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ESTUDO TÉCNICO-ECONÔMICO DA CULTURA DO CAFÉ
AUTORES: Cilésio Abel Demoner1 (Unidade Regional de C. Procópio; Édson José
Trenta1(Unidade Estadual); Odílio Sepulcri4(Unidade Estadual); Sidnei
Aparecido Barori3(Unidade Regional de Maringá); Milton Satoshi
Matsushita5(Unidade Estadual); Adaguimar Sérgio Chicheti1(Unidade
Municipal de Sta. Amélia); Aparecido Donizeti Zanini2(Unidade Municipal de
Nova Fátima); Cristovan Videira Ripol1(Unidade Municipal de Pitangueiras);
Denise Lutgens Rizzo1(Unidade Municipal de Ribeirão Claro); Francisco
Luiz Moreto2(Unidade Municipal de Arapongas); Ivanildo
Passareli2(Unidade Municipal de São Pedro Paraná); João Carlos
Paschoal1(Unidade Municipal de Mandaguari); Kleber Geraldo
Vieira1(Unidade Municipal de Altônia); Nelson Menoli Sobrinho2(Unidade
Municipal de Grandes Rios); Nilson Zacarias Barnabé Ferreira2(Unidade
Municipal de Pinhalão); Osvaldo Martisn Rodrigues2(Unidade Municipal de
Sto.A. da Platina); Otávio Oliveira Lúz1(Unidade Municipal de Carlópolis);
Paulo Roberto Preto1(Unidade Municipal de Terra Boa); Paulo Sérgio
Barbosa2(Unidade Municipal de Uraí); Ricardo Domingues1(Unidade
Municipal de Sta. Isabel do Ivaí); Roberto Natal Dal Molin1(Unidade
Municipal de Jesuítas); Roberto Quintino de Araújo1(Unidade Municipal de
Iporã); Romeu Gair1 (Unidade Municipal de Londrina); Saulo
Santos2(Unidade Municipal de Pranavaí); Sidnei Fagundes
Guerra2(Unidade Municipal de Cruzmaltina); Simoni Chieppe1(Unidade
Municipal de Cruzeiro do Oeste); Sérgio Weber1(Unidade Municipal de
Terra Rica); Valdimir de Jesus Passos2(Unidade Municipal de C. Procópio);
Valdir Ast1(Unidade Municipal de Colorado).
1 Engº Agrº Especialista em café - Extensionista da EMATER-PR. 2 Téc. Agr. Especialista em café - Extensionista da EMATER-PR. 3 Engº Agrº Especialista Administração Rural - Extensionista da EMATER-PR. 4 Engº Agrº Com especialização em Gestão da Qualidade - Extensionista da EMATER-PR.
5 Engº Agrº Mestre em Administração - Extensionista da EMATER-PR
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1. RESUMO................................................................................................................ 3
2. INTRODUÇÃO: ...................................................................................................... 3
3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 4
3.1. Objetivo geral: .................................................................................................. 4
3.2. Objetivos específicos:....................................................................................... 5
4. METODOLOGIA..................................................................................................... 5
4.1. Considerações sobre custo de produção1 ........................................................ 5
4.2. Indicadores de análise de resultados ............................................................... 6
4.3. Seleção do público e caracterização de produtores ......................................... 6
4.4. Levantamento dos dados de campo................................................................. 6
4.5. Processamento dos dados e análise: ............................................................... 7
4.6. Devolução das informações e orientações aos cafeicultores:............................7
5. ÁREA DE ESTUDO................................................................................................ 8
6. MERCADO ............................................................................................................. 8
6.1. Mercado de insumos ........................................................................................ 8
6.2. Mercado do café............................................................................................... 9
6.3. Estratégia de Competição.................................................................................10
7. SISTEMA PRODUTIVO........................................................................................ 11
7.1. Capital natural ................................................................................................ 11
7.2. Capital físico ................................................................................................... 11
7.3. Capital financeiro............................................................................................ 12
7.4. Capital humano .............................................................................................. 12
7.5. Capital social .................................................................................................. 13
7.6. Processo tecnológico...................................................................................... 13
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 14
8.1. Produtividade da lavoura ................................................................................ 15
8.2. Receitas da produção..................................................................................... 15
8.3. Custos de produção........................................................................................ 16
8.4. Margens e retornos da atividade cafeeira....................................................... 17
9. CONCLUSÕES.......................................................................................................18
10. RECOMENDAÇÕES............................................................................................200
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 23
3
1. RESUMO Esse trabalho tem por objetivo gerar informações que permitam avaliar o desempenho
técnico, econômico e financeiro do processo produtivo de lavouras cafeeiras, para que
sirvam de subsídios aos produtores na tomada de decisão e para que os técnicos
envolvidos nessa exploração, possam orientá-los nos ajustes necessários na condução
das atividades em suas propriedades, em tempo oportuno. Foi desenvolvido no período
de setembro de 2002 a agosto de 2003, com o registro de todas as operações de
lavouras em produção com a tecnologia do plantio adensado, realizado com 35 (trinta e
cinco) cafeicultores selecionados dentro do grupo de produtores assistidos pela
EMATER-PR.
Esta estratégia faz parte do trabalho para monitorar a assistência técnica e extensão
rural oficial na identificação dos gargalos da produção e na obtenção de indicadores
técnicos, econômicos e financeiros para subsidiar a tomada de decisão, o planejamento,
a execução e a avaliação da produção por parte dos cafeicultores.
Os extensionistas, periodicamente, ao se apropriarem dessas informações, comunicam
e orientam os produtores nos ajustes e alterações a serem efetuados em sua atividade
ou no seu planejamento.
