Ivaí. No evento, os participantes

conheceram técnicas de proteção ambiental e dos recursos naturais, e casos

de sucessos do cultivo de frutas visando implantar um “circuito turístico” das

frutas na região, com base em modelo consolidado no Estado de São Paulo.

Neste mesmo ano, como parte desta estratégia, técnicos, agricultores e

lideranças regionais realizaram a visita técnica ao Circuito das Frutas, em São

Paulo (eixo Valinhos – Jundiaí – Louveira), fortalecendo a ideia de produção de

frutas no território.

Em 2017, a partir da constatação de que havia poucos profissionais

aptos a prestar a assistência técnica necessária para o desenvolvimento da

fruticultura nos municípios, que ligados à iniciativa pública quanto privada, o

Instituto EMATER, por demanda do Grupo Gestor do Território, articulou um

curso na área. No planejamento, com o apoio pedagógico do IFPR - Campus

Ivaiporã, apoio técnico e administrativo do Instituto Emater-PR e a participação

da UNESPAR - Campus Apucarana e UFPR - Campus Avançado Jandaia do

Sul, decidiu-se qualificar não apenas para os aspectos técnicos da produção,

mas também, envolvendo aspectos econômicos, sociais, ambientais, de

organização, comercialização e articulação em rede.

O objetivo traçado foi de qualificar profissionais da assistência técnica

agropecuária do Território Vale do Ivaí, através de um curso de extensão

estruturado, para dar suporte ao desenvolvimento da fruticultura, visando a

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sustentabilidade dos agricultores familiares e a implantação de projetos de

polos produtores e turísticos na área. Especificamente, pretendeu-se

estabelecer um grupo de trabalho em fruticultura, de modo a criar uma rede de

conhecimento focada no setor, bem como, levantar informações para subsidiar

ações de capacitação e o estabelecimento de políticas de apoio ao setor e,

ainda, integrar as instituições de ensino superior no desenvolvimento de ações

para o desenvolvimento regional e local, realimentando as ações de ensino,

pesquisa e extensão voltadas à fruticultura. Para tal, foi proposta a certificação

e a orientação das atividades de forma conjunta entre o IFPR-Campus Ivaiporã,

a UFPR-Campus Avançado em Jandaia do Sul e UNESPAR-Campus

Apucarana.

O curso foi desenvolvido em oito módulos de 30 horas, realizados em

intervalos de 30 a 45 dias, mais um módulo final com um seminário organizado

por microrregiões no território. Os três módulos iniciais abordaram informações

sobre o funcionamento do curso (objetivos, programação, metodologia,

avaliações, modelo pedagógico, etc.); gestão econômica e financeira da

atividade frutícola; comercialização de frutas; aspectos referentes à qualidade e

certificação de frutas; noções de produção integrada de frutas e atividades

práticas (diagnóstico); agro-industrialização de frutas; a fruticultura e o turismo;

inovação e empreendedorismo na fruticultura e; avaliação das atividades. Os

demais abordaram as tecnologias de produção das principais culturas com

potencial de produção na região, sendo: banana, maracujá, morango, uva e

frutas potenciais como goiaba, abacate, citros, entre outras.

As aulas teóricas e visitas foram itinerantes, de acordo com o tema do

módulo, nos municípios chave ou nos quais havia um polo de fruticultura, no

território. Nos encontros presenciais, houve aulas teóricas com especialistas da

região ou de instituições com trabalhos de referência em fruticultura, discussão

teórico-prática com os técnicos de campo e agricultores, e visitas de campo, ou

atividades práticas. As atividades de aplicação foram desenvolvidas pelos

cursistas nos seus municípios de origem, tutorados pelos especialistas,

técnicos e docentes do curso, constando da realização de um diagnóstico

situacional no município e, especialmente, a estimativa de número de

produtores, o potencial, os riscos e entraves para a atividade de fruticultura, e

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ainda, de uma proposta de ações necessárias para a implantação das diversas

culturas.

Ao final do curso, foram apresentados seminários com a síntese dos

relatórios dos módulos, em grupos, sendo cada grupo composto pelos

estudantes dos municípios componentes das Áreas de Desenvolvimento

Integrado do Território (ADIs), orientados pela UNESPAR-Campus Apucarana.

Este caderno apresenta a síntese de palestras e aulas ministradas pelos

especialistas, os relatos versando sobre o as atividades desenvolvidas e ações

realizadas, pelos cursistas, nos municípios durante o curso, e ainda, a síntese

do seminário final realizado a partir das ações em desenvolvimento nas ADIs;

incluindo a indicação das ações prioritárias a serem desenvolvidas no território,

expressão da experiência e qualificação técnica obtidas durante o curso.

Para além de apresentar uma nova metodologia de qualificação profissional,

que parte da pesquisa-ação, passando pela construção coletiva do

conhecimento e a estruturação da aprendizagem participativa em rede, este

trabalho indica os rumos para as políticas públicas e ações da sociedade

organizada, servindo de base para a proposta da fruticultura e para o

desenvolvimento do Território Vale do Ivaí.

Prof. Dr. Mateus José Falleiros da Silva Coordenador Pedagógico do Curso

IFPR - Campus Ivaiporã

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ELEMENTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DA QUALIFICAÇÃO EM

FRUTICULTURA NO VALE DO IVAÍ

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Aspectos econômicos da uva rústica no Vale do Ivaí

André Luis Alves MIGUEL Emater-PR Escritório Local de Rosário do Ivaí, [email protected]

RESUMO A promoção do desenvolvimento rural sustentável passa, entre outros fatores, pela busca de atividades que sejam capazes de proporcionar melhoria da qualidade de vida dos agricultores. Este desafio envolve a geração renda no campo, redução da penosidade do trabalho e valorização dos trabalhadores do campo, elevando a autoestima dos agricultores. Com isso, é possível incentivar a sucessão familiar e auxiliar na diminuição do acelerado êxodo rural em curso nos pequenos municípios do interior. Em Rosário do Ivaí, a viticultura tem se mostrado uma atividade que se encaixa nesses requisitos e a produção, especialmente da uva Niágara rosada, motivou o retorno de diversas famílias que haviam migrado para o interior de São Paulo à procura de emprego. As condições edafoclimáticas da região permitem realizar duas safras ao ano, a primeira com poda em julho/agosto e colheita em dezembro/janeiro, sendo a segunda poda logo em seguida no mês de janeiro com colheita em maio/junho. Um diferencial importante da região é a possibilidade de realizar a poda das videiras visando atender o mercado das festas de fim de ano – Natal e Ano Novo –, quando é tradicional o consumo de uvas, gerando grande demanda de produto e bons preços. Nesta época o mercado dificilmente consegue ser atendido por uvas vindas do Rio Grande do Sul – maior produtor nacional de uva – por conta do inverno mais rigoroso daquela região, que não permite antecipar a poda. Desta forma, a oferta no mercado nesse período fica a cargo da região Norte do Paraná e do interior de São Paulo. A uva Niágara rosada tem ocupado fatia cada vez maior do mercado e da área de produção, em substituição às uvas finas – Itália, Rubi, Brasil, Benitaka, Red Globe –, que vivem um declínio na região por exigirem mais tratos culturais e, especialmente, mão de obra nas atividades de raleio e limpeza de cachos, tendo a produção dessas variedades migrado cada vez mais para a região Nordeste do país, nos perímetros irrigados, onde o clima é mais favorável e a disponibilidade de mão de obra maior. O sistema de produção estabelecido na região de Rosário do Ivaí é o cultivo em espaldeira, que tem como vantagens o baixo custo de implantação e a possibilidade da ampliação da área de cultivo de forma gradual, “rua por rua”. O espaçamento mais utilizado atualmente de 1,8 m entre ruas por 80 cm entre plantas permite que os tratos culturais sejam realizados sem a exigência da utilização de maquinários, a não ser na implantação, sendo possível que uma família desenvolva a atividade sem imobilizar uma grande quantidade de capital em máquinas e equipamentos, realizando as atividades somente com base na sua mão de obra e conhecimento, com o auxílio de ferramentas de baixo custo como tesouras e bombas costais. Na média do município de Rosário do Ivaí, uma família conduz uma área em torno de 1 hectare de parreira neste sistema de condução, onde estão implantadas entre 6 e 7 mil plantas. A produtividade média fica em torno de 2,5 Kg/planta na poda de inverno e de 2,0 Kg/planta na poda temporã. A comercialização da produção de mais de 60% da uva colhida nos 160 hectares de parreirais implantados no município passa pela APRI – Associação dos Produtores de Rosário do Ivaí. Um belo exemplo de como a organização de produtores pode tornar viável um negócio que, se desenvolvido

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individualmente, dificilmente avançaria por conta dos custos e da distância dos grandes centros consumidores. Atualmente, os produtores associados realizam compras conjuntas de insumos e fertilizantes, recebem assistência técnica privada de um especialista em produção de uva e são capazes de enviar produto para outros estados como São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e até para o Rio Grande do Sul. Palavras-chave: Vitis labrusca; aspectos econômicos; uva rústica; Niágara rosada.

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Tratos culturais, colheita e comercialização do maracujazeiro

Beatriz Santos MEIRA; Maria Helena CRUZ BMM Planejamento e Treinamento Agropecuário, Prefeitura Municipal de

Godoy Moreira - [email protected]; [email protected] RESUMO Dentre os tratos culturais existentes na cultura do maracujá azedo (Passiflora edullis) a polinização é uma das mais importantes, uma vez que através dela que há a geração dos frutos. A polinização pode ser realizada através de insetos polinizadores como a mamangava (Xylocopa spp.) e também pela polinização manual, realizada pelos agricultores com auxílio de dedeiras de flanela. Ela faz-se necessária, pois a polinização realizada pela mamangava não é suficiente para alcançar produção satisfatória, além de que as flores do maracujá são consideradas autoincompatíveis, devido à estrutura, necessitando assim fazer-se a polinização cruzada. Além da polinização, o maracujazeiro ainda necessita de tratos como capina, adubação e aplicação de defensivos para controle de pragas e doenças. O intuito de todos estes tratos culturais é obter uma produção de qualidade, a qual se pode notar a partir das primeiras colheitas. A colheita é outro processo que deve ser realizado com cuidado para que a qualidade obtida durante o cultivo não seja perdida, assim deve-se utilizar caixas plásticas, limpas e evitar causar batidas, machucados e ferimentos. Os frutos colhidos devem ser classificados de acordo com os calibres numa escala de 1 a 5, sendo 1 para frutos de até 55 mm e 5 para frutos maiores que 85 mm de diâmetro (CEAGESP). A comercialização dos frutos produzidos no Vale do Ivaí é praticamente toda realizada pela cooperativa COAPROCOR, a qual comercializa frutos in natura e também realiza o processamento, produzindo polpa congelada, que atende mercados institucionais e redes de mercado. Palavras-chave: maracujazeiro; diversificação; comercialização.

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Cultivares de porta enxerto e copas da videira, produção de mudas tipo enxertia de mesa, sistema de condução e implantação do parreiral

Celio POTRICH

Emater-PR – Toledo-PR – [email protected]

RESUMO Para a tomada de decisão da implantação com sucesso da viticultura na propriedade rural, se faz necessário o real conhecimento das cultivares de porta enxerto e copa a serem utilizados, bem como as formas adequadas de produção de mudas, sistemas de sustentação e cuidados na implantação através dos tratos culturais iniciais da cultura. O êxito da viticultura também depende do topoclima e do microclima onde será implantado o pomar. Para definir a variedade dos porta enxertos e cultivar a ser explorada deve-se analisar e buscar informações sobre o clima da região onde será implantado o pomar; a suscetibilidade de cada cultivar às doenças; a variedade tradicionalmente produzida na região; e a compatibilidade do porta enxerto (cavalo) com a copa e seu vigor. A produção de mudas deve ser feita através da enxertia. Pode ser feita em duas épocas: no inverno (junho a agosto), conhecida por “garfagem de fenda simples” ou “enxertia madura” e no fim da primavera (novembro e dezembro), chamada “enxertia verde”. Ambas devem ser feitas diretamente a campo. Porém, a forma de obter um vinhedo uniforme, com plantas vigorosas e com precocidade na formação de plantas adultas, esta deverá ser feita através da “enxertia de mesa” (junho a agosto). Quanto ao sistema de condução e formação das plantas dependerá exclusivamente do sistema de sustentação a ser implantado o qual deverá ser de custo baixo e que facilite os tratos culturais na cultura. Os sistemas de sustentação mais utilizados são: tipo espaldeira simples ou de fio duplo, tipo manjedoura ou “Y” e o sistema tipo latada, pérgola ou caramanchão, respectivamente. Quanto ao espaçamento entre plantas, também seguem o sistema de sustentação tipo espaldeira, usa-se de 2.00 m à 2.50 m entre fileiras e 1.25 m a 2.50 m entre plantas, no sistema manjedoura usa-se 3.00 m entre fileiras e 1.25 m a 2.50 m entre plantas e no sistema latada usa-se 2.50 m a 3.00 m entre fileiras e 1.5 m entre plantas. O local de implantação do parreiral deve ser em terreno com boa drenagem, com maior exposição à luz solar, que facilite futura mecanização e escoamento da produção. A correção do solo (calagem e adubação de base) deverá ter como base a análise do solo. Após o plantio adequado das mudas realiza-se o tutoramento, amarração e rega. Na sequência do desenvolvimento e formação da planta são importantes os tratos culturais como desbrota, poda de formação, amarração e os tratamentos fitossanitários adequados. Palavras-chave: viticultura; parreiral; tomada de decisão.

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A reestruturação da cooperativa COFRUNORPI de Pinhalão/PR

Cíntia Mara Lopes de SOUZA Emater-PR - [email protected];

RESUMO Tratamos do relato da experiência da cooperativa dos produtores de frutas, olerícolas e flores do Norte Pioneiro (COFRUNORPI) na comercialização por meio da Central de Abastecimento de Alimentos de Londrina/PR, bem como, programas institucionais, feiras livres e capacitação dos cooperados. O objetivo do relato é demonstrar uma experiência recente e bem-sucedida e os desafios do cooperativismo para comercialização. A COFRUNORPI foi reestruturada no ano de 2012 com o intuito de iniciar a comercialização de produtos da agricultura familiar por meio do mercado institucional. O Instituto EMATER local, diante da demanda, iniciou um processo de capacitação de lideranças para compor a nova diretoria e diminuir riscos de insucesso na reestruturação. No mesmo ano a cooperativa iniciou entregas coletivas nos programas PAA – Programa de Aquisição de Alimentos e PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar Municipal. Sem estrutura física utilizava uma sala cedida pelo sindicato dos trabalhadores rurais de Pinhalão e o frete para entrega era organizada entre os próprios agricultores. Ao mesmo tempo, organizou-se uma feira municipal para os agricultores comercializar os produtos excedentes dos programas atendidos. No ano de 2017, por meio de projeto elaborado pelo EMATER, apresentado ao banco nacional de desenvolvimento econômico e social (BNDES) por intermédio da cooperativa de credito rural com Interação Solidária (CRESOL), a COFRUNORPI adquiriu um caminhão com recursos não reembolsáveis. A partir deste momento uma nova parceria foi firmada com a central de abastecimento de alimentos - Ceasa para comercialização de frutas e olerícolas. A principal dificuldade encontrada pela diretoria é a gestão das mais variadas formas de comercialização desenvolvidas pela COFRUNORPI, por outro lado, um ponto positivo é o vínculo de confiança e credibilidade estabelecidos entre os cooperados.

Palavras-chave: Cooperativismo; Desenvolvimento; Comercialização.

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Principais cultivares copa usadas no Brasil

Ciro Daniel Marques MARCOLINI (Eng. Agrônomo MSc.) Emater-PR – Cornélio Procópio - [email protected]

RESUMO No gênero Citrus, a família Rutaceae é a mais importante, do ponto de vista econômico, em que se destacam as espécies do grupo das laranjas doces (Citrus sinensis (L.) Osbeck); das tangerinas (Citrus reticulada Blanco e Citrus clementina hort. ex Tanaka); das mexericas (Citrus deliciosa Ten.); dos limões verdadeiros (Citrus limon (L.) Brum. F. e Citrus aurantiifolia (Christm.), Swingle); das limas ácidas (Citrus latifólia (Yu.Tanaka) Tanaka); das limas doces (Citrus limettioides Tanaka); pomelos (Citrus paradisi Macfad.), e das cidras (Citrus medica L.). O grupo das laranjas doces é o mais expressivo nos pomares dos países citrícolas com aproximadamente dois terços dos plantios seguido das tangerinas, dos limões e das limas ácidas. Independentemente do grupo a que pertençam, os frutos cítricos devem apresentar características peculiares para atender às exigências do mercado a que se destinam: indústria ou consumo in natura, também conhecido como frutos de mesa. Os principais aspectos externos observados nos frutos são: coloração da casca, que deve ser intensa e uniforme; ausência ou número reduzido de sementes; epicarpo ou casca com espessura fina, para facilitar o descascamento, e o tamanho e gomos com parede delicada. Nos parâmetros de qualidade, busca-se rendimento de suco acima de 35%, com teores de sólidos solúveis com, aproximadamente, 10º Brix para laranjas e tangerinas, e acidez entre 0,5% e 1%. A relação sólida solúveis/acidez titulável deve ser acima de 8%, para o consumo in natura, e de 14%, para os frutos destinados à indústria. Nas características agronômicas, a altura ou o porte da planta é o principal parâmetro observado. Plantas de porte alto apresentam como desvantagens dificuldade nos tratos culturais, impossibilidade de plantios mais adensados, e, principalmente, dificuldade na colheita dos frutos. São consideradas de porte alto cultivares acima de 5,0 m; de porte baixo, menores de 1,5 m; e de porte médio, entre essas duas medidas. Segundo Lorenzi et al. (2006), as laranjeiras (Citrus sinensis L. Osbeck) são árvores de porte médio, as quais atingem 5,0 a 10,0 m de altura, e copa de formato esférico. Em função do fruto, podem ser subdivididas em quatro subgrupos: comum, sem nenhuma característica evidente; do grupo Navel ou as laranjas-de-umbigo; as sanguíneas, e as de baixa acidez. As cultivares em cada um desses subgrupos diferenciam-se quanto à maturação, que pode ser precoce, meia-estação ou tardia, e, ainda, quanto à coloração do endocarpo, que pode ser mais claro, mais alaranjado ou apresentar polpa vermelho-intensa, pela presença de antocianinas. As principais cultivares de laranjas doces utilizadas na citricultura brasileira estão apresentadas no Quadro 1. As cultivares Pera; Valência; Natal e Folha Murcha são as mais conhecidas no subgrupo das laranjas doces comuns, sendo as mais plantadas e comercializadas no Brasil, destinadas, principalmente, ao processamento para suco. A ‘Pera’ é a cultivar de maturação mediana ou meia-estação e, nas condições do estado de São Paulo está apta para colheita entre 10 e 14 meses após a antese. Já as cultivares Natal, Valência e Folha Murcha são tardias ou muito tardias, atingindo o ponto de colheita entre 12 e 18 meses. A ‘Hamlin’ apresenta maturação precoce e baixo valor comercial para pro-cessamento do suco, quando comparada à ‘Pera’, ‘Natal’ e ‘Valência’

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(POZZAN; TRIBONI, 2005). As tangerinas são o segundo grupo de frutas cítricas mais produzidas no Brasil e, assim como os demais grupos cítricos, possuem muitas variedades e tipos originados de mutações entre diferentes espécies, o que dificulta sua classificação botânica. Nessa distinção, os principais grupos são: ‘Satsuma’, ‘Clementinas’ e ‘Híbridos’. O grupo ‘Satsuma’ é composto pelas tangerineiras originárias do Japão, as quais se caracterizam pela tolerância a baixas temperaturas, o que possibilita o amadurecimento precoce de seus frutos e amplia a adaptação climática para seu cultivo. No grupo das ‘Clementinas’, as principais características são o tamanho do fruto, entre pequeno e médio, e o inconveniente de ser alternante na produtividade, ou seja, em um ano proporcionam uma intensa produção de frutos de pequeno calibre e, no ano seguinte, a produção é baixa, com frutos de maior calibre. Este é o terceiro grupo cítrico de importância comercial no Brasil; e destaca-se por ter o sistema de cultivo mais simples e possuir menor custo de produção. O fato de o limão verdadeiro (Citrus limon) ser utilizado na Europa e em outros países de clima frio na elaboração de bebidas ou de condimento tem feito com que outras frutas cítricas, usadas para as mesmas finalidades, sejam popularmente conhecidas também como limão. O principal exemplo disso é o conhecido limão ‘Tahiti’ (Citrus latifolia), que não é um limão verdadeiro e sim uma lima ácida. Sua planta apresenta porte alto, copa ar-redondada, com fruto de tamanho médio, sabor doce, sem acidez e sem sementes, casca lisa, coloração verde-clara, uniforme, polpa amarelo-pálida,

maturação variável entre os meses de junho e julho. Além desse, o popular limão-cravo, limão-rosa ou limão-capeta (Citrus limonia), também é uma lima ácida, mas conhecido como limão, por ser utilizado como condimento. É também um dos principais porta-enxertos utilizados na citricultura brasileira. Palavras-chave: Cultivares; copa; laranjeiras; tangerineiras; limoeiros.

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Cultura da Goiabeira

Edison Eiti MIKAMI Emater – PR - [email protected]

RESUMO O cultivo da goiabeira no Estado do Paraná atende determinados mercados institucionais, redes de mercados, hotéis, CEASA, indústrias de polpas e doces, agroindústrias artesanais e exportação. A goiaba pertence à família das Mirtáceas e o seu cultivo pode ser feito nas regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná, observando a necessidade de temperaturas entre 20 – 28 °C, solos profundos, drenados e com precipitação pluviométrica bem distribuídos ao longo do ano. As principais cultivares de mesa plantados são a Sassaoka, Pedro Sato e Tailandesa e das cultivares de dupla aptidão (mesa e Industria) são a Paluma e Século XXI. A adubação da cultura procura corrigir as deficiências nutricionais e para isso e feito análise química do solo e também análise das folhas. A correção do solo permite a eliminação da acidez e o melhor aproveitamento das adubações químicas e orgânicas. Essa adubação leva em consideração a produção pendente na planta pois a goiabeira e muito exigente em nitrogênio, potássio, boro e zinco. Outra prática muito importante na formação da planta e a poda de condução, pois a arquitetura da planta e determinada por esta prática e no tocante a produção e feita a poda de produção nas épocas recomendadas evitando os meses mais frios. Essa poda e determinante para a formação de frutos em quantidade e qualidade desejáveis. Em relação aos tratos culturais, são realizados durante todo o ciclo de produção que compreendem da poda à colheita, sendo feita diversas práticas: como desbrotas de ramos doentes e sem frutos, desbaste dos frutos, controle de ervas daninhas, irrigação em períodos secos, adubações químicas do solo e foliares. O tratamento fitossanitário da cultura compreende o controle de doenças de folhas e frutos como a ferrugem, bacteriose, antracnose e pinta preta e pragas como psilídeos, pulgões, mosca das frutas, nematoides, gorgulhos, besouros, brocas, ácaros e percevejos, em fases especificas do desenvolvimento das folhas e frutos e a recomendação de controle deve ser feita pelo técnico responsável. A colheita dos frutos inicia-se a partir do 6°mês após a poda e a qualidade final dos frutos dependem do ponto de colheita para evitar lesões na casca e também o acondicionamento em embalagens adequadas e em ambientes climatizados.

Palavras-chave: goiaba; cultivares; adubação; podas; tratos culturais; tratamento fitossanitário, colheita.

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Fitossanidade na cultura do Maracujazeiro

Eduardo Augustinho dos SANTOS Emater-PR – Mandaguari [email protected]

RESUMO A segurança alimentar e a demanda por produtos de qualidade para atender mercados institucionais, gourmet ou mesmo orgânicos se faz cada vez mais presente. A fitossanidade é fundamental para obtermos produtividade, viabilidade e rentabilidade nos cultivos de Maracujá. O equipamento de pulverização é determinante para bom controle na cultura. Os pulverizadores costais manuais não conseguem fazer o controle adequado quando o dossel da cultura se encontra estabelecido. Com a introdução da Virose do Endurecimento dos Frutos, Cowpea Aphid-Borne Vírus (CABMV), acabou a safrinha na cultura, sendo necessária mudança de comportamento dos agricultores para sobrevivência na cultura, permitindo melhor a produtividade., passando de 18 ton./ha, média de três safra (15,25,15 ton./ha), num período de três anos para 30 a 40 ton. no ciclo anual. A produção de mudas com semeadura nos meses de março e abril, dentro de cultivos protegidos (estufas). O substrato com terra de barranco, mais 20-30% de esterco de galinha ou gado respectivamente, mais 4-6 kg de superfosfato simples ou termofosfato Yoorin, além de 3 kg de Cloreto de Potássio e 3 kg de calcário dolomítico isto para preparo 1 m³ de substrato, cultivo em ambiente protegido até altura das mudas de 1,5 metros para serem plantadas no campo, no período de agosto a setembro dependendo da região. Para o sucesso do cultivo faz-se necessário o vazio sanitário da cultura no mês de julho pelo menos 20 dias sem plantas no campo. O pulgão alado (raio de voo 13 km) tem período de 1 hora para transmissão do vírus por isso algumas medidas são fundamentais, como a proteção do solo com planta de cobertura aveia preta ou milheto ou mesmo manutenção das plantas espontâneas através da roçada. O monitoramento, quando há virose, se faz do plantio no campo até o florescimento com a prática de roguing, ou seja, eliminar as plantas infectadas com sintomas do vírus. O diagnóstico das pragas e doenças é fundamental para introdução de manejo mais sustentável. A indução de plantas à sua resistência com a utilização de silício permite melhor controle de doenças como antracnose e bacteriose. O Intervalo de aplicação de 7 dias permite melhor controle dos complexos de doenças. Os produtos alternativos vêm mostrando bons resultados de controle sem problemas com períodos de carência. A utilização alternada de caldas, viçosa, bordalesa, fungicidas a base de cobre, Rocksill ou Pottenccy a base de silício, Sulfocal, Cloreto de Cálcio a 2%. O controle de pragas, produtos alternativos com óleo de Neem se mostram eficazes. O controle natural permite manter o ambiente em equilíbrio. O quebra vento na cultura é a principal forma de controle de bacteriose associada ao uso de estratégias de controle podendo ser adotado na cultura como ensacamento de frutas no caso do Maracujá Doce e mesmo controle biológico e uso de homeopatia. A tecnologia permite, melhorar o controle fitossanitário, redução de agrotóxicos na cultura, manejo mais sustentável e permite a qualidade do produto, mercados mais exigentes e melhor renumeração ao produtor no mercado de orgânico. Palavras-chave: Virose; Maracujá; Manejo integrado; Doenças foliares; Antracnose e Bacteriose.