Para a capacitação e divulgação são utilizados os métodos rotineiros da extensão rural,
como dias de campo, cursos, reuniões, palestras seminários e outros.
2. INTRODUÇÃO: O Paraná, tradicional produtor de café, a partir da década de 1990, teve significativa
mudança na sua cafeicultura, com a implantação do café adensado, dentro de um novo
modelo tecnológico, com a utilização intensiva de insumos e tecnologia moderna,
acompanhado da erradicação dos cafezais improdutivos.
Esse novo modelo possibilitou que a cafeicultura fosse reconstruída em bases mais
sólidas e se tornasse competitiva, dando mais estabilidade aos produtores,
especialmente aos produtores familiares, principal público desse sistema.
Em um país capitalista o que se espera de uma empresa ou de qualquer atividade
econômica é a geração de lucro, para que ela possa permanecer na atividade e crescer.
Para identificar a riqueza gerada, basta calcular tudo o que se produz para o mercado ou
consumo, menos tudo o que se gasta para produzir. Como resultado tem-se a riqueza
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gerada ou o valor agregado que poderá ser positivo ou negativo, conforme mostra a
fórmula a seguir: (Volume produzido x preços = Receitas e Receitas – Custos = Lucro ou Prejuízo). A sobrevivência de um empreendimento, dentre outros fatores, dar-se-á pela sua
capacidade de gerar lucro.
Para tanto, o cafeicultor necessita medir e analisar os seus resultados, identificar os
pontos críticos para agregação de valores e aprimorá-los, controlar as operações para
garantir os resultados esperados.
Neste sentido, o primeiro passo em qualquer atividade agropecuária é a apuração dos
indicadores de resultados: Quanto dinheiro a cafeicultura está gerando? Quanto dinheiro
está custando para operá-la? Quais são os fatos e dados que gerarão os indicadores
para medir os resultados?
Feito isto, se o produtor rural está satisfeito com os resultados de sua atividade,
procede-se a melhoria contínua e repete-se o processo produtivo, mantendo-se o
padrão de qualidade e produtividade já atingidos. Por outro lado, se os resultados não
satisfazem seus objetivos, devem-se buscar as causas desse resultado insatisfatório,
fazendo um diagnóstico para identificar onde se encontram as causas dos problemas
que afetam os resultados da atividade, para orientar a tomada de decisão e ação para
correção do problema, com um bom planejamento.
A tomada de decisão e a ação correta (erro zero) estão tornando-se cada vez mais
importantes na gestão das propriedades rurais. Diariamente surgem problemas
(resultado indesejável de um trabalho, ou de um processo) que precisam ser resolvidos,
dificultados, por vezes, pelos capitais produtivos escassos.
Toma a melhor decisão quem tem a melhor informação. Assim, identificar bem os
problemas, suas causas e priorizá-las é uma questão fundamental na tomada de
decisão.
3. OBJETIVOS O trabalho de gestão da lavoura cafeeira tem os seguintes objetivos:
3.1. Objetivo geral: Analisar o desempenho técnico, econômico, financeiro do processo produtivo da lavoura
cafeeira em plantio adensado, bem como organizar um sistema de informações (banco
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de dados), que possa auxiliar os técnicos na assistência técnica e os produtores
envolvidos na tomada de decisão e em sua implementação.
3.2. Objetivos específicos: - Analisar os capitais envolvidos na atividade (capital humano, capital natural, capital
físico, capital financeiro e capital social);
- Analisar as receitas da atividade
- Analisar os custos de produção;
- Apurar os resultados técnicos, econômicos e financeiros;
- Identificar e monitorar as causas dos principais gargalos que impedem a agregação
de valor ao produto café e ao empresário cafeicultor;
- Verificar a eficiência do processo produtivo (alta produtividade com custo
competitivo) identificando as falhas nos procedimentos e métodos operacionais e as
causas de suas variações;
- Proceder a comparação competitiva entre os cafeicultores acompanhados;
- Difundir os resultados obtidos no presente trabalho para os cafeicultores do Estado
do Paraná.
4. METODOLOGIA Foram selecionados 35 cafeicultores que exploram a cultura no sistema adensado,
dentro do público assistido pela EMATER no Processo Café, em dez regiões cafeeiras
do estado (mapa 1), compreendendo, principalmente, os produtores categorizados como
empresários familiares. Esta metodologia faz parte da estratégia para monitorar toda a
assistência técnica na identificação dos gargalos da produção e de indicadores técnicos,
econômicos e financeiros, para subsidiar a tomada de decisão e o planejamento da
produção por parte dos cafeicultores.
4.1. Considerações sobre custo de produção1
Custo total de produção – entende-se por custo total de produção a soma dos custos
fixos e variáveis. Pode, também, ser entendido como sendo os custos operacionais
totais acrescidos dos custos alternativos ou de oportunidade.
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4.2. Indicadores de análise de resultados Os indicadores de análise de resultados utilizados no presente trabalho são os
seguintes:
a) Renda bruta ou receita total – RB:
A renda bruta ou receita da cultura do café corresponde ao valor obtido da produção
vendida, mais autoconsumo, mais subprodutos, mais variação de estoque;
b) Margem bruta – MB:
Refere-se ao valor obtido pela subtração dos custos variáveis da renda bruta, a seguir:
(MB = RB - CV);
c) Lucro ou margem líquida – L:
Sobra da empresa, no final de um determinado período (um ano, por exemplo),
mantendo a empresa como ela era no início desse período (com o mesmo patrimônio
líquido).