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Produção integrada de frutas

Elcio Félix RAMPAZZO Instituto Emater-PR - [email protected]

RESUMO A Produção integrada de Frutas (PIF), surgiu com o objetivo de produzir frutas de qualidade através do emprego de tecnologias que permitam o controle efetivo pelo monitoramento de todos os elos da cadeia produtiva, isto é, desde a aquisição dos insumos até a oferta do produto ao consumidor. Esse modelo de produção surgiu na Europa na década de 1980, onde consumidores preocupados com a contaminação química dos alimentos começaram a exigir maior controle dos agroquímicos utilizados no sistema de produção. Estudos realizados por supermercados europeus demonstraram que o fator básico de estímulo à compra de alimentos é a segurança sanitária, entendida como uma necessidade essencial. A Organização Internacional para Controle Biológico e Integrado contra os Animais e Plantas Nocivas (OILB) define a Produção Integrada como, “o sistema de produção que gera alimentos de alta qualidade, tendo como papel central o agro ecossistema, através do equilíbrio do ciclo de nutrientes, a preservação da fertilidade do solo e a proteção e a diversidade ambiental como componentes essenciais, os métodos e técnicas biológicas e químicas, cuidadosamente equilibradas, além do retorno econômico e os requisitos sociais”. No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA) adotou a PIF entre 1998 e 1999. Iniciou-se com as normas para a maçã, depois foi ampliado para frutas de caroço, uva de mesa, manga e atualmente contempla mais de dezessete espécies frutíferas. Os princípios básicos que regem a PIF consistem na elaboração e desenvolvimento de normas técnicas específicas para cada cultura, onde devem ser anotadas todas as práticas de manejo utilizadas na produção das frutas, garantindo a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva. O monitoramento de pragas e doenças é fundamental no sistema PIF, a fim de melhorar a eficiência na utilização de agroquímicos, com aplicações localizadas, somente quando atingir nível de dano econômico, além de utilizar produtos mais específicos, com baixo efeito residual e menor impacto ambiental. Palavras-chaves: Produção integrada de frutas; conceitos.

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Responsabilidade Técnica

Fernando Antonio MARTIN Emater-PR Apucarana-PR - [email protected]

RESUMO Diferente da Agricultura Empresarial onde o modelo tecnológico adotado está pré-definido pelas máquinas e insumos disponíveis no mercado, o modelo tecnológico empregado na Agricultura Familiar necessita de ajustes tecnológicos na busca de maximizar os escassos capitais existentes em seu sistema de produção. Nesse caso é imprescindível a presença constante e ativa do profissional de ciências agrárias, que com expertise deve viabilizar o uso intensivo dos capitais de produção disponíveis, dando atenção especial ao capital natural, físico, financeiro, humano e social. Segundo a Emater-PR, a Região Administrativa de Apucarana possui 6806 famílias de Agricultores Familiares, das quais somente 2465 são atendidos pelo sistema oficial de assistência técnica e extensão rural. A região possui ainda um pequeno número de profissionais que atuam na área de Horticultura e Fruticultura (HF), profissionais esses que, além de capacitados, devem possuir um perfil de busca constantemente de autocapacitação, serem organizados para executar um atendimento sistemático, possuírem habilidades para trabalhar com grupos de produtores, objetivando maior abrangência de suas ações e, acima de tudo, possuírem capacidade de contratar o trabalho com o assistido que crie um comprometimento mútuo de respostas aos problemas apresentados e a adoção da tecnologia recomendada. É indispensável que esse trabalho seja formalizado por meio de uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao CREA, órgão regulamentador da atividade profissional. É importante considerar que esse órgão regulamentador pode comprovar a presença da ação do profissional nas obras de engenharia por meios materiais e imateriais, sendo o primeiro materializado pela presença de um contrato de prestação de serviços ou uma ART, e o segundo, de forma indireta, por meio da cópia de um projeto, de uma recomendação técnica, que pode ser tácita ou explicita ou até mesmo por meio de uma documentação fotográfica da obra sendo realizada, caracterizando assim a ação do profissional e consequente responsabilidade técnica, que além de atender as normas estabelecidas pelo CREA se configura como responsabilidade civil frente ao compromisso assumido. Via de regra, o profissional de ciência agrárias ao exercer suas atividades estabelece uma obrigação de meio. Porém, em determinados casos o profissional assume a obrigação de resultado, a exemplo de exames técnicos de laboratórios, trabalhos topográficos ou em conformidade com lei específica, a responsabilidade objetiva por danos ambientais. Para saber qual o tipo de obrigação que é assumida pelo profissional no exercício de suas funções, deve-se aferir os fatos aos meios empregados ao caso concreto. Frente às obrigações consequentes do exercício profissional, cabe ao técnico, tomar todas a medidas e cautelas necessárias ao exercer sua profissão e visar os resultados positivos não somente ao assistido, como também, a todos que possa atingir. Palavras-chave: Responsabilidade civil; obrigação de meio; obrigação de resultado.

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Implantação do cultivo do morango semi-hidropônico

Fernando Antonio MARTIN Emater-PR - Apucarana-PR - ([email protected]

RESUMO Visando viabilizar suas propriedades, agricultores familiares buscam alternativas de diversificação de seu sistema produtivo, frente ao aumento da concentração urbana regional e consequente aumento da demanda por frutas e verduras pelo mercado urbano, a demanda produção de morango vem se destacando, incrementada pela baixa produção regional da fruta na região de Apucarana. A técnica de produção do morango em sistema semi-hidropônico, protegido em estufa e canteiros suspensos tem se destacado na preferência dos produtores rurais, devido as vantagens que o sistema protegido proporciona ao minimizar perdas pelas adversidades climáticas, e apresentar menor incidência de pragas e doenças possibilitando a diminuição do uso de agrotóxicos, consequentemente a obtenção de frutos com melhor qualidade e maior segurança alimentar, que podem ser colhidos oito meses do ano. O morango ao ser cultivado em bancadas permite que o trabalho seja realizado em pé, garantindo melhor ergonomia na execução dos trabalhos, além de não exigir rotação de culturas podendo ser cultivado na mesma área, próxima a moradia. Por se tratar de uma cultura subtropical, na região o sistema tem que sofrer algumas adaptações quanto ao processo construtivo e quanto ao manejo da fertilização e irrigação. No processo construtivo tem-se que atentar para o melhor controle da temperatura, que pode ser obtido na construção de estufas com pé direito com mais de três metros e utilização de plástico difusor na coberta, não se deve desconsiderar a elevada altitude regional, pois essa exige um maior cuidado com a ação dos ventos, para isso deve-se atentar aos detalhes dos elementos construtivos da cobertura e presença de reforços de toda estrutura, sem deixar de lado a instalação de barreira de vento no entorno das estufas. Quanto a fertilização deve-se trabalhar com menor concentração de sais, controlando constantemente a condutividade elétrica da solução do substrato, para atender esse detalhe é recomendado a medições diárias da condutividade e de utilizar um substrato de boa qualidade, certificado, com baixa Capacidade de Troca Catiônica (CTC), que tenha em sua composição 1/3 de turfa, 1/3 de vermiculita e a mesma quantidade de palha de arroz carbonizada, esses fatores são indispensáveis para possibilitar o bom manejo e com isso o sucesso do cultivo. Atenção especial deve ser dada a qualidade da água utilizada, quanto ao Potencial Hidrogeniônico (pH), que dever ser a baixo de seis. Outra questão a atentar é sobre a qualidade física da água que, deve ser isenta de sólidos suspensos para evitar o entupimento do sistema de gotejamento, as melhores águas para o sistema são as provenientes de poços ou minas protegidas. Outro aspecto a se observar no do cultivo semi-hidropônico é a origem genética e sanitária da mudas, se de um lado, o aspecto genético da muda está voltada as exigências e preferencias do mercado e ao clima da região, por outro lado, a qualidade sanitária das mudas deve garantir a sanidade inicial da cultura, não introduzir doenças na área e região de cultivo e a cima de tudo, assegurar a o bom estado sanitário ao substrato, para que esse seja utilizado no mínimo quatro safras e viabilizar o investimento com esse insumo. Para garantir o sucesso do empreendimento optou-se por mudas importadas do Chile, consideradas entre as melhores em

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sanidade no mundo, devido às condições privilegiadas de isolamento do local de produção, aquele país está isolado ao leste pela Cordilheira dos Andes, ao oeste pelo Oceano Pacífico, ao sul pelas Geleiras Antárticas e ao norte pelo Deserto de Atacama, além de possuir um clima com baixo índice pluviométrico e baixa umidade relativa do ar, o que favorece o desenvolvimento da planta em todas as etapas, garantindo no campo as exigências de frio necessárias para uma boa produção. As mudas chilenas são produzidas sobre rígido controle sanitário e de fiscalização e o Chile é um dos poucos países do mundo que está isento das principais pragas e doenças da cultura do morango, dentre elas, o Colletotrichum acutatum, o Colletotrichum fragariae; e a Xanthomonas fragariae. As cultivares por eles produzidas são licenciadas pela Universidade da Califórnia, possuem autenticidade varietal e atendem à lei de propriedade intelectual. Considerando que para o sucesso do cultivo semi-hidropônico do morango o produtor tem a necessidade de conhecer sobre o manejo da água, dos nutrientes, das pragas e doenças e utilizar técnicas alternativas no seu controle, visando obter frutos com maior segurança alimentar, é imprescindível a presença sistemática, constante e periódica do profissional de ciências agrárias, capacitado para assistir à produção. Palavras-chave: Técnica de produção; processo construtivo; manejo e mudas.

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Tratos culturais, colheita e pós-colheita da banana

George LIVRAMENTO Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão

Rural de Santa Catarina, [email protected]

RESUMO

A bananicultura desenvolvida nas áreas subtropicais se caracteriza pela sazonalidade da produção, a incidência de doenças e pragas de forma desuniforme e frutos afetados em sua qualidade, agravados em períodos com pouca pluviosidade. O acompanhamento técnico da produção exige o monitorando com amostragens corretas, utilizando ferramentas de controle com base na biologia das espécies, anotando dados de produção e custos econômicos, avaliando seus resultados e fazendo comparações para a tomada das decisões de sua implementação. As práticas culturais são aspectos imprescindíveis na bananicultura e resultam da interação entre a pesquisa e a extensão, usando a experiência dos produtores para afinar seus resultados. O espaçamento ideal depende de características da variedade, da produtividade, ajustados a luminosidade, umidade do solo e a incidência de ventos. O desbaste é usado para controlar o número de plantas por hectare e manter um seguidor de cada geração (Mãe, Filha e Neta). O manejo do cacho com a retirada do coração, das últimas pencas e ensacamento evita o atrito das folhas secas, do vento e da poeira além de diminuir o inóculo de doenças, oferecendo ainda a proteção no transporte e precocidade de colheita com aumento tamanho de fruto. A melhor qualidade do fruto está no momento da colheita. Entre os desafios da pós-colheita está o de preservar a qualidade do fruto colhido, aumentar o tempo de venda do produto na prateleira, atender os diferentes mercados consumidores, diminuir os custos e agregar valor ao produto. Como fruto climatérico, o embalamento e classificação do fruto verde mascara possíveis danos ocorridos, pois a casca da banana é extremamente sensível, podendo qualquer mínimo dano aparecer após a mudança da cor da casca. Assim, o ataque de pragas e doenças que alterem, mesmo que superficialmente a casca, são prejudiciais ao comércio. Como fatores negativos temos o baixo conhecimento sobre fisiologia dos frutos, a falta de treinamento da mão de obra no campo e na Casa de Embalagem e a pouca corresponsabilidade na cadeia de distribuição. As principais perdas são de peso (água e matéria seca) e de qualidade (sabor, aroma, textura, aparência resíduos ilegais ou indesejáveis). Danos físicos causam a formação de compostos de defesa, fenóis que escurecem a casca e causam aumento da respiração, amadurecimento desuniforme e amolecimento da polpa. Nesse sentido, a Casa de Embalagem é a instalação descrita para recepção dos cachos colhidos, seu manejo, despencamento, lavagem, seleção de frutas, formação de buques e embalamento. Na embalagem, mas que o material e formato, o importante é o ajuste real da capacidade volumétrica de cada embalagem para evitar ferimentos e traumas nas frutas pelo excesso de peso. O uso correto de indutores de amadurecimento no volume de 2% da câmara, em duas doses de 12 horas por 30 min de exaustão e um controle ambiental de 16°C a 18°C e 85 a 95% UR, somada a higienização regular da câmara climatizadora finaliza os cuidados necessários para oferecer produtos de qualidade e com tempo de prateleira adequado.

Palavras-chave: Musa; fruto climatério; casa de embalagem.

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Análise da Viabilidade Econômica da Cultura do Maracujá e Produção de Mudas Altas

Ilcio Horn SCHEFER Emater-PR, [email protected]

RESUMO Antes de iniciar a produção de qualquer atividade é necessário conhecer a atividade, bem como seus pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades, para que seja possível traçar as estratégias no desenvolvimento desta atividade. O livro Cultivo do maracujá – Sistema de produção para o Paraná do ano de 2007 diz: "colheita a partir do sétimo a oitavo mês de produção”; "podendo repetir-se no ano seguinte, e assim sucessivamente"; "que devem ser bem manejadas, visando prolongar o ciclo produtivo da cultura”. No entanto, a partir da entrada da VIROSE ou Cowpea aphid-borne mosaic vírus (CABMV), que é transmitido por pulgões e causa retardamento no desenvolvimento de plantas, enrugamento, deformações e bolhas, o IAPAR desenvolveu um livro (Maracujá amarelo – recomendações técnicas para o cultivo no Paraná) que altera o sistema de produção do Maracujá em nosso Estado, conforme está escrito: “Erradicar os pomares logo após o primeiro ou segundo ciclo, dependendo da estratégia de manejo adotada”. Sendo assim, para que a atividade de produção de maracujá seja atraente é necessário traçar estratégias que busquem a viabilidade econômica da cultura. Na Unidade de Referência da Emater de Ariranha do Ivaí foram tomadas as seguintes decisões: Inspecionar diariamente as lavouras; Realizar o “Roguing” quando necessário; Produzir mudas altas (2 metros); Trabalhar com 1600 plantas/há (2,5 X 2,5 m); Realizar análises de solo e foliares, bem como as devidas intervenções em adubação; Buscar altas produtividades; Realizar o plantio a partir de 15/agosto; Buscar a obtenção de boas lavouras para obtermos o 2º ciclo; Buscar a colheita em épocas de melhores preços. Estas estratégias foram baseadas em dados de preço do Ceasa - PR de 2017, onde verificamos que os melhores preços ocorrem de agosto a março, portanto, focamos a produção bianual e com a implantação de mudas altas. Para produzirmos mudas de alta qualidade e alto vigor de desenvolvimento e produtivo é necessário: uma boa escolha da área para a construção da estufa (água, sol, proximidade da lavoura, proximidade da casa, vento), posicionamento solar (sentido Leste-Oeste), escolha dos materiais, quantidade de mudas a serem produzidas, nivelamento do terreno, escolha dos frutos e preparo da semente e composto a ser utilizado. Após ter sido construída a estufa e preparada as sementes pode ser realizado o plantio observado os seguintes itens: na data do plantio preparar água a 50º C e colocar a semente na água por 10 minutos; colocar entre 2 e 3 sementes por balainho com tamanho de 18x30 cm, cobrir a semente com 1 cm de composto, irrigar superficialmente diariamente, preparar o composto (3 carrinhos de terra de barranco, 1 carrinho de esterco curtido, 2 kg de calcário e 1 kg de super simples). Com a produção de mudas de qualidade e com o acompanhamento da lavoura conseguimos obter a produção bianual com a colheita de frutos em épocas de preços satisfatórios, o que promoveu melhor rentabilidade ao produtor. Palavras-chave: Virose; Maracujá; Mudas Altas; Viabilidade Econômica; Estratégia.

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Turismo Rural – Organização de Circuitos

Ivaldete Aparecida Zampronio ZARPELLON Emater-PR –Turismo Rural

RESUMO O meio rural no Brasil, também sofre as influencias e transformações da sociedade moderna, principalmente no que tange às relações de trabalho, estilo de vida e anseio das populações rurais em ter os mesmos privilégios dos cidadãos do meio urbano. Esses fatores além de motivar os agricultores familiares a buscarem uma mudança na qualidade de vida proporcionam alternativas de aumento de renda. Esse processo se caracteriza principalmente pelo crescimento das atividades não agrícolas no meio rural, as quais são significativas fontes de renda. Dentre as novas perspectivas de alternativas de renda para a Agricultura Familiar, surge o Turismo Rural como uma grande oportunidade de valorização do ambiente rural, da cultura colonial, da contemplação dos recursos naturais e a interação urbano/rural. Essa vertente surge como uma oportunidade de resgate, muito além da cultura e costumes do meio rural, mas principalmente da autoestima do público do campo. A valorização dos aspectos ambientais, culturais e atividades físicas na natureza cria então uma nova forma de geração de emprego e renda junto a Agricultura Familiar. Os Circuitos Turísticos surgem como uma grande alternativa para a união e integração sendo formado por um conjunto de municípios com relativa proximidade em determinada área geográfica, caracterizado pela predominância de certos elementos da cultura, da história e da natureza, com possibilidades de atrair e seduzir turistas. A formação de um circuito pressupõe a identidade e o associativismo entre esses municípios que, na verdade, se consorciam para somar os atrativos, equipamentos e serviços turísticos, com o objetivo de enriquecer a oferta turística, ampliar as opções de visita e a satisfação do turista, com consequente aumento do fluxo e da permanência dos visitantes naquela área geográfica, geração de trabalho, renda e qualidade de vida. Para que ocorra a necessária integração regional entre os municípios de um mesmo circuito, vias de acesso compatível são imprescindíveis à complementaridade entre os atrativos, meios de transporte, equipamentos e serviços, e ao fortalecimento da cadeia produtiva do setor turístico. É também indispensável a existência, no conjunto de municípios que integram um Circuito Turístico, de pelo menos uma cidade com infraestrutura necessária para acolher os turistas, e estes, a partir dela, poderem se deslocar para outros pontos de visitação do circuito. O tipo de organização social que representa um Circuito Turístico é a associação que congrega os municípios a ele pertencentes. O Circuito Turístico é, portanto, uma associação juridicamente constituída, formada por pelo menos um representante de cada município participante. Essa associação tem direção própria e é coordenada por um gestor. Além disso, é focada na implementação de atividades que objetivam o desenvolvimento turístico dos municípios que a integram e amparada por empresas públicas e privada que se dedicam ao turismo.

Palavras-chave: Circuito turístico; desenvolvimento territorial; agricultura familiar.

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Manejo de fértil irrigação em morango

João Miguel Francisco RUAS Yara Brasil Fertilizantes - [email protected]

RESUMO No Brasil, a cultura do morango desempenha um importante papel socioeconômico. Desenvolvida em pequenas propriedades, com a necessidade de grande quantidade de mão de obra em todo seu ciclo. A cultura é desenvolvida, em grande parte, por agricultores familiares que possuem áreas de cultivo pequenas. Busca por métodos que evitem o aumento da incidência de podridões de raízes e do colo por fungos e crescente conscientização do produtor em relação ao risco do uso de agrotóxicos, os produtores de morango têm procurado novas maneiras para dar continuidade às suas atividades. Um manejo adequado junto com uma nutrição equilibrada possibilita alcançar alta produtividade em função da absorção de nutrientes necessários para suprir a demanda da planta durante o ciclo. No Brasil, a cultura do morango desempenha um importante papel socioeconômico. Desenvolvida em pequenas propriedades, com a necessidade de grande quantidade de mão de obra em todo seu ciclo, a cultura é desenvolvida, em grande parte, por agricultores familiares que possuem áreas de cultivo pequenas. A busca por métodos que evitem o aumento da incidência de podridões de raízes e do colo por fungos e crescente conscientização do produtor em relação ao risco do uso de agrotóxicos, os produtores de morango têm procurado novas maneiras para dar continuidade às suas atividades. Uma alternativa para contornar esse problema é produzir morangos em ambiente protegido onde é limitado o ataque de pragas e doenças da parte aérea. Neste caso, o morango é produzido em substrato artificial sem contaminação por fungos fitopatogênicos e com fértil irrigação (sistema semi-hidropônico). Essa alternativa é de grande importância para os produtores, pois assegura a rentabilidade da atividade reduzindo a demanda de agrotóxicos na cultura. O cultivo protegido também evita a ocorrência de chuvas, geadas e, em locais com invernos mais rigorosos, da neve, sobre as plantas. As vantagens do sistema semi-hidropônico são: o produtor não necessita fazer rotação das áreas de produção; os tratos culturais podem ser realizados em pé; o novo ciclo de produção é estabelecido com a troca do saco plástico e do substrato a cada dois anos; o sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação; menor utilização de agrotóxicos; permite a produção de frutas com maior qualidade e menor perda por podridão; o período da colheita pode ser estendido em, pelo menos, dois meses e o sistema facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior aceitação dos morangos pelo consumidor. Um manejo adequado junto com uma nutrição equilibrada é possível alcançar altas produtividades em função da absorção de nutrientes necessários para suprir a demanda da planta durante o ciclo. Segundo Barber (1984), absorção de nutrientes pela planta, é a entrada do íon na raiz. Cada íon passa através da membrana até o citoplasma da célula da raiz. Isto pode ocorrer na epiderme, córtex ou endoderme. Palavras-chave: Cultivo; Morango; Nutrição.

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O produtor rural como empreendedor

João Rodrigues FILHO Cooperativa dos Agricultores Familiares de

Novo Itacolomi, [email protected]

RESUMO A Cooperativa dos Agricultores Familiares de Novo Itacolomi (COFAI) foi fundada em 2009, com 47 associados e, hoje, conta com 202 associados, comprovando sua importância na região. Em sua área de ação conta com associados em treze municípios do estado do Paraná, e apresenta o Capital Social no valor de R$ 207.768,85. O principal produto comercializado pela COFAI é a banana. Sua produção, apesar das intempéries, permitiu a comercialização e o faturamento expressivo de R$ 863.780,00 em 2017, o qual, seguido dos demais produtos, totalizou o montante de R$ 1.331.000,00 no período. Isso aconteceu graças à diversificação da oferta, chegando a 36 produtos, nos mais variados mercados: PNAEs Municipais e Estadual, PAA – CONAB – SESC MESA BRASIL, CEASA - Unidade de Maringá e Mercados da Região. Buscando minimizar os custos de produção, a COFAI adquire, anualmente, com recurso próprio, fertilizantes diretamente da fábrica; e os repassa aos associados com prazo e preço bem acessíveis, podendo o produtor repor este valor em produtos, se assim desejar. Para se estabilizar no mercado, é necessária a superação de muitas dificuldades, pois o mercado é muito exigente no tocante à qualidade, quantidade e constância no atendimento. Para tanto, precisamos conscientizar nossos produtores para entender que a maioria deles não está profissionalizada, e levá-los a entender que a sua propriedade é uma empresa. Desta forma, precisam saber quanto, realmente, têm de área plantada, qual é o real custo da produção, qual é a sua produtividade, para saber quanto pode investir para melhorar a qualidade e aumentar a quantidade ofertada. Assim, a Cooperativa pode ter garantia de constância na comercialização de seus produtos e, consequentemente, melhorar sua renda, sobretudo, para que avaliem se está sendo viável a sua atividade.

Palavras-chave: Organização rural; cooperativa; fruticultura.

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Desenvolvimento do Vale do Ivaí no Estado do Paraná Fruticultura como Negócio

Joaquim Carlos THOMAS Emater–PR - Assessoria de Planejamento - [email protected]

RESUMO No desenvolvimento das sociedades, a busca de melhores condições de saúde tem colocado as frutas como essenciais para a melhoria da alimentação e dos padrões de qualidade de vida, consequentemente tem-se estimulado a ampliação do consumo. A fruticultura é um dos setores de maior destaque do agronegócio brasileiro. O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas no mundo, atrás apenas da China e Índia, o que mostra a relevância do setor para a economia brasileira. Diferente das lavouras predominantes no Paraná, na produção de frutas muitos processos e operações necessitam da presença de pessoas para execução e controle, gerando novos postos de trabalho. A região do Vale do Ivaí tem forte participação da agricultura na sua economia, mas a quase exclusividade da produção de Grãos (soja, milho, feijão, trigo), embora importante, tem modificado as condições locais da estrutura de produção. A sustentabilidade da produção de grãos requer escala de produção e alto investimento em infraestrutura. Em contrapartida, a região é caracterizada por pequenas unidades de produção, mais de 40% dos estabelecimentos agrícolas tem área inferior a 10 ha e mais de 50% dos deles tem valor bruto da produção anual equivalente a menos de dois salários mínimos mensais, incompatíveis com a produção em escala. Desta forma, a região tem sofrido um esvaziamento populacional com forte influência nas economias locais e o agravamento da demanda por serviços públicos nos municípios polos. Através de uma grande variedade de culturas, a fruticultura pode propiciar resultados expressivos e gerar oportunidades para os negócios agrícolas da região. Visto por outro ângulo, a fruticultura é fortemente orientada por regulações externas que controlam o que, quando, onde e como produzir. Isso interfere no tipo de produto que deve ir aos mercados e nas decisões e estratégias que orientam os produtores para garantir a competitividade dos seus produtos. A consolidação de uma fruticultura competitiva no Vale do Ivaí precisa superar alguns desafios, destacam-se: i) escala de produção, o impacto da fruticultura no desenvolvimento regional vai além do mercado local, precisa focar em mercados com renda e com grande demanda, ii) competitividade, compreende o diferencial em relação aos competidores, a qualidade, a logística, o preço, etc. iii) integração da cadeia produtiva: os produtores estão distante dos grandes consumidores, a demanda dos mercados, as exigências dos consumidores são percebidas pelos varejistas, pelos atacadista, pela indústria os quais devem interagir com os produtores. Desta forma, planos e projetos de fruticultura como negócio devem abordar alguns aspectos fundamentais: i) Integração: agentes do mercado (varejistas, atacadistas, processadores), que orientam o que produzir, os produtores que ajustam como produzir e o Estado como agente apoiador, facilitador e mediador; ii) organização dos produtores para atingir escala de produção compatível com as necessidades do mercado, iii) especialização dos agricultores que precisam dominar as tecnologias de produção e processos de inovação e dos agentes de mercado, aprimorando os canais com os consumidores. Palavras-chave: Vale do Ivaí: Fruticultura.