O lucro pode ser apurado pela diferença entre a renda bruta e o custo total
(L = RB - CT);
d) Rentabilidade sobre o capital total imobilizado:
Retorno sobre o capital total aplicado na cultura do café em um determinado período
(Rentabilidade = Lucro / capital total).
4.3. Seleção do público e caracterização de produtores As unidades de produção podem ser classificadas de vários tipos, em função de o meio
rural não ser um todo homogêneo. No trabalho de Yu & Sereia (1993), sob o título
"Tipificação e Caracterização dos Produtores Rurais do Paraná - 1980", utilizando-se de
critérios tais como: contratação de força de trabalho; tecnificação; capitalização, receitas
e despesas, classificaram os produtores do Estado do Paraná nas categorias a seguir:
produtores de subsistência (PS); produtores simples de mercadoria (PSM); empresário
familiar (EF) e empresário rural (ER).
Os 35 (trinta e cinco) cafeicultores para o referido trabalho foram selecionados dentro do
público alvo do processo café, compreendendo os cafeicultores categorizados como
empresários familiares, dentro do sistema de café adensado.
4.4. Levantamento dos dados de campo Uma vez selecionados os cafeicultores foram efetuados o acompanhamento e o registro
dos dados em caderneta própria, no momento da realização das operações.
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4.5. Processamento dos dados e análise: Os dados coletados mensalmente são processados através do Sistema Demonstrativo
da Renda da Atividade Cafeeira, planilha desenvolvida em Excel por técnicos da
EMATER-PR, para acompanhar e analisar os custos de produção, os resultados da
cultura do café, diagnosticar e planejar a atividade na propriedade rural.
4.6. Devolução das informações e orientações aos cafeicultores: Os extensionistas, mensalmente, de posse das análises e informações, comunicam e
orientam os produtores nos ajustes e alterações a serem efetuadas na atividade, ou no
seu planejamento. Para esta orientação e divulgação são utilizados os métodos
rotineiros da extensão rural.
____________
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS. Custo de Produção da cafeicultura do sul de Minas Gerais.
Departamento de Administração e Economia. UFLA, Lavras MG. 2000.
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5. ÁREA DE ESTUDO A atividade cafeeira é desenvolvida por 16.879 produtores rurais em uma área cultivada
de 145.682 hectares (EMATER-PR 2003), com uma produção na safra de 2002 de 2,3
milhões de sacas, distribuídos em 210 municípios das regiões Norte, Centro e Noroeste
do Estado do Paraná, como poderá ser verificado no mapa 1.
Mapa 1 – Regiões produtoras de café no Paraná 2002/2003 e área de produção
Ortigueira
Arapoti
Londrina
Ibait i
Iporã
Paranavaí
Umuarama
Luiziana
Faxinal
Loanda
Ubiratã
Vila Alta
Ivaté
Palotina
AssaíIcaraíma
Iretama
Altônia
Curiúva
Terra RoxaGoioerê
Rondon
Cambé
Tapira
Tapejara
Guaíra
Corbélia
Sapopema
Terra Rica
Araruna
Tomazina
Peabiru
Maringá
MariluzFarol
Astorga
Marialva
Uraí
Ivaiporã
Guairaçá
Perobal
Rolândia
Apucarana
JacarezinhoJaguapitã
Assis Chateaubriand
TamaranaXambrê
Nova Tebas
Colorado
Ibiporã
Cruzeiro do Oeste
Querência do Norte
Fênix
Amaporã
Alto Piquiri
Santa Helena
Douradina
Tupãssi
Cambará
Abatiá
Leópolis
Tuneiras do Oes te
São Miguel do Iguaçu
Nova Aurora
Sertanópolis
Congonhinhas
Pérola
Maria Helena
Cornélio Procópio
Braganey
São Jerônimo da SerraItambé
Ribeirão Claro
Andirá
Arapongas
LobatoAlto Paraná
Sertaneja
Barbosa Ferraz
Carlópolis
Janiópolis
Bandeirantes
Paranacity
Terra Boa Japira
Santa Fé
Porecatu
Kaloré
Jardim Alegre
Jesuítas
Mirador
Santo Antonio da Platina
Inajá
Santa Mariana
Foz do Iguaçu
Borrazópolis
Guaraci
Jussara
Moreira Sales Cruzmaltina
Cafelândia
Pinhalão
Marilena Santo Inácio
Japurá
Nova Esperança
MarumbiQuinta do Sol Wenceslau Braz
Jaboti
Bom Sucesso
Cafeara
Mandaguaçu
Cafezal do Sul
Marilândia do Sul
Grandes Rios
Nova Fátima
Alvorada do Sul
Ramilândia
Jundiaí do SulSão Tomé
Itaguajé
Boa esperança
Rio Bom
Centenário do Sul
Ribeirão do Pinhal
Lunardelli
Sabáudia
Altamira do Paraná
Francisco Alves
Atalaia
Floresta
Florestópolis
Ourizona
TamboaraSanta Mônica
Nova Londrina
Iguaraçu
Itaipulândia
São José da Boa Vista
Santa Isabel do Ivaí
Quarto Centenário
Iguatu
Planaltina do Paraná
Guaporema
Cruzeiro do Sul
Vera Cruz do Oeste
Brasilândia do Sul
Anahy
Jataizinho
Figueira
Siqueira Campos
Ariranha do Ivaí
Califórnia
São Pedro do Iguaçu
Unif lor
Ouro Verde do Oeste
Sarandi
Quatiguá
São Carlos do Ivaí
Diamante do Norte
Santa Terezinha de Itaipu
Nova Olímpia
Pitangueiras
São Jorge do Patrocínio
Lupionópolis
Corumbataí do Sul
Munhoz de Mello
Jardim Olinda
Doutor Camargo
Santa Amélia
Iracema do Oeste
REGIÕES PRODUTORAS DE CAFÉ NO PARANÁ - 2002/2003
Paraná
Total Área145682
1:2574060
N
6. MERCADO Será tratado neste item o mercado de insumos, do produto café e as principais
estratégias de competição que poderão ser usadas para o produto.