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Aspectos da certificação fitossanitária de origem (pragas quarentenárias)

Juliano Farinacio GALHARDO Agência de Defesa Agropecuária do Paraná

[email protected] RESUMO A movimentação de produtos vegetais traz consigo o risco de introdução de pragas associadas a esses produtos em locais onde elas ainda não ocorrem. A introdução de pragas em áreas antes consideradas indenes ocasiona impactos indesejáveis, como aumento dos custos de produção, redução da renda do agricultor, aumento da contaminação ambiental, laboral e alimentar pelo maior uso de agrotóxicos, e podem ainda trazer restrições ao comércio dos produtos vegetais. Visando obrigar o adequado controle das pragas quarentenárias e reduzir o risco de sua disseminação e introdução em áreas sem ocorrência, existem normas internacionais, nacionais e estaduais, a serem observadas durante a produção, beneficiamento e transporte dos produtos vegetais. Foram apresentados os hospedeiros, sintomatologia, danos e formas de controle do Ácaro Vermelho das Palmeiras, Ácaro Hindu dos Citros, Mosca da Carambola, Cochonilha Carmim, Broca Conígera, Moko da Bananeira e Cancro Bacteriano da Videira, que são as pragas quarentenárias presentes sem ocorrência no Paraná, cuja identificação de ocorrência no campo deve ser comunicada imediatamente à ADAPAR, visando a adoção de medidas de erradicação. Foram também abordadas as pragas quarentenárias presentes com ocorrência no Paraná: Pinta Preta dos Citros, Sigatoka Negra, Cancro Europeu das Pomáceas, HLB e Cancro Cítrico e suas respectivas legislações específicas, que devem ser observadas durante a produção, beneficiamento e transporte de citros, banana e pomáceas. Em seguida, foi explanado como funcionam as restrições ao trânsito interestadual de produtos vegetais potenciais veiculadores de pragas quarentenárias presentes, assim como a importância e funcionamento do sistema de certificação fitossanitária de origem e consolidada, visando possibilitar esse trânsito. Palavras-chave: Legislação; Trânsito vegetal; Restrições.

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Colheita e pós colheita da uva

Leandro CIVIDINI Emater-PR – Borrazópolis-PR – [email protected]

RESUMO A uva é uma fruta extremamente sensível e devido a isso requer alguns cuidados por ocasião da colheita e após com as plantas, para garantir e preservar a qualidade da fruta, mantendo suas características como, por exemplo, aparência, sabor, cor, uniformidade e textura existente em cada cultivar. Por se tratar de uma fruta não-climatérica, ou seja, que não melhora suas características já citadas, depois de retirada da planta, a uva só pode ser colhida madura e ser armazenada em local que garanta sua qualidade, minimizando a ação de agentes patogênicos que levem à perda de água e a danos mecânicos. Pode-se dizer que são estas as principais causas de depreciação da qualidade da fruta pós-colheita, a manipulação no ato da colheita e após e o seu acondicionamento devem obedecer a alguns critérios e precauções que permitam assegurar sua qualidade até o momento do seu consumo. Para tanto, deve se fazer a medição dos sólidos solúveis utilizando de aparelho sendo o mais comum o refratômetro para identificar o valor de brix ideal de cada cultivar, no ato da colheita também deve se fazer toalete dos cachos, retirando bagas secas, atacadas por abelhas, vespas, pássaros, por pragas, doenças, anomalias, etc., fazer classificação dos cachos, evitar o excesso de manuseio dos cachos nas mãos para não ocorrer a retirada da pruína (cera da baga) para não prejudicar sua apresentação, acondicionar os cachos na embalagem de forma organizada, evitar o empilhamento das embalagens e solavancos no transporte até chegar no destino final, não deixar o produto exposto ao sol no momento da colheita, realizar higienização das mãos e materiais de colheita, manter o tratamento das plantas e conservação das folhas no pé após a colheita para garantir a recuperação das reservas da videira visando a uniformidade e vigor para a próxima safra. Esses são alguns dos principais cuidados a serem observados para se manter a qualidade do produto desde a retirada da planta até chegar ao consumidor.

Palavras-chave: Uva; pós-colheita; cuidados na colheita.

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Aspectos da Industrialização de Frutas

Leomara Floriano RIBEIRO (UFPR) [email protected]

RESUMO O Brasil está entre os maiores produtores de frutas do mundo, principalmente, em relação, a diversificação das culturas existentes. Apesar da elevada produção nacional, o consumo das frutas ainda é baixo e majoritariamente na forma in natura. As frutas in natura têm vida de prateleira relativamente curta devido à diversos fatores, tais como a continuação dos processos fisiológicos, aos focos de contaminação e deterioração, as injúrias e os danos mecânicos que ocorrem na pós-colheita. Desta forma, faz-se necessário o aprimoramento e o desenvolvimentos de tecnologias que permitam a industrialização e a conservação das frutas com foco no aumento do consumo destas. Para tanto, é necessário conhecer o potencial de cada fruta em termos de composição química, a conservação na pós-colheita, as diferentes formas de industrialização e a qualidade do produto que se deseja alcançar. Em termos de composição química, é necessário conhecer a fundo a espécie e a variedade das frutas que se pretende comercializar bem como suas especificidades quanto à disponibilidade de nutrientes e os componentes majoritários que se deseja preservar e/ou explorar industrialmente, para tal as condições de cultivo ideais, o estádio de maturação e as condições de temperatura e umidade relativa são fatores fundamentais para se monitorar, visto que podem influenciar no amadurecimento, no amolecimento por perda de água, nas mudanças na coloração, na contaminação microbiana, entre outros. A conservação na pós-colheita é outro aspecto a ser considerado porque os danos intrínsecos (respiração, transpiração, amadurecimento e senescência) e os danos extrínsecos (danos mecânicos, pragas/doenças e contaminações, temperatura e umidade relativa, etc.) influenciam na depreciação da qualidade das frutas e impedem o seu consumo. Para minimizar as perdas pós-colheita é importante identificar e diagnosticar as possíveis fontes geradoras de tais perdas e assim, propor soluções compatíveis com o contexto em que se está inserido. Já em termos de industrialização, entre as diversas tecnologias aplicáveis tem-se, por exemplo, aquelas que fazem o controle por refrigeração ou por tratamentos térmicos, o uso de inibidores de amadurecimento, filmes plásticos, coberturas comestíveis entre outros, com intuito de preservar as características das frutas bem com aumentar o shelf-life. Independente do produto a ser elaborado é necessário o controle adequado antes e durante o beneficiamento sob vários aspectos devem ser abordados ao longo da cadeia de produção a fim de garantir a boa qualidade do produto final.

Palavras-chave: Pós-colheita; indústria de alimentos; qualidade.

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Goiaba: uma alternativa para a agricultura familiar

Luis FAVERI Prefeitura do Município de Apucarana-PR

[email protected]

RESUMO A partir da necessidade de manter o pequeno produtor rural na terra com dignidade e renda para manter a sucessão rural, tendo a fruticultura como a maior ferramenta disponível, a goiaba desponta como uma das melhores opções a serem implantadas. A Secretaria de Agricultura de Apucarana, através do Programa Terra Forte, implantou a variedade de Goiaba Paluma (Psidium guajava L.) em 12 propriedades da agricultura familiar - em média, 150 plantas em cada. Foram usadas todas as técnicas preconizadas na sua implantação: proteção contra erosão, implantação de cerca viva reduzindo a deriva de agrotóxicos, subsolagem, gradagem, calagem, fosfatagem, nivelamento e coveamento. O espaçamento recomendado foi de 5m x 5m. Na adubação, por cova, 200 g de fosfato natural reativo, 200 g de calcário dolomítico e 5 kg de adubo orgânico curtido. O plantio foi realizado no período recomendado entre setembro a fevereiro. Na prática é muito importante a orientação técnica, pois um dos grandes complicadores da fruticultura é a mudança conceitual que o técnico deve apresentar para orientar o produtor e fazer seu acompanhamento, pois a fruticultura é atividade de retorno no longo prazo. No caso da goiaba, os resultados começam a aparecer após dois anos da sua implantação, com a vida útil do pomar acima de 20 anos, desde que mantidas as boas práticas culturais, dentre elas, a poda, que é fundamental na produtividade e na condução desta planta. Fazendo um comparativo entre culturas como exemplo: soja e goiaba. Enquanto na soja, em 2018, com custo total de produção médio de R$ 1.888,00 para a produção de 60 sacas/ha, num preço médio de R$ 70,00 a saca, é gerada a renda de R$ 4.000,00, sobrando ao produtor R$ 2.112,00, na goiaba esta área com 400 plantas (pico de produção 5 anos) com custo médio total de R$ 10.000,00, e produção de 20 mil kg/ha, gera renda no terceiro ano de R$ 70.000,00. Ao custo de produção de R$ 3,50 o kg, já descontado o custo de implantação e manutenção, sobra ao produtor uma média de R$ 60.000,00. E mais, é preciso considerar que a implantação da soja é anual, enquanto que a goiaba é uma implantação com uma vida útil acima de 20 anos. Em suma, a fruticultura é a melhor alternativa ao agricultor para a diversificação e o aumento da sua renda familiar e a fixação do homem no campo. Palavras-chave: Fruticultura; desenvolvimento rural; renda agrícola.

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Manejo ecológico de pragas do morangueiro

Maria Aparecida Cassilha ZAWADNEAK UFPR - [email protected]

RESUMO Para manejar de forma correta os artrópodes e moluscos associados ao morangueiro é preciso saber como monitorar, conhecer as características que permitem identificar a espécie, conhecer a bioecologia delas e de seus inimigos naturais. A partir destas informações, avaliando-se os fatores bióticos e abióticos de cada região produtora é possível, para cada fase fenológica da cultura, tomar a decisão certa quanto a necessidade ou não de adoção de medidas para seu controle. Cerca de 20 pragas são comuns no cultivo no solo e em substrato, para cada uma são descritas técnicas corretas de monitoramento. Salienta-se que ao andar pela lavoura a cada 10 metros recomenda-se fazer uma amostragem, sugerindo-se 20/ha. Com as informações registradas, associadas ao conhecimento da bioecologia das espécies, pode-se estimar com precisão as épocas mais favoráveis à ocorrência das pragas e a densidade populacional, evitando prejuízos econômicos. Entre as pragas com potencial de ataque ao morangueiro podemos citar dois ácaros (Tetranychus urticae; Phytonemus pallidus), dois afídeos (Chaetosiphon fragaefolii; Aphis forbesi), tripes (Frankliniella schultzei), seis lagartas (Duponchelia fovealis, Spodoptera spp., Helicoverpa spp., Agrotis spp.); três besouros (Lobiopa insularis, Naupactus sp, Paralauca sp. ), percevejo-do-fruto (Neopamera bilobata), mosca-branca (Thrialeurodes vaporiorun), dois moluscos (Deroceras laeve, Bradybaena similares). Em slabs além destas, há ocorrência de drosófilas (Drosophila suzikii); e mosca fungus gnat (Bradysia sp.). Na implantação do morangueiro deve-se atentar para a sanidade das mudas evitando assim a presença de ácaros, nematoides, afídeos e patógenos. Além disso, procurar auxílio de um responsável técnico para a escolha do local correto onde implantar o cultivo, fazer análise de solo e/ou pedir certificado de análise do substrato para slabs. A medida que as plantas se desenvolvem deve-se realizar o manejo da cultura e o manejo integrado de pragas e doenças. Sob estas premissas há a ocorrência de um maior número de organismos benéficos que pragas. Dentre eles podemos citar os predadores tais como antocorídeos, aranhas, coccinelídeos, crisopídeos, ácaros fitoseídeos e os parasitoides Trhichogramma spp. Para o manejo das pragas, devem-se privilegiar as medidas de controle cultural (uso de mudas sadias e certificadas, limpeza constante de folhas velhas e senescentes, adubação balanceada), físico (armadilhas pitfall, luminosas, atrativas (alimentar ou cronotrópica)), agentes biológicos e, em última alternativa, o químico. Com a adoção de medidas mais criteriosa das técnicas de manejo, evitam-se as pulverizações de calendário de controle, o que diminui o custo de produção, o risco de intoxicação dos produtores e de contaminação do meio ambiente e dos frutos. Os frutos produzidos sobre essas premissas terão mais qualidade e serão mais seguros e competitivos no mercado de trabalho.

Palavras-chave: Fragaria x ananassa; produção sustentável; tomada de decisão.

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As dimensões da sustentabilidade na fruticultura

Mateus José Falleiros da SILVA, Instituto Federal do Paraná – Campus Ivaiporã

[email protected] RESUMO O Vale do Ivaí apresenta graves problemas sociais e econômicos que afetam, principalmente, os agricultores familiares. Parte desse problema é devido à agricultura industrial, incapaz de gerar empregos no campo e renda para a maior parte dos agricultores, levando ao empobrecimento, ao êxodo rural e ao colapso dos serviços públicos essenciais nos municípios da região. O uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras extensivas vem contaminando o solo, a água, e causando danos às culturas subjacentes de olerícolas e frutas, muitas vezes inviabilizando-as. Sendo assim, o modelo de desenvolvimento agrícola atual é insustentável. Além disso, avança a concentração fundiária e reduz-se a renda por área utilizada, levando à redução do Valor Bruto da Produção Agropecuária dos municípios. Para enfrentar esta situação, é necessária a adoção de novos sistemas de produção que possam atender ao princípio básico da sustentabilidade. As atividades agrícolas devem gerar uma relação tolerável entre as demandas sociais e o equilíbrio ambiental, ser capazes de distribuir equitativamente as riquezas gerando benefícios sociais, e ser viáveis sob o ponto de vista econômico e do ambiente. Por isso, é preciso estimular a capacitação, a organização e a participação dos agricultores familiares, promover o resgate e a valorização das práticas e costumes ligados à cultura rural, e ainda, estimular o debate sobre a ética nas relações econômicas, sociais, políticas e outras, que interferem decisivamente na busca por sistemas mais sustentáveis. A fruticultura desponta como opção produtiva para o agricultor familiar, por aumentar a renda, a ocupação e o emprego na propriedade. Porém, a cadeia da fruticultura propicia também a geração de renda nos setores ligados aos insumos e outros relacionados à comercialização. Abre espaço para atividades complementares como o turismo rural ou a agroindústria, e favorece a organização dos produtores na forma de cooperativas ou associações. Sendo assim, pode promover uma mudança econômica e social na região. Porém, para que tal ocorra, é preciso promover a mudança tecnológica voltada para as práticas agrícolas de base ecológica que, para além da produtividade, garante a melhor qualidade dos produtos, do ambiente, e de vida para o agricultor. Nesse sentido, a formação de técnicos para o desenvolvimento da fruticultura, em bases sustentáveis, deve ser capaz de indicar a importância de considerar todas as dimensões necessárias neste processo, evitando que se atenham apenas aos aspectos meramente tecnológicos e econômicos no planejamento, mas que sejam capazes de fazê-lo a partir de uma abordagem ampla e multidimensional.

Palavras-chave: Desenvolvimento rural; território; agricultura familiar.

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Conservação de Solo e Água

Nelson HARGER Emater-PR – UFPR - [email protected]

RESUMO O solo é um dos componentes vitais do meio ambiente e constitui o substrato natural para o desenvolvimento das plantas. O manejo sustentado do solo é uma questão estratégica do ponto de vista ambiental e econômico prevenindo a erosão e o abastecimento dos lençóis freáticos que alimentam os cursos de água. Os prejuízos decorrentes da erosão são elevados. Reduz a capacidade produtiva dos solos, com perdas de solo de nutrientes, e consequentemente causa o aumento nos custos de produção e menor rentabilidade aos agricultores. A utilização de práticas conservacionistas é de fundamental importância no controle de perdas de solo e água em áreas agriculturáveis, propiciando a maximização do lucro sem provocar redução da capacidade produtiva. A principal causa da erosão é a redução da capacidade do solo infiltrar água devido ao encrostamento da superfície do solo. Este encrostamento decorre da dispersão, pelo impacto da gota de chuva, das partículas que formam os agregados do solo, e do subsequente rearranjo destas partículas, formando uma camada com reduzida porosidade, o que provoca o selamento da superfície do solo. Uma das principais causas de formação de crosta superficial é a ausência de cobertura do solo, um dos princípios básicos do Sistema de Plantio Direto. A cobertura vegetal tem a capacidade de oferecer ao solo proteção ao impacto direto das gotas da chuva, reduzir a velocidade do escoamento superficial e aumentar a resistência à tensão de cisalhamento associado ao escoamento. Por isso, a cobertura do solo atua como elemento dissipador de energia, favorecendo o controle do processo erosivo. Práticas que visam a manutenção da cobertura vegetal como o plantio direto e o uso de cobertura morta melhoram ainda a estrutura do solo A rotação de culturas ou sistemas integrados como a brachiaria ruziziensis e o milho segunda safra são práticas consistentes que permitem explorar o solo com diferentes sistemas de raízes e promover melhores coberturas de solo. Estes sistemas de cultivos além de contribuir para a redução da incidência de pragas e doenças e de auxiliar no controle de plantas invasoras, melhora a biodiversidade no solo, com benefícios especialmente para as condições físicas, químicas e biológicas do solo. A massa de resíduos vegetais representada pela parte aérea das plantas e pelas raízes, ao permanecer sobre o solo (parte aérea) e dentro do solo (raízes), contribui para a melhoria dos teores de matéria orgânica, estrutura do solo e consequentemente capacidade de infiltração de água no solo. Sistemas de culturas em rotação ou consorciadas, com cobertura permanente do solo por plantas vivas ou mortas e mobilização mínima do solo são os principais componentes do Sistema de Plantio Direto na Palha. Assim, o SPD com qualidade é reconhecidamente uma das melhores alternativas para promover boas condições físicas, químicas e biológicas do solo, proteção do solo contra erosão e ganhos em rentabilidade agrícola. Palavras-chave: Manejo de solo; produção sustentável; plantio direto.

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Manejo ecológico em morangueiro

Nilson Zacarias Bernabé FERREIRA Emater-PR - [email protected]

RESUMO O cultivo de morangos tem se mostrado uma excelente opção para os

agricultores familiares, em um pequeno espaço é possível gerar emprego e

renda para uma família rural. Ferreira (2017) apresenta que em uma área de

350 metros quadrados uma pessoa consegue cultivar 3500 plantas de

morangueiros, obtendo renda mensal de aproximadamente R$1.933,33. No

entanto, segundo relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxico

em Alimentos (PARA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

nos anos de 2016 e 2017, dos 18 tipos dos alimentos mais comuns na mesa

dos brasileiros os alimentos com maior percentual de amostras com problemas

foram o Pimentão com 91,8%, seguido pelo morango com 63,4%. Com base

nessas informações foi necessário desenvolver um sistema de cultivo de

morangos que além de proporcionar melhoria de renda para a família rural,

pudesse ser produzido de forma mais saudável, mais sustentável e até mesmo

totalmente sem agrotóxicos. Sendo assim, a equipe local do Instituto Emater do

município de Marialva, desenvolveu uma forma diferenciada de trabalhar com a

cultura do morangueiro. Os produtores foram treinados, sendo oferecido a

oportunidade de realizarem os cultivos dentro dos preceitos das agroecologias,

tanto como produtores orgânicos certificados, ou como produtores que embora

convencionais, realizam a produção com produtos biológicos ou alternativos.

Realizamos os treinamentos salientando sobre os aspectos básicos de grande

relevância para cultivo de morango orgânico em substrato, como: realizar o

cultivo em sistema protegido procurando condicionar o microclima favorável a

cultura, tendo a preocupação com a temperatura, umidade e luminosidade,

para isso utilizando estufas altas e bem ventiladas; utilizar substratos

adequados para a exploração, sendo que, para as lavouras orgânicas existe a

obrigatoriedade de adicionar solo ao substrato; utilizar recipientes adequados

para o desenvolvimento das plantas, como slabs ou calhas feitas com material

isolante térmico; utilizar solução nutritiva adequada ao bom desenvolvimento

das plantas, sendo que, atualmente os produtores utilizam esterco de aves

fervido junto com o biofertilizante supermagro para a fertilização das plantas;

realizar o manejo da lavoura de acordo com as necessidades das plantas,

fazendo a toilete, poda, desbrota e irrigação, sempre procurando otimizar o

máximo do potencial produtivo das plantas; realizar monitoramento de pragas e

doenças e só utilizar alternativas de controle quando for estritamente

necessário, sempre procurando proporcionar o equilíbrio natural do sistema e a

manutenção e desenvolvimento dos inimigos naturais, utilizando produtos

alternativos ou biológicos.

Palavras-chave: Morango orgânico; cultivo em substrato; cultivo alternativo.

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Qualidade das frutas: citros no Paraná

Valdomiro TORMEM Consultor técnico em citros [email protected]

RESUMO A laranja é uma das frutas mais consumidas no mundo, seja na forma de fruto in natura ou suco concentrado e é importante que as etapas de produção, implantação do pomar, tratos culturais, colheita, transporte, industrialização e comercialização, sejam de conhecimento de todos os integrantes da cadeia produtiva, de forma que o produto final atenda aos padrões de exigências do mercado consumidor. A qualidade do produto depende de tratos culturais adequados, principalmente do manejo das pragas e doenças e o produtor deve dominar os aspectos técnicos do cultivo, sendo necessário um programa de treinamentos, onde os produtores obtenham o conhecimento técnico, econômico e social da cultura. A citricultura é uma atividade rentável e seu sucesso depende da produtividade, além da qualidade. Várias práticas, conjugadas, terão que ser aplicadas na lavoura em produção: preparo do solo para a implantação do pomar, análise do solo, limpeza da área, plantio convencional ou em cultivo mínimo, abertura de sulcos, demarcação e preparo das covas, todas com tratamento especial. Uma boa implantação diminui os riscos e aumenta a produtividade durante a vida útil do pomar. Outro aspecto é a escolha de variedades para cultivo, o que está intimamente ligado ao objetivo final da produção, seja de frutas para a indústria de suco ou para o mercado de frutas in natura. Há que se balancear a escolha das variedades em relação à época de colheita, visando obter mais meses de colheita durante o ano. Ainda na escolha deverá ser considerado o tipo de porta-enxerto, considerando aspectos relacionados às doenças, pragas, clima e solo; os mais utilizados no Paraná são o Limoeiro cravo, Tangerineira Sunki e Cleópatra. Os tratos culturais deverão ter uma sequência lógica segundo as necessidades das plantas. O manejo do pomar de forma ampla é extrema importância, e as atividades não serão realizadas individualmente, mas sim de forma integrada entre as atividades. Na adubação é considerado o estado nutricional da planta através da análise foliar. No manejo do mato mantem-se a cobertura vegetal, a cobertura morta e realiza-se o manjo da linha e entrelinha. Podas de formação, desbrota, podas de abertura da copa e da linha se fazem necessárias para o aumento da produtividade. O desbaste de frutos é uma necessidade no caso de ter maior qualidade de frutos exigidos pelo mercado (comum nas tangerineiras). O controle de pragas e doenças é o que mais preocupa e merece especial cuidado do citricultor. A cultura de citros está sujeita a muitas doenças e podem se tornar limitantes à própria cultura. As técnicas de produção, de alguma forma são diferentes para mercados diferentes. Bem como, as exigências quanto à qualidade. Os frutos destinados à exportação recebem tratamento especial para proteção contra doenças pós-colheita, classificação, embalagem, conforme normas internacionais. Finalmente, o consumidor é o “Senhor” e é quem determina preço, qualidade e produto com boa aparência. Por isso, a produção de frutas, de forma geral, deverá estar direcionada para as necessidades e preferências dos consumidores. Palavras-chave: Fruticultura; aspectos técnicos; cultivo.

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ELEMENTOS PRÁTICOS E EXPERIÊNCIAS DESENVOLVIDAS NA

QUALIFICAÇÃO EM FRUTICULTURA NO VALE DO IVAÍ

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Relatório de Estudo de Caso ADI Jandaia do Sul (A comercialização)

Adriana Rodrigues Pontes PUIA1; André Luiz JUSTI2; Maycon Diego RIBEIRO3

1Emater-PR [email protected] 2Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

3Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

RESUMO Na agricultura familiar pequenos agricultores enfrentam dificuldades no momento da comercialização da produção de frutas. Para sanar essa dificuldade na Área de Desenvolvimento Integrado (ADI) de Jandaia do Sul foram levantados os possíveis canais de comercialização e o interesse e visão de possíveis outros canais. Foi identificado na ADI canais para o escoamento e venda da produção de frutas como CEASA, atravessadores, Cooperativas, feiras municipais, vendas porta a porta com redes sociais e aplicativos, quitandas e mercados locais. Fatores negativos como a extensa atuação de intermediários acabam prejudicando em certa parte a comercialização das frutas além de barreiras comerciais e sanitárias. Fortalecer redes de comercialização já existentes e um estímulo ao consumo de frutas frente aos consumidores é uma estratégia de melhoria de mercado e ainda por se tratar de uma região muito bem localizada a ADI tem grande potencial para implantar o “Circuito das Frutas Vale do Ivaí”, o que incrementaria a comercialização de frutas da região. Palavras-chave: Comercialização de frutas; fruticultura; Vale do Ivaí.

INTRODUÇÃO Na agricultura familiar a qualidade de vida é um dos pilares para que os pequenos agricultores fiquem no campo, mas isso só se consegue se os produtores tiverem sucesso na comercialização de sua produção. Na fruticultura não é diferente, inúmeros são os canais de comercialização, porém uns são mais atrativos que os outros, e ainda com muitas instabilidades. Para se conquistar estes mercados, pequenos agricultores lançam mão de várias formas de comercialização, mas a falta do poder de competitividade desestabiliza essa fase final da cadeia produtiva. A comercialização de frutas do ponto de vista geográfico envolve vários fatores como tipo da fruta, época do ano a que se destina o consumo e até mesmo a apresentação do produto ao cliente. A oferta do produto também interfere muito na comercialização visto que a regularidade de produção é um atrativo ao comprador, assim como também volume, qualidade e diversidade. Frente a estes questionamentos o presente Trabalho tem o objetivo de identificar os canais de comercialização e o interesse e visão de possíveis outros canais visualizados para a ADI (Área de Desenvolvimento Integrado) de Jandaia do sul.

CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO A ADI de Jandaia do Sul é composta por seis municípios que são eles Bom Sucesso, Cambira, Jandaia do Sul, Kaloré Marumbi e Novo Itacolomi. Estes

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municípios já possuem alguns canais para escoamento e venda da produção de frutas, entre eles podemos citar os seguintes: CEASA (Maringá e Londrina), atravessadores, Cooperativas, como a Cooperativa de Agricultura Familiar de Novo Itacolomi (COFAI), Cooperativa dos Viticultores de Jandaia do Sul (COOPERVITI), feiras municipais, vendas porta a porta e redes sociais e aplicativos, quitandas e mercados locais. Em Novo Itacolomi a COFAI, comercializa banana e uva entre outras frutas, pelos programas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e CEASA. O município está dependente do escoamento da produção pela cooperativa, intermediários, venda direta ao consumidor. Não se tem histórico de feira municipal para a venda das frutas na localidade. Jandaia do Sul por sua vez, através da COOPERVIT, apresenta vendas também aos programas governamentais, e com foco dos produtores em hortaliças e frutas. O Município tem ainda uma grande feira local, que atrai consumidores de municípios vizinhos, onde são vendidas poucas frutas de origem local. Os demais municípios Bom Sucesso, Cambira, Marumbi e Kaloré, o mercado da produção frutífera são principalmente PNAE municipal, visto que estruturas de feiras locais são deficitárias, ocorrendo em Marumbi e Bom Sucesso, mas são poucos os produtores e a produção de frutas quase não abrange a feira. Kaloré apenas possui os programas governamentais. Vendas em comércio local, venda direta e via redes sociais e aplicativos também são comumente realizadas nesses municípios. Nota-se a presença em todos os municípios de intermediários (atravessadores) que adquirem a produção dos Fruticultores e encaminham a canais como CEASAS, e também a grandes redes de supermercados. Segundo o levantamento ações para estímulo e suporte a comercialização das frutas na ADI são necessárias, além de que melhorar a escala de Produção, constância de entrega e qualidade são itens chave para a confirmação do polo frutícola regional. O incentivo ao cooperativismo, através de instruções e noções da forma com que é implantado e realizado visa ser necessário aos produtores, para que o mesmo tenha o instinto cooperativo e melhore sua produção e venda, desfrute de melhorias a qual se propõe o ato cooperativo. O Fortalecimento das Cooperativas já existentes se faz necessário para que os produtores tenham a garantia de mercado de sua produção e ainda a divulgação do que é e como funciona o ato cooperativo, para que o mesmo tenha o instinto de cooperar. Orientação técnica pela extensão rural (Emater) e outros órgãos também é ferramenta de fomento à produção de frutas, sendo que através da produção com tecnologia aumenta-se ainda mais a rentabilidade do produtor, visto que o mesmo depende de instrução para que se tenha a “Certeza de Mercado” atendida.

O TRABALHO NO TERRITÓRIO VALE DO IVAÍ

O Território Vale do Ivaí, tem o intuito de implantar o projeto “Circuito das frutas do Vale do Ivaí”, que visa realizar um centro de comercialização de frutas entre os municípios além de integração via turismo e melhoria de renda e da produção dos fruticultores do vale do Ivaí.

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OPORTUNIDADES A FRUTICULTURA A região da ADI jandaia do Sul corresponde a um grande polo de urbanização do Norte Paranaense, pois se localiza entre as regiões metropolitanas de Maringá e Londrina, contemplando também Apucarana e demais municípios, tornando-a um ponto estratégico de mercado para mais de um milhão e meio de habitantes. Um dos grandes fatores de produtividade encontrado nesse local de estudo corresponde aos solos roxos argilosos de ótima fertilidade, relevo adequado, e zoneamento agrícola favorável a fruticultura, além da facilidade de escoamento elencado anteriormente no eixo Londrina- Maringá. A logística regional apresenta um ótimo elo de integração entre os municípios, todos os apresentados possuem estradas rurais interligadas além da malha viária já constituída. A BR 376 e o eixo Maringá/Apucarana/Londrina facilita o acesso e a distribuição dos produtos regionalmente e demais dimensões de mercado como porto seco em Maringá ou até mesmo porto de Paranaguá ou a capital do Estado. Estruturas comerciais através das duas cooperativas já instaladas e em funcionalidade faz com que facilite o acesso aos compradores aos produtos, e por que não a venda dos produtores de frutas.

RISCOS, AMEAÇAS E NECESSIDADES DA ADI

A produção de fruta na região da ADI Jandaia do Sul, também passa por fatores que a dificultam, tanto a produção quanto a produtividade. De modo geral estes fatores podem ser expandidos para nosso estado e também a nosso país. A questão de intempérie climática é um foco regional a ser notado, visto que temos grande incidência de ventos e geadas em épocas distintas do ano, influenciando diretamente em alguns tipos de frutas a serem cultivadas. O fator humano, no caso a questão cultural notada em alguns produtores torna-se uma barreira, pois a falta de iniciativa para comercializar a própria produção gera impasse a espera que um técnico ou governante tome a frente para resolução do problema. Os mesmos geralmente não conhecem ou não se interessam pelo processo de comercialização pela forma de cooperativas, ou facilidade de se tornar um associado para o fortalecimento da classe. A deriva de produtos de outras culturas também incide diretamente na produção ou implantação implicando em um impasse para se fomentar o plantio de frutas. Na região também há a presença de intermediários que atuam na compra da produção, influenciando negativamente nos valores de produto prejudicando o produtor. Mas em geral apresentam-se necessárias políticas e estudos sobre mercados para que sejam superadas algumas divergências. A falta de tecnologias e pesquisa na fruticultura incide principalmente na falta de produtos licenciados para a melhoria da produção. A utilização de produtos sem licença ou registro torna-se ferramenta para algumas pragas e doenças. Existem barreiras políticas no Estado que fazem com que ocorra falta de produtos (defensivos agrícolas) registrados no Paraná, entretanto se aceita a

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importação de frutas de outros estados os quais utilizam os produtos aqui barrados para culturas. Estudos de barreiras mercadológicas devem ser implantados para que seja discutida a utilização de produtos, insumos, compra de mudas e sementes, defensivos agrícolas entre outros. Só assim pode ocorrer concorrência justa e apoio a fruticultura local.

AMPLIAÇÃO DA FRUTICULTURA NA ADI JANDAIA DO SUL E REGIÃO

Faz se necessário a ampliação da fruticultura na região, em especial a necessidade do estimulo do consumo da fruta, gerando assim ainda maior demanda do produto. Para isso também necessita fortalecer as redes de comercialização como cooperativas e feiras locais, para que a produção seja mais bem escoada. Um estímulo a fruticultura local pode ser realizado com a divulgação de qual fruta pode ser implantada no município de acordo com a característica local. A Tabela 1 mostra as frutas cultivadas nos municípios pertencentes a ADI de Jandaia do Sul. Percebe-se a disparidade de área produtora de frutas entre um município e outro como no caso de Kaloré com apenas 4,5 há de área plantada e Novo Itacolomi com 385 há sendo reconhecido na região como polo de banana.

TABELA 1- Área e produção das principais frutas produzidas nas cidades que compõe a ADI de Jandaia do Sul

MUNICÍPIOS DA ADI

ÁREA ha

PRODUÇÃO ton

TOTAL R$ PRINCIPAIS CULTURAS

BOM SUCESSO 69,42 1.935 1.738.011,50 Laranja, Lichia, Uva e

Maracujá

CAMBIRA 104 1.802 2.556.278,16 Banana, Uva, Laranja e

Morango

JANDAIA DO SUL 71 151,95 8.694.747,44 Uva, Abacate e Laranja

KALORÉ 4,5 51,5 48.054,63 Banana, Laranja e

Maracujá

MARUMBI 14,3 225,5 403.666,21 Abacate, Banana

NOVO ITACOLOMI 385 6.828,50 51.139,76 Banana e Goiaba

TOTAL 648,22 10.994 13.491.897,70

Fonte: SEAB/ DERAL, 2017.

Ao produtor já estabilizado é recomendado a adesão ao Programa PIF (Produção Integrada de Frutas), que garante maior qualidade e mercado exterior. Ações como políticas de integração e absorção de produtos da fruticultura entre os municípios facilitaria venda e produção com maior qualidade e quantidade como mercados institucionais e incentivos a cooperativas. E por fim fazer com que o projeto “Circuito das frutas regional” seja eficaz na comercialização e apoio aos municípios na fruticultura da nossa região.

CONCLUSÃO

O estudo de canais de comercialização de frutas na ADI de Jandaia do Sul impacta diretamente na qualidade de vida local e vem de encontro com a

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necessidade de sanar os problemas vividos no campo como Êxodo Rural e melhoria da qualidade de vida.

Também como a ADI se encontra em local favorável ao cultivo e comercialização de frutas a implantação de projetos com esta característica como o “Circuito das frutas Vale do Ivaí” é viável.

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Do Fomento da Fruticultura e da Intensificação da Assistência Técnica, bem como, da Organização da Cooperativa de Agricultores no Município de Cândido de Abreu - PR

Alan MIRANDA1; Osvaldo MATIAK2, Mateus José Falleiros da SILVA3

1Prefeitura Cândido de Abreu, [email protected];

2Emater-PR, [email protected]; 3IFPR Campus Ivaiporã, [email protected], orientador.

Resumo A atividade de produção de frutas foi iniciada em Cândido de Abreu em meados do ano de 2011, em especial a cultura do Maracujá e demais frutas de caroço que serão destaque no presente trabalho, bem como o fomento a fruticultura através da doação de mudas e sementes de maracujá, o qual fora de crucial importância para o desenvolvimento local, sendo iniciada através de experiências adquiridas no decorrer do curso de qualificação em fruticultura, surgindo-se, assim, o projeto de fomento a fruticultura, denominado por PROCAMPO, com este buscou-se, intensificar a assistência Técnica e a organização da Cooperativa, a fim de gerar renda ao pequeno produtor rural, com isso podemos afirmar que este programa é um importante instrumento de promoção do desenvolvimento regional, em busca da sustentabilidade da propriedade rural Palavras-Chave: Projeto maracujá, Desenvolvimento, Cultura. CONTEXTO A fruticultura teve início no município de Cândido de Abreu em 2011, através do plantio da cultura do maracujá, já no ano de 2017, havia 100 produtores cadastrado no programa municipal, com isso toda a produção era comercializada na Cooperativa Coaprocor de Corumbataí do Sul-Pr. Através do plantio da cultura do maracujá, que foi produzindo na safra de 2011/2012, cerca de 100.000 kg de maracujá, que era comercializado em sua integralidade na cooperativa Coaprocor. Em dezembro de 2013 contávamos com 96 produtores cultivando o maracujá, sendo a produção da safra de 2013/2014 de 500.000 kg de frutas. Nos anos de 2017/2018, o Departamento de Agricultura, iniciou um novo projeto para fomentar a fruticultura na região, com o intuito de garantir renda para o produtor com o plantio de diversas variedades de frutas, como abacate, ameixa, caqui, pêssego, citros, uva, maracujá. Descrição da Experiência O artigo apresenta uma visão geral da fruticultura em nosso município em especial a cultura do maracujá, apresentando a situação geral das principais frutas produzidas em nossa região, e a renda aferida por estas comparadas a outras atividades agrícolas. Verificam-se os tipos de barreiras enfrentadas pelo setor no processo de comercialização, logo. O objetivo deste é apresentar os fatores que inibem a inserção da fruta em nosso município, bem como os de produção.

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Para a consecução dos objetivos deste artigo, foi realizado um levantamento de dados dos agricultores de nossa região a respeito do tema em questão. Foram consultadas referências bibliográficas relevantes sobre a fruticultura no Brasil e no mundo, suas características, sua importância socioeconômica e principais tendências. Através da participação no curso de fruticultura, várias ideias surgiram, devido a relatos de experiências apresentados no decorrer do mesmo, sendo assim através da Emater-PR e da Secretaria Municipal de Agricultura, foi dado início ao programa de fruticultura (PROCAMPO) Com isso, realizamos pesquisas de campo, abordando os produtores, sobre as principais dificuldades enfrentadas no dia a dia, que por sinal foram categóricos em informar que necessitavam de incentivo por parte do poder público, além da organização da comercialização, que até então fora um dos grandes problemas enfrentados, que inibia o desenvolvimento da fruticultura local. Durante o trabalho, surgiu a ideia de criar uma nova COOPERATIVA, denominado por COOPERCANDI, atendo as necessidades locais regionais dos agricultores do município de Cândido de Abreu, para facilitar a comercialização, bem como aproximar os produtores dos centros de comercialização, pois esta ficou incumbida de realizar a comercialização das frutas produzidas pelos seus sócios. Resultados e recomendações Com a criação do Programa PROCAMPO, realizando o fomento da fruticultura, através da doação de mudas, bem como da entrega de semente de maracujá, e a intensificação da assistência técnica por parte da EMATER e Secretaria Municipal de Agricultura, além da criação e organização da COOPERATIVA COOPERCANDI, pelos órgãos acima citados, a fruticultura deu um grande salto positivo que permitiu sua consolidação no município, como fonte de renda para os pequenos produtores rurais. A criação da Cooperativa foi de grande importância para o desenvolvimento local, bem como da agricultura em regime de economia familiar, pois favoreceu a comercialização dos frutos produzidos, que por consequência, ajudou no crescimento da economia e o aumento da receita tributária no ano de 2018, e o desenvolvimento sustentável da propriedade rural. Também foram observadas mudanças significativa, quanto a qualidade de vida dos agricultores, haja vista a geração de renda, em propriedades que antes não eram economicamente produtivas, devido ao cultivo de monoculturas, o qual, bem sabemos, em pequenas propriedades é inviável, pois necessitam de grandes áreas para que possam auferir valores consideráveis para sobrevivência do grupo familiar. Necessário relatar que com o fomento através da doação de mudas frutíferas, possibilitou a ampliação da produção de frutas através do aumento do número de produtores no município no ano de 2018, refletindo, assim no aumento da oferta de frutas para o mercado, atraindo compradores que realização a mediação entre o produtor e os mercados, que até então não possuíam interesse em nossa cidade, pois não tínhamos produção suficiente, o que era inviável para o transporte. Notaram-se grandes avanços, no entanto, ainda há muito a ser feito pelo poder público, como a intervenção deste na produção de mudas através da criação de um viveiro municipal, pois até então estão sendo realizadas licitações para

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compra das mesmas, que de certa forma, torna-se inseguro a continuação deste programa, pois pode ser que no futuro nossos gestores não tenham interesse de dar continuidade. Com isso, a criação do viveiro municipal, devidamente instalado, sendo administrado pelo poder público, bem como a criação de uma legislação municipal delimitando metas e regras que deverão ser observadas pela administração municipal, é de grande importância para dar continuidade ao programa PROCAMPO. Agradecimentos Agradecemos ao professor Mateus, pela dedicação e orientação, o qual teve paciência, bem como se mostrou prestativo as nossas dúvidas.

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Diagnóstico da produção de frutas orgânicas na região Norte-Central do

Paraná

Alini T. da S. MACHADO1; Pedro E. CIOMBALO2; Larissa MARUITI3

1 Emater-PR, [email protected]; 2 Secretaria de Agricultura de Nova Tebas, [email protected];

3 UNESPAR Campus Apucarana, [email protected], orientadora

Resumo O presente trabalho, oriundo do Curso de Fruticultura, proporcionou a estes autores relatar o atual cenário no que tange a produção de alimentos no Território do Vale do Ivaí. Para a realização da pesquisa foi necessário acessar várias fontes oficiais da área da agricultura para a realização das análises. Para reforçar o cientificismo fugindo do conhecimento empírico foi essencial realizar conversas com os produtores da região, visando obter dos mesmos relatos de suas dificuldades e propostas de soluções para melhorias. Tem-se como objetivo apresentar o cenário atual de produção de frutas orgânicas de forma básica tendo como método de pesquisa a observação.

Palavras-chave: agricultura orgânica; sustentabilidade; segurança alimentar;

Contexto A região do Vale do Ivaí conta com uma população total de 330.695 habitantes, sendo 268.813 moradores da área urbana (82%) e 61.882 moradores da área rural (18%), tendo 12% da sua população ocupada com agricultura familiar (41.529 pessoas) (IBGE, Censo Demográfico 2006). Segundo IBGE (2006), 11 municípios do território (Jandaia do Sul, Cambira, Apucarana, Califórnia, Rio Bom, Novo Itacolomi, Borrazópolis, Kaloré, São Pedro do Ivaí e Ivaiporã) apresentam IDHM com alto desenvolvimento humano (0,7 a 0,799) e os demais municípios médio desenvolvimento humano (0,600 a 0,699), sendo uma importante região consumidora, principalmente de produtos agroindustriais. A demanda por alimentos mais saudáveis, com maiores teores nutricionais e menor quantidade de resíduos químicos tem aumentado nos últimos anos, tronando-se tendência nos grandes centros urbanos. Os alimentos produzidos no sistema orgânico atendem esse preceito e seu consumo cresce a cada ano. O território do Vale do Ivaí está localizado na região Norte Central do Paraná, compreendendo 26 municípios (Figura 1).

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Figura 1. Municípios pertencentes ao território Vale do Ivaí. Fonte: MDA (2015)

O objetivo deste trabalho é apresentar o cenário atual de produção de frutas orgânicas de forma básica uma vez que de forma detalhada demandaria muito mais que o limite de páginas aceitas para este Relato de Experiência cujo método de pesquisa foi qualitativa por meio da observação. A região analisada é a região central norte, a qual inclui o território vale do Ivaí, de forma a avaliar a viabilidade de expansão desse sistema de produção a nível regional, auxiliando nas ações futuras. Descrição da Experiência

O presente trabalho foi desenvolvido com base nas informações provenientes de levantamentos oficiais realizados por meio de sites sendo eles: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE; Ministério do Desenvolvimento e Agricultura –MDA; Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico – Ipardes; Departamento de Economia Rural – DERAL; e Secretaria do Estado Agricultura e Abastecimento – SEAB –PR, bem como através de levantamento de produção realizado por acompanhamento técnico de profissionais do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural e Secretaria de Agricultura de Nova Tebas com produtores orgânicos pertencentes à este município. No município do presente estudo (Nova Tebas), a produção concentra-se em uma determinada região, desenvolvida por 34 agricultores familiares, organizados em uma cooperativa exclusiva ao sistema orgânico de produção. A produção majoritária é de frutas, sendo a acerola, morango e maracujá as espécies cultivadas, além de hortaliças em menor escala e produtos para subsistência, como café, milho e feijão.

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Resultados e Recomendações

Segundo o censo Agrícola de 2006, 90 mil estabelecimentos agropecuários declararam praticar agricultura orgânica no Brasil, concentrados em pequenas e médias propriedades, sendo a fruticultura atividade praticada em apenas 2% desses estabelecimentos (483 propriedades, sendo 79 certificadas). O Paraná encontra-se em 4º lugar entre os principais estados produtores no Brasil, sendo a agricultura orgânica desenvolvida predominantemente em pequenas propriedades de caráter familiar, concentrando nos assentamentos rurais, reservas indígenas e comunidades de quilombolas. Em entrevista aos produtores, foi levantado que a venda dos produtos ainda é, feita de forma in natura. As frutas são comercializadas para indústrias da região, para processamento (produção de polpas), ficando assim a agregação de valor dos produtos para as empresas fora do município e território. As olerícolas são comercializadas para mercados institucionais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos. O principal entrave para acesso a mercados externos e para o processamento das frutas e verduras no local é o volume e constância na produção. Segundo os produtores, o baixo volume disponível é resultado das dificuldades de ampliar a produção e coordenar a comercialização dos orgânicos. Pensando no processamento, uma alternativa viável para fornecer escala de produtos ao longo do ano viabilizando o processamento em agroindústria do território é fomentar a produção orgânica de frutas entre os municípios compreendidos no vale do Ivaí. Outra questão observada pelos produtores do grupo é em relação a certificação, a qual tem um custo elevado, com retorno de médio a longo prazo, encarecendo os custos de produção, principalmente para os agricultores familiares como do município. A certificação em grupo ou participativa apresenta-se como alternativa para contornar esse problema. Para a implantação dos pomares ou fomento de atividades já implantadas os produtores podem acessar linhas de crédito específicas para a atividade, como o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, da Agroecologia, com taxas de juros menores para este grupo (2,5% a.a.). A falta de assistência técnica específica para este nicho de produção bem como de pesquisas direcionadas apresentam-se como entraves à ampliação da produção orgânica. Como alternativa, pode-se criar uma rede de assistência técnica, cursos e visitas em propriedades orgânicas para troca de experiências, tanto entre os produtores quanto entre técnicos. A presença do Instituto Federal do Paraná- IFPR Campus Ivaiporã, e Universidade Estadual do Paraná -UNESPAR Campus Apucarana, tendo também nas proximidades a Universidade Estadual de Londrina – UEL, assim como a Universidade Estadual de Maringá – UEM, ampliam a possibilidade de parcerias visando a pesquisa de novas tecnologias na agricultura orgânica. Por fim, a possibilidade de aumentar a produção orgânica na região irá auxiliar na economia local e regional, principalmente na área agrícola, haja visto que o preço médio do produto orgânico é superior ao convencional.

Agradecimentos

Agradecemos a Maria Helena Cruz, da Prefeitura Municipal de Ivaiporã, que também foi autora deste trabalho e contribuiu muito na elaboração deste Relato de Experiência, e que não foi possível mencioná-la.

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Importância do diagnóstico confiável na elaboração de um plano de incentivo à fruticultura para agricultores familiares

Ana Maria de MORAES 1; Paulo de Tarso GERARD²; Henrique Aristides Beltrame RIBEIRO³; Wesley Heron de Mattos ROJO⁴; André Luiz JUSTI5;

Maycon Diego RIBEIRO6

1Emater-PR, [email protected]; 2Prefeitura de Ivaiporã, [email protected];

3Instituto Federal do Paraná – Ivaiporã, [email protected] 4Instituto Federal do Paraná-Ivaiporã, [email protected]

5Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador 6Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

RESUMO Diante dos resultados obtidos na agricultura familiar com o cultivo de espécies frutíferas no que se refere à empregabilidade da família e a rentabilidade obtida, considerando a evasão principalmente dos jovens nas últimas décadas, faz-se necessário a proposição de política pública para esta parcela da população. O Departamento de Agricultura do município de Ivaiporã com apoio dos técnicos que participam do curso de “Qualificação da Fruticultura no Território Vale do Ivaí” propôs a construção de um Programa Municipal para o Desenvolvimento da Fruticultura. Para isto tornou-se necessário o diagnóstico da fruticultura no município. Os dados oficiais encontrados se mostraram insuficientes e diferentes entre as entidades pesquisadas (Emater-PR, Deral e IBGE). Assim, é preciso propor ao município e ao CMDRS o levantamento destes dados a fim de qualificar o Plano de Desenvolvimento da Fruticultura ora proposto. Palavras-chave: empregabilidade; fomento; Ivaiporã.

Contexto A fruticultura no município de Ivaiporã é incipiente se comparada a outros municípios da ADI-Ivaiporã que desempenha importante papel no desenvolvimento social e econômico. Se considerar a importância da atividade em relação a empregabilidade e rendimento financeiro por unidade de área, no município a produtividade obtida é inferior à média dos municípios vizinhos, a renda chega a ser seis vezes superior quando comparado com a cultura da soja e a empregabilidade supera mil vezes. Dentre as espécies frutíferas exploradas comercialmente no município, as que mais se destacam são a uva e o maracujá; a uva pelo VBP/ha (Valor Bruto da Produção por hectare) e o maracujá pela área ocupada em 2017, conforme pode ser observado na Tabela 1. Quando se analisa a organização dos produtores e da produção, nota-se a ausência da mesma o que prejudica a inserção no mercado, levando a queda na área e redução de agricultores envolvidos na atividade. Tabela 1: Renda bruta por hectare e empregabilidade do cultivo de soja, uva e Maracujá no município de Ivaiporã-PR.

Cultura Renda Bruta (Ha) Nº de empregos (Ha) Soja R$ 3.929,00 0,02 Uva R$ 21.513,00 3,00 Maracujá R$ 18.960,00 3,00 Fonte: DERAL, 2017

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Em função da criação de programas de fomento à fruticultura na agricultura familiar em outros municípios da ADI (Área de desenvolvimento Integrado) como Lidianópolis e Ariranha do Ivaí, com sucesso nos objetivos propostos, foi apresentado ao CMDRS de Ivaiporã proposta semelhante. No entanto, faz-se necessário realizar diagnóstico da situação da fruticultura no município com dados mais confiáveis e ratificados pelas instituições presentes no município, bem como obter o aval do CMDRS. Conforme pode ser observado na Tabela 2, os dados trabalhados nas Instituições diferem significativamente. Tabela 2: Comparativo de dados nas instituições Emater e DERAL/SEAB

Instituição Emater DERAL/SEAB

Espécie Área (ha) Produção (ton) Área (ha) Produção (ton)

Abacate 2 30 2 30

Banana 2 20 2 20

Laranja 1 20 30 750

Limão 1 4 28 250

Manga 1 9,5

Maracujá 10 80 8 64

Melancia 2 35

Morango 1,2 12 1 2

Tangerina 2,5 22,5 5 45

Uva 7,5 37,5 6,5 32

Total 27,2 226 85,5 1237,5 Fonte: Emater 2016; DERAL/SEAB 2017

Descrição da proposta Na busca de dados para conhecer a realidade da fruticultura no município, deparou-se com certa discrepância de valores entre as publicações das entidades responsáveis pelas pesquisas na área agrícola do município e, se comparar os dados (não publicados) levantados pelo Departamento Municipal de Agricultura, nota-se uma grande confusão de números. Por esta razão, a proposta foi apresentada primeiramente ao CMDRS (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável) do município de Ivaiporã, que congrega as entidades ligadas ao meio rural, bem como os presidentes de associações de comunidades rurais, que representam os agricultores do município. Após a apresentação da proposta inicial, foram ouvidos os conselheiros e os mesmos ratificaram a necessidade de se realizar o diagnóstico com dados mais próximos a realidade da fruticultura no município. Foi proposto ao CMDRS a participação dos conselheiros para realização de entrevistas nas comunidades objetivando colher dados mais precisos junto aos agricultores. Ao mesmo tempo que se atualizam os dados da atividade frutícola é apresentando a proposta aos potenciais beneficiários do Programa Municipal de Fomento a Fruticultura no Município de Ivaiporã. Isto poderá produzir dados mais confiáveis para fundamentar a proposta de fomento à fruticultura no município. Em Ivaiporã, como já ocorre em outros municípios da ADI, a fruticultura vem se desenvolvendo e ganhando espaço, principalmente com as culturas do maracujá, uva, citros e morango, que ainda é incipiente em área, número de

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produtores e principalmente a produtividade, muito abaixo do potencial das culturas. Justificativa O município tem na agropecuária fonte de emprego e renda, necessitando incentivar e investir nesta área, para garantir aumento da renda atual, da empregabilidade e manutenção das famílias no meio rural com qualidade de vida. A renda atual, baseada principalmente na produção de grãos (soja, milho e trigo), não é suficiente para garantir aumento de emprego e renda, aumento do VBP e redução do êxodo do jovem rural. Objetivos gerais Os principais objetivos estabelecidos são fomentar a produção de frutas no município; promover a geração de empregos e fixar as famílias no campo; redução do êxodo rural; contribuir para o aquecimento da economia do município; aumentar do VBP do município; melhorar a alimentação escolar nas instituições de ensino municipais; incremento na renda dos agricultores participantes do projeto. Objetivos específicos Com a implantação da proposta espera-se qualificar os beneficiários através de cursos, seminários e visitas técnicas; fomentar a organização dos produtores e da produção; atender até 30 produtores no primeiro ano de execução do projeto; atender pelo menos 20 produtores a cada ano de execução da proposta. Metodologia Este programa irá abranger toda a zona rural do município, tendo início imediatamente após a criação e aprovação da lei de Fomento à Fruticultura pela Câmara de Vereadores. Será gerenciado pelo Departamento de Agricultura que terá a responsabilidade de organizar os projetos de acordo com a demanda em consenso com o CMDRS, respeitando a vocação dos beneficiários, e exigência das espécies a serem introduzidas nas propriedades. O subsidio a ser repassado pelo programa deverá ser utilizado na aquisição de mudas e ou sementes. Cada beneficiário poderá ser subsidiado no máximo em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais). O pagamento será em produção e estabelecido no cronograma definido no projeto técnico, sendo destinados prioritariamente à alimentação escolar. O gerenciamento do reembolso ficará a cargo do departamento de agricultura e o recebimento dos produtos caberá a secretaria de educação, sendo que o primeiro é responsável pelo controle dos reembolsos realizados em produto ou espécie. Para participar do programa o produtor deverá atender as seguintes exigências: apresentar ao Departamento de agricultura um projeto técnico; documentos pessoais (CPF, RG), CADPRO e comprovante de residência; pertencer a organização de sua comunidade/município (associação ou cooperativa); apresentar cópia de matricula atualizada ou contrato de arrendamento vigente; DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf); ser proprietário

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de no máximo 4 módulos fiscais; deverá residir na propriedade rural; assinar um termo de compromisso; seguir as orientações técnicas prescritas no projeto. Aprovação do projeto técnico Após a seleção do beneficiário, o mesmo deve procurar a assistência técnica parceira do programa para elaboração do projeto técnico que será encaminhado ao CMDRS (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável), onde será analisado, aprovado e encaminhado para contratação. A Tabela 3 apresenta o cronograma de execução do projeto. Quadro 1 - Cronograma de execução

Etapa Descrição Prazo Responsável

01 Apresentação da proposta às lideranças municipais (CMDRS)

Agosto de 2018 Departamento de Agricultura e Emater

02

Elaboração e aprovação da proposta de Lei de criação do Programa de Fruticultura

Outubro de 2018 Assessoria Jurídica do Município e Câmara de Vereadores

03 Seminário de Divulgação do Programa e suas normativas no Município

Novembro de 2018 Departamento de Agricultura, Emater CMDRS e parceiros

04 Inscrição e seleção de beneficiários

Dezembro de 2018 a fevereiro de 2019

Departamento de Agricultura

05 Elaboração dos Projetos técnicos

Março de 2019 Departamento de Agricultura, Emater e parceiros

06 Aprovação dos projetos técnicos

Abril de 2019 CMDRS

07

Licitação e aquisição das sementes e mudas necessárias para implantação do Programa

Junho de 2019 Departamento de Agricultura e departamento de compras do Município

08 Entrega das sementes e mudas aos beneficiários do Programa

Junho de 2019 Departamento de Agricultura

09 Execução dos projetos técnicos e acompanhamento técnico das propostas

A partir do plantio das sementes ou mudas

Departamento de agricultura, Emater e Parceiros

10

Ressarcimento dos subsídios pelos beneficiários (em produto ou espécie conforme cronograma no projeto técnico.