6.1. Mercado de insumos Entre os principais insumos consumidos pela cultura do café estão os fertilizantes (N, P,
K, S, Ca, Mg, B e Zn), os inseticidas para controle do bicho mineiro (Leucoptera coffella)
e da broca do café (Hypothenemus hampei), os fungicidas para controle da ferrugem
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(Hemileia vastatrix) e da cercosporiose (Cercospora caffeicola). Os herbicidas são muito
pouco utilizados na cultura, já que os cafeicultores preferem a capina e a roçada para
controle das plantas daninhas. Os fornecedores mais expressivos desses insumos são
as cooperativas instaladas na região, as empresas privadas de insumos, seus
revendedores e representantes. Há uma concorrência forte entre os fornecedores, tendo
em vista a grande rede instalada na região cafeeira.
6.2. Mercado do café No mercado consumidor brasileiro há uma predominância de cafés de baixa qualidade.
Na época em que o Paraná era o maior produtor, produziu um grande volume de café de
baixa qualidade, o que contribuiu para uma imagem negativa do café do Paraná junto ao
mercado. Estima-se que no período de 1980 a 1999, o Paraná deixou de arrecadar mais
de US$8 milhões anuais, devido à baixa qualidade do produto e, principalmente, pela
imagem negativa herdada desse período.
Nos últimos anos, fruto de trabalhos feitos por diversas entidades representativas do
setor cafeeiro, os consumidores brasileiros começam a exigir cafés de melhor qualidade,
abrindo espaço para cafés diferenciados, especialmente para bebida dura (80% da
produção), avançando para bebida mole.
Em conseqüência disso, o Projeto Café do Paraná vem desenvolvendo suas atividades
em tecnologias de colheita e pós colheita que dão ênfase à colheita no pano, catação
seletiva, cereja descascado e manejo do café no terreiro para produzir os cafés nas
qualidades demandadas pelo mercado.
Cerca de 40% do café do Paraná é comercializado pelos produtores, logo após a
colheita e em coco, deixando de agregar cerca de 10 a 15% de valor ao produto com o
seu beneficiamento (descascamento, classificação e embalagem).
A comercialização ainda é o grande estrangulamento, pelo alto percentual de produtores
que vendem o café em coco e sem conhecerem sua qualidade, ficando em ampla
desvantagem perante o comprador, despido de argumentação que valorize seu produto
no processo de negociação, por desconhecerem tais atributos.
6.3. Estratégia de Competição O café brasileiro na sua quase totalidade é comercializado como commodity. Existem
diversas estratégias básicas que as empresas (produtores) podem utilizar em uma
situação defensora para competir perante seus concorrentes. A melhor estratégia
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depende, logicamente, da sua própria circunstância. Nenhuma abordagem estratégica
simples será igualmente boa para todas os produtores, porém ela deve ser adaptada
para suprir as capacidades competitivas. Em geral, PORTER agrupou as várias
abordagens em três categorias genéricas a saber:
- Liderança em custos (volume);
- Diferenciação;
- Focalização.
Por outro lado, ele afirma que, raramente, uma empresa pode perseguir com sucesso
mais do que uma das estratégias simultaneamente, uma vez que cada uma requer um
compromisso organizacional total.
Estratégia de liderança de custos - é a tentativa de ser o cafeicultor que produza o
café com os menores custos e melhor qualidade do mercado. É a estratégia adotada
para os produtos sem diferenciação, principalmente as commodities. Para isto é
necessário:
- Desenvolvimento agressivo de um sistema de custo competitivo;
- A perseguição do custo efetivo (custos bons), aqueles que agregam valor ao produto
(fertilização, semente selecionada, etc.);
- A eliminação dos custos ruins, custos que não agregam valor ao produto(perdas,
desperdícios, retrabalho, transporte , armazenagem, etc.);
- O controle rigoroso de controle da qualidade (produzir café conforme as exigências
dos consumidores).
Estratégia de diferenciação – esta estratégia tenta criar uma imagem, a ser percebida
pelo consumidor, de que o produto e a empresa são únicos. Geralmente esta
diferenciação está entre uma das seguintes dimensões: design; embalagem, imagem;
tecnologia; serviços e rede de distribuição. Como exemplo, tem-se: café orgânico; café
Paraná, café cereja descascado, café do cerrado, entre outros.
Estratégia de focalização – subentende-se que o consumidor de café esteja
segmentando um determinado comprador/cliente/consumidor, linha de produto ou área
geográfica (nicho de mercado). A idéia é servir um determinado segmento melhor do
que ninguém.
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Para isso, há necessidade de identificar as preferências dos consumidores em uma
determinada região e oferecer cafés com tais especificações.
Conhecer o seu produto (bebida e tipo), proceder o seu beneficiamento através de suas
organizações, agregar valor via café torrado e moído, comercializar através de sua
entidade ou via Bolsa de Mercadoria é a principal estratégia do programa para que o
cafeicultor melhore sua renda.
7. SISTEMA PRODUTIVO No sistema produtivo serão descritos os capitais produtivos incluindo o capital natural,
capital físico, capital financeiro, capital humano, capital social e o processo tecnológico
empregado pelos cafeicultores.
7.1. Capital natural Os solos utilizados para a cultura do café, atualmente, estão altamente valorizados, cujo
preço da terra nua por hectare situa-se entre sete a quinze mil reais (SEAB/DERAL,
2004).