Durante o período estabelecido no cronograma dos projetos técnicos

Departamento de Agricultura

11

Controle e divulgação dos resultados do programa

Anualmente – antes do início de novos lotes do Programa

Departamento de Agricultura e parceiros.

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Resultados e recomendações Espera-se ampliação de área de fruticultura no município em pelo menos 30 ha por ano, atendendo pelo menos 25 agricultores familiares. Aumento do VBP (Valor Bruto da Produção) em R$ 1.300.000,00 a cada ano da implantação do projeto que deverá ser realizado em pelo menos 10 anos com a permanência de pelo menos 20 famílias a cada ano no meio rural. Para tanto, recomenda-se manter sistema de acompanhamento e avaliação permanente, atualizando as tecnologias disponíveis de produção; acompanhamento dos resultados obtidos pelos beneficiários; atenção aos movimentos do mercado de frutas; organização dos produtores e da produção e, imperativo a implantação de agroindústrias e parcerias com as existentes no município e região, buscando continuamente o aproveitamento da produção não absorvida pelo mercado in natura.

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A frticultura e a organização de produtores como alternativa ao êxodo

rural em Rosário do Ivaí

André Luis Alves MIGUEL ¹; Paulo Sergio BRANIAK ²; Vanira Soares PIMENTEL 3; André Luiz JUSTI4; Maycon Diego RIBEIRO5

1Emater-PR, [email protected];

2 e 3 Departamento de Agricultura de Rosário do Ivaí, [email protected]

4Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador 5Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

Resumo O cultivo da uva Niágara rosada atualmente é responsável por 9,6% do VBP de Rosário do Ivaí, ocupando uma área de apenas 0,45% da área cultivada do município. Para entender como a fruticultura tem impactado as famílias envolvidas, foram realizadas entrevistas com agricultores que cultivam a Niágara rosada e foram avaliados dados oficiais para dimensionar os impactos que a cultura tem na economia do município. Foi avaliada também a importância da organização rural dos produtores por meio de uma associação na viabilização da atividade na região. Palavras-Chave: Uva Niágara Rosada; Associativismo; Geração de Renda.

Contexto Foram entrevistadas no mês de agosto de 2018, no município de Rosário do Ivaí, famílias rurais que tem como principal atividade econômica a produção de uva Niágara rosada. As entrevistas tiveram como objetivo entender quais motivos levaram famílias rurais a enxergar na fruticultura uma alternativa de geração de renda em Rosário do Ivaí, quais fatores foram determinantes no sucesso da atividade da fruticultura, as perspectivas de sucessão nas propriedades rurais e a importância da organização dos produtores em associação para a viabilizar a fruticultura na região. As informações coletadas nas entrevistas foram comparadas com levantamentos oficiais para dimensionar o impacto da fruticultura na economia do município. Descrição da Experiência Foram entrevistadas 11 famílias e lideranças comunitárias envolvidas com a produção da uva Niágara rosada no município de Rosário do Ivaí, principalmente no Bairro do Ismailton, localidade que reúne a maior parte dos 160 hectares da área de produção de videiras do município e onde está a sede da APRI – Associação dos Produtores de Rosário do Ivaí, organização que centraliza e organiza a comercialização de mais de 60% da produção municipal de Niágara rosada, estimada atualmente em mais de dois milhões e duzentos e cinquenta mil quilos por ano. Utilizou-se um questionário semiestruturado, com objetivo de conhecer a motivação das famílias para iniciar no cultivo da uva Niágara rosada, quais fatores foram decisivos no sucesso da atividade, se há perspectiva de sucessão nas propriedades e qual a importância da organização rural dos

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produtores por meio da associação. Outras considerações que os produtores considerassem importantes sobre a atividade também foram registradas. Parte das famílias entrevistadas havia migrado – especialmente para o interior do estado de São Paulo nos municípios de Atibaia, Jarinu, Jundiaí, Valinhos – em busca de emprego, onde conseguiram colocação como meeiros nos pomares daquela região e retornaram ao município de Rosário do Ivaí para se dedicar a produção de uva, desta vez como donos do próprio negócio. Além das entrevistas foram consultadas publicações de órgãos oficiais como o DERAL – Departamento de Economia Rural – e o IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – para dimensionar o impacto que a fruticultura é capaz de gerar não somente na vida das famílias envolvidas na produção, mas também na economia do município. Resultados e discussão Com o encerramento do ciclo do café, na década de 70, e do algodão em meados da década de 80, os agricultores familiares de Rosário do Ivaí se depararam com o desafio de gerar renda nas pequenas propriedades, localizadas em um município de difícil acesso e fora dos principais eixos de comercialização do estado. Neste cenário, diversas famílias migraram a procura trabalho para o interior do estado de São Paulo, onde encontraram na região de Atibaia, Jarinu, Jundiaí, Valinhos a possibilidade de trabalhar como meeiros nas lavouras de fruta daquela região (EMATER, 2017). O conhecimento adquirido no cultivo de uva motivou as famílias a retornarem para Rosário do Ivaí e desenvolver as atividades como donos do próprio negócio. No início da década de 90 foi então fundada a APRI – Associação dos Produtores de Rosário do Ivaí –, com objetivo de organizar a comercialização, viabilizar a compra coletiva de insumos e possibilitar a contratação de assistência técnica especializada na cultura da uva, para qualificar a produção. Atualmente a APRI conta com 65 associados e organiza comercialização de algo em torno de 60% da produção do município, que é de 2 milhões 250mil quilos de uva, divididas em duas safras. Nas entrevistas foi consenso entre os produtores que a uva continua sendo plantada e tem bons resultados para os produtores em grande parte por conta do trabalho realizado pela associação. Sem uma entidade que fosse capaz de reunir os produtores para formar volume de comercialização, dificilmente a presença da uva no mercado seria significativa. Os relatos dos entrevistados deixam claro que os produtores que optaram por tocar suas atividades individualmente estão muito mais suscetíveis às oscilações do mercado, possíveis calotes e encontram mais dificuldade para colocar sua produção, especialmente quando há boas safras e o mercado fica saturado de uva. Há também uma redução dos custos de produção para os produtores associados, por conta das compras coletivas de insumos – fertilizantes, agrotóxicos, embalagens – que são realizadas e orientadas por um técnico especializado em viticultura, evitando a pressão feita pelas revendas na aquisição de produtos e realizando os tratos culturais exclusivamente com critério técnico, inclusive realizando pesquisa aplicada para avaliação de eficiência no controle das principais doenças e pragas. As famílias envolvidas na fruticultura cultivam uma área média de 1 hectare e têm tido sucesso na geração de renda nas propriedades, afirmando todas elas que estão gerando renda superior a 2 salários-mínimos por mês, meta colocada pelo governo do estado na formulação das políticas públicas

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estaduais. Com essa renda as famílias afirmaram não mais pensar em deixar o município em busca de emprego e renda, cenário comum em épocas passadas ou em outras atividades como a bovinocultura no município. Os jovens se motivam a ficar na atividade e são parcela grande dos viticultores em Rosário do Ivaí. Segundo dados do ITCG – Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná, o município de Rosário do Ivaí possui uma área de 38.133 hectares (IPARDES, 2018). Pelo levantamento realizado em conjunto pelo Departamento de Agricultura de Rosário do Ivaí e Emater, estão implantados no município uma área de 170 hectares de parreirais, o que representa apenas 0,45% da área do município. Nesta área é gerado um Valor Bruto da Produção de R$7.624.000,00, o que corresponde a 9,63% do VBP do município de Rosário do Ivaí (SEAB/DERAL, 2017). Fica demonstrado desta forma, o potencial de geração de renda e o impacto que uma pequena área cultivada com frutas é capaz de gerar na economia dos municípios do interior, desde que haja organização dos produtores para enfrentar os desafios da produção e aqueles colocados pelo mercado. Agradecimentos À APRI – Associação dos Produtores de Rosário do Ivaí, pelo apoio e pelas informações prestadas.

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A importância do cultivo da Uva Rústica para atender as Cooperativas do Território Vale do Ivaí

A. Rinaldo CLEMENTIN1; N. Francisco FANTUCCI2; Larissa MARUITI3

1Emater, [email protected]; 2Prefeitura Municipal de Corumbataí do Sul,

[email protected] 3 UNESPAR Campus Apucarana, [email protected], orientadora

Resumo A fruticultura em Corumbataí do Sul se iniciou de uma crise na agricultura, devido uma geada muito forte no ano de 1998, e no município praticava a monocultura do café. Após o incidente deu-se início com o maracujá, e foi sendo aos poucos introduzindo novas frutíferas. Os produtores na época se organizaram como o propósito de se fortalecerem, criando então uma associação visando assistência técnica, facilidade no fluxo de comercialização e produção das principais frutas produzidas no município. A uva se revelou como grande potencial produtivo, em razão disso objetiva-se demonstrar que existe a necessidade de investimento na cadeia produtiva da uva, com o aporte de recurso do Pro Rural para compra de equipamentos para produção de suco concentrado de uva. Com a indústria montada dará sustentabilidade a produção e comercialização da produção. Para chegar nessa conclusão é que se viu a necessidade de utilizar a metodologia da observação. Palavras-chave: Organização; Investimento; Assistência Técnica; Comercialização; Sustentabilidade. Contexto O trabalho de incentivo à implantação da cultura da Uva Rústica em Corumbataí do Sul se deu a partir do ano de 2006, quando foi iniciada uma parceria com a Cooperativa Corol, a qual estava em fase final de implantação de uma planta industrial de suco concentrado (laranja e uva), e assim, iria necessitar de um grande volume de fruta para viabilizar sua indústria. O objetivo a ser alcançado com esse Relato é demonstrar por meio da história, da implantação das técnicas cada qual em sua época, e dos dados obtidos e fornecidos das experiências anteriores, revelando que o cultivo da uva rústica pode ser uma alternativa para quem gosta da fruticultura e quer acrescentar no Território do Vale do Ivaí. Na sequência, foi realizada uma reunião de dinamização com vários agricultores do município que haviam sido mobilizados pela Prefeitura Municipal e Emater, na qual os técnicos da Cooperativa Corol e o Coordenador de Fruticultura da Emater de Maringá expuseram os detalhes técnicos do projeto, desde a parte agronômica e a viabilidade econômica do projeto, bem como a grande demanda na época por sucos naturais, tanto no mercado interno como externo. Após esta reunião, foi dado um prazo para os agricultores tomarem a decisão por aderirem ou não ao projeto. Após este, foi

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realizada nova reunião, desta vez prática, onde foram passados detalhes técnicos sobre a implantação da cultura (porta-enxertos). A Corol cedeu o material vegetativo para os agricultores, selecionando o porta enxerto IAC 766. A Prefeitura Municipal e a Emater local, através de seus técnicos locais foram até a fazenda experimental da Corol, localizada no município de Rolândia, onde coletaram as ramas de uva para serem repassadas aos produtores selecionados para o projeto. Os produtores fizeram a retirada das ramas e em seguida os técnicos do município visitaram um por um, repassando as orientações técnicas para a realização correta do plantio dos porta-enxertos. Durante o ano seguinte de desenvolvimento das plantas, foi dado sequência nas visitas técnicas, com a orientação sobre os detalhes técnicos de manejo da cultura, como condução, adubação e controle fitossanitário. No inverno do ano seguinte (2007), foi feito novo treinamento sobre como proceder à enxertia das parreiras, e novamente a prefeitura buscou os materiais copa (Isabel) na Corol em Rolândia e os distribuiu aos produtores integrados no projeto. Como parte do projeto, também foram realizadas as visitas periódicas às propriedades, reuniões práticas com os técnicos especialistas na cultura da Corol e da Emater. Inicialmente aderiram ao projeto, 16 produtores, que totalizava uma demanda de 16.000 plantas. Após o 1º ano de implantação dos cavalos ficaram apenas 50% dos produtores e um total de 8.000 plantas enxertadas. Nos dois primeiros anos do projeto em Corumbataí do Sul, período este de formação das parreiras, continuou-se todo o trabalho técnico, através das reuniões e visitas técnicas. No inverno de 2008, havia a demanda por mais 12.000 mudas, mas como neste ano foi adotado o processo de enxertia de mesa para a confecção das mudas, processo este que demanda grande quantidade de mão de obra, e de recursos físicos, no qual todo o processo de enxertia e brotação das estacas foi feito de uma única vez no viveiro, conseguiu-se produzir apenas 6.000 mudas que foram distribuídas aos produtores, alguns que já tinham plantado no sistema anterior. A primeira produção foi em janeiro de 2009, e esta foi toda comercializada com a Corol, conforme o projeto, embora já fazia parte do projeto a Aprocor, que trabalhava com maracujá e café no município, e passou a intermediar a comercialização com a Corol. Neste período não houve novos plantios, e na próxima colheita ocorrida em 2010, houve dificuldades em receber da Corol pela produção, pois está se encontrava em situação financeira conturbada, sendo que acabou sendo incorporada futuramente pela Cocamar, a qual decidiu por encerrar o projeto e vender a indústria de sucos de Rolândia. Devido a isto, os produtores do município e região ficaram preocupados com a colocação da produção no mercado e não houve novas adesões, assim como também parou o fomento à atividade por parte do município e Emater, além do fato de alguns produtores diminuírem as áreas plantadas ou mesmo erradicarem no total. Durante este período inicial, alguns produtores optaram por comercializar parte da produção, no mercado in natura, tanto em vendas diretas na rua, como em supermercados do município e região, onde houve grande aceitação dos consumidores por este produto, que apresentava excelente qualidade. Nos anos seguintes, já sem a participação da Corol, a Aprocor realizou a aquisição de panelas de confecção de sucos, e passou a processar parte desta produção em uma cozinha industrial da própria associação, localizada na comunidade Mercadão. Este suco produzido lá, foi comercializado localmente e nas escolas do município, pois ocorreram muitos problemas no processo produtivo, devido

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ao fato dos agricultores não dominarem a parte industrial, bem como os técnicos envolvidos. Devido a isso, buscou-se uma parceria com uma empresa privada do município de Marialva, a qual passou a processar a produção dos produtores de Corumbataí do Sul e envasar em galões de 100 litros, os quais retornavam para a Aprocor, a qual nesta fase, passou a fazer parte a Coaprocor, cooperativa de agricultores familiares criada em Corumbataí, os quais já eram os mesmos sócios integrantes da associação. O suco concentrado vindo de Marialva era reenvasado na cooperativa em Corumbataí do Sul, agora em sachês de 100g e 1 kg, e vendido aos supermercados da região e do estado, além dos programas institucionais. Com a criação do território Vale do Ivaí, do qual o município de Corumbataí passou a fazer parte em 2013 possibilitou aumentar a competitividade dos agricultores familiares, que envolvem a Região Central do Paraná, de forma sustentável em nível ambiental, social e econômico. No ano de 2014 foi elaborado e enviado a coordenação do território Vale do Ivaí, um projeto para readequar a então indústria de polpa que já existia no município, mas que não detinha os equipamentos para processar a uva em suco concentrado. Em 2017, este projeto foi aprovado pelo território e liberado os recursos para aquisição dos equipamentos necessários para a transformação da indústria de polpas em indústria de suco concentrado. Descrição da Experiência A metodologia adotada foi à observação, devido a possibilidade e oportunidade de descrever toda a trajetória pela qual passou a Cooperativa Corol e as cidades envolvidas nesse processo de fornecedoras de uva e laranja para a Corol, que tinha a cidade de Rolândia como sede e onde foi instalada a sua indústria de sucos concentrados. O objetivo deste Relato é informar ao leitor sobre as técnicas adotadas que tiveram êxito com alta produção, e as que não tiveram apresentando baixa produção. O presente relato é de grande importância para destacar que muitas vezes a produtividade não é suficiente ou adequada para atender a demanda, assim como, nem sempre a demanda é forte para absorver a produção, como ocorrido com a Corol, Aprocor e Coaprocor. Resultados e recomendações A partir desta fase, recomenda-se fazer um novo trabalho junto aos agricultores do município de Corumbataí e região a fim de dar início um novo processo de fomento junto a estes, para a implantação de novos pomares objetivando suprir a demanda da nova indústria da cooperativa Coaprocor. Como resultado promover a continuidade do processo de desenvolvimento da fruticultura no município e região, assim como disponibilizar mais uma oportunidade de promover a melhoria da qualidade de vida das famílias envolvidas, através da diversificação das propriedades com espécies frutícolas. Esta oportunidade se respalda na demanda crescente por produtos naturais, entre eles, os sucos naturais.

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Análise da gestão econômica do novo sistema de cultivo da cultura do maracujá em Godoy Moreira

Beatriz Santos MEIRA ¹; Denis Ruan MARTINKOSKI ²; Reginaldo Aparecido SAMBUGARI ³;Larissa MARUITI4

1 Prefeitura de Godoy Moreira [email protected];

2 Prefeitura de Godoy Moreira [email protected]; 3 Emater [email protected]

4 UNESPAR Campus Apucarana, [email protected], orientadora

Resumo O maracujá azedo é dentre as espécies do gênero passiflora o mais cultivado no país, sendo o Brasil o maior produtor mundial. No Estado do Paraná este cultivo teve ótima adaptação, principalmente na região litorânea, onde é cultivado por agricultores familiares, mas vem apresentando baixas produtividades, devido a contaminação pelo vírus CABMV transmitido por pulgões e tem potencial destrutivo muito grande, a ponto de inviabilizar o cultivo em muitas regiões. Para tornar a cultura viável em regiões onde há a ocorrência desta virose propõe-se adotar a produção de mudas altas. O presente trabalho por meio da metodologia da observação analisou a viabilidade econômica da cultura adotando-se nova tecnologia de produção, a qual baseia-se na adoção de mudas produzidas em estufas. Concluiu-se que a adoção desta tecnologia torna viável financeiramente áreas acometidas pela virose, tornando uma nova alternativa para os agricultores melhorarem sua renda e consequentemente movimentar o fluxo econômico e regional. Palavras-chave: Passifloraedulis; maracujá-amarelo; CABMV; gestão financeira. Contexto O maracujá azedo ou amarelo (Passiflora edulis) é o mais cultivado e comercializado no país devido a qualidade de seus frutos sendo o Brasil o maior produtor mundial de maracujá, com base nesse ponto positivo é que o presente trabalho despertou o interesse em observar as atividades adotadas devido a nova tecnologia de produção de mudas em estufas do sítio localizado em Godoy Moreira, região do Vale do Ivaí no período de novembro de 2017 à março de 2018 tendo por objetivo avaliar a viabilidade econômica da produção de maracujá, se a mesma apresenta ou não resultados positivos a nível financeiro adotando-se a tecnologia de muda em apenas um ciclo de produção. Levando em consideração que sua maior produção no Brasil se encontra nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Alagoas e outros Estados do Nordeste e Norte (Oliveira et al., 2002), mesmo assim não se descarta as possibilidades desse cultivo trazer bons resultados financeiros, econômicos e de produtividade na região do Paraná. Por se tratar de fruteira de ciclo relativamente rápido e demandar práticas especializada de cultivo, o maracujazeiro adaptou-se bem em pequenas propriedades. Sendo hoje importante fator de renda para muitos agricultores familiares, com importância significativa na base da economia de alguns municípios do litoral e região central o Paraná (Carvalho et ali., 2015).A exploração econômica do

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maracujazeiro no Brasil, e também no Paraná, tem experimentado oscilações na área de plantio devido à ocorrência de doenças e preços de mercado. Dentre as doenças destaca-se o vírus do endurecimento dos frutos sendo causada pelo vírus Cowpeaaphid-borne mosaic vírus (CABMV), que é transmitido por pulgões e tem potencial destrutivo muito grande, a ponto de inviabilizar o cultivo em muitas regiões(Carvalho et al., 2015).Para tornar a cultura viável em regiões onde a virose afeta de forma significativa a produção, recomenda-se a adoção de uma nova técnica de cultivo, indicada pelo IAPAR que consiste na eliminação de lavouras contaminadas, produção de mudas em estufas teladas até atingirem porte de 1,8 metros de altura, plantio nos meses de agosto/setembro. Todos estes procedimentos, juntamente com outros tratos culturais visam antecipar início da safra, buscando aumento na produtividade em apenas um ciclo/ano de cultivo. A produção de mudas de alta qualidade é uma das estratégias usadas para quem deseja produzir. Considera-se que 60% do sucesso de uma cultura está em implantá-la com mudas de alta qualidade (MINAMI et al., 1994). Descrição da Experiência A metodologia utilizada foi por meio da observação e contatos diretos em razão do momento ser propício para analisar a produtividade e o retorno financeiro uma vez que o produtor se encontrava nesta fase e oportunizou os dados e as informações para tal. Realizou-se a gestão econômica do Sítio Boa Vista, de propriedade do senhor Edson, localizado no município de Godoy Moreira, de 3.178 habitantes segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o qual adotou a tecnologia de produção de mudas em estufas. Apresenta nas imagens 01 e 02 abaixo a estufa construída com dimensões de 18,0 x 7,0 metros e com capacidade de produção de 2.900 plantas de maracujá no sistema de mudas altas.

Figura 1 - Estrutura para produção de mudas de maracujá

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Figura 2 - Mudas em desenvolvimento no interior da estufa O produtor realizou o plantio de 1.250 plantas resultando numa área de 0,8 hectares no início de novembro de 2017, realizando os tratos culturais necessário para o bom desenvolvimento da cultura. Observa-se pela tabela 01 que a produtividade até o mês de junho foi da ordem de 10.870 quilos, resultando em 8,7 quilos por planta. Tabela 1 Produção total e por planta. Número de plantas Produção total (kg) Produção/planta (kg)

1250 10.870 8,7

Em função da dificuldade inerente na adoção de novas tecnologias o plantio realizou-se tardiamente no início do mês de novembro, quando o ideal seria nos meses de agosto/setembro, o que adiantaria o período de colheita e consequentemente melhoraria a produtividade por planta. Outro fator limitante que ocorreu para o decréscimo na produtividade foram severos ataques de ordem fitopatológicas na florada da cultura em decorrência de alta umidade ocasionado por longos períodos chuvosos. Mesmo com as intempéries ocorridas e atraso de plantio foi possível verificar que a adoção desta tecnologia ainda assim torna viável a produção da fruta, tornando-se uma alternativa de renda para a pequena propriedade rural, como é possível verificar na tabela 02, que contém a síntese das receitas e despesas. Tabela 02. Resultados econômicos obtidos (R$)

RECEITA BRUTA TOTAL 15.986,70

DESPESA BRUTA TOTAL 3.485,71

SALDO NO PERÍODO 12.500,99

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Resultados e Recomendações Após analisar os resultados deste trabalho, e levando em consideração que segundo o IBGE dados de 2016 o salário médio mensal dos trabalhadores formais desta cidade é de R$ 1,7 salários mínimos, portanto demonstra que a cultura do maracujá é uma atividade que bem executada promove rentabilidade para os agricultores familiares, assim como consideravelmente o cultivo é de ciclo rápido permitindo capital de giro constante porém recomenda-se que faz-se necessário que os agricultores sigam as novas técnicas de cultivo para que alcancem os resultados esperados.

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O Cultivo da Banana no Desenvolvimento de Novo Itacolomi

Emerson Aparecido ALMEIDA,1; Niely Sabino SABINO PAZ2, André Luiz JUSTI3; Maycon Diego RIBEIRO4

1 Prefeitura Municipal de Novo Itacolomi, [email protected];

2 Prefeitura Municipal de Novo Itacolomi, [email protected] 3 Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

4 Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

Resumo O cultivo da banana surgiu no município de Novo Itacolomi, nos anos 90 como opção de diversificação da produção agrícola, já que a cultura do algodão estava em declívio devido a ocorrência da praga bicudo. Com a orientação da Emater os agricultores começaram a buscar a fruticultura para diversificar suas propriedades; iniciando assim o plantio de banana e maracujá município. Devido ao clima e mercado favorável para a cultura, a banana, se tornou a principal cultura para substituir o algodão, mas somente no ano de 2000, que ela teve sua expansão no município de Novo Itacolomi e nos municípios vizinhos de Rio Bom e Cambira. A banana ocupa hoje uma área de 400 há, no município, tem uma representação significativa no PIB, sendo a quarta principal cultura em receita municipal. Palavras-chave: Banana; Cultivo; Diversificação.

Contexto A banana hoje é principal fonte de renda para 97 agricultores familiares de Novo Itacolomi, gerando uma renda mensal de até R$2.400,00 hectare, mantendo assim as famílias no campo (Emater, 2018). Com o crescimento da cultura no município, houve a necessidade de buscar conhecimentos, para aprimorar o plantio, manejo e colheita da banana. A Emater por sua vez, realizava a cada três meses reunião técnica para produtores, de modo a mostrar diagnósticos levantado a campo pela assistência técnica procurando propor melhorias no manejo de pré e pós colheita, visando controle integrado de pragas e doenças, adequando adubação com correção de solo, então criou-se no município o encontro regional de bananicultores local em ocorre competição de melhor cacho “estimulando o a busca por qualidade de fruto’’, seguido de palestras técnica com especialista na cultura da banana trazendo novidades em tecnologia de campo e manejo, seguido de uma confraternização entre produtores, o qual já está em 10° edição, reunindo produtores de toda região, são feitas viagens técnicas para o estado de Santa Catarina principal produtor de banana da região Sul e São Paulo (Figura 1b). Através de orientações durante as viagens, foram se fazendo adaptações nas recomendações para a nossa região (Figura 1bc e 1d), Começo fazendo reuniões em grupo de produtores por bairros visando o monitoramento de pragas e doenças (Figura 1a), passando a eventos grupais maiores buscando aproximar mais o produtor a Emater e facilitar o diálogo com profissionais renomados de área do estados e também de outros estados santa Catarina e São Paulo. A Emater não é só assistência

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técnica ao pequeno produtor que passa por dificuldade de produção, mas visa a busca de novas tecnologias e inovações para auxiliar esse produtor na adaptação de realidades que muitas vezes são destorcidas na busca de conhecimento onde o produtor acaba muitas vezes sendo autodidata. Uma das missões do instituto Emater é a busca conhecimento/tecnologias e repassá-las para o produtor objetivando assim uma boa produção e também melhoria de vida e ainda oportunidade de utilização de créditos e políticas públicas. As Figuras 1a; 1b; 1c e 1d apresentam exemplo de reuniões grupais com produtores em campo.

1a) Reunião grupal

1a) Reunião grupal; 1b) Evento da banana; 1c) Casa de embalagem em Santa Catarina; 1d) Lavoura registro São Paulo. Fonte: Moacir Andreolla/ Niely Sabino/ Emerson Ap. de Almeida.

Descrição da Experiência

Hoje no município, estão sendo realizado controle da doença da sigatoka-amarela (Mycospharella musicola) e broca da bananeira (Cosmopolites sordidus), trabalhos que estavam sendo feitos alguns anos antes, e ganhado força devido ao aumento de novas áreas de cultivo e pela entrada de um novo profissional para auxiliar nos trabalhos de monitoramento e controle. Tal atuação ainda ocorre de modo ineficiente visto que alguns produtores são conservacionistas e não realizam o controle de pragas e doenças corretamente, em período de baixo preço e em meses de alta produção de fruto. Observando esta deficiência, com parceria da Emater, Cofai (Cooperativa

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dos Agricultores Familiares de Novo Itacolomi) e Prefeitura Municipal; serão montados pontos de monitoramento “Unidade de Referencia’’ da doença da sigatoka-amarela é causada pelo fungo Mycospharella musicola, sintomas inicial aparece como uma leve descoloração em forma de ponto entre as nervuras secundarias da segunda e a quarta folha partindo da vela, formando uma estria de tonalidade amarelo, com o tempo as pequenas estrias amarelas passa a marrom, posteriormente para manchas pretas necróticas circulares por um anel amarelo de forma alongada (figura a2). Dano provocado pela sigaoka-amarela é a morte prematura das folhas e redução da área foliar, induzindo a perda na produção e qualidade de fruto (EMBRAPA, 2004).

Figura 2a) Lesões típicas da sigatoka-amarela (Mycospharella musicola). Fonte: Zilton José Cordeiro/ Danúzia Maria Vieira

E demonstrando em propriedades as iscas tipo telha e tipo queijo (figura a3e e b3) e maneira correta de realizar o controle da broca da bananeira (Cosmopolites sordidus) (Figura c3) principal praga na banana, responsável pelos danos a planta ao construir galeria no rizoma, tornando mais sensíveis ao tombamento, causando redução de peso e tamanho de fruto (BORGES, 2004).

Figura 3a) Isca tipo queijo; 3b) Isca tipo telha; 3c) Broca da bananeira (Cosmopolites sordidus).

Fonte: Epagri/ Ana Lucia Borge/ Mesquita, Antônio Lindenberg Martins.

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Resultados e recomendações Pensando no desenvolvimento da cultura na região, deve-se buscar os centros de pesquisa, para junto da Emater e Prefeituras, para se criar recomendações embasadas em pesquisa realizado de acordo com a região, não somente em adaptações. Foi discutido entre técnicos locais da Emater e produtores, para que se feche parceiras com laboratórios de empresas privadas auxiliando em pesquisas de nutrição em plantas, e montando parcerias com universidade próxima para auxilia em montagem de pesquisas e desenvolvimentos de mudas de banana em laboratório. Com isso a Emater faz visita as propriedades identificando em que nível está o foco in loco através de monitoramento e separando por bairros, em que se reunisse os produtores para determina uma data de aplicação. Com a entrada de novos técnicos locais em que os mesmos receberão treinamento de identificação e controle da broca da bananeira (cosmopolites sodidus) e sigatoka amarela causado pelo fungo (mycosphaerella musicola) que a principal praga e doença no município de Novo Itacolomi “como demonstra a figura a3, b3 e c3”. Agradecimentos Ao Grupo Gestor do Território Vale do Ivaí, Emater-PR, Unespar, IFPR Ivaiporã, UFPR Jandaia do Sul, por ter tonado o sonho possível de um curso espetacular com as principais frutas produzidas no Território Vale do Ivaí.

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Relato de experiência técnica para o desenvolvimento da fruticultura no Território Vale do Ivaí Cultivo Semi-Hidropônico do Morango

Fernando Antonio MARTIN 1; Geraldo Ermelindo MARONEZI 2; Larissa MARUITI3

1 Emater-PR-Apucarana, [email protected];

2 Emater-PR-Apucarana, [email protected]; 3 UNESPAR Campus Apucarana, [email protected], orientadora

Resumo Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a viabilidade da produção e a renda possível de ser obtidas pelo cultivo do morango semi-hidropônico no município de Apucarana. O trabalho tem por base a análise de dados da produção de uma propriedade situada no distrito do Barreiro, obtidas pelos métodos da observação e intervenção, que avaliam a aplicação das tecnologias preconizadas no Curso de Qualificação Profissional para o Desenvolvimento da Fruticultura no Território do Vale do Ivaí. Palavras-Chave: Técnica de produção; adaptações; produção; renda. Contexto A experiência foi realizada na propriedade rural do casal Leila e Marley, localizada no distrito do Barreiro, município de Apucarana – PR, que diversificaram o sistema produtivo de seu estabelecimento adotando o cultivo 3.000 plantas de morango no sistema semi-hidropônico. Na oportunidade foram avaliados os resultados de produção e renda do primeiro e segundo ano de cultivo, equivalendo, portanto, as safras 2015/2016 e 2016/2017, respectivamente. Por meio da tabulação mês a mês dos dados contidos no livro caixa, foram registradas todas as entradas e saídas de cada safra avaliada, bem como, das anotações dos problemas e recomendações que aconteceram nesse período. Descrição da Experiência A técnica de produção do morango em sistema semi-hidropônico, protegido em estufa e canteiros suspensos tem se destacado na preferência dos produtores rurais, devido as vantagens que o sistema protegido proporciona ao minimizar perdas pelas adversidades climáticas. A proteção que essa nova técnica propõe, fator relevante, também proporciona menor incidência de pragas e doenças possibilitando a diminuição do uso de agrotóxicos, consequentemente a obtenção de frutos com melhor qualidade e maior segurança alimentar, que podem ser colhidos onze meses do ano. O morango ao ser cultivado em bancadas permite que o trabalho seja realizado em pé, garantindo melhor ergonomia na execução dos trabalhos, além de não exigir rotação de culturas e ser cultivado na mesma área, próxima a moradia. Por se tratar de uma cultura subtropical, para ser implantada na região o sistema teve que sofrer algumas adaptações sendo no processo construtivo e

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no manejo da fertilização e irrigação. No processo construtivo atentou-se para o melhor controle da temperatura, o que foi obtido na construção de estufas com pé direito com mais de três metros e utilização de plástico difusor na coberta, na oportunidade se desconsiderou a elevada altitude local e a maior ação dos ventos que exige a presença de alguns elementos construtivos na cobertura, de reforços estrutura e a instalação de barreira de vento no entorno da estufa. A falta desses elementos colaborou para a ocorrência de danos, sofridos por ocasião da incidência de ventos fortes que ocorreram na primeira safra, que implicou em gastos com reparos da cobertura e no controle de doenças devido às plantas ficarem expostas às chuvas. O empreendimento não pode assegurado, devido a estufa ser de madeira e não possuir o código junto ao MDA. Por esse motivo foi adotada a construção de estufas metálicas, que além serem mais resistentes possuem o referido código permitindo a realização do seguro.

Foto 1: Detalhe construtivo

Foto 2: Danos após o evento climático

Na fertilização optou-se por trabalhar com menor concentração de sais, controle constantemente da condutividade elétrica da solução do substrato

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realizando medições diárias da condutividade. Por desconhecimento, na implantação do sistema não foi dada importância a origem e qualidade do substrato que possuía uma elevada Capacidade de Troca Catiônica (CTC) o que provocou várias injurias às plantas e prejudicou a produção inicia. Após esse resultado optou-se por utilizar substratos de boa qualidade, certificado, com baixa CTC, que tenha em sua composição 1/3 de turfa, 1/3 de vermiculita e a mesma quantidade de palha de arroz carbonizada, esses fatores são indispensáveis para possibilitar o bom manejo da cultura. A água a ser utilizada no sistema tem que possuir um Potencial Hidrogeniônico (pH) em torno de seis, e uma boa qualidade física da água, isenta de sólidos suspensos para evitar o entupimento do sistema de gotejamento, as melhores águas para o sistema são as provenientes de poços ou minas protegidas. A água utilizada na área em questão tem sua origem em poço artesiano profundo que capta água do Aquífero Guarani possuindo pH considerado muito alto, igual a 8,7 ocasionando problemas na absorção do ferro e outros nutrientes. Para a correção desse pH foi utilizado o Ácido Fosfórico na fertirrigação, que ao mesmo tempo fornece o fósforo à planta e corrige o pH da água. A origem, qualidade genética e sanitária das mudas é muito importante para o sucesso do cultivo semi-hidropônico, pois deve garantir a sanidade da cultura e com isso ser utilizada em pelo menos duas safras. Evitar doenças na área e região de cultivo também assegura bom estado sanitário ao substrato, para que esse seja utilizado no mínimo quatro safras e viabiliza o investimento com esses insumos. Para garantir o sucesso do empreendimento optou-se por mudas importadas do Chile, consideradas entre as melhores em sanidade no mundo, devido às condições privilegiadas de isolamento do local de produção, que possui um clima com baixo índice pluviométrico e baixa umidade relativa do ar, o que favorece o desenvolvimento da planta em todas as etapas e garante as exigências de frio necessário para uma boa produção. As mudas chilenas são produzidas sobre rígido controle sanitário e de fiscalização sendo o Chile um dos poucos países do mundo que está isento das principais pragas e doenças que atacam a cultura do morango. Para avaliar a renda liquida do cultivo do morango foi utilizado um caderno de acompanhamento técnico com livro caixa, onde o produtor assistido anotou mês a mês todos os procedimentos técnicos realizados, gastos e receitas obtidas dos anos agrícola de 2015/2016 e 2016/2017, demostrados nos gráficos 1 e 2. Gráfico 1- Produção mensal

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Gráfico 2: Renda mensal

O gráfico 1 apresenta uma distribuição diferenciada da produção da primeira safra em relação a segunda safra, isso ocorre devido ao plantio no sistema de cultivares de dias neutros, que não respondem à foto período e tem capacidade de produzir o ano todo. Devido ao plantio das mudas acontecer no início do mês de junho no primeiro ano de cultivo teve seu início em agosto e se estendeu até meados de maio, período em que a produção foi interrompida por meio da suspensão da fertilização, redução da irrigação e limpeza da planta com a retirada de 80 % das folhas, nesse ano agrícola foi comercializado 1.771 kg de morango. Já no segundo, a produção teve seu início no mês de junho e se estendeu até abril, época que as plantas foram retiradas para o plantio de novas mudas, nessa safra foram comercializados 1.986 kg da fruta. O alongamento do ciclo de produção é uma grande vantagem do sistema semi-hidropônico quando comparado com o cultivo tradicional que por utilizar cultivares de dias curtos produzem apenas na primavera. O gráfico 2 apresenta a obtenção de renda liquida obtida em duas safras, chamando atenção para uma renda maior na primeira (R$ 22.628,00), onde a produção é menor, isso ocorre devido a concentração da produção nas messes onde a oferta de morango no mercado é menor com preços são melhores. O comportamento de preços e renda podem ser melhor compreendidos analisando os gráficos abaixo. No gráfico 3 é comparado o valor líquido recebido em relação ao valor médio obtido nas duas safras, já o gráfico 4 compara a renda liquida obtida mês a mês com a renda média anual de cada safra. Gráfico 3 – Valor Liquido / Valor Médio

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Gráfico 4 – Renda Liquida / Renda Média

Analisando o gráfico 3 é possível observar que os preços obtidos a partir do

mês de dezembro são maiores que a média dos preços, isso ocorre devido o

fim da oferta do morango produzido no chão, já o gráfico 4 apresenta o

resultado da interação dos preços com a produção e demonstra um diferencial

significativo da renda obtida com a renda média no período de outubro à abril

da primeira safra, isso ocorre devido a maior produção no período e menor

oferta da fruta no mercado, já a segunda safra apresenta um diferencial menor,

devido a distribuição mais regular da produção durante todo o ciclo da cultura.

Resultados e recomendações Foi concluído que o sistema permite ofertar ao mercado morangos de alta qualidade o ano todo. A oferta constante permite que se desenvolva habito do consumo regular da fruta, que será maior quanto maior for a segurança alimentar do produto, com isso a tendência é aumentar o consumo e gerar mais renda ao produtor. É recomendável que na adoção desse sistema novo tenha atenção nas adaptações e ajustes para cada localidade, para isso, a presença periódica e constante do profissional de ciências agrárias nas lavouras é imprescindível. Para conquistar o mercado é importante que o produtor planeje e organize a produção, conhecendo também melhor o mercado, assim como o sistema de distribuição do morango. A divulgação se torna o diferencial do morango semi-hidropônico, assim como é necessário que o consumidor conheça a sua área de produção, visando a venda direta.

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Relato de experiência técnica no curso de qualificação profissional para o desenvolvimento da fruticultura no Território Vale do Ivaí

Giancarlos Salvador BURANELO¹; Leandro Aparecido ARAUJO²; André Luiz JUSTI3; Maycon Diego RIBEIRO4

1Prefeitura Municipal, [email protected]

2Instituto Emater-PR, [email protected] 3UFPR, [email protected], orientador

4UFPR, [email protected], orientador

RESUMO Este trabalho apresenta um relato de experiência referente ao aprendizado proporcionado pelo curso de qualificação profissional para desenvolvimento da fruticultura no vale do Ivaí. Neste caso, o relato será com abordagem apenas da cultura do morango e considerará os municípios de Cambira e Marumbi. Será exibida a importância econômica da cultura, diagnóstico da atividade nos municípios de nossa atuação, mencionados no parágrafo anterior, propostas para o desenvolvimento da atividade e por fim, dados técnicos referentes a implantação desta cultura. Palavras-chave: Morango; qualificação; fruticultura.

Contexto A experiência foi realizada no período de agosto de 2017 a julho de 2018 tendo a participação de técnicos dos municípios que fazem parte do território Vale do Ivaí, com o objetivo de capacitar esses profissionais em fruticultura para atuação dos mesmos no território. Descrição da Experiência Utilizou-se a metodologia Bibliográfica devido à notável e significativa importância que a cultura do morango tem. Sendo que no campo econômico é importante por permitir cultivo em pequena área obtendo elevados rendimentos. No campo social é importante por ocupar mão de obra familiar, assim contribuindo a para redução do êxodo rural e promover a sucessão familiar. No campo da segurança alimentar é importante pela alta produtividade, por apresentar ótima palatabilidade e presença de tecnologias que permite a produção sem uso de agrotóxicos, garantido um alimento mais saudável. Segundo o relatório municipal referente ao valor bruto da produção agropecuária do ano 2017, não há cultivo de morango no município de Cambira e apresenta somente uma área de 0,30 hectares da fruta, com produção de 2.000 quilos no valor total de R$13.518,40, no município de Marumbi. Uma cultura com tamanho potencial de produtividade, deficitária no comercio regional, não é desenvolvida significativamente, como meio de renda para agricultura familiar nos municípios em estudo.

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Isto se leva a uma análise através da utilização de uma ferramenta de análise denominada SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats), que é uma sigla inglesa, onde, traduzido ao português significa Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, ou simplesmente FOFA. Baseado na análise SWOT, considerando a cultura e os dois municípios observados, conclui-se que, apesar das condições edafoclimáticas favoráveis, localização estratégica e o alto percentual de famílias enquadradas na agricultura familiar, a deficiência de assistência técnica e extensão rural especializada em fruticultura, aliada a baixa disponibilidade de tecnologia para o segmento e ainda aspectos culturais contribuíram significativamente para que esta atividade não se desenvolvesse satisfatoriamente. Para Antunes (2016)

“O morango uma fruta proveniente da Europa, Morangueiro é o nome comum de um conjunto de espécies, com seus híbridos e cultivares, do gênero Fragaria L., que produz o morango, incluindo um conjunto alargado de espécies e variedades silvestres.”

Linhas de PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) disponibilizadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) junto aos bancos federais e privados, fornecem estímulo a fruticultura e a agroindústria familiar, pois, fazem com que se possa sonhar em aumentar a capacidade de produção de frutas em nossa região do vale do Ivaí. Visto toda essa importância, abordou-se a implantação da cultura do Morango em uma propriedade do Vale do Ivaí. Resultados e recomendações Considerando a exploração do morango nos municípios de Cambira e Marumbi como objeto deste estudo, após conclusão do curso de qualificação profissional em fruticultura e após o módulo IV, que abordou a cultura do morango, faz-se necessário a elaboração de estratégias para desenvolver atividades frutícolas, principalmente o cultivo do morangueiro. Mediante análise do diagnóstico vê-se que o progresso da atividade morango, nos municípios em questão, depende de qualificação profissional visando qualidade na prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural. Estes serviços precisam proporcionar, aos agricultores familiares, acesso a tecnologias visando melhores condições de trabalho e de rentabilidade, acesso a mercados visando geração de renda e viabilidade do negócio, e apoio nas organizações rurais, visando o acesso a tecnologias. De acordo com Ferreira (2014) Existem diversas espécies de morangos e para realizar o cultivo por mais de um ano recomenda-se utilizar variedades de dias neutros, que permitem a colheita escalonada durante o ano todo. As variações e melhoramento genético o permitiram melhoria de produção e adequação da produtividade nas zonas subtropicais da América do Sul. A cadeia produtiva do Brasil estabeleceu-se da seguinte forma através da necessidade das tecnologias implantadas com a modificação do cultivo do morango no solo nu, passando a níveis mais avançados de produção até o SLABS (calhas/sacolas). Produtores de insumos, laboratórios de mudas para matrizes, viveiros, mercado de plásticos e estruturas de estufa, arames, defensivos, fertilizantes, embalagens. E por outro lado somam-se também agroindústrias, varejistas, atacadistas e exportadores.

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A melhoria do sistema de produção tem estimulado os produtores cada vez mais ampliar ou iniciar a produção de morangos principalmente em nosso estado. A Plasticultura, fertirrigação e o manejo integrado de pragas, fazendo com que melhore os índices de produtividade e assim viabilizando ainda mais a cultura aos pequenos produtores. A implantação de uma cultura da fruticultura em qualquer localidade visa um estudo prévio, com itens de extrema importância como, mercado, logística, clima, relevo etc. A região do Vale do Ivaí, no Estado do Paraná, possui altitude média de 500 metros, ocorrendo em 94,3% do território. As temperaturas médias mínimas predominantes no território encontram-se entre 14o C e 15o C e podem ocorrer em todos os municípios (61,9%), enquanto subordinadamente ocorrem as temperaturas entre 15o C e 16o C, em 30,7% da área total, no centro e no oeste do território. (IPARDES 2018). Assim as características para a melhor produção da fruta são apresentadas na nossa região fazendo com que não haja empecilho para a implantação. De acordo com a tendência de melhoria de produtividade e implantação de tecnologias iremos abordar a instalação de cultivo de morango em ambiente protegido, realizado em Slab (bolsa com substratos), estas ficam elevadas do chão, cheias de substratos para o desenvolvimento radicular e as plantas são nutridas por sistemas de fertirrigação. Atualmente, vêm sendo desenvolvidas pesquisas e implantação sobre um novo sistema de cultivo de morango, denominado Sistema de Produção Integrada, que é baseado em procedimentos racionais na utilização de insumos químicos, visando à sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Ainda conforme Ferreira (2014) “a utilização de biofertilizantes orgânicos tem apresentado bons resultados como alternativa para a substituição da fertilização química”. Agradecimentos Agradecimento especial ao Território Vale do Ivaí e seus gestores.

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Viabilidade econômica da cultura do maracujá através da produção de mudas altas

Ilcio Horn SCHEFER 1; André Luiz JUSTI2; Maycon Diego RIBEIRO3

1Emater-PR de Ariranha do Ivaí - PR, [email protected] 2Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

3Universidade Federal do Paraná, [email protected], orientador

Resumo Antes de iniciar a produção de qualquer atividade é necessário conhecê-la, planejá-la e traçar estratégias para serem alcançados os resultados esperados com eficiência. Este trabalho foi desenvolvido buscando verificar a viabilidade econômica da produção de maracujá através da implantação da cultura por mudas altas, tendo em vista o aparecimento da Virose (Cowpea aphid-borne mosaic vírus). Para analisar esta viabilidade foi acompanhado o trabalho em uma propriedade rural do município de Ariranha do Ivaí, a qual, produziu as próprias mudas em sistema protegido, implantou e conduziu a lavoura conforme recomendações técnicas dos técnicos da Emater. Ao final das safras 2016/2017 e 2017/2018, verificou-se que as mudas implantadas com altura de 2 metros tiveram maior dificuldade de desenvolvimento logo após o transplante, porém, por ela ser produzida de forma protegida a Virose não atacou a lavoura ocasionando a produção bianual e o aumento da produção já na primeira safra. Palavras-Chave: Virose; estratégia; resultados. Contexto A produção de maracujá no município de Ariranha do Ivaí é desenvolvida

desde o ano de 2013, onde iniciou-se com 40 produtores e 15 mil pés da fruta

implantados. MAZIA, 2007 cita que “a colheita a partir do sétimo a oitavo mês

de produção, podendo repetir-se no ano seguinte, e assim sucessivamente que

devem ser bem manejadas, visando prolongar o ciclo produtivo da cultura”. No

entanto, a partir da entrada da Virose ou Cowpea aphid-borne mosaic vírus

(CABMV) no ano de 2015, que é transmitido por pulgões e causa retardamento

no desenvolvimento de plantas, enrugamento, deformações e bolhas, já

CARVALHO, 2015 por meio de recomendação técnica do IAPAR, promoveu a

disseminação de informações que alteram o sistema de produção do Maracujá

em nosso Estado citando que "Erradicar os pomares logo após o primeiro ou

segundo ciclo, dependendo da estratégia de manejo adotada". Sendo assim,

para que a atividade de produção de maracujá seja atraente é necessário

traçar estratégias que busquem a viabilidade econômica da cultura. Portanto, o

principal objetivo deste estudo foi verificar se a estratégia de produção de

mudas altas, além de eficiente é viável no desenvolvimento da atividade. Para

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tal, foram utilizados dados do trabalho desenvolvido na Unidade de Referência

da Emater de Ariranha do Ivaí nas safras de 2016/2017 e 2017/2018.

Descrição da Experiência

Na Unidade de Referência da Emater de Ariranha do Ivaí foram adotadas as

seguintes estratégias: Inspecionar diariamente as lavouras; Realizar o

“Roguing” (eliminação de plantas contaminadas), quando necessário; Produzir

mudas altas (2 metros); Trabalhar com 1600 plantas/há (2,5 X 2,5 metros);

Realizar análises de solo e foliares, bem como as devidas intervenções em

adubação; Buscar altas produtividades; Realizar o plantio a partir de 15/agosto;

Buscar a obtenção de boas lavouras para obter o 2º ciclo; Buscar a colheita em

épocas de melhores preços. Estas estratégias foram baseadas em dados de

preço do Ceasa - (centrais de abastecimento - PR) de 2017, onde foi verificado

que os melhores preços ocorrem de agosto a março, portanto, focou-se na

produção bianual e com a implantação de mudas altas. Para analisar a

viabilidade econômica foram anotados todas as entradas e saídas e

sistematizadas através de um programa desenvolvido pelo Instituto Emater

para os produtores atendidos.