Por tratar-se de café implantado no sistema adensado, já seguindo as recomendações
específicas para o sistema, às maiorias das lavouras foram implantadas nos melhores
talhões da propriedade, com exposição face norte e leste, solos profundos e de boa
fertilidade, característicos de cada região produtora.
O manejo do solo para a cultura compreende desde a implantação das lavouras em
nível e a construção de carreadores também em nível, adubação verde e orgânica e o
uso de quebra-vento em locais estratégicos da lavoura.
7.2. Capital físico Com a implantação do café, após a formação da lavoura e se bem conduzida
tecnicamente, há uma agregação de valor à terra nua entre 50 e 75% (SEAB/DERAL,
2004).
A maioria das propriedades possui a estrutura mínima para o processamento de café de
qualidade que compreende um lavador/separador, terreiro de tijolos ou suspenso com a
utilização de sombrite, sendo parte do terreiro coberta para proteção contra chuva, tulha
com divisórias para separação dos cafés de diferentes qualidades. Algumas
propriedades estão equipadas com secadores, beneficiadores e classificadores de café,
porém em número muito pequeno.
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Geralmente as propriedades cafeeiras possuem os equipamentos básicos necessários
para a produção, transporte e preparo manejo do solo. Todos têm acesso, quando
necessário, à tração animal e mecânica, enquanto proprietários ou através de serviços
contratados.
7.3. Capital financeiro A maior parte do capital financeiro dos produtores de café é composta de capital próprio.
Há disponibilidade de recursos de crédito rural do PRONAF para custeio e investimento
e do FUNCAFE somente para custeio da lavoura, porém não o suficiente para
atendimento da demanda.
Verifica-se junto aos pequenos produtores mais descapitalizados a necessidade de
capital de giro, o que lhes obriga a venda do produto em coco, logo após a colheita, sem
agregar o valor do beneficiamento, trazendo como conseqüência menor receita com o
produto.
7.4. Capital humano O produtor de café na gestão de seu negócio em uma propriedade familiar desempenha,
no mínimo, três papéis: o papel de empreendedor, gerente e trabalhador braçal (mão-
de-obra). Enquanto empreendedor geralmente toma decisões estratégicas, de longo
prazo, de onde investir, quais os novos negócios a empreender, onde aplicar os lucros
da atividade e quais os rumos gerais de seu negócio. Como gerente planeja, organiza
orçamentos e cronogramas, faz acontecer todas as decisões, tomado as providências
necessárias e alocando os recursos em tempo hábil para que as operações se realizem
em época oportuna e os resultados aconteçam dentro do planejado. Como trabalhador
executa as operações diversas da atividade dentro de um nível de eficiência e correção
dentro de um cronograma e etapas seqüenciais estabelecidas pela gerência.
Observa-se, na prática, que os cafeicultores menos eficientes concentram suas
atividades no papel trabalhador braçal, não dando ênfase aos demais papéis.
A mão-de-obra utilizada na atividade compreende a familiar, a contratada de forma
permanente e a mão-de-obra volante, contratada ocasionalmente para os picos da
atividade, especialmente para a colheita. Há também a prática de meação, percentagem
ou parceria, onde recebem cerca de 30 a 50% da produção para administrarem a
lavoura, utilizando, para isso, sua força de trabalho.
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Nos últimos anos, o Processo Café investiu bastante na profissionalização dos
produtores, a qual foi feita em etapas, desde a produção de mudas, implantação da
lavoura, formação, produção, secagem, processamento e armazenagem. A grande
maioria do público treinado refere-se a produtores, meeiros e parceiros, sendo muito
pouco treinada a mão-de-obra volante, permanecendo, ainda, de baixa qualidade.
7.5. Capital social O capital social é o produto da força coletiva da comunidade e do grupo para influenciar
organizadamente, participando nas decisões políticas de seus interesses, melhorando
os ganhos sociais e apropriando-se dos benefícios públicos existentes.
O capital social funciona também como aglutinador de forças e de interesses para os
cafeicultores beneficiarem-se do ganho em escala, reduzindo os custos nas operações
conjuntas de compra, vendas, na realização de investimentos para serviços que exijam
grandes investimentos tais como: mecanização, transporte, beneficiamento,
armazenagem, etc.
Na região cafeeira existem cerca de 18 associações de Cafeicultores, com
aproximadamente 1.100 associados e aproximadamente de 8 cooperativas que atuam
na cadeia do café, especialmente nos elos à montante da produção (aquisição de
insumos) e à jusante da produção (no beneficiamento e na comercialização do produto).
Somente as Associações, no corrente ano, auxiliaram na comercialização de cerca de
320.000 sacas de café, agregando até 15% ao preço do produto. Na aquisição de
insumos verifica-se também uma redução de custo que varia de 10 a 20%. Como se vê,
o capital social é de extrema importância para fortalecer os elos de ligações nos
extremos da produção, ou seja, diminuindo seus custos de entrada e maximizando as
receitas na saída, aumentando seu poder de competitividade com a união e integração
dos produtores.
7.6. Processo tecnológico O modelo de café adensado, adaptado às pequenas propriedades familiares, foi
implantado dentro da tecnologia preconizada pelo novo modelo tecnológico, com
variedades resistentes às doenças, tolerantes à nematóides, maior capacidade de
recuperação produtiva e econômica após a geada, entre outras. Com o passar dos anos
da implantação desse modelo, podem-se relacionar alguns pontos fortes que se
destacam dentro do processo produtivo tais como: a adoção massiva pelos produtores
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das práticas conservacionistas, variedades resistentes, monitoramento da fertilidade, de
pragas e de doenças, colheita no pano, colheita seletiva no pano, manejo do café no
terreiro e armazenagem com a separação de diferentes produtos.