Resultados e recomendações

A implantação da cultura do maracujá no município de Ariranha do Ivaí ocorria

a partir do dia 15 de setembro nas safras conduzidas antes do ano de 2015,

com mudas que tinham tamanho médio entorno de 15 a 30 cm. Esta mudança

no sistema de produção ocasionado pelo aparecimento da Virose, ocasionou

um desenvolvimento de mudas de forma protegida e em época com dificuldade

de desenvolvimento pelo fotoperíodo e temperaturas. Para tal, o agricultor

precisou se adaptar construindo estufas e manejando mudas com porte alto (2

metros). Esta muda maior torna-se mais resistente ao vírus e, portanto,

comprova eficiência na prevenção da doença. Além disso, como a muda é mais

resistente ela pode ser levada a campo a partir do início do mês de agosto,

gerando um aumento no ciclo de produção e consequentemente um aumento

final na produção. No entanto, a recomendação desenvolvida por CARVALHO,

2015 via IAPAR cita que o cultivo anual promove a eliminação da lavoura ao

final da 1ª safra, tendo em vista que a 2ª tem capacidade de produzir entorno

de 80 a 100 por cento da primeira safra, tendo em vista tal aumento de

produção entre as safras, fica a questão “Como conscientizar um produtor a

realizar a eliminação da lavoura onde comprova-se o não aparecimento do

vírus?”. A Tabela 1 apresenta as diferenças econômicas e de produção entre

as safras de 1º e 2º ano, tendo em vista o espaçamento adotado de 2,5 X 2,5

metros.

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Tabela 1- Comparativo de produção de maracujá azedo com 2 ciclos de produção

SAFRA 1ª SAFRA 2ª SAFRA

Produção (Kg) 7.566 16.484

Preço médio (R$) 1,56 1,48

Receita bruta total (R$) 11.819,57 24.396,32

Despesa bruta total (R$) 2.749,19 2.300,00

Receita liquida (R$) 9.070,38 22.096,32

Receita liquida por há (R$) 36.281,52 88.385,28

Receita liquida por mês (R$) 755,86 1.841,36

Receita liquida p/ planta - 380 plantas (R$) 23,82 58,14 Fonte: Dados do autor

Para que o produtor seja incentivado e aceite que existe viabilidade econômica

com a produção anual e com mudas altas deve ser apresentado para ele a

proposta de produção adensada de 2,0 X 2,5 metros, e assim se apresentam

os dados da tabela 2.

Tabela 2- Demonstrativo de produção com adensamento de plantas em lavoura de maracujá azedo

SAFRA EM 0,25 HECTARE MÉDIA SAFRAS 380 PLANTAS

PROPOSTA 500 PLANTAS

Produção (Kg) 12.025 12.025

Preço médio (R$) 1,52 1,52

Receita bruta total (R$) 18.107,95 18.107,95

Despesa bruta total (R$) 2.524,60 2.524,60

Receita liquida (R$) 15.583,35 15.583,35

Receita liquida por há (R$) 62.333,40 62.333,40

Receita liquida por mês (R$) 1.298,61 1.298,61

Receita liquida p/ planta - 380 plantas (R$) 40,98 40,98 Fonte: Dados do autor

Portanto, verifica-se que se o produtor obter 60 kg por planta em 2 safras num

espaçamento de 2,5 X 2,5 metros ou buscar a produção de 24 kg por planta

em safra anual com o espaçamento adensado de 2,0 X 2,5 metros, ao final ele

terá a mesma produtividade por área, ou seja, um aumento de 20 % na

produção por planta e consequentemente a mesma rentabilidade, já que o

adensamento não provoca impacto no custo de produção. Além de conseguir

reduzir o risco de contaminação pela Virose. Diante do exposto, conclui-se que

o sistema de produção conduzido anualmente através da implantação de

lavouras com mudas altas e de forma adensada é uma excelente estratégia

para prevenir e combater a disseminação da virose em lavouras em nosso

município.

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Relato de experiência técnica vivenciada no município de Bom Sucesso- PR

Juliano Machado Pereira Emater-PR - [email protected]

RESUMO O município de Bom Sucesso entende a necessidade de gerar renda aos pequenos agricultores, o município possui um grande número de pequenas propriedades rurais. Diante disso a secretaria de agricultura juntamente com a Emater está trabalhando para incentivar o cultivo de espécies frutíferas, diante da realidade atual do município. Visto que os maiores VBP (valor bruto de produção) gerada no município vem basicamente da criação de aves, cana de açúcar e grãos. Desse modo o município acaba se tornando vulnerável e susceptível a problemas econômicos caso algum desses setores venha sofrer uma crise. Palavras-chave: Extensão; Fruticultura; Capacitação.

Contexto O projeto para o desenvolvimento da fruticultura no vale do Ivaí despertou no município de Bom Sucesso interesses para viabilizar algumas culturas, como exemplo temos o cultivo do maracujá, que conta com unidade de referência como mostra a figura 1 abaixo, esta serve para estudos e estímulo a novos potenciais agricultores que queiram desenvolver essa atividade em suas propriedades. O fato de o município possuir economia basicamente agrícola, como a maioria dos municípios do Vale do Ivaí, fez com que existissem políticas públicas voltadas ao meio rural, como o programa de credito fundiário que atualmente tem concretizado mais de 80 lotes no município. Essas propriedades contam com áreas que variam de 3,0 a 5,0 ha, o que faz com que seus proprietários se sintam atraídos por culturas que possam viabilizar o pagamento dos lotes, e o maracujá é uma alternativa de renda viável com alto valor agregado. O rendimento dessa cultura por hectare, é muito superior ao das atividades tradicionais, a exemplo do VBP da pecuária que gera R$ 2.650,00/hectare, o maracujá por sua vez gira R$ 35.208,00/hectare, dados do Departamento de Economia Rural (DERAL), 2017. Descrição da Experiência

O município de Bom Sucesso tem grande potencial para o desenvolvimento da cultura do maracujá, tem solos férteis e topografia favorável e existência de grande força de trabalho no campo. Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, (IPARDES, 2010), 23,11 % da população Bom-sucessense trabalha ou exerce alguma função na área rural, ou seja, diante deste cenário o curso de fruticultura teve papel fundamental em ações que já estão sendo implantadas no município, como citado da cultura do maracujá, a qual já conta com unidade de referência para eventuais estudos e capacitação de produtores. A unidade de referência em questão possui dentro da propriedade estufa para produção

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de mudas, assim é possível potencializar a produção, diminuindo custos e facilitando o manejo na hora do plantio. Para o preparo das mudas em estufa, técnicos da secretaria de agricultura e da Emater recomendam o uso de sementes certificadas, livres de patógenos. O substrato utilizado também é preparado dentro da propriedade e consiste em três partes de terra para uma de esterco de curral curado. Para cada metro cúbico da mistura, adiciona-se 1,0 kg de superfosfato simples e 2,0 kg de calcário dolomítico, após essa mistura o substrato é submetido a tratamento por calor (vapor) ou solarização. O transplante para o campo é feito de 5 a 6 meses após a semeadura, isso porque foi adotada uma nova tecnologia de produção de mudas altas, de 1,80 a 2,00 metros de altura, essas mudas são mantidas em estufa fechada de tela antiafídica, evitando a entrada de insetos e do pulgão que transmite a virose, doença que pode inviabilizar a cultura. Resultados e Recomendações

Foto 1: Curso; cultura do maracujazeiro aula pratica - Fonte: Arquivo Pessoal (2017) Como resultado, agricultores participam de eventos de capacitação realizado por técnicos da Emater em parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Secretaria de Agricultura. Nessa unidade de referência acontece reuniões, dias de campo, cursos, seminários e oficinas, tudo interligado com as boas práticas agrícolas no campo e na produção, priorizando sempre a produção sustentável, todas essas ações e muitas outras vem para somar e dar viabilidade ao desenvolvimento da fruta do maracujá no Município. O cultivo do maracujá deve atender a algumas questões técnicas importantes, caso contrário, o sucesso pode se transformar em frustração. Alguns principais requisitos técnicos para se obter boa produção e qualidade de frutos estão relacionados a seguir orientações de profissionais habilitados e atender as seguintes recomendações, se atentar a época da produção das mudas de março a meados de abril, fertilidade e manejo do solo, correção, adubação e

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manutenção de cobertura morta, escolha das cultivares adequadas a cada região, e controle fito sanitário das plantas com uso racional de defensivos. Agradecimentos

Território do Vale do Ivaí, Instituto Emater; Instituto Federal do Paraná (IFPR), Campus de Ivaiporã; Universidade Federal do Paraná (UFPR, Campus de Jandaia do Sul; e Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de Apucarana.

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Incentivo a fruticultura: produção de uva

Leandro CIVIDINI 1; Thaynara S. POZZOBON 2; Valdinei A. OCANE 3;

Cristiano da S. STAPAIT4; Luiz C. E. dos SANTOS 5 André Luiz JUSTI6; Maycon Diego RIBEIRO7

1 Emater-PR, [email protected];

2 Emater-PR, [email protected]; 3Secretaria Municipal de Agricultura de Borrazópolis, valdinei-

[email protected]; 4 Secretaria Municipal de Agricultura de Borrazópolis,

[email protected]; 5 Secretaria Municipal de Agricultura de São Pedro do Ivaí,

[email protected]

6UFPR, [email protected], orientador 7UFPR, [email protected], orientador

Resumo Após o declínio das culturas de café e algodão no município de Borrazópolis, e a introdução de grandes lavouras de grãos, os agricultores familiares buscam outros meios de geração de renda em suas pequenas áreas. Como alternativa, surge a fruticultura e o interesse dos produtores pelo cultivo da uva. Utilizando o conhecimento obtido no Curso de Fruticultura do Vale do Ivaí, ações para implementação da cultura e capacitação dos produtores rurais estão sendo realizadas na área. Os maiores desafios encontrados para aumentar o número de famílias produtoras, tamanho de área cultivada e produtividade é a falta de políticas públicas de fomento e dificuldade na comercialização. Palavras-chave: Produção de frutas; diversificação; desenvolvimento; Borrazópolis. Contexto O município de Borrazópolis sempre teve na exploração agropecuária sua maior e mais importante fonte de riquezas. Conhecido no passado pelas grandes áreas de produção de café e algodão tem hoje, a maioria de suas áreas ocupadas pelas culturas anuais de soja, milho, trigo e pastagens. Historicamente o café começou a perder espaço na geada de 1975, quando dizimou quase 100% da cafeicultura do município, depois veio o êxodo rural e, por fim, a falta de mão-de-obra, juntamente com os baixos preços de comercialização. O Algodão foi por muito tempo a cultura principal do Município, mas também devido ao preço de venda, mão-de-obra e chuvas na colheita as áreas foram sendo substituídas por grãos. Juntamente com as culturas de milho, soja e trigo foi sendo implantado, gradativamente, o sistema de plantio direto, grande aliado na conservação de solos e água nas propriedades o qual incentivava a produção das grandes culturas. A partir de 2007 o cenário começou a mudar novamente, pois, os agricultores familiares necessitavam obter maior renda com a mesma área e ainda absorver a mão-de-obra familiar disponível nas propriedades. Foi a partir deste período

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que iniciou a diversificação de culturas no município, onde a cultura do tomate foi sua principal alavanca de renda e mão-de-obra. Hoje, Borrazópolis possui uma base consolidada nas culturas de milho, soja, trigo, pastagens, café, reflorestamento e tomate, e em fase de expansão a fruticultura, principalmente as culturas de maracujá, banana, abacate e uva. Segundo dados levantados pelo IBGE, no ano de 2016, Borrazópolis produziu apenas 12 toneladas de uva, cultivada em 4 hectares. Com conhecimento técnico prévio da cultura, o conteúdo absorvido durante o Curso de Fruticultura do Território Vale do Ivaí, juntamente com as características edafoclimáticas e zoneamento agrícola adequados, o objetivo é melhorar e incrementar a produção da fruta no município. Descrição da Experiência

Os diagnósticos para escolha dos gargalos, potencialidades e desafios para definição das ações e projetos na agricultura, ocorrem, principalmente, nas reuniões mensais do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR). O tema integração Turismo – Circuito das Frutas no Território foi abordado e discutido nessas reuniões (Figura 1), onde os membros das comunidades demonstraram interesse na diversificação da produção aliada ao turismo, como alternativa para agregar valor e geração de renda para o meio rural.

Foto 1: Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural – CMDR. (arquivo pessoal do autor)

Em março de 2018 foi realizada uma reunião técnica com um grupo de

fruticultores do município e outros produtores interessados na produção de frutas, na qual foram abordados os objetivos, potencialidades e as principais dificuldades encontradas na produção frutífera. A partir desta reunião evidenciou-se que os agricultores tinham interesse em adquirir mais conhecimentos sobre a cultura da uva e implantá-la em suas propriedades, e, aqueles que já cultivavam buscavam meios de melhorar a produção. Em um segundo momento, foi realizada uma visita técnica em uma propriedade do município de Apucarana, que já possuía a tradição e experiência no cultivo da uva, apresentando, na prática, aos agricultores como é feito o manejo e condução das videiras (Figura 2).

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Foto 2: Cultivo utilizado para apresentação aos produtores. (arquivo pessoal do autor)

No mês de agosto de 2018 os agricultores realizaram um treinamento da

técnica de enxertia para produção de mudas de videira, apresentada no Curso de Fruticultura (Figura 3). A técnica de enxertia tem como principal vantagem a redução do tempo de formação do parreiral, que reduz em um ano o período para a primeira produção.

Foto 3: Produção de mudas via enxertia. (arquivo pessoal do autor)

A próxima ação esperada para o ano de 2019, em uma parceria da Emater e Secretaria Municipal de Agricultura, será a implantação de um viveiro municipal, onde os produtores possam adquirir mudas de qualidade a baixo custo ou por meio de contrapartida, onde os agricultores pagam pelas mudas adquiridas com uma parte da sua produção em frutas, que serão destinadas à merenda escolar. Resultados e recomendações A fruticultura é uma atividade com um mercado crescente que pode ajudar a região com a geração de emprego e renda. O desafio é qualificar os produtores para que tenham mão de obra especializada para aumentar a produtividade com técnicas adequadas. Para isso, serão promovidas atividades de capacitação no próximo ano - cursos, reuniões e visitas técnicas promovidas

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pela Emater e parceiros - para dar continuidade na qualificação, e, também, a assistência técnica necessária aos projetos individuais dos fruticultores, organizando a produção visando a cadeia produtiva e o acesso ao mercado.

Ainda é preciso conscientizar os gestores municipais da importância do apoio público em políticas de fortalecimento à diversificação da agricultura familiar, para que se possa disponibilizar, por meio da Secretaria da Agricultura, a assistência técnica para acompanhamento dos fruticultores e o subsídio para a aquisição de mudas de boa qualidade e sanidade. Agradecimentos

Agradecemos, primeiramente, o Instituto Emater e os organizadores deste Curso, Élcio Rampazzo e Ovídio César Barbosa, e os gerentes regionais Vitória Maria Montenegro Holzmann e Cristóvon Videira Ripol.

Agradecemos os parceiros IFPR, UNESPAR e UFPR presentes durante todo o decorrer da capacitação.

Agradecemos também aos membros do Território Vale do Ivaí, idealizadores deste Curso, e ao Programa Pro-Rural pelo apoio financeiro. Por fim, agradecemos todos os palestrantes convidados e colaboradores deste projeto.

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Análise de implantação da cultura da goiaba PALUMA no município de Apucarana

Luis FAVERI; Marco A. BERTASSO

Prefeitura do Município de Apucarana - [email protected].

Resumo Quando se iniciaram os estudos do PROGRAMA TERRA FORTE no município de Apucarana, buscamos nos estudos realizados pelo IAPAR-PR órgão no qual tem em seu mapa de estudos sobre as frutas mais propícias em cada região do estado, levando em consideração clima, altitude e índice pluviométrico. Notamos que a goiaba se encaixaria no projeto que ora olhava aos pequenos produtores como uma grande alternativa de renda e durabilidade da espécie. Na reunião que foi realizada junto aos produtores que queriam aderir ao projeto de fruticultura no município de Apucarana, a equipe técnica elencou 08 (oito) variedades de frutas deixando que os produtores escolhessem 06 (seis) que gostariam de plantar, onde a goiaba teve uma grande escolha, quando declinou-se pela escolha para cada produtor escolhesse 02 (duas) variedades de frutas a serem implantadas 12 (doze) produtores fizeram a opção onde foi implantado 2000 mudas de goiaba Paluma no total. Após 04 (quatro) anos da implantação da goiaba no município de Apucarana, os produtores entregam seus produtores na merenda escolar onde todos já pagaram os custos de implantação e já recebem pelo produto entregue, assim como a feira do produtor é uma vitrine de venda como confecção de doces da goiaba já está sendo oferecida como um agregador de valor ao produtor.

Palavras-chave: Psidiumguajava; Goiaba Paluma Vermelho.

Contexto Clima e solo - Propagação por enxertia. Planta rústica que prefere regiões de clima quente e suporta até geadas leves. Não é exigente quanto ao solo, porém desenvolve-se melhor em terrenos férteis, drenados e profundos. É originária da América tropical, em especial da região do Brasil e das Antilhas, onde pode ser encontrada em grande variedade. Sua enorme dispersão no continente americano teria ocorrido, provavelmente, em virtude da atração irresistível que os pássaros e outros pequenos animais têm por seu delicado e penetrante perfume. Da América do Sul e Central, a goiaba foi levada pelos navegantes europeus para as colônias africanas e asiáticas, espalhando-se por todas as regiões tropicais do globo. No Brasil, as folhas e os botões florais da goiabeira são de ampla utilização na medicina caseira, sendo a sua infusão comumente aplicada no tratamento de desarranjos intestinais, especialmente infantis. A espessa, porém, tenra, casca de seus frutos contém altos teores de tanino, o que a torna indicada para a indústria cosmética, em formulações destinadas ao cuidado de peles oleosas e em preparados antitranspirantes. A Goiaba Paluma tem como característica a propagação por enxertia por ser uma Planta rústica que prefere regiões de clima quente e suporta até geadas leves. Não é exigente quanto ao solo, porém desenvolve-se melhor em terrenos férteis, drenados e profundos. No município de Apucarana após estudos realizados pela equipe técnica foi analisado a temperatura adequada em que a

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média se mantesse entre 20 - 28 ̊C, assim como as chuvas serem bem distribuídas e principalmente sem excesso de umidade e minimizando locais onde se evitasse as geadas, permitindo a localização do plantio em solos profundos e bem drenados.

Descrição da Experiência

Na implantação da Goiaba Paluma no município de Apucarana foi adotada a metodologia de análise de solo procurando elevar o PH para 6,5 como também mantendo a relação cálcio e magnésio, buscando assim eliminar o alumínio tóxico. Com relação ao fósforo buscou-se a correção dos níveis adequados para a formação e produção. A Orientação aos produtores foi que na preparação das covas que as fizessem 40x40x40 cm o fósforo de acordo com a análise de solo assim como o calcário (que na maioria dos produtores foi o calcário Dolumitico). E para evitarmos problemas a adubação orgânica ocorreu 30 dias após o plantio. As mudas por enxertia foram adquiridas por licitação ao qual o viveiro obrigatoriamente apresentou o RENASEN, em média cada produtor plantou entre 150 a 200 mudas, perfazendo 14 produtores de um total de 2000 mudas.

Recomendações e Resultados As orientações técnicas preconizadas aos produtores foram através das adubações das podas de condução, de produção e pulverizações contra

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pragas e doenças através de produtos basicamente por calda bordaleza e calda sulfocalcica sempre observando o manejo das plantas. O uso de herbicidas e fungicidas são recomendadas sempre como última alternativa, respeitando a legislação vigente no estado do Paraná. Por isso, o trabalho realizado pelas técnicas é sempre na preventiva com uso e incentivo de barreiras verdes que constantemente insistimos em nossos trabalhos.

Como resultados práticos na primeira colheita tivemos em média por produtor 50 kg por pé como a recomendação é de uma a duas podas por ano dependendo o produtor tivemos na segunda colheita de 50 a 70 kg por pé, a maioria dos produtores optou por ensacar as goiabas com saquinhos de pipocas amanteigados ou TNT.

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A técnica de mudas altas para o cultivo do Maracujá Azedo no Vale do Ivaí

Peter A.V. ENGELENHOVEN1; Takeschi Hernandes KANAI2; Luiz Augusto FERREIRA3; Larissa MARUITI4

1 Emater-PR, [email protected]

2 Emater-PR, [email protected] 3 Prefeitura do Município de Califórnia, [email protected]

4 UNESPAR Campus Apucarana, [email protected], orientadora

Resumo O cultivo do maracujá azedo está como uma das frutíferas vulneráveis à presença de fungos, comprometendo os resultados da sua colheita. Com o avanço da tecnologia e adoção de novos modos de plantio, essa fruta também foi beneficiada onde a mesma consegue produzir por mais tempo, com mais qualidade e com redução de pragas e/ou fungos quando adotado a técnica de plantio por meio da muda alta. O objetivo deste trabalho é demonstrar que essa técnica traz benefícios para quem a adota, e para o próprio pé de maracujá que continua produzindo mesmo já estando com a virose dessa forma criando um incentivo para os produtores da região do Vale do Ivaí. Em razão disso torna-se importante disseminar essa técnica de forma detalhada apresentando como se faz a preparação do substrato. O método utilizado foi o da observação pelo fato de a época ser inapropriada para o seu cultivo. Palavras-Chave: plantio; muda alta; maracujá amarelo; Vale do Ivaí.

Contexto O maracujazeiro é originário da América Tropical, com mais de 150 espécies de Passifloraceas utilizadas para consumo humano. As espécies mais cultivadas no Brasil e no mundo são o maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa), maracujá-roxo (Passiflora edulis) e o maracujá-doce (Passiflora alata). O maracujá-amarelo é o mais cultivado no mundo, responsável por mais de 95% da produção do Brasil e utilizado principalmente no preparo de sucos. O maracujá-doce é destinado para o mercado de fruta fresca, devido a sua baixa acidez. A cultura do maracujá é um importante alternativa de geração de emprego e renda e uma importante opção para pequenos e médios produtores, principalmente aqueles ligados à agricultura familiar. Segundo os dados do IBGE, a cultura do maracujá teve uma área colhida no ano de 2016 de 49.889 ha, com uma produção de 703.489 toneladas e um rendimento médio de 14.101 kg/ha, sendo que, no estado do Paraná a produção foi de 14.206 toneladas e um rendimento médio de 13.792 kg/ha, ou seja, apenas 2% da produção nacional. O presente Relato de Experiência tem como objetivo demonstrar na íntegra como se realiza o método de “mudão” para o plantio do maracujá azedo. Esse plantio ajudará na identificação do potencial da cultura, a adaptabilidade do mesmo no município, e o seu rendimento econômico no processo de diversificação de culturas na propriedade da agricultura familiar. A tecnologia a ser empregada para a produção do maracujá azedo será através da utilização

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de mudas altas (mudão) com aproximadamente 1,80m de altura. A produção das mudas será feita na propriedade através de plantio das sementes em estufas protegidas com tela antiofídica com intuito de evitar contaminação da virose do maracujá. Descrição da Experiência A Experiência será realizada no município de Califórnia com a cultura de maracujá azedo, a variedade é BRS Gigante Amarelo no período do ano de 2019-2020. Esse plantio ajudará na identificação do potencial da cultura, a adaptabilidade do mesmo no município, e o seu rendimento econômico no processo de diversificação de culturas na propriedade da agricultura familiar. A tecnologia a ser empregada para a produção do maracujá amarelo será através da utilização de mudas altas (mudão) com aproximadamente 1,80m de altura. A produção das mudas será feita na propriedade através de plantio das sementes em estufas protegidas com tela antiofídica com intuito de evitar contaminação da virose do maracujá. Sementes de maracujá amarelo são adquiridas através do revendedor de procedência, para garantir a qualidade e potencial da cultura. Semeadura no período de 15 de março de 2019 a 01 de maio de 2019 em sacos plásticos na medida de 18 cm X 23 cm com volume de aproximadamente 2 litros de substrato. O substrato utilizado para enchimento dos sacos é feito na propriedade com a seguinte formulação para 1.000 litros:

• 700 l de terra de barranco;

• 300l de composto ou esterco de curral curtido;

• 6 kg de termofosfato;

• 3 kg de Cloreto de Potássio;

• 3 kg de Calcário Dolomítico.

Primeiramente se faz a mistura da terra esterco e calcário, misturando-se bem obtendo uma mistura bem homogênea e posteriormente adiciona os demais ingredientes termofosfato e cloreto de potássio e mistura-se novamente. Com os sacos plástico devidamente cheio de substrato faz a semeadura das sementes com 2 a 3 sementes por saco na profundidade de 1 cm. Após a semeadura os sacos são acondicionados em fileira dupla na estufa. Após a germinação é feito o raleio deixando apenas uma planta, a mais vigorosa. Com a planta do maracujá na altura de 20-30 cm passa a utilizar um tutor (bambu) para que a planta possa se desenvolver até a altura desejada 1,8m. Geralmente esse processo de desenvolvimento da muda leva em torno de 100 (cem) dias estando apta a ir a campo. Semanalmente é feito pulverização de calda bordalesa ou sulfocal para fazer a proteção contra doenças.

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Foto 1- Vista de estufa com mudas aptas para serem plantadas a campo

O local para a instalação do maracujá deve ter quebra vento, necessário que o mesmo seja profundo e tenha, principalmente, boa drenagem. Essa frutífera não suporta encharcamento, ainda que, por curto período, pois, tal ocorrência pode favorecer o ataque de fungos. Estes, penetrando por ferimentos no sistema radicular da planta, causam a doença denominada de “podridão do pé”, causada pelo fungo Phytophthora sp. Em solos muitos argilosos, com drenagem deficiente ou quando a cultura for irrigada, recomendam-se algumas precauções complementares, a exemplo de plantios em camalhões.

Foto 2 - Vista de lavoura de maracujá com sistema de quebra-vento com napier.

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Foto 3 - Vista de lavoura de maracujá com sistema de quebra-vento com napier.

É recomendável um planejamento bem feito antes da implantação do pomar. É necessário conhecer o histórico da área, principalmente com relação à ocorrência de nematóides, fusariose e morte prematura. Definido o local de plantio, são realizados antecipadamente o controle de formigas cortadeiras, correção de solo e preparo dos berços (popularmente conhecido como covas) com no mínimo 30 dias antes do plantio. Sendo necessário que se tome uma chuva antes do plantio, caso não ocorra chuvas é interessante molhar os berços com 10l de água, isso evita o acumulo de ar no solo que pode provocar a morte da muda. A correção do solo deve ser definida com base no resultado da análise química do solo, coletado, preferencialmente, em duas profundidades (0-20 cm e 20-40 cm). Quando a saturação por bases (V%) na camada de 0-20 cm for inferior a 60%, deve-se realizar calagem para elevá-la a 70%. De acordo com o resultado da análise química, deve-se optar por calcário dolomítico ou calcítico ou a composição de ambos, visando manter o equilíbrio entre cálcio e magnésio no solo. Na camada de 20-40 cm, a presença de teores elevados de alumínio (saturação acima de 50%) e/ou muito baixos de cálcio indicam que o uso do gesso deve ser considerado, nesse caso aplicado associado à calagem. Os corretivos devem ser aplicados em área total antes do preparo do solo, no mínimo três meses antes do plantio. Abertura dos berços 40 cm x 40 cm x 40 cm com a seguinte adubação:

• 5 litros de esterco de galinha (poedeiras) ou 10 litros de esterco de curral ou 10 l de cama de frango ambos curtidos;

• 1 kg de superfosfato simples ou 500 g de superfosfato triplo;

• 100 gramas de Termofosfato Yoorin;

• 200 gramas de calcário dolomítico;

• 100 gramas de Cal;

• 30 gramas de uma mistura de micronutrientes (FTE BR-12) (enxofre, boro, cobre, manganês, zinco).