Esta tecnologia trouxe melhoria na qualidade do café produzido e mudança no processo
de comercialização, pois atualmente 55% dos produtores realizam colheita no pano,
60% vendem seu produto já beneficiado e 55% verificam o tipo e a bebida do café antes
da comercialização (EMATER-PR, 2003).
Como pontos fracos verificam-se que a persistência do uso da tecnologia está
correlacionada com o preço do produto. Isto significa que nos anos em que o produto
está com preço bom, o cafeicultor utiliza toda a tecnologia disponível recomendada,
quando está com o preço baixo reduz a tecnologia, especialmente cortando-se as
adubações na sua totalidade ou em parte, e o controle de pragas e doenças. Tal atitude
provoca o esgotamento nutritivo da planta e seu desfolhamento, reduzindo sua
produtividade e aumentando a bianualidade. Essas práticas são os principais gargalos
que afetam a produtividade do café pois garantem sua sustentação nutricional e
fitossanitária. A descontinuidade desses tratos culturais tem como conseqüência
lavouras semi-abandonadas, erradicadas precocemente ou reduzindo sua vida útil com
prejuízos para os produtores.
Considerando que o café ao ser implantado tem uma vida útil média de cerca de 18
anos e nesse período produzirá em torno de 13 safras (sendo dois anos iniciais de
implantação sem produção e três anos prejudicados por geadas). Desta forma, a vida
útil produtiva e economicamente viável do cafezal é de 13 anos, ou melhor, gera custos
durante 18 anos e receitas em 13 anos.
A cada ano de tratos culturais inadequados, pela redução da tecnologia, diminui a
produtividade, o que provocará uma queda significativa no volume total a ser produzido
em sua vida útil, trazendo, como conseqüência, a redução nas receitas, no lucro e na
rentabilidade da atividade, podendo gerar um ciclo altamente negativo.
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir apresentam-se os resultados obtidos nas propriedades acompanhadas relativos
à produtividade da lavoura, receitas da produção, custo de produção, margens e
retornos da atividade cafeeira.
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8.1. Produtividade da lavoura A produtividade da terra por hectare ficou situada no intervalo de 6.799,80 Kg e 1.333,20
Kg, com uma produtividade média de 2.540,45 kg, correspondendo a 42,34 sacas de 60
kg por hectare.
A variabilidade acentuada da produtividade deve-se a três fatores básicos: o primeiro
refere-se a alternância de produção (bianualidade), condição considerada normal para a
cultura do café. A segunda, é o agravamento dessa alternância pelo redução da
aplicação da tecnologia, especialmente a adubação e o controle de pragas e doenças. A
terceira, por tratar-se de lavoura em recuperação, afetada por geada, e que ainda não se
encontram em plena produção.
Figura 1 - Número de produtores, produção em sacas de 60 kg por hectare e preço de
venda em R$ por saca.
8.2. Receitas da produção O preço praticado na presente safra por saca de 60 kg de café beneficiado situou-se
entre R$180,00 (cento e oitenta reais) e R$107,40 (cento e sete reais e quarenta
centavos), atingindo um preço médio por saca de R$152,78 (cento e cinqüenta e dois
reais e setenta e oito centavos).
A receita bruta total por hectare variou entre R$16.999,50 (dezesseis mil novecentos e
noventa e nove reais e cinqüenta centavos) e R$2.784,00 (dois mil setecentos e oitenta
e quatro reais), com uma receita média de R$6.468,72 (seis mil quatrocentos e sessenta
e oito reais e setenta e dois centavos).
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
180,00
200,00
59 26 49 38 18 24 07 17 37 44 16 13 54 25 33 31 19 14 03 46 43 20 05 50 11 40 36 30 02 39 42 34 27
PRODUTORES
VALO
RES
(R$)
ProdutividadePreço Venda
16
Essa diferença de receitas por hectare deve-se a três causas básicas: à baixa
produtividade, já citada no item anterior, gerando, portanto baixo volume produzido; aos
preços do café praticados no mercado na presente safra, que além de baixos, existem
diferenças significativas de preço para o mesmo padrão de produto nas diferentes
regiões produtoras; a terceira seria a qualidade do produto, cuja remuneração é maior
para o produto de melhor tipo e bebida.
8.3. Custos de produção Custos variáveis – os custos variáveis por hectare situaram-se entre R$5.207,00
(cinco mil duzentos e sete reais) e R$990,00 (novecentos e noventa reais), propiciando
um custo variável médio de R$2.238,18 (dois mil duzentos e trinta e oito reais e dezoito
centavos), correspondendo a um custo de R$52,86 (cinqüenta e dois reais e oitenta e
seis centavos) por saca.
A diferença do custo unitário por saca, basicamente, está em função da produtividade
obtida, em conseqüência da tecnologia usada ( figura 2).
Dentre os custos variáveis mais expressivos encontra-se o dispêndio com fertilizantes,
correspondendo a 23,82%.
Figura 2 – Número de produtores, produção em sacas de 60 kg por hectare e custos
variáveis em sacas por hectare.
0,0020,0040,0060,0080,00
100,00120,00140,00160,00180,00200,00
34 03 54 30 27 11 46 26 50 37 13 38 40 39 07 17 59
PRODUTORES
VALO
RES
(R$)
CUSTOVARIÁVELPREÇOVENDA
17
Custos totais – Os custos totais por hectare encontram-se no intervalo de R$7.560,00
(sete mil quinhentos e sessenta reais) e R$1.516,00 (mil quinhentos e dezesseis reais),
obtendo um custo médio de R$3.774,00 (três mil setecentos e setenta e quatro reais),
correspondendo a um custo de R$89,13 (oitenta e nove reais e treze centavos) por saca
produzida.