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Espaçamento a ser utilizado é 2 metros entre planta e 3 metros entre ruas. Caso utilize máquinas o espaçamento entre ruas deve ser maior, isso pode variar de acordo com a largura de máquina a ser utilizada, não devendo ultrapassar os 5 metros que assim há prejuízo econômico. Na linha de cultivo é construído um arame único em espaldeira, com vão livre de até 2 metros do solo, onde a planta do maracujá vai se desenvolver e formar uma cortina com seus ramos produtivos. Por ocasião do plantio, se tempo adverso, jogar 20 litros de água por pé (garantir o pegamento) e após 5 dias repetir a água.

Figura 1 - Esquema de espaldeira para maracujá

Figura 2 - Comparativos de espaçamento cultura do maracujá

No decorrer do desenvolvimeto da cultura de maracujá, faz semanalmente aplicações de caldas (bordalesa ou sufocal) para prevenção de entrada de doenças (bacteriose/antraquenose), sendo que a sulfocal tambem serve como

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inseticida no controle de lagartas do maracujá Dione juno juno. Caso tenha incidência de outras pragas faz o controle com produtos específicos liberados no Estado do Paraná ( consulta no site de Agrotóxicos da SEAB). Quando o maracujazeiro iniciar a florada, geralmente ocorre na parte da tarde do dia por volta das 13 horas, essa flor só é fecundada no dia que abre, desta forma é necessário fazer a polinização cruzada das flores, isso é devido a planta não se autopolinizar. A polinização natural é realizada pela mamangava, um insteto que visita as flores em busca do nectar e consequentemente faz a distribuição do polen entre as flores de diversas plantas. Segundo pesquisas uma mamangava pode visitar em média 50 flores por dia, limitando a eficiência da polinização. Para obtermos indices maiores de polização faz a polinização manual onde o aumento de pegamento das flores atinge o índice de 95% de eficiencia, consequentemente maior produtividade da lavoura de maracujá. Uma pessoa bem treinada consegue polinizar em torno de 50 flores por minuto. Há título de curiosidade uma pessoa conduz de 300- 400 planta, essa é uma média ideal para se trabalhar com a cultura.

Foto 4 - Mamangava realizando polinização da flor do maracujá

Mensalmente será necessário fazer adubações no pomar de maracujá com vistas a maximizar a produção de frutos. Também há necessidade de capinas, roçadas nas entrelinhas da plantação, com a finalidade de manejar as plantas espontâneas/ cobertutra de solo, evitando assim a concorrência de nutrientes com a cultura do maracujá e facilitando o manejo. Período de colheita inicia por volta de 80 dias após o início da primeira florada, o ponto ideal de colheita é quando o fruto se desprende da planta caindo ao solo. Ponto de maturação fisiológica é quando se pega no fruto e ele se solta espontaneamente da pedûnculo sem a necessidade de forçar. Perído de decolheita em nossa região varia de 5 a 6 meses (jan-jun), coleta dos frutos é realizada de 2 a 3 vezes por semana. Comerciallização do maracujá é feita através de mercados institucionais (PNAE, Compra Direta), mercados locais, indústria de sucos, feiras, consumidor final (porta a porta).

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Resultados e recomendações Esse método de plantio já está sendo repassado para os produtores desde o ano de 2014, neste Curso de Fruticultura reforçou ainda mais a base teórica, onde também foi confirmada o mesmo aprendizado no curso de produção de maracujá com pessoal da APTA SP (agência de desenvolvimento do Estado de São Paulo). É o que se tem de mais indicado para a produção de mudas (mudão mudas altas). Todo o conhecimento adquirido foi comprovado ao visitar a propriedade do colega Ilcio em Ariranha do Ivaí, que aderiu à essa técnica. O método de plantio de mudão (mudas altas) é o que se tem de melhor para a produção de maracujá, visto que a cultura tem grandes problemas de viroses. Comparando-se com a forma tradicional que era utilizada as plantas adoeciam antes mesmo de chegar na idade produtiva. Plantio de mudão se consolidou pois no período de um ano temos a produção de mudas e produção de frutos com ótimo retorno econômico. Em relação a técnica antiga pode-se observar que o plantio de mudão se consolidou, pois no período de um ano temos a produção de mudas e produção de frutos com ótimo retorno econômico. No atual sistema de produção de maracujá com mudas altas o que pode ser incrementado para melhores resultados é a utilização de irrigação localizada ( micro aspersão), e fazer uns testes com a cultura dentro de estufa, sabendo que o maior fator limitante do maracujá é a questão temperatura e horas luz ( maracujá é uma planta de clima temperado, dias longos). A produção de mudas altas já vem sido utilizada no Vale do Ivaí, o principal benefício que essa técnica proporciona é a produção de maracujá com a convivência com a virose. Quando a doença de instala a planta de maracujá já está produzindo, coisa que com o sistema tradicional acontecia na fase de desenvolvimento vegetativo da cultura. Levando em consideração a experiência e a visão dos autores que realizaram esta experiência, para ter um ótimo desenvolvimento da fruticultura no Vale do Ivaí é necessário um bom incentivo da atividade, juntamente trabalhando com produtores que acreditem na proposta e que cumpram a risca as orientações. Há também a necessidade de uma rede que forneça insumos (mudas, adubo, utensílios específicos às culturas) e arquitetar uma rede de comercialização da produção. Agradecimentos Queremos agradecer em especial ao Luiz Augusto Ferreira da Prefeitura Municipal de Califórnia, que também foi membro-autor deste Relato de Experiência. Agradecemos ao Instituto Emater-PR, IFPR-Campus Ivaiporã, Unespar - Campus Apucarana, Prefeituras Municipais e todos os orientadores dos módulos do Curso de Fruticultura, no qual, nos proporcionaram novos aprendizados e conhecimentos.

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Experiência vivenciada no município de Lidianópolis-PR com o incentivo ao cultivo de frutas

Rogério RUI MAIA 1; Sergio Carlos MENDES 2; Ricardo BRENTAN 3; Andrey Vinicius LESAK 4; Lais Regina PRINS TOLEDO HEY 5 André Luiz JUSTI6;

Maycon Diego RIBEIRO7

1Emater-PR, [email protected];

2Prefeitura de Lidianópolis, [email protected]; 3Prefeitura de Lidianópolis, [email protected];

4Emater-PR, [email protected]; 5Sítio são Luiz, [email protected]

6UFPR, [email protected], orientador 7UFPR, [email protected], orientador

Resumo O incentivo à implantação da fruticultura em propriedades com mão de obra familiar gera bons resultados aos agricultores e ao município. O objetivo deste trabalho foi o de contribuir com a implantação de um programa de fomento à fruticultura. O trabalho foi conduzido no município de Lidianópolis no período de fevereiro de 2017 a julho de 2018 em uma parceria entre a secretaria municipal de agricultura de Lidianópolis e a Emater. Foi realizado um diagnóstico da fruticultura local, obtendo dados de área plantada, número de produtores que cultivam frutas, potencial de crescimento e limitações. Após o diagnóstico foi criado um projeto de lei municipal o qual prevê o fornecimento de mudas frutíferas para produtores do município. Cada produtor pretendente a participar do programa procurou a secretaria municipal de agricultura. Posteriormente foram feitas visitas de técnicos da prefeitura e Emater, os quais realizaram avaliações das áreas destinadas a implantação de fruticultura. Após confirmação da aptidão agrícola para a espécie frutícola de interesse, os técnicos elaboraram o projeto de implantação. Serão atendidos nesta primeira fase 46 produtores que iniciarão seus cultivos a partir de setembro de 2018. Palavras-chave: agricultura familiar; fruticultura; programa de fomento. Contexto A fruticultura no município de Lidianópolis desempenha importante papel no desenvolvimento social e econômico, principalmente quando comparada com outras culturas. O rendimento financeiro por hectare da fruticultura no município de Lidianópolis chega ser nove vezes superior quando comparado com a cultura da soja. Dentre as espécies frutíferas exploradas comercialmente no município, a que mais se destaca é a goiaba, por ter maior área cultivada e número expressivo de agricultores envolvidos, cada hectare de goiaba cultivado ocupa diretamente três pessoas.

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Tabela 01: Renda bruta por hectare e empregabilidade do cultivo de soja e goiaba no município de Lidianópolis-PR.

Cultura Renda Bruta (R$/Ha) Nº de empregos (Ha)

Goiaba 35.000,00 3,00 Soja 3.760,00 0,02

Fonte: Emater-PR (2017) As primeiras áreas com cultivos de goiaba foram implantadas no início da década de 90 com agricultores vindos do estado de São Paulo que apostaram nos solos férteis e no clima favorável do município. Atualmente o município possui a segunda maior área com cultivo de goiabas no Paraná, são cerca de 180 pessoas que de forma direta e indireta sobrevivem da cultura, da produção do município cerca de 80 % é destinado ao mercado de goiabas para mesa e o restante para processamento na fabricação de polpas. O objetivo deste trabalho foi criar mecanismos e estratégias para o fortalecimento e crescimento da fruticultura de forma sustentável, dando oportunidades aos agricultores para iniciar na atividade com apoio técnico para a condução dos pomares. O relato de experiência se deu de fevereiro de 2017 a julho de 2018 no município de Lidianópolis.

Figura 1- Área cultivada com as principais frutíferas em Lidianópolis - PR.

Fonte: SEAB (2017)

Descrição da experiência No início do ano de 2017, a atual gestão municipal preocupada com o êxodo rural no município, procurou a Emater, a Secretaria de Agricultura do município e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural para juntos elaborarem uma proposta que viabilizasse a continuidade do agricultor familiar em suas propriedades. Com os dados do perfil da realidade agrícola municipal foi proposto a criação de um programa de fomento a agricultores familiares que desejassem implantar pomares de frutíferas ou aumentar suas áreas. Desta forma em 25 de outubro de 2017 foi sancionada a Lei municipal Nº 849 que institui o programa municipal de incentivo à fruticultura (PROMIFRUCA), que subsidia em parte a implantação de pomares em propriedades de agricultores

0

20

40

60

80

Áre

a (h

a)

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familiares. O recurso vem de um fundo municipal criado para este fim, onde cada produtor de acordo com a sua proposta técnica pode adquirir mudas de espécies frutíferas. Na sequência foi realizada a ampla divulgação onde os interessados em aderir ao programa deveriam participar de uma chamada pública portando seus documentos pessoais e a Dap, documento que os caracteriza como agricultores familiares, ao mesmo tempo foi criado o grupo gestor municipal do programa, responsável por deliberações assim como a aprovação dos nomes de agricultores pretendentes a participar. Com a homologação de 46 agricultores da chamada pública, os técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura e Emater se organizaram para realizar visitas às propriedades. Em cada visita foi feita a avaliação da aptidão agrícola da área destinada à implantação dos pomares de acordo com a espécie frutífera a ser implantada. Do total de propriedades visitadas, 26 serão para a implantação de goiaba, 19 abacate e 01 com caqui. As áreas destinadas a goiaba somam 13 hectares dos quais 5 hectares são para substituição de cultivares de goiaba e 8 hectares para implantação de áreas novas, com o abacate a previsão é a de implantação de 17 hectares e caqui de 0,5 hectares. A proposta foi elaborar um projeto técnico simplificado para cada produtor constando o diagnóstico da propriedade, com as seguintes informações, imagem de localização, uso e ocupação do solo, se possui assistência técnica, se realiza análise de solo, sobre o uso de agrotóxicos, uso da água, geração de resíduos, manejo do solo, áreas destinadas à preservação ambiental e a gestão e comercialização da produção. Diante das informações colhidas, foram realizadas reuniões e oficinas para a construção das propostas. Uma das oficinas foi a de coleta de solo e o transplante correto de mudas conforme mostra a figura 2.

Foto 1: Oficina sobre coleta de solo e plantio (arquivo pessoal - 2018)

Após o levantamento de dados das propriedades foi elaborado o plano de trabalho e as metas, onde foram feitas as recomendações técnicas para a implantação dos pomares. Nas recomendações estão descritas práticas de manejo correto de solo, recomendação de calagem, espaçamento entre

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plantas, dimensionamento de covas e a adubação de plantio de acordo com cada espécie. Neste plano também foi elaborado um croqui indicando a localização da área e as metas a serem cumpridas pelos produtores, insumos a serem adquiridos, mão de obra necessária à implantação, adequações quando for preciso bem como um cronograma para capacitação em cultivo de frutas ao produtor beneficiado. O plano prevê a execução de 4 relatórios de visitas, o primeiro após a implantação da área, o segundo depois de um ano, o terceiro após dois anos e o quarto após três anos da implantação. Resultados e recomendações Com o decorrer das ações previstas no programa espera-se a manutenção das áreas com a fruticultura assim como a implantação de novas áreas, atraindo novos produtores para a atividade. Também é previsto a diminuição do êxodo rural, principalmente entre os jovens que bem remunerados não necessitarão sair da propriedade em busca de melhores salários. Com o atendimento a estes produtores no primeiro ano do programa, pretende-se gerar a médio prazo 32 empregos no município e aumento médio na renda bruta anual de cada produtor beneficiado em R$ 12.600,00, totalizando cerca de R$ 580.000,00 para os 46 produtores atendidos, a longo prazo, estes números tendem a aumentar, uma vez que o programa atenderá os produtores de Lidianópolis anualmente. O município ganha com o aumento do valor bruto de produção anual que repercute diretamente na fonte de repasses financeiros aos cofres municipais. Para que a cadeia produtiva da fruticultura seja sustentável no município, ações se fazem necessárias, é preciso ir além do fomento às famílias com o fornecimento de mudas, é importante estar continuadamente capacitando o produtor assim como prestar assistência técnica de forma frequente. Neste mesmo contexto, o produtor deve se sensibilizar sobre a produção sustentável buscando alternativas para o controle de pragas e doenças. É fundamental o fruticultor unir-se a grupos de interesse comum, se organizando e estruturando-se em associativismo e cooperativismo, conseguindo um amplo leque de possibilidades para a comercialização, melhores preços pagos às produções e a possibilidade de adquirir insumos com compra conjunta, obtendo preços inferiores quando comparados à compra isolada. A produção de polpa assim como o processamento da goiaba para a fabricação de doces é viável no município, em alguns meses do ano tem-se observado muita oferta de goiabas, parte da produção amadurece no pé sem que o produtor consiga comercializá-las, no entanto é um produto de alta qualidade para o processamento e extração de polpas para sucos, desta forma a implantação de uma pequena indústria para processamento no município de Lidianópolis é viável, uma vez que há volume e escala de produção de goiabas. Dentre os municípios do Vale do Ivaí, Lidianópolis é um dos que diminuiu sua população nos últimos anos, o Ipardes mostra em uma projeção entre os anos de 2016 e 2030 que a diminuição da população do município se intensificará pela perda de 1005 habitantes, espera-se que com a diversificação pela fruticultura nas propriedades rurais este quadro não se confirme.

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A importância da produção de maracujá antes e depois da virose

Valdemar F. BRANDALISE; Amanda A. CARVALHO [email protected];

[email protected]

Resumo A fruticultura no município de Barbosa Ferraz, iniciou-se no ano de 1.998 com a cultura do maracujá, como alternativa à monocultura predominante à época. Nas áreas produtoras eram exploradas basicamente as culturas de soja, milho, amora (criação de bicho-da-seda), café. Entretanto, os baixos níveis de remuneração tornaram inviáveis, especialmente em pequenas propriedades, a exploração de tais culturas, tendo como consequências, dentre outras, a migração do homem do campo para as cidades. Com a implantação da Associação dos Produtores de Corumbataí do Sul - Aprocor, no vizinho município de Corumbataí do Sul, abriram-se as portas da comercialização do maracujá tanto do produto in-natura quanto industrializado. A possibilidade de comercialização levou os produtores a acreditarem no projeto e, a partir de então, deu-se a expansão da cultura no município, porém essa fruticultura estava ameaçada pela virose, que teve como aliado uma nova técnica de cultivo. O presente trabalho objetiva demonstraras práticas adotadas para essa técnica, assim como os benefícios e as vantagens que ela proporciona. O método utilizado para o presente trabalho é o descritivo. Palavras-chave: Monocultura; remuneração; industrialização e comercialização. Contexto O período que compreende os anos de 1998 até 2014 em se tratando da técnica de manejo da cultura do maracujá no município, era visto que se obedecia ao modelo convencional. Dessa forma as mudas eram levadas ao campo com aproximadamente 100 dias e 20cm. Estas eram tutoradas com barbante até a altura do arame da espaldeira. Ao atingirem o arame podava-se os ponteiros e a planta desenvolvia-se ao longo do arame. Ao encontrarem-se as pontas era feita nova poda para desenvolver a saia. Ao final de cada safra o maracujazeiro era podado (geralmente em agosto), em seguida vinha novos brotos na planta. Neste modelo de manejo a cultura durava três anos, após os quais eram erradicados e feitos novos plantios. A partir de então, com o advento da VIROSE causada pelo vírus Cowpea aphid-borne mosaic vírus – (CABMV), que é transmitido por pulgões das espécies: aphis gossypii, Mysus persicae e Toxoptera citricidus, obrigatoriamente. As áreas de pesquisa e os produtores rurais viram-se obrigados a buscar alternativas de manejo a fim de superar as barreiras impostas pela doença. Em decorrência do alto grau de eficácia na transmissão do vírus por espécies de pulgões que, através de uma simples picada nas folhagens da planta de maracujá, pode inviabilizar a produção. Segundo a pesquisadora da Cepaer, MS, Engenheira Agrônoma Olita Salati “Cientificamente foi comprovado que esse vírus também pode ser transmitido

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durante as podas feitas com instrumentos de corte, seja tesoura, canivete, inclusive a unha. A boa notícia é que não é transmitida pelas sementes”. Descrição da Experiência O IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), a ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), a Associação dos Produtores de Corumbataí do Sul (Aprocor) juntamente com os produtores rurais desenvolveram técnicas de manejo com o objetivo de atenuar os efeitos devastadores da doença nos pomares da região. O primeiro passo foi a conscientização da necessidade de adaptação à nova realidade. A resistência por parte dos produtores em relação a este novo sistema manejo, que as circunstâncias impunham, provocou uma redução tanto na área plantada quanto no número de produtores, haja vista que dos mais de 100 fruticultores apenas pouco mais de 20 permaneceram na atividade. Dentre as práticas adotadas as que mais se destacaram foram:

▪ Uniformizar regionalmente as épocas de plantio; ▪ Fazer uso de mudas sadias produzidas por viveiros especializados; ▪ Não adquirir mudas procedentes de regiões onde há a ocorrência da

doença; ▪ Eliminar pomares abandonados; ▪ Realizar inspeções diárias nos pomares e eliminar plantas que

apresentarem os sintomas da doença; ▪ Não plantar nas entrelinhas e nas adjacências do pomar plantas

hospedeiras do vírus; ▪ Evitar espécies silvestres de maracujá; ▪ Eliminar ao final da safra todas as plantas do pomar; ▪ Manter as entrelinhas do pomar permanentemente vegetadas e roçadas

(com gramíneas).

Contudo, a cultura do maracujá em Barbosa Ferraz só foi sendo reestruturada a partir das parcerias consolidadas. O município, através da Secretaria de Agricultura, passou produzir e fornecer mudas de qualidade, produzidas no viveiro municipal, a partir de sementes certificadas e a custo subsidiado, o que em última instância reduz custo de produção e estimula o ingresso de mais produtores na atividade além de viabilizar a expansão de área daqueles produtores tradicionais. É importante lembrar que a cultura do maracujá é de grande importância para a economia do pequeno produtor rural e necessária para a sua sustentabilidade e permanência na propriedade, pois a fruticultura traz essa condição para a família, onde a mão de obra familiar é de grande importância para a atividade, e para o nosso município, sabendo-se que a realidade fundiária, que em torno de 80 % são de agricultores familiares. A comercialização da produção, antes feita através da Aprocor, que repassava para a indústria de polpa, passou, a partir de 2.012 - quando a Associação instalou uma despolpadora - a ser feita diretamente com esta entidade. Como suporte técnico foram realizados diversos cursos através do Senar, além de reuniões teóricas e práticas e contou ainda com a assistência técnica da Aprocor, Emater, secretaria de Agricultura. Nestas reuniões eram debatidas questões de interesse do produtor como: inclusão em políticas públicas PAA, e

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PNAE. Para ter acesso às políticas públicas foi instituída a Associação dos Fruticultores de Barbosa Ferraz - (ABAFRUTI), entidade representativa de classe sem fins lucrativos que congrega os interesses dos fruticultores de Barbosa Ferraz. A partir de então esta entidade recebeu através de órgãos estaduais e federais os seguintes equipamentos: 1 caminhão Ford Cargo 1119 Diesel com capacidade de x toneladas para apoio à produção, transporte e comercialização de produtos e insumos; 1 trator agrícola Massey Ferguson modelo 250XE com carreta para transporte de esterco, transporte de palanques para construção de estufa, preparo de solo etc.; 1.500 caixas modelo Ceasa para viabilizar a colheita, classificação e transporte da produção; 1 balança com capacidade para 500 quilos e outra com capacidade para 200 quilos e 1 barracão em alvenaria medindo 375m² utilizado para processamento, depósito e distribuição da produção. Resultados e recomendações Apesar da resistência dos produtores pela mudança com a chegada da virose, os resultados obtidos com esse novo modelo de manejo para a produção, estão sendo totalmente satisfatórios. Com o novo manejo e a resistência por parte dos produtores houve uma diminuição considerável em áreas e pomares de maracujá no município de Barbosa Ferraz e região, sabendo-se que a atividade continua sendo rentável para os produtores, sendo assim, tem- se a necessidade de iniciar uma nova fase para a fruticultura no nosso município e região. Os resultados obtidos com esta experiência realizada reforça a concluir que no sistema de produção com condução para 3 (três) anos (antes da virose), o produtor conseguia produzir em torno de 120 kg, e sistema de produção para condução para 01 (um) ano (depois da virose), o produtor consegue produzir em torno de 110 kg (em três anos com plantio todo ano), sendo assim a cultura continua sendo rentável. No trabalho realizado notou-se que em decorrência das mudanças no sistema de produção, observou-se grande resistência quanto adesão de novos produtores à atividade da fruticultura. Para que mais produtores adiram à atividade faz-se necessário intensificar os trabalhos com produtores e associações na conscientização, para se instalar novas áreas no município e região. Como já descrito acima no município de Barbosa Ferraz, já contou com mais de 100 produtores em uma área total em torno de 40 ha, sendo que hoje este número não chega a 30 produtores e a área atinge no máximo 15 ha. No momento também será necessário iniciar um novo trabalho para a fruticultura junto aos agricultores, fomentando a atividade para iniciar a implantação de novos pomares para dar continuidade nesta atividade que é muito rentável comparado com outras culturas com algumas ações, assim como: reuniões com produtores para incentivar novos plantios, fomentar com produção de mudas, assistência técnica, etc. Esta atividade tem algumas vantagens para o nosso município e região , sendo que temos a indústria de polpa e o mercado in-natura através da Cooperativa COAPROCOR que está instalada no município vizinho de Corumbataí do Sul. Além disso, sabe-se que a maioria das frutas consumidas em nossa região é trazida de outras regiões e até mesmo de outros estados e a fruticultura, por utilizar mão-de-obra familiar e adaptar-se em pequena áreas torna-se altamente viável na melhoria dos níveis de renda da pequena

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propriedade e consequentemente na qualidade de vida dos agricultores familiares. Agradecimentos Secretaria de Agricultura (Marcilio P. Barbosa) Aline Lira (texto da matéria sobre a Virose).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização do curso, os próprios cursistas tornaram-se

protagonistas e agentes da transformação da realidade, tornando possível

traçar um retrato da situação da fruticultura no Território Vale do Ivaí através de

dados diagnósticos e da sistematização das discussões realizadas durante os

módulos.

Ao término das atividades, os cursistas apresentaram seminários

contendo recomendações a serem seguidas para a promoção da fruticultura,

sendo estas referendadas em uma assembleia técnica final e validada pela

formação técnica obtida.

Quando o assunto é a produção, a recomendação é que se faça a

mobilização política dos municípios para a criação de programas municipais de

desenvolvimento da fruticultura, por intermédio de Lei Municipal, possibilitando

a mobilização de recursos para financiá-los. Para tal, devem atuar, em conjunto

com o poder legislativo, prefeitura, EMATER, SEAB, CMDRS, associações e

cooperativas, entre outros atores.

Nestes programas, é vital partir do levantamento da demanda e da

aptidão dos produtores e da região para a fruticultura, o que pode ser feito pela

EMATER, Município e CMDRS. Finalmente, é necessário garantir a assistência

técnica desde a escolha da área de cultivo à implantação, bem como, o

fornecimento de mudas e insumos de qualidade, mediante contrapartida do

produtor.

No aspecto da comercialização, sugere-se que haja uma articulação dos

programas municipais, incluindo a assistência técnica privada e a associação

comercial, além dos atores já citados, e haja a organização de grupos de

produção nos municípios, favorecendo aspectos como a rastreabilidade e

refletindo na qualidade das frutas produzidas, bem como, a constância da

oferta ao mercado. Como proposta, sugere-se o fomento à comercialização

local e regional, através da composição de rede de comercialização. E ainda,

garantir que todos os municípios envolvidos adquiram todas as frutas para a

alimentação escolar entre as produzidas na região, pela agricultura familiar.

Uma vez que a fruticultura abre a possibilidade de articulação com o

setor de agroindústria, entendeu-se que os municípios devem fomentar,

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através da organização dos produtores, a agroindústria familiar na propriedade,

ou através de cozinhas comunitárias, contribui para a geração de renda e o

turismo rural. Neste caso, sugere-se que haja a mobilização de recursos via

Território (Pró-Rural), via EMATER (PRONAF), ou ainda, com o apoio do

município para as cozinhas comunitárias.

Finalmente, é preciso manter a articulação em rede entre organizações

de produtores e instituições de ensino, pesquisa e extensão, garantindo o

desenvolvimento endógeno da fruticultura no território. Temos amplas

possibilidades de desenvolver e compartilhar tecnologia a partir das

experiências e conhecimento já existentes, o que pode acelerar o processo de

adoção desta modalidade produtiva e o estabelecimento do arranjo produtivo

no Território Vale do Ivaí.

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