A variação do custo está relacionada ao fator escala, ou seja, maior produtividade por
área, menor custo unitário.
Os componentes mais representativos do custo total são a mão-de-obra com 42,77%,
fertilizantes 23,82% e remuneração do capital com 16,88% agravado, principalmente,
pelo alto valor da terra nua, conforme mostra a figura 3 a seguir:
Figura 3 – Composição do custo total em % por componente do custo.
COMPOSIÇÃO DO CUSTO TOTAL EM %
FERTILIZANTES23,82
OUTROS3,13
REMUNERAÇÃO DO CAPITAL
16,88DEPRECIAÇÕES
8,63
MÃO-DE-OBRACONTARADA E
FAMILIAR42,77
INSETICIDAS+ FUNGICIDAS
4,77
8.4. Margens e retornos da atividade cafeeira Com referência às margens vamos considerar a margem bruta e a margem
líquida/lucro.
Margem bruta – a margem bruta por hectare obtida pelos produtores situa-se no
intervalo entre R$14.446,17 (quatorze mil quatrocentos e quarenta e seis reais e
dezessete centavos) e R$1.003,23 (um mil e três reais e vinte e três centavos), com um
média de R$2. 240,00 (dois mil duzentos e quarenta reais), equivalendo a 14,66 sacas
por hectare (figura 4).
18
Lucro ou margem líquida/lucro – o lucro por hectare obtido pelos produtores posicionou-
se entre R$12.596,00 (doze mil quinhentos e noventa e seis reais) e (R$51,10)
(cinqüenta e um reais e dez centavos) de prejuízo, com um lucro médio de R$2.694,72
(dois mil seiscentos e noventa e quatro reais e setenta e dois centavos), correspondendo
a um lucro de 17,64 sacas por hectare.
O capital médio aplicado na atividade proporcionou um retorno de 28,91%.
Figura 4 – Demonstrativo da margem bruta, preço de venda e custo total durante o
período compreendido entre setembro/2002 a agosto/2003, em 33 lavouras
de café adensado.
9. CONCLUSÕES As observações a seguir tratam-se, apenas, da safra de 2002/2003. Para se ter uma
conclusão definitiva sobre a rentabilidade do café deve-se considerar os rendimentos
médios de toda a vida econômica da cultura. A partir dos indicadores técnicos,
econômicos e financeiros analisados pode-se concluir preliminarmente:
- A implantação da cultura do café agrega à terra nua cerca de 50 a 75% de seu valor;
0,0020,0040,0060,0080,00
100,00120,00140,00160,00180,00200,00
17 16 7 25 42 2 13 19 24 5 20 18 31 54 43 34 33
PRODUTORES
VALO
RES
(R$)
0,0020,0040,0060,0080,00100,00120,00140,00160,00180,00200,00
RENDABRUTA
CUSTOS TOTAIS
MARGEMBRUTA
19
- A grande variabilidade da produtividade da terra entre os produtores é devida a três
fatores: o primeiro refere-se à alternância de produção (bianualidade), condição
considerada normal para a cultura do café. A segunda é o agravamento dessa
alternância pela redução da aplicação da tecnologia na cultura, especialmente a
adubação e o controle de pragas e doenças que causam o desfolhamento da cultura.
A terceira, por tratar-se de lavouras em recuperação, afetada por geada, e que ainda
não se encontram em plena produção;
- Os gargalos que mais afetam a produtividade do café após a sua implantação correta
são: a nutrição deficiente das plantas e pela aplicação incorreta ou inadequada do
controle fitossanitário, especialmente das pragas e doenças que provocam o seu
desfolhamento. Os gargalos que mais afetam a qualidade do café são: as práticas de
colheita e de pós colheita feitas inadequadamente. Esses gargalos, se não
corrigidos, reduzem as receitas e aumentam os custos unitários da atividade,
reduzindo o lucro e a rentabilidade;
- A alta variabilidade das receitas por hectare deve-se a três causas básicas: à baixa
produtividade da lavoura pela redução do nível tecnológico, gerando, portanto, baixo
volume produzido; aos preços do café praticado no mercado em várias regiões, na
presente safra, que além de baixos, mostram diferenças significativas de preço para
o mesmo padrão de produto, dependendo do canal de comercialização utilizado; a
terceira seria a qualidade do produto, cuja remuneração é maior para o produto de
melhor tipo e bebida;
- Considerando um cafezal com vida útil de 18 anos, terá uma vida econômica de 13
anos (2 anos de implantação e 3 safras sem receitas, afetadas por geada). As
receitas geradas em 13 safras deverão cobrir os custos totais, acrescidos da
expectativa de lucro esperada pelo produtor. O cafeicultor, nas suas decisões e
planejamento, deverá sempre ter a visão de longo prazo. As estratégias focadas
somente no curto prazo, provocam grande desestímulo, quando há frustração de
safra, seja provocada por geada ou por qualquer outro fenômeno. Isto poderá levá-lo
a erradicar a lavoura, com a perda total dos investimentos feitos para a cultura, sem
uma melhor análise do potencial de sua lavoura;
- Com o beneficiamento do café (descascamento, classificação e embalagem),
agrega-se de 15 a 20% de valor ao produto;
20
- A existência de diferenças significativas de preço para o mesmo padrão de produto
praticado na região cafeeira indica que os produtores não estão bem informados
sobre os preços praticados nos diversos agentes de comercialização;
- As receitas obtidas pelos produtores cobriram todos os custos de curto prazo (custos
variáveis) e os custos de longo prazo (custos fixos e custo de oportunidade), à
exceção de duas propriedades, dando condição de estabilidade e crescimento da
atividade no longo prazo, se esses resultados médios persistirem ao longo da vida
útil do cafezal.
- Constatou-se a diminuição do nível tecnológico aplicado à cultura em épocas de
preços baixos, como na presente safra, especialmente a fertilização e o controle
fitossanitário, reduzindo a produtividade e aumentando o custo de produção médio
unitário, diminuindo conseqüentemente a lucratividade.
- Constatou-se que a cafeicultura responde à economia de escala para uma mesma
tecnologia aplicada, pois à medida que aumenta a produtividade por área, os custos
médios decrescem com o volume produzido. Isto reforça o equívoco estratégico dos
produtores ao reduzir o nível tecnológico da cultura quando os preços estão baixos,
mas remunerando todos os custos de produção, como na presente safra.
- A rentabilidade, ou seja, o retorno médio sobre o capital aplicado na cultura foi de
28,91%, o que supera quase todas as aplicações financeiras para o período;
- O cafeicultor, ao conhecer antecipadamente a qualidade de seu produto (tipo e
bebida), aumenta o seu poder de barganha na comercialização, dando-lhe
embasamento na argumentação de negociação;
- A mão de obra volante, contratada na sua maioria para colheita e secagem, é pouco
qualificada;
10. RECOMENDAÇÕES Para melhorar o desempenho dos cafeicultores deve-se observar as recomendações
que seguem:
- Divulgar os resultados obtidos para todos as cafeicultores do Estado do Paraná,
especialmente para aqueles que contribuíram direta e indiretamente com o presente
trabalho;
21
- Capacitar a mão de obra volante, especialmente em técnicas de colheita, transporte
do produto para o terreiro e manejo do café durante todo o processo de secagem e
armazenagem;
- A cultura do café, pelas suas características, deverá ser combinada com outras
atividades complementares, para gerar renda em anos sem receitas provenientes
dessa e em períodos mais curtos, se possível mensais, para minimizar os riscos da
propriedade;
- Capacitar os produtores no entendimento da biologia e fisiologia do café, para que
conduzam melhor a lavoura em períodos de preços baixos, para que a planta não
sofra restrições nutricionais e de manejo, que afetarão todo o seu ciclo produtivo;
- Orientar e capacitar os produtores nas aplicações financeiras de seus lucros
(educação financeira), visando fazer com que o dinheiro do lucro com o café gere
mais dinheiro e acumule reservas para os anos críticos:
- Manter e ampliar as estratégias de competição adotadas na produção de cafés
diferenciados e focados nas preferências dos consumidores, agregando valor e,
sempre que possível, fugindo das commodities;
- Capacitar os produtores no processo produtivo, destacando as atividades que
agregam valor ao produto e as que não agregam;
- O extensionista deve estar atento aos gargalos que afetam a produtividade e a
qualidade do café fazendo as orientações e capacitações aos produtores nos
momentos oportunos.
- Orientar os cafeicultores a fazerem planejamento de longo prazo visando os
seguintes benefícios:
- Traçar o melhor caminho para a atividade com a vantagem de poder prever
e eliminar os possíveis erros dessa caminhada, organizando o trabalho, o
qual ajuda a pensar, comparar, refletir, tomar decisões e exercitar
antecipadamente, com baixo custo, o que deverá ser feito para obter os
resultados e os objetivos esperados;
- Aumentar a capacidade de organização e de entender o funcionamento da
produção, de suas relações com fornecedores, clientes e demais elos da
cadeia produtiva e diminui as especulações inconsistentes sobre o que
está acontecendo;
22
- Contribui para a melhoria no processo de tomadas de decisões, tornando-
as mais técnicas, propiciando um conjunto de informações para análise e
decisão;
- Aumenta as opções e a capacidade de respostas diante de situações
adversas;
- Gera informações, antecipa medidas de correção de rumos e reduz a
incerteza;
- Ao definir as fases do plano aumenta a capacidade de mobilização para
alcançar seus objetivos;
- Confirma algumas hipóteses e questiona outra que deverão ser
modificadas com o passar do tempo e a execução das atividades;
- Ajuda a preservar recursos valiosos;
- Estimula o cafeicultor a competir.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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83p.
CANZIANI, J. R; et al. Programa empreendedor rural. Curitiba : SENAR – PR, 2003.
EMATER-Paraná. Realidade municipal 1998/99. Curitiba, 1999.
EMATER-Paraná. Realidade municipal 2000. Curitiba, 2000.
POZZEBON, Marlei; FREITAS, Henrique H. M. R. Construindo um EIS (enterprise (enterprise information system) da (e para a) empresa. Revista de administração.
São Paulo v. 31, n.º 4. P. 19-30, outubro/dezembro de 1996.
SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO ESTADO DO PARANÁ -
OCEPAR. Custo de produção de café. Estudo comparativo entre o sistema de
produção adensado e o sistema de produção tradicional. Curitiba, 2000. 110 p.
TOFLER, A. A empresa flexível. Rio de Janeiro: Record, 1985. 244 p.
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Minas Gerais. Departamento de Administração e Economia. UFLA, Lavras MG 2000.
YU, Chang Man; Sereia, Vanderlei José. Tipificação e caracterização dos produtores rurais do Estado do Paraná 1980. Londrina: IAPAR, 1993.
WARD, J. Planejamento para prosseguir. HSM - Management, número 41, ano 6,
novembro-dezembro 2003 P.116.
Digitação: Zenir de Sá Cestaro Sala